Revista apl defesa do grande abc

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PRODUZINDO A DEFESA DO BRASIL Ano 1 • Número 01 • 2014

ENTREVISTAS ESPECIAIS

Luiz Marinho

Prefeito de São Bernardo do Campo

Gal. Enzo Peri

Comandante do Exército Brasileiro



EDITORIAL

PRODUZINDO A DEFESA DO BRASIL

E

m dezembro de 2013, a Presidenta Dilma Roussef anunciou a escolha do modelo Gripen para a renovação da Força Aérea, no âmbito do processo de reaparelhamento das Forças Armadas e do fortalecimento da Base Industrial de Defesa, iniciado no Governo Lula. Imediatamente, os olhares se voltaram para o Grande ABC. O anúncio da empresa Saab, de instalação de uma unidade de fabricação do caça em São Bernardo do Campo, deu ao Prefeito Luiz Marinho grande projeção na mídia e inseriu a região na geografia da indústria de Defesa. Porém, o ocorrido não foi um raio em céu azul. Houve toda uma estratégia, um caminho, um processo, que conduziram a esse resultado muito positivo para o Grande ABC e o Brasil. O Arranjo Produtivo Local (APL) de Defesa do Grande ABC, único deste tipo no país, tem muito a comemorar. Após um ano de existência, a publicação do primeiro exemplar de sua Revista representa novo avanço na cooperação entre empresários, sindicalistas, dirigentes acadêmicos e gestores públicos – os quatro principais atores que compõem o APL, com frequente presença de membros das Forças Armadas como convidados. O Prefeito Luiz Marinho, Presidente do Consórcio Intermunicipal das sete prefeituras do Grande ABC, é o personagem central nesse esforço regional de adensamento da indústria de Defesa brasileira. Entre suas várias ações, incluiu-se uma audiência com Sua Majestade, o Rei da Suécia, a convite deste. Em entrevista neste número inaugural da Revista do APL de Defesa do Grande ABC, Marinho expõe sua visão sobre o momento da região e do país e as vantagens de uma diversificação produtiva, que somará novas capacidades à tradicional vocação automotiva preservada.

Igualmente relevante é a entrevista do Comandante do Exército Brasileiro, General Enzo Peri, que detalha os projetos dessa Força para os próximos anos, as demandas de produtos e serviços para o parque produtivo do país e as vantagens de um APL como o nosso para o Brasil. A matéria sobre o Gripen avalia o impacto da escolha do caça para o Brasil e nossa região. O histórico da busca de inserção do Grande ABC na cadeia produtiva de Defesa, ao longo de cinco anos, está descrito em detalhes na matéria da página 6 e no artigo do Secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo do Campo, na página 42. As universidades do Grande ABC serão cruciais na construção das novas capacidades produtivas. Dirigentes de importantes instituições comentam essas perspectivas nesta edição. Artigo sobre a capacitação da força de trabalho local retrata a preocupação central do sindicalismo - ator social de fundamental importância na região. A Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC tem papel decisivo a cumprir no processo regional. Rafael Marques, que acumula a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da Agência, fala dos planos e ações desta entidade. Finalmente, entre outras reportagens, a matéria sobre Catalogação e Homologação de produtos de Defesa aborda os requisitos técnicos rigorosos para quem pretende fornecer às Forças Armadas. Convidamos os leitores e leitoras a se inteirarem das ações do APL de Defesa do Grande ABC. Boa leitura a todos! Coordenação do APL de Defesa do Grande ABC

Revista do APL de Defesa do Grande ABC


ÍNDICE 05 06 14

EVENTOS UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE DEFESA ENTREVISTA COM O PREFEITO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO LUIZ MARINHO DEFESA BRASILEIRA TEM HORIZONTE OTIMISTA

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ENTREVISTA COM O COMANDANTE DO EXÉRCITO BRASILEIRO GENERAL ENZO PERI APL É CANAL DE COMUNICAÇÃO COM O EXÉRCITO BRASILEIRO

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A MISSÃO DA AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DO GRANDE ABC

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AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE DEFESA INDÚSTRIA DE DEFESA PODE CONTAR COM AS UNIVERSIDADES

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REFORÇO SUECO NOS ARES DO BRASIL

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O APL EM DEFESA DO GRANDE ABC ARTIGO DO SECRETÁRIO JEFFERSON JOSÉ DA CONCEIÇÃO

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CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS

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SINDICATOS E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA

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A VISÃO ESTRATÉGICA DE UM POLO DA INDÚSTRIA DE DEFESA

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NOTAS: POR DENTRO DO APL

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EMPRESAS E INSTITUIÇÕES DO APL DE DEFESA DO GRANDE ABC

PROCESSO RIGOROSO E IMPRESCINDÍVEL

CAMINHO PARA INOVAR

EXPEDIENTE APL DE DEFESA DO GRANDE ABC Presidente do Consórcio do Grande ABC Prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho Coordenador Geral do APL de Defesa do Grande ABC Jefferson José da Conceição Secretário Adjunto de Desenvolvimento Carlos Alberto “Krica” Coordenadora Técnica do APL Flávia Beltran A Revista do APL de Defesa do Grande ABC é uma publicação do Arranjo Produtivo Local do Setor de Defesa do Grande ABC. A publicação teve a coordenação do Secretário de Desenvolvimento Econômico,Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo, Jefferson José da Conceição e do Secretário Adjunto Carlos Alberto “Krica”. REVISTA DO APL DE DEFESA DO GRANDE ABC Ano 01 - Número 01 (2014) Diretor Geral: José Mattos Repórter Especial: Romualdo Venâncio Coordenador: Fernando Portilho Designer: Mayara Lista Capa: Flávio Tavares Secretária de Redação: Taís Motta Estagiária: Florencia Perseo Assessores da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo: Roberto Vital Anau, Maisa Sodré e Flávia Beltran Contatos do APL de Defesa do Grande ABC www.industriadefesaabc.com.br www.desenvolvimentosbc.com.br www.facebook.com/desenvolvimentoSBC industria@saobernardo.sp.gov.br Praça Samuel Sabatini, 50 – Paço Municipal São Bernardo do Campo – SP CEP: 09750-901 Editada pela JCM Consultoria em Comunicação e Políticas Públicas Av. Rio Branco, 45 sala 1703 Rio de Janeiro – RJ Telefone: 021-3686-6802 Os artigos publicados na revista são de responsabilidade de seus autores e não refletem obrigatoriamente a opinião dos editores


EVENTOS O COMANDO DA AERONÁUTICA APRESENTA SEUS PROJETOS E DEMANDAS ÀS EMPRESAS DO GRANDE ABC PROGRAME-SE: 30 de julho de 2014 Programação: 8h – Credenciamento 8h30 – Abertura – Prefeito Luiz Marinho 9h às 12h – Palestras com Representantes da Força Aérea 12h – Almoço 13h – Palestras com Representantes da Força Aérea 15h – Rodadas de Relacionamentos entre Oficiais da Aeronáutica responsáveis pelo Setor de Compras e empresas da Região, nas seguintes áreas: Têxtil – fardamento, calçados e acessórios Instalações – alimentação, gêneros, equipamentos e aparelhos Equipamentos Individuais – EPI (equipamentos de proteção individual) Equipamentos de Logística e mobilização - barracas de campanhas, contêineres Combustíveis, Gases, Óleos e Lubrificantes Viaturas, motores, viaturas especiais Pneus de aviação Produtos especiais: produtos químicos para manutenção de aeronaves, tintas aeronáutica Material Bélico – munições e explosivos, armamentos, armas não letais, bombas e foguetes Materiais – processos de forjamento em alumínio e outros, ligas de alto desempenho para veículos lançadores e materiais compostos, elastômeros e sinterizados metálicos para freios Ciência e Tecnologia – sistemas de informática para veículos lançadores, VANT, mísseis e satélites, simuladores de voo Mecânica – tanques de combustível aerotranspotáveis, revisão geral de TPs (trens de pouso) Para brisas e transparências para uso aeronáutico Equipamentos e insumos médico-hospitalares e odontológicos Local: Salão Nobre da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) – Rua Alfeu Tavares, 149 – Rudge Ramos – São Bernardo do Campo Informações: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo Contato: Flávia Beltran – industria@saobernardo.sp.gov.br Inscrições e Programação completa pelo site do APL de Defesa do Grande ABC: www.industraidefeSaabc.com.br

MISSÃO BRASIL - SUÉCIA 22 a 26 de setembro de 2014 A Prefeitura de São Bernardo do Campo, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo e da Secretaria de Relações Internacionais, com apoio da Business Sweden e dos APLs de Defesa, Ferramentaria e Auto Peças, estão organizando a Missão Brasil-Suécia, com o objetivo de trocar experiências entre universidades e prospectar negócios entre empresas.

Entidades envolvidas: - Prefeitura de São Bernardo do Campo - Universidades - Instituição de Ensino Técnico Especializado - Business Sweden - Sindicatos dos Metalúrgicos da Suécia e do Grande ABC Locais: Linköping e Gotemburgo - Suécia Mais informações: 11 4348-1051 (Maisa, Flávia e Alessandra) - maisa.sodre@saobernardo.sp.gov.br Revista do APL de Defesa do Grande ABC


UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE DEFESA

UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE DEFESA 06 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


Criado para somar esforços e multiplicar resultados, o APL de Defesa do Grande ABC se tornou uma referência do setor e ampliou a projeção de sua representatividade

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ntre os objetivos de um Arranjo Produtivo Local (APL) estão a aproximação e o diálogo entre empresas de um mesmo território para que, a partir de uma ação coordenada, busquem o avanço em produtividade e competitividade. Isso é exatamente o que aconteceu há cerca de um ano, quando foi criado o APL de Defesa do Grande ABC, no Estado de São Paulo. A região já havia conquistado notoriedade como um dos principais polos industriais do Brasil, mas principalmente pela atuação no setor automobilístico. Diante de uma demanda específica e das múltiplas oportunidades decorrentes, veio o estímulo para aproveitar todo o potencial produtivo já instalado por ali. O APL de Defesa do Grande ABC surgiu como parte de um planejamento para a região, vislumbrando as próximas décadas. A criação e a coordenação desse APL ficaram a cargo da

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Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo da Prefeitura de São Bernardo do Campo. E as ideias vieram à tona em meio à definição de prioridades do plano de governo do Prefeito Luiz Marinho. “Entre as questões colocadas à mesa, precisávamos saber como promover a comple-

“ A combinação do momento econômico do Brasil com a real possibilidade de fortes investimentos na área permitiu que se enxergasse um panorama mais convidativo...”

mentariedade das cadeias produtivas e definir o que a região ainda poderia absorver, que espaços ainda seria possível abrir, quais seriam as demandas da economia brasileira, entre outros fatores”, explica o Prefeito. O estímulo para a formação desse APL veio também do positivo cenário em torno do Setor de Defesa. A combinação do momento econômico do Brasil com a real possibilidade de fortes investimentos na área permitiu que se enxergasse um panorama mais convidativo. Outro fator que impulsionou o surgimento do primeiro e, até o momento, único APL de Defesa do país é a necessidade das Forças Armadas de reduzirem sua dependência quanto a fornecedores estrangeiros de produtos e serviços. Se a equação ‘pesquisa e desenvolvimento tecnológico mais capacidade de

SÃO BERNARDO REALIZA “RADIOGRAFIA” DAS INDÚSTRIAS DE DEFESA NO NOVO CADASTRO A Prefeitura de São Bernardo - por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo - acaba de realizar pesquisa para atualizar o Cadastro Geral da Indústria (CGI) do município. O diagnóstico, realizado pelo INPES da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), conta com o apoio do Ciesp-São Bernardo e dos sindicatos de trabalhadores, dos Metalúrgicos e o dos Químicos do ABC. A pesquisa contém também questões que buscam identificar, em uma primeira aproximação, a base industrial de Defesa instalada no município.

Os resultados serão disponibilizados ao público na forma impressa e eletrônica. Assim, será possível conhecer o que produz cada uma das indústrias; que insumos utiliza; onde compra; onde vende (logo, será possível mapear a “abecedização” do fornecimento das cadeias produtivas locais); se exporta ou não; número e composição de empregados; principais resíduos do processo industrial; relação com as universidades, entre outras informações. O objetivo do CGI é ser instrumento de apoio ao fomento da indústria. Ele poderá gerar rodadas de negócios para os atuais Arranjos Produtivos

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Locais (APLs), coordenados pela Secretaria. Além do próprio APL de Defesa, a Secretaria coordena os APLs de ferramentaria, autopeças, químico, defesa, móveis, gráfico e panificação. O CGI abrange todos os estabelecimentos industriais do município. Os 35 pesquisadores visitaram in loco mais de 700 quarteirões da cidade. O questionário, aplicado pelos pesquisadores foi respondido por gerentes e diretores das empresas. A pesquisa deverá ser estendida em breve a toda Região do ABC, por meio do Consórcio Intermunicipal e da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC.


Foto: Divulgação

UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE DEFESA

Marinha do Brasil e empresários da região

produção’ pode gerar resultados significativos, os vetores ‘instituições de ensino e polo industrial’ são mais do que relevantes.

Visão de futuro O APL de Defesa do Grande ABC foi fundado, oficialmente, no dia 7 de março de 2013. Mas sua construção se iniciou bem antes dessa data, com uma expressiva lista de ações desenvolvidas pela Prefeitura de São Bernardo do Campo. Ainda no primeiro semestre de 2010, o prefeito Luiz Marinho viajou para a Suécia e a França, com o intuito de conhecer de perto a indústria aeronáutica daqueles países e identificar oportunidades para as empresas do Grande ABC nos campos comercial, além do compartilhamento de tecnologia. Essas visitas resultaram em dois eventos com algumas das principais companhias globais no setor de tecnologia aeroespacial. No final de 2010, representantes da Saab, indústria sueca

“...os membros do AP transformaram os debates em agenda de trabalho, ações concretas e, consequentemente, benefícios a todos...” fabricante do caça Gripen, estiveram em São Bernardo do Campo para um encontro com empresas e universidades do Grande ABC. Na ocasião, os executivos da Saab falaram sobre o que ofereceriam como contrapartida ao Brasil e ao Grande ABC caso o grupo fosse escolhido pelo governo brasileiro para ser o fornecedor dos aviões do Projeto FX-2 da Força Aérea Brasileira. Além do compromisso em transferir tecnologia, falou-se na construção de uma unidade do grupo sueco em São Bernardo do Campo. Em dezembro de 2013, o Ministério da Defesa anunciou que o Gripen (modelo New

Generation) foi escolhido para renovar a frota nacional de caças supersônicos. A Saab confirmou sua instalação em São Bernardo do Campo. O segundo encontro aconteceu em maio de 2011, com o Consórcio Rafale, do grupo francês Dassault, que também concorria para o Projeto FX-2. Em um seminário apresentado pela empresa, foi assinado um Termo de Cooperação com a Prefeitura de São Bernardo do Campo e três instituições de ensino (UFABC, FEI e Fatec). Ainda naquele mês, o ABC deu mais um importante passo rumo ao desenvolvimento tecnológico e ficou ainda mais próximo da Suécia. A criação do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro, o CISB, multiplicou as possibilidades de geração de conhecimento, inclusive com intercâmbio acadêmico. Com o apoio do CISB, as universidades do Grande ABC têm mantido contato direto, por exemplo, com a Linköping University, e já vêm desenvol-

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FINANCIAMENTOS

lançamento do livro bilíngue (português/inglês) “São Bernardo do Cam­po, Grande ABC: Nova Fron­teira da Indústria de Defesa”, disponível em versão impressa e eletrônica.

