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ANOS
INFORMATIVO Nยบ 2 MARร O DE 2015
Para refletir...
AS LIÇÕES DOS MOLUSCOS
Conversas sobre educação Rubem Alves
Os moluscos (do latim molluscus, mole) são animais de corpo mole, dentre os quais estão o caramujo e as ostras. Seus corpos macios são presas fáceis e apetitosas para os predadores gulosos. À medida do que sabemos, os moluscos não têm capacidade para pensar. O que não significa que não sejam inteligentes. Acontece que a inteligência dos moluscos não se encontra na cabeça; ela se encontra no seu corpo. Parafraseando Pascal: “O corpo tem razões que a própria razão desconhece”, com o que Freud concordaria. Os moluscos são inteligentes sem precisar pensar. E foi assim que eles, movidos pela necessidade de sobrevivência, para se proteger dos predadores, construíram carapaças protetoras que os protegessem: as conchas. Confesso que fico assombrado contemplando a concha espiral de um simples caramujo de jardim. Essa experiência de espanto perante um objeto, os gregos diziam que é dela que surge o pensamento. Os caramujos me espantam. Espantado, penso: ”Como é que essa gelatina estúpida é capaz de construir esse objeto assombroso, a sua concha espiral de perfeição matemática? Dentro do corpo de cada molusco mora um matemático invisível. Jogando o “jogo do bocó”, que aprendi no LIVRO SOBRE NADA, do poeta mato-grossense Manoel de Barros, eu digo: “Os caramujos me metafisicam...” Eles me fazem pensar sobre o mistério do universo. Uma das tarefas mais alegres de um educador é provocar, nos seus alunos, a experiência do espanto. Um aluno espantado é um aluno pensante...
Pois parece que Piaget sofreu de espantos parecidos com os meus diante dos moluscos. Tanto assim que nos anos de sua juventude se dedicou a pesquisá-los nos lagos da Suíça. Mas, de repente, ele deu um salto dos moluscos para a psicologia da aprendizagem entre os humanos. Os desavisados concluem: Piaget mudou de espanto. Ele não mudou de espanto. Apenas mudou de molusco. Pois nós, seres humanos somos semelhantes aos moluscos. Aquilo que os moluscos fazem é uma metáfora daquilo que nós fazemos. Observando os moluscos, ele compreendeu melhor os seres humanos. Porque o nosso corpo também é mole. Compare o seu corpo com o corpo de um tatu, de um rato, de um coelho, de um gambá, de um beija-flor. Eles sobrevivem usando apenas como ferramenta o corpo que receberam por nascimento. Mas nós – ai de nós! Que seria de nós se só contássemos com o nosso corpo para sobreviver? Morreríamos. Se nós sobrevivemos foi porque fizemos o que os moluscos fizeram: construímos conchas. Mas há uma diferença. Os moluscos já nasceram sabendo. Não precisam aprender. Seus corpos já nascem com um chip com todas as informações necessárias para a construção das conchas. O programa está pronto. Nós, ao contrário, não nascemos sabendo. Nosso corpo, por nascimento, nada sabe... E essa é a razão por que temos de aprender. E esse é o sentido da educação: educação é o processo pelo qual as gerações mais velhas ajudam as gerações mais novas a aprender a arte de construir conchas. Que são nossas conchas? Nossas conchas são formadas com aquilo que inventamos e construímos para sobreviver... Parte da educação, assim, é o aprendizado das técnicas e artes necessárias à produção dos objetos que vão completar o nosso corpo mole, dando-lhe maior eficácia. Faca é melhoria dos dentes e das unhas. Escada é melhoria das pernas. Óculos são melhorias dos olhos. Computador é melhoria do cérebro. Foi a nossa fraqueza, o nosso corpo mole, que nos obrigou a pensar. Nossa inteligência é filha da nossa fraqueza.
Há, em Juiz de Fora, um velho professor que viveu espanta-
do pelos moluscos. Seu espanto foi tão grande que dedicou sua vida a colecionar conchas de moluscos. São milhares de conchas, dos tipos mais variados, vindas de todas as partes do mundo, uma delas pesando 120 quilos. Fiquei encantado com a sua beleza e perfeição matemática. Pensei que a vida não se contenta em produzir objetos úteis. Uma concha é, de fato, um objeto útil para o molusco que mora nela. É uma casa. Mas não é simplesmente uma casa. É uma casa espantosamente bela... Talvez, contemplando os estúpidos moluscos, poderemos aprender algo sobre a educação. Primeiro, que é necessário aprender as utilidades e as competências. Aprender ferramentas úteis. Sem elas não se sobrevive. Segundo, que é necessário aprender as desutilidades, as coisas que, sem servirem para nada, nos dão alegria e razões para viver. Ler o Manuel de Barros, fazer o “jogo do bocó”, aprender a adivinhar as nuvens, Mário Quintana diria “olhar uma paineira florida”, ver figuras, ouvir Bach e Villa-Lobos, armar quebra-cabeças, ouvir a viola de dez cordas do Ivan Vilela... A ordem do poder e a ordem do amor. Sem o amor, o poder é estúpido. Sem o poder, o amor é fraco. Mas, quando os dois se encontram, vem a alegria. E, como disse Oswald de Andrade, “a alegria é a prova dos nove...” Esse é o resumo da educação. Com carinho e cuidado, Regina e Renata
O QUE SEI E POSSO ENSINAR O espaço está aberto para a participação dos pais, mães, vovôs e vovós. Marque um horário com a professora.
PROJETO DE FORMAÇÃO CONTINUAda • Grupos de formação – leitura e discussão de textos; discussão de casos de alunos; orientação de projetos pela Coordenação Pedagógica e Direção • Grupo de estudos com Cleide do Amaral Terzi
AGENDA DE março
• 16 – Dia do Funcionário (não haverá aula) • 21 – Dia Mundial da água* • 27 – Aniversários do mês
AGENDA DE ABRIL (sujeita a alterações) 03 – Sexta-feira Santa ( não haverá aula) 06, 07 e 08 – reuniões de pais* 20 – Recesso escolar 21 – Feriado Nacional 24 – Aniversários do mês 25 – Exposição do Dia do Índio*
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*seguirão circulares informativas
REGINA DELDUQUE Diretora- Orientadora RENATA MARTINS COSTA Coordenadora Pedag贸gica
MARIA HELENA McCARDELL Diretora Cultural