Em Família - Rio Grande do Sul

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Novos jeitos de aprender Novos tempos exigem da escola novos jeitos de ensinar e de despertar o gosto pelo aprender. Mais do que encontrar novos recursos e práticas, o desafio da educação contemporânea é ir ao encontro da criança e do jovem, entender o seu mundo e fazer parte dele.


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Maristas em rede

No meio do caminho, havia o Ensino Médio

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tapa intermediária da vida do estudante, o Ensino Médio – conclusão da Educação Básica e ingresso no ensino superior ou técnico – tem sido alvo de muita discussão e estudos nos últimos anos no Brasil. Ora com foco na qualidade do currículo e avaliação da aprendizagem, ora buscando compreender como despertar interesse do adolescente / jovem em fase marcada por mudanças em todas as dimensões: física, emocional, psicológica e espiritual. Nos Colégios Maristas não tem sido diferente. Formação continuada de professores, qualificação dos espaços

da sala de aula, incrementos tecnológicos e projetos inovadores buscam manter a atenção e a qualidade do processo educacional dos adolescentes. Foi no ambiente marista que, há mais de 30 anos, ocorreu a primeira experiência de Terceirão no Rio Grande do Sul. Com carga horária ampliada e revisão de conteúdos, o Marista Rosário inaugurou uma modalidade que seria amplamente adotada nas escolas privadas. De lá para cá muito se fez para continuar melhorando a proposta de Ensino Médio. Hoje, para formar o adolescente / jovem que vive em um tempo de escolhas cada vez mais amplo e diversificado, contribuindo para que saia da escola pronto para exercer com maturidade as suas opções, preparando não só no aspecto acadêmico, mas também pessoal, o desafio que se coloca é ainda maior. O trabalho desenvolvido pelos Colégios tem recebido reconhecimento. No Prêmio Marcas de Quem Decide, realizado pelo Jornal do Comércio, os Colé-

gios Maristas aparecem como líderes na preferência dos entrevistados na categoria Ensino Médio há oito anos consecutivos. Para continuar oferecendo uma educação diferenciada neste nível de ensino, a instituição aposta em projetos de formação para liderança, orientação vocacional e profissional, revisão do conteúdo acadêmico para preparar para os vestibulares e ENEM, apoio na formação pessoal e coletiva, entre outras atividades, programas e projetos. É preciso também considerar outro importante desafio que surge: a articulação entre os saberes, numa perspectiva interdisciplinar. As escolas maristas se reorganizaram para trabalhar projetos que contemplem as grandes áreas do conhecimento: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias. Os Colégios Maristas têm respondido positivamente aos novos desafios. Um dos destaques é o Projeto Contextura, do Instituto Marista Graças, em Viamão. Buscando a religação dos saberes, o projeto vem se destacando entre as escolas do Estado como um excelente exemplo de renovação do Ensino Médio.


Diz aí

Qual a sua relação com a internet? A tecnologia veio para somar. Há anos discutimos sua interferência na sociedade e, em especial, na vida das crianças e dos jovens. Conversamos com alguns estudantes maristas para saber qual a relação deles com a tecnologia, e se ela ajuda ou atrapalha na hora dos estudos. Confira algumas respostas!

Tenho uma relação saudável. Sem excessos, sem deixar que a tecnologia atrapalhe a minha vida ou a minha convivência com as pessoas. Procuro ter cuidado ao buscar qualquer tipo de conteúdo, sabendo que muitos deles podem não ser válidos, atrapalhando meus estudos e minha capacidade de raciocínio. A família tem importância quando se trata de internet. Quando tenho dúvidas, recorro aos meus pais; nas redes sociais, tenho cuidado e eles sabem com quem me relaciono. Obviamente, também tem o seu lado ruim. Ela pode dar ao aluno a ideia de que tudo é fácil, fazendo com que ele deixe de fazer sua própria análise, ou seja, paramos de pensar para copiar. Mas se o estudante tem vontade de aprender, e se questiona sobre diversos assuntos, a internet só tem a ajudar.

