Livro Memória de uma passagem escolar: 1956 a 1961

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Memória de uma passagem escolar: 1956 a 1961



Memória de uma passagem escolar: 1956 a 1961 Salvador Magalhães Brandão


Coordenação Geral e Capa Edmilson Santana Projeto gráfico Thiago Suiten Editoração Eletrônica Estúdio Imboré Apoio Museu Pedagógico Copyrigth @ Salvador Magalhães Brandão, 2020

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios. Os direitos morais do autor foram assegurados.


Sumário Apresentação............................................................................. 7 O tempo se foi!.......................................................................... 9 Atos legislativos...................................................................... 12 A escola..................................................................................... 13 Diretores................................................................................... 15 Funcionários............................................................................. 17 Cursos/turnos........................................................................... 18 Mobiliário................................................................................. 19 Aulas o toque de chamada!..................................................... 20 Fardamento............................................................................... 21 Farda de educação física......................................................... 23 Metodologia de ensino........................................................... 24 Aulas e disciplinas ................................................................... 25 Sistema de avaliação................................................................ 29 Coisas de alunos....................................................................... 31 Relação dos livros didáticos estudados nos cursos ginasial e científico................................................................................ 33 Professores................................................................................ 35 Festejos...................................................................................... 38 Desfile de 7 de setembro......................................................... 39 Formaturas................................................................................ 41 Alunos da turma que concluíram o ..................................... 42 3º ano científico em 1961 e ingressarm................................. 42 no ensino superior.................................................................... 42 Registros fotográficos: ......................................................... 43 minha escola, minha turma, ................................................... 43 meus professores!..................................................................... 43 Considerações finais................................................................ 53 Colaboração............................................................................. 54



Apresentação

A implantação da Escola Normal é um marco significativo na educação da cidade de Vitória da Conquista e região e, como detenho ainda na memória dados e lembranças do período que ali passei (1956 a 1961), escrevo as memórias que tenho daquele tempo. Após concluir o Curso Colegial Científico no Colégio Estadual de Vitória da Conquista (Escola Normal Euclides Dantas), iniciei a carreira do magistério (leigo) na cidade de Itiruçu, onde recentemente fora criado o Ginásio local, lecionando a disciplina Ciências Naturais. Em 1964 participei da Campanha de Aperfeiçoamento do Ensino Secundário (CADES), o que me motivou a prestar Exame Vestibular, neste mesmo ano, na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), para o Curso de História Natural, o qual concluí em 1967. Por já possuir alguma experiência com o magistério, a partir do 2° ano do referido curso, passei a lecionar em Colégios particulares da cidade do Salvador. Em 1968 fui aprovado em um Concurso Público para o Magistério e, então, fiz a opção por lecionar na cidade de Itabuna, onde logrei grande experiência e pude de alguma forma contribuir para a educação da cidade. Posteriormente transferi-me para Salvador onde lecionei e participei de atividades pedagógicas (coordenação) e administrativas (Diretoria de 2° grau) no Centro Integrado de Educação Anísio Teixeira, grande centro pedagógico, fato que me motivou a fazer o Curso de Pedagogia na Faculdade de Educação da Bahia (FEBA), onde me graduei em Administração Escolar. Posteriormente, atuei no Departamento de Ensino Supletivo (hoje Educação de Jovens e Adultos) da Secretaria de Educação do Estado da

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Bahia, onde me aposentei. Durante as minhas experiências de magistério ou administração escolar, lembrava-me sempre do período do curso ginasial e científico e cada vez mais eu valorizava os ensinamentos que recebi no colégio e que muito contribuíram para os meus conhecimentos acadêmicos. Sempre, em conversa com minha sobrinha, à época, docente da cadeira de Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1° e 2° grau na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), comentávamos a respeito da Escola Normal, e lhe contava com detalhes algumas passagens da época, fornecendo às vezes alguns dados para os trabalhos acadêmicos que ela desenvolvia nos Cursos de licenciatura da referida universidade. Algum tempo depois, fui incentivado pela equipe coordenadora do Museu Pedagógico da UESB, que hoje é uma entidade já reconhecida por seu belíssimo trabalho de recuperação da história das escolas públicas e particulares de Vitória da Conquista e Região, a registrar as memórias que eu guardava da época em que era discente na Escola Normal. Passado o tempo, resolvi encampar a proposta, então EIS O TRABALHO!

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O tempo se foi!

As lembranças ficaram arquivadas em nossa memória e, de quando em quando, revemos alguns momentos dos tempos escolares, já que a escola ocupa parte da nossa juventude. Estamos revendo-os agora. A Escola Normal Euclides Dantas – de Vitória da Conquista – Ba, ficou como marco em minha vida. Concluído o Curso Primário (na época legalmente denominado de Elementar) em 1953, no Grupo Escolar Francisco Mangabeira, na cidade de Itiruçu – BA, fui, a convite de meu irmão mais velho, estudar na cidade de Pedra Azul – MG, já que só havia escola ginasial há vinte (20) quilômetro da cidade onde morava, o Colégio Taylor Egídio, em Jaguaquara (BA), para onde não pude ir por questões de ordem financeira, pois o colégio era particular e eu teria que ficar no regime de internato. Em Pedra Azul, prestei Exames de Admissão no “Ginásio Pedra Azul” onde fui aprovado para cursar a 1ª série ginasial em 1954. O Ginásio Pedra Azul era um prédio de dois pavimentos, com o 2º pavimento destinado ao internato (que não funcionava mais). A escola era bem estruturada, havia quadra de esporte (material riquíssimo para aulas de educação Física), sala específica para aulas de Ciências Naturais, Auditório/Teatro, etc. O prédio estava num terreno murado, com um portão de ferro na entrada, onde estavam grafadas as letras GF, que eram abreviatura de Ginásio de Fortaleza. Fortaleza era o nome dado à cidade de Pedra Azul no passado. Da porta principal surgia um corredor que dava acesso às salas de aulas de ambos os lados (talvez para melhor fiscalização dos alunos) e parte administrativa.