Esforço conjunto, ganho coletivo Como era de se esperar, todas essas iniciativas despertaram o interesse de diversos segmentos

Foto: Divulgação / FINEP

vendo trabalhos de pesquisa em parceria. A dedicação para promover o desenvolvimento da indústria de defesa do Grande ABC também abriu o diálogo da Prefeitura de São Bernardo do Campo com o mercado dos Estados Unidos. A Boeing Company realizou duas rodadas de questionários, uma no final de 2011 e outra no início de 2012, junto às empresas da região do ABC para selecionar aquelas que pudessem integrar a rede mundial de fornecedores da companhia norteamericana. Um Seminário sobre Oportunidades da Indústria de Defesa no Brasil e no Grande ABC, em outubro de 2011, reuniu representantes das Forças Armadas, empresários, sindicalistas e gestores públicos. Em paralelo, um Colóquio Acadêmico congregou universidades locais com o ITA e o IME, que expuseram as pesquisas em andamento. Também nesse evento, ocorreu o

William Respondovesk

Apoio à inovação tecnológica Entre as ações do Arranjo Produtivo Local (APL) de Defesa do Grande ABC está o apoio para que as indústrias encontrem caminhos mais curtos e seguros aos recursos financeiros. É uma forma de estimular o crescimento do setor. Se depender da busca por financiamentos para aplicar em pesquisa e desenvolvimento, pode-se afirmar que a indústria nacional de defesa está em plena expansão. A FINEP, por exemplo, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, criou no ano passado

um departamento específico para atender o setor. Inicialmente, foram disponibilizados recursos de R$ 2,9 bilhões. No entanto, por conta da demanda, serão investidos quase R$ 8,7 bilhões. Segundo dados divulgados pelas própria FINEP, de 91 planos de negócios apresentados por 64 empresas líderes aprovadas no programa Inova Aerodefesa, saíram 315 projetos de pesquisa e inovação, com base nas quatro linhas temáticas definidas no edital: Aeroespacial, Defesa, Segurança e Materiais Especiais.

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O chefe do Departamento das Indústrias Aeroespacial, Defesa e Segurança da FINEP, William Respondovesk, afirma ser imprescindível comprovar o grau de inovação do projeto em questão, até porque essa informação ajudará a definir o tipo de financiamento (reembolsável ou não). “É importante que a empresa mostre qual é o risco tecnológico, que desafios vai enfrentar. Precisa descrever o que vai fazer, como vai fazer e que tipo de gasto terá (equipe, equipamentos, viagens e demais despesas); e quanto tempo vai demorar para acontecer”, detalha ele.


UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE DEFESA

te do Centro de Catalogação das Forças Armadas, ajudou os empresários do Grande ABC a entenderem a importância e as etapas dos processos de catalogação e homologação de produtos. Também tiveram início

Quando o solicitante consegue a aprovação dos recursos, vem o acompanhamento da instituição financeira. “Não vamos apenas olhar a perspectiva de crédito e emprestar o recurso, queremos saber qual é o grau de inovação. E não liberamos a verba toda de uma vez, mas, sim, por etapas, de acordo com os resultados que apuramos”, explica Respondovesk. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já atua com empresas do setor de defesa – pequenas, médias e grandes – há mais tempo. “Temos histórico de atendimento à área de defesa desde

a década de 1980”, confirma o engenheiro lotado no Gabinete da Presidência da instituição, Sergio Schmitt. “Mais recentemente, desde 2003, há uma política de governo orientada para o fortalecimento dessa indústria”, completa. O limite mínimo de apoio, por exemplo, é de R$ 1 milhão para a defesa, enquanto que para os demais setores é de R$ 20 milhões. O atendimento pode ficar ainda mais personalizado pelo fato de o BNDES contar com uma divisão específica para atender APLs. “Fato interessante é que várias tecnologias desenvolvidas para o setor de defesa também têm aplicação no

articulações para a instalação de um Centro de Catalogação das Forças Armadas em São Bernardo do Campo. Ainda em dezembro de 2012, aconteceu uma conferência com oficiais

Foto: Divulgação

para as oportunidades na área de defesa. E aí veio também a demanda por mais informações sobre as características do setor, seus integrantes, suas particularidades, os principais desafios, enfim, tudo o que fosse possível. Mais uma vez, o prefeito Luiz Marinho e sua equipe se anteciparam e buscaram meios para suprir tal necessidade. Uma série de ações com as Forças Armadas, visando a sua aproximação com as empresas da região, se desenvolveu a partir do ano seguinte. Uma palestra realizada pelo General Aderico Mattioli, diretor do Departamento de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, e pelo Coronel Nelson Kenji Missano, geren-

Sérgio Schmitt

mercado civil”, observa Schmitt. Além do apoio à inovação, o BNDES também oferece recursos para que as empresas possam investir em capacidade produtiva, a exemplo de quando precisa ampliar ou renovar suas linhas de produção. Para ter acesso aos recursos, o empresário deve formalizar uma consulta prévia, seja para inovação, seja para capacidade produtiva ou ainda exportação.

Serviço: FINEP – (11) 3847-0300 www.finep.gov.br BNDES – (11) 3512-5100 www.bndes.gov.br

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da Mar inha do Brasil para falarem sobre especificações da demanda de produtos e serviços. As palestras realizadas pelo Vice -Almirante Edésio Teixeira Lima Junior e sua equipe mostraram aos mais de 450 empresários presentes quais são as necessidades da Marinha e o que é preciso para que possam se tornar fornecedores. Em 2013, nasce de fato o APL de Defesa do Grande ABC, que desde sua formação reúne uma lista considerável de participantes, entre empresas, universidades, Forças Armadas, instituições financeiras, entidades de classe e a gestão pública. Mais que discutir de forma intensa e abrangente os principais temas relacionados ao setor, os membros desse grupo transformaram os debates em agenda de trabalho, ações concretas e, consequentemente, benefícios a todos os atores relevantes do Grande ABC. Para começar, o APL de Defesa do Grande ABC desenvolveu um site próprio (www.industriadefesaabc.com.br) para ampliar divulgação, em âmbito nacional, e

chamar a atenção para as atividades da região no tocante ao setor. O site foi ferramenta fundamental, por exemplo, para convidar o público para participar do evento realizado em parceria com o Exército em julho de 2013, nos moldes do que havia acontecido com a Marinha. “Foi a continuidade de nossa política para ampliar a participação do setor produtivo do Grande ABC na rede de suprimento das Forças Armadas”, comenta o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo, Jefferson José da Conceição. O processo também é visto com bons olhos pelos militares, como afirma a liderança do Comando Logístico do Exército, General Marco Antônio de Farias: “Para mantermos o Exército ativo, precisamos do apoio da indústria. E essa aproximação representa ganho de qualidade, benefícios sociais e confiabilidade”. Naquele evento, foi entregue ao Exército um documento no qual o APL propõe diversos tópicos relacionados ao incremento de sua participação na Base Industrial de Defesa do Brasil. n

EMPRESAS DO APL TÊM LINHA ESPECIAL DA CAIXA PARA CAPITAL DE GIRO As empresas do APL de Defesa do Grande ABC poderão utilizar de linha de crédito para capital de giro especialmente construída pela Caixa Econômica Federal para os Arranjos Produtivos Locais (APLs). A linha, constituída com recursos do PIS, propiciará financiamento de até R$ 100.000,00, com carência de 24 meses, pagamento em até 24 vezes e taxa de juros de 0,83% a.m, sem IOF. Os empresários que eventualmente estiverem com dívidas atrasadas e, por conseguinte, sem condições de obtenção da Certidão Negativa de Débito (CND), podem receber consultoria especializada para regularizar a situação e conseguir o crédito. Algumas outras linhas de crédito importantes para as Indústrias da base Industrial de Defesa são a do BNDES e da FINEP.

12 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE DEFESA

Tunico Vieira Secretário de Relações Internacionais de São Bernardo do Campo

Defesa é garantia de segurança e soberania P

elas ruas do Brasil escuta-se que os gastos públicos na área de defesa são desnecessários. No entanto, a história e ordem mundial contemporânea comprovam que para a manutenção da paz é necessário a segurança de nossas fronteiras. Quando falamos em defesa não nos referimos à guerra, mas prioritariamente aos assuntos de segurança nacional e à conservação de uma região pacífica. E claramente, um país com a extensão territorial do Brasil, que dispõe de vastas riquezas e reservas naturais, necessita de equipamentos modernos para garantir sua soberania e a segurança de seu povo. São Bernardo do Campo, uma cidade vanguardista no fortalecimento e na diversificação de sua atividade econômica, mais uma vez sai na frente como pivô da inovação no processo de ampliação e modernização da indústria de defesa a ser

territorialmente desenvolvida em nossa cidade. O governo do Prefeito Luiz Marinho não tem medido esforços, e tem tido destacável sucesso, para transformar São Bernardo do Campo em um renomado parque de defesa nacional, atraindo empresas de alta tecnologia, gerando empregos qualificados e contribuindo para o desenvolvimento da cidade, da região e do país. Indubitavelmente a instalação da fábrica da Saab para fabricação dos caças supersônicos Gripen NG é a primeira etapa de sucesso, dentre diversas outras que virão, para consolidação de mais um degrau na escada do desenvolvimento econômico e social de São Bernardo do Campo. n

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ENTREVISTA ESPECIAL

DEFESA BRASILEIRA TEM HORIZONTE OTIMISTA O Prefeito de São Bernardo e atual Presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC aposta alto na evolução do polo industrial do Grande ABC para fortalecer a autonomia tecnológica das Forças Armadas e ressalta tratar-se de um processo coletivo, que depende de todos os envolvidos com o setor

A

Foto: Revista do APL

Indústria Nacional de Defesa vive um momento de boas perspectivas, tanto pela evolução tecnológica, que é uma realidade dentro do país, quanto pela integração com o mercado internacional. Esse ambiente traz novas oportunidades para o setor, a exemplo da escolha dos caças Gripen NG pelo Governo Federal para o Projeto FX-2, aeronaves fabricadas pela empresa sueca Saab. Apesar dessa atmosfera positiva, o prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho, acredita que o setor de defesa do Brasil precisa avançar mais. E para que isso aconteça, é preciso estreitar a relação entre as Forças Armadas, a indústria de defesa, a área acadêmica e todos os demais integrantes dessa cadeia. Essa é a movimentação que vem sendo realizada pelo Arranjo Produtivo Local (APL) de Defesa do Grande ABC.

Como surgiu a formação do APL de Defesa?

Prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho

Foi motivada, principalmente, por nossa inquietação na busca de novos e melhores rumos para a cidade de São Bernardo do Campo e o ABC paulista. Desde o primeiro momento da preparação para a eleição à Prefeitura, fizemos uma lista de interrogações sobre como pensar, planejar e projetar a cidade para os próximos

14 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


Foto: Divulgação

PREFEITO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO LUIZ MARINHO

A convite da Saab, prefeito Luiz Marinho realizou sobrevoo em um Gripen

30, 40 ou 50 anos; como fazer o complemento das cadeias produtivas; o que a região ainda pode absorver; enfim, que espaços podem se abrir. Entre as muitas informações resultantes desse diagnóstico, constatamos que o setor de defesa, após cinco décadas, passou a receber – ou a ter a possibilidade de receber – fortes investimentos, acompanhando o bom momento da economia brasileira.

“Em diversas situações, na busca por processos ou matérias-primas para a indústria de defesa, acabam surgindo descobertas que servirão também a outros segmentos industriais...”

Quais são as reais oportunidades para o setor? A consolidação da economia brasileira no cenário global atrai os olhares do mundo todo. Se já éramos uma nação em evidência por conta das riquezas naturais como as existentes na Amazônia, tornamo-nos mais ainda com as descobertas de novos campos de petróleo. Vale ressaltar as projeções sobre o problema de escassez de água. Mas nossas oportunidades vão além desses e outros recursos naturais estratégicos e abrangem também nosso parque industrial e nossa expertise produtiva. No momento em que o Governo Federal anuncia vultosos investimentos na área de defesa, nos deparamos com o desafio de reconstruir parte da indústria que abastece o setor,

sucateada ao longo do tempo. Em meio a esse cenário, vimos a oportunidade de o ABC acolher a constituição de um parque industrial de defesa.

A região é tradicionalmente reconhecida como polo da indústria automobilística. Essa imagem pode mudar? Esse é o nosso desejo, mas com uma mudança que aponte a complementação e diversificação de cadeias produtivas, mantendo nossas vocações tradicionais. Uma boa manchete sobre esse momento poderia ser a seguinte: “O ABC também é defesa”. Há predominância do setor automotivo, mas suas raízes passam por segmentos como engenharia, químico e petroquímico, que também interagem com outras cadeias produtivas.

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engenharia e a presença abrangente do mundo acadêmico. O que procuramos fazer é aproximar, reunir todos esses setores e criar uma sinergia. Além disso, a região apresenta outros diferenciais, como a localização geográfica e a proximidade do Porto de Santos, importantes vantagens logísticas. Esse conjunto de fatores acaba se traduzindo em competitividade.

Como tem sido a receptividade de empresários à criação do APL e às ações já desenvolvidas?

Quais são os benefícios para empresas que investem no setor de defesa em São Bernardo do Campo e no Grande ABC?

Como a concentração de instituições de ensino na região tem favorecido o desenvolvimento do polo industrial de defesa? Sempre que vou às universidades, digo que estão em débito com a sociedade, pois há inúmeras demandas já colocadas que necessitam de pesquisa para serem resolvidas, e são essas instituições que podem desenvolver tais estudos. Quando Foto: Divulgação

Posso dizer que há algumas empresas ainda na fase de namoro e outras já caminhando para o casamento. Não temos dúvida de que a iniciativa valeu a pena. Se tomarmos como exemplo a criação do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), que atua nacional e internacionalmente a partir de nossa cidade, o que vemos é um estímulo importante ao processo de formação da consciência sobre a necessidade de um parque tecnológico e a da interação das universidades e institutos de pesquisa com demandas do setor produtivo. Mais do que nunca, o setor de defesa demanda tal avanço. Em diversas situações, na busca por processos ou matérias-primas para a indústria de defesa, acabam surgindo descobertas que servirão também a outros segmentos industriais.

