Ciência e Tecnologia - Jornalismo UFRRJ 2021.1

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Vol. 01

E TECNOLOGIA O fanzine para quem gosta de se informar

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TS146 - Oficina de Textos Quem Somos

Augusto Ribeiro

Jéssica Melo

Leandro Costa

Nathália de Almeida

Rafaela Aguiar

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SUMÁRIO 04

Novo método contraceptivo masculino promete revolucionar e agregar valor socialmente relevante

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Como o consumo de notícias pelas redes sociais impacta os usuários e a produção jornalística

17 Assistentes Virtuais e sua 22 interação com seres humanos Relógios e pulseiras inteligentes 32 no dia a dia Inteligência artificial e suas aplicações na sociedade

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Novo método contraceptivo masculino promete revolucionar e agregar valor socialmente relevante por: Jessica Melo

O uso de anticoncepcionais hormonais sempre foi algo perigoso, um exemplo foi uma pesquisa de 2017, do "The New England Journal of Medicine," que aponta que mulheres que utilizam pílula ou DIU que liberam hormônios estão sujeitas a um aumento de 20% na probablilida de ter câncer de mama. Pensando em resolver esse problema, e outros ocasionados por esse produtos, a designer alemã Rebecca Weiss resolveu criar o Coso, dispositivo projetado para funcionar como um anticoncepcional masculino, um protótico portátil para uso dos homens.

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O dispositivo opera por meio de estímulos de ultrassom, que coíbem a ação dos espermatozoides temporariamente, fazendo com que a calda do espermatozoide perca a mobilidade.


Por conta de sua invenção ela ganhou o principal prêmio do James Dyson Awards – conhecido por inspirar designers a terem ideias que solucionam problemas – a quantia foi de US$ 45 mil (quase 250 mil reais). A designer pretende usar o valor para conseguir por o seu projeto como produto no mercado e concluir os experimentos necessários. Segundo seu relato no site da premiação , sua principal preocupação é a aceitação do usuário, pois segundo ela “as tecnologias só funcionam se forem aceitas pelos usuários e pela sociedade.”

Clica aqui pra saber mais

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A sua inspiração partiu de uma experiência pessoal: “Há cerca de um ano, fui diagnosticada com câncer de colo do útero, precursor, devido à contracepção com a pílula. Depois disso, a contracepção hormonal não era mais uma opção. Quando meu parceiro e eu estávamos procurando um método alternativo, percebemos a falta de anticoncepcionais masculino. O problema não é exclusivo para mim. Afeta muitos outros também."

Ela também comenta sobre a crescente discussão pública acerca da falta de alternativas anteconcepcionais.

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O estudo por trás do Coso: Vários estudos inspiram a designer para criação do produto quando decidiu que em sua tese de mestrado em Desenho Industrial na Universidade Técnica de Munique desenvolveria uma nova abordagem anticoncepcional para homens. Mas o mais conhecido estudo por trás do Coso foi o efetuado por pesquisadores do Estados Unidos e publicado na revista científica Reproductive Biology and Endocrinology, realizado em macacos machos adultos, em 2012. Segundo o estudo, o tratamento testicular com ultrassom pode ser uma abordagem anticoncepcional eficaz em humanos. “Em particular, novos métodos para os homens são necessários, porque atualmente as únicas opções para os homens são os preservativos (que têm uma alta taxa de uso indevido e estão sujeitos a interrupções no fornecimento em países de baixa renda) e a vasectomia (que é cirúrgica e geralmente permanente).” Conforme a publicação da revista.

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O uso do Coso O dispositivo funciona como uma pequena banheira para uso doméstico. Onde o usuário coloca seus testículos a cada dois meses. A sensação relatada é a de um banho morno. O nível da água deve ser até uma das marcas indicadas no produto, tal deve ser estabelecido previamente com um médico de acordo com o tamanho dos testículos. A pessoa espera até que a água atinja a temperatura operacional e se senta com as pernas abertas colocando a bolsa escrotal dentro. O tempo pode ser monitorado pelo aplicativo, e o aparelho desliga sozinho após concluir o tratamento.

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Perspectivas Após ganhar o prêmio a alemã pretende dar prosseguimento ao projeto até conseguir lançá-lo no mercado com segurança.