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Os professores eram rígidos e nos transmitiam regras para serem seguidas sem a liberdade para questionamentos (talvez pela metodologia da época). As classes eram mistas. As carteiras eram dispostas em fileiras e nas carteiras da frente (individuais com assento móvel – marca “gerdau”) sentavam as meninas, por ordem alfabética, sequenciando os meninos, também por ordem alfabética e, obviamente, como me chamo Salvador, só podia me sentar nas últimas cadeiras. Em 1956, minha irmã mais velha passou a residir em Vitória da Conquista – BA com minhas outras irmãs e um irmão, então me transferi para essa cidade. Chegando em Conquista, uma certa manhã, fui visitar a nova escola onde iria estudar. Que surpresa agradável! Quando vi aquele prédio imponente de estilo funcional (e que nunca ficou desatualizado pela arquitetura), corredores de alas abertas para o acesso às salas de aula, quadra de esportes coberta, cuja estrutura abobadada feita de madeira encravada peça por peça por tarugos de madeira impressiona os arquitetos e engenheiros de hoje. O prédio da Escola estava em uma área imensa toda cercada de arame farpado, tendo na frente (rua Siqueira Campos) um portão de madeira encimado por um telhado. Ao lado havia uma casa simples, onde morava um funcionário da escola e do outro lado estava a residência do Sr. Capitulino, uma casa grande. Na lateral esquerda da cerca havia uma porteira em forma de S, que impedia a passagem de animais, mas que facilitava a passagem dos alunos que residiam no Bairro Alto Maron e adjacências. Neste ano de 1956, a escola ainda não estava toda ocupada, havia muitas salas fechadas. Cursei da 2ª série ginasial até o 3º ano de curso científico nessa escola, concluindo-o em 1961.

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A seguir, passamos a descrever o que ainda tenho em minha memória acerca da Escola Normal nesse período. Para facilitar o trabalho, nomeei os seguintes itens a serem narrados: 1. Atos legislativos 2. A Escola – esboço da fachada 3. Esboço da planta baixa 4. Os diretores 5. Funcionários 6. Cursos/turnos 7. Mobiliário 8. Aula (toque de chamada) 9. Fardamento 10. Metodologia de ensino 11. Sistema de avaliação 12. Livros didáticos – Ginasial e Colegial 13. Professores – Ginásio e Colégio 14. Festejos 15. Desfiles de 7 de setembro 16. Formatura 17. Alunos que concluíram o curso científico e sua formação superior 18. Registros Fotográficos: Minha Escola, Minha Turma, Meus Professores!

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Atos legislativos

A Escola Normal Euclides Dantas, foi criada pelo Decreto 15.194 de 20/02/1952, publicado no Diário Oficial de 21/02/1952. Até 1961, o ensino era regido pela Lei Orgânica do Ensino Secundário (Decretos Leis nº 4.244 de 09 de abril de 1942 e 8.347 de 10 de dezembro de 1945). Em 1952, funcionou o 1º ano do curso Normal (o curso era em 02 anos), mais tarde passou a denominar-se Curso Pedagógico e foi criada a chamada “série intermediária” para a normatização do curso em 03 anos. Em 1953, é criado o Ginásio Estadual de Vitória da Conquista, no prédio da escola Normal. Em 1958, a escola Normal passou a ser chamada de Colégio Estadual de Vitória da Conquista. Mas a população conquistense continuou a chamá-la de “Escola Normal” ou “A Normal”. A nomenclatura “Ginásio” ou “Colégio” só aparecia nos documentos oficiais, como certificados e históricos escolares. Com a Lei 4.024/61, ocorre a unificação dos cursos Colegial (Clássico e Científico) em curso Colegial Secundário. Em 1962, a escola é transformada em Instituto de Educação Euclides Dantas pelo artigo 3º da Lei Estadual de 23 de fevereiro do ano mencionado. A Escola Normal (Ginásio, Colégio Estadual) passou a denominar–se “INSTITUTO DE EDUCAÇÃO EUCLIDES DANTAS”.

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A escola

A escola, em estilo funcional, é constituída por uma parte central abobadada (vide figura 1) que continha auditório, quadra de esporte e cantina. É sequenciada lateralmente e ao fundo por corredores abertos em linha reta, contendo em cada área salas de aulas, depósitos/salas para material de esporte, sanitários (2 grupos), jardim, tanque e cisterna (não havia água encanada na época) e casa para o vigilante. A arquitetura foi idealizada por Diógenes Rebouças. Abaixo apresentamos, nas figura 1 e 2, um desenho de próprio punho do esboço da fachada principal da escola NORMAL EUCLIDES DANTAS com o panteón e a planta baixa. Esboço da fachada principal

Fonte: Desenho feito pelo autor.

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Ideia aproximada da planta baixa (sem escala)

Fonte: Desenho feito pelo autor.

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Diretores

Os diretores da escola, até o momento que ali estudei foram: Dr. Dalvadísio Barreto Dr. Ivan Nogueira Brandão Prof. Everardo Públio de Castro Dr. Luis Barreto Vieira Da administração do Dr. Dalvadísio tenho pouca referência, pois eu estava ingressando na escola, mas me lembro que: Dr. Ivan Nogueira Brandão visitava as salas de aulas todos os dias para observar os alunos. As meninas, naquele ano de 1956, usavam uma boina azul marinho, quando a esqueciam ou colocavam debaixo da carteira e alguém dizia “lá vem Dr. Ivan”, era um corre-corre para colocar as boinas na cabeça. Para os meninos era exigida a gravata preta. Lembro-me que certa vez um colega estava sem gravata, quando falaram que vinha o Dr. Ivan, o rapaz tirou ligeiro a meia de cor preta e a colocou no local da gravata. Na Gestão do prof. Everardo Públio de Castro houve acontecimentos importantes: A primeira pintura do prédio, que originalmente era branca e verde e passou a ter em cada coluna do pátio uma cor. Nesta época as freiras sacramentinas estavam se instalando no primeiro prédio construído para o Colégio Nossa Senhora de Fátima. Dizem que elas falavam que a Escola Normal parecia mais um carnaval. A criação do Curso Noturno que foi chamado de Ginásio noturno e

