Uma Corrida Marada

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Uma corrida marada

Texto Ana Paula Figueiredo e Pedro Emanuel Figueiredo

Ilustração Helena Simas

Grupo Educação para a Saúde AEOP – Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa


A Rita é uma pequena ratinha que vive em Ribeirão,

uma vila pacata situada no Norte de

Portugal. Como muitas crianças da sua idade, a Rita gosta muito de brincar, ler e ver televisão e, embora possa parecer estranho, gosta também de estudar. É uma boa aluna.

No entanto, tem um problema, é um bocadinho gordinha.

Para falar a verdade, o seu peso encontra-se muito acima do normal, e isso deve-se ao facto de

ela gostar muito de comer. Come, come, come, sem regras. A sua mãe farta-se de lhe dizer: -Rita, tens de ter cuidado com a alimentação, a engordar assim vais ficar doente. Mas a Rita não lhe dá grande atenção. Na escola, sem a presença da mãe, aproveita para comer batatas fritas, beber sumos açucarados e empanturrar-se de doces, muitos doces.


A mãe sente-se triste por não conseguir resolver este problema, mas o seu trabalho

não lhe permite acompanhar mais de perto a alimentação da filha.

Na hora do almoço a Rita come na escola. Não será difícil imaginar que, sempre que

pode, esta ratinha evita o refeitório, pois acha que a comida de lá é má, ainda por cima tem

sempre sopa a acompanhar! O seu pai também se preocupa muito com

a situação, mas, é vendedor, nem sempre pode dormir em casa. Na escola, os colegas da Rita chamam-lhe bolinha de neve. Ela fica triste, mas, gulosa como é, continua a comer muito.


Um dia, na aula de Educação Física, a Rita não conseguiu fazer um exercício por se sentir muito cansada. A professora ficou preocupada e chamou a mãe da Rita à escola.

- A sua filha tem muita dificuldade em fazer os exercícios físicos, até os mais

simples, fica muito cansada e o seu coração começa a ficar sobrecarregado. - A senhora tem razão, mas eu não a consigo

acompanhar

em

todas

as

refeições, o meu trabalho não o permite -

disse a mãe da Rita. - Temos de lhe explicar a verdadeira

importância de uma alimentação saudável - disse a professora. A mãe da ratinha ficou ainda mais preocupada com a filha. Se até nos exercícios físicos mais simples a Rita

mostrava sinais de cansaço…


Semanas mais tarde, como o tempo estava agradável, a família da Rita resolveu organizar um piquenique com algumas famílias amigas. - Há muito tempo que não fazíamos um

piquenique – disse a Rita aos pais. - Tens razão. Temos de o fazer mais vezes –

respondeu o senhor Manuel, pai da Rita. Na realidade, este tipo de convívio é muito

importante

para

a

saúde.

Soltam-se

umas

gargalhadas, vêem-se caras felizes, praticam-se

desportos, jogos, e os problemas parecem não existir. Chegaram ao Gerês pouco depois das 10 horas da manhã. O tempo estava realmente agradável e o local escolhido não podia ser melhor. Era mesmo fantástico, parecia um sonho.


Dali podiam apreciar-se alguns animais selvagens.

- Já viste aquele cavalo? – perguntou o senhor Manuel à filha.

- Onde? – perguntou a Rita. - Naquela direcção – respondeu o pai. - Ah! Estou a ver. Que lindo! – acrescentou a Rita. - E existem muitos mais. Águias, esquilos,

coelhos. Enfim uma grande variedade – disse a mãe.

- Adorava ver coelhos selvagens. Serão muito diferentes dos outros? – perguntou a ratinha. - Não, são mais magros e têm as orelhas maiores - respondeu a mãe.

Entretanto, todos juntos prepararam o local. Estenderam as mantas no chão e as

toalhas para o lanche, organizaram os jogos de cartas e dominó.


Passado algum tempo, a Rita

e a

mãe deitaram-se no chão colorido de ervas e inúmeras flores campestres, a olhar para as nuvens. - Já reparaste nas nuvens? - disse a mãe.

- São lindas. Quem me dera ser nuvem - respondeu a Rita.

- Nuvem? Para quê? - perguntou-lhe a mãe. - Para ver o mundo todo lá de cima. O mar, os rios, as montanhas e os vales. Seria maravilhoso - disse a

ratinha à mãe. – São todas diferentes.


