COLÉGIO
FORMA
ETAPA
2016 – Nº 2
Sucesso nas universidades do exterior
Colégio Etapa Internacional O Colégio Etapa é a escola brasileira com maior número de aprovações nas mais conceituadas universidades dos Estados Unidos, Europa e Ásia. Esta é uma história que começou com a entrada de Rui Lopes Viana Filho no MIT – Massachusetts Institute of Technology – em 1999, logo depois de conquistar medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática, a principal competição cultural do mundo para estudantes do Ensino
Médio. A partir daí centenas de alunos do Etapa decidiram estudar no exterior e para isso contaram com todo o apoio da escola, que criou uma nova unidade, o Colégio Etapa Internacional, com currículo diferenciado e atividades adicionais – aulas para o SAT/ACT e Toefl, escrita de textos em Inglês, cursos avançados em Matemática, Física, Biologia, Química e aulas de World History. Conheça a história do Colégio Etapa Internacional.
Páginas 2 a 6
Harvard e NASA
Alunos do Etapa, Tábata Amaral de Pontes graduou-se em Harvard em Ciências Políticas e Cauê Sciascia Borlina iniciou doutorado no MIT em Ciências Planetárias. Páginas 9 a 12
Sucesso nas olimpíadas internacionais Matemática, Física, Química, Biologia, Linguística Estudantes do Colégio Etapa integraram as equipes brasileiras que competiram em 2016 em olimpíadas internacionais de Matemática, Física, Química, Biologia e Linguística. Eles conquistaram 14 medalhas de ouro, prata e bronze e contribuíram decisivamente para que nosso país alcanças-
Alunos do Etapa que competiram pelo Brasil na IMO: Gabriel Toneatti Vercelli, Pedro Henrique Sacramento de Oliveira, Andrey Jhen Shan Chen, João César Campos Vargas.
se sua melhor colocação na IMO – Olimpíada Internacional de Matemática, realizada em Hong Kong com participação de 109 países. A equipe brasileira ganhou cinco medalhas de prata (quatro delas por alunos do Etapa) e uma de bronze, ocupando a 15ª colocação, à frente de 94 países.
Equipe do Brasil na IPhO – A partir da esquerda, Ítalo Silva (bronze), Leonardo Lessa (bronze), Thiago Ross-White Bergamaschi (Etapa, ouro), Henrique Corato Zanarella (Etapa, prata) e Diogo Correia Netto (Etapa, bronze). Páginas 7 e 8
Equipe do Brasil na IChO – A partir da esquerda, Gabriel Ferreira Gomes Amgarten, Victor Gomes Pires (Etapa), Pedro Seber e Silva (Etapa) e Davi Oliveira Aragão.
Etapa Internacional
Construindo um sonho
Colégio Etapa Internacional Entrar numa universidade internacional pode ser trivial ou muito difícil. Aprovação para escolas sem destaque pode exigir apenas passaporte, passagem e, às vezes, visto. Mas, ser aceito numa das grandes do mundo – MIT, Harvard, Princeton, Stanford, Columbia etc. – é algo totalmente diferente. É preciso que o candidato reúna algumas condições extraordinárias, como um currículo respeitável, junto a uma indicação de peso, além de demonstrar desempe-
nho de ponta em avaliações desafiantes, reconhecidas internacionalmente. Atualmente, o Colégio Etapa é a escola brasileira que apresenta maior número de candidatos com essas condições. Isso decorre de uma história muito particular que se inicia na década de 1990 e que hoje se abre para um novo projeto – o Colégio Etapa Internacional (Etapa III). A seguir, um breve resumo dessa história.
Começa uma tradição Logo nos primeiros cinco anos do Colégio Etapa, entre 1982 e 1987, inicia-se uma tradição de conquistas de medalhas em competições culturais organizadas pela Academia de Ciências de São Paulo, pela Sociedade Brasileira de Matemática e pelo Instituto de Física da USP. Depois desse período também são realizadas várias conquistas internacionais em olimpíadas, como a Ibero-Americana, e chegam as primeiras medalhas – de bronze e prata – na grande International Mathematical Olympiad (IMO), evento que reúne 600 estudantes escolhidos entre os melhores de cerca de 100 países do mundo.
Rui LopesViana Filho ganhou medalha de ouro na IMO em 1998, em Taiwan, e foi o entrevistado das Páginas Amarelas da revista Veja, edição de 5 de agosto daquele ano.
O ouro que muda tudo Em 1998, finalmente Brasil e o Colégio Etapa chegam lá. Rui Lopes Viana Filho é um estudante que entrou no Colégio Etapa logo que, em 1992, abriu-se a primeira turma do Fundamental II. Ele foi escolhido para a equipe representativa do Brasil na 38ª International Mathematical Olympiad, em Taiwan. Por seu desempenho extraordinário na resolução de questões dificílimas, recebe medalha de ouro. A revista Veja faz dele personagem de suas exclusivas Páginas Amarelas. Portas se abrem para ele, mudando seu futuro e o do Etapa. Em 1999 ele é aceito na principal escola de tecnologia do mundo, o MIT – Massachusetts Institute of Technology – e o Colégio Etapa inicia uma rota única entre as escolas brasileiras. Ao se envolver no processo de aceitação de Rui pelo MIT o Etapa passa a entender o complexo contexto das chama-
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Gabriel Tavares Bujokas México - 2005
Henrique Pondé de Oliveira Filho Alemanha - 2009
Rodrigo Sanches Angelo Argentina - 2012
As quatro últimas medalhas de ouro do Brasil na IMO – Olimpíada Internacional de Matemática foram conquistadas por alunos do Colégio Etapa. Depois de Rui LopesViana Filho, ganharam o ouro: em 2005, Gabriel Tavares Bujokas, que fez graduação no MIT e doutorado em Harvard; em 2009, Henrique Pondé de Oliveira Filho, que entrou no MIT; em 2012, Rodrigo Sanches Angelo, que foi admitido em Princeton. Na página 5 desta edição, veja todos os alunos do Colégio Etapa que em 2016 foram admitidos em universidades internacionais.