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passou a funcionar na escola Barão de Macaúbas (que ficava no cento da cidade, no local que é hoje o fórum) pois na Escola Normal não havia energia elétrica; E, por fim, a criação do Curso Colegial, Clássico e Científico. Na sua instalação esteve presente o Secretário de Educação do estado Dr. Aloísio Short e a presença de todos os alunos da escola, professores, funcionários e a comunidade. O professor Everardo, muito empolgado, queria colocar um letreiro luminoso escrito “Colégio Estadual de Conquista” para que quem passasse pela Rio Bahia pudesse vê-lo. Foi muito boa a sua administração. A administração do Dr. Luís Barreto Vieira também foi eficiente. Ele atendia às solicitações de alunos, apoiava o Grêmio e as festas. Os alunos do Curso Colegial solicitaram ao Dr. Luís a mudança da farda para sair da tradicional cor caqui com mangas compridas e gravata. Ele respondeu: “escolham um modelo e tragam para discutirmos juntamente com os professores”. Então, foi apresentado um modelo que foi acatado pela diretoria (veja fardamento nas fotografias 31 e 32). Na sua gestão também iniciou-se a organização do Laboratório de Ciências. Concluímos o curso durante esta gestão.

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Funcionários

A escola contava com vários funcionários que atuavam na secretaria, limpeza, serviço e fiscalização de alunos (Bedel). Lembro-me da secretária geral, prof.ª Nalva Figueira, do Sr. Delí, o Sr. Juca e Eunice Gusmão (amiga da turma). O senhor Delí era uma figura! Magro, alto, sempre de terno preto e gravata. Avisava sempre aos alunos de 18 anos (sexo masculino) para o “alistamento militar”. Ele era o responsável pelo setor na época. O senhor Juca era um homem baixo, barbas brancas, de meia idade, fala mansa e arrastada, era casado com dona Maria e tinham muitos filhos. Morava nas dependências (específicas) da Escola Normal. A casa do sr. Juca sempre servia de refúgio para quem estava “filando aula” e se escondia dos sensores. Lembro-me também da senhora Eunice Gusmão. Ela sempre estava ao lado da turma no Curso Ginasial, era uma amiga simpática, quebrava sempre o galho dos faltosos e foi homenageada pelo pessoal da 4ª série.

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Cursos/turnos

O Curso Primário e a Admissão ao Ginásio eram no turno matutino e funcionavam nas Escolas anexas à Escola Normal, com diretoria e secretaria próprias. Serviam de escola de aplicação para os professorandos da Escola Normal. O Curso Pedagógico que substituiu o Curso Normal, após a criação da Série Intermediária, tinha funcionamento no turno vespertino. O Curso Ginasial funcionava em dois turnos, no vespertino e no noturno (nas Escolas Reunidas Barão de Macaúbas, conforme já falamos acima). O Curso Colegial era composto do Clássico, que funcionou entre 1958 a 1959, e do Científico, que funcionou de 1958 até 1962. Em 1963 os dois foram unificados como curso Colegial e este funcionava no turno vespertino. O primeiro ano Clássico e Científico compartilhava um conjunto de disciplinas comuns e outras especificas. No momento das aulas de Química e Física para o Curso Científico, os alunos do Curso Clássico se deslocavam para outra sala com o fim de assistirem aulas de Filosofia/ Sociologia/Latim e Grego. Os alunos do curso Colegial solicitaram mudança de turno para o matutino, porém não foram atendidos devido ao fato de que nesse turno havia o funcionamento das “escolas anexas”. A mudança ocasionaria falta de professores para esse turno, uma vez que professores existentes já lecionavam à tarde.

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Mobiliário

As carteiras eram duplas e depois foram sendo substituídas por mesas com cadeiras duplas e carteiras em madeiras com braço. Lembro-me de que havia pouquíssimas carteiras para canhoto.

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Aulas o toque de chamada!

As aulas se iniciavam às 13 horas e terminavam às 17:30 ou 18 horas. Funcionavam de segunda a sábado, sendo 180 dias letivos para o turno diurno e 150 dias para o curso noturno. Havia intervalo entre aulas e um recreio de 10 a 15 minutos. Para início e término das aulas era dado o toque, inicialmente não havia “sino” e sim um pedaço de trilho da estrada de ferro pendurado por arame em uma trave do telhado junto à secretaria e era tocado com um pedaço de ferro. Posteriormente, esse trilho foi substituído por um sino de mais ou menos 40 a 41 centímetro de diâmetro de boca.

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Fardamento

O fardamento masculino era tradicional, calça caqui com camisa branca de mangas compridas, gravata preta, meias pretas e jaleco caqui de mangas, também, compridas e sapatos pretos com cadarço. O fardamento Feminino era composto de blusa branca de mangas compridas, gravata azul marinho, saia azul marinho pregueada, sendo uma parte com botões grandes (para facilitar ao tirarem nas aulas de Educação Física), meias brancas e sapatos de verniz preto. Não havia o escudo e sim um pequeno broche na gravata (tipo alfinete). Para o tempo frio só era permitido blusa azul-marinho (as lojas já vendiam o tipo exigido). A farda de gala consistia em blusa de linjerie branca, boina azul-marinho e luvas brancas. Usou-se pouco o escudo. Ele era redondo, branco e com o mapa da Bahia (contorno) em vermelho, escrito do lado “Ginásio” (vide figura abaixo).