Esta região tem uma cultura de trabalho muito forte e, por conta disso, uma inteligência bastante desenvolvida em relação a esse universo. Também há o potencial de diversas áreas da Associação dos Funcionários Público

16 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC

uma empresa privada investe em pesquisas, tem como base um produto ou serviço específico e não uma demanda mais ampla.Veja por exemplo a Represa Billings, que abastece boa parte da cidade de São Paulo e nossa região. Seu reservatório de água vem diminuindo devido ao aumento da quantidade de lodo. Como descobrir uma forma segura de tirar esse lodo, sem causar uma catástrofe ambiental? Só é possível levar adiante um debate como este com a participação da academia. De forma geral, creio que as instituições de ensino estão respondendo razoavelmente bem a este chamado, buscando cada vez mais parcerias com o setor industrial. É necessário aprofundar esse processo, tornando -o mais sistemático e dinâmico. Uma iniciativa em curso no Consórcio Intermunicipal é a


PREFEITO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO LUIZ MARINHO

realização de um Inventário da Oferta Tecnológica da região, que identifique o conjunto de instituições e organizações prestadoras de serviços e pesquisas tecnológicas: laboratórios de universidades e independentes, Centros de Engenharia de empresas, institutos públicos e privados etc. No momento, trabalhamos uma licitação para realizar o levantamento para criar esse inventário.

E quanto às Forças Armadas, também houve boa receptividade para as iniciativas do APL de Defesa do Grande ABC? Com certeza. Já realizamos um encontro com a Marinha e outro com o Exército para aproximá-los dos empresários da região. Este ano, o mesmo vai acontecer com a Aeronáutica. Já recebemos elogios das

“A presença da Saab na cidade, no ABC paulista, é uma decisão estratégica de grande relevância...” três Forças por incentivarmos essa relação mais estreita com a indústria da região e até de outros estados. A partir desses encontros, os militares têm a oportunidade de apresentar às empresas seu potencial de compra e de desenvolvimento. E também de conhecer o que esse parque industrial pode oferecer. Há material importado que poderia ser fabricado aqui no Brasil. Nacionalizar a produção de equipamentos que hoje são importados seria algo muito positivo, tanto para as Forças Armadas quanto para a economia brasileira. Afinal de contas, se estamos falando de indústria de defesa, precisamos ter autonomia de uso, de exploração e de transferência de tecnologia.

Com a escolha dos caças Gripen NG, fabricados pela Saab, para o Projeto FX-2, a empresa sueca confirmou a instalação de uma unidade em São Bernardo. Como o senhor vê essa notícia? Evidentemente, o fortalecimento da Defesa Nacional é muito importante, mas a presença da Saab em São Bernardo

do Campo é uma decisão estratégica de grande relevância. Há uma estimativa de geração de aproximadamente 5.800 postos de emprego para a região, o que teria um impacto extremamente positivo na economia local. Há ainda os investimentos previstos para São Bernardo, além do que a empresa já tem aplicado no país. De forma mais abrangente, é importante considerar as oportunidades geradas para a área de fornecedores e os centros de pesquisa, considerando que a transferência de tecnologia é um dos compromissos da entrada da Saab no Projeto FX-2. Vale ressaltar que a integração com o grupo sueco já era significativo, tanto que sua participação viabilizou a criação do CISB, por exemplo.

Qual seria, neste momento, Sua mensagem para o setor brasileiro de defesa e seus integrantes? O Brasil só tem uma alternativa: o segmento nacional de defesa precisa ser melhor do que é hoje. Essa é nossa aposta, é o que devemos projetar para os próximos 50 anos. O Grande ABC deseja e pode contribuir para isso, em cooperação com outras regiões do país, de forma a tornar essa também uma aposta no desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira. n

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ENTREVISTA ESPECIAL

APL É CANAL DE COMUNICAÇÃO COM O EXÉRCITO BRASILEIRO Foto: Divulgação

Entrevista com o comandante do Exército brasileiro, General Enzo Peri

U

ma participação cada vez maior da indústria nacional no atendimento às necessidades do Exército Brasileiro já está definida nos diversos projetos que integram o planejamento estratégico ora em execução. Nesse contexto, os Arranjos Produtivos Locais - APLs - como o do Grande ABC, se apresentam como um

General Enzo Peri

campo promissor para ampliar a participação das empresas no fornecimento de diversos tipos de materiais e serviços. Esta é a visão do general Enzo Peri, comandante do Exército, que, em entrevista exclusiva à Revista da Indústria de Defesa do Grande ABC, abordou as diversas questões da integração com a indústria nacional.

18 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


COMANDANTE DO EXÉRCITO BRASILEIRO GENERAL ENZO PERI

Quais são os Projetos Estratégicos do Exército e qual sua vinculação com a indústria de defesa? O Exército Brasileiro está passando por um processo de transformação, iniciado a partir da percepção da necessidade de ampliação da capacidade de proteção ao Estado brasileiro, consubstanciada em sua missão constitucional e preconizada na Política Nacional de Defesa e na Estratégia Nacional de Defesa. O Planejamento Estratégico do Exército estabeleceu sete projetos indutores do Processo de Transformação. São eles: SISFRON, ASTROS 2020, GUARANI, PROTEGER, DEFESA CIBERNÉTICA, DEFESA ANTIAÉREA e RECOP, todos com forte vinculação com a indústria nacional de defesa. Para melhor visualizar essa vinculação, é interessante detalhar esses projetos:

“No curto prazo, espera-se que sejam mais demandados setores tais como as indústrias automotiva, de informática (software e hardware), de telecomunicações, química (propelentes), espacial e de sistemas eletroeletrônicos...”

a) Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON): É um abrangente e integrado sistema de sensoriamento remoto para apoio à decisão e atuação integrada do Exército, das Forças coirmãs e de agências governamentais, concebido mediante a integração de recursos tecnológicos que proporcionam a sinergia de processos e pessoas, tendo o emprego das estruturas organizacionais existentes.

“Até 2022, espera-se um incremento nas cadeias produtivas fornecedoras de conjuntos e componentes eletromecânicos para a indústria automotiva, espacial, de propelentes, desenvolvedores de softwares e de soluções de Tecnologia da Informação e de Comunicações (TIC)...” Essas ações, empregadas de forma convergente, permitem o fortalecimento da presença e da ação do Estado na faixa de fronteira, favorecendo a capacitação e o impulsionamento da indústria nacional, bem como o adensamento de Unidades das Forças Armadas nessa área. Muitas indústrias serão fornecedoras deste sistema, tais como automotiva, espacial, eletroeletrônica, radares e telecomunicações, entre outras.

b) Astros 2020: tem a finalidade de dotar a Força Terrestre de meios capazes de prestar apoio de fogo de longo alcance com elevada precisão e letalidade. Possibilitará a realização de lançamento partindo das plataformas da nova viatura lançadora múltipla universal na versão MK-6, de vários foguetes da família ASTROS, bem como do míssil tático de cruzeiro. Diversas indústrias e centros de pesquisa da área química (propelentes), automotiva, espacial e de sistemas eletroeletrônicos podem ser demandados. c) Nova Família de Blindados de Rodas de Fabricação Nacional (Guarani): tem por objetivos transformar Organizações Militares de Infantaria Motorizada em Mecanizada e modernizar as Organizações Militares de Cavalaria Mecanizada. Para isso, estão sendo desenvolvidas novas famílias de Viaturas Blindadas de Rodas, a fim de dotar a Força Terrestre de meios para incrementar a dissuasão e a defesa do território nacional. Além de contribuir para o crescimento da indústria nacional de defesa, este projeto criará condições para que o Exército possa, cada vez mais, adequar-se às exigências decorrentes do Processo de Transformação. Serão beneficiadas, entre

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“...podemos afirmar que a abrangência das capacidades requeridas pelos projetos estratégicos é muito vasta, em face de terem escopos bem amplos e diversificados...” outras, as cadeias produtivas da indústria automotiva, tais como motores, componentes eletromecânicos, eletrônicos e pneumáticos. d) Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres (PROTEGER): é um sistema destinado a ampliar a capacidade de atuação do Exército em ações preventivas ou de contingência na proteção da sociedade, no apoio às atividades da Defesa Civil. Este projeto articula-se com o Mosaico de Segurança Institucional, desenvolvido pelo Gabinete de Segurança Institucional e com o Sistema Brasileiro de Inteligência, que já promovem o monitoramento das estruturas estratégicas terrestres, permitindo ao Exército obter capacidades para pronta resposta contra eventuais ameaças. O projeto beneficia, principalmente, as áreas de informática (software e hardware), de comando e controle e de comunicações. e) Defesa Cibernética: o projeto de Defesa Cibernética beneficiará as áreas de informática (software e hardware) e

telecomunicações. Tem por meta incluir o Exército no restrito grupo de organizações, nacionais e internacionais, que possuem a capacidade de desenvolver medidas de proteção, visando o emprego, com liberdade de ação, do espaço cibernético. f) Defesa Antiaérea: O projeto visa dotar a Força de capacidades para atender às necessidades de defesa das estruturas estratégicas terrestres do País e do Exército, protegendo-as de possíveis ameaças provenientes do espaço aéreo, mediante a integração de mísseis e canhões antiaéreos, radares, centros de comando e controle, comunicações e logística, estabelecendo uma moderna e adequada capacidade de defesa antiaérea. Neste projeto poderão ser demandadas as indústrias espacial (radares), automotiva e de telecomunicações.

“A criação de APLs na área de Defesa é importante na medida em que contribui para a concentração e a ampliação dos meios produtivos...” g) Recuperação da Capacidade Operacional (RECOP): trata-se de um projeto que visa recuperar a capacidade de combate do Exército, dotando as unidades operacionais de mate-

20 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC

rial de emprego militar em seu nível adequado de prontidão e operacionalidade para atender as exigências de defesa da Pátria, bem como às operações de garantia da lei e da ordem e às diversas missões subsidiárias atribuídas à Força. Diversas cadeias produtivas serão beneficiadas, tais como as indústrias automotiva, de telecomunicações e de munições.

Dentro dos Projetos Estratégicos do Exército, quais são as prioridades da Força e os setores empresariais mais impactados no curto, médio e longo prazos? Todos os projetos anteriormente mencionados são igualmente importantes e prioritários para o Exército, pois são os indutores da transformação, processo atualmente em curso na Força e que tem horizontes temporais definidos: curto prazo (até 2015), médio prazo (até 2022) e longo prazo (até 2031). No curto prazo, espera-se que sejam mais demandados setores tais como as indústrias automotiva, de informática (software e hardware), de telecomunicações, química (propelentes), espacial e de sistemas eletroeletrônicos, em função do desenvolvimento da Nova Família de Blindados, da implantação do Projeto Piloto do SISFRON, da criação e estruturação do Centro de Defesa


Foto: Divulgação/Iveco

COMANDANTE DO EXÉRCITO BRASILEIRO GENERAL ENZO PERI

Projeto Guarani

Cibernética, do desenvolvimento do Sistema Astros 2020, de aquisições de equipamentos e materiais para atender à Recuperação da Capacidade Operacional e da criação de Centros de Comando e Controle. No médio prazo, com o prosseguimento dos projetos, espera-se um incremento nas cadeias produtivas fornecedoras de conjuntos e componentes eletromecânicos para a indústria automotiva, espacial, de propelentes, desenvolvedores de softwares e de soluções de Tecnologia da Informação e de Comunicações (TIC), em função da distribuição das primeiras unidades das viaturas da Nova Família de Blindados Guarani, da consolidação e ampliação do SISFRON, do

prosseguimento do projeto PROTEGER, da implementação técnica do SISTEMA ASTROS 2020, da recuperação da capacidade operacional da Força Terrestre e da ampliação da estrutura e da capacidade do Centro de Defesa Cibernética e do Sistema de Defesa Antiaérea. No longo prazo, todos os segmentos industriais relacionados à consolidação das estruturas e dos projetos implementados e avaliados nos curto e médio prazos também serão amplamente impactados. Enfim, podemos afirmar que a abrangência das capacidades requeridas pelos projetos estratégicos é muito vasta, em face de terem escopos bem amplos e diversificados, requerendo tecnologias de ponta e sistemas

e equipamentos de alta performance, envolvendo quase toda a cadeia produtiva do país.

Existem recursos orçamentários que assegurem a continuidade dos Projetos? Apesar de não termos total garantia que os recursos serão assegurados no longo prazo, estamos confiantes. O que podemos afirmar é que nos últimos anos estamos com uma tendência positiva no nível de investimentos e que todos os projetos estratégicos estão recebendo os recursos para a sua implantação. Os projetos SISFRON, Guarani, Defesa Antiaérea e Defesa Cibernética estão inseridos no Plano Plurianual (PPA)

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“O estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação [...] deverá concretizar a obtenção de produtos com alto conteúdo tecnológico agregado...” e da Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (GUARANI).

Entre os benefícios de fazer parte de um APL, que vantagens para a Força podem ser destacadas no caso do APL de Defesa? A criação de APLs na área de Defesa é importante na medida em que contribui para a concentração e a ampliação dos meios produtivos, ao mesmo tempo em que estimula a for-

Foto: Divulgação

2012-2015 – Plano Mais Brasil, como empreendimentos de grande porte. Cabe destacar que o SISFRON, o ASTROS 2020 e o GUARANI, a partir deste ano, já se encontram inseridos no Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal, o que permite uma maior garantia na continuidade dos recursos orçamentários. Por outro lado, o Exército também prioriza a busca de recursos extraorçamentários junto aos órgãos de fomento, como forma de dar continuidade aos seus projetos. Destacam-se os recursos não reembolsáveis obtidos junto ao MCTI/FINEP, os quais contribuíram de maneira decisiva para o sucesso do Projeto Radar SABER M-60

22 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC

mação de uma elite intelectual associada aos projetos catalisadores do desenvolvimento. Enfim, são muitos os benefícios e vantagens, mas destaco como principal benefício o de estabelecer essa comunicação direta entre o Exército Brasileiro e o setor produtivo nacional, permitindo que as necessidades requeridas pela Força Terrestre sejam conhecidas e atendidas pelo setor produtivo do País.

No campo da Ciência e Tecnologia, como o Comando do Exército pode contribuir com o APL de Defesa e com as empresas que a ele se integrarem? O Sistema de Ciência e Tecnologia é essencial como indutor

O General Enzo Peri, Comandante do Exército, e o Prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, encontraram-se no último dia 26 de março, em Brasília. Na ocasião, ficou decidido que será estreitado o relacionamento do parque industrial do Grande ABC com o Escritório de Projetos do Exército, visando uma mais intensa integração das empresas do APL de Defesa da região com as ações estratégicas que vêm sendo postas em prática.