das applications, com cartas de recomendação e severas exigências para admissão dos candidatos. Expansão do sucesso Nos anos seguintes, novos prêmios olímpicos e muitas aprovações no MIT. Nenhuma outra escola do Brasil conquis-
ta tamanho sucesso no maior centro de tecnologia do mundo. As aprovações chegam à Ásia, com várias bolsas de estudo Mext, no Japão, e à Europa, na École Polytechnique da França. A partir de 2008, outras escolas líderes na educação superior mundial recebem alunos do Colégio Etapa. O excelente perfil acadêmico dos nossos alunos, a
Etapa Internacional
“Alunos do Etapa são especiais”, diz presidente de Princeton “Obrigada por tanta cordialidade na recepção e por nos mostrar o quanto são especiais os alunos do Etapa”, escreveu a presidente da Universidade Princeton, Shirley Marie Tilghman, em seu retorno a Nova Jersey, Estados Unidos, após vir ao Brasil e fazer uma palestra no auditório do Colégio Etapa, acompanhada de outros dirigentes de uma das principais universidades do mundo. Em apresentação exclusiva aos alunos do Etapa, ela conversou com eles sobre projetos de vida e abordou as possibilidades de estudar em Princeton, que tem cerca de 22 mil alunos de graduação, dos quais 38% são de fora dos Estados Unidos.
Organizado, projeto prepara expansão reputação robusta do Colégio Etapa e o desempenho único em provas internacionais levam a um boom de aprovações. Em cinco anos, vários alunos do Colégio Etapa chegam ao MIT, ao Caltech – Instituto de Tecnologia da Califórnia, à Universidade de Nova York, à Universidade de Chicago. Entram em Nagoya, uma das três melhores instituições de ensino superior do Japão, à Universidade de Purdue, em Indiana, à Universidade Cornell e a Princeton (escola escolhida por Einstein para dar aulas nos EUA). Alunos do Colégio Etapa são recebidos também na Universidade Columbia, na Universidade Duke, na famosa Harvard, em Yale, em Stanford e em outras grandes instituições superiores dos EUA, do Canadá e também da Ásia (Japão, China e Coreia do Sul). Escolas procuram alunos Nos últimos anos, muitas universidades internacionais têm visitado o Colégio Etapa procurando levar nossos alunos para suas salas de aula. Em 2012, a presidente de Princeton, Shirley Marie Tilghman, vem ao Brasil e se apresenta apenas na USP e no Colégio Etapa. Aqui, em palestra realizada em nosso auditório, afirma que os alunos do Etapa são especiais. Não são apenas palavras gentis. Nesse único ano nossos alunos obtêm mais de 50 aprovações nas melhores escolas do mundo. Várias matérias em revistas destacam nossos alunos no exterior.
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Um projeto internacional O processo que tem gerado as aprovações internacionais de alunos do Colégio Etapa é aberto aos interessados, com orientação desde o 1º ano do Ensino Médio. Para isso, eles contam com sistema de apoio criado para esse fim e também participam de palestras nas quais ex-alunos contam sua experiência de ingresso nas universidades internacionais. Percebendo o interesse crescente no estudo no exterior, que para alguns alunos é a primeira opção, o Colégio Etapa organizou, paralelamente aos apoios gerais que dá a qualquer interessado nas chamadas applications, um currículo diferenciado. Esse currículo passou a ser oferecido a uma pequena turma do 3º ano – por ser uma ocasião em que os alunos do Ensino Médio já devem ter formado ideia de suas prioridades. Desde 2014, uma turma AP (Advanced Placement) foi selecionada entre os que davam preferência a estudar em outros países. Seu currículo particularmente denso inclui, além das exigências pre-
sentes no Ensino Médio normal do Colégio Etapa, muitas atividades e aulas que servem exclusivamente a quem deseja ingressar nas melhores escolas do mundo. Entre as atividades adicionais temos aulas para o SAT/ACT e Toefl, escrita de textos em Inglês, cursos avançados em Matemática, Física, Biologia e Química, aulas de World History. Na orientação, há um International Office Coordinator, com formação em Harvard. O Colégio Etapa Internacional atua hoje no 3º ano do Ensino Médio. O Grupo Etapa estuda a ampliação dessa atuação para os anos iniciais do Ensino Médio, em função de também encontrar nessas séries estudantes que já estão se definindo para estudos no exterior. Duas observações são importantes. Há um sólido caminho para o estudo no exterior para qualquer aluno do Colégio Etapa regular – com destacadas aprovações. E os alunos do Colégio Etapa Internacional também podem disputar as vagas das universidades brasileiras. Afinal, no último Enem, foram uma das primeiras médias em todo o país.
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Aprovações internacionais
Em 2016, alunos do Etapa obtêm 92 aprovações internacionais
No Auditório do Colégio Etapa, alguns alunos aprovados em universidades internacionais descreveram a seus antigos colegas como se desenvolveu o processo de admissão e adiantaram seus planos de estudo – cursos e especializações que pretendem seguir.
Centenas de alunos do Colégio Etapa têm sido admitidos há 17 anos, desde 1999, nas mais prestigiosas universidades dos Estados Unidos, Reino Unido, Portugal, Canadá, França, Japão e outros países. Neste ano, 44 alunos do colégio obtiveram 92 aprovações nessas universidades, entre elas Princeton, Duke University, Columbia University, University of British Columbia e Universidade de Coimbra. No ano passado, 38 alunos do Colégio Etapa foram aprovados em 99 processos de aplicação no MIT, Harvard, Princeton, Universidade da Califórnia, Columbia, Yale, Michigan, Chicago, Cornell, UPenn, Stanford, British Columbia (Canadá) e outras em diversos países. Veja em:
acadêmico, elas avaliam as atividades extracurriculares realizadas durante o Ensino Médio e a trajetória pessoal dos candidatos. Em evento realizado no primeiro semestre, os atuais alunos do colégio puderam ouvir de seus antigos colegas como foi o processo de preparação para ingressar nas instituições fora do país.
https://www.colegioetapa.com.br/noticias/view/2170.