Clique para ler a pesquisa de 2012

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Como o consumo de notícias pelas redes sociais impacta os usuários e a produção jornalística por: Leandro Costa

Lembra quando foi a última vez que você leu um jornal impresso? Ou acessou a página inicial de um site de notícias? Apesar de parecer algo muito antigo, principalmente para os mais jovens, não faz muito tempo que a grande maioria das pessoas consumiam notícias através do jornal impresso durante o café da manhã ou no trajeto para o trabalho. Atualmente, grande parte das pessoas, pouco depois de acordar, acessam as redes sociais e através delas consomem as notícias do dia. Isso marca uma mudança significativa de hábitos, tanto para os leitores como para a produção de conteúdo jornalístico.

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Ao seguir os links que aparecem nas redes sociais, o usuário acaba sendo direcionado para um ambiente onde a seleção é mais distribuída e abrange fontes confiáveis ou não. Não há, nesse caso, uma organização visível, equilibrada ou lógica, destaca o antropólogo e professor da Unicamp Rafael Evangelista. Hoje em dia recebemos apenas uma pequena parte do conteúdo produzido pelos jornais ou revistas, seja uma matéria ou uma charge. Passamos a consumir as notícias de forma fragmentada e “com o nome do jornal ou do site mais funcionando como uma referência de confiabilidade do que qualquer outra coisa”, afirma Evangelista. Cada pessoa possui um tipo de feed: a página inicial que é exibida logo quando abrimos o site ou o aplicativo de uma rede social. Ele é organizado de acordo com os interesses de cada pessoa, o que inclui sua lista de amigos e o conteúdo que ela demonstrou interesse. Ou seja, o que é exibido para um usuário não necessariamente será apresentado para outro. Cada rede utiliza uma ferramenta para que o usuário sinalize o que gosta. No caso

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do Facebook, isso é feito majoritariamente através do botão de like, que no ano de 2015 foi redesenhado e recebeu a função de “reações”, que permite sinalizar se determinado conteúdo deixou o usuário irritado ou triste. O compartilhamento de posts é outra forma de sinalização, assim como quando o usuário clica na opção “ver mais” que aparece em textos mais longos.

As recomendações de conteúdo aos usuários, que vai muito além do conteúdo jornalístico, são determinadas por um algoritmo que varia de acordo com a plataforma. André Holanda, pesquisador e professor da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), explica que o Facebook, por exemplo, armazena o tipo de conteúdo (vídeo, imagem, links ou texto) que

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o usuário costuma consumir com maior intensidade, os contatos com maior interação e a atualidade das informações coletadas, ou seja, o algoritmo prioriza as interações mais recentes, o chamado time decay: “uma coisa que você curtiu há seis meses atrás é menos importante do que uma coisa que você curtiu hoje”. Toda essa informação é armazenada e analisada com o intuito de sugerir, no futuro, conteúdos que são mais relevantes para o usuário e, assim, “maximizar a possibilidade de interagir com o conteúdo e com a pessoa que publicou”. Hoje, os veículos passaram a depender das redes sociais para divulgar seu conteúdo. Para Rafael Evangelista, os que estão fora delas raramente conseguem uma quantidade expressiva de acessos. Também se tornou necessário que as empresas invistam dinheiro nessas plataformas para que seu conteúdo seja distribuído maciçamente. Caso não faça, seu conteúdo fica restrito a um pequeno grupo de pessoas. Nesse caso, vale a lógica de quanto mais dinheiro, mais divulgação. Essa nova dinâmica promovida pelas redes sociais, resultou em mudanças profundas na produção jornalística.

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Atualmente, “uma parte significativa do tráfego para as notícias online vem das redes sociais”, afirma André Holanda. Essa vinculação entre jornalismo profissional e as redes sociais acaba afetando um princípio básico da área: a hierarquização dos conteúdos. O conteúdo mais importante vem na parte superior e destaca-se na capa as manchetes referentes as notícias mais importantes do dia. Os jornalistas sempre souberam que o público nem sempre seguia essa ordem determinada pelos editores, mas com as redes sociais “o público é canalizado através de uma economia de atenção diferente”, afirma Holanda. Essas redes introduziram uma lógica que foge aos princípios editoriais mais básicos. Quando o link de uma notícia é apresentado para o usuário não é porque o veículo considerou aquele conteúdo importante, mas sim por conta de suas interações anteriores. De forma geral, as redes sociais tendem a priorizar tópicos negativos.