Como todo jovem, tenho uma relação muito ampla com a tecnologia, que vai do entretenimento ao estudo. Acredito que a internet seja a tecnologia que mais pode auxiliar em termos de pesquisa de dados, ou obtenção de outras informações, pois é aberta para todos, tratando de assuntos de qualquer área. Porém, ao mesmo tempo em que temos o trabalho facilitado por essa ferramenta, devemos estar atentos a sua confiabilidade, já que não há maior controle em qualquer site. Sugiro que a internet seja apenas um auxílio aos estudos, e não a base, pois devemos, também, estar preparados para pesquisas bibliográficas e documentárias, que além de garantir uma informação segura, estimula o raciocínio e consequentemente fixa o conhecimento de forma eficiente e natural.

Em relação aos estudos, acredito que a internet só ajuda, pois além das pesquisas para trabalhos, sempre aprofundo os conteúdos que vimos em aula. Quando tem trabalho em grupo, marcamos reuniões pelo MSN, cada um faz a sua parte e depois juntamos tudo. Agiliza e não tem aquela necessidade de reunir todos em um mesmo lugar. Mas claro que tudo em excesso é prejudicial. Acredito que quando se passa muito tempo na frente do computador, a gente pode perder o foco nos estudos, deixar de fazer outras atividades como ir à academia, por exemplo, pois atividade física também é importante. Também percebo que as amizades são superficiais na internet, pois como estamos online o tempo todo, os amigos até param de te procurar.

Júlia Mader – 1° ano do Ensino Médio

João Benhur B. Müller – 2º ano do Ensino Médio

Colégio Marista Rosário, Porto Alegre

Colégio Marista Medianeira, Erechim

Colégio Marista Champagnat, Porto Alegre

Taylene Moreira de Sá – 3º ano do Ensino Médio

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Ponto de vista


A aventura do conhecimento Douglas Pereto

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cerne das novas formas de aprender é o acesso amplo à informação, transformando a apropriação do conhecimento por parte do aluno em algo ciberneticamente veloz, interligado às tecnologias disponíveis nesse museu de grandes novidades no qual os pais é que se esforçam para acompanhar. Vamos partir do princípio que, mesmo estando os componentes curriculares colocados cada qual nas gavetas dos períodos semanais, há tempos o seu conteúdo já migrou do estado sólido para o líquido, trazendo a fórceps a interdisciplinaridade para o cotidiano. Sob esse prisma, é preciso atenção ao fato de que o aluno, “do latim alumnus, alumni... alimentar, sustentar, nutrir, fazer crescer”, segundo Houaiss, possui o acesso, mas nem sempre o discernimento ao que acessar na rede. Nossos filhos lembram, por vezes a velha canção dos anos 80 “Eu sei de quase tudo um pouco e quase tudo mal / Eu tenho pressa / E tanta coisa me interessa / Mas nada tanto assim”. Aí está a importância do binômio família-escola na orientação diária, desde a organização do material escolar, passando pelo olhar atento durante as atividades, até o momento do retorno, com a afetiva e vigilante pergunta “como foi o seu dia?”. Creio ainda não se ter encontrado site, livro ou inovação capaz de substituir com a mesma mágica o contato

Mãos à obra! Afinal, a mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original. Albert Einstein

pessoal de um professor com aquele ser em crescimento. É neste instante irreproduzível do momento de aula que a entonação, o olhar do mestre sobre os pupilos, realiza o processo ensino-aprendizagem valendo-se da mais antiga e eficaz receita, cujos ingredientes podem ser apenas um professor, seus estudantes e um simples quadro de giz. O resto é "plus". Nos hábitos de estudo, cabe à escola esclarecer e aos pais acompanhar a diferença entre o tema, que é a realização dos exercícios propostos pelo professor para casa, e o ato de estudar, muito mais importante, revisando no lar o conteúdo diário, fazendo marcações, exercícios e resumos, observando ambiente arejado, iluminado e silencioso. Nesse viés educacional, a Literatura pode ser uma grande aliada na compreensão dos novos hábitos interdisciplinares de estudo em tempos líquidos e virtuais. Faça um pequeno teste, embrenhe-se a ler a linguagem cientificista do poeta Augusto dos Anjos com

