MARATONA DE CHICAGO

Page 1

Chicago Marathon entre amigos Ricardo, Cris, Adriana e Daniel se uniram na grande aventura dos 42K (com participação especial de Flávia)

Fotos Guto Gonçalves Fotos Yara Guto Gonçalves Texto Achôa Texto Yara Achôa

E13



“A vontade de se preparar tem que ser maior do que a vontade de vencer.� Bernardinho


©Copyright 2015 by Guto Gonçalves e Yara Achôa

Realização

São Paulo - SP


apresentação

O Projeto Chicago

Um par de tênis nos pés e uma ideia na cabeça. Foi isso que levou Cristiane a envolver o marido – Ricardo – e três amigos – Adriana, Daniel e Flávia – na grande aventura de correr a Maratona de Chicago 2014. Força, foco, fé e muitas risadas fizeram parte da jornada, contada em detalhes nas próximas páginas.



O grupo dos cinco Cristiane e Adriana se conheceram em uma academia, em São Paulo. Fã de corrida, Adriana incentivou a nova amiga a praticar o esporte e a levou para a MPR Assessoria Esportiva. Em 2002, Cris trocou ideias com Flávia, quando ambas escolhiam flores para seus respectivos casamentos. Logo os casais Cris e Ricardo e Flávia e Daniel deram início a uma amizade. Na época, Cris e Daniel já corriam. Ricardo – que sempre foi do esporte, mas andava afastado das atividades físicas – e Flávia – que se arriscava de leve na musculação – ficavam apenas “olhando”. A corrida acabou por aproximar os cinco amigos.



Cris, a mentora Ela correu sua primeira maratona aos 28 anos. Foi em 2007, na Disney, quando fechou os 42K em 4h44. Mesmo com a chegada dos filhos, Cris continuou se dedicando ao esporte, completando uma infinidade de provas de 10K e meias maratonas. Mas alimentava o desejo de correr outra maratona antes dos 40 anos. No final de 2013, então com 35 anos, decidiu que havia chegado a hora de colocar seu plano em ação. “Conversei com meu treinador sobre fazer Chicago em 2014 e passei a sonhar com isso.” Mais do que uma simples corrida, Cris planejava uma ocasião especial. “Queria correr com meus amigos.” Logo convenceu Adriana. Em seguida, investiu em Daniel – que já havia se inscrito três vezes para a Maratona de São Paulo (mas nunca efetivamente corrido) e estava precisando de uma motivação extra para manter seus treinos. E um grupo criado no whatsapp conectou ainda mais essa turma.


Quem vai? Em março de 2014, Cris e Adriana se inscreveram para o sorteio de vagas da Maratona de Chicago. Daniel perguntou para a mulher se podia tentar a sorte – garantindo que era difícil ser contemplado, mas ao mesmo tempo prometendo uma viagem de sonhos a ela – e se inscreveu no último dia. Ricardo – que nunca havia corrido maratona e ainda não estava totalmente certo de que iria encarar a empreitada – bobeou e perdeu o prazo. Já Flávia... Bem, Flávia continuava observando o movimento. Adriana foi a primeira a receber o aviso da organização de que estava dentro. Para alegria de Cris, ela e Daniel também foram sorteados. Ricardo, então decidido a enfrentar os 42K, teve de correr por fora para garantir sua inscrição, buscando uma agência especializada em viagens esportivas. O “Projeto Chicago” tomava forma! Apesar de conhecer a rotina de treinos para uma maratona, a jornada não foi fácil para Cris. Com trabalho, casa e filhos para administrar, ela teve de ter muito foco e disciplina para poder cumprir as planilhas. E muita fé também – principalmente por ter de lidar com uma lesão pouco tempo antes de embarcar para Chicago. “Fiquei sem comer chocolate por um mês e fiz uma promessa de acender uma vela em Aparecida no Norte com o grupo”, conta.






Ricardo, o dedicado “Fui o último a iniciar os treinos. E quando comecei a correr mais rápido que eles, me boicotaram”, conta Ricardo, brincando. O fato é que ele tinha um objetivo definido: estrear nos 42K com um tempo abaixo de quatro horas. Praticante de triathlon, Ricardo teve de fazer adaptações em sua rotina para encarar a maratona. “Mudei a vida durante o período de preparação.” Para se ter ideia, certa vez, para poder acompanhar a filha em uma festa da escola, acordou às 4h30 da manhã e encarou seus 30K na Cidade Universitária. E, às 10h, estava cumprindo perfeitamente seu compromisso. O mais difícil, segundo ele, foram os longos e solitários treinos. “Ia revirando toda minha vida.”



Adriana, a veterana Tudo parecia conspirar a favor de Adriana. Ela foi a primeira do grupo a se garantir para Chicago. Somavam-se a isso suas boas experiências anteriores em maratonas – Paris (2005), em 4h17, e Berlin (2007), em 3h58. Mais: a prova aconteceria no dia 12 de outubro, data de seu aniversário, e sua irmã estaria ali para prestigiá-la – assim como fez na Alemanha. “Mas estava enfrentando um dos períodos mais difíceis da minha vida”, confessa. Dividida entre São Paulo e Rio de Janeiro, por conta de trabalho, os treinos ficaram comprometidos. “Quando não conseguia fazer o longo no sábado, o transferia para segunda. Eu ia cumprindo a planilha conforme fosse possível.” Sem tempo para fazer musculação na academia, Adriana também passou a encarar subidas e descidas em escadas para fortalecer as pernas. “O mais difícil foi treinar sem companhia dos amigos. Muitas vezes o que me fazia sair da cama para correr era o grupo do whatsapp.”


