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umpramil abril 2010


“Tolere isso e sua escola será a próxima” A destruição da FAU e a mudança da Rietveld Academie

É muito difícil acreditar que a destruição do edifício da FAU se deva simplesmente a descaso, omissão, ou mesmo ignorância. O fato da cobertura estar prestes a cair enquanto a diretoria faz maquiagem na sua sala e no jardim, assim como a reforma do piso dos departamentos, cujo resultado em breve nos deixará ainda mais indignados, mostra muito mais uma vontade obstinada de acabar com o edifício. Mas a frase-título desse texto não foi dita sobre a reforma da FAU. Num caso semelhante ao nosso, em abril do ano passado a direção da faculdade holandesa de artes e design Gerrit Rietveld Academie anunciou o plano de mudar a escola do seu edifício-sede, projetado por Rietveld e inaugurado em 1967. Segundo o discurso oficial, a decisão de abandonar o edifício, projetado por Rietveld especificamente para abrigar a escola, e mudar para um edifício de escritórios teria sido baseada na necessidade por mais espaço e em – duvidosos – planos

de “revitalização” de um dos bairros mais pobres de Amsterdã. Assim, além de perder seu edifício original a escola ainda seria usada para valorizar essa região e expulsar seus moradores atuais.

com toda a liberdade que ele nos impõe? Que restará da FAU se a burocracia conseguir acabar com o Artigas?

Os planos da burocracia geraram ampla oposição dos estudantes e professores, que fizeram manifestações pela manutenção da escola no edifício original e atraíram apoio internacional de arquitetos, artistas e designers. Em setembro, a diretoria anunciou que desistia dos planos devido à oposição e aos altos custos envolvidos na compra e reforma do outro edifício.

Um abaixo-assinado do movimento contrário à mudança da Rietveld Academie e um texto de Wim Crouwel podem ser lidos aqui: http://www.rietveldforrietveld.org/

Reunimos aqui algumas fotografias da escola e dos cartazes produzidos por professores e estudantes contra os planos da diretoria em 2009, além de um cartaz e um pequeno texto publicados em 2007 pelos professores Armand Mevis e Linda Van Deursen sobre o edifício da Rietveld Academie.

revista contravento

Se o relativamente tímido edifício de Rietveld foi defendido como essencial à faculdade, que dizer do edifício da FAU

Links

Um texto da “Rietveld preservation society” (Experimental Jetset) pode ser lido aqui: http://www.swisslegacy.com/index. php/2009/05/13/save-the-rietveld-academy/


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foto Jan Nehring

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Gerrit Rietveld Academy, Amsterdam

O texto abaixo foi apresentado pelos autores em conjunto com esse cartaz na exposição Forms of Inquiry, um conjunto investigações gráficas, principalmente sobre arquitetura. A exposição foi organizada pela Architectural Association de Londres em 2007, e entre outros temas tem obras sobre Le Corbusier, Oscar Niemeyer e Helio Oiticica. Todo o conteúdo está online em www.formsofinquiry.com The building we chose is the art school where we studied, which was designed by the Dutch architect Gerrit Rietveld. In 1918 Rietveld became a member of De Stijl, the avant-garde movement that promoted simplicity and abstraction in art, design and architecture by means of the use of primary colours — red, yellow and blue — as well as black, grey and white. His Rietveld-Schröder house (1924) is the only building realised on this basis. After the house was completed, Rietveld became associated with the Nieuwe Bouwen and his style became more functionalist, as reflected in the art school in Amsterdam. The school is almost an exact copy of the art school in Arnhem (also designed by Rietveld), which was built in 1963. Rietveld died in 1964 and the building was finished in 1967 and named after him: Gerrit Rietveld Academy. Up to now, the building has accommodated different departments such as the foundation year and various free art departments as well as design departments dedicated to different

disciplines. Thousands of students have worked in it almost daily for over thirty-five years.

start of each school year a set of rules is sent out to teachers and students: WITHOUT WRITTEN PERMISSION:

Due to a lack of funding for art education little was done to maintain the building, and it was in a deplorable state for many years. The school in Arnhem, on the other hand, was renovated in the early 90s, but lost its original character with the replacement of its glass. In a way, the lack of money at the Gerrit Rietveld Academy saved the building. Around 2000 the school was declared a historic monument and in 2004 was restored with due attention paid to its original details, materials and techniques. The building is basically a glass house placed over a concrete structure. For the restoration, glass was imported from Romania that had been manufactured using the original technique, by pulling glass, which produces a structure and colour very different from that of float glass. The interior is mainly painted in three fixed shades of grey which are referred to as Rietveld dark, middle and light grey. The vitrines are painted in a beautiful, but nowadays rare, splashing technique of middle grey and white. The restoration brought the building back to its original state and gave staff and students the responsibility for maintaining it. This resulted in rules that are almost unbearable for an art school, especially one with a reputation for anarchy and revolution. At the

– NEVER COVER THE VITRINES OR WINDOWS – NEVER PAINT OR COVER THE WALLS – NEVER DRILL INTO WALLS, CUPBOARDS, FLOORS OR CEILINGS – DUE TO THE TRANSPARENCY OF THE ARCHITECTURE IT IS FORBIDDEN TO STICK ANYTHING ON THE VITRINES. The friction between the idea of the building’s function (it is designed as an art school, after all) and its status of a monument is interesting, especially in this case where it still maintains the original role. Students and staff are confronted with this every day: the privilege of working in a remarkable building whose use has become very restricted. Every year there are numerous examples of the rules being broken, and at the end of the year students clean up and repaint the building to prepare for the graduation show. As a result we enter a freshly painted building after each summer break and then the vandalism can start all over again. Mevis e Van Deursen enviado pela revista contravento


cartazes produzidos por professores e estudantes contra os planos da diretoria em 2009; Ă esquerda cartaz produzido em 2007 por Mevis e Van Deursen.