suas biológicas diatomáceas ou Euclides da Cunha e Os Sertões jornalísticos, geográficos e sociológicos. Talvez você possa fazer uma incursão a um novo mundo pelos olhos da cadela Baleia em Vidas Secas. Caso prefira, valha-se dos olhos do albatroz para ler com os todos os seus cinco sentidos aguçados O Navio Negreiro de Castro Alves. A Literatura está no cotidiano imperceptível das lojas, no perfume inspirado no lema árcade do carpe diem, na lã que traz a profusão de cores do Barroco, na compreensão da frase dita na canção que você ouve na rádio. Não saber literatura não faz falta, mas saber faz toda diferença, afinal, não é um livro que muda a sua vida, mas o conjunto das obras que passam por suas retinas, cada vez que você chega mais perto e contempla as palavras. Aluno, pai, professor, aventurem-se no conhecimento. Para começar, observem A Liberdade Guiando o Povo, de Eugène Delacroix, lá existem aulas de arte, literatura, história, geografia, música, sociologia, filosofia, religião, física e matemática, Difícil? Como disse Einstein "Mãos à obra! Afinal, a mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original." Douglas Pereto é Professor de Literatura, formado em Letras e especializado em Gestão Educacional. Atua como Coordenador de Turno do Colégio Marista Conceição, em Passo Fundo.


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Na mesma direção Novos documentos orientam a prática educativa nos Colégios Maristas

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m outros tempos, por mais que fosse conhecida a filosofia de ensino da escola, a prática pedagógica era realizada a partir de um itinerário já traçado e pouco aberto à colaboração da comunidade escolar. Hoje, o cenário é outro. A instituição escolar vem se abrindo cada vez mais à participação ativa dos educadores, famílias e estudantes na construção e avaliação das concepções e práticas educativas. Na Rede Marista de Educação Básica, os últimos anos foram de intenso trabalho conjunto de reflexão, análise e elaboração de novos caminhos a serem traçados, sem perder de vista a tradição e o horizonte da Missão Educativa e Evangelizadora do Instituto dos Irmãos Maristas. Em 2010, os frutos dessa jornada começaram concretamente a aparecer por meio do lançamento e implementação de documentos norteadores. Numa produção coletiva coordenada pela União Marista do Brasil (UMBRASIL), destaca-se o Projeto Educativo do Brasil Marista, um documento que consolida a atuação em rede de todos os colégios maristas no país e que visa qualificar o processo educativo potencializando práticas pedagógicas. A função de um documento como este é subsidiar a comunidade educativa (gestores, educadores, estudantes e família) para o alinhamento de conceitos, o desenvolvimento de intencionalidades e demais aspectos presentes nas escolas maristas. Garantem-se assim os princípios institucionais na ação pedagógico-pastoral, tendo

em vista uma educação de qualidade, intercultural e evangelizadora no contexto contemporâneo. Para o nacionalmente reconhecido educador, Dr. Miguel Arroyo, PhD em Educação, o Projeto Educativo do Brasil Marista respeita as diversidades culturais e regionais tendo como ponto de partida as demandas que vêm da realidade social atual e da rica história da educação marista. Ele destaca que a proposta reconhece a centralidade dos sujeitos da ação educativa, os estudantes como protagonistas, articula educação, cultura e valores e concebe um currículo integrado, ou seja, que respeita os contextos, vivências e está aberto ao novo. Na prática Por mais rica e inovadora que seja uma proposta educacional, se ficar apenas no plano teórico em nada contribuirá para reais mudanças nas práticas de ensino-aprendizagem na escola. Embora a versão impressa do Projeto Educativo tenha sido publicamente lançada em cada colégio e entregue aos gestores e educadores, a implementação concreta no dia a dia escolar se constitui num desafio, pois implica numa nova forma de compreender o papel da educação na contemporaneidade. No Marista Rosário, as Jornadas Pedagógicas que antecedem o início do ano letivo foram dedicadas ao projeto. Gestores e educadores se debruçaram sobre o documento num esforço de gestão compartilhada e reflexão sobre conceitos, análise de metodolo-