COMANDANTE DO EXÉRCITO BRASILEIRO GENERAL ENZO PERI

do Processo de Transformação da Força. Nesse campo, o Comando do Exército pode contribuir com o APL pelo estabelecimento de ações em parceria, objetivando a geração de recursos para a Força, como a inovação tecnológica. Segundo a Estratégia Nacional de Defesa (END), a reestruturação da indústria brasileira de material de defesa tem como propósito assegurar que o atendimento das necessidades de equipamento das Forças Armadas apoie-se em tecnologias sob domínio nacional. O propósito de estimular o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação de interesse para a defesa nacional deverá concretizar a obtenção de produtos com alto conteúdo tecnológico agregado, com o envolvimento coordenado das instituições científicas e tecnológicas (ICT) civis e militares, da indústria e da universidade. Diversos são os setores que possuem elevado potencial para estabelecimento de parcerias entre o Exército Brasileiro e o APL, seja no âmbito da pesquisa e desenvolvimento, seja no âmbito da produção industrial de produtos com alto valor tecnológico. Podemos destacar as áreas de tecnologia da informação; defesa cibernética; equipamentos óticos; máquinas, equipamentos e materiais de engenharia; equipamentos e materiais médicos e hospitalares; armamentos leves, incluindo os de baixa letalidade,

com as respectivas munições; armamento de grosso calibre e munições; equipamentos individuais para o combatente; viaturas especializadas; simuladores para armamento, viaturas e aeronaves; e outros. Uma das ações para concretizar essa contribuição trata do planejamento e início da implantação de um polo de Ciência e Tecnologia na região de Guaratiba (PCTEG), cujo foco principal é o de fortalecer e integrar a Base Industrial de Defesa, com vistas a fomentar um APL de Defesa. No projeto do PCTEG, no momento atual, analisa-se exatamente a questão formulada. O modelo de negócio a ser adotado está em concepção. Será construído junto com a participação de todos os atores interessados. Em breve, planeja-se a elaboração de simpósios, workshops e outros instrumentos para discutir, coletar sugestões e construir a melhor forma de trabalho. A disposição do Exército é a de compartilhar seus pesquisadores, laboratórios, instituições de ensino, em suma, toda sua infraestrutura de P&D, na

“O APL se apresenta como um campo promissor de ampliação da participação da indústria nacional na obtenção, pelo Exército, de produtos de defesa (PRODE)...”

busca de soluções aos desafios tecnológicos inerentes aos produtos de Defesa, com ênfase na inovação e sempre apoiado nas capacidades existentes na indústria nacional.

No momento, há empresas engajadas na produção de material de defesa para o Exército? Sim, há empresas engajadas na produção de material de defesa em diversos setores, como por exemplo: viaturas, radares, equipamentos óticos e mísseis. Diante da gama de projetos em desenvolvimento pelo Exército, particularmente os Projetos Estratégicos, a tendência é de aumento da participação das empresas nacionais no setor produtivo para a defesa. O APL se apresenta como um campo promissor de ampliação da participação da indústria nacional na obtenção, pelo Exército, de produtos de defesa (PRODE). Várias empresas brasileiras, assim definidas pela legislação em vigor, participam dos projetos estratégicos conduzidos pelo Exército, como por exemplo: IVECO BRASIL (Guarani), CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento), MECTRON-Odebrecht (RDS Rádio Definido por Software), Consórcio TEPRO, constituído pelas empresas de defesa SAVIS e ORBISAT (SISFRON), BRADAR e AGRALE (Defesa de Artilharia Antiaérea), AVIBRÁS ASTROS2020). n

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FORMAR UMA PLATAFORMA REGIONAL DE SUCESSO É A MISSÃO DA AGÊNCIA DO GRANDE ABC Quando se pensa em promover a expansão de uma região tão importante para o País como é o ABC paulista, planejar o desenvolvimento econômico é mais que fundamental.Tal preparação tem de ser conduzida com base em uma visão ampla, global, como vêm fazendo as lideranças mundiais desde sempre

É

Foto: Paulo de Souza

fácil reconhecer a importância financeira e social de uma região brasileira que representa 6,8% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual e 2,3% do nacional. E quanto mais detalhes se sabe a respeito dessa localidade específica, maior é a convicção sobre sua relevância. Pois é dessa forma que o Grande ABC ganhou notoriedade – sobretudo política – e marcou a história do País. Composto por sete municípios, que ocupam uma área de 827 km² e abrigam mais de 2,68 milhões de habitantes, é o quinto maior mercado de consumo do Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB regional em 2010 foi de R$ 84,8 bilhões. Alcançar tais índices e continuar avançando de forma sustentável depende de um processo de expansão bem planejado e, mais ainda, bem executado. Esta aí o cerne do trabalho da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. Criada em outubro de 1998, a instituição surgiu com o intuito de aproximar e integrar as lideranças dos setores público e privado, e fazer jus ao seu nome. Embora sua essência seja o desenvolvimento econômico, a Agência foi estabelecida como uma associação civil de direito privado sem fins lucrativos. Entre seus associados

Rafael Marques

24 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


A MISSÃO DA AGÊNCIA

“Criada em outubro de 1998, a instituição surgiu com o intuito de aproximar e integrar as lideranças dos setores público e privado...” Não por acaso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mantém um Posto de Informação instalado na sede da Agência. Nessa unidade, é possível ter esclarecimentos sobre os diversos programas de financiamento da instituição, inclusive o de Apoio a Micro, Pequena e Média Empresa Inovadora. A soma do conhecimento e da capacidade produtiva de todos esses grupos gera a sinergia necessária para promover, de fato, o desenvolvimento econômico do Grande ABC. Em outras palavras, potencializa a inteligência da região, identifica e atrai oportunidades de investimentos, cria possibilidades de novos negócios, multiplica a

Foto: Divulgação

estão o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, que por sua vez representa as sete Prefeituras da região; empresas do polo petroquímico; instituições de ensino; associações comerciais e industriais; e seis sindicatos de trabalhadores. Essa composição visa a estabelecer um diálogo democrático – e suficientemente prático – para definir as ações a serem realizadas. “A Agência do Grande ABC foi uma iniciativa pioneira no Brasil e, após 14 anos de experiência bem-sucedida, tem fortalecido a Governança Regional junto ao Consórcio Intermunicipal”, destaca o presidente da instituição, Rafael Marques - que acumula a presidencia do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A múltipla representatividade da Agência fortalece e facilita a articulação entre governos, empresas, trabalhadores e universidades. “Essas relações possibilitam cooperação produtiva e aprendizado conjunto em diversas áreas, como mercado, acesso a crédito, melhoria produtiva, entre outros benefícios”, acrescenta Marques.

geração de empregos e projeta esse potencial para todo o país e para o mundo. Tanto assim, que diversas multinacionais já se instalaram na região, e outras estão chegando.

Regionalização profissional Os resultados alcançados pela Agência justificaram sua criação e estimularam seu crescimento. No entanto, diante de sua abrangência, envolvendo sete cidades e diversos segmentos produtivos, cada um com suas particularidades, ficou clara a necessidade de estabelecer o mesmo modelo de gestão de forma ainda mais pontual, de acordo com a proporção e as características individuais dos setores. A solução para tal demanda veio com a criação dos arranjos produtivos locais (APLs), que reúnem empresas com a mesma vocação e os demais envolvidos com cada segmento. “Ao estimular processos locais de desenvolvimento, é preciso ter em mente que qualquer ação nesse sentido deve permitir a conexão do arranjo com os mercados, a sustentabilidade por meio de um padrão de organização que se mantenha ao longo do tempo, a promoção de um ambiente de inclusão de pequenos e micronegócios em um mercado com distribuição de riquezas e a elevação do capital social por meio da promoção e a cooperação entre os atores do território”, explica Marques.

Rafael Marques e o Prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho

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Foto: Divulgação

Rafael Marques

O Grande ABC já conta com quinze APLs: • Autopeças • Defesa • Ferramentaria • Gráficos • Plástico • Metalmecânico • Moveleiro • Panificação • Químico • Pesqueiro • Cosméticos • Turismo • Hotéis, Bares e Restaurantes • Design, Audiovisual e Economia Criativa • ITESCS - Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul

O APL de Defesa do Grande ABC é um dos mais recentes e, assim como os demais, é visto pelo presidente da Agência como uma plataforma imprescindível para o desenvolvimento deste setor que ganha força na região. Porém, Marques observa que o segmento tem uma distinção: “A área de defesa tem uma característica diferenciada dos demais setores, uma vez que garantir a produção nacional de seus componentes não é só uma questão mercadológica, mas estratégica para a soberania nacional”. E, como está na essência da Agência e dos APLs, o de Defesa se tornou a conexão de diversas cadeias produtivas com as Forças Armadas. “O Grande ABC é o principal parque industrial metalmecânico da América Latina. Para um setor no qual a metalurgia é essencial, como é o caso da defesa, o Grande ABC é estratégico, pois detém as competências empresariais e de mão de obra necessárias para se avançar no desenvolvimento e na confecção de produtos para este segmento”, exemplifica Marques. Segundo o presidente da Agência, o APL de Defesa surgiu em um momento favorável: “Esse APL nasceu com um Brasil crescendo, tendo uma nova inserção no mundo e com a necessidade de manter a so-

berania sobre sua população, seus aquíferos e todas suas riquezas”. Como não poderia deixar de ser, Marques está diretamente envolvido com as ações desenvolvidas pelo APL de Defesa, participando inclusive dos eventos promovidos pelo grupo. É o caso dos encontros realizados com setores estratégicos das Forças Armadas. “Um exemplo é o evento ocorrido em julho de 2013, em São Bernardo do Campo, com oficiais do Exército, que hoje se traduz em novos negócios e produção”, acrescenta. Marques também acompanha de perto a relação do Grande ABC com o grupo sueco Saab, fabricante dos caças Gripen NG, eleitos pelo governo brasileiro para integrarem o Projeto FX-2 da Força Aérea Brasileira. “Essa escolha irá fortalecer ainda mais as empresas do APL devido à decisão da Saab de instalar-se na região. Setores bem representados no parque industrial do ABC como o Petroquímico e o Automotivo irão juntar-se aos novos segmentos a serem desenvolvidos com a chegada da fábrica da Saab, aumentando mais o crescimento das empresas que compõem o APL”, comenta o dirigente.

Liderança agregadora Estar à frente de tantos setores importantes e promover o diálogo e a atuação conjunta dos líderes desses segmentos não é, definitivamente, uma tarefa simples. Mas também não chega a ser um problema para Rafael Marques. Além do relacionamento de longa data com a região do Grande ABC e sua produção industrial, tem também vasta experiência como representante de grandes e relevantes grupos. Ao ser eleito para presidir a Agência de Desenvolvimento

26 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


A MISSÃO DA AGÊNCIA

“Trabalho da Agência potencializa a inteligência da região, identifica e atrai oportunidades de investimentos, cria possibilidades de novos negócios, multiplica a geração de empregos e projeta esse potencial para todo o País e para o mundo...” Econômico do Grande ABC, no triênio 2013/2015, Marques já ocupava o mesmo cargo em outra importante instituição. Desde dezembro de 2012, está na presidência de nada menos que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), do qual era vice-presidente desde 2008. Para se ter ideia do que essa posição representa, a região responde por 3% dos empregos industriais do Brasil e 40% dos postos de trabalho diretos na indústria montadora instalada no país. A importância política da entidade pode ser medida pelos antecessores de Marques: ocuparam a presidência do Sindicato anteriormente o exPresidente Lula, o deputado federal Vicentinho e o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, entre outras personalidades de destaque.

Marques nasceu em São Paulo, em 1964. A busca por capacitação profissional o levou às salas de aula do Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI). Por meio da instituição, foi trabalhar na indústria Villares, onde ficou durante o período de 1979 a 1983. Passou por algumas empresas de menor porte nos três anos seguintes até que, em 1986, passou a integrar o quadro de colaboradores da Ford, como eletricista de manutenção, função que desempenha até hoje. Mais do que a oportunidade de emprego em uma grande montadora, essa nova etapa abriu espaço para que o atual presidente da Agência começasse a exercer sua habilidade como líder classista. O primeiro passo foi a entrada na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) da empresa, em 1991. Logo, Marques chegou à Comissão de Fábrica e ao Comitê Sindical. A facilidade de diálogo e a capacidade de agregar o levaram à diretoria do SMABC, como diretor de base e secretário geral. Em 2008, chegou à vice-presidência, foi reeleito em 2011 e, no ano seguinte, subiu o último degrau. À frente dessas duas entidades, Marques desenvolveu uma visão abrangente, e ao mesmo tempo bem direcionada, que privilegia o crescimento sustentável e o fomento de um ambiente produtivo capaz de

“Quanto mais talentos humanos formarmos, mais fortes seremos” – Rafael Marques integrar as grandes empresas da região às redes de supridores, garantindo empregabilidade e desenvolvimento para a população local. “Para ter êxito, esse esforço deve congregar, além das empresas, sindicatos, universidades e escolas técnicas. A Agência de Desenvolvimento do Grande ABC tomou para si tal desafio”, reforça o dirigente, que destaca ainda a importância da qualificação da mão de obra. “Quanto mais talentos humanos formarmos, mais fortes seremos.” Entre as iniciativas no campo da capacitação profissional, a Agência trabalha em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) para difundir o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego Brasil Maior (Pronatec Brasil Maior). Está em andamento um processo de captação das demandas de qualificação das empresas para que sejam direcionadas aos cursos de qualificação correspondentes. Dessa forma, os empregadores terão a certeza de contar com colaboradores devidamente capacitados, enquanto os trabalhadores poderão vislumbrar mais oportunidades de desenvolvimento profissional. n

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UNIVERSIDADES

INDÚSTRIA DE DEFESA PODE CONTAR COM AS UNIVERSIDADES

U

ma das prioridades das Forças Armadas do Brasil é construir sua independência de fornecedores estrangeiros, seja em relação a produtos, serviços, assistência técnica, capacitação, ou quaisquer outros itens.Tal condição favoreceria não só a Defesa nacional, mas também a economia de diversas regiões do país, como o Grande ABC, no Estado de São Paulo, onde está instalado importante pólo industrial. Sobretudo quando se leva em consideração que o caminho para reduzir a dependência em questão passa, necessariamente, por desenvolvimento tecnológico, qualificação profissional, inovação, enfim, por um contínuo processo de evolução da inteligência a serviço do setor. A plataforma para sustentação desse cenário é construída por diversos segmentos, entre os quais destaca-se o acadêmico. As salas de aula e os laboratórios das universidades são um campo fértil onde podem surgir ideias de grande utilidade para qualquer setor industrial, inclusive o voltado à defesa. Assim como também há a possibilidade de serem desenvolvidos projetos em parceria com as empresas para atender alguma demanda específica. Na verdade, essa integração entre as indústrias e a academia é preterida por ambos os lados, pois da mesma forma que os estudantes encontram nessa

Foto: Divulgação

A demanda por inovação tecnológica e mão de obra especializada é cada vez maior e mais emergencial entre as empresas que atendem o setor de defesa. A resposta para suprir tal necessidade pode estar nas salas de aula e nos laboratórios das instituições de ensino

Laboratório de Motores - Fapinha

28 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE DEFESA

relação boas oportunidades de expandir os conhecimentos e conquistar um bom emprego, as companhias passam a receber profissionais mais bem preparados. Ainda mais pela diversidade da grade curricular. Segundo o reitor do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), José Carlos de Souza Jr., há diferentes caminhos para que a integração indústria e academia seja levada à prática. “Podemos citar o suporte realizado por meio de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), programas de Iniciação Científica,

disciplinas eletivas ministradas com o apoio de empresas, treinamentos profissionais específicos, ensaios tecnológicos, projetos e consultorias especializadas”, descreve. O superintendente de Planejamento e Desenvolvimento do IMT, Fábio Sampaio Bordin, acrescenta que a cada ano a instituição apresenta para a sociedade cerca de 150 TCCs em vários segmentos. “Os temas desses trabalhos surgem a partir da identificação, por alunos e professores, de demandas existentes nas empresas, ou também pelo interesse dessas companhias em soluções já desenvolvidas”, explica.

