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cultural e geograficamente”. Essa diversificação na sociedade faz com que surja na língua a variação linguística, ou seja, pode-se perceber que a situação (formal ou informal), o grupo social a que o falante pertence, a região e a época em que vive caracterizam o modo de um brasileiro expressar-se em português. De maneira bastante simplificada, podemos considerar a existência de três tipos gerais de variação, conforme mostra o quadro:
*MÓDULO 1*
Noções de variação linguística Introdução Em boa parte dos vestibulares atualmente, há ênfase em verificar se o candidato conhece os diferentes usos possíveis de nossa língua. Discutiremos este assunto partindo da leitura do texto abaixo.
TIPO
ASPECTO AO QUAL SE RELACIONA
Sketch - Dois homens tramando um assalto — Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o cara de chumbo. Pra arejá. — Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e pegá. — Tá com o berro aí? — Tá na mão. Aparece um guarda. — Ih, sujou. Disfarça, disfarça... O guarda passa por eles. — Discordo terminantemente. O imperativo categórico de Hegel chega a Marx diluído pela fenomenologia de Feurbach. — Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer que Kierkegaard não passa de um Kant com algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do século 18... O guarda se afasta. — O berro, tá recheado? — Tá. — Então vamlá!
Variação sociocultural
Variação geográfica Variação histórica
idade, sexo, escolaridade, condições econômicas do falante e grupo social do qual ele faz parte região em que o falante vive durante um certo tempo tempo (época) em que o falante vive
Adão Iturrusgarai. Aline. Folha de S. Paulo, 31/8/2000.
O emprego das palavras vosmecê (você) e parvoíce (besteira), que estão totalmente fora de uso hoje em dia, evidencia que o personagem realmente é mais velho (bem mais velho...) que a filha do outro personagem.
Variação sociocultural A maneira como utilizamos a linguagem (como nos expressamos) é formada no convívio com outras pessoas que fazem parte do nosso grupo social. Assim, normalmente nos expressamos de acordo com nossa formação sociocultural. Nossa linguagem será adequada ao meio em que fomos criados e à nossa classe social. É claro que, assim como existe uma certa mobilidade social no mundo em que vivemos, ao longo de nossa vida podemos incorporar modos de expressão diferentes, à medida que vamos mudando de ambiente e reconstruindo nossa história de vida. A variante social mais notável é a que existe entre pessoas de classes socioeconômicas distintas. Uma pessoa da classe A não falará como alguém da classe C. Aliás, normalmente, quanto mais elevada estiver na escala econômica, mais próxima a linguagem da pessoa estará do que conhecemos por norma culta. Isto se explica: no mundo em que vivemos, é claro que é a linguagem dos mais ricos e mais poderosos que é considerada a de maior “prestígio”..., concorda? Relacionada a esse tipo de variação está aquela que diz respeito ao grau de instrução do falante. É lógico que pessoas de classe social mais alta, do ponto de vista
VERÍSSIMO, Luís Fernando. O Estado de S. Paulo, 8/3/1998.
No texto acima, notamos que os dois ladrões conhecem tanto as diferentes formas de falar o português como as implicações que cada forma traz. Eles sabem que certas formas são mais valorizadas que outras, por isso alteram o modo de falar na presença do guarda. Há diferentes formas de usar a língua portuguesa, por isso não podemos dizer que ela é homogênea. Assim, o importante para o falante será perceber em que contexto ele deve usar cada uma de suas variantes. Em uma entrevista de emprego, por exemplo, espera-se que o falante opte por uma variante diferente daquela que ele usa para bater papo com seus amigos. A concepção moderna de língua, segundo Celso Cunha em sua Nova gramática do português contemporâneo, coloca-a “como instrumento de comunicação social, maleável e diversificado em todos os seus aspectos, meio de expressão de indivíduos que vivem em sociedades também diversificadas social, 99
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financeiro, terão mais chances de estudar e se aprimorar culturalmente, aproximando-se mais do padrão culto de linguagem. Outro tipo importante e interessante de variação linguística é aquele que aparece quando confrontamos gerações diferentes: um grupo de idosos de 60 anos não fala como um grupo de adolescentes de 16... Cada geração tem sua maneira própria de se comunicar e isso é fácil observar no dia a dia. Um importante fenômeno linguístico que aparece quando estudamos as variações entre gerações é a gíria. Cada geração adota um certo número de expressões, uma certa maneira de falar, para marcar uma diferença entre a sua e a geração anterior. Para cada situação de expressão da nossa linguagem, temos um certo nível linguístico. Ao nível que utilizamos em situações em que não nos preocupamos tanto em atingir a chamada norma culta, chamamos de nível informal; ao nível que utilizamos em situações de comunicação que exigem uma linguagem mais próxima da norma culta, chamamos de nível formal. Entre o nível formal e o informal, podemos ter vários níveis intermediários.
Variação histórica Ao ler textos escritos em português há cem anos, por exemplo, você certamente sentirá um certo estranhamento e terá uma dificuldade de compreensão e fluência maior do que teria se lesse um artigo de jornal publicado na semana passada, por exemplo. Isso acontece porque as línguas variam com o tempo. O nosso você já foi vossa mercê e vosmecê, chegando, em nossos dias, a ser ouvido como simplesmente cê. Em boa hora tornou-se embora. É fácil percebermos essas diferenças quando nos deparamos com livros cujas edições são muito antigas. O vocabulário de há cem anos não era o mesmo de hoje, a grafia de muitas palavras também não, o mesmo ocorria com a sintaxe. Variação histórica acontece porque a língua vai recebendo transformações na forma de falar, novas palavras, novas grafias e novos sentidos para palavras já existentes.
Norma culta e adequação da linguagem Variação sociocultural, portanto, é aquela que se manifesta quando o uso da língua é marcado por diferenças conforme a classe socioeconômica, o grau de instrução, a geração ou a situação de comunicação em que se encontra o falante.
Você deve ter notado, então, que a língua possui diversas variantes. Mas, ao tomarmos contato com a língua na escola, adotamos uma determinada variante que serve como referência. Essa variante-padrão, ao longo dos tempos e por diversos motivos, ficou sendo conhecida como a norma culta da língua. Norma culta da língua é a chamada variante-padrão da língua; aquela variante de maior prestígio, utilizada pelas pessoas que compõem a chamada elite da sociedade. A norma culta, tradicionalmente, acaba servindo como parâmetro e sendo adotada para o ensino da língua nas escolas, além de ser utilizada como padrão para situações formais e na comunicação escrita na sociedade. Toda língua muda com o tempo, portanto a norma culta também muda, de acordo com as modificações que ela sofre no seu uso. Convém, assim, que o falante saiba distinguir quais são as situações em que ele deve seguir essa variante-padrão daquelas em que pode usar uma variante mais popular.
Variação geográfica Pessoas de diferentes regiões falam de maneiras diferentes. A essas características próprias da fala de um determinado lugar damos o nome de regionalismos. Os regionalismos são próprios dos falares locais, dialetos e sotaques. Geralmente, pessoas de uma determinada região agrupam-se em torno de um centro populacional economicamente ou politicamente mais relevante e assumem o dialeto característico do local. Assim, um carioca irá se expressar com o r chiado característico do Rio de Janeiro, um piracicabano normalmente emitirá um r que os estudiosos conhecem por retroflexo, e assim por diante. Essas diferenças se estenderão ao vocabulário, à estrutura das frases e até aos significados das palavras. Com o passar dos anos e o avanço dos meios de comunicação sobre todo o território brasileiro, as diferenças regionais vão diminuindo cada vez mais. As redes de televisão, por exemplo, atingem todo o país com uma linguagem típica do Sudeste brasileiro, principalmente São Paulo, o que acaba contribuindo para uma uniformização dos dialetos em torno de um padrão de linguagem que aos poucos apaga as diferenças entre eles.
Outros tipos de variação linguística Além das variações linguísticas relacionadas a tempo e espaço, existem outros tipos de variação, que podem ocorrer tanto na língua-padrão quanto nas variedades não padrão da língua. As principais variações dizem respeito ao uso da língua em situações de oralidade/escrita e de formalidade/informalidade.
Variação geográfica é aquela marcada por diferenças regionais: a dimensão do Brasil permite-nos perceber diferentes sotaques, vocabulários, estruturas de frase e sentidos das palavras nas diferentes regiões.
*ATENÇÃO, ESTUDANTE!* Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO. 100
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(A) (B) (C) (D)
escolarizado proveniente de uma metrópole. sertanejo morador de uma área rural. idoso que habita uma comunidade urbana. escolarizado que habita uma comunidade do interior do país. (E) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do Sul do país.
*********** ATIVIDADES *********** .1. (UEG-GO)
.3. (ENEM-MEC) Antigamente Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença nefasta era a phtísica, feia era o gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos, lombrigas [...] ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, p. 1.184.
O texto acima está escrito em linguagem de uma época passada. Observe uma outra versão, em linguagem atual.
Folha de S. Paulo, 1/5/2007.
É correto afirmar que, na charge, (A) a linguagem dos políticos é apropriada pelos traficantes de drogas. (B) a linguagem dos traficantes de drogas é apropriada pelos políticos. (C) o contexto dos políticos é apropriado pelos traficantes de drogas. (D) o contexto dos traficantes de drogas é apropriado pelos políticos. (E) não há apropriação nem da linguagem nem do contexto.
Antigamente Acontecia o indivíduo apanhar um resfriado; ficando mal, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à farmácia para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença nefasta era a tuberculose, feia era a sífilis. Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos, vermes [...] Comparando-se esses dois textos, verifica-se que, na segunda versão, houve mudanças relativas a
.2. (ENEM-MEC)
(A) (B) (C) (D) (E)
Iscute o que tô dizendo, Seu dotô, seu coroné: De fome tão padecendo Meus fio e minha muié. Sem briga, questão nem guerra,
vocabulário. construções sintáticas. pontuação. fonética. regência verbal.
.4. (ENEM-MEC)
Meça desta grande terra
Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa
Umas tarefa pra eu!
Excelência para que seja conjurada uma calamidade que
Tenha pena do agregado
está prestes a desabar em cima da juventude feminina
Não me dêxe deserdado
do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças,
PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis e outros poemas. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2008 (fragmento).
atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o
A partir da análise da linguagem utilizada no poema, infere-se que o eu lírico revela-se como falante de uma variedade linguística específica. Esse falante, em seu grupo social, é identificado como um falante
equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos 101
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.6. (ENEM-MEC)
de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo Horizonte também já estão se constituindo outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes. Coluna Pênalti. Carta Capital, 28/4/2010.
O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro, José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então presidente da República Getúlio Vargas. As opções linguísticas de Fuzeira mostram que seu texto foi elaborado em linguagem
Veja, 7/5/1997.
Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à mão que aborda a questão das atividades linguísticas e sua relação com as modalidades oral e escrita da língua. Esse comentário deixa evidente uma posição crítica quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando ser necessário
(A) regional, adequada à troca de informações na situação apresentada. (B) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do futebol. (C) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão brasileiro comum. (D) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação. (E) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu interlocutor.
(A) implementar a fala, tendo em vista maior desenvoltura, naturalidade e segurança no uso da língua. (B) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral para a obtenção de clareza na comunicação oral e escrita. (C) dominar as diferentes variedades do registro oral da língua portuguesa para escrever com adequação, eficiência e correção. (D) empregar vocabulário adequado e usar regras da norma-padrão da língua em se tratando da modalidade escrita. (E) utilizar recursos mais expressivos e menos desgastados da variedade-padrão da língua para se expressar com alguma segurança e sucesso.
.5. (INEP-MEC) Vício na fala Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados ANDRADE, Oswald de. Obras completas. 5.ª ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 80.
.7. (ENEM-MEC) Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?
Ao explorar a emotividade da linguagem, o autor faz referência às variantes linguísticas de natureza
Cliente – Estou interessado em financiamento para compra de veículo.
(A) estilística, pois utiliza a escrita para, de certa forma, marcar uma nova época literária. (B) regional, pois há regiões em que essa variedade linguística descrita no poema é aceita como padrão oficial. (C) de registro, já que as variantes são formadas pelo processo de neologismo, típico em autores modernistas. (D) sociocultural, pois revela o conflito social entre as variantes de uma mesma língua. (E) temporal, pois marca a variação linguística de diferentes épocas.
Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de crédito. O senhor é nosso cliente?
Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do banco.
Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).
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Na representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira de falar da gerente foi alterada de repente devido
Todas sorriem. Irene prossegue: — Agradeço os elogios para o jardim, só que você vai ter de fazê-los para a Eulália, que é quem cuida das
(A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela informalidade. (B) à iniciativa do cliente em se apresentar como funcionário do banco. (C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Minas Gerais). (D) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu nome completo. (E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio.
flores. Eu sou um fracasso na jardinagem. BAGNO, M. A língua de Eulália: novela sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2003 (adaptado).
Na língua portuguesa, a escolha por “você” ou “senhor(a)” denota o grau de liberdade ou de respeito que deve haver entre os interlocutores. No diálogo apresentado acima, observa-se o emprego dessas formas. A personagem Sílvia emprega a forma “senhora” ao se referir à Irene. Na situação apresentada no texto, o emprego de “senhora” ao se referir à interlocutora ocorre porque Sílvia
.8. (ENEM-MEC) As dimensões continentais do Brasil são objeto de reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema aparece no seguinte poema:
(A) pensa que Irene é a jardineira da casa. (B) acredita que Irene gosta de todos que a visitam. (C) observa que Irene e Eulália são pessoas que vivem em área rural. (D) deseja expressar por meio de sua fala o fato de sua família conhecer Irene. (E) considera que Irene é uma pessoa mais velha, com a qual não tem intimidade.
“[...] Que importa que uns falem mole descansado Que os cariocas arranhem os erres na garganta Que os capixabas e paroaras escancarem [ as vogais? Que tem se o quinhentos réis meridional
.10. (ENEM-MEC)
Vira cinco tostões do Rio pro Norte?
A escrita é uma das formas de expressão que as pessoas utilizam para comunicar algo e tem várias finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar, descrever. Assim, o conhecimento acerca das variedades linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se necessário para que se use a língua nas mais diversas situações comunicativas.
Junto formamos este assombro de misérias e [ grandezas, Brasil, nome de vegetal! [...]” ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 6.ª ed. São Paulo: Martins Editora, 1980.
Considerando as informações acima, imagine que você está à procura de um emprego e encontrou duas empresas que precisam de novos funcionários. Uma delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao redigi-la, você
O texto poético ora reproduzido trata das diferenças brasileiras no âmbito (A) (B) (C) (D) (E)
étnico e religioso. linguístico e econômico. racial e folclórico. histórico e geográfico. literário e popular.
(A) (B) (C) (D) (E)
.9. (ENEM-MEC)
fará uso da linguagem metafórica. apresentará elementos não verbais. utilizará o registro informal. evidenciará a norma-padrão. fará uso de gírias.
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Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela
*Anotações*
chácara com Irene. — A senhora tem um jardim deslumbrante, dona Irene! — comenta Sílvia, maravilhada diante dos canteiros de rosas e hortênsias. — Para começar, deixe o “senhora” de lado e esqueça o “dona” também — diz Irene, sorrindo. — Já é um custo aguentar a Vera me chamando de “tia” o tempo todo. Meu nome é Irene. 103
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Em que tipo de variação linguística o autor se apoia para criar as situações humorísticas apresentadas nesse diálogo? Justifique sua resposta.
.11. (ENEM-MEC)
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Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro informal, ou coloquial, da linguagem.
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(A) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!” (B) “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus chifres cairão!” (C) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a atravessar a rua...” (D) “... e ela me deu um anel mágico que me levou a um tesouro” (E) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a Etiópia, onde um dragão...”
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.13. (UFMA)
.12. (UNICAMP-SP) O trecho abaixo foi extraído de uma crônica em que mãe e filho conversam sobre o presente que ele pretendia lhe dar no Dia das Mães. [...] — Posso escolher meu presente do Dia das Mães, meu fofinho? — Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai ver. Compro um barato. — Barato? Admito que você compre uma lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É fazer pouco-caso de mim. — lh, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não sabe que barato é o melhor que tem, é um barato! — Deixe eu escolher, deixe... — Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado que a senhora me deu no Natal! — Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe lhe deu um blazer furado? — Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já era, mãe, já era! [...]
Folha de S. Paulo, 12/4/2003.
Considerando a fala dos interlocutores, pode-se concluir que (A) o uso de “excelência” denota desrespeito, pois o depoente não reconhece no deputado uma autoridade. (B) o efeito humorístico é provocado pela passagem brusca da linguagem formal para a informal. (C) o uso da linguagem formal e da informal evidencia a classe social a que pertencem as personagens. (D) a linguagem empregada no texto serve apenas para compor as imagens do deputado e do depoente. (E) o pronome “seu” foi usado pelo depoente como sinal de respeito para com o parlamentar ilustre.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.