gias, atividades extraclasse e retomada de práticas pedagógicas no intuito de aprimorar as ações do cotidiano e criar novas estratégias, especialmente nas formas de ensinar, aprender e avaliar. A materialização do Projeto Educativo em sala de aula também vem acontecendo no Colégio Marista João Paulo II, de Brasília. A partir do tema proposto pela Campanha da Fraternidade 2011 – Fraternidade e Vida no Planeta – a escola elaborou o projeto interdisciplinar "Que marcas você quer deixar no planeta", que perpassa os momentos de formação na Chácara Pequi e desdobramentos nos componentes curriculares. Do 6º ao 9º ano, no primeiro trimestre, Língua Portuguesa, Ciências, Geografia, Matemática, Artes e Ensino Religioso trabalharão em conjunto o tema por meio de textos, filmes, músicas e outras ferramentas pedagógicas. O Acumuladão, avaliação trimestral interdisciplinar, também terá a questão da vida no planeta como eixo central. A formação para a cidadania planetária e responsabilidade social é parte fundamental do novo Projeto Pedagógico Em todos os Colégios Maristas ações de implementação estão sendo realizadas. Dentre as ações de Rede para 2011, coordenadas pela Comissão de Educação das mantenedoras, destacam-se a promoção de momentos de estudo nos encontros estaduais, workshops e palestras para os professores, como a que ocorrerá no mês de junho, em Porto Alegre, com a presença do professor Miguel Arroyo.


Regimento Escolar Enquanto o Projeto Educativo tem como foco as grandes diretrizes da proposta pedagógico-pastoral dos Colégios, outro documento lançado em 2010, o novo Regimento Escolar, garante a normatização legal das atividades inerentes aos órgãos da escola nos planos pedagógico, administrativo e disciplinar. Durante a revisão do regimento, estudos e pesquisas foram realizados com o propósito de qualificar os processos que envolvem o cotidiano administrativo e pedagógico dos colégios. Houve alterações e avanços em questões que envolvem, por exemplo, as normas de convivência, matrículas, avaliação da aprendizagem, estudos de recuperação, direitos e deveres dos estudantes e dos educadores, dentre outros. Na foto acima, lançamento do Projeto Educativo. Abaixo, professores estudaram os novos documentos nas jornadas pedagógicas.

O Projeto Educativo do Brasil Marista respeita as diversidades culturais e regionais tendo como ponto de partida as demandas que vêm da realidade social atual e da rica história da educação marista. Dr. Miguel Arroyo, PhD em Educação


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Escola que se abre

para o mundo

Eis um dos principais desafios das instituições de ensino hoje: não significar para seus estudantes um “mundo à parte”.

Tudo junto ao mesmo tempo Com a internet sempre à disposição, o computador ou celular como companheiros fiéis, ágeis e habilidosos no manuseio das redes sociais, adeptos das relações digitais, como chamar a atenção dos jovens em um universo escolar nem sempre tão atraente quanto o seu? Segundo a pesquisadora em desenvolvimento humano, com formação em neurociências, psicologia, antropologia e música, Elvira de Souza Lima, a escola ainda é um lugar sem substituto, porém, precisa estar preparada para lidar com uma geração que carrega mudanças culturais e até biológicas.

Não é por acaso que são cada vez mais evidentes as dificuldades em manter essa geração atenta a toda forma de comunicação estática que em nada lembra os seus hábitos cotidianos tão repletos de imagens em movimento. Segundo a pesquisadora, padrões culturais também determinam padrões de atenção. “A criança de hoje forma padrões de atenção para imagens em movimento e não imagens do papel. Os jovens, por outro lado, são ‘treinados’ a passar com rapidez de uma coisa a outra, o que provoca uma alternância nas redes neuronais, dificultando a capacidade de imersão em uma única atividade”, destaca.