De repente, pareceu-lhe ver as nuvens

com formas conhecidas. - Mãe, já reparaste no formato daquela

nuvem? – perguntou. - Parece um cavalo – respondeu a

mãe. E ambas ficaram ali durante tempos infinitos a contemplar as nuvens, como se elas tivessem vida. - Mãe! Olha aquelas três nuvens. - Parecem lebres – disse a mãe. E era mesmo verdade, as nuvens tinham de facto a forma de lebres. A primeira era uma lebre gordinha, pesada;

a segunda era normal (nem gorda, nem magra); e a terceira era muito magra, com

um aspecto até doentio.


- Oh, mãe! Parece-me que as lebres vão fazer uma corrida.

De repente, o vento começou a soprar, a soprar, cada vez com mais força, e as lebres

avançaram

empurradas

pelo

vento. Inicialmente, a lebre magrinha, à qual

deram o nome de Cirro, parecia dominar a prova, talvez por ser a mais leve. A

gordinha, chamada Strato, cedo mostrou sinais de incapacidade, devido talvez ao seu peso excessivo, que lhe causava cansaço. A média, à qual chamaram Nimbo, seguia na posição do meio.

O vento continuava a soprar, a soprar, empurrando as nuvens pelo ar.


Entretanto ouviu-se uma voz. - Rita, Maria José, venham jogar. Era o senhor Manuel, o pai da Rita, que se encontrava pronto para

uma partida de dominó.

- Não podemos – disse

a D. Maria José. – Temos de ver o fim desta corrida marada. O senhor Manuel não percebeu nada, mas resolveu convidar outros ratinhos para jogar, enquanto a sua filha e a sua esposa permaneciam deitadas na relva a contemplar as

nuvens.


O vento persistia na sua tarefa, e

empurrava as lebres para a meta. Iam estas ainda a meio da corrida quando a

Cirro (a lebre mais magrinha) começou a dar sinais de fraqueza; na realidade, esta

nuvem era tão leve e fraquinha que acabou por se desfazer na atmosfera. As outras continuavam a correr ao longo da pista. A Strato (a lebre mais gordinha) seguia ainda em último lugar e a Nimbo (a média) adiantava-se velozmente. Como seria de esperar, a Strato acabou por perder a corrida, ficando muito atrás da Nimbo. O seu peso excessivo não a

deixou ganhar, o vento não teve força suficiente para a empurrar até à meta.


Então,

a mãe da Rita aproveitou esta

oportunidade

para

falar

à

filha

da

importância de se fazer uma alimentação adequada e saudável. - Vês, Rita, o que acontece às ratinhas que não têm cuidado com a alimentação. As

muito

magrinhas

acabam

por

adoecer,

podendo mesmo morrer, e as gordinhas têm

muitas dificuldades em atingir os seus objectivos. Tu nunca queres comer sopa e

fruta,

mas

estes

alimentos

são

muito

importantes para uma alimentação saudável. -Tens chegarmos

razão

mãe.

Logo,

a casa, vamos

quando

procurar a

pirâmide dos alimentos para eu me orientar, prometo que vou ter mais cuidado com a minha alimentação.


- E se fôssemos jogar dominó com a

malta - disse a Dona Maria José. - Vamos, vou chegar primeiro que tu à beira deles - disse a Rita. - Isso querias tu. E assim iniciaram uma pequena corrida até ao local onde os outros ratinhos jogavam dominó. Como seria de esperar, a

Rita

não

conseguiu

vencer

a

mãe.

Rapidamente se cansou e teve que reduzir a velocidade. No final do dia, já caminho de casa, Rita contou ao pai a aventura das nuvens e como terminou a corrida das lebres. Falou também da promessa que fez à mãe e da

pesquisa que iria fazer nos seus livros e computador à procura da roda e da pirâmide dos alimentos. O pai ficou muito contente e ajudou-a nas suas pesquisas.


Dez mandamentos

para uma alimentação

saudável

1) Toma sempre o pequeno-almoço (leite mais pão ou cereais e uma peça de fruta) 2) Inicia o almoço e o jantar sempre com um prato de sopa de legumes

3) Come alimentos variados (alimentos coloridos) 4) Come 3 ou 4 peças de fruta por dia 5) Alterna refeições de carne e peixe (dá preferência à carne magra e ao peixe)

6) Faz lanches a meio da manhã e da tarde (leite, iogurte) 7) Evita alimentos demasiado ricos em gorduras perigosas (fritos, manteiga, enchidos, molhos)

8) Reduz o consumo do sal 9) Bebe água e evita bebidas açucaradas e/ou com gás 10) Faz exercício físico e vigia o teu peso


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