“Salas de aula e laboratórios das universidades formam campo fértil de ideias para a indústria de defesa...” Múltiplas conexões Souza Jr. acrescenta que a participação no Arranjo Produtivo Local (APL) de Defesa do Grande ABC, inclusive com presença nas reuniões periódicas, deixou clara a ampla ligação desse setor com diversas áreas em que o IMT atua. “A exemplo dos estudos em design funcional e ergonomia para desenvolvimento de produtos, nacionalização e aprimoramento de soluções envolvendo eletrônica embarcada, desenvolvimento e validação de protocolos de comunicação, logística de transporte de materiais, estudos para utilização de novos materiais, desenvolvimento de soluções para produção e utilização de biocombustíveis, além de uma grande variedade de ensaios tecnológicos para validação de produtos”, detalha o reitor. No Centro Universitário da Fundação Educacional Industrial Pe. Sabóia de Medeiros (FEI), a situação é semelhante. São muitos os cursos que oferecem a oportunidade de trabalho em parceria com a indústria de defesa. Entre essas opções, o reitor da instituição, Fábio do Prado, destaca as áreas de novos materiais, micro e macroelementos,

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Foto: Divulgação

automação e controle, inteligência artificial, processamento de sinais, energias alternativas, mobilidade, biotecnologia, indústria têxtil, desenvolvimento de softwares e gestão da cadeia produtiva e de sustentabilidade. “A defesa é um setor estratégico para o país, e temos que estar envolvidos, pois trabalhamos com tecnologia e de forma estratégica”, comenta Prado, que destaca a importância de se desenvolver pesquisas com alto valor agregado. Para o reitor da FEI, a independência intelectual gera autonomia para o país, os estados e os municípios, e não só para as Forças Armadas mas como para qualquer departamento público. Daí a importância de se trabalhar de forma a buscar a diversificação e a complementariedade. “Nosso papel é inovação, criando projetos de difícil imitabilidade. As parcerias no setor vão nesse sentido”, observa Prado. Em sua opinião, o envolvimento dos estudantes com o setor produtivo é fundamental, até porque essa relação pode contribuir para balizar o ensino. O reitor faz questão de enfatizar que não se trata de uma troca de valores, pois o aprendizado

Reitor José Carlos de Souza Jr

APL CONSTRÓI MBA EM GESTÃO DE PROJETOS DE PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE MATERIAL DE DEFESA O APL de Defesa do Grande ABC constrói, neste momento, curso de pós-graduação lato sensu para gestores públicos e privados interessados em atuar no fornecimento de bens e serviços às Forças Armadas. Empresários, sindicatos, universidades, militares e Poder Público, membros da coordenação do APL, participam da discussão. A ideia é capacitar pessoas com nível superior para conhecer o modus operandi das Forças Armadas do Brasil, os procedimen-

tos de Catalogação e Homologação, os critérios rigorosos e as demandas crescentes de material de Defesa. Dessa forma, serão formados gestores para atuar no setor privado, na produção e comercialização de produtos; e no setor público, para elaborar e implementar políticas que fortaleçam a capacidade do setor produtivo e da região para atender às necessidades da Defesa Nacional e, assim, diversifiquem a economia do Grande ABC. O curso se insere na orientação

30 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC

estratégica do APL: ampliar a participação do Grande ABC na Base Industrial de Defesa, de acordo com a Estratégia Nacional de Defesa definida pelo Governo Federal. O APL discute também com o SENAI Defesa a capacitação de mão de obra técnica visando preparar a força de trabalho da região para contribuir e se beneficiar da maior inserção regional na indústria de Defesa.


“Atuação do APL de Defesa do Grande ABC tem contribuído para aprimorar o diálogo entre academia e indústria...” sempre será primordial. Mas afirma ser imprescindível existir o preparo técnico e a capacitação, disciplinas que permitam olhar para esses desafios. “O aluno não pode sair da universidade sem conhecer a dinâmica e a linguagem da indústria, ou vai se sentir órfão quando for para o mercado de trabalho”, analisa. No intuito de estimular o envolvimento dos estudantes com o segmento industrial, o IMT busca oportunidades de atividades junto às empresas além do que já é realizado por conta do estágio obrigatório fora da instituição. “A execução desses trabalhos acaba envolvendo toda nossa infraestrutura e os profissionais – alunos, professores, engenheiros, especialistas, consultores e técnicos –, além de fornecer novos desafios e possibilitar a constante atualização do conhecimento”, comenta o diretor do Centro de Pesquisas do IMT, José Roberto Augusto de Campos. Segundo ele, esse é um aspecto bastante valorizado pelo mercado de trabalho e caracteriza um diferencial dos formandos. A mesma diversidade de cursos e disciplinas que favorece a integração entre as universidades e a indústria de defesa também

pode ajudar os estudantes na definição e na preparação de sua trajetória profissional. Na Universidade Federal do ABC (UFABC), o pioneiro projeto pedagógico com bacharelados interdisciplinares proporciona essa condição aos alunos. “Eles têm até três anos para tomar a decisão sobre sua formação. Nesse período, poderão conhecer diversas áreas e absorver muita informação, o que lhes dará muito mais segurança para fazer tal escolha”, explica o reitor Klaus Capelle. Os futuros empregadores desses estudantes também são favorecidos, pois contratarão profissionais já mais integrados com o segmento em que vão atuar.

Diálogo precisa melhorar Embora o Grande ABC se destaque tanto pelo polo industrial quanto pelas instituições de ensino, a comunicação entre os dois setores ainda tem muito o que amadurecer e avançar. “A aproximação entre academia e empresas não é uma tradição no Brasil, por isso as parcerias entre os dois segmentos não são tão comuns como gostaríamos. E não apenas na área de defesa, mas em todos os setores industriais”, comenta Capelle. A opinião é compartilhada pelo reitor da FEI. “O diálogo entre academia e indústria não é tão próximo, pois há interesses distintos”, explica Prado. Os executivos das instituições de ensino acreditam que a redução dessa distância contribuiria de forma significativa para o melhor aproveitamento

Foto: Divulgação

AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE DEFESA

Professor Fábio do Prado

do parque industrial já instalado no ABC e para estimular o surgimento de novas empresas. Também concordam que o trabalho realizado pelo APL de Defesa do Grande ABC é um ponto de partida para mudar esse cenário. “A formação desse grupo é uma iniciativa de visão e espero que seja cada vez mais difundida a ideia de que todos ganham – indústria, academia e setor público”, destaca Prado. Por falar em setor público, Capelle acrescenta que em muitos casos é o engessamento burocrático que dificulta o avanço das ações conjuntas. “Felizmente, nas prefeituras

“Diversidade de cursos e disciplinas multiplica oportunidades de parcerias entre instituições de ensino e empresas...”

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Foto: Divulgação

do ABC temos administradores que entendem essa realidade e ajudam bastante. Paralelamente, também precisamos de uma estrutura legal em termos de governo federal que seja mais adequada à realidade do setor”, comenta. “Idealizamos nosso ensino de acordo com o universo ao nosso redor, olhamos a demanda da sociedade para definir os cursos e as pesquisas também. O planejamento estratégico leva em conta a situação econômica na qual estamos inseridos”, acrescenta o reitor da UFABC, fazendo uma referência à importância das tomadas de decisão de acordo com as características atuais. Tal postura facilitaria, também, a entrada de instituições de ensino estrangeiras nas parcerias realizadas aqui no Brasil. Há cerca de três anos, a UFABC mantém um trabalho conjunto com a Linköping University, da Suécia, para realização de pesquisas e a promoção do intercâmbio entre profissionais de diferentes segmentos. No mês de fevereiro, o professor Petter Krus (Division of Fluid and Mechatronic System) veio ao país para visitar alguns dos principais centros de pesquisa dedicados à inovação tecnológica, sobretudo nos setores aeronáutico e aeroespacial, e encontrar especialistas brasileiros no campus da UFABC em Santo André (SP). Participaram dessa reunião pesquisadores da própria UFABC, tendo à

frente a docente Luciana Pereira; professores da FEI, representados por Agenor de Toledo Fleury; além de Felipe Sabat, representante do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB). Nesse encontro, Krus apresentou dados sobre a cidade de Linköping, localizada a cerca de 200 quilômetros ao sul de Estocolmo, capital da Suécia. De acordo com o professor, Linköping tem uma população de 140 mil pessoas, das quais 27 mil são estudantes da universidade onde trabalha. Entre as áreas de desenvolvimento de pesquisas, citou sistemas mecatrônicos, transmissão de energia, sensores e sistemas de controle. Krus comentou ainda os trabalhos já desenvolvidos com a UFABC, como os destinados à tecnologia de aviação priorizando sistemas sustentáveis. Os docentes de UFABC e FEI aproveitaram a oportunidade para questionar sobre os demais segmentos nos quais podem trabalhar em parceria, a exemplo da engenharia de materiais. Para Luciana Pereira, essa integração é essencial para a expansão da colaboração técnica entre as instituições. “Quanto mais informações tivermos, maiores serão as possibilidades de atividades dessa parceria. Inclusive com a integração dos profissionais, seja os brasileiros indo para a Suécia ou os suecos vindo para cá”, afirma. n

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AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE DEFESA

DRONE CARGUEIRO É EXEMPLO PRÁTICO DA INICIATIVA DE ESTUDANTES

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comprimento; pesando cerca de três quilos; e que voava com uma carga de sete quilos. O “capitão” da equipe, Lucas Pereira, aluno do quarto ano, conta que a avaliação do desempenho do protótipo foi feita com base em voo, pouso e agilidade na retirada da carga. “O processo todo não dura mais que cinco minutos, pois a avião levanta voo, completa um percurso de 360 graus no ar e pousa”, detalha o estudante. O grupo conquistou o prêmio Menção Honrosa – Menor Tempo de Retirada de Carga. “Valeu o diferencial de nosso avião, que é como um cargueiro militar: precisa levar a carga e pousar no menor espaço possível utilizando o mínimo de condições”, observa Lucas. Apesar da grande evolução já alcançada pela Harpia Aerodesign, Lucas diz que ainda há muito a melhorar. E para que isso aconteça na velocidade que a equipe gostaria, é preciso recursos para investir em ferramentas, equipamentos e infraestrutura. Em muitos casos, essa verba sai dos bolsos dos próprios estudantes. “A elaboração e a construção do protótipo é um projeto à parte. A faculdade é fundamental para sua realização, pois apoia com conhecimento e logística, arca com os custos quando viajamos para participar da competição, mas o dia a dia é por nossa conta”, relata. Foto: Pedro Esteban

xemplo de como a proatividade dos estudantes pode dar vida a projetos de grande utilidade é o que vem sendo realizado pelo Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento Aeroespacial da Universidade Federal do ABC (GPDA/UFABC). Criado em 2008, o objetivo era auxiliar alunos do curso de Engenharia Aeroespacial a desenvolverem projetos e protótipos que consolidassem, na prática, o aprendizado das salas de aula. Formado inicialmente por 11 integrantes, o grupo construiu um drone cargueiro para participar da SAE Brasil Aerodesign, competição realizada em São José dos Campos (SP) pela Sociedade Engenheiros da Mobilidade. Os drones são pequenas aeronaves não tripuladas, controladas por radiofrequência, e que têm sido utilizados tanto como aparatos militares e de vigilância, quanto no registro de imagens de eventos culturais, esportivos e vários outros, inclusive o transporte de cargas em áreas de difícil acesso e em condições precárias. Atualmente, o GPDA se assemelha a uma empresa. Além de contar com mais de 30 alunos, o grupo é avaliado na competição como se fosse de fato uma indústria, com análise de todo o processo, desde relatório de projeto, apresentação, teoria e prática, programa de marketing, gestão dos recursos e tudo o que reflete a eficiência do trabalho. Até foi adotado, a partir de 2010, o nome de Harpia Agrodesign, com a formação de uma nova equipe, a Harpia Pampers. No ano passado, o Harpia apresentou na SAE Brasil Aerodesign uma aeronave com 2 metros de asa, de ponta a ponta; 1,5 metro de

Drone Harpia

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Foto: Stefan Kalm

REFORÇO SUECO NOS ARES DO BRASIL

REFORÇO SUECO NOS ARES BRASILEIROS Tecnologia avançada e eficiência operacional são destaques do Gripen NG, caça escolhido pelo Governo Federal para compor o Projeto FX-2

Saab Gripen

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o dia 18 de dezembro de 2014, o ministro da Defesa, Celso Amorim anunciou uma das decisões mais esperadas em relação às Forças Armadas. O Governo Federal havia enfim definido a compra dos caças supersônicos que iriam renovar a frota da Força Aérea Brasileira (FAB). Após cerca de 15 anos de negociações, o modelo Gripen New Generation – ou apenas Gripen NG –, fabricado pela empresa sueca Saab, foi o escolhido. A notícia encerrou uma fase de expectativas e deu início a outra de grandes perspectivas. A compra em questão envolve 36 aeronaves e investimentos de US$ 4,5 bilhões, que serão pagos até 2023. Segundo Amorim, a decisão resultou de muito estudo e ponderações criteriosas, que levaram em consideração a performance dos aviões, a transferência de tecnologia e o custo, inclusive de manutenção. Feita a escolha, o governo brasileiro define agora, com a Saab, o contrato de compra das aeronaves, processo que pode durar até o final deste ano. A entrega dos aviões – 12 unidades por ano – começará a ser feita 48 meses após a assinatura desse contrato. Ou seja, a primeira leva chegará em 2018. Embora a definição e a realização de um negócio internacional de tamanha proporção demande cautela e paciência, a movimentação ao seu redor é

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bastante acelerada. Sobretudo porque 80% da estrutura dos aviões serão construídos no Brasil. A unidade de São José dos Campos (SP) da Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A., a Embraer, por exemplo, já entrou na fabricação das asas. Se o momento é de oportunidades para a indústria de defesa, o Grande ABC não poderia ficar de fora.

Esforço recompensado

sações nesse sentido, deixando sempre claro que a decisão da compra dos caças caberia somente à Presidência da República e às Forças Armadas. A iniciativa do prefeito de São Bernardo do Campo tomou proporções grandiosas. Da mesma forma que falava com desenvoltura sobre as indústrias do ABC, precisava ter conhecimento de causa para debater sobre as características do tal Gripen. Pois bem, Marinho voou em um dos caças e foi conhecer o processo produtivo. Com a delegação brasileira, visitou o Parque Tecnológico da Universidade de Linköping, cidade onde

Foto: Wilson Magão

Muito antes de o ministro Celso Amorim anunciar a escolha brasileira em relação ao Gripen, o prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho, já trabalhava para que o potencial produtivo do polo industrial do Grande ABC fosse conhecido pelos envolvidos e efetivamente fizesse parte desse momento. Em março de 2010, Marinho chefiou uma delegação de brasileiros em visita à Suécia, com o objetivo de iniciar conver-

“A indústria nacional vai fabricar 80% da estrutura dos aviões Gripen comprados pelo Brasil...”