Daniel, o fanfarrão Ele tinha sentido a incrível experiência de superação fazendo um Meio Ironman, em 2006. E seu sonho era completar um Ironman até os 40 anos. “Como não deu para me preparar para isso, parti em busca da maratona”, revela. Daniel já havia ensaiado encarar os 42K, por três vezes. Mas por ser “em casa” (São Paulo), por um motivo ou outro, acabava desistindo. “Além do desafio pessoal, Chicago passou a representar um compromisso financeiro.” E o investimento foi grande. “Ao longo do período, fui agregando muitos ‘fornecedores’ na folha de pagamento: treinador, nutricionista, acupunturista, fisioterapeuta, academia...”, conta rindo. A largada para os treinos específicos não foi tranquila. Com sobrepeso e certa displicência com as planilhas, Daniel começou a ter lesões – o que deixou Flávia preocupada e até enfurecida. Até que ele se deu conta da responsabilidade de seu projeto e tratou de entrar nos eixos. “Mudei minha rotina, aprendi a ter disciplina, ser tolerante e trabalhar a cabeça para ajudar a levar o corpo. Não era uma questão de terminar com o melhor tempo do mundo, mas simplesmente terminar o que eu havia começado.”


Flávia, o peixe fora d’água Ela sempre prezou pelo equilíbrio, por isso, via algo de insano naquele grupo de maratonistas. Mesmo assim, deu forças para o parceiro na realização de seu sonho. Isso, no entanto, não impediu que enfrentasse momentos de tensão. “Eu estava sonhando com uma viagem de férias em Paris, quando o Daniel chegou com a ideia de correr Chicago. Deixamos de sair e fazer programas de casal normal para quase reduzir nosso cardápio a carboidrato em gel e proteína. O auge do stress foi quando reclamei da atenção exagerada que ele estava dando para a corrida e um tio me falou: ‘não vai estragar o treino do seu marido’. Só não consegui ter raiva da Cris, pela ideia maluca que ela havia tido, porque é minha melhor amiga”, diz Flávia. Em Chicago, ela virou staff da turma – foi incumbida de carregar as mochilas, fotografar os maratonistas... “Mas me acabei nas delícias, enquanto eles ficavam nas massas e na água”, revela. No dia da prova, a tensão foi ao limite. “Fiquei preocupada com o bem-estar do Daniel. Mas quando o vi chegar chorando, chorei junto – e respirei aliviada!”


Os maratonistas de Chicago CRIS: 4h04 “Havia completado a Meia Maratona do Rio em 1h56 e achava que daria para fazer sub 4 horas em Chicago. Tinha emagrecido e estava confiante. Mas como tive uma lesão no pé, fiquei ansiosa para saber como o corpo responderia. Larguei com o Daniel e fui com ele até o quilômetro 15. Foi emocionante vê-lo com brilho nos olhos dizendo ‘thank you’ a cada passo, em agradecimento aos incentivos que recebíamos. Estava me sentindo bem e segui adiante sozinha. Mas a partir do quilômetro 30, a coisa começa a pegar. No 35, encontrei meu treinador, César, a Flávia e a irmã da Adriana e tive vontade de chorar. A partir do 37, meu ritmo diminuiu e vi que não conseguiria fazer abaixo de 4 horas. Fui administrando para chegar do melhor jeito possível. Faltando 200 metros para a linha final, tirei uma bandeira do Brasil do bolso e chorei. Foi um choro de vitória, de conseguir de novo. Eu senti que era capaz de tudo. Por aquele instante, todo o sacrifício valeu a pena!” RICARDO: 3h58 “Cheguei na prova confiante pois tinha feito a ‘lição de casa’ e não tive nenhuma lesão durante o treinamento. Em momento algum tive dúvida quanto a terminar. E só lembrava de uma frase: o importante não é terminar em primeiro, mas sim terminar aquilo que você começou. Fiz muita força nos três quilômetros finais, quando acelerei para atingir meu objetivo de estrear na distância com menos de 4 horas. Fui ao meu limite – não poderia ter feito um segundo mais rápido do que fiz. Cruzar a linha de chegada foi emocionante.”


DANIEL: 4h20 “A maratona me ensinou disciplina e responsabilidade. Acredito que eu tenha ficado também mais tolerante a ponto de encarar a vida de outra maneira agora. Venci um grande desafio físico e pessoal. E ficou o gostinho de quero mais.”

ADRIANA: 4h12 “Os treinos não foram perfeitos. Então, fui atrás de completar a maratona. Cruzar o pórtico de chegada em Chicago representou toda minha dedicação, meu esforço. Me mostrou que, apesar dos obstáculos da vida, sou capaz de realizar muita coisa. Fui para curtir com os amigos e lavar a alma para comemorar meu aniversário.”



Fotos, texto e edição Guto Gonçalves e Yara Achôa Realização Estúdio13 www.estudio13.com.br | facebook/estudio13 | @estudio13 Tel. (11) 99722-1505 | (11) 99980-2582



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.