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disponível para mais de 600 milhões de pessoas em vários pontos do planeta, e em particular em algumas regiões da África.
.14. (ENEM-MEC) Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita, que, a depender do estrato social e do nível de escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até mesmo em falantes que dominam a variedade-padrão, pois, na verdade, revelam tendências existentes na língua em seu processo de mudança que não podem ser bloqueadas em nome de um “ideal linguístico” que estaria representado pelas regras da gramática normativa. Usos como ter por haver em construções existenciais (tem muitos livros na estante), o do pronome objeto na posição de sujeito (para mim fazer o trabalho), a não concordância das passivas com se (aluga-se casas) são indícios da existência, não de uma norma única, mas de uma pluralidade de normas, entendida, mais uma vez, norma como conjunto de hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor.
O melhor do Globo Rural, fev. 2005 (fragmento).
De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de nomes para a Manihot utilissima, nome científico da mandioca. Esse fenômeno revela que (A) existem variedades regionais para nomear uma mesma espécie de planta. (B) mandioca é nome específico para a espécie existente na região amazônica. (C) “pão-de-pobre” é designação específica para a planta da região amazônica. (D) os nomes designam espécies diferentes da planta, conforme a região. (E) a planta é nomeada conforme as particularidades que apresenta.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).
.16. (ENEM-MEC) Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de usos que configuram uma norma nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa questão, que opõe não só as normas do português de Portugal às normas do português brasileiro, mas também as chamadas normas cultas locais às populares ou vernáculas, deve-se insistir na ideia de que essas normas se consolidaram em diferentes momentos da nossa história e que só a partir do século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em consequência de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios.
Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da multiplicidade do discurso, verifica-se que (A) estudantes que não conhecem as diferenças entre língua escrita e língua falada empregam, indistintamente, usos aceitos na conversa com amigos quando vão elaborar um texto escrito. (B) falantes que dominam a variedade-padrão do português do Brasil demonstram usos que confirmam a diferença entre a norma idealizada e a efetivamente praticada, mesmo por falantes mais escolarizados. (C) moradores de diversas regiões do país que enfrentam dificuldades ao se expressar na escrita revelam a constante modificação das regras de emprego de pronomes e os casos especiais de concordância. (D) pessoas que se julgam no direito de contrariar a gramática ensinada na escola gostam de apresentar usos não aceitos socialmente para esconderem seu desconhecimento da norma-padrão. (E) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da língua portuguesa empregam formas do verbo ter quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo haver, contrariando as regras gramaticais.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).
O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para a
.15. (ENEM-MEC) MANDIOCA — mais um presente da Amazônia
(A) desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta. (B) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII. (C) existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal. (D) inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país. (E) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser aceitos.
Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As designações da Manihot utilissima podem variar de região, no Brasil, mas uma delas deve ser levada em conta em todo o território nacional: pão-de-pobre — e por motivos óbvios. Rica em fécula, a mandioca — uma planta rústica e nativa da Amazônia disseminada no mundo inteiro, especialmente pelos colonizadores portugueses — é a base de sustento de muitos brasileiros e o único alimento 105
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Como qualquer outra variedade linguística, a norma-padrão tem suas especificidades. No texto, observam-se marcas da norma-padrão que são determinadas pelo veículo em que ele circula, que é a revista Língua Portuguesa. Entre essas marcas, evidencia-se
.17. (ENEM-MEC)
(A) a obediência às normas gramaticais, como a concordância em “um gênero que invade as livrarias”. (B) a presença de vocabulário arcaico, como em “há de ter alguma grandeza natural”. (C) o predomínio de linguagem figurada, como em “um viço qualquer que o destaque”. (D) o emprego de expressões regionais, como em “tem essa pegada”. (E) o uso de termos técnicos, como em “grandes títulos do gênero infantil”.
.19. (ENEM-MEC) Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el — carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o I pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.
Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 27/4/2010.
Calvin apresenta a Haroldo (seu tigre de estimação) sua escultura na neve, fazendo uso de uma linguagem especializada. Os quadrinhos rompem com a expectativa do leitor, porque (A) Calvin, na sua última fala, emprega um registro formal e adequado para a expressão de uma criança. (B) Haroldo, no último quadrinho, apropria-se do registro Iinguístico usado por Calvin na apresentação de sua obra de arte. (C) Calvin emprega um registro de linguagem incompatível com a linguagem de quadrinhos. (D) Calvin, no último quadrinho, utiliza um registro linguístico informal. (E) Haroldo não compreende o que Calvin lhe explica, em razão do registro formal utilizado por este último.
QUEIROZ, Raquel de. O Estado de S. Paulo, 9/5/1998 (fragmento adaptado).
Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se
.18. (ENEM-MEC)
(A) (B) (C) (D) (E)
Maurício e o leão chamado Millôr Livro de Flavia Maria ilustrado por cartunista nasce como um dos grandes títulos do gênero infantil Um livro infantil ilustrado por Millôr há de ter alguma grandeza natural, um viço qualquer que o destaque de um gênero que invade as livrarias (2 mil títulos novos, todo ano) nem sempre com qualidade. Uma pegada que o afaste do risco de fazer sombra ao fato de ser ilustrado por Millôr: Maurício – O Leão de Menino (CosacNaify, 24 páginas, R$ 35), de Flavia Maria, tem essa pegada.
na fonologia. no uso do léxico. no grau de formalidade. na organização sintática. na estruturação morfológica.
________________________________________________ *Anotações*
Disponível em: http://www.revistalingua.com.br. Acesso em: 30/4/2010 (fragmento).
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.3. (EDM-SP)
Literatura – Linguagem e contexto
Leia uma declaração do fotógrafo suíço Robert Frank, que percorreu a Rota 66 registrando imagens da paisagem americana.
A linguagem da literatura
*********** ATIVIDADES ***********
Quando as pessoas olham as minhas fotos, eu quero que elas se sintam como quando desejam reler um verso de um poema.
Leitura da imagem .1. (EDM-SP) Observe a fotografia.
Observe mais uma vez a foto da abertura. Se ela fosse vista como um “verso de um poema”, sobre o que falaria esse verso? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________
Da imagem para o texto .4. (EDM-SP) Vamos ver como a literatura explora possibilidades da linguagem. Leia um trecho de On the road, de Jack Kerouac.
A viagem Cena 1 Num piscar de olhos estávamos de volta à estrada principal e naquela noite vi todo o estado de Nebraska desenrolando-se diante dos meus olhos. Cento e setenta quilômetros por hora, direto sem escalas, cidades adormecidas, tráfego nenhum, um trem da Union Pacific deixado para trás, ao luar. Eu não estava nem um pouco assustado aquela noite; me parecia algo perfeitamente normal voar a 170, conversando e observando todas as cidades do Nebraska — Ogallala, Gothenburg, Kearney, Grand Island, Columbus — se sucederem com uma rapidez onírica* enquanto seguíamos viagem. Era um carro magnífico; portava-se na estrada como um navio no oceano. Longas curvas graduais eram o seu forte. “Ah, homem, essa barca é um sonho”, suspirava Dean. “Pense no que poderíamos fazer se tivéssemos um carro assim. [...] Curtiríamos o mundo inteiro num carro como esse, você e eu, Sal, porque, na verdade, a estrada finalmente deve conduzir a todos os cantos do mundo. Não pode levar a outro lugar, certo? [...]”
DICK REED/CORBIS – LATINSTOCK
Rota 66, a lendária estrada norte-americana que ligava Chicago a Los Angeles tornou-se símbolo de aventura e liberdade
Faça uma breve descrição dos elementos presentes na imagem. ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________
.2. (EDM-SP) A posição em que a foto foi tirada chama a nossa atenção para a estrada. Que efeito o fotógrafo pode ter pretendido desencadear no espectador ao optar por essa tomada?
* onírica: relativa aos sonhos.
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Cena 2
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“Qual é a sua estrada, homem? — a estrada do místico, a estrada do louco, a estrada do arco-íris, a estrada dos peixes, qualquer estrada... Há sempre uma estrada em qualquer lugar, para qualquer pessoa, em qualquer circunstância. Como, onde, por quê?”
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Concordamos gravemente, sob a chuva. “[...] Decidi abrir mão de tudo. Você me viu quebrar a cara tentando de tudo, me sacrificando e você sabe que isso não importa; nós sacamos a vida, Sal — sabemos como domá-la, e sabemos que o negócio é continuar no caminho, pegando leve, curtindo o que pintar da velha maneira tradicional. Afinal, de que outra maneira poderíamos curtir? Nós sabemos disso.” Suspirávamos sob a chuva. [...] “E assim”, disse Dean, “vou seguindo a vida para onde ela me levar. [...]”
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.7. (EDM-SP) a) Identifique, na cena 2, uma passagem que permite associar o comportamento das personagens a valores próprios da juventude. ___________________________________________________
KEROUAC, Jack. On the road (Pé na estrada). Tradução de Eduardo Bueno. Porto Alegre: L&PM, 2004, p. 281-2; 305-6 (fragmento).
a)
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Que elementos, presentes na cena 1, asseguram ao leitor tratar-se da história de uma viagem?
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b) Explique por que ela transmite valores associados à juventude.
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b)
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Identifique no texto as passagens que revelam ser essa viagem a concretização de um desejo típico da juventude: a busca da liberdade.
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.8. (EDM-SP)
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a)
Como Dean resume sua filosofia de vida?
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.5. (EDM-SP) No trecho a seguir, explique de que maneira a pontuação contribui para dar ao leitor a sensação de velocidade do carro em que viajam Sal e Dean.
b)
Cento e setenta quilômetros por hora, direto sem escalas, cidades adormecidas, tráfego nenhum, um trem da Union Pacific deixado para trás, ao luar.
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O que ela sugere, em termos de comportamento?
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Jack Kerouac tornou-se o ídolo de sua geração quando o romance On the road foi publicado em 1957. A viagem de dois amigos, Sal Paradise e Dean Moriarty, pelos Estados Unidos, boa parte feita na Rota 66, estrada que liga Chicago a Los Angeles, traduziu a visão de mundo de uma juventude que decidiu questionar os valores com os quais tinha sido criada.
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.6. (EDM-SP) Logo no início da cena 2, Dean pergunta a Sal: “Qual é a sua estrada, homem?”. O que ele quer dizer com isso? Que sentido atribui ao termo “estrada”?
KEYSTONE / GLOBO.COM
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A essência da arte literária está na palavra. Usada por escritores e poetas em todo o seu potencial significativo e sonoro, a palavra estabelece uma interessante relação entre um autor e seus leitores/ouvintes. “Ah, homem, essa barca é um sonho”, afirma Dean no texto de Jack Kerouac. Para compreender a imagem criada pela personagem, nós precisamos realizar uma série de decodificações. Sabemos que Dean e Sal viajam de carro; sabemos que uma “barca” não trafega em estradas. Com essas informações, procuramos reconstruir o sentido da comparação implícita que está na base da imagem criada: o carro em que viajam é tão grande e confortável que parece uma barca. Em seguida, reconhecemos que a afirmação de que o carro “é um sonho” também foi criada a partir de outra comparação entre nossos sonhos e todas as coisas que desejamos muito. Reconstituída a comparação original, podemos interpretar que Dean quer dizer que aquele é um carro maravilhoso, objeto de desejo e fantasia dos dois jovens. No texto de Kerouac, palavras como barca e sonho foram usadas em sentido conotativo (ou figurado), aquele que as palavras e expressões adquirem em um dado contexto, quando o seu sentido literal é modificado. Nos textos literários, predomina o sentido conotativo. A linguagem conotativa é característica de textos com função estética, ou seja, que exploram diferentes recursos linguísticos e estilísticos para produzir um efeito artístico.
Em textos não literários, o que predomina é o sentido denotativo (ou literal). Dizemos que uma palavra foi utilizada em sentido literal quando é tomada em seu significado “básico”, que pode ser apreendido sem ajuda do contexto. A linguagem denotativa é típica de textos com função utilitária, ou seja, que têm como finalidade predominante satisfazer a alguma necessidade específica, como informar, argumentar, convencer, etc. O trabalho com o sentido conotativo ou figurado é uma característica essencial da linguagem literária. Quando a literatura explora a conotação, como no fragmento de On the road, estabelece-se uma interessante relação entre leitor e texto. Ao ler um romance ou um poema ou ao ouvir uma história, o leitor/ouvinte precisa reconhecer o significado das palavras e reconstruir os mundos ficcionais que elas descrevem. O leitor/ouvinte desempenha, portanto, um papel ativo, já que também cria, em sua imaginação, mundos ficcionais correspondentes àqueles propostos nos textos ou vive, na fantasia, experiências semelhantes às descritas.
Recursos expressivos Dá-se o nome de figuras de linguagem aos recursos utilizados com o fim de tornar mais expressiva a linguagem. As figuras de linguagem compreendem:
as figuras de palavra (ou tropos); as figuras de sintaxe (ou de construção); as figuras de pensamento; e as figuras de harmonia (ou sonoras).
Intertextualidade Quantas vezes, ao ler um texto ou ver uma determinada propaganda, você tem a sensação de já ter visto o texto em algum lugar? Quer ver só? No início de sua produção poética, Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema que viria a torná-lo muito conhecido. O “sucesso” do poema foi provocado, no início, pelo estranhamento por ele causado. Você certamente já teve oportunidade de lê-lo.
No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra.
Época, 9/6/2008, p. 87.
Na expressão monstros sagrados, a palavra monstros apresenta sentido figurado, ou seja, conotativo
(Carlos Drummond de Andrade)
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Mas,
por
que
estamos
falando
de
poesia
e
Literatura brasileira
Drummond, em uma seção destinada à apresentação do conceito de intertextualidade? Porque muitos são os textos que recuperam a imagem da “pedra” drummondiana. Observe, por exemplo, a seguir, um
duas grandes eras, que acompanham a evolução política
anúncio publicitário veiculado para a divulgação de um projeto de educação ambiental, patrocinado pela
corresponde à emancipação política do Brasil. As eras
A literatura brasileira tem sua história dividida em e econômica do país: a Era Colonial e a Era Nacional, separadas
por
um
Período
de
Transição,
que
apresentam subdivisões chamadas de escolas literárias
empresa de turismo Soletur e orientado pelo Ibama. Não é preciso, lido o anúncio, dizer por que o escolhemos. A intertextualidade é evidente, pois a
ou estilos de época. Dessa forma, temos:
referência ao poema de Drummond é óbvia! Intertextualidade é a relação que se estabelece entre dois textos, quando um deles faz referência a elementos
Quinhentismo (de 1500 a 1601)
Era Colonial (de 1500 a 1808)
existentes no outro. Esses elementos podem dizer respeito ao conteúdo, à forma, ou mesmo à forma e ao conteúdo.
Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768) Setecentismo ou Arcadismo (de 1768 a 1808)
Período de Transição
(de 1808 a 1836)
Romantismo (de 1836 a 1881)
A propaganda vale-se do recurso da intertextualidade
Realismo/Naturalismo (de 1881 a 1893) Era Nacional (de 1836 até nossos dias)
para indicar a poluição das praias. O trecho intertextual é: “No meio do caminho tinha uma pedra...”. No poema, a “pedra no meio do caminho” são os obstáculos, as dificuldades, os problemas. A propaganda faz uso do termo em seu sentido literal (rocha). Isso pode ser percebido pela enumeração das outras “coisas” no meio do caminho (uma ponta de cigarro, uma lata, um saco plástico, cacos de vidro) que evidenciam a poluição das praias pelos banhistas.
Parnasianismo (de 1882 a 1893) Simbolismo (de 1893 a 1902) Pré-Modernismo (de 1902 a 1922) Modernismo (de 1922 a 1945) Pós-Modernismo (de 1945 até nossos dias)
As datas que indicam o início e o fim de cada época têm de ser entendidas apenas como marcos. Toda época apresenta um período de ascensão, um ponto máximo e um período de decadência (que coincide com o período de ascensão da próxima época). Dessa forma podemos perceber, ao final do Arcadismo, um período de Pré-Romantismo; ao final do Romantismo, um Pré-Realismo, e assim por diante. De todos esses momentos de transição,
caracterizados
pela
quebra
das
velhas
estruturas (apesar de “o novo sempre pagar tributo ao velho”), o mais significativo para a literatura brasileira foi o Pré-Modernismo (entre 1902 e 1922), em que se destacaram Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos.
Estilo de época A constatação de traços comuns na produção de uma
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mesma época identifica um estilo de época. O estudo da literatura depende do reconhecimento dos padrões e das semelhanças que constituem um estilo de época.