Prefeito Luiz Marinho e dirigentes da Saab

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Foto: Divulgação

REFORÇO SUECO NOS ARES DO BRASIL

Saab Gripen

está instalada a Saab. Como se não bastasse, ainda participou de uma audiência com o rei Carl Gustaf e a rainha Silvia. Após toda essa programação, não restou dúvidas de que os suecos veem o Brasil como uma potência em ascensão, com múltiplas oportunidades em mercados estratégicos. Naquela viagem, Marinho informou aos suecos sobre quão abrangente é a plataforma de pesquisa e desenvolvimento do Grande ABC, composta pela integração entre indústrias, instituições de ensino e gestão pública e a capacidade desse polo produtivo. Embora o projeto Gripen para o Brasil ainda

“Suecos veem o Brasil como uma potência em ascensão, com múltiplas oportunidades em mercados estratégicos...” estivesse em fase de discussão, já se falava sobre a demanda de mão de obra. A estimativa era de mais de 2.000 empregos por ano na fase do desenvolvimento, cerca de 2.770 na etapa de fabricação e mais 1.000 para a montagem. Esses são números de vagas diretas. Se a notícia da compra dos caças Gripen pelo Brasil já era uma recompensa à dedicação do prefeito Luiz Marinho e de

sua equipe, mais ainda quando a Saab confirmou a instalação de uma unidade em São Bernardo do Campo. Com possibilidades de entrar em atividade ainda em 2014, essa filial da indústria sueca receberá investimentos iniciais de US$ 150 milhões, segundo o vice-presidente da Saab, Lennart Sindahl, que esteve na cidade no final de janeiro. Essa fábrica será a primeira de aeroestrutura nível 1 da América Latina. Como o contrato da Saab com o Brasil está condicionado à transferência efetiva de tecnologia, a expectativa na região do Grande ABC torna-se ainda maior. Por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico,

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Foto: Divulgação Saab Gripen

Trabalho e Turismo, a Prefeitura de São Bernardo do Campo tem trabalhado de forma intensa para expandir e acelerar o crescimento da inovação tecnológica da região. Tal empenho é fortalecido pela atuação do Arranjo Produtivo Local (APL) de Defesa do Grande ABC, que envolve a indústria, os órgãos públicos, as instituições de ensino e as Forças Armadas. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jefferson Conceição, a meta é ampliar ainda mais a aproximação com a Suécia, inclusive com a organização de novas missões empresariais para o país, visando a busca de parcerias em diversas outras áreas que envolvam defesa.

Vantagens do Gripen A escolha do Brasil pelo modelo New Generation do caça sueco coloca o país em uma posição de vanguarda, considerando que essa é uma atualização da versão atual do avião. É o que afirma o Tenente-Coronel Carlos Afonso

“Sistemas de controle de voo e de aviônica facilitam pilotagem do Gripen...” de Araújo, piloto de provas da FAB que compôs a equipe (dois pilotos e um engenheiro) designada para avaliar o Gripen (versão D). Foram analisados 400 itens em diferentes fases do voo, sendo que a cada voo de teste foram realizados de 50 a 80 pontos de ensaio, segundo informações divulgadas pela FAB. A avaliação da equipe levou em consideração fatores como decolagem, taxi, voo de cruzeiro, descida, pouso e manobras, qualidade de pilotagem, características da aeronave e dos sistemas. Para o militar, que comanda o Esquadrão Pampa, unidade de caça instalada em Canoas (RS), os sistemas de controle de voo e de aviônica são fatores de destaque do Gripen, pois facilitam a pilotagem. A aviônica, por

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REFORÇO SUECO NOS ARES DO BRASIL

Foto: Divulgação

exemplo, é composta por diversos sensores que apresentam com facilidade e de forma visualmente agradável todas as informações ao piloto. Segundo Araújo, essa é uma condição muito favorável para agilizar o raciocínio de quem controla a aeronave, principalmente porque a velocidade pode chegar a 2.400 km/hora e em qualquer situação de combate é preciso ser ainda mais ágil nas decisões.n

Saab Gripen

CONTATO DIRETO COM A SUÉCIA

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ma das características mais marcantes da atual gestão de São Bernardo do Campo (SP) é agregar setores de forma a criar sinergia. Exemplo dessa dedicação é a inauguração do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), em maio de 2011. A instituição é uma associação econômica sem fins lucrativos composta por membros do Brasil, da Suécia e também de outros países. Sua criação é uma iniciativa da Prefeitura de São Bernardo com Campo em parceria com a Saab, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento tecnológico, a inovação e a busca por soluções para problemas

globais e sociais. Foi por meio do CISB que a região do Grande ABC passou a integrar ativamente o Programa Ciência Sem Fronteiras, enviando estudantes brasileiros às universidades europeias. O CISB tem atuação direta na continuidade da integração entre parceiros suecos e brasileiros como organizações industriais, governamentais e acadêmicas. A negociação dos caças Gripen, por exemplo, conta com a participação do CISB no que diz respeito às informações de cada um dos países envolvidos e de seu polo de tecnologia, pesquisa e desenvolvimento.

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PONTO DE VISTA

TARCISIO SECCOLI

Secretário de Serviços Urbanos de São Bernardo do Campo

O que foi e o que representou a viagem de membros do secretariado municipal à Suécia? A pedido do Prefeito Luiz Marinho, chefiei delegação à Suécia, em junho de 2013, composta por mim e pelos Secretários de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo; de Relações Internacionais; e de Planejamento Urbano. A finalidade da viagem foi desenvolver aproximações com a região de Linköping, naquele país, visando intercâmbios em projetos na administração pública, especialmente nas áreas de mapas 3D; sustentabilidade e reciclagem de resíduos; e cidades atrativas. Outro objetivo muito importante foi a promoção de intercâmbios entre empresários das duas regiões e, da mesma forma, entre universidades suecas e brasileiras.

A partir dessa visita, quais investimentos podem ser esperados no futuro em São Bernardo do Campo? Vemos com alegria que as Secretarias de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo e de Relações Internacionais têm dado sequência a essa ação, por meio da organização de uma missão à Suécia, em setembro deste ano, composta por empresários e dirigentes de universidades de ponta da nossa região (UFABC, FEI e Instituto Mauá). Essa missão terá a incumbên-

cia de estabelecer parcerias com as regiões de Linköping e Gotemburgo. É preciso dizer que queremos também atrair investimentos da Suécia e de outros países para São Bernardo. Para isto, são importantes os macroprojetos públicos como o Drenar, os corredores de ônibus e o vídeomonitoramento. O metrô também é estratégico. Voltando à missão empresarial à Suécia, quero dizer que, no campo empresarial, empresas dos segmentos de Ferramentaria, Autopeças e Defesa, que são três segmentos destacados em nossa cidade e na Região do ABC, buscarão realizar acordos de investimentos e joint ventures com empresas tecnológicas suecas, especialmente start-ups surgidas a partir das universidades. No caso das universidades, prevemos acordos para realização conjunta de pesquisa e desenvolvimento direcionado aos desafios da produção industrial e de outras atividades (inclusive políticas públicas, como as citadas acima). O resultado dessas pesquisas deverá ser a criação de empregos qualificados no futuro, bem como o aumento da competitividade de nossa região e das empresas aqui existentes. Destaco que essa competitividade será fortalecida por meios legítimos (inovação e produtividade) e não pelos mecanismos espúrios que tanto mal já fizeram à nossa região e particularmente a São Bernardo do Campo, como a guerra fiscal.

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REFORÇO SUECO NOS ARES DO BRASIL

Cooperação para superar desafios Åke Albertsson Presidente da Saab do Brasil

Temos visto um aumento de interesse e necessidade em aumentar a eficiência e melhorar as capacidades das Forças Armadas no Brasil para atender os requisitos da estratégia de defesa. Há uma demanda crescente na área de defesa, que surge a partir de fatores como o aumento da necessidade de monitoramento de fronteiras terrestres e marítimas do país, e a proteção de seus recursos naturais. Neste cenário, é extremamente importante que o go-

verno, instituições acadêmicas, empresas e a sociedade em geral promovam discussões sobre a forma de atender a essas necessidades e levar a tecnologia à base industrial do país para o próximo nível. Iniciativas no segmento de defesa como as que tem sido tomadas pela região de São Bernardo do Campo são extremamente importantes. Uma delas é a criação do APL de Defesa do Grande ABC em que a Saab tem participado desde o início.A empresa partilha a opinião de que a região do Grande

ABC pode se tornar um importante centro de pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia, não só para o setor de defesa.Acreditamos que a Saab pode ajudar, por sua vasta experiência no conceito de tripla hélice* (a empresa é, orgulhosamente, membro fundadora do Centro de Inovação Sueco Brasileiro, CISB) e a sua tradição em cooperação industrial. Por outro lado, a Saab pode se beneficiar com a tradição e o conhecimento das indústrias de São Bernardo do Campo no mercado brasileiro. Assim, discussões promovidas pelo APL de Defesa do Grande ABC são cruciais.

Saab Gripen * A “tripla hélice” significa uma estreita cooperação entre as universidades, as indústrias e o governo para resolver em conjunto os desafios da sociedade.

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Foto: Revista do APL

Secretário Jefferson José da Conceição

O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL EM DEFESA DO GRANDE ABC Jefferson José da Conceição, Secretário do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo

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os últimos dez anos, o Brasil se destacou como potência emergente, alcançou posições mais influentes nos organismos internacionais e pleitou justificadamente maior peso no Conselho de Segurança da ONU. Nosso país dispõe de riquezas naturais cada vez mais essenciais para o mundo no Terceiro Milênio, como as reservas florestais, o petróleo e os mananciais hídricos. Estes fatores aumentaram significativamente a necessidade de reaparelhamento e fortalecimento de nossas Forças Armadas, no âmbito da Política Nacional de Defesa, com a criação de uma Base Industrial de Defesa no país. Registre-se que este fortalecimento é

voltado prioritariamente para a defesa, dada a tradição pacífica de nossas relações internacionais. Após décadas de abandono, o investimento na indústria de defesa, iniciado no Governo Lula e continuado no Governo Dilma, projeta volumes de dispêndios expressivos no país para as próximas décadas, especialmente quando se levam em conta os esforços de nacionalização. Destaca-se ainda a MP 582, posteriormente transformada em Lei nº 12.598, de 22 de março de 2012 instituindo o RETID – Regime Especial Tributário da Indústria de Defesa permitindo a aquisição com suspensão do PIS/PASEP, Cofins e IPI de insumos utilizados na fabricação de bens de defe-

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ARTIGO

sa nacional adquiridos de pessoas habilitadas no regime. É nesse quadro que a Região do Grande ABC - formada por Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra - busca ampliar sua participação na Base Industrial de Defesa, especialmente por meio da reconversão de seu imenso parque industrial instalado - o maior da América Latina -, entendido como diversificação e ampliação de linhas de produção complementares às já existentes. O Grande ABC é conhecido por sua tradição na produção automotiva, metalmecânica, química e petroquímica. Sede de grandes montadoras de veículos no país, como Volkswagen, Ford, General Motors, Mercedes-Benz, Scania e Toyota, a Região concentra mais de 50% da produção de caminhões e 25% da produção de automóveis do Brasil. Destaca-se também a presença de centenas de empresas de autopeças, dos mais variados portes. A indústria local abrange ainda setores como têxtil, alimentício, moveleiro, gráfico, construção civil, entre outros. São 309 mil pessoas ocupadas na indústria de transformação, das quais 161 mil na indústria metalmecânica (SEADE-DIEESE, abril 2013). A Região está entre as maiores exportadoras do país. Além das dezenas de laboratórios e centros de engenharia instalados nas empresas privadas, encontram-se na Região do Grande ABC instituições de excelência no

“Após décadas de abandono, o investimento na indústria de defesa, iniciado no Governo Lula e continuado no Governo Dilma, projeta volumes de dispêndios expressivos no País para as próximas décadas...” ensino superior e técnico: Centro de Serviços, Universidade Federal do ABC (UFABC), Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI – anteriormente, Faculdade de Engenharia Industrial), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), Universidade de São Caetano do Sul (USCS), Faculdades de Tecnologia (FATECs), Fundação Salvador Arena, Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, escolas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAIs), Escolas Técnicas Estaduais (ETECs), entre outras. No plano institucional, a Região inovou ao criar, na década de 1990, o Consórcio Intermunicipal Grande ABC – o primeiro consórcio público do país - e a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. É respaldado nesta estrutura econômica e de conhecimento que, desde 2010, importantes esforços e conquistas foram empreendidos pela

Região do Grande ABC na busca de sua maior participação na Base Industrial de Defesa. Destacam-se: a) As viagens do Prefeito Luiz Marinho (atualmente Presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC) à Suécia e à França, no 1º semestre de 2010, com o objetivo de apresentar a Região do Grande ABC e a possibilidade de esta ser objeto das contrapartidas dos fabricantes dos caças supersônicos participantes da licitação do FX-2; b) Os workshops e seminários realizados, em São Bernardo, com a sueca Saab e o Consórcio Rafale, da França; c) A inauguração, em São Bernardo, do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) em maio de 2011; d) A aplicação de questionário da Boeing Company para empresas do Grande ABC, com o propósito da seleção de empresas da região para integrarem a rede mundial de suprimento da empresa aérea dos EUA; e) O seminário “As Oportunidades da Indústria de Defesa para o Brasil e o Grande ABC”, em outubro de 2011, com a presença dos presidentes do BNDES e da FINEP, representantes do Ministério da Defesa, da FIESP, Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança – ABIMDE e do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, simultâneo a um Colóquio Acadêmico das universidades locais com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e o Instituto Militar de Engenharia (IME);

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Foto: Divulgação

O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL EM DEFESA DO GRANDE ABC

Prefeitura de São Bernardo do Campo

f) A assinatura de memorandos de entendimento entre a empresa Omnisys, de São Bernardo do Campo (Grupo Thales) e a FEI, visando oportunidades de intercâmbios diversos ligados à produção de conhecimento, desenvolvimento de talentos, pesquisa e projetos; i) O lançamento do livro bilíngue (português/ inglês) “São Bernardo do Campo, Grande ABC: nova fronteira da indústria de defesa”, em outubro de 2011. Disponível em: http://www.saobernardo.sp.gov.br/dados2/SDET/ GSDET/cadernos-sao-bernardo-vol02.pdf j) A conferência do Diretor do Departamento de Produtos de Defesa, do Ministério da Defesa, General Mattioli, em 6 de março de 2012, em São Bernardo, sobre o tema da Catalogação e Homologação de Produtos de Defesa; k) O envio de representante da Prefeitura de São Bernardo para a realização de curso sobre Catalogação em Produtos da Defesa, em agosto de 2012; l) A realização do seminário “Marinha do Brasil apresenta suas Demandas de Produtos e Serviços e como as empresas do Grande ABC podem se tornar fornecedoras dessa Força”, em São Bernardo do Campo, em 6 de dezembro de 2012, no Senai Mario

Amato, juntamente com rodadas de relacionamento entre oficiais da Marinha e empresas da região - evento este que contou com a presença de aproximadamente 500 empresários da região; m) A constituição, em dezembro de 2012, da Associação Parque Tecnológico de São Bernardo do Campo, que deverá concentrar suas atividades em cinco áreas, sendo que uma delas é a pesquisa em indústria de defesa (as outras são nas áreas de Petróleo e Gás; Automotiva; Design; e Ferramentaria); n) A constituição, em 7/3/2013, do Arranjo Produtivo Local (APL) de Defesa do Grande ABC, reunindo gestão pública, empresas, instituições de ensino e pesquisa, sindicatos, entre outros; o) A visita do Presidente do Consórcio Intermunicipal, Prefeito Luiz Marinho, à Escola Superior de Guerra (ESG), no Rio de Janeiro, em reunião com o General Tulio Cherem, então responsável pela Escola; p) A organização, juntamente com representantes do Exército Brasileiro, do evento “Grande ABC convida o Exército Brasileiro para expor seus projetos e suas Demandas de Produtos e Serviços para os próximos anos”; q) O lançamento do site industriadefesaabc.com.