O processo de admissão nas universidades internacionais é diferente do vestibular brasileiro. Além de buscar estudantes com bom desempenho Princeton University
Yale University
The University of California - Berkeley
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Stanford University
Universidade de Coimbra
University of Seul
MIT - Massachusetts Institute of Technology
Caltech - California Institute of Technology
Harvard University
Oxford University
University British Columbia - Canadá
Todai - Universidade de Tóquio
Aprovações Colégio Etapa internacionais Informa
Aprovados nos EUA, Canadá e Europa Adriana Barros de Araujo Faro - Ithaca University - EUA, Miami University (Ohio) - EUA; Pennsylvania State University - EUA; Purdue University - EUA; University of Cincinnati - EUA; University of Kentucky - EUA; Xavier University - EUA Bruno Scatolini - INSA-Lyon - França César Seo Takose - Case Western Reserve University - EUA; University of Minnesota, Twin Cities - EUA Eduardo Higa - INSA-Lyon - França Enzo Yamada Satake - California State Polytechnic University, Pomona - EUA; Vancouver Island University - Canadá Fernanda da Rocha Parrado - Brooklyn College - EUA; Queens College - EUA; Bronx Community College - EUA; Ohio University - EUA; Savannah College of Art and Design, Atlanta - EUA; Temple University - EUA; Universidade de Coimbra Portugal; Xavier University - EUA Fernando Nazário - Boston College - EUA; University of Richmond - EUA; University of Southern California - EUA Gabriel Alberto Sans - Universidade de Coimbra - Portugal Gabriel Matsuda Torres - INSA-Lyon - França Gabriel Toneatti Vercelli - Princeton University - EUA; University of Notre Dame - EUA Giovanna Vendramini - INSA-Lyon - França Guilherme Ryoji Kato Setani - INSA-Lyon - França; Northeastern University - EUA; University of California, Santa Barbara - EUA; University of California, San Diego EUA; University of Minnesota, Twin Cities - EUA; University of Texas, Austin - EUA Guilherme Watanabe Iwabuchi - Case Western Reserve University - EUA; INSA-Lyon - França; Northeastern University - EUA; University of British Columbia - Canadá; University of Miami - EUA; University of Minnesota, Twin Cities - EUA Henrique Martinez Rocamora - University of British Columbia - Canadá João Pedro Ferreira de Araújo - INSA-Lyon - França João Victor Couto de Oliveira Martins - Washington State University - EUA; Wentworth Institute of Technology - EUA João Vítor Barão Astolfo - Flagler College - EUA
Lucas Fidalgo Knoeller - Universidade de Coimbra - Portugal Lucas Martin Ishida - Fédération Gay-Lussac - França Lucca Paffi Vidal - Fédération Gay-Lussac - França; INSA-Lyon - França Lucki Li - University of Michigan - EUA Luís Felipe Sugai - University of Texas, Austin - EUA; University of British Columbia - Canadá Luís Guilherme Cappelozzi - Pennsylvania State University - EUA; University of British Columbia - Canadá Luís Henrique Malaquias Vieira - Fédération Gay-Lussac - França Manoel Lucas Carniel - KEA - Kobenhavns Erhvervsakademi - Dinamarca Milenna Akye Okamura - University of California, Santa Cruz - EUA; University of Colorado, Boulder - EUA; University of Miami - EUA; Virginia Institute of Technology - EUA Natan Novelli Tu - Wesleyan University - EUA Pedro Henrique Andrade e Silva - Católica Lisbon School of Business & Economics - Portugal; Hult International Business School - Reino Unido Pedro Tozzi Capitani Pistoso - Columbia University - EUA; Duke University EUA; Hamilton College - EUA Rafael Geromel - Milwaukee School of Engineering - EUA; Northeastern University - EUA Rafael Seles Macedo - Florida Institute of Technology - EUA Raquel Nakamura - School of Visual Arts (SVA) - EUA Renan Laham Hazan - Purdue University - EUA Samuel Vieira Ducca - Stevens Institute of Technology - EUA Talissa da Cunha Gracio - Belmont University - EUA; George Mason University - EUA Tami Ito Tahira - California College of the Arts - EUA; University of British Columbia - Canadá Verônica Gesteira Souza - New York University - EUA
Juliana Rubinatto Serrano - Bryn Mawr College - EUA; University of Cincinnati - EUA; Wake Forest University - EUA
Victor Castanheira Morelli - Pratt Institute - EUA; Ringling College of Art and Design - EUA; Rochester Institute of Technology - EUA; School of the Art Institute of Chicago - EUA; School of the Museum of Fine Arts, Boston - EUA
Luana Sozzo Simão Borges - Columbia College Chicago - EUA; School of Visual Arts (SVA) - EUA
Vitor Cavalheri Pereira - INSA-Lyon - França
Lucas Buzola Bonventi - University of South Florida - EUA
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William Hashimoto Shie - Worcester Polytechnic Institute - EUA Vinicius Sonnewend - Universidade do Algarve - Portugal
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Etapa Internacional
ETAPA NO MUNDO
Uma história de sucesso no Exterior Laila Parada-Worby
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Etapa sempre procurou oferecer a seus alunos o apoio necessário para eles conseguirem realizar o seu potencial e os seus sonhos. Além disso, é uma instituição com perspectiva global, que sempre procurou aprender com os sucessos de outros países na área da Educação. Quando Rui Lopes Viana Filho, o primeiro aluno do Etapa a ser aprovado em faculdade no Exterior, compartilhou suas ambições com os diretores da instituição, o colégio o apoiou. Em 1999, ele foi aprovado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), instituição reconhecida como uma das melhores do mundo. Mesmo com poucos brasileiros procurando oportunidades no Exterior naquela época, o colégio continuou incentivando os alunos a cogitarem essa possibilidade, conscientes do profundo impacto que isso poderia ter nas suas histórias. Nos anos seguintes, alguns poucos alunos enfrentaram esse desafio. Mas, com a divulgação de histórias de alunos que conseguiram ser admitidos em universidades internacionais, outros se interessaram em seguir esse caminho. Com o número de aprovados aumentando a cada ano, ficou claro que há espaço para alunos brasileiros nas maiores instituições do mundo. Hoje, mais de 80 ex-alunos do Etapa estudam em grandes universidades em países como os Estados Unidos, França, Japão e Canadá e estimamos que em torno de 15% dos nossos alunos do Ensino Médio pretendem prestar um processo seletivo internacional. O exigente ensino do Etapa preparou esses estudantes para enfrentar os rigores de um ensino de ponta e muitos acabam se destacando entre seus pares, como podemos ver nesta edição com as histórias do Cauê Borlina e da Tábata Amaral de Pontes. Enquanto o interesse de alunos do Etapa em estudos