Num debate sobre o patrimônio histórico, é preciso levar em consideração muito mais a história do que o patrimônio, patrimônio é a posse, mas o que importa mesmo é a posse da história. A posse que cada um faz da história e como se coloca nela. Hoje estamos num mundo cada vez mais homogeneizado quando falamos de coletividade, de cultura; a globalização tornou todos iguais, o filho de pescador escandinavo ouve a mesma música americana que o analista de sistemas uruguaio; mas ao mesmo tempo cada um, individualmente, tenta se diferenciar, a maioria só pelo seu jeito de vestir, outros por uma personalidade arrogante ou “blasé” onde tudo lhe é arcaico, alguns por seu comportamento e raramente por seus ideais. Afinal não há porquê ter ideiais num mundo que já “é”, que não tem mais opção, onde todas as opções fracassaram. Só há como ser diferente.

Nesse ponto é que precisamos resgatar a história, assim como as palavras que perdem o sentido por que ninguém sabe usá-las a história também se desgasta. A história parece distante, passado e malpassado, coisa de museu. Isso se deve em parte pela sede de novidade que se implanta a cada minuto em todos os meios de comunicação de massa e até boca-aboca. Precisamos saber de tudo e para isso criamos meios cada vez mais rápidos de informação inútil: twitter, facebook, plantões televisivos, BBB. O velho não importa, o que importa é o agora, talvez dai tiremos por que os idosos andam sendo tão maltratados, não há como tirar novidade de um poço de experiência. Ao contrário da experiência, do conhecimento, a informação

não se esgota nunca, a cada momento um espirro é noticiado pela internet e tentamos acompanhar tudo, saber dos últimos detalhes, enquanto na verdade não sabemos de nada. -Você não ficou sabendo de ontem no Big Brother? Como não? Que desatualizado! A esquizofrenia da novidade é sem dúvida uma sacada genial afinal passamos a vida inteira nos importando com assuntos da vida de “celebridades”, sabendo de amigos que acabaram de escovar o gato ou então de um assalto que ocorreu na grande uberlândia onde levaram um chinelo e dois pacotes de biscoito; e nunca nos damos conta que fazemos parte do mundo, que vendemos nosso suor e nossa alma para excrianças colecionadoras de pedras, a quem chamamos de chefe; esquecemos o porquê


Pode até parecer que esses assuntos estão desarticulados da história, mas são grandes evidência de uma sociedade sem senso de história, sem memória e principalmente sem esperança. Uma sociedade que já não vê motivos para lutar por suas necessidades, que já não vê as discrepâncias do mundo, que já não vê perspectiva numa sociedade mais justa, que já se acostumou, ou que não se acostumou mas prefere fugir: nas drogas, nas redes sociais, em “second lives” ou até no suicídio. Não é de se estranhar

que nos muros apareça pixado: “Jesus morreu, Marx também e eu não estou me sentindo muito bem.” Estamos numa sociedade sem identidade, que não sabe quem é. A identidade se forma de dois principios: o primeiro são as sensações: os sentidos como olfato, tato, visão; sem os quais viveríamos numa tenebrosa consciência em meio a escuridão; o segundo é a memória, um modo subjetivo de interpretar a história, sem a qual tudo nos parece falso, mentiroso. Experiências norte-americanas de lavagem cerebral tentavam por meio de drogas e eletrochoques acabar com esses dois atributos para “curar” jovens anarquistas e comunistas na guerra fria. Destruir o patrimônio histórico de uma nação, cidade ou comunidade é semelhante. É destruir uma identidade

coletiva. Destruir a história. É preciso resgatar essa identidade coletiva, sentir o tempo, sentir a vida, e resgatar não só a história, mas o senso de que participamos da história, o senso de que as guerras foram travadas por pessoas como nós, as revoluções começaram de pessoas como nós; somos cidadãos da história, somos senhores do nosso destino e só conhecendo a história e nos identificando com ela podemos saber que já houveram lutas, que já houveram vitórias e que as coisas não foram sempre assim. Nosso mundo é hoje fruto de inúmeros projetos, quase tudo que temos, fazemos, vivemos foi planejado e deste modo podemos mudar esse projeto. O patrimônio histórico não importa como patrimônio, seu grande valor é o da história. Seu valor é como símbolo, simbolo de mudança, símbolo de opção, símbolo de esperança. Estevão Sabatier

Fernando Stankuns

dos assaltos, esquecemos de tomar banho; escovar o dente ou de alimentar nossos filhos como aconteceu recentemente com um casal coreano que passava doze horas por dia num jogo semelhante ao “second life” o Prius Online, a criança da “first life” morreu de inanição. Os pais disseram que perderam “a vontade de viver uma vida normal” depois que foram demitidos.