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Não raramente, os assuntos mais comentados nas redes se tornam matérias jornalísticas, pois trata-se de “um conteúdo que é muito fácil de vender”, ressalta André Holanda. Não são poucos os casos de documentários ou até mesmo programas de TV milionários que fracassaram por falta de interesse do público. Por conta disso, como uma forma de tentar minimizar os riscos, muitos veículos jornalísticos acabam pegando carona nos assuntos em voga, pois sabem que aqueles tópicos já contam com um público garantido. Para André Holanda, essa prática acaba se tornando um vício, “uma espécie de propensão a rebaixar o próprio trabalho a ser repercussão dessas redes sociais”, esclarece. Não à toa o jornal continua desempenhando seu papel na sociedade, já que as pessoas que procuram por informação aprofundada sabem que dificilmente vão encontrá-las nas redes sociais.

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Uma das maiores críticas feitas a esse consumo de notícias através das redes sociais é que ele fomenta a ideia de bolha. Como o algoritmo sugere conteúdos parecidos com outros que o usuário já manifestou interesse anteriormente, dificilmente ele vai ser exposto ao contraditório. Apesar de ser verdadeiro que os algoritmos das redes sociais são os principais responsáveis pelo chamado “filtro bolha”, essa é apenas uma parte do problema, ressalta André Holanda. Na verdade, o algoritmo vai oferecer para o usuário o conteúdo que vai extrair dele algum tipo de resposta, seja através de um conteúdo com o qual ele já concorda ou através de “material irritante”. Assim, se por um lado o algoritmo fornece mais do mesmo, em outros casos, ele apresenta material polarizado com o intuito de provocar no usuário um sentimento de irritação e, através desse sentimento, fazer com que ele reaja. Esse modo de atuação dos algoritmos “acaba jogando gasolina no fogo da polarização política que a gente tá vivendo”, argumenta Holanda.

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Inteligência artificial e suas aplicações -na sociedade Entenda quais são os efeitos e como essa tecnologia é usada nas mais diversas esferas da população. por: Nathália de Almeida

O termo Inteligência Artificial foi oficialmente criado por John MacCarthy, um matemático que dava aula na universidade de Darthmouth, em New Hampshire, EUA, em 1956. Desde então, esse termo passou a ser difundido e diversos softwares com inteligência artificial foram criados e incorporados na sociedade moderna, indo de utilidades para o dia a dia a robôs humanoides.

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O que vem a ser Uma IA nada mais é do que um sistema ou uma máquina que busca se aproximar das capacidades humanas, dos instintos, de aprendizagens e características, por meio de processos artificiais. Tem como objetivo principal se aproximar da inteligência humana, por isso, algumas pessoas se perguntam se em algum momento essa tecnologia pode vir a superar o cérebro humano. O professor no curso de Jornalismo da UFRRJ, André Holanda, doutor em comunicação e novas tecnologias, desmistifica esse questionamento: “A inteligência artificial não se parece com a inteligência humana, o processamento da linguagem pode ser, o processamento matemático pode ser, vários aspectos podem ser, mas a inteligência artificial não é como se fosse a humana. A gente não tem motivo nenhum pra fazer isso, a gente não precisa que o avião bata asas como um passarinho, a gente não precisa que o submarino abane a calda como um peixe, ele não nada o submarino, não faz sentido. A gente usa hélices, turbinas e é muito mais eficiente fazer assim do que imitar a natureza. A inteligência artificial vai ser a sua própria forma de inteligência.”

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A IA no cotidiano Aplicativos de trânsito, sugestões de compra nas redes sociais, assistentes virtuais dos smartphones ou até mesmo na assistente virtual física Alexa, desenvolvida pela Amazon, são alguns dos exemplos de sistemas com inteligência artificial usados pela população. Um mecanismo que influencia e controla a vida das pessoas de diversas formas.

Inteligência Artificial e robótica Um marco nesse campo foi: Sophia, desenvolvida pela Hanson Robotics, e que se tornou a primeira robô humanoide- com traços físicos semelhantes aos humanos- a possuir cidadania de um país, da Arábia Saudita, em 2017. Uma das áreas de atuação da inteligência artificial é o da robótica. Os robôs que possuem essa tecnologia são capazes de auxiliar os humanos a realizarem inúmeras tarefas com eficiência e ajudam a elevar o nível de produtividade de fábricas, empresas e grandes indústrias.