internacionais aumenta, torna-se cada vez mais prioEm 2015, mais de 100 universidades ritário para as grandes uniinternacionais apresentaram seus versidades garantirem um programas aos alunos do Etapa. alto nível de internacionalização. Entendendo a importância de juntar pessoas de diversas culturas – com diferentes perspectivas e experiências de vida –, instituições na América do Norte, Europa e mais recentemente Ásia têm se esforçado para atrair alunos e professores talentosos do mundo inteiro. Inclusive, o nível de internacionalização de uma universidade é um critério importante considerado nos principais rankings mundiais. Por isso, muitas universidades oferecem bolsas de estudos para alunos estrangeiros, possibilitando sua permanência nessas instituições. O impacto de realizar a graduação no exterior – na carreira e na vida do aluno – é inegável. Temos diretores de grandes empresas, consultores, empreendedores, acadêmicos e pesquisadores entre os ex-alunos que já se formaram em instituições de ponta. O mercado de
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trabalho abraça esses alunos no seu retorno, valorizando as competências que eles desenvolveram no Exterior, como raciocínio crítico, uma perspectiva global, fluência em um ou mais idiomas e pensamento interdisciplinar. Inclusive, algumas grandes empresas têm estabelecido programas de estágio de curto Parada-Worby, americana, formada em prazo que coincidem com as férias esco- Laila Harvard, coordena o Setor Internacional do Etapa. lares em outros países (junho – agosto) para atrair jovens talentosos que estejam estudando em grandes faculdades internacionais. Com o aumento de interesse dos alunos em oportunidades no Exterior, o Etapa criou um departamento no colégio exclusivamente dedicado a orientar e preparar alunos para processos seletivos: o Setor Internacional. O mercado de trabalho abraça Com esse apoio adicional, esses alunos no retorno, valorizando os sucessos dos alunos do as competências que Etapa só aumentam. Em desenvolveram no Exterior. 2016 tivemos 44 alunos que obtiveram 92 aprovações em universidades de outros países, um aumento de mais de 100% comparado com 2014. Recebemos representantes de mais de 100 universidades internacionais para apresentar seus programas aos alunos do Etapa em 2015, entre elas instituições como Columbia University, Yale University, University of British Columbia, University of Bristol e Universidade de Coimbra. Procuramos também abrir novos relacionamentos e divulgar a excelência dos nossos alunos em visitas a 20 universidades americanas e participação em três conferências internacionais. Junto com o desempenho dos nossos ex-alunos nas faculdades, conseguimos mostrar a instituições estrangeiras que eles estão preparados para cursar a graduação completa fora do país e para aproveitar todas as oportunidades oferecidas.
Olimpíadas
À frente de 94 países, Brasil conquista na IMO 2016 seu melhor resultado Equipe ganha 5 medalhas de prata, 4 delas por alunos do Colégio Etapa
Equipe do Brasil: Andrey Jhen Shan Chen (Etapa), George Lucas Alencar, Daniel Braga, João César Campos Vargas (Etapa), Gabriel Toneatti Vercelli (Etapa), Pedro Henrique Sacramento de Oliveira (Etapa). No centro, Zuming Feng, ex-coordenador da equipe americana que compete na IMO, que colaborou no Colégio Etapa com os trabalhos finais de preparação da equipe brasileira.
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Brasil ficou em 15ª lugar na 57ª Olimpíada Internacional de Matemática – IMO 2016, realizada em Hong Kong de 6 a 16 de julho com participação de 109 países. À frente de 94 países, é a melhor posição do Brasil desde 1979, quando participou pela primeira vez da competição. (Individualmente, as quatro últimas medalhas de ouro do Brasil na olimpíada foram conquistadas por alunos do Colégio Etapa). A primeira colocação na IMO 2016 foi dos Estados Unidos, seguido por Coreia do Sul, China, Cingapura e Taiwan. A equipe brasileira, com seis integrantes, conquistou cinco medalhas de prata e uma de bronze e classificou-se em primeiro lugar entre os países ibero-americanos, à frente de Espanha, Portugal, México, Peru e Argentina. Superou também países europeus tradicionalmente muito fortes, como Alemanha e Romênia. Considerada a mais importante e tradicional olimpíada de ciências do mundo, a IMO foi disputada pela primeira vez na Romênia, em 1959. As provas da IMO 2016 foram aplicadas nos dias 11 e 12 de julho. Os alunos tiveram, em cada dia, quatro horas e meia para resolver três questões – seis questões ao todo, cada uma valendo sete pontos. Os quatro alunos do Colégio Etapa que integraram a equipe do Brasil ganharam medalhas de prata: Andrey Jhen Shan Chen, João César Campos Vargas, Pedro Henrique Sacramento de Oliveira, os três da 3ª série do Ensino Médio, e Gabriel Toneatti Vercelli, que se formou em 2015. Também compuseram a equipe os estudantes Daniel Lima Braga (medalha de prata), de Eusébio (CE), e George Lucas Diniz Alencar, de Fortaleza (CE), que conquistou a medalha de bronze. Os seis estudantes foram escolhidos para representar o Brasil em um processo de seleção que considerou os resultados na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) de 2015 e quatro provas realizadas este ano. A seleção para a IMO é realizada por uma comissão da OBM, atividade conjunta do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM).
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A revista Veja destacou em seu site o resultado do Brasil na 57ª Olimpíada Internacional de Matemática. Com seis integrantes em cada uma das equipes de 109 países, a competição foi disputada por 654 estudantes do Ensino Médio, quatro deles do Colégio Etapa (São Paulo e Valinhos).
ALUNOS DO COLÉGIO ETAPA NA IMO 2016 Andrey Jhen Shan Chen – Cursa a 3ª série do Ensino Médio. Já participou das equipes olímpicas de Física, Química, Linguística e Ciências. A primeira competição internacional foi em 2014, na 25ª Olimpíada de Matemática do Cone Sul, no Uruguai, conquistando medalha de bronze.
Gabriel Toneatti Vercelli – Formou-se em 2015 no Colégio Etapa e neste segundo semestre ingressará nos cursos de Biologia Molecular e Ciências da Computação da Universidade Princeton (EUA). Ele foi um dos seis estudantes que conquistaram medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática em 2015. João César Campos Vargas – Cursa a 3ª série do Ensino Médio. Já participou de competições de Matemática e Física na Tailândia, Romênia, Uruguai, entre outros países. Sua primeira conquista internacional foi em 2014, na 25ª Olimpíada de Matemática do Cone Sul, no Uruguai, quando ganhou medalha de prata.