Em defesa de nosso maior professor

Vilanova Artigas dizia ter pensado o prédio da FAUUSP “como a espacialização da democracia, [...] como um templo, onde todas as atividades são lícitas” [ARTIGAS: 1997]. O edifício foi projetado em consonância com a reforma curricular da faculdade realizada em 1962, justamente para abrigar a nova estrutura do curso. Ao mesmo tempo em que o prédio se relaciona diretamente com uma proposta de ensino muito clara, sua organização chega a ser flexível o suficiente para aceitar variações ao longo dos anos. Os estúdios que abrigam as aulas práticas acompanharam todas as fases da produção arquitetônica nos últimos quarenta anos, acolhendo-as de maneira satisfatória desde o desenho com régua ‘T’ até os laptops que hoje têm para os estudantes quase a mesma importância que seus cadernos. O projeto da FAU logo ganhou notoriedade internacional, tendo sido premiado na X Bienal de São Paulo em 1969, evento que o arquiteto criticara acidamente em sua primeira edição no ano de 1951 [ARTIGAS: 2004, pg. 30]. A UIA (União Internacional dos Arquitetos) também reconheceu a contribuição de Artigas, tanto ao ensino da arquitetura quanto à sua expressão estrutural, dando-lhe os prêmios Jean Tschumi em 1972 e o prêmio Auguste Perret em 1985 respectivamente. Não só os estúdios, mas também o piso do Museu, o Ateliê Interdepartamental (A.I.) e o Salão Caramelo são espaços amplos, projetados para “amparar a imprevisibilidade da vida”, como costuma dizer Paulo Mendes da Rocha ou para dar forma à democracia, nas palavras de Artigas. Destes espaços, o Salão Caramelo é o que se coloca politicamente como o mais ‘radical’. Ele seria uma das extremidades do projeto maior no qual se inseria o prédio da FAU: o Corredor das Humanas, que congregaria toda a FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) em edifícios

com qualidades político-espaciais semelhantes, projetadas por arquitetos como Paulo Mendes da Rocha, Carlos Millan e Pedro Paulo de Melo Saraiva. Assim, os estudantes e outros usuários das faculdades transitariam entre eles e o encontro que inevitavelmente se daria teria o potencial de produzir visões de mundo muito mais amplas e libertárias do que as aceitas pelo establishment [GFAU: 2009]. De todo o conjunto, apenas o prédio da FAU e o que abriga os departamentos de História e Geografia da FFLCH, projeto de Eduardo Corona, foram construídos. Já o projeto de Artigas teve que ser duramente defendido pelos arquitetos para poder sair do papel. O diretor da FAU à época, Pedro Moacyr do Amaral Cruz, chegou inclusive a criticar a excessiva quantidade de áreas sem destinação programática definida, dizendo que se deveria conferir “menos poesia e maior realidade” ao projeto, mas defendeu sua construção junto à reitoria afirmando: “Finalmente, a mesma Comissão reexaminou o projeto remanejado em colaboração com o respectivo autor e se manifestou pela sua aprovação porque ocorreu com a medida uma acentuada melhoria no aproveitamento de áreas, proporcionando maior funcionabilidade interna, o que não havia no projeto primitivo. O aspecto arquitetônico, embora excessivamente original, um tanto exótico mesmo, foi aceito porque será no ‘campus’ universitário um testemunho histórico de uma fase da arquitetura brasileira.” (notícia n°7444 da Reitoria, “desenvolvimento das obras da cidade universitária “Armando de Salles Oliveira”” em 26.12.1966)

As vicissitudes da elaboração do projeto aí expressas deixam claro o embate que se deu à época também dentro da faculdade, como quando as plantas do edifício foram colocadas na parede da FAU Maranhão para que os professores fizessem sugestões de alteração do projeto, o que foi rejeitado pela maioria deles. Por outro lado, porém, o partido do prédio já se apresenta com muita

clareza nos primeiros desenhos de Artigas, mesmo que o projeto em si ainda estivesse muito distante das propostas finais [ALBUQUERQUE: 1998]. Pode-se mesmo inferir que a concepção do edifício já estava sendo gestada desde fins da década de 1940, como nos meioníveis interligados por rampas do hospital São Lucas em Curitiba (1945) ou nas residências Juljan Czapski e Alice Brill (1949) e Heitor de Almeida (1949). Já a proposta de cobertura única com domus e vigas-calha também aparece em projetos anteriores como na residência Léo Pereira (1959), na escola de Guarulhos (1959), nos vestiários do São Paulo Futebol Clube (1961) e na escola de Itanhaém (1959). Esta última pode ser inclusive considerada ponto de partida para a expressão que as fachadas estruturais e os pilares externos assumem enquanto estrutura [GIANNECCHINI: 2009; ARTIGAS: 1997] Os pilares da fachada do prédio da FAU seguem o comportamento estrutural para o qual foram projetados, ganhando ênfase o ponto no qual o momento fletor tende a zero. Este ponto normalmente é onde o pilar encontra a fundação do edifício; portanto, a base dos pilares externos do prédio podem ser lidas como a fundação que busca o pilar, e não o contrário. Essa situação foi expressa, inclusive com maior clareza, no projeto da casa de barcos do Santa Paula Iate Clube (1961), às margens da represa do Guarapiranga, onde nesse ponto de momento fletor zero o pilar desaparece e as fundações emergem para receber o peso transmitido pelos pilares por meio de roletes de aço e colchão de neoprene [GIANNECCHINI: 2009]. Quanto a isso, Artigas parece querer levar ao pé da letra a célebre frase de Auguste Perret de que é preciso fazer cantar o ponto de apoio [“L’architecture c’est l’art de faire chanter le point d’appui”]. É importante destacar que os pilares externos do prédio da FAU contribuem com a sustentação apenas