Escudo

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O motivo pelo qual os alunos da Normal deixaram de usar esse escudo foi o fato de ouvirem chacotas dos alunos do Ginásio de Conquista (Pe. Palmeira), como “tira o beiju do bolso!”. Chacota que também era respondida pelos alunos da Normal que diziam “e vocês, Galo Cego (GC)”, com uma referência ao escudo do Ginásio de Conquista. Para os alunos do curso Colegial a cor da calça era opcional o que diferenciava dos alunos do Ginásio. Cada curso tinha seu escudo, vejamos:

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Ginasial

Pedagógico

Científico

Clássico

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Farda de educação física

O uniforme masculino consistia em camiseta branca sem mangas, calção azul com faixa branca, meias brancas e basqueteira (quem não podia ter basqueteira usava galupim branco ou ficava descalço). O uniforme feminino era composto por um calção tipo balão branco de fustão, camiseta branca com mangas, meias brancas e galupim branco. Em meados dos anos de 1960, os alunos do 2° ano científico solicitaram ao então diretor, Dr. Luiz Barreto Vieira, a mudança da farda. Ele pediu que apresentássemos sugestões, ficando então estabelecido: Para os homens: Camisa branca fechada (com a gola padronizada) de mangas curtas, calça azul marinho, modelo esporte, com cintura sem passadiço (pois não era permitido o uso de cinturão), sapato preto esporte (não aceitava de cadarço) meias pretas e escudo com insígnias do curso. Para as mulheres: blusa branca com botões e mangas curtas, escudo com insígnias do curso, saia pregueada cor azul marinho, sapatos fechados pretos e meias brancas. Retirou-se a gravata. Continuava a exigência da blusa de frio de cor azul-marinho.

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Metodologia de ensino

Era adotado o sistema tradicional de ensino. O professor explicava, os alunos ouviam, copiavam, etc. Qualquer ato de insubordinação era motivo para que o aluno fosse colocado fora da sala. A “nota zero” ainda era associada à indisciplina ou à falta de conteúdo. Nas aulas de Português a profª. Adélia Caetano fazia leituras sequenciadas do texto, pedia para decorar e recitar poesias em voz alta e quando ela não ouvia as últimas sílabas do texto, bradava: “fale mais alto, novamente!” o que deixava qualquer aluno nervoso. Não fazíamos trabalhos em grupo, dupla, etc., mas com o tempo a participação dos alunos em grupos de estudos já era notada.

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Aulas e disciplinas

Durante o curso ginasial, nas aulas de Canto Orfeônico aprendíamos as notas na pauta, fazíamos compasso, cantávamos hinos (o Hino Nacional era obrigatório na prova oral) e músicas folclóricas, que naquele tempo não eram assim designadas. Na 3ª série ginasial, a profª. Zilka Pinto fazia um mini-coral e separava vozes. Cantávamos muito. Lembro-me bem das músicas “A Lenda do Boto” (Tajapanema), “Quem Sabe” (Carlos Gomes), “Que caboclo Falador”, etc. Fazíamos também trabalhos Manuais. Na 2ª série com a profª. D. Diomar, usávamos arame, couro, cartolina, madeira, etc. Era um sufoco fazer a cesta de arame para colocar ovos de galinha, saíamos com as pontas dos dedos todos furados. Fazer aquelas rodelas no arame não era fácil! No trabalho com couro, comprávamos os materiais na Casa Amorim e além do couro usávamos também fitilho, alicate de modelar, cortar, costurar, etc. Para trabalhar com a madeira usávamos a serra tico-tico (quebrava muito quando esquentava). Serrávamos, às vezes, até as carteiras (o apoio). As aulas de economia Doméstica eram somente para as meninas da 3ª série. Elas confeccionavam álbuns sobre casas, arrumação, etc. e tinham, também, aulas sobre o tema. No final do curso faziam o que copiavam das receitas e no encerramento do curso, convidavam os colegas homens para a degustação. Nas aulas de Educação Física os exercícios eram muito pesados, como Canguru, galinho, abdominais, salto em caixa de areia, etc. Havia provas para pontuação. O horário era horrível às 6 ou 7 horas da manhã e a cidade de Vitória da Conquista era muito fria. Muitos alunos iam de

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bicicleta. O instrutor era o sargento Edilton, o mesmo que trabalhava no “Tiro de Guerra”. Ele colocava os meninos para correr até o centro da cidade ou para o outro lado da Escola Normal. Porém, ele ia sempre de bicicleta e gritava com quem estava no final da fila: “deixem de moleza!”. Os professores eram muito exigentes nas aulas de Desenho. Como me lembro da Ita David de Castro e Edna Ribeiro! Na 2ª série não era fácil confeccionar as gregas simples e compostas em 2 tempos, 4 tempos, etc. Desenho de objetos à mão livre, fazer sombreamento em figuras como cubo, esfera, etc. Na 3ª série, na parte geométrica, tudo era medido milimetricamente; traçávamos elipse, oval, etc. Na 4ª série fazíamos desenho geométrico e à mão livre. No Colegial, o traçado dos diedros (1º, 2º, 3º e 4º), achar a Épura e o ponto de fuga (que deixava muita gente confusa). No 2º Colegial, além dos trabalhos geométricos, fazíamos trabalhos de perspectiva cavaleira, projeção de arcos e desenho de propaganda de casas comerciais da cidade (produtos). Entre as propagandas eleitas, recebi um prêmio do Bazar Cairo e a propaganda ficou exposta da vitrine da loja. No 3º Colegial tínhamos os assuntos difíceis da geometria, como rebatimento e corte de cone, pirâmide etc. O material de desenho era inspecionado pelo professor: réguas, esquadros, compasso, tudo bem limpo. Usávamos uma borracha grossa que era apelidada de “requeijão”. O Curso de Desenho era tão exigente que muitas alunas da série intermediária (Curso Pedagógico) foram reprovadas nessa disciplina. Outra disciplina de grande dificuldade era o latim, principalmente quando se referia aos pronomes relativos. Os alunos inventavam então “fórmulas mnemônicas” para este aprendizado.