Essa nova configuração cultural e biológica, como salienta Elvira, requer da escola um esforço a mais no desenvolvimento da atenção e também da imaginação. Neste sentido, a escola pode ter na tecnologia uma grande aliada. Esta é a aposta da Rede Marista com o investimento em dois projetos: a implementação da lousas interativas e da robótica educacional em todas as escolas da Rede. Mais de 350 educadores já estão utilizando o recurso hoje presente em 17 unidades do Rio Grande do Sul. Ele permite a aplicação de softwares em 3D, o uso de recursos multimídias, animações, simulações e uma série de outras funcionalidades que tornam as aulas mais dinâmicas e envolventes. Um deles é o professor de Geografia do Ensino Fundamental do Colégio Marista Rosário, José Gusmão Rodrigues. “Desde o uso das lousas interativas, eu não utilizo mais mapas convencionais. A lousa é um chamariz para os estudantes, eles disputam para participar nas aulas em que a utilizo”, destaca o professor. Já a robótica educacional envolve mais de quatro mil estudantes da

Educação Infantil ao Ensino Médio. Em atividades realizadas sempre em grupo, os estudantes são desafiados a criar, desenvolver, experimentar protótipos de robôs, a partir de conceitos e teorias de diversas disciplinas. “Aliar a robótica ao aprendizado é oportunizar ao estudante colocar em prática os conceitos e estimular a construção do conhecimento através do ‘aprender fazendo’”, ressalta o instrutor de Robótica do Marista Assunção, Marcos Aranda. Quem participa dessas atividades acaba desenvolvendo habilidades que auxiliam no desempenho em sala de aula. É o que conta Carla Bender, mãe de João Pedro, aluno do 1° ano do Ensino Médio do Colégio Marista Pio XII: “A robótica trouxe uma série de benefícios para meu filho, desde as questões relacionadas com a aprendizagem quanto as de nível interpessoal. Em disciplinas como matemática, física e inglês, por exemplo, é visível o retorno nas questões de concentração, solução de problemas, prática de língua estrangeira.” No Colégio Marista Champagnat, o trabalho multidisciplinar passa pelo

Laboratório de Tecnologias Educacionais. Com os pequenos, o trabalho é voltado para o uso correto do computador. “Nós trabalhamos o mouse e as habilidades de motricidade, o teclado e a espacialidade e bi/tri/dimensionalidade da tela. As crianças trabalham cores, números, formas e a alfabetização em si acaba acontecendo também com o apoio de recursos tecnológicos”, conta Joelene de Oliveira Lima, Coordenadora dos Laboratórios. “O aluno vive as teccontinua >>


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Educar

nologias diretamente na sua vida fora da escola. A escola tem de saber inserir essas tecnologias nos seus processos de ensino e colocá-la a serviço da aprendizagem”, lembra Cesar Desimon, professor do Laboratório de Tecnologias.

Uma nova

(Re)descobrir o gosto pelo aprender Para estimular o hábito de estudar e o gosto pelo aprender não bastam recursos tecnológicos. Outras questões merecem atenção como os ambientes de aprendizagem. Pesquisas comprovam que o ambiente escolar interfere no processo educativo de forma direta ao transmitir aos estudantes uma série de impressões perceptivas. Com base nisso, ano a ano, as unidades maristas investem na qualificação dos ambientes. Projetos que transformam o ambiente em recurso de aprendiza-

da escola esforço

configuração cultural e biológica do estudante requer no desenvolvimento da atenção e da imaginação gem também têm dado bons resultados. Um exemplo é o Contextura, do Instituto Marista Graças que propõe uma nova organização dos espaços, da rotina escolar, e, sobretudo, de metodologia e prática pedagógica. Implementado gradualmente no Ensino Fundamental e Médio, o projeto prevê

semanas de estudos teóricos e práticos, com temas norteadores interdisciplinares que mostram a aplicabilidade dos conteúdos de sala de aula na vida cotidiana. No Marista Rosário, a reforma estrutural das salas do Ensino Médio integrou um movimento de mudança conceitual e estrutural, com base em momentos de diálogo entre professores, direção e estudantes. Para dar uma nova cara às salas, elas receberam adesivos e murais que caracterizam um local do mundo onde há presença marista, além de telas LCD, nova iluminação e lousas interativas. Os estudantes também ganharam um espaço exclusivo no prédio anexo construído recentemente, com espaços projetados para que possam ter um ambiente de estudo e convivência.


Destaque

Na foto ao lado, Lucas (direita) com seu amigo. Abaixo, Laura (esquerda) com suas colegas de treino.