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Os robôs vão dominar o mundo? São comuns no universo cinematográfico filmes onde robôs planejam controlar toda a humanidade ou se tornam máquinas com sentimentos. Em obras de ficção científica como” A.I- Inteligência Artificial”, “Matrix” e “O Exterminador do Futuro” talvez isso seja possível ao contrário da realidade, explica André:

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“Olha, ninguém tem controle da sociedade, a sociedade não tem nenhum meio muito eficaz de controle, isso é um tanto fantasioso também e não precisa que algum malefício seja feito para que a gente passe a viver numa espécie de sociedade totalitária tecnocrática. Se a inteligência tomar conta como já toma hoje em dia do sinal de trânsito e errar muito feio isso pode causar tragédias importantes para a sociedade, se o serviço de controle de voo fracassar isso vai causar problemas muito sérios. Então, o lugar da inteligência artificial, o lugar da tecnologia mediando negócios humanos, mediano a interação humana é sempre complicado e é uma coisa que a gente tem que levar muito a sério e com muitas cautelas. Mas não há razão para que uma inteligência, uma rede de inteligências domine toda a sociedade, isso não existe de nenhuma forma na realidade. A sociedade tem desperdício, sociedade tem malandragem, máfia, corrupção, não existe sociedade totalmente controlada, nem na ditadura. Na ditadura é um reino de corrupção, de malandragem, de amigo dos cupinchas que consegue tudo enquanto a maioria não tem chance de obter nada, então, não existe uma sociedade integralmente controlada.”


Os perigos de um mal uso dessa tecnologia Assim como qualquer outra tecnologia a IA também possui falhas que podem ser aproveitadas por pessoas mal intencionadas. O disparo de fake news, a manipulação de vídeos e áudios, e práticas discriminatórias são algumas situações em que podem ser usadas. “Não se trata simplesmente de um hacker fazer um mal uso da inteligência, um uso indevido a inteligência artificial ela bem ou mal vai automatizar determinados aspectos da sociedade. Uma inteligência artificial precisa aprender coisas, então, por exemplo, se você treina inteligência artificial com uma base de dados que contém reflexos do racismo de uma sociedade, você na verdade está treinando a inteligência artificial para o racismo. Quando você introduz dados num processo de inteligência artificial que são enviesados por qualquer questão social, econômica, de gênero, de raça, tudo isso vai pra inteligência, vai ser automatizado e repetido, você acaba tornando mecânico algo que fora da inteligência artificial é simbólico.”, afirma André Holanda.

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Assistentes Virtuais e sua interação com seres humanos

Sobre o uso da ferramenta e a presença no cotidiano das pessoas

por: Rafaela Aguiar

Os assistentes virtuais ganharam força em 2020 quando todos precisaram ficar em quarentena devido à pandemia de Covid-19. O nome se dá pela capacidade da ferramenta de fornecer assistência e proporcionar facilidade na resolução de uma série de ações. O crescimento foi de 47% no uso desse serviço ou de produtos com a função integrada. Existem duas categorias diferentes: os Assistentes Virtuais de empresas, cuja proposta é ter uma figura representante à frente da marca e existem também os Assistentes Virtuais Inteligentes, baseados em softwares integrados em dispositivos.

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Muitas empresas adotaram em seu marketing digital os assistentes virtuais, e se antes os consumidores já precisavam interagir com o sistema de atendimento da empresa, agora a central de atendimento tem um rosto, um nome, uma identidade e personalidade. A criação dessa ferramenta visa proporcionar uma conexão mais humanizada com os clientes. Algumas marcas adotaram rapidamente essa tendência, como a Natura criando a Nat e as Casas Bahia criando o CB.

A funcionalidade dos assistentes virtuais no marketing digital visa responder os clientes de maneira mais eficaz, já que são programados para facilitar a interação entre a marca e o consumidor. Alguns, inclusive, servem como representante de marca em redes sociais, como é o caso da Magazine Luiza, criadora da Lu, que transformou a sua ferramenta em uma influenciadora digital.

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Você já ligou para uma empresa para solucionar um problema e só ouviu gravações? Em todas as vezes o seu problema foi solucionado? No ponto de vista do consumidor, nem sempre essa interação é benéfica. Como estratégia de marketing, a proposta é boa, mas o serviço ainda deixa a desejar. André Holanda, pesquisador e professor na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) no curso de Comunicação Social, explica como funciona o trabalho dos assistentes virtuais.