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O uso particular que um escritor ou poeta faz dos
*Anotações*
elementos que distinguem uma estética define o estilo individual de um autor, sempre marcado pelo olhar específico que dirige aos temas característicos de um período e pelo uso singular que faz dos recursos de linguagem associados a uma determinada estética literária. 110
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As questões 9 e 10 referem-se ao poema.
Textos para as questões 11 e 12.
A dança e a alma
Texto 1 – Autorretrato
A DANÇA? Não é movimento, súbito gesto musical. É concentração, num momento, da humana graça natural.
Provinciano que nunca soube Escolher bem uma gravata; Pernambucano a quem repugna A faca do pernambucano; Poeta ruim que na arte da prosa Envelheceu na infância da arte,
No solo não, no éter pairamos, nele amaríamos ficar. A dança — não vento nos ramos: seiva, força, perene estar.
E até mesmo escrevendo crônicas Ficou cronista de província; Arquiteto falhado, músico Falhado (engoliu um dia Um piano, mas o teclado
Um estar entre céu e chão, novo domínio conquistado, onde busque nossa paixão libertar-se por todo lado...
Ficou de fora); sem família, Religião ou filosofia; Mal tendo a inquietação de espírito Que vem do sobrenatural, E em matéria de profissão Um tísico* profissional.
Onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas sem fugir à forma do ser, por sobre o mistério das fábulas.
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983, p. 395.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, p. 366.
* tísico: tuberculoso.
.9. (ENEM-MEC) A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais se aproxima do que está expresso no poema é
Texto 2 – Poema de sete faces Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
(A) a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e afirmação do homem em todos os momentos de sua existência. (B) a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites físicos, possibilitando ao homem a liberação de seu espírito. (C) a manifestação do ser humano, formada por uma sequência de gestos, passos e movimentos desconcertados. (D) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos, cantos, emoções, etc. (E) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do indivíduo e, por consequência, ao seu desenvolvimento intelectual e à sua cultura.
As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. [...] Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo mais vasto é o meu coração.
.10. (ENEM-MEC)
ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, p. 53.
O poema “A dança e a alma” é construído com base em contrastes, como “movimento” e “concentração”. Em uma das estrofes, o termo que estabelece contraste com solo é (A) (B) (C) (D) (E)
.11. (ENEM-MEC) Esses poemas têm em comum o fato de (A) (B) (C) (D) (E)
éter. seiva. chão. paixão. ser. 111
descreverem aspectos físicos dos próprios autores. refletirem um sentimento pessimista. terem a doença como tema. narrarem a vida dos autores desde o nascimento. defenderem crenças religiosas.
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escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto.
.12. (ENEM-MEC) No verso “Meu Deus, por que me abandonaste”, do texto 2, Drummond retoma as palavras de Cristo, na cruz, pouco antes de morrer. Esse recurso de repetir palavras de outrem equivale a (A) (B) (C) (D) (E)
emprego de termos moralizantes. uso de vício de linguagem pouco tolerado. repetição desnecessária de ideias. emprego estilístico da fala de outra pessoa. uso de uma pergunta sem resposta.
VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.
.13. (ENEM-MEC) Cidade grande
Nesse texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura,
Que beleza, Montes Claros. Como cresceu Montes Claros. Quanta indústria em Montes Claros. Montes Claros cresceu tanto, ficou urbe tão notória, prima-rica do Rio de Janeiro, que já tem cinco favelas por enquanto, e mais promete.
(A) (B) (C) (D) (E)
criar a fantasia. permitir o sonho. denunciar o real. criar o belo. fugir da náusea.
.15. (ENEM-MEC) Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um exemplo:
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a (A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem. (B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos. (C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica. (D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo. (E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.
Jornal do Commercio, 22/8/1993.
O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é:
.14. (ENEM-MEC) Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor.
(A) Descansem o meu leito solitário Na floresta dos homens esquecida, À sombra de uma cruz, e escrevam nela — Foi poeta — sonhou — e amou na vida.
Lembro-me de que certa noite — eu teria uns quatorze anos, quando muito — encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam “carneado”. [...] Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? [...] Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o
AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL,1971.
(B) Essa cova em que estás Com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida. É de bom tamanho, Nem largo nem fundo, É a parte que te cabe deste latifúndio. MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967.
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(C) Medir é a medida mede A terra, medo do homem, a lavra; lavra duro campo, muito cerco, vária várzea.
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por (A) (B) (C) (D) (E)
CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo: Summums, 1978.
(D) Vou contar para vocês um caso que sucedeu na Paraíba do Norte com um homem que se chamava Pedro João Boa-Morte, lavrador de Chapadinha: talvez tenha morte boa porque vida ele não tinha.
reiteração de imagens. oposição de ideias. falta de criatividade. negação dos versos. ausência de recursos.
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GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.
(E) Trago-te flores, — restos arrancados Da terra que nos viu passar E ora mortos nos deixa e separados. ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986.
.16. (ENEM-MEC) Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os seguintes textos: I.
Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964.
II.
Quando nasci veio um anjo safado O chato dum querubim E decretou que eu tava predestinado A ser errado assim Já de saída a minha estrada entortou Mas vou até o fim. BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo: Cia. das Letras, 1989.
III.
Quando nasci um anjo esbelto Desses que tocam trombeta, anunciou: Vai carregar bandeira. Carga muito pesada pra mulher Esta espécie ainda envergonhada. PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
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Municipal de Engenharia Civil telefonou, informando ao jornal que a causa do tombo não deveria ser atribuída ao estado da faixa de pedestres. Além disso, como o Comitê de Defesa das Faixas para Pedestres estava prestes a concluir seu relatório, após seis anos de trabalho, perguntava se seria possível — para evitar possíveis consequências políticas — não fazer qualquer alusão a tais passagens nos próximos meses. A notícia foi revista e, na manhã seguinte, apareceu com o seguinte texto: Uma mulher caiu na
*MÓDULO 2*
A interpretação de textos Introdução Um dos tópicos mais cobrados nos vestibulares nos últimos anos é a interpretação de textos, que será o tema desta seção.
Acho a televisão muito educativa. Toda vez que alguém liga a TV, vou para o outro quarto e leio um livro.
rua e quebrou a perna. No dia seguinte, os editores receberam apenas duas cartas a respeito. Uma, indignada, era da Associação Não Lucrativa dos Direitos das Mulheres, cuja porta-voz repudiava “vivamente e em definitivo” o texto discriminatório uma mulher caiu, o qual evocava uma associação infeliz com “mulheres caídas” e constituía uma prova de que “mais uma vez, neste mundo dominado pelo homem, a imagem da mulher estava sendo manipulada da maneira mais pérfida e chauvinista!” A carta ameaçava com um processo judicial, boicote e outras medidas. A outra reação veio de um leitor que cancelava sua assinatura, alegando o número cada vez maior de notícias triviais e sem interesse.
Groucho Marx (1890-1977), comediante norte-americano HULTON ARCHIVE / GETTY IMAGES
BRISTOL, Brian. Por que amamos ler? – Grandes escritores tentam explicar nosso fascínio pela leitura. São Paulo: Novo Conceito, 2008.
Ler um texto não é difícil quando se domina uma língua, mas compreendê-lo não é tão simples assim. Cada leitor, de acordo com a sua história de leitura, ou seja, de acordo com os textos que já tenha lido, sua vivência no mundo, sua formação cultural etc., terá uma forma de encarar um texto e de compreendê-lo. Vejamos um exemplo:
Seleções do Reader's Digest. Tomo XXXVI, n.° 217. Junho de 1989, p. 109 e 110, apud I. Koch, Coerência textual. São Paulo, Contexto, 1997.
Não tem jeito mesmo... Note que, neste caso, o texto foi compreendido de maneira diferente pelos leitores. Cada um, a partir de sua visão de mundo e de seu posicionamento neste, chegou a um sentido diferente para o mesmo texto. Mas, embora haja, então, a influência do conhecimento de mundo e do posicionamento dentro deste na compreensão de um texto, ler com compreensão também se pode aprender se prestarmos atenção a alguns pontos, dos quais trataremos nesta seção. Infelizmente, não é possível esgotar o assunto, uma vez que mesmo os estudiosos da leitura ainda não conseguiram determinar todos os tópicos que serão necessários à aprendizagem da leitura.
“Trinta palavras no máximo; não há espaço para mais”, disse o chefe da redação ao jornalista. Por isso, a notícia que apareceu no jornal foi:
Uma mulher escorregou numa casca de banana, numa faixa de pedestres da Banhofstrasse. Foi imediatamente transportada para a clínica da universidade, onde lhe foi diagnosticada uma perna quebrada. A primeira reação surgiu imediatamente, numa carta registrada em que um importador de bananas escrevia: “Protestamos veementemente contra o descrédito dado ao nosso produto. Considerando que, nos últimos meses, vocês publicaram pelo menos 14 comentários negativos sobre os países produtores de bananas, não podemos deixar de inferir uma intenção de difamação deliberada de sua parte.” Por sua vez, o diretor da clínica da universidade também se pronunciou, alegando que a expressão “foi transportada” poderia significar “o transporte de seres humanos como se tratasse de carga”, o que contrariava totalmente os hábitos de seu hospital. “Além disso”, salientou, “posso provar que a fratura da perna resultou da queda e não, como foi sugerido com intenção malévola, do transporte para o hospital”. Para finalizar, um membro do Departamento
O conhecimento de mundo e a leitura O nosso conhecimento de mundo nos permite relacionar o assunto de um texto com coisas do mundo, mas também nos permite perceber se a forma de um texto é igual à de outro, se um texto retoma um outro, se uma informação foi corretamente apresentada ou não. À medida que vamos lendo, vamos aprendendo a nos deter em determinados trechos ou passar mais rápido por outros, de acordo com o nosso principal objetivo de leitura, mas também conforme consigamos construir mais facilmente ou não o sentido do texto. 114
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Dessa forma, constatamos que o conhecimento de mundo vai nos ajudar a compreender o texto bem escrito e até a inferir o significado correto de textos mal escritos. Assim, se o conhecimento pode ajudar tanto na compreensão de um texto, o melhor a fazer é procurar ampliá-lo cada vez mais, lendo muito diferentes tipos de textos e sobre diferentes assuntos. Além disso, nessas leituras, é bastante importante prestar atenção ao gênero de texto e à sua estrutura, aos objetivos do texto e à linguagem empregada.
Na finalização das duas notícias encontramos outro ponto de confronto:
“O governo israelense já estuda uma ‘resposta’ aos terroristas.” (O Estado de S. Paulo) “O governo israelense, porém, aprovou uma reação militar.” (Folha de S. Paulo) Os predicados de ambos os períodos trazem ideias bem diferentes. Enquanto a Folha afirma a reação militar por meio do verbo “aprovou”, o jornal O Estado de S. Paulo diz que o governo israelense estaria pensando sobre isso, como nos sugere o verbo “estuda”. Você deve estar se perguntando: se a intenção dos dois jornais é informar, por que tantas diferenças de linguagem que levam a diferenças de sentido? Porque cada jornal é produzido por homens diferentes que têm visões/conhecimentos de mundo/interesses diferentes uns dos outros, e isso acaba refletindo na linguagem que empregam, mesmo quando tentam buscar a neutralidade e a imparcialidade. Daí a necessidade de estar bem atento à linguagem para que você perceba não só o assunto que é tratado em um texto, mas também o modo como este foi apresentado e consiga, assim, perceber a intencionalidade que subjaz a cada texto. Lendo com atenção, veremos que em todos os textos, quando bem escritos, a linguagem serve — mais do que para falar de um assunto — para mostrar também como o autor se relaciona com tal assunto e como imagina atingir o leitor.
O gênero de texto e a sua estrutura Conhecer, pelo menos um pouco, o gênero de texto que se está lendo pode ajudar bastante na sua compreensão. Afinal, se estamos lendo um editorial de um jornal e sabemos que este é um gênero de texto em que se defende a posição do jornal sobre um determinado tema, constataremos a necessidade de ficarmos atentos aos pontos de vista e argumentos que serão apresentados. Mas se estivermos diante de um trecho de um manual para instalação de videocassete, teremos outra preocupação; o mesmo ocorrerá se o texto for um e-mail de um amigo, uma piada, um poema ou um conto. Note que cada gênero, dada a sua estrutura e o conjunto de elementos que o compõem, impõe ao leitor um certo olhar.
A linguagem Além do gênero de texto, é importante estarmos atentos também à linguagem empregada em cada texto e aos efeitos de sentido que ela pode produzir, isto é: em um bom texto, a escolha das palavras, das construções sintáticas, do tamanho dos parágrafos etc. costuma contribuir para expressar o sentido “desejado” pelo autor. Fica bem visível tal ideia quando comparamos textos sobre um mesmo assunto publicados por jornais diferentes. Vejamos dois trechos retirados de notícias publicadas pela Folha de S. Paulo e pelo O Estado de S. Paulo a respeito de um atentado ocorrido em Israel e de seus possíveis autores:
*ATENÇÃO, ESTUDANTE!* Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
*********** ATIVIDADES *********** .1. (ENEM-MEC) Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: — Zé-Zim, por que é que você não cria galinhas-d’angola, como todo o mundo faz? — Quero criar nada não... — me deu resposta: — Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe, quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.
“O grupo islâmico Hamas assumiu o atentado e divulgou foto e nome do suicida.” (O Estado de S. Paulo) “O grupo extremista Hamas reivindicou a autoria do atentado, o pior desde julho.” (Folha de S. Paulo) Reflita sobre as diferenças de escolha de vocabulário: “grupo islâmico” X “grupo extremista”; “assumiu o atentado” X “reivindicou a autoria do atentado”. Estão os dois jornais falando exatamente a mesma coisa? Parece que não! Há ainda a informação a mais que cada jornal trouxe: o jornal O Estado de S. Paulo reforçou a assunção do atentado pelo grupo ao dizer que ele até mostrou foto e nome do suicida; enquanto a Folha qualificou a intensidade do atentado relacionando-o a anteriores, uma vez que mostrou que este foi “o pior desde julho”, deixando subentendida a ideia de que antes houve outros piores.
ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1995 (fragmento).
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também
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Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de dependência entre agregados e fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o personagem-narrador
.3. (ENEM-MEC) O hipertexto refere-se à escritura eletrônica não sequencial e não linear, que se bifurca e permite ao leitor o acesso a um número praticamente ilimitado de outros textos a partir de escolhas locais e sucessivas, em tempo real. Assim, o leitor tem condições de definir interativamente o fluxo de sua leitura a partir de assuntos tratados no texto sem se prender a uma sequência fixa ou a tópicos estabelecidos por um autor. Trata-se de uma forma de estruturação textual que faz do leitor simultaneamente coautor do texto final. O hipertexto se caracteriza, pois, como um processo de escritura/leitura eletrônica multilinearizado, multissequencial e indeterminado, realizado em um novo espaço de escrita. Assim, ao permitir vários níveis de tratamento de um tema, o hipertexto oferece a possibilidade de múltiplos graus de profundidade simultaneamente, já que não tem sequência definida, mas liga textos não necessariamente correlacionados.
(A) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de trabalho. (B) descreve o processo de transformação de um meeiro — espécie de agregado — em proprietário de terra. (C) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho da terra. (D) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente. (E) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de terras.
MARCUSCHI, L. A. Disponível em: http://www.pucsp.br. Acesso em: 29/6/2011.
.2. (ENEM-MEC) A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a chegada da mídia eletrônica me lembra a discussão idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez não existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas, mesmo que isso aconteça, os poemas de Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos continuarão sendo publicados e lidos — em CD-ROM, em livro eletrônico, em “chips quânticos”, sei lá o quê. O texto é uma espécie de alma imortal, capaz de reencarnar em corpos variados: página impressa, livro em braile, folheto, “coffee-table book”, cópia manuscrita, arquivo PDF... Qualquer texto pode se reencarnar nesses (e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou Viagem a São Saruê, se é Macbeth ou O livro de piadas de Casseta & Planeta.
O computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e o hipertexto pode ser considerado como um novo espaço de escrita e leitura. Definido como um conjunto de blocos autônomos de texto, apresentado em meio eletrônico computadorizado e no qual há remissões associando entre si diversos elementos, o hipertexto (A) é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos totalmente abertos, desfavorece o leitor, ao confundir os conceitos cristalizados tradicionalmente. (B) é uma forma artificial de produção da escrita, que, ao desviar o foco da leitura, pode ter como consequência o menosprezo pela escrita tradicional. (C) exige do leitor um maior grau de conhecimentos prévios, por isso deve ser evitado pelos estudantes nas suas pesquisas escolares. (D) facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação específica, segura e verdadeira, em qualquer site de busca ou blog oferecidos na internet. (E) possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de leitura, sem seguir sequência predeterminada, constituindo-se em atividade mais coletiva e colaborativa.
TAVARES, Bráulio. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com. Acesso em: 13/2/2011.
Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o surgimento de outros suportes em via eletrônica, o cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que (A) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avanço da tecnologia. (B) o livro impresso permanecerá como objeto cultural veiculador de impressões e de valores culturais. (C) o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do prazer de se ler textos em livros e suportes impressos. (D) os textos continuarão vivos e passíveis de reprodução em novas tecnologias, mesmo que os livros desapareçam. (E) os livros impressos desaparecerão e, com eles, a possibilidade de se ler obras literárias dos mais diversos gêneros.
________________________________________________ *Anotações*
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além da formação de gangues, que se apropriam de gestos das lutas, resultando, muitas vezes, em fatalidades. Portanto, o verdadeiro objetivo da aprendizagem desses movimentos foi mal compreendido, afinal as lutas
.4. (ENEM-MEC)
(A) se tornaram um esporte, mas eram praticadas com o objetivo guerreiro a fim de garantir a sobrevivência. (B) apresentam a possibilidade de desenvolver o autocontrole, o respeito ao outro e a formação do caráter. (C) possuem como objetivo principal a “defesa pessoal” por meio de golpes agressivos sobre o adversário. (D) sofreram transformações em seus princípios filosóficos em razão de sua disseminação pelo mundo. (E) se disseminaram pela necessidade de luta pela sobrevivência ou como filosofia pessoal de vida.
IMODESTO “As colunas do Alvorada podiam ser mais fáceis de construir, sem aquelas curvas. Mas foram elas que o mundo inteiro copiou” Brasília 50 anos. Veja, n.º 2.138, nov. 2009.
Utilizadas desde a Antiguidade, as colunas, elementos verticais de sustentação, foram sofrendo modificações e incorporando novos materiais com ampliação de possibilidades. Ainda que as clássicas colunas gregas sejam retomadas, notáveis inovações são percebidas, por exemplo, nas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 1907. No desenho de Niemeyer, das colunas do Palácio da Alvorada, observa-se
.6. (ENEM-MEC) O tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes filósofos ao longo dos tempos. Um dos melhores livros sobre o assunto foi escrito pelo pensador e orador romano Cícero: A Arte do Envelhecimento. Cícero nota, primeiramente, que todas as idades têm seus encantos e suas dificuldades. E depois aponta para um paradoxo da humanidade. Todos sonhamos ter uma vida longa, o que significa viver muitos anos. Quando realizamos a meta, em vez de celebrar o feito, nos atiramos a um estado de melancolia e amargura. Ler as palavras de Cícero sobre envelhecimento pode ajudar a aceitar melhor a passagem do tempo.
(A) a presença de um capitel muito simples, reforçando a sustentação. (B) o traçado simples de amplas linhas curvas opostas, resultando em formas marcantes. (C) a disposição simétrica das curvas, conferindo saliência e distorção à base. (D) a oposição de curvas em concreto, configurando certo peso e rebuscamento. (E) o excesso de linhas curvas, levando a um exagero na ornamentação.
NOGUEIRA, P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento. Época, 28/4/2008.
O autor discute problemas relacionados ao envelhecimento, apresentando argumentos que levam a inferir que seu objetivo é
.5. (ENEM-MEC) Conceitos e importância das lutas Antes de se tornarem esporte, as lutas ou as artes marciais tiveram duas conotações principais: eram praticadas com o objetivo guerreiro ou tinham um apelo filosófico como concepção de vida bastante significativo. Atualmente, nos deparamos com a grande expansão das artes marciais em nível mundial. As raízes orientais foram se disseminando, ora pela necessidade de luta pela sobrevivência ou para a “defesa pessoal”, ora pela possibilidade de ter as artes marciais como própria filosofia de vida.
(A) (B) (C) (D)
esclarecer que a velhice é inevitável. contar fatos sobre a arte de envelhecer. defender a ideia de que a velhice é desagradável. influenciar o leitor para que lute contra o envelhecimento. (E) mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem angústia, o envelhecimento.
________________________________________________ *Anotações*
CARREIRO, E. A. Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008 (fragmento).
Um dos problemas da violência que está presente principalmente nos grandes centros urbanos são as brigas e os enfrentamentos de torcidas organizadas, 117
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.7. (UNICAMP-SP)
b) Explique o que respondeu o encarregado.
Considere a tira a seguir:
___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ c)
Um dos sentidos de trabalhar é “estar empregado”. Supondo que o encarregado entendesse a fala do presidente da empresa nesse sentido e quisesse dar uma resposta correta, que resposta teria que dar?
Jornal da Tarde, 8/2/2001.
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Nessa tira, a crítica ao “estrategista militar” não é explícita. Para compreender a tira, o leitor deve reconhecer uma alusão a um fato histórico e uma hipótese sobre transmissão genética.
___________________________________________________
a)
.9. (FUVEST-SP)
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Qual é o fato histórico ao qual a tira faz alusão?
___________________________________________________
Eu te amo
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Ah, se já perdemos a noção da hora, Se juntos já jogamos tudo fora, Me conta agora como hei de partir...
___________________________________________________ b)
Qual é a explicação para as qualidades profissionais do estrategista?
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios, Rompi com o mundo, queimei meus navios, Me diz pra onde é que inda posso ir... [...] Se entornaste a nossa sorte pelo chão, Se na bagunça do teu coração Meu sangue errou de veia e se perdeu... [...] Como, se nos amamos como dois pagãos, Teus seios inda estão nas minhas mãos, Me explica com que cara eu vou sair...
___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ c)
Explicite o raciocínio da personagem que critica o estrategista.
___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________
Não, acho que estás só fazendo de conta, Te dei meus olhos pra tomares conta, Agora conta como hei de partir...
.8. (UNICAMP-SP) Uma das últimas edições do jornal Visão de Barão Geraldo trazia em sua seção “Sorria” esta anedota:
(Tom Jobim e Chico Buarque)
“No meio de uma visita de rotina, o presidente daquela enorme empresa chega ao setor de produção e pergunta ao encarregado: — Quantos funcionários trabalham neste setor? Depois de pensar por alguns segundos, o encarregado responde: — Mais ou menos a metade!” a)
O sentimento de perplexidade expresso nas frases “como hei de partir”, “pra onde é que inda posso ir” e “com que cara eu vou sair” deve-se ao fato de que a relação amorosa do sujeito: (A) foi marcada por sucessivos desencontros, em virtude da intensidade da paixão. (B) constituiu uma radical experiência de fusão com o outro, da qual não vê como sair. (C) provocou a subordinação emocional da pessoa amada, de quem ele já não pode se livrar. (D) ameaça jamais desfazer-se, agravando-se assim uma interdependência destrutiva. (E) está-se esgotando, sem que os amantes saibam o que fazer para reacender a paixão.
Explique o que quis perguntar o presidente da empresa.
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a) Alguém que nunca tivesse ouvido falar de marca-passo poderia dar uma definição desse instrumento lendo este texto. Qual é essa definição?
Texto para as questões 10 e 11. — Mandaram ler este livro... Se o tal do livro for fraquinho, o desprazer pode significar um precipitado mas decisivo adeus à literatura; se for estimulante, outros virão sem o peso da obrigação. As experiências com que o leitor se identifica não são necessariamente as mais familiares, mas as que mostram o quanto é vivo um repertório de novas questões. Uma leitura proveitosa leva à convicção de que as palavras podem constituir um movimento profundamente revelador do próximo, do mundo, de nós mesmos. Tal convicção faz caminhar para uma outra, mais ampla, que um antigo pensador romano assim formulou: Nada do que é humano me é alheio.
___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ b) A ocorrência da expressão “a técnica”, no final do texto, indica que ela foi explicada anteriormente. Em que consiste essa técnica? ___________________________________________________ ___________________________________________________
Cláudio Ferraretti, Inédito.
___________________________________________________
.10. (FUVEST-SP)
___________________________________________________
De acordo com o texto, a identificação do leitor com o que lê ocorre sobretudo quando:
___________________________________________________
(A) ele sabe reconhecer na obra o valor consagrado pela tradição da crítica literária. (B) ele já conhece, com alguma intimidade, as experiências representadas numa obra. (C) a obra expressa, em fórmulas sintéticas, a sabedoria dos antigos humanistas. (D) a obra o introduz num campo de questões cuja vitalidade ele pode reconhecer. (E) a obra expressa convicções tão verdadeiras que se furtam à discussão.
___________________________________________________
.11. (FUVEST-SP)
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O sentido da frase “Nada do que é humano me é alheio” é equivalente ao desta outra construção:
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(A) O que não diz respeito ao Homem não deixa de me interessar. (B) Tudo o que se refere ao Homem diz respeito a mim. (C) Como sou humano, não me alheio a nada. (D) Para ser humano, mantenho interesse por tudo. (E) A nada me sinto alheio que não seja humano.
.13. (UNICAMP-SP)
c)
Apesar do nome, o porquinho-da-índia é um roedor. Sendo assim, há uma forma equivocada de referir-se a ele no texto. Qual é essa forma e como se explica sua ocorrência?
___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________
No folheto intitulado “Saúde da mulher – orientações”, distribuído em consultórios médicos, encontramos estas informações acerca de um produto que, aqui, chamaremos “P”: “A liberdade da mulher pode ficar comprometida quando surge em sua vida o risco de uma gravidez indesejada. Para estas situações, ela pode contar com P, um método de Contracepção de Emergência, ou pós-ato sexual, capaz de evitar a gestação com grande margem de segurança. O ginecologista poderá orientá-la sobre o uso correto desse método. [...] P é um método indolor, bastante prático e quase sem efeitos colaterais. Deve ser tomado num período de até 72 horas após o ato sexual desprotegido, sendo mais efetivo nas primeiras 48 horas. Age inibindo ou retardando a ovulação e torna o útero um ambiente impróprio para que o óvulo se implante. Dessa forma, não pode ser considerado um método abortivo, já que, quando atua, ainda não houve implantação do óvulo no útero.”
.12. (UNICAMP-SP) Marca-passo natural – Uma alternativa menos invasiva pode substituir o implante do marca-passo eletrônico [...]. Cientistas do Hospital John Hopkins, nos EUA, conseguiram converter células cardíacas de porquinhos-da-índia em células especializadas, que atuam como um marca-passo, controlando o ritmo dos batimentos cardíacos. No experimento, o coração dos suínos recuperou a regularidade dos movimentos. A expectativa é de que em alguns anos seja possível testar a técnica em humanos. lstoÉ, n.º 1720, 18/9/2002.
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a) A posição assumida no texto baseia-se em uma distinção entre (medicamento) contraceptivo e (medicamento) abortivo. Explique o que vem a ser aborto para os fabricantes de P.
simpatia s.f. 1. afinidade moral, similitude no sentir e no pensar que aproxima duas ou mais pessoas. [...] – 3. impressão agradável, disposição favorável que se experimenta em relação a alguém que pouco se conhece. [...] – 6. atração por uma coisa ou uma ideia. [...] – 9. Brasileirismo: usada como interlocutório pessoal (— Qual o seu nome, simpatia?). – 10. “Brasileirismo”: ação (observação de algum ritual, uso de um determinado objeto etc.) praticada supersticiosamente com finalidade de conseguir algo que se deseja.
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a)
___________________________________________________ b) Com base no trecho transcrito, pode-se dizer que o folheto toma posição numa polêmica que tem um aspecto ético-religioso e um aspecto científico. Qual é a questão ético-religiosa da polêmica? Qual é a questão científica?
Dentre as definições do dicionário Houaiss mencionadas, qual é a mais próxima do sentido da palavra “simpatia” no texto?
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b)
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Há no texto duas ocorrências de “desvendar”, sendo que uma delas não coincide com o uso-padrão desse termo. Qual é? Por quê?
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.14. (UNICAMP-SP)
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Leia atentamente o folheto (distribuído nos pontos de ônibus e feiras de Campinas) e as definições de “simpatia” extraídas do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
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CENTRO ESPÍRITA VOVÓ MARIA CONGA
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Mãe Maria Ensina qualquer tipo de simpatia, pois com uma única consulta, ela desvendará todos os mistérios que lhe atormenta: casos amorosos, financeiros, prosperidade em seu trabalho, vícios, doenças, impotência sexual, problemas de família e perseguições. Desvendará qualquer que for o problema. Não perca mais tempo, faça hoje mesmo uma consulta com MÃE MARIA, pelos BÚZIOS – CARTAS E TAROT.
c)
Independentemente do título, algumas características da segunda parte do texto são de uma oração ou prece ou reza. Quais são essas características?
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ORAÇÃO HEI DE VENCER
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Traga sempre consigo esta oração.
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Bendito seja a luz do dia, Bendito seja quem o guia, Bendito seja o filho de Deus e de Virgem Maria, assim como Deus separou a noite do dia, separe minha alma de má companhia e meu corpo da feitiçaria. Pelo poder de Deus e da Virgem Maria.
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ATENDIMENTO TODOS OS DIAS DAS 9:00 ÀS 20:00 HS Fone: (019) 3387-2554 Rua Dr. Lúcio Peixoto, 330 – Chapadão – Campinas-SP
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Principais autores e obras
Literatura brasileira Quinhentismo (1500-1601) Marco inicial Carta a El-Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha.
Pero Vaz de Caminha — Carta a El-Rei D. Manuel
Pero Lopes de Sousa — Diário de Navegação
Pero de Magalhães Gândavo — Tratado da Terra do Brasil; História da Província de Santa Cruz, a que
Vulgarmente Chamamos Brasil
Panorama histórico
Gabriel Soares de Sousa — Tratado Descritivo do
Este primeiro século da história do Brasil, de 1500 a 1601, ainda não pode ser considerado como uma verdadeira literatura. Os textos são informações que viajantes e missionários europeus colheram sobre nossa terra. Quanto ao estilo, não passa de uma manifestação da literatura portuguesa no Brasil. Quanto ao aspecto ideológico, nota-se que os escritores tinham uma visão aportuguesada da nossa realidade, então, registravam curiosidades da terra recém-descoberta. Os escritos apresentam uma visão ufanista dos valores da terra, que serviam de incentivo à imigração e aos investimentos da Metrópole na Colônia.
Brasil Ambrósio Fernandes Brandão — Diálogos das
Grandezas do Brasil Padre José de Anchieta — Poesias de José de Anchieta; Na Festa de São Lourenço; Na Festa de Natal; Na Visitação de Santa Isabel; Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil;
Cartas, Informações, Sermões
Fragmentos
e
Fique ligado! Pesquise!
Assistir: aos filmes Como era gostoso o meu francês; 1492, a conquista do paraíso; Cristóvão Colombo e Dança com lobos; compare a visão sobre o índio apresentada nesses filmes com aquela presente nos filmes que tratam do trabalho da cavalaria no Oeste americano.
Pesquisar: sobre as relações da literatura do século XVI com o movimento Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, e com o Tropicalismo (século XX).
Ouvir: a música Tropicália, de Caetano Veloso, que se encontra no disco Tropicália ou Panis et circensis (1968), prestando atenção na parte inicial, falada.
*ATENÇÃO, ESTUDANTE!* Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
Detalhe de Brasil, mapa de Giovanni Battista Ramusio, 1557 (Cid Collection – Instituto Cultural Banco Santos)
Verifica-se que os textos encontrados variam de acordo com os interesses da Coroa portuguesa: alguns são meramente informativos, outros são tipicamente propagandísticos, e existem aqueles que são de caráter catequético. Todos eles, porém, têm como assunto básico a terra do Brasil, sua flora e fauna, seus habitantes e curiosidades locais e culturais. Nos períodos literários nacionalistas, Romantismo e Modernismo, os autores costumavam recuperar os textos quinhentistas e reaproveitar as informações neles contidas. Os românticos exaltavam ingenuamente e os modernistas analisavam criticamente a colonização.
*********** ATIVIDADES *********** .1. (ENEM-MEC) Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o país era povoado de índios. Importaram, depois, da África, grande número de escravos. O Português, o Índio e o Negro constituem, durante o período colonial, as três bases da população brasileira. Mas no que se refere à cultura, a contribuição do Português foi de longe a mais notada. Durante muito tempo o português e o tupi viveram lado a lado como línguas de comunicação. Era o tupi que utilizavam os bandeirantes nas suas expedições. Em 1694, dizia o Padre Antônio Vieira que “as famílias dos portugueses e índios em São Paulo estão tão ligadas
“E depois de acabada a missa, [...] muitos deles [os índios] se levantaram e começaram a tocar corno ou buzina, saltando e dançando por um bom tempo.” (Carta de Caminha)
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Históricos
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hoje umas com as outras, que as mulheres e os filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas famílias se fala é a dos Índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender à escola”.
Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que (A) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento romântico das artes plásticas. (B) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso. (C) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo colonizador. (D) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena. (E) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da catequização jesuítica.
TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1984 (adaptado).