Sucesso no pádel L

ucas Somensi Marconi,17 anos, da 3ª série do Ensino Médio do Marista Aparecida, de Bento Gonçalves, joga pádel desde os 8 anos. Gosto que nasceu com por influência do pai, que também é desportista. Marista desde a Educação Infantil, destaca que, dentre as competições, a mais importante da qual participou foi o Mundial em 2006, realizado na Espanha. Competiu ainda em dois Panamericanos, um em 2006 em Porto Alegre e outro em 2010, na Argentina, em Buenos Aires. Os pais apoiam Lucas na prática do esporte e o acompanham nas viagens de competições. Treinando até quatro vezes por semana de 1h a 2h, em média, ele comenta que a irmã, Laura Marconi, da 5ª série do Ensino Fundamental da escola, também vem jogando com todo o apoio do irmão. “É um esporte saudável, muito divertido e dinâmico que trabalha o corpo e a habilidade, além da experiência, da

disciplina e do trabalho em equipe”, diz o estudante. Colecionador de mais de 27 troféus e muitas medalhas, ele fala que o esporte ainda é pouco difundido no Estado e, ainda assim, o Brasil é considerado uma potência. No roteiro de competições deste ano já está incluída a participação no Mundial 2011. Concluinte do Ensino Médio, Lucas pretende cursar Administração, seguir a profissão do pai, auxiliando na administração dos negócios e ter o esporte como uma opção de lazer. entendendo o pádel O pádel é um jogo rápido, que teve início no Brasil em 1988. A bola e quadra são iguais as do tênis, no entanto, a quadra tem dimensões um pouco diferentes, possuindo paredes nos fundos e parte das laterais, algumas que utilizam vidro ou blindex no lugar das paredes, o que permite ótima visualização do jogo. O piso pode variar de cimento a grama oficial.

Fera no Tênis Estudos, treinos, dever de casa, alimentação balanceada, provas, viagens, competições, medalhas e troféus. Assim é a vida do atleta Marcos Bernardes, 1º ano B do Ensino Médio do Marista João Paulo II. Marcos tem 15 anos e pratica tênis há oito, quando tomou gosto pelo esporte ao ver seu primo jogar. Já participou de mais de 100 competições, dentro e fora do país. Há praticamente um ano passou a fazer parte da categoria de profissionais e conta com mais de 50 troféus já conquistados. O atleta, patrocinado pela Escola, participa do Torneio Future, que acontece em todo o mundo, e é determinado no que faz. “Gosto de tênis, de viajar e quero sempre ser o melhor”, comenta Marcos.

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Giro

Transformação em tempo integral É de Santa Maria-RS um dos trabalhos pioneiros de inclusão social da Rede Marista. A Escola Marista Santa Marta, localizada em uma das maiores ocupações urbanas do país, ajuda a transformar essa realidade, que hoje conta com o processo de regularização fundiária encaminhado. A Escola atende, atualmente, 900 estudantes e, nesse ano, vive uma experiência inédita ao implantar o trabalho de turno integral. Por volta de 350 estudantes têm atividades educativas durante todo o dia: pela manhã ou tarde em sala de aula e, no turno inverso, participam de atividades como música, oficinas de informática, percussão e esportes. Novos ambientes para os EJAS Atualmente, os Colégios Maristas São Marcelino Champagnat, de Novo Hamburgo, e Marista Vettorello, de Porto Alegre, atendem aproximadamente mil estudantes. São histórias de vida marcadas por vitórias particulares e desenvolvimento, mas todos com o sonho de um futuro melhor através da educação. Preocupada em valorizar, cada vez mais, esse trabalho, a Rede Marista tem investido na qualificação do corpo docente e na estrutura física de funcionamento dessas unidades. No Marista São Marcelino, para 2011 foram adquiridas lousas interativas para as salas de aula e os ambientes ganharam nova pintura. Já no Marista Vettorello, além da pintura, o prédio recebeu melhorias na infraestrutura.

Lideranças juvenis O trabalho de estímulo às lideranças realizado pelo Serviço de Orientação Educacional (SOE) do Colégio Marista Santo Ângelo, inicia com a reflexão sobre o papel dos líderes na escola e na comunidade. O bate-papo com os estudantes esclarece dúvidas, atribuições, desafios e tarefas dos estudantes dispostos a assumir novas responsabilidades. Em 2011, o trabalho foi ampliado, desafiando os jovens a lançar suas propostas via

internet, em redes sociais como o Orkut e Twitter. Outra novidade é a votação realizada via web, nas eleições dos líderes de turma (a partir da 5ª série EF até o Ensino Médio) e da nova diretoria do Grêmio Estudantil. A expectativa é que os novos recursos auxiliem na mobilização e na participação dos adolescentes.