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Eis o verso: “Qui, Quae, Quod Cujus, Cujus, Cujus Qui, Quae, Qui” As aulas de Francês eram lecionadas pela prof.ª Beatriz Hofmann, uma bondade de pessoa! Em suas aulas ela falava da França como se estivesse lá. O livro de Francês da 3ª série de Augusto R. Rainha e José A. Gonçalves nos fazia dar um passeio pela França – e com entusiasmo a profa. Beatriz nos falava em Lion – La capitale de La soa (sêda), Les Pirynées e de todos os costumes das regiões francesas. Havia, também, muita brincadeira por parte dos alunos e às vezes ela implicava com alguns, mas nada de mal, eram só bromas. No curso científico a profa. Beatriz ficava encantada com os textos do livro Langue et Literature. Ela nos contava histórias do tempo em que toda sua família se reunia para a leitura dos livros em francês, na cidade de Caetité. As vezes as lágrimas lhes vinham aos olhos, principalmente nos textos de Victor Hugo. As disciplinas de Geografia e História eram lecionadas pelo prof. Everardo Públio de Castro. Ele nos deixava extasiados com a ênfase que dava aos textos. Na 2ª série, as aulas de “História das Américas” era como se estivéssemos assistindo a um filme. A geografia do Brasil era observada com todos os detalhes, principalmente a parte humana. As aulas de geografia do prof. Jorge Palmeira eram, também, muito interessantes. As aulas de Ciências Naturais com o Dr. Luiz Barreto na 3ª e 4ª séries eram bem esquematizadas: usava como recurso da época os mapas e giz colorido. No curso científico o professor lecionou a disciplina História Natural dando muita ênfase à Biologia. As aulas de Física inicialmente aterrorizavam os alunos do 1º ano

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colegial. O responsável pela disciplina era o prof. Mário Seixas, cuja didática e boa vontade faziam amenizar os assuntos abordados. As aulas de Matemática eram sempre o “Bicho papão”. Houve alguns momentos amenos e outras vezes duros, como nas aulas do prof. Hofmann, assim como as aulas no curso colegial com Mário Seixas. Na 3ª série Ginasial a profª. Noemia substituiu José Pedral e mais tarde foi substituída pela profª. Nize Alves. Tínhamos as aulas de Inglês, inicialmente, com o prof. Hofmann e posteriormente com a profª. Gerenice Gusmão Cunha, que implantou o diálogo em inglês (nova metodologia) bem aceita pelos alunos.

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Sistema de avaliação

O Sistema de Avaliação seguia o Sistema Federal de ensino. Eram realizadas provas mensais, provas parciais e prova oral (final). Provas Parciais: • Primeira prova parcial em junho • Segunda prova parcial em dezembro • Prova Oral: em dezembro Mensuração (Média Ponderada) Provas mensais --------- Valor X 1ª Prova Parcial --------- Valor Y 2ª Prova Parcial --------- Valor Y Prova Oral --------- Valor Z Nota de aprovação por disciplina quatro (4,0), mas a média de aprovação no conjunto de disciplinas (global), cinco (5,0). Me recordo que um dos nossos colegas no 1º ano colegial obteve média (4,0) em todas as disciplinas, mas foi reprovado no conjunto, por não obter a média (5,0). Para a prova parcial o professor fornecia a listagem de pontos, 10 ou 20 pontos. Cada ponto era subdividido em três itens “a-b-c”. Geralmente o item “a” referia-se a uma dissertação e as demais em duas ou três questões subjetivas.

1º ponto - a

b c

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As provas eram realizadas em papel pautado. Houve época em que o colégio fornecia o papel com timbre da Escola e também com papeletas para serem destacadas. Durante a realizações das provas parciais estava presente o Inspetor Federal Dr. Anfrisio Áureo de Souza, que saía de sala em sala rubricando as provas e ainda fiscalizava os alunos para não pescarem. Os pontos eram sorteados no momento das provas, em papelotes numerados e colocados em uma urna de flandres (rotativa) ou numa caixa de papelão. A urna servia também para a prova oral, de onde cada aluno tirava o seu ponto. Após sorteado o ponto da prova escrita, nenhum aluno tinha mais o direito de adentrar a sala de aula. A prova oral só tinha início depois que chegava o telegrama da Secretaria de Educação. Terminávamos as provas escritas e ficávamos aguardando o tal telegrama. As provas orais eram iniciadas em três de dezembro (lembrando que o sistema era Federal). As pescas aconteciam nas mais variadas formas criativas: sinais, sanfona, pisadas no pé do colega, livro aberto debaixo da carteira etc.

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Coisas de alunos

Era falado “parmiar” o ponto (palmilhar o ponto), ou seja, levar o ponto entre os dedos para dentro da urna. Quando recebíamos a relação de pontos para a prova, escolhíamos (a consenso) um ponto a ser estudado mais do que outro. Na hora do sorteio, uma colega (já vezeira) colocava uma papeleta enrolada com o número do ponto entre os dedos, o retirava dentro da urna e entregava ao professor. A turma toda ficava calada em suspense. O professor, então, falava o número do ponto e colocava as questões no quadro negro. Nas provas mensais, os alunos descobriram que o professor Maia elaborava a mesma prova para ser aplicada no Ginásio de Conquista e também na Escola Normal. Isso acontecia principalmente com as provas do vespertino do Ginásio, que só era frequentado pelas meninas. Elas copiavam e passavam para os “namorados” que estudavam na escola Normal, mas nem sempre dava certo. Em relação aos resultados, as notas mensais eram lançadas nas cadernetas ao final de cada mês (trabalho realizado por funcionário da secretaria). Se o aluno não tivesse realizado a prova, ficava com a nota zero. A única forma de fazer outra prova era apresentar o atestado médico. Os resultados ao final de ano eram afixados no mural. Seguiam a ordem de classificação de notas, ocupando assim o 1º, 2º, 3º lugares etc. de acordo com a média obtida. Existia o sistema de 2ª Época, em fevereiro, para os alunos reprovados em até duas (2) disciplinas. Eliminavam-se os resultados da 1ª Épo-

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ca. Os alunos submetiam-se a prova escrita e oral, sendo o resultado de aprovação a média aritmética de valor cinco (5,0).