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“Eu acho que tem uma confusão enorme entre a tecnologia que está por trás desses assistentes e o interesse de marketing que as empresas têm. Como é principalmente no caso do atendimento em redes sociais, que é de economizar o dinheiro do atendimento do SAC, é demitir trabalhadores. E ao invés de ter trabalhadores produzindo a comunicação com o público (que já era ruim) eles estão substituindo por esses assistentes que são simpáticos, são bons de propaganda, mas na verdade eu não fico satisfeito quando eu uso não. Eu fico muito, muito preocupado. Então, acho que a cara dos assistentes pessoais do marketing da empresa, do atendimento ao consumidor só funciona como publicidade, para atendimento eu acho péssimo. É um uso muito superficial e mal-intencionado nesse sentido. É mais um esforço de deixar de atender a gente do que atender melhor.”


Já os Assistentes Virtuais Inteligentes integrados em dispositivos, atribuem-se em sistemas com base em Inteligência Artificial e Machine Learning, por vezes compõem também a Internet das Coisas. Eles visam o propósito de automatizar ações que antes eram restritas a humanos, contendo vantagens, claro, como velocidade, multifuncionalidade, menos custo e mais possibilidades. Podendo ser usados tanto no âmbito profissional como no pessoal. Nesse cenário, temos como exemplos a Alexa da Amazon, a Siri da Apple, a Cortana da Microsoft e o Google Assistente criado pelo Google. Eles estão implementados em dispositivos, como celular, computador, televisão, etc. Um famoso exemplo é o dispositivo Echo Dot, criado pela Amazon, sendo uma caixa de som que pode ser colocada em qualquer cômodo da sua casa.

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Para usar, basta ativar o comando por voz que ele reconhece, interpreta o que você deseja e fala com você. Você consegue solicitar uma pesquisa no Google, ouvir músicas, ver fotos e vídeos, programar alarmes e lembretes, administrar seus compromissos da agenda, enviar e-mails e mais uma série de coisas. Também pode simplesmente fazer perguntas e tirar dúvidas. Nessa circunstância, a Alexa fica como a maior referência por ser a que mais traz funções, sendo capaz de fazer cerca de 30 mil tarefas. É capaz de pesquisar informações, ler notícias, fazer uma seleção musical, contas matemáticas, e se você adquirir gadgets (aparelhos) compatíveis com o serviço, ainda pode solicitar que ela acenda a luz, feche a garagem, tranque portas e assim por diante.

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André Holanda não enxerga a criação tão vantajosa assim, tendo como objetivo principal a estratégia de marketing, e não uma ferramenta de avanço tecnológico para a humanidade. Na perspectiva do professor, assistentes virtuais não são sinônimos de utilidade.


“As tecnologias que são mais importantes e mais influentes para agilizar a nossa vida não parecem como uma pessoa com quem você fala as coisas. O relógio de pulso é muito útil (era, até a gente ter o celular) e não falava, não tinha carinha, não era um robozinho que ajudava a gente. Então os instrumentos tecnológicos podem perfeitamente ser simples, especializados, fazerem poucas coisas e fazerem bem. O esforço de imitar os seres, imitar o ser humano em especial parece muito mais uma estratégia de marketing do que uma necessidade tecnológica. A nossa relação com a tecnologia é feita de uma rede de dispositivos e nenhum deles tem carinha, tem sorriso, tem voz de gente, nada disso a gente usa quando precisa. É fundamental a gente botar no bolso o celular e seria muito bom se a gente conseguisse esquecer dele. Então o que que assiste a gente na maior parte das tarefas do dia?! Eu tenho certeza absoluta que é o celular. O dispositivo que é o seu maior assistente ao longo do dia é o celular. E ele não tem carinha, não fala, não tem voz, nada disso. Eu acho que essa antropomorfização do dispositivo é muito mais uma estratégia de marketing do que outra coisa.”

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No livro “Assistentes Virtuais Inteligentes: Conceitos e Estratégias”, de Antônio Juarez Alencar, Eber Assis Schmitz, Leôncio Teixeira Cruz, informa que os assistentes virtuais são o resultado do conjunto de vários âmbitos de pesquisa na área da ciência da computação que aconteceram nas últimas décadas. Dentre essas áreas, estão a Inteligência Artificial, que busca criar sistemas que têm características parecidas com as da inteligência humana; o Processamento de Linguagem Natural, que visa favorecer a relação homem-máquina, fazendo com que humanos se comuniquem mais facilmente com seus computadores; Banco de Dados, que busca desenvolver métodos e técnicas para maior armazenamento de informações e Rede de Comunicação de Dados, que tem como preocupação a transferência segura de dados entre os equipamentos de computação. No ponto de vista dos autores, sem os avanços dessas áreas não seria possível a criação desse sistema tecnológico.