Qualificação docente Para começar o ano letivo aptos a utilizar novos recursos em seus planos de ensino, os educadores do Marista Sant’Ana participaram de uma capacitação em Tecnologias da Educação. A atividade integrou o Seminário de Planejamento Marista, que acontece, no início do ano escolar, e busca preparar e capacitar os educadores, além de trabalhar diversos temas como projetos interdisciplinares e planejamento estratégico. Com a capacitação, os docentes puderam incluir em seu planejamento atividades que utilizem como recurso de apoio a lousa interativa e o portal da FTD, que oferece complementações ao Sistema de Ensino em ambiente virtual.

Desafio mundial de robótica Estudantes dos colégios maristas Assunção, Champagnat e Ipanema, de Porto Alegre, em conjunto com estudantes da PUCRS, participaram do Vex Robotics Champion Ship, campeonato considerado o maior desafio de robótica do mundo. Ele reúne anualmente 400 equipes e mais de 4 mil estudantes dos Estados Unidos, Brasil, México, Canadá, Reino Unido, China, Coréia, Singapura, Taiwan e Japão. A equipe do Marista Pio XII, Under Control, também participou de um campeonato mundial, porém em outra categoria, o First Robotics Competition, no mês de março. As vagas para estas competições são decorrentes do bom desempenho das equipes maristas nas etapas nacionais. A equipe Under Control participa do mundial desde 2003.

Educação cultural na Fenavinho Uma das maiores feiras realizadas no Rio Grande do Sul contou com a presença do Colégio Marista Aparecida, de Bento Gonçalves. A Fenavinho Brasil 2011, por mais um ano, contou com o projeto Piccola Città (Pequena Cidade), dirigido ao público de 0 a 10 anos com atividades que promoveram a alfabetização cultural. Em um espaço preparado especialmente os pequenos, eles puderam passear por uma cidade em miniatura e aprender de forma lúdica a história da imigração italiana. Em 2010, mais de 40mil pessoas passaram pelo evento que ocorreu em abril. Mais informações, acesse www.fenavinhobrasil.com.br.

Parceria pela solidariedade O Colégio Marista São Luís é o novo parceiro do SESC no desenvolvimento do programa nacional de segurança alimentar e nutricional Mesa Brasil, que redistribui alimentos a instituições sociais. A parceria vai beneficiar o Centro Social Marista Boa Esperança, que atende gratuitamente crianças de seis a 12 anos no período inverso ao da escola. Também pretende fomentar ações educativas junto às famílias do centro social, em conjunto com o colégio. O projeto vai envolver o grupo de estudantes da Pastoral Juvenil Marista (PJM), Grêmio Estudantil e o Interact, vinculado ao Rotary Club. Os jovens também vão passar por atividades de formação, com certificação, realizadas com o apoio do Senac.


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Caleidoscópio

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foto Cláudio Tavares

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1. Atividades especiais promoveram

4. Pensando no cuidado com o

estudantes têm lições de ecologia

a integração dos estudantes novos

planeta, estudantes plantam

e contato com a natureza sem

do Marista Ipanema (Porto Alegre)

árvores no I Momento de Formação

precisar sair do colégio (Viamão)

2. Na brinquedoteca, estudantes da

Marista do Colégio Marista

7. Plenamente concluído, o novo

Educação Infantil e Séries Iniciais do

João Paulo II (Brasília/DF)

acesso do Marista Conceição já

Marista Pio XII têm a oportunidade de

5. Visita à Fazenda Serra Azul é uma

oferece mais segurança e comodidade

aprender brincando (Novo Hamburgo)

das atrações do roteiro que integra

para as famílias. (Passo Fundo)

3. A lousa interativa é um dos

o projeto Conhecendo Canela, do

8. Em 2011, a Educação Infantil passa a

diferenciais da primeira turma

Marista Maria Imaculada (Canela)

contar com espaços exclusivos no novo

de Ensino Médio do Marista

6. Com o passeio pelas trilhas

prédio do Marista Rosário (Porto Alegre)