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ARTIGO

br, em julho de 2013, em evento realizado com o Exército Brasileiro, mencionado acima; r) Participação de representante da Prefeitura de São Bernardo do Campo, do Sindicato dos Metalúrgicos e do Ciesp São Bernardo do Campo e Universidade Metodista no curso “Curso de Gestão de Recurso de Defesa - CGERD”; s) A Prefeitura de São Bernardo do Campo, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, ministrou aula sobre “O APL de Defesa do Grande ABC – Antecedentes históricos, desenvolvimento e perspectivas” no curso de Gestão de Recursos de DEFESA - CGERD; t) A Prefeitura de São Bernardo do Campo organizará uma Missão à Suécia em Setembro de 2014 com objetivo de aproximar as Universidades, Parques Tecnológicos,

Empresas para troca de experiências, prospectar novos mercados e estimular inovação. Desta forma, neste momento em que o país procura aumentar sua Base Industrial de Defesa e nacionalizar produtos e serviços anteriormente importados, nós, coordenadores do APL de Defesa do Grande ABC, apresentamos as seguintes propostas ao Governo Federal, ao Ministério de Defesa, às Forças Armadas, Instituições Representativas da Indústria de Defesa e Empresas em geral: 1. Com o apoio do Ministério da Defesa, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e de instituições de apoio ao diagnóstico e fomento industrial, realização de detalhado estudo das possibilidades de reconversão da estrutura industrial da Região do ABC com vistas a atender à produção de componentes e itens estratégicos desta cadeia, especialmente aqueles que são hoje importados pelo país.

“O Projeto Collabora objetiva desenvolver soluções para desafios globais, de caráter militar e civil, que requeiram a ação simultânea de sistemas diversos, em um ambiente para pesquisa e desenvolvimento colaborativo multidisciplinar...”

2. Realização de experiênciaspiloto em torno de projetos das Forças Armadas, nas quais os itens e componentes que compõem estes projetos sejam repassados ao Consórcio Intermunicipal Grande ABC e ao APL de Defesa do Grande ABC, para que estes levantem as empresas da Região potencialmente aptas a, competitivamente, candidatar-se a concorrer aos processos licitatórios vinculados àqueles itens e componentes. A partir da listagem dessas empresas, haveria um esforço para sua catalogação e homologação, com o apoio do Ministério da Defesa e das três Forças Armadas. 3. Análise da possibilidade da instalação, na Região do ABC, de algumas etapas preliminares do processo de catalogação de produtos e empresas, com vistas a incrementar este cadastramento na região. 4. Envolvimento das instituições de ensino e pesquisa da Região no desenvolvimento de pesquisas de ponta vinculadas aos interesses estratégicos das Forças Armadas brasileiras e da Base Industrial de Defesa do país. 5. Apoio do Governo Federal à instalação do Projeto Collabora – Centro de Desenvolvimento de Capacidades, do CISB - na Região do ABC. O projeto consiste em um local físico único para integração de especialistas em sistemas ou operações diferentes, para discussão de soluções que atendam a todos os requisitos do macrossistema ou megaoperação. Este projeto

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O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL EM DEFESA DO GRANDE ABC

Grande ABC e a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. Cenários para a Região do ABC após a escolha do Gripen Uma importante frente de expansão da economia de São Bernardo do Campo, que vem sendo construída há alguns anos, entra agora em uma etapa decisiva, com a decisão final sobre o novo caça supersônico da Força Aérea Brasileira, tomada pela Presidenta Dilma ao final do ano de 2013. A escolha do modelo Gripen, da empresa sueca Saab, implicará na implantação de uma fábrica no município para a produção de uma parte da aeronave. Essa perspectiva é fruto de um forte envolvimento da administração municipal no assunto desde 2009. Como exposto anteriormente, o Prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, foi à Suécia, voou em um modelo Gripen e foi recebido em audiência pelo casal real. Posteriormente, seminários e workshops foram realizados com a Saab em São Bernardo; a Saab investiu US$ 50 milhões na criação do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), com sede no município; e São Bernardo tornou-se cidade-irmã de Linköping, a cidade onde a Saab mantém sua sede e que possui uma universidade e um Parque Tecnológico. Em 2013, foi assinado um Memorando Foto: Divulgação

objetiva desenvolver soluções para desafios globais, de caráter militar e civil, que requeiram a ação simultânea de sistemas diversos, em um ambiente para pesquisa e desenvolvimento colaborativo multidisciplinar. Para isso, estará integrado às instituições de ensino e pesquisa locais e empresas de interesse e estará instalado em uma destas instituições. 6. Indicação pelo Ministério da Defesa de representante, para participar, como convidado especial, nas reuniões do APL de Defesa e da Associação Parque Tecnológico de São Bernardo do Campo. 7. Análise da possibilidade da aprovação da instalação de um SENAI Defesa no Grande ABC. 8. Apoio à organização e à execução na Região de um curso de extensão, em nível superior, sobre a Base Industrial de Defesa e seu modus operandi, dirigido a empresários industriais, gerentes, sindicalistas, gestores públicos da Região e demais interessados. 9. Dada a importância e ainda o relativo desconhecimento da MP 582 - Lei nº12.598/2012, para reduzir a zero as alíquotas de PIS/PASEP e Cofins, e isentar o IPI, incidentes nas operações de venda de bens ou prestação de serviços à União para uso privativo das Forças Armadas, propomos criar um grupo piloto de divulgação da Lei em âmbito da Região do Grande ABC, em parceria com o Consórcio Intermunicipal

Sistema de monitoramento das áreas de mananciais

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ARTIGO

“O Grande ABC conta desde 2013 com o único Arranjo Produtivo local de Defesa existente no país e muitas empresas vêm buscando ampliar suas ações e parcerias....” de Entendimento entre as duas cidades, prevendo parcerias entre os governos, as universidades e o setor produtivo de ambas. Ao longo desse processo, a Saab estabeleceu o compromisso de implantar uma etapa da produção das aeronaves no município, além de iniciar parcerias para pesquisa e desenvolvimento com universidades da Região do Grande ABC. Estimativas anteriores indicavam 5.860 empregos gerados pela fabricação do Gripen no Brasil. A informação mais atual, fornecida ao jornal Valor Econômico (19/12/2013) pela Akaer, empresa que teve 15% de seu capital adquirido pela Saab, indicam um investimento de US$ 150 milhões na nova fábrica em São Bernardo. Utilizando coeficientes de geração de emprego do BNDES atualizados, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo estima que esse investimento tem o potencial de geração de cerca de 2.500 empregos: 435 diretos, 345 indiretos, na cadeia produtiva (estima-se que 40% dos fornecedores possam

ser do Grande ABC), e 1.740 pelo chamado efeito-renda, decorrente do aumento do consumo pelos trabalhadores contratados. Além disso, esse investimento atrairá outros elos da cadeia produtiva para o Grande ABC, entre fornecedores e prestadores de serviços. O Grande ABC conta desde 2013 com o único Arranjo Produtivo Local de Defesa existente no País e muitas empresas vêm buscando ampliar suas ações e parcerias. É previsível o fortalecimento desse APL com novos investidores na região. Um caso de uma empresa que está ampliando suas atividades em São Bernardo é a Omnisys, ligada ao Grupo Thales da França, que realiza no momento um novo investimento para produção de radares de longa distância. Outro impacto importante serão as parcerias acadêmicas com universidades locais, que poderão dar margem à integração de uma parte dos engenheiros formados na Região à cadeia produtiva do Gripen e também à formação de novas empresas de alta tecnologia para prestação de serviços a essa mesma cadeia. Os Parques Tecnológicos da Região irão se integrar a esse processo, com a criação de start ups (novas empresas) e desenvolvimento de pesquisas aplicadas à indústria de defesa. O Parque Tecnológico de São Bernardo do Campo, especificamente, tem a Defesa entre seus eixos estratégicos, o que favorece o início imediato de pesquisas e parcerias

com a própria Saab e sua rede de fornecedores e prestadores locais. A Akaer, na matéria citada, estima um impacto de US$ 15 bilhões na economia brasileira com a produção do Gripen. Se a unidade fabril de São Bernardo do Campo e sua cadeia produtiva regional vierem a contribuir com 20% desse montante, serão no mínimo US$ 3 bilhões gerados na Região. Um impacto muito expressivo, que reverterá positivamente na arrecadação tributária, portanto na capacidade regional de realizar políticas públicas em benefício da população. Ainda deve-se acrescentar a isso o chamado efeito-renda, que significa o potencial de consumo dos trabalhadores inseridos nessa cadeia produtiva, beneficiando o comércio e os serviços locais, o que aumentará esse impacto.Vale considerar que 20% (um quinto) é uma estimativa conservadora, em vista do reiterado compromisso da Saab de instalar uma unidade no município. n Jefferson José da Conceição é Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo; Coordenador do GT de Desenvolvimento Econômico do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC; e Coordenador do APL de Defesa do Grande ABC.

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CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS

PROCESSO RIGOROSO E IMPRESCINDÍVEL A catalogação de produtos e serviços é uma etapa primordial para as empresas que pretendem se tornar fornecedoras das Forças Armadas

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classificação e codificação de itens de suprimento das Forças Armadas brasileiras. Composto pelo Ministério da Defesa e pelo Centro de Catalogação das Forças Armadas (Cecafa) e regulamentado pela Portaria Normativa nº 813/MD, de 24 de junho de 2005, o Sismicat foi concebido para possibilitar máxima eficiência no apoio logístico e facilitar a gerência de dados dos materiais em uso nas organizações participantes.

Benefícios individuais e coletivos O sistema também agrega valor à imagem das empresas credenciadas. A companhia que corresponde às exigências desse processo, com aprovação quanto às características técnicas de Foto: Divulgação

s Forças Armadas do Brasil vivem importante processo de modernização, sustentado por inovação tecnológica, reaparelhamento, atualização de políticas públicas e estratégias, além de parcerias com outros órgãos públicos e com a iniciativa privada. Tal cenário amplia o horizonte para a indústria de defesa. No entanto, para que possam atuar diretamente com Aeronáutica, Exército e Marinha, toda e qualquer empresa deve ter seus produtos e serviços catalogados junto às Forças Armadas. Caso contrário, não poderá participar dos processos de licitação. O Sistema Militar de Catalogação (Sismicat) é muito criterioso, e rigoroso. Trata-se de um sistema uniforme e comum para identificação,

Flávia Beltran, em visita ao Cecat, foi recebida pelo Diretor, Cel. Av. André Luiz dos Santos Caldeira

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Foto: Divulgação

CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS

Prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, discursa no evento de Catalogação e Homologação de Produtos de Defesa

produtos e aos métodos e processos de fabricação, passa a fazer parte da Base Industrial de Defesa (BID), o conjunto de empresas estatais e privadas que participam de uma ou mais etapas de pesquisa, desenvolvimento, produção, distribuição e manutenção de produtos estratégicos de defesa. A catalogação traz ainda benefícios coletivos, pois fortalece a notoriedade do Brasil como país que detém um nível elevado de informações sobre os itens que abastecem a indústria de defesa, e que passam a ser conhecidos por mais de 50 países. De maneira geral, esse processo traz vantagens significativas em termos de logística: permite o uso de linguagem única para todos os setores que tratam de material; promove a concentração de informações sobre itens de suprimento; favorece

o controle gerencial dos itens; permite a redução de áreas de armazenagem; e facilita o apoio logístico integrado entre usuários do sistema (Forças e países). A partir de agora, as empresas credenciadas para atender as Forças Armadas terão mais do que novas oportunidades. Visando a fomentar a Indústria de Defesa Nacional, o Governo Federal tem estabelecido incentivos fiscais e regulamentação para compra, contratações e desenvolvimento de produtos e sistemas de defesa. Exemplo disso é o Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa (RETID), regulamentado pelo Decreto nº 8.122, de 16 de outubro de 2013. A iniciativa também passa pela padronização de nomenclaturas: todo bem, serviço, obra ou informação, inclusive armamentos, munições, meios de transporte e comunicações, fardamentos

e materiais de uso individual e coletivo utilizados no campo da defesa – exceto itens de uso administrativo – contratados ou adquiridos no âmbito do Ministério da Defesa pelas Forças, passam a ser denominados Produto de Defesa (Prode).

“Catalogação também agrega valor à imagem das empresas...” Integração para informar Por conta dessa importância e do compromisso com o fomento do setor, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo da Prefeitura de São Bernardo do Campo, por meio do Arranjo Produtivo Local (APL) de Defesa do Grande ABC, tem trabalhado para promover a aproximação do polo industrial da região com as Forças Armadas. Tanto que o APL de Defesa já realizou dois eventos – um com a Marinha e outro com o Exército – exatamente para tratar deste assunto. Nas duas ocasiões, oficiais falaram aos convidados sobre os detalhes de suas demandas e

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os trâmites para que qualquer empresa possa se tornar sua fornecedora. Além dessa aproximação, o APL de Defesa se dedica a oferecer o máximo de informações técnicas a seus integrantes. Tanto que Flávia Beltran, assessora de Gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo tem participado de cursos específicos sobre catalogação junto ao Ministério de Defesa. Em novembro de 2013, por exemplo, a executiva se reuniu com o diretor do Centro de

Serviço Os empresários interessados em conhecer todo o processo de catalogação e saber exatamente como devem proceder para catalogar seus produtos e serviços podem entrar em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo pelo e-mail industria@saobernardo.sp.gov.br.

VANTAGENS O que a indústria ganha com a catalogação As empresas que se credenciam como fornecedoras das Forças Armadas, inclusive com produtos inseridos na lista de itens catalogados, alcançam uma série de benefícios que compensam o esforço desse processo. O Centro de Catalogação da Aeronáutica (Cecat), órgão central do Sistema de Catalogação da Aeronáutica (SISCAE), aposta nessas vantagens para

Catalogação da Aeronáutica (Cecat), o Cel. Av. André Luiz dos Santos Caldeira, para conhecer as atividades daquela unidade e identificar os aspectos pertinentes à promoção e ao fomento da indústria nacional. Entre os tópicos tratados durante a visita de Flávia Beltran ao Cecat, destaque para os aspectos relativos ao processo de aquisição das diversas classes de materiais do Comando da Aeronáutica (Comaer) e a relevância do tema Cláusula Contratual de Catalogação. Sendo o maior polo industrial da América

incentivar as indústrias a participarem. Confira algumas delas: • Divulgação da empresa nacional no exterior; • Melhoria no relacionamento governo e indústria, por meio do uso de um único sistema de identificação de material; • Uso de uma linguagem comum compreendida por todos (fabricante e compradores); • Gestores e compradores podem ter acesso aos dados comerciais de um fabricante, tais como endereços, telefones e homepage; • O NATO Stock Number (NSN) substitui, com vantagens, os códigos comerciais de identificação de materiais, tais como UPC, UNSPSC, EAN e NCM; • A Indústria Nacional de Defesa, considerando a Lei nº 12.598, de 22 de março de 2012, e o Decreto nº 8.122, de 16 de outubro de 2013, e cumprindo-se determinados requi-

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sitos, poderá ser enquadrada em normas especiais para compras, contratações e desenvolvimento de produtos e sistemas de defesa sobre regras de incentivo à área estratégica de defesa e regime especial tributário.