das lajes dos dois últimos níveis e da cobertura, servindo também de apoio à viga-empena que caracteriza a fachada do edifício e como travamento da estrutura no subsolo. Se espacialmente a complexidade do prédio se revela aos olhos, estruturalmente fica como se esforços estruturais e forma do edifício não pudessem ser dissociados, tendo sido concebidos um como consequência e determinante do outro.

Melissa Kawahara

O prédio da FAU assume tamanha importância, portanto, por se colocar como síntese, não só dentro da produção de Artigas, mas também de toda uma tradição arquitetônica que vinha desde princípios do século XX. A origem do chamado modernismo é encontrada nos primeiros anos da URSS, quando os arquitetos projetavam de fato para a ‘sociedade dos homens livres’ e não como protótipos inseridos nas contradições do sistema capitalista [TAFURI: 1979]. Desse modo, os construtivistas russos, como ficaram conhecidos no mundo, deram origem a pensamentos que seriam depois desenvolvidos por figuras como Le Corbusier e Walter Gropius e daí ganhariam o mundo. A questão que surge então é a da inserção de tal linguagem construtiva no sistema capitalista, ponto que Artigas desenvolve muito bem em seus escritos, consciente de que não mudaria nem o mundo, nem o sistema de produção da arquitetura. Mas ensaiaria projetos libertários que serviriam de manifestos propositivos para novas formas de relações políticas entre os homens, como o projeto da FAU deixa muito claro. Ciente das contradições às quais sua produção arquitetônica estava sujeita ele se coloca, em célebre texto, a famosa pergunta, que já não podia ser dissociada de Lênin, ‘que fazer?’. Ele conclui que frente a tais contradições, nós arquitetos temos que manter “uma atitude crítica em face da realidade” [ARTIGAS: 2004, pg. 35]. E assim sua arquitetura se mantém sempre coerente


em relação a esses postulados políticos, seja nas casas burguesas que projetou, seja nas grandes obras públicas que realizou. Mas voltando à ‘tradição’ que se condensa e se multiplica no projeto da FAU, temos em Le Corbusier o principal disseminador de tais concepções no Brasil. Concepções que nele acabam ficando mais restritas à expressão formal e estrutural da arquitetura e não tanto enquanto projeto político, já que o arquiteto suiço sempre deixa claro em seus escritos que a arquitetura seria um instrumento de reforma, e não de revolução. Idéia cristalizada quando diz “Arquitetura ou revolução. Podemos evitar a revolução.”, em seu “Por uma arquitetura” [CORBUSIER: 1958]. Seu repertório ‘formal’ e construtivo, no entanto, cala fundo nos arquitetos brasileiros, inclusive em Artigas, e não seria nem preciso citar obras como a Unité d’Habitacion de Marselha (1945) ou a capela de Notre Dame du Haut em Ronchamp (1955), o convento SainteMarie de la Tourrette (1953) etc., ou mesmo sua singela e fundadora Ville Savoye (1928). No Brasil, da equipe que descende diretamente de Corbusier no projeto do MESP (Ministério de Educação e Saúde Pública), temos a produção de Eduardo Reidy que pode ser considerada irmã, se não mãe, da linguagem utilizada por Artigas e Carlos Cascaldi no prédio da FAU. Tal expressão formal foi batizada de brutalismo, sendo largamente utilizada mundo afora, inclusive por Corbusier na maioria das obras citadas acima. Capacidade de raciocínio estrutural semelhante pode ser identificada também no prédio do MAM do Rio de Janeiro, projeto de Reidy, no qual o arquiteto atinge o auge de sua plasticidade estrutural em um edifício isolado. O conjunto do Pedregulho também pode ser tomado como síntese e fundação de obras e linguagens tão díspares como a empregada por Lucio Costa no Parque Guinle e a utilizada por Oscar Niemeyer no conjunto da Pampulha, mas em um complexo de edificações com diferentes dimensões e programaticamente tão distintas quanto essas duas obras. Essa complexidade espacial, formal e estrutural apresentada no prédio da FAU pode, portanto, também ser tomada como síntese e fundação na arquitetura da segunda metade do século XX. Síntese dessa produção que então já completava seus cinquenta anos e que no Brasil encontrou campo fértil para se adaptar, se multiplicar e então se projetar ao mundo como um todo, exemplo clássico da “dialética antropofágica” que marca a cultura brasileira desde sua invenção.