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André Holanda fez uma breve análise sobre a capacidade da ferramenta e como está sendo executada na sociedade. Sob a perspectiva do pesquisador, o uso dos assistentes virtuais está restrito quanto a sua capacidade. “Seria muito útil que a nossa casa tivesse muitos dispositivos tecnológicos, por exemplo, que ajudassem na economia de energia, isso tem impacto sobre o planeta, mas eles não seriam personagens, eles seriam dispositivos bastante discretos, como a internet das coisas, por exemplo. Seriam dispositivos tecnológicos parecidos com os que a gente já tem e que podem trocar informações sem precisar dos nossos comandos. É essa a tecnologia conectada, embutida nos objetos técnicos todos que eu acho mais relevante, é a tv, o celular, o computador, a geladeira um dia... sei lá, tudo isso adquirir maior inteligência para auxiliar nas tarefas de casa e sem chamar a atenção, sem ficar no centro da atenção. Eu acho muito mais relevante eles fazerem seu trabalho discretamente do que a interação com a gente. “

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Os dispositivos e funções inteligentes foram implementados e aceitos pelos brasileiros. Conforme uma pesquisa publicada no site "Computerworld'', 59% das pessoas desejam dispositivos equipados com inteligência artificial. Outros 14% já possuem algum dispositivo. É necessário investir em dados estruturados para poder se diferenciar das opções existentes neste novo método de pesquisa. Da mesma maneira, influenciar os usuários em situações em que a resposta não é figurada também requer muita criatividade de especialistas.

O site "Computerworld'' também apontou que 54% dos usuários concordam que os assistentes virtuais facilitam sua vida e 31% afirmam que esses serviços passaram a fazer parte de sua rotina. Reproduzir e pesquisar músicas, consultar previsões do tempo e pesquisar na Internet são as tarefas mais citadas.

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No mais, é importante ter conscientização no uso dos assistentes virtuais inteligentes. É válido ressaltar que ao designar tarefas para tais assistentes, entregamos também competências. André Holanda fez uma menção sobre isso, “Quando a gente depende da tecnologia, a gente acaba entregando também algum tipo de competência e essa competência pode fazer falta.” Ele usa de exemplo como eram as brincadeiras das crianças antigamente e como são hoje em dia, o videogame versus brincar na rua. É preciso investir em desenvolver habilidades manuais nas crianças. É necessária a conscientização de qual tarefa você designa para a sua chamada assistente, e se tal tarefa poderá refletir em suas competências ao longo prazo.

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Relógios e pulseiras inteligentes no dia a dia

por: Augusto Ribeiro

Smartwatches e Smartbands são dispositivos que se assemelham aos relógios tradicionais, possuindo recursos além dos comuns. Esses aparelhos servem, por exemplo, como extensão dos smartphones e possuem diferentes sensores, como o de batimentos cardíacos, giroscópio e acelerômetro. Essas características permitem que esses dispositivos vestíveis desempenhem diversas funções. Os relógios digitais surgiram ainda na década de 1970, mas foi durante o século XXI, principalmente na década de 2010, que os smartwatches se aprimoraram, se tornaram populares e pararam nos pulsos de mais pessoas. Com o avanço da tecnologia e a redução de componentes eletrônicos, foi possível desenvolver relógios com maior poder de processamento, mais funções e baterias potentes. Existem também as smartbands, pulseiras inteligentes que possuem funções similares, porém são menores e mais limitadas.