A identidade de uma nação está diretamente ligada à cultura de seu povo. O texto mostra que, no período colonial brasileiro, o Português, o Índio e o Negro formaram a base da população e que o patrimônio linguístico brasileiro é resultado da (A) contribuição dos índios na escolarização dos brasileiros. (B) diferença entre as línguas dos colonizadores e as dos indígenas. (C) importância do Padre Antônio Vieira para a literatura de língua portuguesa. (D) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as línguas tupi. (E) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da língua tupi.
.3. (ENEM-MEC) No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocupar e explorar os territórios descobertos, nos quais viviam índios, que eles queriam cristianizar e usar como força de trabalho. Os missionários aprendiam os idiomas dos nativos para catequizá-los nas suas próprias línguas. Ao longo do tempo, as línguas se influenciaram. O resultado desse processo foi a formação de uma língua geral, desdobrada em duas variedades: o abanheenga, ao sul, e o nheengatu, ao norte. Quase todos se comunicavam na língua geral, sendo poucos aqueles que falavam apenas o português.
.2. (ENEM-MEC)
De acordo com o texto, a língua geral formou-se e consolidou-se no contexto histórico do Brasil-Colônia. Portanto, a formação desse idioma e suas variedades foram condicionadas (A) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião dos portugueses. (B) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber linguístico dos índios. (C) pela percepção dos indígenas de que as suas línguas precisavam aperfeiçoar-se. (D) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender uma nova língua com os portugueses. (E) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que era anterior à chegada dos portugueses.
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ECKHOUT, A. Índio Tapuia (1610-1666). Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9/7/2009.
*Anotações*
A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12/8/2009.
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.4. (MACKENZIE-SP) A
produção
literária
do
Quinhentismo
I.
O olhar do viajante europeu é contaminado pelo imaginário construído a partir de textos da Antiguidade e por relatos produzidos no contexto cultural europeu.
II.
Os artistas viajantes produziram imagens precisas e detalhadas que apresentam com exatidão a realidade geográfica do Brasil.
III.
Nas representações feitas por artistas estrangeiros coexistem elementos simbólicos e mitológicos oriundos do imaginário europeu e elementos advindos da observação da natureza e das coisas que o artista tinha diante de seus olhos.
IV.
A imagem de Debret registra uma cena cotidiana e revela a capacidade do artista em documentar os costumes e a realidade do indígena brasileiro.
brasileiro
caracterizou-se pela preocupação com: (A) a descrição da terra recém-descoberta e a educação dos nativos e colonos. (B) a
denúncia
de
desmandos
dos
governantes
portugueses e a salvação da alma. (C) a
defesa
dos
indígenas
escravizados
pelo
colonizador e o elogio da vida bucólica. (D) a recusa de modelos culturais europeus e a pesquisa do “caráter nacional”. (E) o combate a formas poéticas decadentes e a valorização dos sentimentos.
.5. (INEP-MEC) A exuberância da natureza brasileira impressionou artistas e viajantes europeus nos séculos XVI e XVII. Leia
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas.
o texto e observe a imagem a seguir:
(A) I e II. (B) I e III.
[...] A América foi para os viajantes, evangelizadores e filósofos uma construção imaginária e simbólica. Diante da
absoluta
novidade,
como
explicá-la?
Como
(C) II e IV. (D) I, III e IV.
(E) II, III e IV.
.6. (INEP-MEC)
compreendê-la? Como ter acesso ao seu sentido?
[...] Certa ocasião ouvimos, quase à meia-noite, gritos de mulher [...] acudimos imediatamente e verificamos que se tratava apenas de uma mulher em hora do parto. O pai recebeu a criança nos braços, depois de cortar com os dentes o cordão umbilical e amarrá-lo. Em seguida, continuando no seu ofício de parteiro, enxugou com o polegar o nariz do filho, como é de praxe entre os selvagens do país. Note-se que nossas parteiras, ao contrário, apertam o nariz aos recém-nascidos para dar maior beleza, afilando-o.
Colombo, Vespúcio, Pero Vaz de Caminha, Las Casas, dispunham de um único instrumento para aproximar-se do Mundo Novo: os livros. [...] O Novo Mundo já existia, não como realidade geográfica e cultural, mas como texto, e os que para aqui vieram ou os que sobre aqui escreveram não cessam de conferir a exatidão dos antigos textos e o que aqui se encontra. CHAUÍ, M. apud FRANZ, T. S. Educação para uma compreensão crítica da arte. Florianópolis: Letras Contemporâneas Oficina Editorial, 2003, p. 95.
LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil, 1578. In: AMADO, Janaína; GARClAS, Leônidas Franco. Navegar é preciso – descobrimentos marítimos europeus. São Paulo: Atual, 1989, p. 46-7.
A descrição do viajante francês no final do século XVI sobre os habitantes nativos das terras portuguesas na América nos possibilita identificar no texto: (A) a absorção das práticas médicas das populações nativas pelos europeus. (B) a violência do colonizador em relação às práticas higienizadoras dos nativos considerados bárbaros. (C) o choque do europeu em relação às práticas indígenas, denotando o confronto entre as duas culturas. (D) a aceitação do método adotado pelos indígenas, no parto, considerado superior à prática médica europeia. (E) a surpresa das populações nativas diante do espanto dos europeus em relação às práticas de pajelança.
MUSEUS CASTRO MAIA
DEBRET, J. B. Tribo Guaicuru em busca de novas pastagens, 1834-1839.
Com base no texto e na imagem, é correto afirmar: 123
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.7. (PSC/UFAM-AM)
.9. (INEP-MEC)
Caracterizam a literatura dos viajantes as afirmativas abaixo, exceto:
Esta gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece a Deus; somente aos trovões chama TUPANE, que é como quem diz “cousa divina”. E assim nós não temos outro vocábulo mais conveniente para os trazer ao conhecimento de Deus, que chamar-lhe PAI TUPANE.
(A) Os escritos dos viajantes refletem a visão, os conceitos e os interesses dos europeus em relação às terras do além-mar. (B) Observa-se a necessidade de informar a Coroa portuguesa sobre as potencialidades econômicas da nova terra. (C) O conjunto do registro dos viajantes tem, sobretudo, valor documental e histórico. (D) As crônicas dos viajantes surgiram como o desdobramento de um processo de mudanças estruturais na Europa. (E) Havia, por parte dos cronistas, uma preocupação estética, um apuro literário formal.
(Manuel da Nóbrega)
No texto, (A) o missionário apresenta as razões de sua condenação às atitudes profanas entre os gentios, que busca catequizar. (B) explicita-se a predominância da função fática, pois o emissor tematiza a busca da melhor palavra para designar a divindade. (C) o emissor nega o sentimento de veneração entre os gentios, mas se apropria de uma manifestação linguística deles por reconhecer nela traços de sacralidade. (D) o autor revela sua estratégia de missionário: tenta influenciar a prática religiosa dos nativos pelo descrédito que passa a atribuir à palavra Tupane. (E) o religioso informa sobre as práticas dos nativos e defende a urgência de a metrópole adotar medidas para a alfabetização dos gentios.
.8. (INEP-MEC) José de Anchieta, o “Apóstolo do Brasil”, trouxe em sua bagagem, vindo das Canárias, onde nasceu, mais do que seu pendor poético. Vinha ele com mais meia dúzia de bravos com a espantosa missão de converter e educar os índios, que a seus olhos e dos outros, a princípio, não reconheciam qualquer cultura.
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DELACY, M. Introdução ao teatro. Petrópolis: Vozes, 2003.
*Anotações*
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a prática de catequização de José de Anchieta, considere as afirmativas a seguir: I.
Para catequizar, Anchieta valeu-se de sua criatividade, usando cocares coloridos, pintura corporal e outros adereços que os indígenas lhe mostravam.
II.
Com a missão de levar Jesus àqueles “bugres e incultos”, Anchieta se afastou de suas próprias crenças convertendo-se à religião daquele povo.
III.
Com a finalidade de catequizar, Anchieta começou a escrever autos, baseados nos autos medievais, nas obras de Gil Vicente e em encenações espanholas.
IV.
Para implantar a fé como lhe foi ordenado, Anchieta representava os autos na língua pátria de Portugal.
Estão corretas apenas as afirmativas: (A) (B) (C) (D) (E)
I e III. I e IV. II e IV. I, II e III. II, III e IV. 124
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*MÓDULO 3*
Histórias em quadrinhos: utilizam, geralmente, um tipo de discurso direto que é apresentado dentro de balõezinhos. Sua principal característica é o uso da linguagem verbal (palavras) e da não verbal (ilustração).
Charge: faz uso de linguagem não verbal (caricatura) e, na maioria das vezes, também da verbal. Costuma satirizar algum fato em evidência com uma ou mais personagens envolvidas.
Classificado: gênero de texto vinculado ao universo jornalístico, em que indivíduos ou empresas oferecem um produto ou um serviço. É escrito de forma breve e concisa, apresentando alguns elementos básicos do produto ou serviço que possam interessar ao leitor.
Gêneros textuais – Conceito e organização Um para cada ocasião Os gêneros textuais são praticamente infinitos. Escolhemos qual deles usar conforme o momento, a situação e a intenção da comunicação. Você sabia que, ao ler o horóscopo do jornal ou escrever um scrap (recado) para algum amigo no site de relacionamentos Orkut, você está exercendo sua capacidade de compreender e aplicar diferentes formas de expressão textual? Sem perceber, você transita de um gênero de texto para outro o tempo inteiro. Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para nos referir aos textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Observe o texto reproduzido abaixo. Sobre ele, você diria que se trata de um anúncio, parte de uma campanha publicitária cujo objetivo é estimular os estabelecimentos de saúde a notificarem casos de violência contra crianças, mulheres e idosos. Ele é um exemplo de que, para nos comunicarmos, utilizamos determinados gêneros textuais, de acordo com a intenção comunicativa, o momento e a situação em que ocorre essa comunicação. Temos, assim, uma forma-padrão de estruturação do texto. No dia a dia, reconhecemos e utilizamos cada um desses padrões e estruturações, sem pensar em sua existência teórica. O ENEM, e também diversos vestibulares, avalia com frequência a capacidade do estudante de reconhecer os gêneros de texto. Dessa forma, vamos listar aqui alguns gêneros presentes em nosso cotidiano.
Esses são apenas alguns exemplos de gêneros de texto. Nos estudos da literatura, temos, por exemplo, crônicas, contos, prosa etc. Os gêneros textuais englobam esses e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o e-mail. São muitos os gêneros de texto que circulam por aí. São as situações que definem qual utilizar. É importante frisar que o conceito de texto não se limita à linguagem verbal, ou seja, às palavras. O texto pode ter várias dimensões, como o texto cinematográfico, o teatral, o coreográfico (dança e música) ou o pictórico (pintura). Uma obra de arte ou uma ilustração, portanto, são formas de expressão textual, providas de significado. Alguns exemplos de gêneros textuais que encontramos no dia a dia: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais, e assim por diante.
O texto publicitário costuma se estruturar em frases curtas e em ordem direta. Também faz uso de elementos não verbais para reforçar sua mensagem – como a imagem utilizada no anúncio ao lado
Conteúdo, estrutura e estilo Como se organizam os gêneros textuais Não importa qual o gênero, todo texto pode ser analisado sob três características:
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O conteúdo temático: refere-se aos traços que marcam a função social do gênero nas situações de uso. É o que define para que ele serve, quem são seus destinatários preferenciais, seu tipo de conteúdo básico.
A construção composicional (ou estrutura): é como o gênero se estrutura, como é seu acabamento. Na estrutura, indicam-se como são as bases, os alicerces que sustentam o gênero em questão.
O estilo: são as marcas Iinguísticas próprias do gênero. Alguns usos sintáticos, escolhas lexicais mais comuns no uso do gênero dado.
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A seguir está reproduzida uma página da revista Veja com resenhas. Vamos analisar a resenha de acordo com suas características como gênero textual:
Fonte: Veja, 18/4/2012, p. 164.
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1.
2.
3.
Conteúdo temático: Constrói-se baseada em outra obra. Sintetiza informações consideradas relevantes dentro da obra resenhada. É uma análise dos principais pontos (ideias ou acontecimentos) da obra resenhada. Há um posicionamento crítico diante da obra ou de um tema relacionado, baseado em critérios como: composição interna (coerência e consistência de suas ideias), relevância (ou não) dentro do universo de referências em que se insere etc.
*********** ATIVIDADES *********** Textos para as questões de 1 a 3.
Entre a vitória e a crise Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, assumiu prometendo mudanças e herdou o maior déficit fiscal em seis décadas
No início de janeiro de 2009, poucas semanas antes de assumir o posto de presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, filho de um queniano negro e de uma norte-americana branca, falou ao comando editorial do jornal The Washington Post sobre o significado de os Estados Unidos terem seu primeiro presidente negro: “Há uma geração inteira que vai crescer achando normal que o posto mais elevado do planeta seja ocupado por um afro-americano”, declarou. “É algo radical. Muda como as crianças negras olham para elas mesmas e muda também como as crianças brancas olham para as crianças negras. E eu não subestimaria a força disso.” A véspera da posse, 20 de janeiro, foi marcada por eventos do chamado Dia de Martin Luther King (1929-1968), feriado nacional que homenageia o ativista político que se tornou um ícone da luta pelos direitos civis de negros e mulheres. “Amanhã [referindo-se ao dia da posse], vamos nos unir como uma só pessoa no mesmo local em que o sonho de Dr. King ainda ecoa”, disse
Estrutura: Apresenta dados da obra resenhada em forma de ficha técnica. Não há, normalmente, uma tese definida. Há informações extraídas da obra resenhada (ou de outras obras semelhantes) e comentários analíticos sobre ela, baseados em exemplificação, contextualização histórica, importância do autor ou da obra em seu universo de referências etc. Estilo: Uso preferencial da terceira pessoa. Uso preferencial de orações em ordem direta. Uso preferencial de períodos e parágrafos curtos.
Abordar criticamente um texto consiste em opinar sobre ele, apresentando problemas e qualidades que o autor da resenha julga importante destacar para o leitor. Portanto, a abordagem crítica não significa, necessariamente, um levantamento dos problemas detectados no objeto do texto. Pode constituir-se também no destaque de certas qualidades. Em resumo: a resenha é a apresentação de um texto resultante da apreciação crítica por parte do autor.
Obama, numa alusão ao discurso “Eu Tenho um Sonho”, sobre o desejo de coexistência harmoniosa entre brancos e negros, feito por Luther King em Washington, em 1963. Sonhos à parte, Obama assumiu a Casa Branca como o presidente em um momento em que o país registra a maior dívida em sua história recente. Herdou um rombo orçamentário estimado em 1,2 trilhão de dólares para 2009, o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A carranca da crise surge, inevitavelmente, por trás do clima festivo. Os sinais de desequilíbrio não param de aparecer. Pouco antes da posse, a crise projetou-se sobre o Citigroup e o Bank of America, o maior banco americano, que pediu ao governo um socorro financeiro de 20 bilhões de dólares. “As dificuldades de Obama são muito mais profundas e mais globais”, escreveu o colunista Martin Wolf, em artigo no jornal inglês Financial Times que teve repercussão entre economistas.
Tipos de texto Atenção: não confunda gêneros textuais com tipos de texto. Os gêneros textuais são organizados com base em vários tipos de texto (descrição, narração, dissertação, exposição, injunção — que serão detalhados ao longo do curso). Assim, um tipo textual pode aparecer em qualquer gênero textual, da mesma forma que um único gênero pode conter mais de um tipo textual. Uma carta, por exemplo, pode ter passagens narrativas e descritivas. Outro exemplo: um conto de fadas e uma piada são gêneros textuais diferentes, mas ambos são textos narrativos.
Como primeiro negro a presidir os Estados Unidos, a posse de Obama é o coroamento de uma jornada histórica. A dúvida é saber se seu governo marcará uma nova era, aprumando os EUA para manterem seu status de potência dominante do século 21, ou se será o começo do fim de uma supremacia que moldou o planeta tal como conhecemos hoje.
*ATENÇÃO, ESTUDANTE!* Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO. 127
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.2. (AED-SP)
Carta de leitor
Em uma sociedade letrada como a nossa, são construídos textos diversos que variam de acordo com as necessidades cotidianas de comunicação. Assim, para utilizar-se de algum gênero textual, é preciso que conheçamos seus elementos. Tendo em mente a carta de leitor apresentada, pode-se afirmar que ela é um gênero textual que
Obama terá grandes desafios pela frente, ainda mais com a herança que Bush deixou. Chama a atenção dos americanos ao ser sincero quanto às dificuldades que seu governo enfrentará. Agora, só nos resta esperar os impactos da nova hegemonia ou da queda americana. Lígia Paiva, Araguari, MG.