A fundação que se apresenta no projeto da FAU, por sua vez, é quase literal, já que o edifício marcou, tanto a geração que viria a ocupar seus espaços enquanto estudantes, quanto os arquitetos já formados, mas de uma geração abaixo da de Artigas, caso de Paulo Mendes da Rocha, por exemplo. Literal, pois o prédio é desde então frequentemente citado como marco fundador da chamada escola paulista de arquitetura, que caracteriza formalmente a produção arquitetônica brasileira até os dias de hoje. O chamado brutalismo, já citado, também tem na FAU um marco internacional e uma das principais características desse ‘estilo’ é justamente a constante dialética entre a “cor local” e a busca por um sentido universal que fale a todos os povos, como Borges descreve tão bem em relação à literatura

argentina, por exemplo [BORGES: 2008]. Os mesmos traços também podem ser vistos na obra de Lina Bo Bardi assim como na de um arquiteto tão diferente como o inglês Denys Lasdun. Ambos se utilizam em diferentes momentos de tal repertório, mas imprimem em seus projetos marcas indeléveis da tradição de seus países. Ressalte-se, no entanto, que a síntese e a fundação expressas no prédio da FAU fazem parte de um projeto muito maior originado nos postulados de Marx e Engels, e que em fins do século XIX começa a abrir caminhos estéticos em direção à produção que seria aquela do homem livre e já acostumado com a vida pós-máquinas. Tal projeto político foi encampado e defendido como o único possível para levar o homem a


Fernando Stankuns

uma tomada de consciência, germe da Revolução social. O edifício da FAU não escapa a esta tradição, sendo inclusive o primeiro professor dos jovens que ali convivem diariamente. É quase o único professor de projeto que ainda reivindica uma posição que se contrapunha radicalmente ao modelo imposto pelo mercado. É um dos poucos professores que ainda lembram aos estudantes de arquitetura que projeto é política e novos modos de vida podem ser esboçados ali dentro. Um dos poucos, pois esse mesmo mercado já tratou de transformar essa concepção política em mero capricho formal, mesmo movimento que consegue realizar com qualquer proposta libertária em sua atual feição pós-industrial financeira. E hoje a maioria dos professores que

ali lecionam colocam princípios que entram em conflito direto com aqueles expressos pelo espaço que os abriga; professores esses que também tiveram o prédio como seu primeiro professor e que o reivindicam enquanto forma, mas não enquanto conteúdo, tentando assim dissociar essas duas esferas aos olhos de seus alunos. Embotando suas visões incautas e fazendo com que a apreensão da política inerente ao edifício fique cada vez mais difícil de acontecer. Tal apreensão acaba sendo resultado de visões individuais dos estudantes pré ou pós concebidas. Pode-se, portanto, perceber o quanto as propostas colocadas pelo edifício assustam aqueles que tentam manter o status quo. Foram esses mesmos princípios que levaram ao abandono do

projeto inicial do Corredor das Humanas na época da ditadura militar. Assim, desde sua já disputada construção, o edifício da FAU ficou abandonado à própria sorte; pior ainda, sujeito aos desmandos e caprichos da burocracia acadêmica da faculdade. Vêm de longe, portanto, as funestas intervenções pelas quais o edifício passou ao longo de seus quarenta anos de existência. Uma das primeiras, e sem dúvida mais significativas delas, foi a instalação de salas da administração da faculdade na varanda do Salão Caramelo, ponto nevrálgico da proposta de integração entre as faculdades, delineada pelo conjunto das escolas de humanidades. Há inclusive desenhos de 1990 para uma proposta de fechamento completo do espaço com caixilhos (arquivo da COESF - Coordenadoria dos Espaços Físicos da USP).


Outra situação lastimável, mas já quase sanada, se encontrava no espaço do A.I., ocupado desde a inauguração do prédio por serviços burocráticos como salas de professores, secretarias de departamentos, laboratórios. No mesmo nível do prédio os departamentos da faculdade foram sendo modificados ao longo dos anos a ponto de saírem de sua área original e avançarem no espaço do A.I.. Desde o ano passado, porém isso já foi contornado, já que estão sendo erguidas novas divisórias para delimitar os departamentos e as salas dos professores. Ainda assim, mesmo aprovados nos órgãos responsáveis pelo tombamento do edifício, esse projeto tende a prejudicar a apreensão da imagem e postulados originais do edifício, tanto devido à organização espacial sugerida pelo CONPRESP, oposta ao desenho de Artigas, como aos materiais usados, notadamente os painéis divisórios de gesso acartonado e as esquadrias de alumínio. Outro grave problema vem de uma reprogramação do subsolo do prédio, onde ficavam os laboratórios didáticos como a marcenaria, fotografia e gráfica. No início da década de 1990 foi construído o edifício anexo para abrigar tais atividades (projeto de Gian Carlo Gasperini, concurso de 1989), e o subsolo do prédio da FAU foi ocupado por laboratórios de pesquisa que quase nada têm a ver com a vida do estudante. Tal mudança transformou profundamente a dinâmica da faculdade e o uso dos laboratórios didáticos, que hoje são entidades dissociadas da vida estudantil proposta pelas disciplinas. O único ganho que houve nesse quesito foi a posterior construção do Canteiro Experimental atrás do anexo que recebe algumas poucas aulas de tecnologia da arquitetura e que, apesar de fundamental em uma faculdade de arquitetura, pouco tem a ver com a estrutura didática estabelecida.