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Marcas famosas como Apple, Motorola e Samsung desenvolveram suas próprias linhas de smartwatches, os diferentes sensores que esses dispositivos possuem tornam possível o monitoramento da saúde pessoal. O autônomo Igor Laguardia, de 24 anos, possui desde 2018 a Mi Band 3, pulseira fitness da Xiaomi lançada no mesmo ano. Seu principal uso é o monitoramento de sono. “Não consigo [imaginar minha rotina sem a smartband], pois me habituei ao uso dela. Tanto com o básico, que é ver a hora, como o monitoramento do sono, que não é encontrado em nenhum outro aparelho usado no dia a dia”, conta o usuário. Lucas Gabriel, estudante de 19 anos, usa, desde o começo de 2020, a versão seguinte do dispositivo, a Mi Band 4, lançada em 2019, a smartband auxília o jovem em seus exercícios físicos. “Eu uso nas minhas caminhadas matinais, fica mais fácil depois saber quantos quilômetros andei e quanto tempo gastei e assim vendo meu avanço, já que fica salvo no aplicativo.”, diz Lucas.

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O entrevistado também usa o alerta de inatividade, função que avisa quando o usuário da pulseira fica sentado por longos períodos. “Na pandemia desenvolvi problemas na coluna por ficar muito tempo sentado com a postura errada, então o uso da função da inatividade me ajudava a lembrar de levantar e, no mínimo, me alongar.”, contou o estudante. Mesmo usando de diferentes funções, Lucas aponta defeitos no wearable da Xiaomi, como a tela pequena e falhas no sensor responsável pela contagem de passos. Segundo o jovem, ao se deslocar em um automóvel, o movimento é identificado pela pulseira como o de andar, resultando em uma grande quantidade de “passos” contabilizados quando a ação não foi realmente executada. Ainda com esses problemas, ele não planeja trocar sua smartband por uma mais atual, mas não descarta adquirir futuramente um smartwatch pelo tamanho maior de tela.

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Wearables, ou tecnologias vestíveis em português, são dispositivos tecnológicos que podem ser usados como acessórios, como smartwatches e fones de ouvido.


xiaomi MI Smartband 6

SMARTBANDS São menores e mais leves Displays menores Funções limitadas Mais dependentes de um smartphone Valores mais baixos

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ara p : Capiv Whatsap IX P o a ass Alexa: P

Apple Watch Series 7

SMARTWATCHES São maiores e mais pesados Design mais próximos de um relógio comum Possui tela maior que permite visualizar mais coisas Mais espaço para sensores e mais funções São mais caros

Bruno Wendricky, estudante de 19 anos, usa há um ano o smartwatch Apple Watch Series 3, lançado em 2017, como extensão do seu smartphone, da mesma fabricante. “Como trabalho, não consigo mexer no celular toda hora, com o relógio consigo ver mensagens importantes e ligações”, disse o entrevistado, que também afirmou sentir melhora na qualidade de vida após adquirir o relógio, já que reduziu o uso do celular.

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Ao realizar atividades físicas, Bruno também utiliza seu dispositivo, monitorando, por exemplo, batimentos cardíacos e pressão arterial. Além dos sensores, a otimização do sistema de seu relógio é destacado pelo jovem: “O Apple watch tem um sistema de pontuação conforme você faz exercício e eu me sinto mais motivado em ganhar medalhas.”.

=

O usuário diz não ter planos de trocar seu gadget atual por uma versão mais recente, já que os produtos novos da mesma marca são vendidos por valores elevados. “Acho que depois da minha experiência, eu não trocaria por um mais recente da Apple. Procuraria outras marcas que pudessem oferecer mais recursos por um preço mais baixo.”, afirma o estudante.

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Os relógios mais recentes, como o Galaxy Watch 4 e a Mi Smartband 6, receberam mais funções, como o sensores que medem o nível de saturação de oxigênio, os níveis de oxigênio no sangue, a porcentagem de gordura corporal, a massa muscular, o IMC e a porcentagem de água no corpo, além de oferecerem proteção contra água e tecnologia NFC, que torna possível realizar pagamentos direto do pulso.


Com essa evolução, mais exercícios são reconhecidos por esses aparelhos, a Huawei Band 6, por exemplo, conta com 96 modos de treino.

Samsung Galaxy Watch 4

É possível dizer que esses dispositivos possuem utilidade no dia a dia de diferentes perfis, porém apenas quem pode pagar mais caro consegue desfrutar de todos os recursos existentes nos smartwatches. Sendo assim, as smartbands entram como via para introduzir o segmento de aparelhos no grupo de pessoas com condições financeiras inferiores, mas pecam ao entregar uma quantidade menor de recursos e componentes de baixa qualidade.

Huawei Band 6

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20:15 •

JORNAL 21.1

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COMENTÁRIOS Sirivalda

Muito bom, adorei as matérias!

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