(A) apresenta sua estrutura por parágrafos, organizados pela tipologia da ordem da injunção (comando) e estilo de linguagem com alto grau de formalidade. (B) se inscreve em uma categoria cujo objetivo é o de descrever os assuntos e temas que circularam nos jornais e revistas do país semanalmente. (C) se organiza por uma estrutura bastante flexível, em que o locutor encaminha a ampliação dos temas tratados para o veículo de comunicação. (D) se organiza em torno de um tema, de um estilo e em forma de paragrafação, representando, em conjunto, as ideias e opiniões de locutores que interagem diretamente com o veículo de comunicação. (E) se constitui por um estilo caracterizado pelo uso da variedade não padrão da língua e tema construído por fatos políticos.
Veja, 28/1/2009.
.3. (AED-SP)
O Estado de S. Paulo, 31/1/2009.
Observando a charge, é possível afirmar que seu autor (A) demonstrou conhecimento insuficiente de fatos ou personagens relevantes na história recente dos Estados Unidos. (B) expressou graficamente sua visão sobre o novo contexto político e econômico norte-americano por meio do humor e da sátira. (C) optou por um gênero textual caracterizado pelo caráter burlesco e pela total carência de conteúdo crítico. (D) priorizou a qualidade da ilustração e o aspecto estético, deixando a criticidade e a abordagem de temas em evidência em segundo plano. (E) usou um dos personagens retratados para revelar sua crença na solidez da atual conjuntura econômica norte-americana.
.1. (AED-SP) Embora tratem do mesmo tema, a reportagem, a carta de leitor e a charge acima representam diferentes gêneros de texto. Com base na leitura dos textos, indique, para cada gênero representado, uma característica que permita diferenciá-lo dos demais. ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________
Textos para as questões de 4 a 6.
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Instruções dos medicamentos devem facilitar a leitura e a compreensão
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Em setembro de 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que todos os laboratórios passassem a fornecer bulas de remédio com letras maiores do que o tamanho atual nas caixas dos medicamentos. O objetivo da resolução foi facilitar a leitura pelos pacientes e obrigar as empresas a dar informações mais claras sobre quantidade, características, composição e apresentação dos
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medicamentos. Segundo as novas orientações, a bula do paciente deve ser organizada em formato de perguntas e respostas às principais dúvidas sobre o remédio, como as indicações e contraindicações. A seguir, um modelo do novo tipo de bula: Medicamento Anvisa® Paracetamol
.6. (AED-SP) Com base nas novas orientações da Anvisa para a formulação das bulas de remédio, pode-se dizer que (A) somente as pessoas que possuem vasto conhecimento de termos técnicos conseguirão compreender as informações presentes nesse gênero de texto. (B) as dificuldades para ler a bula do remédio receitado pelo médico podem diminuir sensivelmente. (C) a bula de remédio sempre foi um gênero de texto conhecido por ser de fácil leitura e compreensão para todos os leitores, tanto no âmbito linguístico, quanto no material e no de conteúdo. (D) as informações, que antes eram expostas de forma clara neste gênero de texto, serão fornecidas de forma mais confusa e menos compreensível. (E) todas as alternativas anteriores estão corretas.
. .
APRESENTAÇÕES Comprimidos revestidos de: - 500 mg em embalagem com 20 ou 200 comprimidos - 750 mg em embalagens de 20 ou 200 comprimidos USO ORAL USO ADULTO ACIMA DE 12 ANOS COMPOSIÇÃO Medicamento Anvisa® 500 mg Cada comprimido revestido contém 500 mg de paracetamol Excipientes: ácido esteárico, amido pré-gelatinizado, hipromelose, macrogol e providona
.7. (ENEM-MEC) Diferentemente do texto escrito, que em geral compele os leitores a lerem numa onda linear — da esquerda para a direita e de cima para baixo, na página impressa —, hipertextos encorajam os leitores a moverem-se de um bloco de texto a outro, rapidamente e não sequencialmente. Considerando que o hipertexto oferece uma multiplicidade de caminhos a seguir, podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas decisões como novos caminhos, inserindo informações novas, o leitor-navegador passa a ter um papel mais ativo e uma oportunidade diferente da de um leitor de texto impresso. Dificilmente dois leitores de hipertextos farão os mesmos caminhos e tomarão as mesmas decisões.
1. PARA QUE ESTE MEDICAMENTO É INDICADO? Medicamento Anvisa® é indicado para o tratamento de febre e de dores leves a moderadas, de adultos, tais como dores associadas a gripes e resfriados comuns, dor de cabeça, dor de dente, dor nas costas, dores associadas a artrites e cólicas menstruais. 2. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA? Medicamento Anvisa® reduz a febre atuando no centro regulador da temperatura do Sistema Nervoso Central (SNC) e diminui a sensibilidade para a dor. Seu efeito tem início 15 a 30 minutos após a administração oral e permanece por um período de 4 a 6 horas. Disponível em: http://www.portal.anvisa.gov.br. Acesso em: 30/6/2010.
MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas interacionais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.
.4. (AED-SP)
No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o conhecimento por ele produzido, o texto apresentado deixa claro que o hipertexto muda a noção tradicional de autoria, porque
No exemplo apresentado, o texto caracterizado como gênero bula de remédio é construído com base em (A) fatos e dados narrativos sobre medicamentos. (B) teses defendidas pelo produtor da bula acerca do uso de medicamentos. (C) procedimentos relativos ao uso de medicamentos. (D) crítica sobre o uso de medicamentos. (E) relatos de especialistas sobre as reações acerca do uso de medicamentos.
.5. (AED-SP)
é o leitor que constrói a versão final do texto. o autor detém o controle absoluto do que escreve. aclara os limites entre o leitor e o autor. propicia um evento textual-interativo em que apenas o autor é ativo. (E) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe para o leitor.
Assinale, entre as alternativas a seguir, aquela que não apresenta características do gênero de texto em questão.
*Anotações*
(A) (B) (C) (D) (E)
(A) (B) (C) (D)
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Prescrições ao usuário. Descrição das características do produto. Informações sobre a composição do produto. Indicações e contraindicações do produto. Narrações e depoimentos sobre o uso do produto. 129
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Ao escolher este gênero textual, o produtor do texto objetivou
.8. (ENEM-MEC) La Vie en Rose
(A) construir uma apreciação irônica do filme. (B) evidenciar argumentos contrários ao filme de Scorcese. (C) elaborar uma narrativa com descrição de tipos literários. (D) apresentar ao leitor um painel da obra e se posicionar criticamente. (E) afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial e, por isso, perde sua qualidade.
.10. (ENEM-MEC)
ITURRUSGARAI, A. La Vie en Rose. Folha de S. Paulo, 11/8/2007.
Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em Quadrinhos constituem um gênero textual (A) em que a imagem pouco contribui para facilitar a interpretação da mensagem contida no texto, como pode ser constatado no primeiro quadrinho. (B) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara, que facilita a compreensão, como se percebe na fala do segundo quadrinho: “</DIV> </SPAN> <BR CLEAR = ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”. (C) em que o uso de letras com espessuras diversas está ligado a sentimentos expressos pelos personagens, como pode ser percebido no último quadrinho. (D) que possui em seu texto escrito características próximas a uma conversação face a face, como pode ser percebido no segundo quadrinho. (E) em que a localização casual dos balões nos quadrinhos expressa com clareza a sucessão cronológica da história, como pode ser percebido no segundo quadrinho.
Disponível em: http://www.uol.com.br. Acesso em: 10/5/2009.
Observe a charge, que satiriza o comportamento dos participantes de uma entrevista coletiva por causa do que fazem, do que falam e do ambiente em que se encontram. Considerando-se os elementos da charge, conclui-se que ela (A) (B) (C) (D) (E)
.9. (ENEM-MEC)
defende, em teoria, o desmatamento. valoriza a transparência pública. destaca a atuação dos ambientalistas. ironiza o comportamento da imprensa. critica a ineficácia das políticas.
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Em Touro Indomável, que a cinemateca lança nesta semana nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a dor maior e a violência verdadeira vêm dos demônios de La Motta — que fizeram dele tanto um astro no ringue como um homem fadado à destruição. Dirigida como um senso vertiginoso do destino de seu personagem, essa obra-prima de Martin Scorcese é daqueles filmes que falam à perfeição de seu tema (o boxe) para então transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos seres humanos apenas isso mesmo, humanos e tremendamente imperfeitos.
*Anotações*
Veja, 18/2/2009 (adaptado).
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cidade, ontem por volta do meio-dia. O homem ainda tentou apoiar-se no guarda-chuva que trazia, mas não conseguiu. Aos populares que tentaram socorrê-lo não conseguiu dar qualquer informação.
.11. (ENEM-MEC)
(C) Eu logo vi que podia se tratar de um ataque. Eu vinha logo atrás. O homem, todo aprumado, de guarda-chuva no braço e cachimbo na boca, dobrou a esquina e foi diminuindo o passo até se sentar no chão da calçada. Algumas pessoas que passavam pararam para ajudar, mas ele nem conseguia falar. (D) Vítima Idade: entre 40 e 45 anos Sexo: masculino Cor: branca Ocorrência: Encontrado desacordado na Rua da Abolição, quase esquina com Padre Vieira. Ambulância chamada às 12*h*34*min por homem desconhecido. A caminho.
Disponível em: http://www.heliorubiales.zip.net. Acesso em: 7/5/2009.
A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O uso dessa imagem no anúncio tem como principal objetivo (A) mostrar à população que a Mata Atlântica é mais importante para o país do que a ordem e o progresso. (B) criticar a estética da bandeira nacional, que não reflete com exatidão a essência do país que representa. (C) informar à população sobre a alteração que a bandeira oficial do país sofrerá. (D) alertar a população para o desmatamento da Mata Atlântica e fazer um apelo para que as derrubadas acabem. (E) incentivar as campanhas ambientalistas e ecológicas em defesa da Amazônia.
(E) Pronto socorro? Por favor, tem um homem caído na calçada da rua da Abolição, quase esquina com a Padre Vieira. Ele parece desmaiado. Tem um grupo de pessoas em volta dele. Mas parece que ninguém aqui pode ajudar. Ele precisa de uma ambulância rápido. Por favor, venham logo!
.13. (ENEM-MEC) S.O.S Português Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso.
.12. (ENEM-MEC) Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.
S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, n.° 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).
TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Cemitério de Elefantes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964 (adaptado).
O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a professores. Entre as características próprias desse tipo de texto, identificam-se as marcas linguísticas próprias do uso
No texto, um acontecimento é narrado em linguagem literária. Esse mesmo fato, se relatado em versão jornalística, com características de notícia, seria identificado em: (A) Aí, amigão, fui diminuindo o passo e tentei me apoiar no guarda-chuva... mas não deu. Encostei na parede e fui escorregando. Foi mal, cara! Perdi os sentidos ali mesmo. Um povo que passava falou comigo e tentou me socorrer. E eu, ali, estatelado, sem conseguir falar nada! Cruzes! Que mal!
(A) regional, pela presença de léxico de determinada região do Brasil. (B) literário, pela conformidade com as normas da gramática. (C) técnico, por meio de expressões próprias de textos científicos. (D) coloquial, por meio do registro de informalidade. (E) oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade.
(B) O representante comercial Dario Ferreira, 43 anos, não resistiu e caiu na calçada da Rua da Abolição, quase esquina com a Padre Vieira, no centro da 131
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(A) ridicularizar a forma física do possível cliente do produto anunciado, aconselhando-o a uma busca de mudanças estéticas. (B) enfatizar a tendência da sociedade contemporânea de buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçando tal postura. (C) criticar o consumo excessivo de produtos industrializados por parte da população, propondo a redução desse consumo. (D) associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora de forma, sugerindo a substituição desse produto pelo adoçante. (E) relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo humano que não desenvolve atividades físicas, incentivando a prática esportiva.
.14. (ENEM-MEC) No capricho O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava pelo delegado, olhava para um quadro, a pintura de uma senhora. Ao entrar a autoridade e percebendo que o cabôco admirava tal figura, perguntou: “Que tal? Gosta desse quadro?” E o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus dá ao cabôco da roça: “Mais pelo amor de Deus, hein, dotô! Que muié feia! Parece fiote de cruis-credo, parente do deus-me-livre, mais horríver que briga de cego no escuro.” Ao que o delegado não teve como deixar de confessar, um pouco secamente: “É a minha mãe.” E o cabôco, em cima da bucha, não perde a linha: “Mais dotô, inté que é uma feiura caprichada.”
.16. (ENEM-MEC) Prima Julieta
BOLDRIN, R. Almanaque Brasil de Cultura Popular. São Paulo: Andreato Comunicação e Cultura, n.º 62, 2004 (adaptado).
Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda garoto e já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela uns trinta ou trinta e dois anos de idade. Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz Virgílio de outra mulher. Prima Julieta caminhava em ritmo lento, agitando a cabeça para trás, remando os belos braços brancos. A cabeleira loura incluía reflexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de um verde azulado borboleteavam. A voz rouca e ácida, em dois planos: voz de pessoa da alta sociedade.
Por suas características formais, por sua função e uso, o texto pertence ao gênero (A) anedota, pelo enredo e humor característicos. (B) crônica, pela abordagem literária de fatos do cotidiano. (C) depoimento, pela apresentação de experiências pessoais. (D) relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos. (E) reportagem, pelo registro impessoal de situações reais.
MENDES, M. A idade do serrote. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968.
.15. (ENEM-MEC) Entre os elementos constitutivos dos gêneros, modo como se organiza a própria composição tendo-se em vista o objetivo de seu autor: descrever, argumentar, explicar, instruir. No reconhece-se uma sequência textual
está o textual, narrar, trecho,
(A) explicativa, em que se expõem informações objetivas referentes à prima Julieta. (B) instrucional, em que se ensina o comportamento feminino, inspirado em prima Julieta. (C) narrativa, em que se contam fatos que, no decorrer do tempo, envolvem prima Julieta. (D) descritiva, em que se constrói a imagem de prima Julieta a partir do que os sentidos do enunciador captam. (E) argumentativa, em que se defende a opinião do enunciador sobre prima Julieta, buscando-se a adesão do leitor a essas ideias.
________________________________________________ *Anotações*
Disponível em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 27/7/2010 (adaptado).
O texto é uma propaganda de um adoçante que tem o seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia que o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se no emprego de recursos expressivos, verbais e não verbais, com vistas a 132
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metaforicamente nos textos: o claro e o escuro; o belo e o feio; o prazer e o sofrimento; o quente e o frio.
Literatura brasileira Barroco (1601-1768) Marco inicial
Fusionismo: na arte barroca, o artista não se limita a expor os contrários, porém quer fundi-los, conciliá-los, integrá-los, através de uma linguagem profundamente metafórica.
Feísmo: trata-se de uma preferência pelos aspectos cruéis, dolorosos e sangrentos, pelo “belo horrendo”, pelo espetáculo trágico, deformando as imagens pelo exagero, a resvalar pelo grotesco.
Pessimismo: vivendo na órbita do medo e da dúvida, o Barroco manifesta-se por uma visão desencantada do mundo. A morte é uma constante preocupação, ao lado da consciência da fugacidade do tempo e da incerteza e inconstância da vida.
Atitude lúdica: o termo “lúdica” deriva de “ludo”, que significa “jogo”. Portanto, podemos notar que a arte barroca nos proporciona um eterno jogo de contrastes, enredando-nos em verdadeiros labirintos sintáticos e semânticos que, muitas vezes, levam-nos a um niilismo temático.
Cultismo: também conhecido como “gongorismo” ou “culteranismo”, designa um processo construtivo que excede nas utilizações das figuras de linguagem, causando um rebuscamento formal, uma excessiva ornamentação estilística ou um preciosismo. Normalmente, os textos cultistas são extravagantes, herméticos e, não raro, de gosto duvidoso.
Conceptismo: trata-se de um processo construtivo também conhecido como “quevedismo”, por causa do escritor espanhol Quevedo, e que resulta, finalmente, numa elaboração racional, numa retórica aprimorada, através de um jogo de conceitos. Quando analisamos um raciocínio, devemos perceber se ele foi estruturado em bases verdadeiras, um silogismo, ou se em bases falsas ou metafóricas, um sofisma.
Publicação do poema Prosopopeia, de Bento Teixeira.
Panorama histórico O Barroco brasileiro coincide, historicamente, com a época da colonização e absorve as influências do ideal do colono português. Em termos sociais, temos como centros dessa cultura a Bahia e Pernambuco. Não podemos falar de período barroco sem falar de uma cultura gerada por essa fase, resultado de uma tentativa angustiada de conciliar ideias opostas: o teocentrismo medieval e o antropocentrismo clássico. O Barroco, de certo modo, já vinha se manifestando no final do Renascimento, época em que se iniciam os conflitos. Além do padre Antônio Vieira, prosador português, devemos citar a poesia do baiano Gregório de Matos.