Pedro Henrique Sacramento de Oliveira – Aluno da 3ª série do Ensino Médio. Participa de competições internacionais desde o 9º ano do Ensino Fundamental. Foi o 1º colocado na Olimpíada Brasileira de Matemática de 2015 e em 2013 foi selecionado para representar o país na 24ª Olimpíada de Matemática do Cone Sul, no Paraguai.
IMO 2017 será no Rio de Janeiro
O Brasil será a sede da 58ª Olimpíada Internacional de Matemática, em 2017. Na foto, cerimônia de passagem de Hong Kong para o Rio de Janeiro, onde será realizada a próxima competição.
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Olimpíadas
Ouro, prata e bronze na Internacional de Física O Brasil conquistou uma medalha de ouro, uma de prata e três de bronze na 47ª Olimpíada Internacional de Física (International Physics Olympiad – IPhO), realizada em Zurique, Suíça, de 11 a 17 de julho, com participação 450 estudantes do Ensino Médio de 90 países. Três dos cinco integrantes da equipe brasileira são alunos do Colégio Etapa: Thiago Ross-White Bergamaschi, 3ª série, conquistou medalha de ouro; Henrique Corato Zanarella, 3ª série, medalha de prata; e Diogo Correia Netto, 2ª série, medalha de bronze. Os outros dois integrantes da equipe, Ítalo Silva e Leonardo Lessa, ganharam medalha de bronze. A IPhO é a segunda mais antiga olimpíada científica internacional. Sua primeira edição foi em 1967, na Polônia. Antecedeu-a apenas a Olimpíada Internacional de Matemática, que começou em 1959, na Romênia. Em Zurique, as provas da IPhO, com cinco questões no total, foram aplicadas nos dias 12 (experimental, máximo de 20 pontos) e 14 de julho (teórica, máximo de 30 pontos). Para participar da Olimpíada Internacional de Física os estudantes brasileiros passaram por treinamentos finais organizados pela Sociedade Brasileira de Física (SBF) na Universidade de São Paulo (USP), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Equipe do Brasil na IPhO – A partir da esquerda, Diogo Correia Netto (Etapa, bronze), Henrique Corato Zanarella (Etapa, prata), Thiago Ross-White Bergamaschi (Etapa, ouro), Leonardo Lessa (bronze), Ítalo Silva (bronze).
Medalhas de prata na Internacional de Química
Os quatro estudantes membros da equipe brasileira ocupam o centro da foto. A partir da esquerda: Gabriel Ferreira Gomes Amgarten (Ceará), Victor Gomes Pires (Etapa), Pedro Seber e Silva (Etapa) e Davi Oliveira Aragão (Ceará).
O Brasil teve sua melhor atuação na Olimpíada Internacional de Química (IChO), cuja 48ª edição foi realizada em Tbilisi, República da Geórgia, de 23 de julho a 1º de agosto, com participação de 320 estudantes de 80 países. A equipe brasileira ganhou duas medalhas de prata e duas de bronze. As medalhas de prata foram conquistadas por alunos do Colégio Etapa, Victor Gomes Pires e Pedro Seber e Silva. Os outros dois integrantes da equipe ganharam medalhas de bronze: Gabriel Ferreira Gomes Amgarten e Davi Oliveira Aragão, ambos do Ceará. No ano passado, na 47ª IChO, em Baku, Azerbaijão, o Brasil recebeu três premiações: uma medalha de prata (Vitor Gomes Pires, também do Colégio Etapa) e duas de bronze (Pedro Teotonio de Sousa e Gabriel Ferreira Gomes Amgarten, do Ceará). A Olimpíada Internacional de Química é disputada desde 1968, cada ano em um país. Cada país pode competir com o máximo de quatro estudantes não-universitários, com idade inferior a 20 anos, que fazem provas teóricas e práticas, elaboradas por um júri internacional formado por mentores (membros das delegações) e especialistas do país organizador. O Brasil iniciou sua participação na 31ª IChO, realizada na Tailândia.
Prêmio na Olimpíada de Biologia
Bronze na Olimpíada de Linguística
Três medalhas de bronze foram conquistadas pelo Brasil na 27ª Olimpíada Internacional de Biologia, realizada em Hanói, Vietnã, em julho. Victor Tsuda, da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Etapa, foi um dos premiados com o bronze. A competição teve a participação de 250 estudantes de 68 países, que realizaram provas práticas e teóricas sobre Botânica, Zoologia, Bioquímica e Biologia Molecular.
Bruno Kenzo Ozaki, da 3ª série do Colégio Etapa, ganhou medalha de bronze na 14ª Olimpíada Internacional de Linguística, realizada em Mysore, Índia, no final de julho. A equipe brasileira, com cinco integrantes, incluiu outro aluno do Etapa, Davi Kumruian, também da 3ª série. A competição reuniu estudantes de 30 países, que responderam a questões de linguística, fonética, morfologia, semântica, entre outras.
Três ouros na Ibero-Americana de Matemática
Alunos do Etapa conquistaram três medalhas de ouro na 31ª Olimpíada Ibero-Americana de Matemática, realizada de 23 de setembro a 1º de outubro em Antofagasta, Chile, com participação de 86 estudantes de 22 países, incluindo Espanha e Portugal. A equipe brasileira, formada por quatro alunos, ficou em primeiro lugar na competição, com três medalhas de ouro e uma de prata. Os três medalhistas de ouro são: Pedro Henrique Sacramento de Oliveira, Andrey Jhen Shan
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Chen e João César Campos Vargas. A medalha de prata foi para George Lucas Diniz Alencar, de Fortaleza (CE). Apenas três dos 86 competidores fecharam a prova, conquistando o que se chama de “ouro 42” (a prova consiste em seis problemas e cada um vale sete pontos): Pedro Henrique Sacramento de Oliveira, Andrey Jhen Shan Chen e um argentino. A Na edição anterior, em 2015, o Brasil havia conquistado uma medalha de ouro e três de prata, ficando em 2º lugar.