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Relação dos livros didáticos estudados nos cursos ginasial e científico Curso Ginasial (livros e autores): Português – Aida Costa Matemática – Algacyr Munhoz Maeder (1ª, 2ª, 3ª e 4ª) Geografia Geral do Brasil – Aroldo de Azevedo (1ª, 2ª, 3ª e 4ª) História do Brasil – Joaquim Silva (1ª) História das Américas – Joaquim Silva (2ª) História Geral – Joaquim Silva (3ª) História Geral e do Brasil – Joaquim Silva (4ª) Latim – Ludus – Primus (1ª)

Secundus (2ª)

Tércios (3ª)

Quartus (4ª)

Gramática latina – E. Ragon – FTD (era indispensável) Francês – Cours de français – Maria Junqueira Schmidt (2ª) Le français Au Ginnasio – Augusto R. Rainha e José A. Gonçalves (3ª e 4ª) Inglês – English – Isabel Junqueira Schmidt (3ª) English By Doing – Roberto (4ª) Ciências Naturais – 3ª e 4ª – José Coimbra Duarte Curso Científico (1°, 2° e 3° anos) Português – Língua e Literatura – J. Budin, e Silvio Eliá Matemática – Algacyr Munhoz Maeder • Tábuas de logaritmos (indispensável à matemática) Física – Aníbal Freitas

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Química – Waldemar Safiotti História – (qualquer autor) Inglês – Inglês para o curso colegial Francês – Língua e literatura Francesa – Maria Junqueira Schmidt Espanhol – Manual de espanhol – Idel Becker Filosofia – Manual de filosofia – Theobaldo Miranda Santos História Natural – História Natural – Wademar de Oliveira Geografia – Aroldo Azevedo Desenho – Benjamin Carvalho

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Professores

Curso Ginasial 2ª série – 1956 Português – Matemática – D. Noemia Martins História – prof. Everardo Publio Castro Geografia – prof. Jorge Soares Palmeira Latim – prof. Antônio Moura Francês – profª. Beatriz Hoffmann Trabalhos Manuais – profª. Diomar Lima Desenho – profª. Ita David Castro Canto Orfeônico – profª. Zilka Pinto Inglês – prof. Afonso Hoffmann 3ª série – 1957 Português – Adélia Caetano Matemática – D. Noemia Martins História – prof. Everardo Públio de Castro Subs. prof. Nize Alves Geografia – prof. Jorge Soares Palmeira Latim – prof. Antônio Moura Francês – profª. Beatriz Hoffmann Desenho – profª. Edna Ribeiro Economia Doméstica – (meninas) Inglês – prof. Afonso Hoffmann Ciências Naturais – Dr. Luiz Barreto Vieira

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Canto Orfeônico – profª. Zilka Pinto 4ª série – 1958 Português – Adélia Caetano e Antônio Nery Matemática – Afonso Hoffmann História – profª. Ester Geografia – prof. Jorge Soares Palmeira Latim – prof. Antônio Moura Francês – profª. Beatriz Hoffmann Inglês – Gerenice Gusmão Cunha Desenho – profª. Ita David Castro Ciências Naturais – Dr. Luiz Barreto Vieira Canto Orfeônico – profª. Zilka Pinto A profª. Adélia Caetano foi substituída pelo prof. Antonio Nery, que havia deixado o sacerdócio. Era muito jovem e foi muito paquerado pelas alunas. Na 1ª aula, ele colocou no quadro a frase para interpretação: “Miguel, Miguel se não tens abelha porque vendes mel?” Curso Colegial – Científico 1º ano – 1959 Português – Dona Celina Assis Cordeiro Matemática – Dr. Mário Seixas Física - Dr. Mário Seixas Química - Dr. Fernando Freitas História Geral – prof. Everardo Públio de Castro Geografia Geral - prof. Everardo Públio de Castro Inglês – profª. Gerenice Gusmão Cunha Francês – profª. Beatriz Hoffmann Desenho – prof. Ita David Castro

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Espanhol – profª. Lolita Munõz Andrade 2º ano – 1960 Português – D. Celina A. Cordeiro Matemática – Dr. Mário Seixas Física - Dr. Mário Seixas Química - Dr. Anfilófio Pedral Sampaio História Geral – profª. Sofia Fonseca História do Brasil – Sofia Fonseca Geografia Geral - prof. Everardo Públio de Castro História Natural – prof. Dr. Luiz Barreto Francês – profª. Beatriz Hoffmann Desenho – profª. Ita David Castro Inglês – profa. Gerenice Gusmão Cunha 3º ano – 1961 Português – Matemática – Dr. Mário Seixas Física - Dr. Mário Seixas Química - Dr. Anfilófio Pedral Sampaio História Geral – profª. Sofia Fonseca História do Brasil – Sofia Fonseca Geografia Geral - prof. Everardo Públio de Castro História Natural – profº Dr. Luiz Barreto Vieira Desenho – Dr. Mário Seixas Filosofia – Dr. João Gustavo dos Santos

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Festejos

Havia festejos no auditório para comemoração de datas como “Dias das mães” onde cada aluno levava seu cravo branco para colocar na lapela. Eram recitadas poesias, faziam representações, etc. Os festejos se intensificaram mais com a chegada da família do pastor Valdomiro dos Estados Unidos. Dona Almerinda, sua esposa, e Dulcineia, a filha mais velha, ensinavam na Escola Normal. As filhas menores, Eugênia e Isabel, eram alunas, elas tocavam acordeom, bateria e realizavam muitas atividades artísticas. Um fato engraçado é que as meninas procuravam a mãe na escola chamando “mother mother”. No ato de criação do curso Colegial, houve a presença de todos os alunos devidamente fardados para a saudação ao Sr. Secretário de Educação Dr. Aloísio Schort com muitos discursos e a vibrante palavra emocionante do prof. Everardo Públio de Castro pela conquista deste curso para a cidade.