Principais autores e obras
Gregório de Matos (1633-1696) — I. Poesia Sacra; II. Poesia Lírica; III. Poesia Graciosa; IV e V. Poesia Satírica; VI. Poesia Última (Nada publicou em vida; a compilação de sua poesia, a partir de cópias manuscritas, realizou-se entre 1923 e 1933, pela Academia Brasileira de Letras.)
Padre Antônio Vieira (1608-1697) — 500 Cartas; 200 Sermões; História do Futuro; Esperanças de Portugal, Quinto Império do Mundo; Clavis
MUSEUS ESTATAIS DE BERLIM
Amor Victorius, Michelangelo Caravaggio, 1602-03. Óleo sobre tela, 156 x 113 cm
Características barrocas
Dualismo: trata-se de uma atitude que designa o culto do contraste tão tipicamente barroco. Assim, o homem sempre estava entre dois aspectos: o racionalismo mundano e o espiritual teocêntrico. Essas posturas antagônicas em geral se relacionam
Prophetarum (A Chave das Profecias) 133
Bento Teixeira (1560-1618) — Prosopopeia
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.3. (UFPE/UFRPE)
Fique ligado! Pesquise!
O estilo barroco — que nos séculos XVII e XVIII se destacou com a arte de Diogo Velázquez, Rubens, Caravaggio, entre outros — pode ser considerado como:
Assistir: ao filme Caravaggio, que trata da vida e da obra de um dos mais importantes pintores do Pré-Barroco.
Pesquisar: sobre a obra de grandes artistas plásticos barrocos e pré-barrocos, como Caravaggio, Tintoretto, Giuseppe Arcimboldo, Georges de la Tour e Antoon Van Dyck; e também sobre o genial Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, arquiteto, pintor e escultor brasileiro, que deixou significativas obras no Barroco mineiro.
(A) expressão do respeito aos princípios da arte clássica greco-romana. (B) imitação dos pintores renascentistas florentinos. (C) reflexo das concepções estéticas do Antigo Oriente. (D) consagração do racionalismo e cartesianismo na arte. (E) resultado de uma arte que desafiava os padrões clássicos.
Ouvir: a música de Vivaldi, a maior celebridade da música barroca.
.4. (INEP-MEC)
Ler: a obra Boca do Inferno, de Ana Miranda (Editora Companhia das Letras), que trata da vida do poeta baiano barroco Gregório de Matos e inclui também o padre Antônio Vieira.
*ATENÇÃO, ESTUDANTE!* Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
*********** ATIVIDADES *********** .1. (FGV-RJ) MARISTELA DO VALLE / FOLHA IMAGEM
Observe as afirmativas referentes ao Barroco: I.
A poesia caracteriza-se pelo culto do contraste e consciência da efemeridade da vida.
II.
Percebe-se uma postura antitética entre o pensamento teocêntrico e o antropocêntrico.
III.
Tem em Gregório de Matos seu representante na literatura brasileira.
ALEIJADINHO. Cristo do carregamento da Cruz. Enciclopédia Barsa, 1998.
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado.
maior
Obras poéticas de Gregório de Matos. Rio de Janeiro: Record: 1990.
Assinale a alternativa correta. (A) (B) (C) (D) (E)
Apenas I e II são verdadeiras. Apenas I e III são verdadeiras. Apenas II e III são verdadeiras. Todas são verdadeiras. Nenhuma é verdadeira.
Durante o período colonial brasileiro, as principais manifestações artísticas, populares ou eruditas foram, assim como nos demais aspectos da vida cotidiana, marcadas pela influência da religiosidade. Nesse sentido, com base na análise da presença da religiosidade na obra de Aleijadinho e Gregório de Matos, é correto afirmar:
.2. (INEP-MEC)
(A) Ambas são modelos da arte barroca, uma vez que se inspiram mais na temática cristã do que em elementos oriundos da mitologia greco-romana. (B) A presença da temática religiosa em ambos deve-se à influência protestante holandesa na região da Bahia e de Minas Gerais. (C) No trecho do poema, tem-se a expressão de um pecador que, embora creia em Deus, não tem certeza de que obterá o perdão divino. (D) A pobreza estética da obra de Aleijadinho e Matos deriva da censura promovida pela Santa Inquisição às obras artísticas no Brasil.
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas, a alegria. Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a principal característica do Barroco é: (A) (B) (C) (D) (E)
culto da natureza. a utilização de rimas alternadas. a forte presença de antíteses. culto do amor cortês. uso de aliterações. 134
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(A) A utilização da alegoria, da comparação, como recursos oratórios, visando à persuasão do ouvinte. (B) A tentativa de convencer o homem do século XVII, imbuído de práticas e sentimentos comuns ao semipaganismo renascentista, a retomar o caminho do espiritualismo medieval, privilegiando os valores cristãos. (C) A presença do discurso dramático, recorrendo ao princípio horaciano de “ensinar deleitando” — tendência didática e moralizante, comum à Contrarreforma. (D) O tratamento do tema principal — a denúncia à cobiça humana — através do conceptismo, ou jogo de ideias. (E) O culto do contraste, sugerindo a oposição bem X mal, em linguagem simples, concisa, direta e expressiva da intenção barroca de resgatar os valores greco-Iatinos.
.5. (UFPA) Assinale a alternativa correta a respeito de Gregório de Matos ou do Barroco. (A) Gregório de Matos é considerado o autor mais importante do Barroco brasileiro por ter introduzido a estética no país e ter escrito poemas épicos, de herança camoniana, em louvor à pátria, traço do nativismo literário da época. (B) A crítica reconhece a obra lírica de Gregório de Matos como superior à satírica, porque, nela, o autor não trabalha com o jogo de palavras que instaura o erótico e às vezes até o licencioso. (C) Tematicamente, a poesia de Gregório de Matos trabalha a religião, o amor, os costumes e a reflexão moral, às vezes por meio de um jogo entre erotismo idealizado X sensualismo desenfreado; temor divino X desrespeito pelos encarregados dos cultos. (D) Conceptismo e cultismo são processos técnicos e expressivos do Barroco que dão simplicidade aos textos, principal objetivo da estética que repudiava os torneios na linguagem. (E) O Barroco se destaca como movimento literário único, uma vez que somente em sua estética encontramos o uso de sugestões de luz, cor e som, bem como o uso de metáforas, hipérboles, perífrases, antíteses e paradoxos.
.7. (INEP-MEC) O pregar há de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja. Ordenado, mas como as estrelas. [...] Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar negro; se de uma parte está dia, da outra há-de estar noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o estilo da disposição, e também o das palavras.
.6. (INEP-MEC) Leia atentamente o fragmento do sermão do padre Antônio Vieira: A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos
VIEIRA, A. Sermão da Sexagésima.
comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os
No texto, Vieira critica um certo estilo de fazer sermão, que era comum na arte de pregar dos padres dominicanos da época. O uso da palavra xadrez tem o objetivo de
pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande [...]. Os homens, com suas más e perversas
(A) defender a ordenação das ideias em um sermão. (B) fazer alusão metafórica a um certo tipo de tecido. (C) comparar o sermão de certos pregadores a uma verdadeira prisão. (D) mostrar que o xadrez se assemelha ao semear. (E) criticar a preocupação com a simetria do sermão.
cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns aos outros. Tão alheia causa é não só da razão, mas da mesma natureza, que,
sendo criados no mesmo
elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer.
________________________________________________ VIEIRA, Antônio. Obras completas do padre Antônio Vieira: sermões. Vol. III. Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçalo Alves. Porto: Lello & Irmão, 1993, p. 264-5.
*Anotações*
O texto de Vieira contém algumas características do Barroco. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela em que não se confirmam essas tendências estéticas. 135
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Para aferir essas capacidades, o ENEM avalia cinco competências que, segundo os idealizadores do exame, são importantes não apenas para a resolução de questões, mas para toda a vida. Mas o que são competências? Eis a explicação de Philippe Perrenoud, especialista em educação:
*MÓDULO 4*
A interpretação de textos As competências avaliadas pelo ENEM Saber ler e interpretar um texto adequadamente é condição essencial para qualquer pessoa obter sucesso na vida pessoal e profissional. Nos exames oficiais, como o ENEM e o vestibular, a interpretação de textos vem ocupando boa parte da prova e cumprindo, por isso, um papel decisivo no ingresso à universidade.
[Competência é a] capacidade de agir eficazmente em um
determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 7.
As cinco competências avaliadas pelo ENEM são estas:
.1.
DOMINAR LINGUAGENS (DL) Dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa.
.2.
COMPREENDER FENÔMENOS (CF) Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento, para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.
FOLHA IMAGEM
Neste Módulo, você vai conhecer as competências (eixos cognitivos) que são avaliadas nas provas do ENEM e observar como elas são utilizadas nas questões de interpretação de textos.
.3.
ENFRENTAR SITUAÇÕES-PROBLEMA (SP) Selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados e informações, representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.
O que é o ENEM? O ENEM é um exame oferecido anualmente a estudantes que estão cursando ou já concluíram o Ensino Médio. Criado em 1998, contou, em sua primeira versão, com a participação de 157 mil inscritos; hoje, cerca de 6 milhões de estudantes participam do exame anualmente. Aos poucos, o ENEM ganhou projeção e reconhecimento nacional, principalmente porque a pontuação obtida pelos participantes passou a servir para o ingresso em várias universidades federais, estaduais e particulares ou passou a compor a nota final de alguns exames vestibulares. Além disso, a concessão de bolsas de estudo em universidades públicas ou em faculdades particulares está vinculada a resultados do ENEM.
.4.
CONSTRUIR ARGUMENTAÇÃO (CA) Relacionar informações, representadas de diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.
.5.
ELABORAR PROPOSTAS (EP) Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola, para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. < www.enem.inep.gov.br >.
A avaliação no ENEM As provas do ENEM não têm em vista avaliar se o aluno é capaz ou não de memorizar informações. Seu principal objetivo é avaliar se o aluno tem estruturas mentais desenvolvidas o suficiente para lhe possibilitar interpretar dados, pensar, tomar decisões adequadas, aplicar conhecimentos em situações concretas. E também se tem, na vida social, uma postura ética, cidadã.
Em maio de 2009, o MEC publicou o documento Matriz de Referência para o Enem 2009, reiterando as cinco competências gerais, mas chamando-as de eixos cognitivos. Divulgou também uma relação com as competências específicas de cada área a serem avaliadas no ENEM. Conheça o documento na íntegra acessando o site www.enem.inep.gov.br. 136
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(A) Brasil: inflação acumulada em 12 meses menor que a dos EUA (B) Inflação do Terceiro Mundo supera pela sétima vez a do Primeiro Mundo (C) Inflação brasileira estável no período de 2001 a 2006 (D) Queda no índice de preços ao consumidor no período 2001-2005 (E) EUA: ataques terroristas causam hiperinflação
*********** ATIVIDADES *********** As questões a seguir foram extraídas de provas do ENEM. Depois de resolvê-las, indique as competências (eixos cognitivos) que estão sendo avaliadas em cada uma delas.
.1. (ENEM-MEC)
Competências avaliadas: ____________________________
.3. (ENEM-MEC) Os efeitos dos anti-inflamatórios estão associados à presença de inibidores da enzima chamada ciclooxigenase 2 (COX-2). Essa enzima degrada substâncias liberadas de tecidos lesados e as transforma em prostaglandinas pró-inflamatórias, responsáveis pelo aparecimento de dor e inchaço. Os anti-inflamatórios produzem efeitos colaterais decorrentes da inibição de uma outra enzima, a COX-1, responsável pela formação de prostaglandinas, protetoras da mucosa gastrintestinal. O esquema abaixo mostra alguns anti-inflamatórios (nome genérico). As setas indicam a maior ou a menor afinidade dessas substâncias pelas duas enzimas.
As linhas nas duas figuras geram um efeito que se associa ao seguinte ditado popular: (A) Os últimos serão os primeiros. (B) Os opostos se atraem. (C) Quem espera sempre alcança. (D) As aparências enganam. (E) Quanto maior a altura, maior o tombo. Competências avaliadas: ____________________________
.2. (ENEM-MEC) O gráfico abaixo foi extraído de matéria publicada no caderno Economia & Negócios do jornal O Estado de S.
Paulo, em 11/6/2006.
Com base nessas informações, é correto concluir que (A) o piroxicam é o anti-inflamatório que mais pode interferir na formação de prostaglandinas protetoras da mucosa gastrintestinal. (B) o rofecoxibe é o anti-inflamatório que tem a maior afinidade pela enzima COX-1. (C) a aspirina tem o mesmo grau de afinidade pelas duas enzimas. (D) o diclofenaco, pela posição que ocupa no esquema, tem sua atividade anti-inflamatória neutralizada pelas duas enzimas. (E) o nimesulide apresenta o mesmo grau de afinidade pelas enzimas COX-1 e COX-2. É um título adequado para a matéria jornalística em que
Competências avaliadas: ____________________________
esse gráfico foi apresentado: 137
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.4. (ENEM-MEC)
.5. (ENEM-MEC) Os mapas a seguir revelam como as fronteiras e suas
Tendências nas migrações internacionais
representações gráficas são mutáveis.
O relatório anual (2002) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela transformações na origem dos fluxos migratórios. Observa-se
aumento
das
migrações
de
chineses,
filipinos, russos e ucranianos com destino aos países-membros da OCDE. Também foi registrado aumento de fluxos migratórios provenientes da América Latina. Trends in international migration – 2002. Disponível em: www.ocde.org. Acesso em: 9/2/2006 (com adaptações).
No mapa seguinte, estão destacados, com a cor preta, os países que mais receberam esses fluxos migratórios em 2002.
Essas significativas mudanças nas fronteiras de países da Europa Oriental nas duas últimas décadas do século
As migrações citadas estão relacionadas, principalmente,
XX, direta ou indiretamente, resultaram
à
(A) do fortalecimento geopolítico da URSS e de seus
(A) ameaça de terrorismo em países pertencentes à
países aliados, na ordem internacional.
OCDE.
(B) da crise do capitalismo na Europa, representada
(B) política dos países mais ricos de incentivo à
principalmente pela queda do muro de Berlim.
imigração.
(C) da luta de antigas e tradicionais comunidades
(C) perseguição religiosa em países muçulmanos.
nacionais e religiosas oprimidas por Estados criados
(D) repressão política em países do Leste Europeu.
antes da Segunda Guerra Mundial.
(E) busca de oportunidades de emprego.
(D) do avanço do capitalismo e da ideologia neoliberal no mundo ocidental. (E) da necessidade de alguns países subdesenvolvidos
Competências avaliadas: ____________________________
ampliarem seus territórios.
________________________________________________ *Anotações*
Competências avaliadas: ____________________________
________________________________________________ *Anotações*
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(C) variabilidade genética, mutação e evolução lenta. (D) gametogênese, troca de material gênico complexidade. (E) clonagem, gemulação e partenogênese.
.6. (ENEM-MEC) Com base em projeções realizadas por especialistas, prevê-se, para o fim do século XXI, aumento de temperatura média, no planeta, entre 1,4 ºC e 5,8 ºC. Como consequência desse aquecimento, possivelmente o clima será mais quente e mais úmido bem como ocorrerão mais enchentes em algumas áreas e secas crônicas em outras. O aquecimento também provocará o desaparecimento de algumas geleiras, o que acarretará o aumento do nível dos oceanos e a inundação de certas áreas litorâneas.
e
Competências avaliadas: ____________________________
Texto para as questões 8 e 9. O Aedes aegypti é vetor transmissor da dengue. Uma pesquisa feita em São Luís-MA, de 2000 a 2002, mapeou os tipos de reservatório onde esse mosquito era encontrado. A tabela abaixo mostra parte dos dados coletados nessa pesquisa.
As mudanças climáticas previstas para o fim do século XXI (A) provocarão a redução das taxas de evaporação e de condensação do ciclo da água. (B) poderão interferir nos processos do ciclo da água que envolvem mudanças de estado físico. (C) promoverão o aumento da disponibilidade de alimento das espécies marinhas. (D) induzirão o aumento dos mananciais, o que solucionará os problemas de falta de água no planeta. (E) causarão o aumento do volume de todos os cursos de água, o que minimizará os efeitos da poluição aquática.
tipos de reservatórios
2000
2001
895
1.658
974
6.855
46.444
32.787
vaso de planta
456
3.191
1.399
material de construção/peça de carro
271
436
276
garrafa/lata/plástico
675
2.100
1.059
poço/cisterna
44
428
275
caixa-d’água
248
1.689
1.014
recipiente natural, armadilha, piscina e outros
615
2.658
1.178
10.059
58.604
38.962
pneu tambor/tanque/depósito de barro
Competências avaliadas: ____________________________
total
.7. (ENEM-MEC)
população de A. aegypti 2002
Caderno Saúde Pública, vol. 20, n.º 5, Rio de Janeiro, out./2004 (com adaptações).