Entrevista
Ciências Planetárias: do Etapa para o MIT, a paixão de um jovem pesquisador Cauê Sciascia Borlina iniciou neste segundo semestre o doutorado (PhD) em Ciências Planetárias no MIT – Massachusetts Institute of Technology, em Cambridge. A graduação ele cursou na Universidade de Michigan, onde se formou em Engenharia Aeroespacial. Não foi uma graduação comum. Ele acrescentou aos quatro anos de formação muitas atividades, com períodos (nos verões) na NASA e no Caltech. Recebeu diversos prêmios por seus trabalhos científicos e também comu-
Cauê Sciascia Borlina
nitários – entre eles, ainda no 1º ano, o de melhor líder de grupo ao participar de um projeto técnico no laboratório de fabricação de sistemas espaciais (Student’s Space System Fabrication Laboratory). Um dos últimos, em março deste ano, foi o “Distinguished Leadership” da Escola de Engenharia, uma homenagem a estudantes que exercem liderança e prestam serviços de excelência à universidade e à comunidade. Nesta entrevista ele detalha alguns de seus trabalhos.
Profissionalmente, o que o doutorado abre para você? Meu plano é ser professor e fazer pesquisa pelo resto da minha carreira. Eu tenho algumas ideias de coisas em que quero trabalhar no futuro. Uma delas são os exoplanetas, planetas fora do Sistema Solar. Outra coisa é, por exemplo, como a humanidade se formou e como está se expandindo, como as estrelas e as galáxias se formam, por aí vai. São essas perguntas que Ciências Planetárias tem para responder. É uma mistura de geologia, astrofísica, física, cosmologia e, por que não?, um pouco de química, de matemática para resolver os problemas. A sua vocação para professor é recente ou existia quando você foi para os Estados Unidos? Eu acho que uma parte fundamental da ciência não é só você descobrir coisas. Tem de dividir com a sociedade. Existe um papel fundamental do professor em fazer outras pessoas ficarem interessadas. Acho bacana ensinar. Como surgiu seu interesse por questões planetárias? Quando cheguei em Michigan eu queria ser engenheiro espacial e médico. A NASA tem um segmento muito específico, de estudos para entender como o corpo humano responde à falta de gravidade. Você só consegue trilhar esse caminho se é médico e engenheiro espacial. Esse era meu objetivo no
começo. Eu estava fascinado com a ideia de pesquisar como o corpo humano responde na falta de gravidade. Em Michigan tem um programa de pesquisa para o pessoal do 1º ano, com seções de Engenharia, Física, Matemática, Biomédica. Entrei na Biomédica. Mas, em seguida, vi na seção de Engenharia um projeto relacionado a Marte. A Curiosity tinha acabado de pousar no planeta, então tinha um monte de material vindo de Marte. Foi quando me envolvi com a parte de ciên-
cias, em projetos relacionados ao clima de Marte com resultados do robô. Os estudos, orientados pelo Dr. Germán Martínez e pelo Prof. Nilton Renno, variavam de determinação de inércia térmica até determinação de potencial existência de geadas nos locais que a Curiosity visitou. Foi quando comecei a fazer ciências mesmo. Na metade do meu 2º ano já estava decidido a seguir essa trilha de assuntos planetários. Eu sempre quis fazer pesquisa.
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Estudos de Cauê: no Caltech, a cratera Gale, de Marte; na NASA, uma das luas de Júpiter, Europa.
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Colégio Entrevista Etapa Informa
Água nas luas de Júpiter e Saturno? Mistério na cratera Gale
O brasileiro Nilton Renno, estudioso de Marte, e Cauê apresentando resultados de trabalho em conferência. Como a NASA entrou em seu esquema? Basicamente, a Academia Nacional de Ciências e a NASA são as duas organizações que financiam cientistas e professores em pesquisas na área de Ciências Planetárias. Eu fiz um estágio na NASA, é um ótimo lugar para trabalhar. Talvez no futuro aconteça de eu trabalhar lá, como cientista, ajudando missões. É um lugar bem legal. A única coisa é que você não dá aula, você está lá mais focado em fazer pesquisas de interesse da NASA, não de seus interesses pessoais. Quando você estagiou na NASA? Em 2015. Peguei um estágio nas férias no departamento de Ciência Planetária da NASA. Eu não estudei Marte, estudei uma das luas de Júpiter, Europa. Acredita-se que é um dos lugares do Sistema Solar com mais chance de ter vida. Há 10 anos um grupo de cientistas observou em uma foto tirada pelo telescópio Hubble alguma coisa saindo de Europa. No artigo que escreveram, caracterizaram o fenômeno como uma emissão de água. Também em Enceladus, lua de Saturno, viu-se com a Cassini (Cassini-Huygens é uma missão espacial não-tripulada) o que seria uma emissão de água. Enceladus tem a mesma estrutura de Europa, gelo, água e pedra. O problema é que desde 2005 não se viu mais emissão de água em Europa. Então, a primeira pergunta é: isso aconteceu? Segunda pergunta: como o gelo se abre para essa emissão acontecer? Tem um modelo que explica isso em Enceladus e queríamos extrapolar esse modelo para Europa. O problema é mais complexo em Europa, que é muito maior do que Enceladus, então os métodos matemáticos e os modelos que usamos não funcionam muito bem. É um problema que a gente ainda está discutindo.
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Um dos estudos de Cauê Borlina durante os verões em que fez estágios foi no Caltech, o Instituto de Tecnologia da Califórnia, onde trabalhou com a professora Bethany Ehlmann, que, como ele define, “é uma lenda em Ciências Planetárias”. O projeto era relacionado a Marte também. “A Curiosity pousou em 2012 em uma cratera de Marte chamada Gale. O local foi escolhido dois anos antes, em 2010. Razão da escolha: é uma cratera muito diferente das outras. Uma cratera é geralmente resultado do impacto de um asteroide. O impacto é tão forte que o asteroide vira pó, basicamente, e o Cauê e a réplica da Curiosity, veículo lançado em 26 de novembro de 2011, tendo pousado na cratera Gale em 6 de agosto de 2012. que fica é a cratera, uma semiesfero no meio e olhar de baixo para cima, ra. Depois de um tempo a parede da cratera cai para o meio e o que se tem consegue ver o passado de Marte. Essa é essa semiesfera com um morrinho no é a razão por que a sonda pousou lá. A centro. A cratera Gale é única porque pergunta da minha pesquisa, em que em vez de um morrinho tem um mor- trabalhei no Caltech, é como esse morro de cinco quilômetros de altura, que ro gigantesco se formou. O problema é sai da cratera. Se você cortar esse mor- complexo, com muitas variáveis”.