“os problemas de manutenção da cobertura, deverão ser objeto de cuidadoso reexame por parte do projetista, de modo a ficar assegurado o perfeito funcionamento do edifício de acordo com as condições de segurança, conforto e durabilidade que se exigem de um prédio escolar.” (carta assinada pelo diretor da FAU Pedro Moacyr do Amaral Cruz, por Telêmaco H. de Macedo van Langendonck e Oscar Costa ao reitor Luiz Antonio da Gama e Silva em 11.10.1965)

Jan Nehring

A situação mais grave em relação ao descaso com o prédio, no entanto, é em relação à cobertura única, solução de imensa complexidade estrutural e construtiva e que é central na configuração do templo da democracia de Artigas. A comissão da faculdade que tratou de ‘melhorar’ o projeto de Artigas já havia colocado em palavras tal problema nos idos de 1965:


A solução foi mantida, mas desde a construção do edifício houve negligência com a laje de cobertura, como por exemplo o fato de terem sido instalados apenas dois condutores verticais de águas pluviais, ao invés de quatro, nos pilares mais centrais do edificio. Há ainda indícios claros, mesmo que não totalmente confirmados, de paralisação das obras durante a realização da cobertura que acarretaram em juntas frias de concretagem realizada em duas etapas mal feitas, por onde a água penetra com maior facilidade, prejudicando o concreto e as ferragens. A impermeabilização da laje tampouco foi realizada com o devido cuidado ao longo dos anos, e camadas de impermeabilizantes foram sendo colocadas umas sobre as outras. Tal situação representa não somente um peso extra excessivo na cobertura, como também prejudica sua estanqueidade, já que os materiais reagem de maneira diferente às intempéries gerando microfissuras que acabam por facilitar a penetração da água que finalmente se infiltra no concreto. O estúdio 3 encontra-se interditado desde 2007 por ter sido atingido por grandes pedaços de concreto que se desprenderam da face inferior da cobertura. As estalactites e estalagmites que escoam concreto e ferrugem das armações já são velhas conhecidas do prédio. A viga-empena da fachada também vem dando sinais de fadiga estrutural, evidenciada pela queda de fragmentos de concreto com partes da armação já enferrujadas. Isto pode significar que a corrosão já se disseminou por toda a ferragem e que seu papel estrutural está comprometido, como afirmou o professor Reginaldo Ronconi em sessão da Congregação da FAU em 24.02.2010. Já foram testadas duas possíveis soluções para a recuperação definitiva da estrutura da cobertura e ao que tudo indica uma delas já foi descartada. A Congregação deliberou sobre o tema e a licitação para a execução das obras será lançada em breve sem solução de intervenção devidamente esclarecida. Ademais, se faz premente um plano de manutenção da impermeabilidade da laje que seja seguido à risca. Ana Clara Giannecchini propõe, por exemplo, que se estabeleça um rodízio entre os 60 módulos da cobertura de acordo com a vida útil da impermeabilização. Assim, como a poliureia, técnica que será utilizada para garantir a estanqueidade da estrutura, tem vida útil de dez anos, tal rodízio faria com que todo ano 1/5 da cobertura estivesse passando por manutenção da impermeabilização da laje. Em dez anos a impermeabilização voltaria ao primeiro módulo pelo qual foi iniciada. Isso, porém, exigiria

uma equipe de manutenção e verba específica que integrassem o corpo administrativo da faculdade. [GIANNECCHINI: 2009]

da ocupação dos espaços da faculdade. No entanto, não será ele que dará as diretrizes à recuperação do edifício em seu caráter técnico-construtivo.

Como a manutenção preventiva não foi realizada a contento nesses quarenta anos de vida do prédio da FAU, somente um trabalho científico competente, pautado pelas questões que a teoria do restauro crítico coloca, pode ser aceito. Tais questões têm como principal teórico o italiano Cesare Brandi, e as ações específicas estão presentes nas cartas da UNESCO e de outros órgãos de tutela do patrimônio histórico. A Carta de Veneza, principal documento orientador das intervenções em edifícios históricos, pontua as seguintes premissas relativas ao tema, segundo Beatriz Kühl:

Qualquer intervenção na FAU de Artigas deveria respeitar ao máximo esses postulados, coisa que já não foi feita nas recentes reformas da diretoria, do jardim e na dos departamentos, ainda em curso. Os aspectos físicoestruturais do prédio devem ser compreendidos e sua espacialidade respeitada, justamente para que continue simbolizando, no campo da cultura propriamente esse momento da arquitetura brasileira, e no campo político para que siga sendo o professor que nunca tivemos e que tanta falta faz à educação dos futuros arquitetos de todo o mundo. Esse professor é João Batista Vilanova Artigas, que segue vivo na espacialidade do edifício, educando até hoje os jovens arquitetos formados pela FAU, lembrando-nos que a Revolução passa por cada um que a reivindicar e que até lá devemos contestar as incoerências da sociedade capitalista que se fazem visíveis em todo os lugares de nossa existência.