.8. (ENEM-MEC) De acordo com essa pesquisa, o alvo inicial para a redução mais rápida dos focos do mosquito vetor da dengue nesse município deveria ser constituído por (A) (B) (C) (D) (E)
pneus e caixas-d’água. tambores, tanques e depósitos de barro. vasos de plantas, poços e cisternas. materiais de construção e peças de carro. garrafas, latas e plásticos.
Competências avaliadas: ____________________________
.9. (ENEM-MEC) Se mantido o percentual de redução da população total de A. aegypti observada de 2001 para 2002, teria sido encontrado, em 2003, um número total de mosquitos (A) (B) (C) (D) (E)
GONSALES, Fernando. Vá Pentear Macacos! São Paulo: Devir, 2004.
São características do tipo de reprodução representado na tirinha: (A) simplicidade, permuta de material gênico variabilidade genética. (B) rapidez, simplicidade e semelhança genética.
menor que 5.000. maior que 5.000 e menor que 10.000. maior que 10.000 e menor que 15.000. maior que 15.000 e menor que 20.000. maior que 20.000.
e Competências avaliadas: ____________________________ 139
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.10. (ENEM-MEC)
.11. (ENEM-MEC)
Representar objetos tridimensionais em uma folha de papel nem sempre é tarefa fácil. O artista holandês Escher (1898-1972) explorou essa dificuldade criando várias figuras planas impossíveis de serem construídas como objetos tridimensionais, a exemplo da litografia Belvedere, reproduzida abaixo.
A diversidade de formas geométricas espaciais criadas pelo homem, ao mesmo tempo em que traz benefícios, causa dificuldades em algumas situações. Suponha, por exemplo, que um cozinheiro precise utilizar exatamente 100 mL de azeite de uma lata que contenha 1.200 mL e queira guardar o restante do azeite em duas garrafas, com capacidade para 500 mL e 800 mL cada, deixando cheia a garrafa maior. Considere que ele não disponha de instrumento de medida e decida resolver o problema utilizando apenas a lata e as duas garrafas. As etapas do procedimento utilizado por ele estão ilustradas nas figuras a seguir, tendo sido omitida a 5.ª etapa.
Qual das situações ilustradas a seguir corresponde à 5.ª etapa do procedimento?
Considere que um marceneiro tenha encontrado algumas figuras supostamente desenhadas por Escher e deseje construir uma delas com ripas rígidas de madeira que tenham o mesmo tamanho. Qual dos desenhos a seguir ele poderia reproduzir em um modelo tridimensional real?
(A)
(B)
(A)
(D)
(B)
(E)
(D)
(C)
(E)
Competências avaliadas: ____________________________
________________________________________________ *Anotações*
(C)
Competências avaliadas: ____________________________ 140
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Em Portugal, corresponde à época do Marquês de Pombal (1750-1777), que operou profundas transformações administrativas e educacionais, como a expulsão dos jesuítas, o fim da submissão à Santa Inquisição, a laicização do ensino, a reforma universitária e a divulgação das ideias científicas. No Brasil, corresponde ao apogeu da mineração do ouro em Minas Gerais e à transferência do centro econômico e cultural da Colônia do Norte (Pernambuco e Bahia) para o Centro-Sudeste (Minas Gerais e Rio de Janeiro). Corresponde, também, à fase das primeiras rebeliões contra o estatuto colonial, como a Inconfidência Mineira, a Revolução dos Alfaiates, etc. Daí o nativismo, que passa a ser reivindicatório, e não mais apenas descritivo e pitoresco, como ocorrera no Quinhentismo e no Barroco. A vida literária ganha novo alento com o surgimento de um público leitor. Estabiliza-se, dessa forma, a relação autor-obra-leitor, vale dizer, surgem escritores brasileiros, que escrevem sobre o Brasil, para leitores brasileiros.
Literatura brasileira Arcadismo (1768-1808) Marco inicial Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa.
Características árcades
Volta aos modelos clássicos: revalorização dos princípios poéticos greco-romanos e renascentistas. Daí a denominação Neoclassicismo.
Arte como imitação dos grandes autores: o poeta imita, não a natureza, como propugnava Aristóteles na Antiguidade, mas os autores antigos ou renascentistas (Horácio, Ovídio, Virgílio, Petrarca, Camões). O poeta arcádico não visa à originalidade, mas à perfeição na imitação do modelo.
Bucolismo e pastoralismo: os árcades tematizam a natureza, vista sempre como cenário ameno e aprazível. A natureza é convencional e serve de cenário para a vida serena dos pastores e suas musas, ou de testemunha impassível dos lamentos e desenganos do poeta.
Temas clássicos: o carpe diem (= aproveita o dia), quando o pastor, tendo em vista que o tempo passa e tudo degenera, convida a pastora a viver e gozar o momento presente; o aurea mediocritas (= mediania de ouro), ideal de vida pacata e sem excessos ou extremos; o fugere urbem (= fugir da civilização), que consiste na exaltação da vida simples, e o locus amoenus (= lugar ameno), que significa buscar a felicidade na natureza. Os poetas árcades adotavam como lema o inutilia truncat (= cortar o inútil), exprimindo a oposição aos exageros ornamentais do Barroco.
Fingimento e afetação: os poetas árcades adotavam pseudônimos pastoris e se referiam a suas amadas como musas. Sempre estavam envolvidos em cenas poéticas e musicais que exaltavam a vida campestre. Não existe, porém, a subjetividade melancólica que ainda vai assolar o homem romântico; os sentimentos são “fingidos”, usados como motivos estéticos, e não espontâneos.
ARQUIVO / UFMG
Vários poetas árcades participaram do movimento contra o governo português conhecido por Conjuração Mineira, mas somente Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, pagou com a vida a ousadia de querer lutar pela nossa independência. Na ilustração, uma representação impressionante do suplício de Tiradentes, obra do pintor Pedro Américo (1843-1905)
Panorama histórico O Arcadismo ou Neoclassicismo corresponde ao período de superação dos conflitos religiosos da época barroca. No século XVIII, a fé e a religião perdem importância, e a Razão e a Ciência passam a explicar o homem e o mundo. O Arcadismo coincide com o Século das Luzes, marcado pelo Iluminismo (Rousseau, Montesquieu, Voltaire); pelo Empirismo Científico (Newton, Lavoisier, Lineu, Locke); pelo Enciclopedismo (Diderot, D’Alembert) e, no âmbito político, pelo Despotismo Esclarecido. Representa, historicamente, o último período de dominação da aristocracia e as primeiras investidas da burguesia emergente na Revolução Comercial. A partir da Revolução Francesa (1789), a burguesia assume a condição de classe dominante. 141
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Principais autores e obras
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789; pseudônimo: Glauceste Satúrnio) — Obras Poéticas; Vila Rica
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810; pseudônimos: Dirceu e Critilo) — Marília de Dirceu; Cartas Chilenas
Basílio da Gama (1741-1795; pseudônimo: Termindo Sipílio) — O Uraguai
Frei Santa Rita Durão (1722-1784) — Caramuru
Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805; pseudônimo: Elmano Sadino) — Idílios Marítimos; Rimas; A Pena de Talião
*********** ATIVIDADES *********** Texto para as questões 1 e 2.
Pré-Romantismo (1808-1836) Denomina-se Pré-Romantismo a fase de transição entre a Era Colonial e a Era Nacional (1808-1836). Essa fase foi marcada, no plano histórico, pela transmigração da Família Real Portuguesa e pelos desdobramentos de sua presença no Brasil (Abertura dos Portos, Imprensa Régia, primeiros cursos superiores de Medicina e Direito, etc.). No plano literário, destacam-se: o jornalismo político (Evaristo da Veiga, Hipólito da Costa e Januário Barbosa da Cunha); a oratória sacra (Frei Francisco de Monte Alverne) e a poesia didática e moralizante (Padre Sousa Caldas e Américo Elísio, pseudônimo de José Bonifácio de Andrada e Silva).
Assistir: aos filmes Danton – O processo da Revolução (1982), de Andrzej Wajda; Ligações perigosas (1988), de Stephen Frears; Casanova e a Revolução (1982), de Ettore Scola; Amadeus (1984), de Milos Forman — todos relacionados com o contexto político e cultural europeu da época. Veja também A Missão (1986), de Roland Joffé, cujo tema também foi tratado pelo poeta árcade brasileiro Basílio da Gama, em seu poema épico O Uraguai.
Pesquisar: sobre as ideias e as obras dos filósofos iluministas Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Diderot e D’Alembert. Procure saber também sobre a Enciclopédia, escrita por eles, e sobre o Despotismo Esclarecido.
Ouvir: os compositores de destaque da época, como Johann Sebastian Bach e Wolfgang Amadeus Mozart.
Comparar: os princípios que regem a Constituição brasileira e as ideias políticas dos iluministas do século XVIII.
Conhecer: a pintura da época, especialmente a do pintor francês Antoine Watteau.
Torno a ver-vos, ó montes; o destino
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Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
09 10 11
Se o bem desta choupana pode tanto,
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Aqui descanse a louca fantasia,
Aqui me torna a pôr nestes outeiros, Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Corte, rico e fino.
Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros Atrás de seu cansado desatino.
Que chega a ter mais preço, e mais valia Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,
E o que até agora se tornava em pranto Se converta em afetos de alegria. COSTA, Cláudio Manoel da. In: FILHO, Domício Proença. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.
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.1. (ENEM-MEC) Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção. (A) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”. (B) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. (C) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional. (D) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole. (E) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.
*ATENÇÃO, ESTUDANTE!* Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO. 142
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.2. (ENEM-MEC)
.4. (INEP-MEC)
Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao seu interlocutor.
Assinale a opção que se refere ao texto de modo correto.
(A) (B) (C) (D) (E)
(A) Observa-se o elogio do pastoralismo, com a consequente crítica aos males que o meio urbano traz ao homem. (B) A natureza é cenário tranquilo, retratada sem levar em conta o estado de espírito de quem a descreve. (C) A antítese “Foi cena alegre, e urna é já funesta” resume o poema, indicando a passagem do tempo e a lembrança do amor perdido. (D) Exemplo típico do Arcadismo, constata-se o predomínio da razão sobre a emoção, o que revela a influência da lógica iluminista. (E) Recomenda que se aproveite o dia (carpe diem), embora fazendo referência à constância da vida e à previsibilidade do destino.
“Torno a ver-vos, ó montes; o destino” (v. 1). “Aqui estou entre Almendro, entre Corino” (v. 5). “Os meus fiéis, meus doces companheiros” (v. 6). “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7). “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto” (v. 11).
.3. (FATEC-SP) Sobre o Arcadismo brasileiro só não se pode afirmar que: (A) tem suas fontes nos antigos autores gregos e latinos, dos quais imita os motivos e as formas. (B) teve em Cláudio Manuel da Costa o representante que, de forma original, recusou a motivação bucólica e os modelos camonianos da lírica amorosa. (C) nos legou os poemas de feição épica Caramuru (de Frei José de Santa Rita Durão) e O Uraguai (de Basílio da Gama), no qual se reconhece qualidade literária destacada em relação ao primeiro. (D) norteou, em termos dos valores estéticos básicos, a produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que celebrizou Tomás Antônio Gonzaga e que destaca a originalidade de estilo e de tratamento local dos temas pelo autor. (E) apresentou uma corrente de conotação ideológica, envolvida com as questões sociais do seu tempo, com a crítica aos abusos do poder da Coroa portuguesa.
.5. (INEP-MEC) Ainda a respeito do poema, assinale a opção incorreta. (A) A métrica regular e a estrutura — um soneto — indicam a proximidade do Romantismo. (B) Apresenta construções em ordem indireta, mas sem o radicalismo da escrita barroca. (C) Percebe-se uma identificação entre o poeta e a natureza que o rodeia. (D) A organização em dois quartetos e dois tercetos é de natureza greco-latina. (E) Há uma contenção do poeta no uso de figuras de linguagem, como a metáfora “e urna é já funesta”.
.6. (UESPI-PI) Assinale a alternativa correta acerca do Arcadismo brasileiro e de seus autores. (A) Foi um movimento literário posterior ao Romantismo, que teve repercussão em todo o Brasil, especialmente em Minas e São Paulo. (B) A obra lírica mais divulgada foi Marília de Dirceu, longo poema de Tomás Antônio Gonzaga. Nele, o poeta se transforma em Dirceu, pastor que se enamora da pastora Marília, tendo como cenário um ambiente bucólico. (C) Cláudio Manuel da Costa, também árcade, escreveu Cartas Chilenas, uma crítica à colonização portuguesa. (D) Silva Alvarenga é o autor de O Uraguai, único poema épico do Arcadismo. (E) Entre as características árcades estão: a volta aos padrões greco-latinos, a visão idílica da natureza, o uso exacerbado da linguagem figurada, das contradições e dos contrastes.
Leia o texto abaixo, de autoria de Cláudio Manuel da Costa, para responder às questões 4 e 5. Este é o rio, a montanha é esta, Estes os troncos, estes os rochedos; São estes inda os mesmos arvoredos; Esta é a mesma rústica floresta. Tudo cheio de horror se manifesta, Rio, montanha, troncos e penedos; Que de amor nos suavíssimos enredos Foi cena alegre, e urna é já funesta. Oh quão lembrado estou de haver subido Aquele monte, e as vezes que, baixando,
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Deixei do pranto o vale umedecido!
*Anotações*
Tudo me está a memória retratando; Que da mesma saudade o infame ruído Vem as mortas espécies despertando. 143
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.7. (SEE-AC)
e)
A finalidade é depurar a língua, voltando ao “cattivo gusto”. (________________)
Assinale E nas erradas e C nas corretas. 01. (**)
A literatura brasileira da fase colonial é autônoma em relação à Metrópole.
f)
“Inutilia truncat” é o lema, a expressão de vanguarda para os seus princípios estéticos. (________________)
02. (**)
Toda a literatura colonial é basicamente advinda dos membros da Companhia de Jesus, sem nenhuma contribuição dos colonos.
g)
O estilo é contornado, rebuscado, com uma série de raciocínios, ficando o homem em certo dilema. (________________)
03. (**)
A Carta de Pero considerada como nascimento”.
h)
O Iluminismo é um dos princípios básicos, isso na França, numa época em que o Enciclopedismo é uma nota marcante. (________________)
04. (**)
A literatura dos cronistas é basicamente informativa, geográfica e curiosa das coisas locais.
i)
A arte é o reflexo de todo o luxo que caracteriza a escultura e a pintura das igrejas. (________________)
j)
Nos poemas, a ordem da frase passa a ser mais direta, embora ainda se procure certa perfeição formal. (________________)
Vaz de Caminha é nossa “certidão de
05. (**)
Autores românticos e modernistas valeram-se de sugestões temáticas e formais das crônicas de viagem.
06. (**)
A literatura dos viajantes é ocorrência exclusivamente brasileira, não tendo nenhum similar em nenhuma outra parte do mundo.
07. (**)
A poesia de Anchieta está presa aos modelos renascentistas e reflete, em seus sonetos, uma transparente influência de Camões.
08. (**)
A literatura de informação ressalta a importância do trabalho com o estilo, com a forma.
09. (**)
A atitude de Caminha em frente à terra recém-descoberta é de decepção e de repulsa pelo índio.
10. (**)
A produção informativa do Quinhentismo tem maior valor histórico-documental que literário.
11. (**)
.9. (UFPE) Ao longo da história da literatura, ocorrem vários estilos. O Barroco, por exemplo, é o nome de um estilo que predominou no século XVII. Podemos dizer que estilo literário (A) é a síntese das características do principal escritor de uma época. (B) são os procedimentos artísticos e as concepções de mundo predominantes nas obras de uma certa época. (C) é o conjunto dos estilos individuais de todos os autores de uma certa época. (D) é a expressão exata do modo de pensar de todos os escritores de uma certa época. (E) n.d.a.
________________________________________________ *Anotações*
A exaltação das virtudes da terra prestava-se, também, ao incentivo à imigração e aos investimentos da Europa na Colônia.
.8. (SEE-AC) Coloque o nome do estilo a que se referem as definições seguintes (Barroco ou Arcadismo). a)
Procurou-se o campo, a sua pureza, para uma motivação estética contra certa conturbação anterior nas letras. (________________)
b)
Os pastores seriam o modelo, procurando-se, acima de tudo, simplicidade. (________________)
c)
A arte é complexa, cheia de contrastes e hesitações. (________________)
d)
É um tempo místico, religioso, com o homem tentando obter uma resposta para os seus problemas nos valores espirituais. (________________) 144
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