“O Etapa foi a razão de eu ter vindo para cá” Michigan fazer Enge“A única razão de eu nharia Espacial. Foi tudo estar aqui hoje foi o Etamuito oportuno. Impa. Eu queria ir para o ITA, portante: estudei muito único lugar onde podia Matemática aí, até hoje fazer Engenharia Espatem bastante coisa que cial no Brasil. Estudava eu uso que aprendi no numa escola perto da Etapa. Claro, desenvolminha casa e precisava vi muito mais meu code foco para me prepanhecimento nos quatro rar para o ITA. Foi como anos na Universdade de acabei no Etapa. Um Michigan, mas em muita dia, conversando com o coisa o Etapa me ajudou professor Edmilson (Edmilson Mota, coordena- Antes de ir para Michigan, Cauê trabalhou no Etapa bastante. Antes de vir para cá dor geral do Etapa), ele orientando alunos sobre estudar em outros países. fiquei trabalhando no disse que achava que eu tinha potencial para ir estudar fora. Pensei: isso Etapa, de abril a setembro, como consultor pode ser legal. O Etapa tinha suporte para isso. para o pessoal de Valinhos e de São Paulo que E um amigo, no ano anterior, tinha vindo para queria estudar nos Estados Unidos.
Entrevista
Uma história de superação de adversidades e dedicação ao estudo Tábata Amaral de Pontes ganhou 36 prêmios em olimpíadas culturais – nacionais e internacionais – de Astronomia e Astrofísica, Física, Informática, Linguística, Matemática, Química e Robótica. Foi aprovada em suas applications em Harvard, Yale, Princeton, Columbia, Universidade da Pensilvânia e no Caltech. Escolheu Harvard, onde neste ano formou-se com honras em Ciências Políticas (curso principal) e Astrofísica (curso secundário). Decidida a contribuir para o desenvolvimento da Educação brasileira, retornou a São Paulo e assumiu a direção do fundo de educação da Ambev (companhia de bebidas), com a intenção de criar polos educacionais nas localidades em que a empresa tem fábricas e distribuidoras. Tábata diz que sua vontade de trabalhar no setor educacional vem do entendimento de que a desigualdade de nossa educação é o que alimenta a desigualdade no Brasil. Seu plano é trabalhar por alguns anos, fazer mestrado em políticas públicas e economia, nos Estados Unidos ou na Inglaterra, entrar para a política “e ver o que acontece”. “Antes de ser política, acho importante ter
Tábata Amaral de Pontes
36 PREMIAÇÕES EM OLIMPÍADAS OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia): 2008-prata, 2009-ouro, 2010-prata, 2011-ouro IOAA (Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica): 2010-bronze, 2011-menção honrosa OPF (Olimpíada Paulista de Física): 2008-prata, 2009-prata, 2010-ouro OBF (Olimpíada Brasileira de Física): 2008-ouro, 2009-ouro, 2010-ouro, 2011-bronze OBI (Olimpíada Brasileira de Informática): 2008-ouro OBL (Olimpíada Brasileira de Linguística): 2011-prata, 2012-menção honrosa OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas): 2005-prata, 2006-ouro OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática): 2008-bronze OPM (Olimpíada Paulista de Matemática): 2008-bronze, 2010-ouro OQSP (Olimpíada de Química de São Paulo): 2010-ouro, 2011-ouro OBQ Jr. (Olimpíada Brasileira de Química Jr.): 2008-bronze OBQ (Olimpíada Brasileira de Química): 2009-prata, 2010-prata, 2011-menção honrosa TVQ (Torneio Virtual de Química): 2010-ouro (individual) e prata (equipe), 2011-ouro (individual) IChO (Olimpíada Internacional de Química): 2011-bronze OIAQ (Olímpiada Ibero-Americana de Química): 2011-ouro IOAA (Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica): 2010-bronze, 2011-menção honrosa OLAA (Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica): 2011-ouro OBR (Olimpíada Brasileira de Robótica): 2008-bronze Recebeu das mãos do prêmio Nobel em Física Peter Grünberg uma placa como a melhor aluna em Ciências do Colégio Etapa. Prêmio Talento Braskem na Olimpíada de Química de São Paulo.
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uma experiência sólida no setor privado por alguns anos, até para poder me financiar no mestrado. Na graduação o meu foco foi política econômica da América Latina e acho que vou aprender muito no Brasil agora”. A história de Tábata é de superação de adversidades e de aplicada dedicação aos estudos. Filha de uma vendedora de flores e de um cobrador de ônibus, ela estudou até 2007 em escola pública. Em 2008 o Colégio Etapa concedeu-lhe bolsa de estudos no Ensino Fundamental. “A educação mudou completamente a minha vida e da minha família. Durante minha trajetória tive uma série de oportunidades: prêmios nas olimpíadas, bolsa no Etapa, bolsa para estudar Inglês, bolsa para aplicar para universidades americanas, bolsa de 100% em Harvard, vários mentores que realmente influíram em minha vida”. Ela diz que, talvez por estudar Ciências Políticas, viu que “a política é a fonte dos nossos problemas e soluções, sejam econômicos, sejam de educação”. Em sua avaliação, o maior impacto que pode alcançar na educação será através da política. “Há uns dois anos fiz estágios nas Secretarias da Educação de Sobral, no Ceará, e de Salvador, na Bahia. Sobral tem uma das melhores educações públicas do Brasil; Salvador, uma das piores. Isso reforçou bastante em mim o quanto a política é importante”. Outro estágio que fez foi em Pune, na Índia, em uma companhia chamada Eureka Learning Technology. Segundo ela, esse estágio influiu em sua mudança de carreira no 2º ano em Harvard (inicialmente, Astrofísica era o curso principal, Ciências Políticas o secundário). “Tinha a ver com educação. Fiquei dois meses lá e nesse período vi que eu estava um pouco menos interessada por ciência e muito mais interessada em entender questões estruturais e o que leva a tantas desigualdades”. Em seu tempo de aluna do Colégio Etapa Tábata criou o VOA! – Vontade Olímpica de Aprender –, junto com Deborah Barbosa Alves e Henrique Vaz, que também ingressaram em Harvard. O VOA! incentiva e prepara estudantes de escolas públicas para participar de olimpíadas culturais. Tábata é também cofundadora do Movimento Mapa Educação, que busca ”mobilizar os jovens em todo o país para que a educação seja prioridade no debate político nacional”. Leia na página seguinte: a luta de Tábata pela vida.