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Desfile de 7 de setembro

Existia uma grande competição entre a escola Normal e o Ginásio de Conquista. Cada qual queria ser melhor, apresentavam grupos com bandeiras, carros alegóricos (carro a catedral de Brasília – 1961 – E. N.) e vultos históricos representados por alunos tipicamente vestidos. Dois dias antes do desfile, os alunos poderiam ir de roupas simples para organizar a farda. As meninas tinham a blusa de gala, feita de lingerie, mangas compridas com pregas e botões de madrepérola. Algumas delas pediam a Deus para não chover porque a chuva molhava a blusa que colava no corpo e ficava mostrando o sutiã. Reuníamos na porta da Escola Normal, havia hasteamento da bandeira e canto do Hino Nacional. A partir de 1968 aguardava-se as alunas das Sacramentinas que entravam na escola Normal para, conjuntamente, cantarem o Hino. Descíamos a Siqueira Campos, subíamos a Rua da Boiada e nos encontrávamos na Praça do Correio. Quando o Tiro de Guerra descia, o Ginásio de Conquista seguia atrás, depois a Escola Normal e Sacramentinas e depois as escolas primárias. Certa feita foi dada ordem para a Escola Normal descer na frente por ser oficial, o Ginásio de Conquista não deixou e em certas ruas o desfile ficou lado a lado. O desfile era por ordem de tamanho, no final ficavam as menores, e o povo que se aglomerava nas ruas para ver e aplaudir o desfile. Quando viam o final, falavam: “rabada gorda, rabada gorda!”. Um dos colegas costumava sair um pouco da fila, dava um “coice” e respondia: “rabada gorda é a mãe!”.

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Posteriormente, o desfile foi organizado por curso e série, primeiro vinha o Pedagógico, após o Científico e depois Ginásio. Na figura abaixo, o desfile de 7 de setembro 1958. Na sequência Salvador(1), as colegas Odete(2), Zilmar(3), Zilka(4), Maria Da Purificação(5), Tereza(6), Zarife(7), Gladis(8), Valdence(9), Neide(10), Odinéia(11), Dalva(13), Maria Alzair(14), Neuza(15), Helena(16), Maira(17), Noelia(18), Irani(19) e os colegas Augusto(20), Waldenor(21), Gutemberg(22), Wilton(23), Lenito(24).

Desfile 1958

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Formaturas

As formaturas dos cursos eram bastante formais, com colação de grau e, na maioria das vezes, ocorria a confecção de quadros com as fotografias dos alunos, que por sua vez eram expostos nas vitrines das lojas da cidade. Lembro-me de que: Em 1953 houve formatura da primeira Turma de Professores; em 1956 tivemos a conclusão da primeira Turma do Ginásio com colação de grau e quadro com o retrato dos alunos. Petrino foi o orador da turma; em 1957 foi a conclusão da 2ª turma do Ginásio, também com colação de grau e quadro com fotografia dos alunos. Prisciliano Domingues David foi o orador. No ano de 1958 aconteceu a conclusão da 3ª turma (da qual fiz parte) que fez opção por uma despedida em sala de aula e foto conjunta com os professores na fachada da escola (vide foto figura 14). Em 1960, a conclusão da primeira Turma do Colegial Científico – sem atos solenes e em 1961 ocorreu a conclusão da 2ª turma do Colegial Científico (da qual fiz parte), também sem atos solenes.

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Alunos da turma que concluíram o 3º ano científico em 1961 e ingressarm no ensino superior 1. Aloísio de Novais Franco – Medicina 2. Adalberto Cotrim 3. Getulio Ernani Brito Bacelar – Ciências Econômicas 4. Heleusa Figueira Câmara – Letras 5. Irani Fernandes Amaral – Enfermagem¹ 6. Maria Purificação Pereira – Farmácia² 7. Moacir Franco Rocha Cardoso – Engenharia Civil 8. Odete Lial³ 9. Roberto dos Santos Flores – Engenheiro Agrônomo 10. Salvador Magalhães Brandão – História Natural (atual Ciências Biológicas) e Pedagogia (Habilitação em Administração Escolar).

¹Foi aprovada no vestibular da UFBA (1962) logo que concluiu o curso em 1961. ²Foi aprovada no vestibular da UFBA (1962) logo que concluiu o curso em 1961. ³Voltou a cursar o Normal.

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Registros fotográficos: minha escola, minha turma, meus professores! Nas figuras a baixo, apresento fotos dos registros dos festejos, do meu Curso Ginasial da 3ª série B do ano de 1957, no Colégio Estadual de Vitória da Conquista (C.E.V.C). Foto dos alunos da turma 3ª série B – 1957 – C.E.V.C: Joselito(1), José (2), Zirnaldo(3), Walter Rubens(4), Clóvis(5), Gildásio(6), Salvador(7), Alberto(8), Gilberto(9), Wilton(10), Evandro(11), Jairo(12), Antônio(13), Carlos(14) e Augusto(15).

Foto de colegas da 3ª série B - 1957 - C.E.V.C, ginasial: Wilton(1), Lenito(2), Joselito(3), Gilberto(4), Célia(5), Helena(6), Odete(7), Evandro(8), Loide(9), Jairo(10).

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3ª série B – 1957 – C.E.V.C, alunos da minha turma da 3ª série B do curso Ginasial: Gilberto(1), José(2), Walter(3), Antônio(4), Salvador(5), Joselito(6), Wilton(7), Clóvis(8), Jairo(10), Gildásio(11), Zirnaldo(12), Carlos(13). A seguir, registros fotográficos da conclusão do meu Curso Ginasial no ano de 1958. Festa de Despedida, professores e funcionários presentes na festa de despedida do termino do curso ginasial: D.Celina(1), D.Dilma(2), D.Noemia(3), D. Ita David(4), Dr. Luis Barreto (5-Diretor), Prof. Everaldo(6), Prof.ª Gerenice(7), a funcionária Iranir(8), Prof.ª Almerinda(9), Prof.ª Sofia(10), Prof.ª Zilka(11), Prof.ª Aidê(12).

