Aula: O que o desmatamento tem a ver com os parasitos? Malária no Brasil

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O que o desmatamento tem a ver com os parasitos? Os riscos da Malária no Brasil


Área de floresta ilegalmente desmatada próxima à terra indígena Menkragnoti, entre Mato Grosso e Pará. Desde a década de 1930, sabe-se que a degradação ambiental é fator fundamental para o surgimento de novas epidemias. FOTO DE MARCIO ISENSEE E SÁ/GETTY IMAGES

A Amazônia é a região do Brasil onde ocorrem 98% dos casos de malária do país.


O que é a malária? Malária é uma doença infecciosa transmitida por mosquitos anofelinos (Anopheles), similar a um pernilongo e causada por protozoários parasitários do gênero Plasmodium. Os sintomas da malária são febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça (que podem ocorrer de forma cíclica). Há pessoas que, antes de apresentarem tais manifestações, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite e, em alguns casos, pode ser fatal. Acredita-se que a malária tenha surgido no Sudoeste da Ásia, e nas Américas, a doença foi introduzida no século 16.


O ciclo da malária humana é humano->anofelino->humano Geralmente é a fêmea que ataca porque precisa de sangue para garantir o amadurecimento e a postura dos ovos. Depois de picar um indivíduo infectado, o parasita desenvolve parte de seu ciclo no mosquito e, quando alcança as glândulas salivares do inseto, está pronto para ser transmitido para outra pessoa.



Existem mais de cem tipos de plasmódio, o parasita da malária. Dos que infectam o homem, quatro são os mais importantes: Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale. A doença provocada pelo vivax é a mais comum e a provocada pelo malariae, a menos grave. Já a provocada pelo ovale é típica da África.


O protozoário: Plasmodium sp. (falciparum e vivax)

Plasmodium vivax

Plasmodium falciparum


Alguns vídeos sobre: 1988

2020


O período de incubação depende do tipo de malária, mas varia de 7 a 28 dias a partir do momento da picada. Caso a pessoa tenha febre depois de ter visitado áreas de risco, a possibilidade de ter contraído malária deve ser levada em consideração. Para confirmar o diagnóstico, existe um exame de lâmina, também chamado de gota espessa ou esfregaço, que consiste em puncionar a ponta de um dedo para obter uma gota de sangue e analisá-lo.


E o tratamento? Não existe vacina contra o paludismo, uma doença autolimitada, mas que pode levar à morte se não for tratada em determinados casos. O tratamento padronizado pelo Ministério da Saúde é feito por via oral e não deve ser interrompido para evitar o risco de recaídas. O medicamento indicado para a malária vivax é bem tolerado e não provoca efeitos colaterais. O mesmo não acontece com os indicados para a malária falciparum, o que dificulta seu uso nesse caso.


Mas o que o desmatamento tem a ver com tudo isso? Com 5,5 milhões de km2, a Amazônia é maior floresta tropical e abriga um terço da biodiversidade do planeta. As dezenas de milhares de espécies que ali habitam coexistem em graus moderados de competição e predação. Cada uma, por sua vez, abriga parasitas como vírus, protozoários e bactérias que também convivem harmoniosamente no ciclo silvestre. Seja desmatamento, degradação, queimadas, urbanização ou mudança do uso do solo ou de hábitos alimentares dos humanos, perturbações em ecossistemas provocam uma ruptura no equilíbrio silvestre capaz de propiciar a emergência de uma nova zoonose.


“Na cadeia alimentar, as plantas sustentam todo o ecossistema. Quando são retiradas, ocorre uma cascata trófica” “O fato é que toda vez que há uma mudança brusca na paisagem, ou seja, de intacta para degradada, esse processo permite a emergência de novos patógenos. Então, há uma grande probabilidade de termos uma origem pandêmica a partir de vírus emergentes decorrentes do desmatamento e do processo de colapso dos ecossistemas da Amazônia.” - Gabriel Laporta, biólogo especialista em saúde pública e bioestatística, pesquisador científico do setor de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação do Centro Universitário de Saúde ABC.


“Existem terras indígenas e outros territórios tradicionais dentro e no entorno de todos os dez hotspots de ilícitos ambientais identificados pelo Ibama”, aponta o MPF. “Nessas dez regiões, espalhadas pela Amazônia, há especial risco para as populações tradicionais e agrárias, derivado especificamente da presença maciça de infratores ambientais, já que esses agentes delitivos seguem sua trajetória de ilícitos sem que o Estado se faça adequadamente presente, seja para defender o meio ambiente, seja para proteger os povos e culturas da Amazônia.”


Fiscais do Ibama analisam árvore cortada por desmatadores em Boa Vista do Pacarana, Rondônia. Em decisão da Justiça Federal que determina que órgãos de fiscalização ambiental realizem operações imediatas de comando e controle em ao menos dez áreas mais críticas na Amazônia, a juíza Jaiza Fraxe alerta para a diminuição de autos de infração pelo Ibama – apenas 201 em 2019 contra 360 no ano anterior. FOTO DE FELIPE FITTIPALDI


Mais sobre a malária:

https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/malariasintomas-transmissao-e-prevencao

https://drauziovarella.uol.com.br /doencas-e-sintomas/malaria/

https://veja.abril.com.br/saude/organizacaoalerta-sobre-aumento-da-malaria-no-brasil/


Mais sobre os riscos do desmatamento: RISCOS ENTRE AÇÕES ANTRÓPICAS E DOENÇAS DE ORIGEM PARASITÁRIA.

https://www.nationalgeographicbrasil.co m/meio-ambiente/2020/05/enquantodesmatamento-dispara-pesquisadoresalertam-para-o-risco-de-novas


Atividade em grupos! -> Formar grupos de três alunos e desenvolver planos de ação para alertar a população ou planos de políticas públicas sobre a malária e/ou sobre os riscos do desmatamento em relação à saúde humana -> Podem criar materiais de divulgação e orientação visuais, sendo estes banners, vídeos, artes, etc. Também devem fazer um roteiro/relatório sucinto explicando e justificando o plano de ação ou política pública -> Os materiais vão ser apresentados para a turma na próxima aula para debatermos!


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