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ColégioNarrativa Etapa Informa
Tábata conta sua luta pela vida recia extremamente irônico que morrêssemos ao mesmo tempo de uma maneira tão sem propósito. Pensei que nunca teria uma família e filhos e tampouco chegaria perto de alcançar meus sonhos. Durante o tempo que estávamos lá, nadando, segurando um no outro e sem saber o que fazer, eu pensei em muitas coisas, das mais importantes às menores. Pensei sobre a minha trajetória, que estaríamos no Crimson – o jornal da universidade – na próxima edição e que estava muito cansada para continuar. A tristeza se converteu em resignaDuas coisas sempre estiveram presentes ção e comecei a aceitar que morreria ali. Foi na minha trajetória: um punhado de adversinesse momento que o Renan salvou a minha dades e uma quantidade ainda maior de oporvida uma segunda vez, pois o fato de ele estar tunidades e pessoas dispostas a me ajudar a ali por mim e estar me dizendo que sairíamos enfrentar cada dificuldade que aparecia. Meu vivos me impediu de desistir e simplesmente pai me dizia que tantas coisas aconteciam come deixar levar pelo mar. migo porque eu estava sendo preparada para Eu sei muito pouco do que aconteceu na cumprir a minha missão. Eu nunca saberei se praia, então conto o que escutei do Daniel e do ele estava certo ou não. No entanto, cada uma Viet. Ao ver que nenhum de nós quatro estávadessas experiências me fez mais forte e agramos conseguindo sair do mar – pois o Viet e o decida pelo dom de estar viva, além de me enMax, mesmo mais perto da praia, estavam ensinar lições que mudariam completamente a Nacho, com o filho: o argentino entrou no mar e salvou Tábata frentando toda a força da correnteza também minha maneira de ver o mundo. E é exatamenna Costa Rica. Abaixo, a praia de Tamarindo. –, o Daniel foi em busca de ajuda. Um moço te isso o que aconteceu no dia 16 de março de que estava na praia com seu filhinho e a esposa 2016, quando fiquei perdida no mar com um decidiu ajudar. Era o Nacho, um argentino que dos meus melhores amigos por mais de uma tem uma loja de eletrônicos em Tamarindo. Ele hora, depois do entardecer. pegou uma prancha do hotel – o que aparenteEstávamos em Tamarindo, Costa Rica, demente não foi fácil, já que queriam explicações pois de termos organizado a XXII Cumbre de las – e foi com o Daniel para a praia. Max e Viet já Américas da HACIA Democracy, organização tinham conseguido sair do mar, mas ninguém no modelo da Organização das Nações Unisabia onde estávamos. Viet – apenas ele – dizia das da qual eu faço parte desde que entrei em que escutava os nossos gritos e que sabia em Harvard. Eu e quatro amigos resolvemos entrar que direção estávamos. Com um holofote bem no mar com duas pequenas pranchas de surfe. forte que o pessoal do hotel levou – muitas pesCom água pela metade do corpo, eu e o Viet soas já haviam se reunido na praia, entre as quais éramos os mais distantes da praia. O mar cooutros estudantes de Harvard, funcionários do meçou a subir rapidamente e uma onda levou hotel e hóspedes – eles apontavam a luz na dinossa prancha. O Daniel começou a acenar para reção que o Viet (e depois a Sarah também) indicava para que o Nacho que saíssemos da água e a gente não conseguia. O Max veio nos ajudar pudesse se guiar na água. e começou a nadar rumo à praia com o Viet. Percebi que não estava conNo mar, eu não me lembro se escutamos algo ou não, mas comeseguindo sair e comecei a gritar para que o Renan viesse me ajudar. Ele entrou no mar com a outra prancha e assim que me alcançou uma onda çamos a acenar e de repente o Nacho apareceu na nossa frente. Eu muito forte levou a prancha e nos arrastou para o fundo. Depois de lutar não conseguia acreditar que alguém havia nos encontrado. Apenas para voltar à tona, nos reencontramos, ainda mais distantes da praia. E foi comecei a chorar. A última parte da luta começou. Eu e o Renan seguramos na prancha aí que a luta começou para valer. Segurando um no outro, nadamos contra a corrente por um tem- como podíamos e o Nacho nos ajudava a nadar. Com cada onda, mergupo, mas cada vez ficávamos mais longe da praia. Escureceu, as ondas lhávamos e eu achava que me perderia, mas sempre voltávamos à tona. vinham mais fortes e cada vez ficava mais difícil voltar à superfície. De- Depois de um tempo conseguiram ver a gente e um hóspede do hotel pois de apanharmos muito, Renan disse que não aguentaríamos ficar – o Alon, um israelense que mora na Califórnia, – veio e nos ajudou a sair onde as ondas estavam quebrando e que deveríamos nadar em dire- do mar. Muitas pessoas me abraçaram, médicos vieram falar comigo, me ção ao mar aberto para evitar as ondas. Provavelmente foi o que nos deram melancia e chá. Eu só chorava, porque havia quase desistido e porque estava viva. Naquele mesma noite, seguindo recomendação do salvou e permitiu que aguentássemos por mais de uma hora. Passei a aceitar que morreríamos ali. Senti uma grande raiva por Renan, todos saímos para dançar e a tristeza foi se transformando em Deus permitir que a gente morresse daquela maneira. Eu tinha entre- alegria dentro de mim. Alegria por estar viva, alegria por existirem pessogado havia uma semana minha tese de graduação – um projeto que as como o Renan, o Max, o Daniel, o Viet, o Nacho e o Alon, alegria por ter demandou todo o meu esforço e dedicação por mais de um ano – e recebido uma segunda chance de lutar pelos meus sonhos e alegria por estava a ponto de me graduar e começar a trabalhar e lutar de fato tudo o que aprendi naquele dia: que não podemos viver na certeza de pelos meus sonhos e objetivos. A raiva se converteu em uma grande que o amanhã sempre virá ou nos focarmos tanto nos nossos problemas tristeza, pois o Renan estava dando a sua vida por mim. Como sempre e desafios a ponto de esquecermos de olhar ao redor e agradecer pelo trabalhamos juntos e compartilhamos nossos sonhos para o Brasil, pa- grande dom e oportunidade e alegria de estar vivos.
Esta é a narrativa de Tábata sobre o dia em que foi salva no mar bravio na Costa Rica.
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