_Distinguibilidade: pois a restauração (que é vinculada às ciências históricas), não propõe o tempo como reversível e não pode induzir o observador ao engano de confundir a intervenção ou eventuais acréscimos com o que existia anteriormente, além de dever documentar a si própria. _Reversibilidade, que mais recentemente tem sido enunciada, de modo mais preciso, como “re-trabalhabilidade”: pois a restauração não deve impedir, tem, antes, de facilitar qualquer intervenção futura; portanto, não pode alterar a obra em sua substância, devendo-se inserir com propriedade e de modo respeitoso em relação ao preexistente e de forma a não impedir ou inviabilizar intervenções futuras que se façam necessárias. _Mínima intervenção: pois a restauração não pode desnaturar o documento histórico nem a obra como imagem figurada, devendo respeitar suas várias estratificações. _Compatibilidade de técnicas e materiais: deve-se levar em conta a consistência física do objeto, com a aplicação, para seu tratamento, de técnicas compatíveis que não sejam nocivas ao bem e cuja eficácia seja comprovada através de muitos anos de experimentação.

Os desenhos originais do edifício devem ser profundamente estudados, mas tampouco podem ser tomados como um registro definitivo, já que muitas modificações ocorreram tanto no decorrer de sua elaboração, quanto no próprio canteiro de obras. Assim, os registros da obra entregue também são de fundamental importância. Esses elementos servem para ajudar na compreensão da imagem original do edifício, que deve ser respeitada tendose em vista também sua transformação ao longo dos anos e seu estado atual, além dos futuros usos que espera-se ou identifica-se no prédio. O Plano Diretor dos espaços da FAU, que terá sua elaboração iniciada em breve, será um documento fundamental na compreensão de tais aspectos no sentido mais amplo da espacialidade e

André Leal


AUH 412 Técnicas retrospectivas e preservação de bens culturais aula expositiva sobre reformas na FAU 2009

A aula expositiva das ações na FAU teve um caráter que deve ser abordado: esta se insere num momento em que há mobilização por parte dos alunos da FAU, em prol não só do que fora discutido em assembléias recentes da greve geral, mas em prol também de uma maior transparência com a questão da reforma da faculdade. Dentro deste ponto, pode-se entender que a aula pouco teve de agressão ou adesão à greve, sendo que o propósito seria o debate de assuntos que já foram discutidos em greve, e obteve larga participação de alunos da matéria e outros espectadores. A aula ministrada pela Prof. Beatriz se estruturou através da definição de alguns conceitos, e dentro disso uma possível classificação do histórico das reformas da FAU. Debateu-se em sala de aula conceitos que envolvem reforma, preservação, conservação, restauração e adequação em um edifício, a linha de pensamento que cada expressão oferece e a atual situação de reformas e ou adaptações no Brasil. A seguir, alguns conceitos serão esclarecidos. Em primeiro, a palavra reforma. A reforma possui um caráter adaptador, das funções e da utilidade do edifício, e visa, como ponto principal, a adequação do edifício às necessidades de uso corrente. Como exemplo, para a marquise do Ibirapuera, projeto conhecido de Niemeyer, foi proposta uma reforma por parte do próprio arquiteto criador, modificando as características atuais da marquise. Esta atitude possui um caráter contestador, pois ignora a memória da população e visa apenas a adequação dentro dos gostos pessoais do arquiteto criador. A reforma, como explicado acima, não possui um caráter de preservação. Por preservação entende-se manutenção, conservação e restauração. Possui um aspecto memorial dos usuários, e não somente de adaptação ao uso. Contudo dentro de preservação, a maior confusão existente é em relação à conservação e restauração. Nos bens culturais imóveis (no caso, abordamos um edifício), no Brasil, evita-se a idéia de restauração para a utilização do termo conservação. Num sentido mais amplo, nunca teve nos bens

culturais uma definição clara no campo de ação destas palavras. Ruskin, principal defensor do termo conservação, acreditava que os bens culturais não deviam ser restaurados a um determinado momento da história (o de sua criação) mas sim deveriam ser utilizados e conservados pelas populações que o utilizam. Viollet Le Duc, diferentemente, colocou a idéia de restauração, que respeitava por fim um estilo, uma forma, que possui um momento histórico determinado e este deveria ser respeitado a todo custo numa restauração. Com maior definição de termos, é possível fazer uma análise das ações na FAU. As ações na cobertura possuem um caráter de conservação, pois indica uma necessidade de adequação constante, conservatória. As intervenções como um todo na faculdade (e aqui se coloca opiso do AI que está sendo redesenhado e os jardins que já estão em fase de conclusão) possui um caráter de reforma (não fiel ao projeto inicial e portanto não se caracteriza como restauro em Viollet Le Duc), ações traduzidas também por uma expectativa de resultados, pois a reforma, como já colocado, subentende-se uma ação de intervenção. É importante ressaltar que as ações como um todo não obtiveram a consulta de Carlos Cascaldi, profissional que projetou a FAU juntamente com Artigas, e atualmente está vivo. Esta postura é contrária ao já comentado projeto de reforma da marquise do Ibirapuera, que teve a participação do arquiteto criador. Outra questão que foi colocada foi o tempo de duração das ações, visto que a reforma do jardim e a manutenção dos shafts foram executadas no período letivo, e não nas férias. A professora coloca que uma reforma não necessariamente é mais rápida que um restauro. Entretanto a reforma tem resultados concretos mais rápidos, sendo que o restauro depende de um estudo maior da obra. As obras da FAU obtiveram estudos anteriores. Uma levantada foi a ação do prof. Paulo Bruna para a laje nervurada, com uma proposta de retirada e recolocação de formas, retirada da água no caixão perdido, e uma nova concretagem com concreto expansivo.