Medianeira (Erechim)

ecológicas do Marista Graças, os

9. Hora do conto no projeto acolhida


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aos maristinhas da Educação Infantil

12. Pequenos exploram as primeiras

Luís, espaço verde à disposição

do Marista Sant’Ana (Uruguaiana)

letras na nova Biblioteca Infantil

das atividades escolares e também

10. No Marista Santo Ângelo, atividades

Débora Gurski Herbert, do Marista

das famílias (Santa Cruz do Sul)

motoras ajudam a descobrir o nível de

São Pedro (Porto Alegre)

15. Crianças do Turno Integral do

aprendizagem e de desenvolvimento

13. Com o projeto Contando e Encantando,

Marista Assunção apresentam peça

das crianças (Santo Ângelo)

o Marista Aparecida leva a literatura

teatral com tema relacionado à

11. No Marista Roque, estudantes

para estudantes da rede municipal e

sustentabilidade (Porto Alegre)

refletem sobre seus desafios

particular de ensino (Bento Gonçalves)

16. Em uma produção que emociona

e objetivos para 2011 e os

14. Estudantes do Marista São

todos os anos, estudantes do Marista

representam em palavras e criações

Luís complementam as aulas em

São Francisco encenam as 21

artísticas (Cachoeira do Sul)

saídas a campo no Parque São

estações da Via Sacra (Rio Grande)


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Gente noss�

Nas alturas

Ex-atleta do Marista São Pedro é talento do vôlei nacional

C

om 1,74 de altura, Thaís Bruzza Saraiva, 19 anos, é jogadora de voleibol profissional e treina em média seis horas diárias, cinco dias por semana. Natural de Porto Alegre, a ex-atleta do Marista São Pedro concluiu o Ensino Médio em 2009. No ano seguinte, precisou deixar a família no sul para se dedicar exclusivamente ao esporte, indo para São Paulo jogar em São José dos Campos. Atualmente, atua no time de São Bernardo do Campo.

A paixão pelo vôlei começou em 2002, quando ingressou aos dez anos de idade, na quarta série, após conquistar uma das bolsas de estudos oferecidas pela escola. Embora jogasse futebol com as outras meninas, Thaís se destacava mais pela altura. Por esse motivo, foi convidada pelo professor Ricardo Signoretti para entrar na escolinha de vôlei do Marista São Pedro. A partir daí, a estudante se encantou com o esporte, praticando todas as tardes em que havia treino. Conciliar os estudos e o esporte, porém, exigia disciplina e organização. “Às vezes era bem cansativo, mas sempre contei com o apoio da minha família. Os professores também me ajudaram bastante”, reconhece Thaís. A experiência vivida na escola contribuiu ainda para a sua formação pessoal e social. “Os valores que os maristas nos passam são muito especiais, pois aprendemos a ter espírito de grupo, solidariedade, valorizar a amizade”, ressalta. Ao longo de sua trajetória na escola, a jogadora ganhou vários títulos,

sendo tricampeã juvenil gaúcha; campeã brasileira infanto-juvenil em 2006 e campeã brasileira juvenil em 2007. Também atuou nos times da Sogipa e do Grêmio Náutico União. Em 2008, foi para Santa Catarina, onde estudou o segundo ano do Ensino Médio e se tornou campeã adulta catarinense pelo time de Brusque. Em 2009, de volta a Porto Alegre, ela concluiu os estudos no Marista São Pedro. Sobre os planos para o futuro, Thaís está determinada a seguir adiante com a carreira esportiva e fazer faculdade. “Meu principal projeto é a profissionalização no vôlei, com muita dedicação, trabalho e seriedade. Pretendo me aperfeiçoar cada vez mais. Também pretendo voltar a estudar, pois sei que a carreira de atleta é curta”, frisa a jogadora. Dos tempos do colégio, ficam as boas recordações: “O amadurecimento que tenho hoje foi adquirido nas ocasiões que participei com o colégio e no dia a dia com os professores e colegas. O Marista São Pedro era minha segunda família”.


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