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Festa de Despedida, alunos(as) do curso ginasial da 3ª série B: Maria Dalva(1), Dalva(2), Neide(3), Helena(4), Cleide(5), Bruno(06), Gladis(07), Evandro(8), Zilma(9), Wilton(10), Evandro(11), Gutemberg(13), Claúdio(14), Walter(15), Florisvaldo(16). Mais fotografias da festa de despedida do curso ginasial: 1 – Neuza 2 – Waldence 3 – Zarife 4 – Helena 5 – Zilmar 6 – Zilnar 7 – Odilneia 8 - Zilka 9 – Odete 10 – Neide 11 – Dalva 12 – Irani 13 – Maria 14 – Maria 15 – Waldemar 16 – Cláudio 17 – Cleide 18 – Wilton

19 – José Aguiar 20 – Evandro 21 – Walter 22 – Bruno 23 – Gutemberg 24 – Albertto

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Professores e Funcionários 1 – Eunice 2 – Maria Nize 3 – D. Noema 4 – Edna Ribeiro 5 – Ita Castro 6 – Hofmam Maia 7 – Everardo Castro 8 – Antônio Neri (padrinho da turma) 9 – Almerinda 10 – Gerenice 11 – Celina 12 – Sofia 13 – Irani 14 – Dulcine 15 – Sr. Deli Encerramento da 4ª série – 1958 1 – Salvador 2 – Walter 3 – Wilton 4 – Waldemar 5 – Evandro 6 – Bruno 8 – Desdete 9 – Emídio 10 – Lenito 11 – Gutemberg 12 – Augusto 13 – Florisvaldo 14 – Alberto 15 – José 16 – Claudio 17 – Tereza 19 – Dalva 20 – Valdelice

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21 – Zilma 22 – Mª Dalva 23 – Zimar 24 – Gladis 25 – Odete 26 – Zilnar

27 – Dalva 28 – Noélia 29 – Joana 30 – Neilde 31 – Irani 32 – Cleide


33 – Maria Ida 34 – Zilka 35 – Odinéia 36 – Neusa 37 – Neide 38 – Helena 39 – Maria 40 – Normélia 41 – Noélia 42 – Maria Purificação

A seguir são registros da minha do turma do curso científico de 1959 (1º ano) e do 3º ano (1961). 1 - Gutemberg 2 – Moacir 3 – Jair 4 – Aloísio 5 – Getúlio 6 – Dílson 7 – Adalberto

1 – Getúlio 2 – Gutemberg 3 – Dílson 4 – Dr. Mário (frente) 5 – Salvador 6 – Aloísio 7 – Adalberto 8 – Moacir

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1º Ano Científico – 1959 C.E.V.C 1 – Moacir 2 – Adalberto 3 – Odete 4 – Irani 5 – Neide 6 – Gutembergue 7 – Mirtes 8 – Maria 9 – Salvador

1 – Jair 2 – Gutembergue 3 – Dilson 4 – Maria 5 – Zali 6 – Mirtes 7 – Odete 8 – Salvador 9 – Adalberto 10 – Heloides 11 – Irani 12 – Antonio 1 – Salvador 2 – Irani 3 – Joana 4 – Antonio 5 – Mirtes 6 – Maria 7 – Adalberto

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1 – Gutemberg 2 – A. Heliodoro 3 – Salvador 4 – Antonio 5 – Dílson 6 – Maria 7 – Odete 8 – Irani 9 – Mirtes 10 – Zali 11 – Heloides 1 – Gutemberg 2 – Dilson 3 – Jair 4 – Pro. Mario 5 – Salvador 6 – Alisio 7 – Moacir 8 – Adalberto

1 – Zali 2 – Mirtes 3 – Maria 4 – Odete 5 – Salvador 6 – Jair 7 – Irani 8 – Heloides 9 – Adalberto 10 – Antonio 11 – Dilson 12 – Antonio

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1º Ano Científico – 1959 C.E.V.C. 1 – Adalberto 2 – Salvador 3 – Gutemberg 4 – Dílson 5 – Jair

1 – Dílson 2 – Zali 3 – Mirtes 4 – Maria 5 – Odete 6 – Antonio 7 – Irani 8 – Heloildes 9 – Gutemberg 10 – Antonio 11 – Salvador 1 – Jair 2 – Roberto 3 – Aloísio 4 – Jovelino 5 – Salvador 6 – Wilton 7 – Sidnei 8 – Cláudio 9 – Zilka 10 – Irani 11 – Augusto 12 – Antonio 13 – Mirtes 14 – Jairo 15 – Getúlio

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1 – Joana 2 – Salvador 3 – Irani 4 – Jair 5 – Maria 6 – Mirtes 7 – Adalberto

1 – Irani 2 – Odete

1 - Salvador 2 – Jáir 3 – Gutemberg 4 – Adalberto

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3º Ano Científico – 1961 1 – Adalberto 2 – Maria 3 – Heleusa 4 – Aloísio 5 – Odete 6 – Salvador 7 – Irani

1 – Heleusa 2 – Irani 3 – Odete 4 – Getúlio 5 – Maria 6 – Adalberto

1 – Irani 2 – Maria 3 – Odete

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Considerações finais

Fica aqui um pouco das minhas reminiscências e vivências como estudante e da minha formação educacional formal. É importante lembrar da importância que a Escola Normal, Ginásio e Colégio Estadual de Vitória da Conquista, desempenhou na construção do conhecimento como também no embasamento e prosseguimento da minha formação em nível superior. Ao corpo docente, administrativo e discente dessa unidade escolar, fica o meu reconhecimento pelo desempenho excelente na execução das tarefas respectivas. À Lívia, meus agradecimentos pela sugestão de escrever estas memórias que me levaram a recordar, com detalhes e emoção, todo o contexto social e histórico do período escolar de 1956 a 1961. Espero que este trabalho venha contribuir para a proposta instituída pelo Museu Pedagógico em “resgatar as ações trabalhadas nas escolas públicas e particulares de Vitória da Conquista e Região”. O autor

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Colaboração



Esta obra foi composta em tipografia Sabon, pelo Estúdio Imboré.



CONTRA CAPA


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