As ações da FAU então começam a se colocar de uma forma mais clara. Quando a ação do professor foi concretizada em 1995, e para isto dedicou-se algum tempo à pesquisa, observou-se uma atitude conservacionista, ditada pela necessidade vital do prédio. A ação no jardim da FAU, realizada no primeiro período de 2009, tem assim um caráter de reforma, pouco conexa com o resto da FAU, pela rapidez de execução, e por fim, pela falta de urgência. A questão que se coloca então é qual deve ser a característica das ações na FAU, e esta questão foi sugerida em um determinado momento da aula. Pensar a modificação através de uma necessidade, em vista do edifício como um todo, parece mais coerente. Contudo, para isto, deve-se priorizar também tempo à pesquisa (que se perde com a burocratização cada vez mais evidente da universidade pública). Dentro desta perspectiva, e como conclusão, foi debatida a questão dos espaços da biblioteca, os espaços destinados à computação (pró-aluno) e o departamento dos professores, a reorganização ou pelo menos o debate que antecede a reorganização dos espaços da FAU para atender às atuais necessidades. E também, ou mais providencial, o trabalho com os domos e o estudo para melhor conservação da cobertura da FAU. No que foi debatido em sala de aula quanto à postura, pensar o espaço da faculdade e a possível modificação funcional não foge às características memoriais do prédio - muito pelo contrário, segundo a proposição de espaços livres de Artigas - assim, através de uma análise de necessidades da faculdade, podem-se lançar ações conservacionistas para a preservação do edifício. Prof Beatriz Mugayiar Kuhl Resenha Rafael G. S. Siqueira

fotos da página ao lado, de cima para baixo: Fernando Stankuns, Rafael Craice e Jan Nehring



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Gabriela Deleu


Fernando Stankuns

Enquanto a diretoria destrói a FAU, estudantes são sindicados por defender o prédio sem portas de artigas

Na última semana de fevereiro, voltando das férias, os estudantes da FAU receberam as boas-vindas do diretor SSawaya na primeira congregação do ano: 9 estudantes estão sendo sindicados, com seus nomes já no conselho de ética da USP porque derrubaram os tapumes da reforma dos departamentos durante a greve do ano passado.

continuidade da reforma, os estudantes após decisão em assembléia foram, em ato, derrubar os tapumes.

enquanto o prédio está mais destruído do que nunca. Em janeiro uma parte da cobertura da fau desabou!

A reforma dos departamentos foi, desde o princípio, questionada pela ampla maioria da FAU. O prédio sem portas, marcado por seus grandes vãos livres, estava sendo fragmentado e no lugar dos espaços amplos que possibilitam o encontro e as aglomerações estavam sendo construídas quase 70 salinhas particulares de professores!

A diretoria abriu um processo de sindicância com o objetivo de punir individualmente alguns estudantes que teriam sido os “cabeças” da ação. Em janeiro, com o relatório da comissão que apuraria os fatos em mãos, SSawaya (como costumava fazer no ano passado) passou novamente por cima da própria congregação e sem consultála enviou o relatório para a comissão de ética da reitoria (comissão formada em 2001 para apurar casos de plágio entre docentes da usp e que em 2008 absolveu professores também acusados de plágio).

O que significam as prioridades de nosso diretor? Em que medida é mais importante fazer a reforma “luxuosa” da diretoria e construir uma saleta pra cada professor ao invés de garantir que o edifício permaneça em pé? O que sobrou dos princípios do edifício de artigas entre nossos “mestres”? Enquanto SSawaya condena os estudantes que defendem o prédio sem portas, o edifício se aproxima cada vez mais das ruínas e as reformas seguem a todo vapor!

Abriu-se um amplo processo de discussão sobre as reformas que foi passo a passo fechado pela diretoria. Sem saída, como forma de se manifestar contra a

Hoje, depois de quase um ano do início das discussões sobre as reformas, as 70 salinhas particulares, entre várias outras reformas, serão inauguradas em breve

ABAIXO AS PUNIÇÕES DE SSAWAYA!
 DEFENDER O EDIFÍCIO SEM PORTAS! PELA LIVRE MANIFESTAÇÃO DOS ESTUDANTES! Ilana Tschiptschin


comitê editorial alice viggiani, andré leal, laura nakel, luiza strauss, maíra fernandes e nídia paiva


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