NACIONALIZAÇÃO Oportunidades para empresas brasileiras Com uma carreira de 36 anos na Força Aérea Brasileira (FAB), dos quais 21 como piloto de caça, o Brigadeiro do Ar Ricardo Cesar Mangrich é hoje o responsável pela aquisição de todos os produtos de uso da FAB. Há cerca de um ano e meio, o oficial assumiu o cargo de diretor do Centro Logístico da Aeronáutica (Celog). Pela experiência acumulada e pelo que tem visto na atual função, o Brigadeiro diz existir espaço significativo para o crescimento da indústria nacional. “Há uma


CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS

diferença muito grande entre produto e produção, ou seja, um campo de oportunidades para se fabricar muita coisa”. Parte dessas possibilidades vem da nacionalização de produtos, que possibilita ter itens com custo menor, capacita empresas que já são do setor e abre perspectivas de mercado. Esse processo garante à Aeronáutica o abastecimento de algum item específico que ainda não exista ou então que esteja disponível por um preço exorbitante, inviável para as definições da FAB. “Nesse caso, utilizamos a engenharia reversa em nosso laboratório para obter todas as informações que permitam a fabricação do produto no Brasil”, explica Mangrich. No entanto, como a FAB não é fabricante abre uma licitação para encontrar uma empresa que possa suprir essa necessidade. Quando isso acontece, o produto é patenteado pela FAB

Foto: Romualdo Venâncio

Latina, o Grande ABC tornase agente importante nesse processo de renovação das Forças Armadas. O processo de catalogação só amplia as possibilidades de negócios para as empresas locais, que por sua vez contribuirão para reduzir a dependência das Forças Armadas de fornecedores internacionais. n

Brigadeiro do Ar Ricardo Cesar Mangrich, diretor do Celog da Aeronáutica

e passa a ser fabricado apenas para uso próprio, não tem objetivos comerciais. “Nesses termos, não é considerado quebra de patente”, esclarece o Brigadeiro. O Celog ainda cuidará do registro e da certificação desse item. “Somos um órgão certificador, passamos anualmente por rigorosas inspeções”, acrescenta. O Celog também está habilitado para fazer a catalogação dos produtos que nacionalizar. “A catalogação é muito importante, pois gera um número que é reconhecido por todo o mercado e permite a rastreabili-

dade no mundo inteiro”, descreve Mangrich. Falando especificamente do polo industrial do Grande ABC, o Brigadeiro vê como virtuosa e bastante natural a capacitação do setor automobilístico para atender a aviação. “A indústria automobilística está entre os produtos de uso da aeronáutica e de uso comum”, compara. Segundo ele, nos protótipos de armamentos ainda em fase de testes são utilizados materiais do segmento automobilístico, “de forma totalmente segura”, faz questão de destacar o oficial.

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SINDICATOS E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA: CAMINHO PARA INOVAR A qualificação da mão de obra está entre as prioridades da indústria de defesa no processo de evolução técnica e os sindicatos do Grande ABC estão empenhados em investir nesse campo para assegurar benefícios à força de trabalho Foto: Divulgação

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criação do Arranjo Produtivo Local (APL) de Defesa do Grande ABC tem proporcionado a oportunidade de diversas mudanças positivas na relação entre Forças Armadas, indústria de defesa, instituições de ensino, centros de pesquisa e demais envolvidos com o setor. Uma delas pode ser considerada um marco no que diz respeito à capacitação de mão de obra que atua no polo industrial da região. Em 2013, um sindicalista participou, pela primeira vez, do Curso de Gestão de Recursos de Defesa realizado pela Escola Superior de Guerra (ESG). O diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), José Roberto Nogueira da Silva, o “Bigodinho”, teve a chance de conhecer de perto diversas instalações militares e de trocar informações com alguns empresários. “Foi uma quebra de paradigmas. No início, a cada ponderação que eu fazia percebia o estranhamento nos olhares das pessoas. Mas, no final, ficou uma relação fantástica, uma grande aproximação com todos”, comenta. A interação foi tamanha que persistiu mesmo após o fim do curso. “Executivos que conheci na ESG vêm me visitar na sede do sindicato com o intuito de trocar informações e saber sobre nossos passos, entre outros assuntos. Após conhecerem nossa política de atuação, o que temos discutido

José Roberto Nogueira da Silva, diretor executivo do SMABC

sobre o setor e o que pensamos para o futuro, perceberam que a contribuição mútua é muito importante e pode trazer excelentes frutos para todos”, analisa Bigodinho. Para o sindicalista, tal relacionamento é uma forma de promover inovação, pois o debate entre empresários e trabalhadores em um mesmo patamar representa importante

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Foto: Divulgação

SINDICATOS E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA: UM CAMINHO PARA INOVAR

Alunos do Curso de Gestão de Recursos de Defesa da ESG

mudança cultural nesse diálogo. “Precisamos ter mais lideranças de trabalhadores participando desse curso, e não apenas metalúrgicos, mas químicos, bancários, entre outros, para fomentar as bases”, acrescenta. Essa integração poderá ser cada vez mais valiosa, e necessária, em razão de uma demanda crescente no setor. Segundo Bigodinho, a capacitação da mão de obra é imprescindível para que a indústria nacional aproveite as oportunidades. Durante o curso na ESG, ele conheceu um pouco mais sobre

“Executivos que conheci na ESG vêm me visitar na sede do sindicato com o intuito de trocar informações e saber sobre nossos passos, entre outros assuntos...”

o potencial das empresas, o que ressaltou ainda mais a relevância da qualificação dos trabalhadores. “Sem a devida preparação para atender à demanda do mercado, principalmente de empresas estrangeiras que estão investindo no Brasil, deixaremos uma imagem de que não damos conta”, alerta o sindicalista.

Integração de setores A capacitação da mão de obra que atende, e continuará a atender, a indústria de defesa é um processo contínuo e abrangente, da mesma maneira como acontece em qualquer outro segmento produtivo. O resultado mais aparente é a oferta de profissionais qualificados para suprir demanda das empresas. Outro impacto marcante é o estímulo aos trabalhadores, a percepção deles mesmos quanto à influência do investimento nos estudos em suas carreiras profissionais e em suas vidas de maneira geral.

Tal movimento passa pela aproximação entre as entidades de classe, como o SMABC, e as instituições de ensino, a exemplo das universidades, escolas técnicas e unidades do Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI). É por meio dessa integração que o SMABC oferece, há 30 anos, cursos gratuitos a seus associados. Bigodinho conta que por conta de mudanças estruturais do país e alterações no setor, como as terceirizações, houve uma redução na formação de profissionais de nível técnico. Para ele boa parte dos estudantes tem preferido ingressar diretamente em uma faculdade de engenharia a passar primeiro pelos cursos técnicos, o que acabou reduzindo a disponibilidade de trabalhadores com esse grau de escolaridade. Por conta dessa mudança, muitos profissionais recém-saídos dos cursos de engenharia acabaram na função

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de alguém com nível técnico, e não universitário. “Até o salário dessa população acabou diminuindo”, relata o diretor do SMABC. A situação está sendo revertida com a retomada da formação de técnicos. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, por exemplo, inaugurou em dezembro de 2013, na cidade de Diadema (SP), a Escola Livre para Formação Integral “Dona Lindu”, em uma área construída de 2.000m². Conforme a coordenação da entidade, esperase atender cerca de 3 mil alunos até julho deste ano e, a longo prazo, que a instituição forme 10 mil estudantes por ano. De acordo com o diretor de Organização do SMABC, Moisés Selerges, as propostas de políticas para novos investimentos no ABC estão condicionadas à formação de trabalhadores. “Além disso, temos a preocupação com a formação desses profissionais enquanto cidadãos, conhecedores de seus direitos”, ressalta. A Escola “Dona Lindu” oferece, em parceria com o SENAI, cursos como “Matemática Aplicada à Mecânica”, “AutoCad 2D” e “Redação Técnica”. “A partir de iniciativas como essa, geramos oportunidades para que as diversas categorias de trabalhadores venham a estudar, sobretudo quem não tem condições de investir no ensino”, comenta Bigodinho. “Isso é um sonho se realizando, pois conseguimos produzir mão de obra de acordo com a demanda do mercado e oferecer melhor qualidade de emprego para essas pessoas”, comemora.

Defesa ainda é novidade A capacitação de mão de obra é um assunto que já permeia as discussões trabalhistas há muito tempo. No entanto, especificamente sobre o setor de defesa pode-se dizer que é algo recente. Até mesmo as empresas ainda estão se adequando às exigências do setor, como é o caso dos processos de catalogação e homologação para se tornarem fornecedoras das Forças Armadas. Aquelas que chegam muito perto mas, por qualquer motivo, não conseguem passar por todas as etapas dessa

rigorosa análise, certamente vão rever seus procedimentos, passo a passo, antes de tentarem novamente. Mais do que poder participar de qualquer licitação da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, a companhia terá um diferencial significativo diante do mercado.

“Sem a devida preparação para atender à demanda do mercado, principalmente de empresas estrangeiras que estão investindo no Brasil, deixaremos uma imagem de que não damos conta...” Uma das principais notícias do setor envolvendo a região do Grande ABC foi o anúncio do Governo Federal sobre a compra dos caças Gripen New Generation, fabricados pela empresa sueca Saab, para o Projeto FX-2. Independentemente dessa negociação, a prefeitura de São Bernardo, há pelo menos quatro anos tem se aproximado da companhia. Tanto que, mesmo antes de o Ministério da Defesa revelar a escolha pelos Gripen, a direção da Saab já havia criado o CISB – Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro – na cidade e se comprometido a instalar uma unidade no município, caso viesse a ser a fornecedora dos aviões. A partir de agora, começa uma movimentação intensa para saber exatamente a dimensão das possibilidades e como aproveitá-las. “Se estamos falando de uma empresa que vem ao país e, mais especificamente, a São Bernardo, para fabricar caças, é algo muito grande.Temos de pensar no futuro, discutir e entender as particularidades das demandas do setor de defesa”, observa Bigodinho. Para o sindicalista, é preciso aproveitar essa experiência com a Saab até para que o polo industrial do ABC esteja pronto para as próximas oportunidades. “Quantos empregos diretos e indiretos podem surgir, sobretudo para a mão de obra qualificada? Como isso

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SINDICATOS E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA: UM CAMINHO PARA INOVAR

pode fortalecer a economia de São Bernardo e do Grande ABC? Quantos investimentos serão necessários para atender essa demanda? São várias as perguntas que temos

os seus canais de comunicação, que atendem uma base de 100 mil nomes, a serviço desses esclarecimentos, como é o caso do jornal impresso Tribuna Metalúrgica, com 60 mil exemplares diários, e do site da entidade. “É importante a população saber por quais motivos precisamos de desenvolvimento tecnológico para a defesa. Embora não exista a intenção de o país atacar ninguém, precisamos de fato estar seguros. Não adianta apenas parecermos seguros”, acrescenta Bigodinho.n Evento de inauguração da Escola Livre para Formação Integral “Dona Lindu” Foto: Divulgação

“É importante a população saber por quais motivos precisamos de desenvolvimento tecnológico para a defesa. Embora não exista a intenção de o país atacar ninguém, precisamos de fato estar seguros...”

de responder o quanto antes”, orienta Bigodinho. O diretor do SMABC destaca ainda que a capacitação da mão de obra garante ao Grande ABC a possibilidade de as indústrias locais entrarem como parte da inteligência dessa produção, e não apenas com a linha de montagem. “Vamos precisar de pessoas com muito conhecimento.” As questões profissionais, de uma forma ou de outra, acabam envolvendo demandas de cunho social. É imprescindível informar aos moradores da região sobre os acontecimentos. O sindicato coloca todos

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“Os países mais poderosos e influentes são aqueles que têm a indústria de defesa mais forte e avançada” Jairo Cândido Diretor-titular do Departamento da Indústria de Defesa – Comdefesa da FIESP e Presidente do Grupo Inbra Aerospace

A visão estratégica de um polo da indústria de defesa

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indústria de defesa é um dos segmentos econômicos com maior potencial de desenvolvimento tecnológico. Muitas tecnologias que usamos no dia a dia, do GPS à internet, tiveram suas origens em sistemas desenvolvidos para a defesa dos países. Os países mais poderosos e influentes são aqueles que têm a indústria de defesa mais forte e avançada. O Brasil tem uma longa história na produção de material para a defesa nacional. As origens de tal

capacidade remontam ao processo de industrialização em Portugal no século XV e a migração das primeiras fábricas para o Brasil, ainda no período colonial. Ao longo destes séculos e até os dias atuais ocorreram muitas iniciativas importantes e inúmeros insucessos e decepções. A indústria de defesa do Brasil de hoje é o resultado das condições geopolíticas e econômicas que o país viveu ao longo de sua história, dos sonhos, visões e esforços abnegados e visionários de militares, políticos, empresários, cientistas e diversas pessoas.

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ARTIGO

Através deles, chegamos aos dias de hoje com uma in- de defesa. Novos programas estão em negociação e dústria de defesa vivendo um momento positivo com definição. a crescente conscientização nacional com relação à Dentre estes, o Programa F-X2 objetiva prover importância da defesa na soberania nacional. uma nova aeronave de combate multimissão para a Dentro deste quadro, desponta a iniciativa de um Força Aérea Brasileira. O avião escolhido, o Gripen polo tecnológico voltado ao segmento industrial NG da Saab sueca é o caça mais moderno em dede defesa em São Bernardo do Campo. Resultado senvolvimento no mundo fora dos EUA. O Preda visão estratégica desenvolvida pelo Prefeito Luiz feito Luiz Marinho defendeu a escolha do Gripen Marinho, o novo polo tecnológico de defesa vem desde o início do processo de seleção, como sendo despertando crescente interesse. Ele é baseado em a alternativa que traria os maiores benefícios para a pilares tais como a localização geográfica privilegiada indústria brasileira. da cidade com sua proximidade a portos e aeroportos A Saab se comprometeu em investir em São e excelentes meios logísticos, capacidade significativa Bernardo do Campo. Inicialmente, em maio de de formação de recursos humanos de alta qualificação 2011 ela estabeleceu o CISB – Centro de Pesquisa e e uma infraestrutura urbana e gerencial adequada. O Inovação Sueco-Brasileiro com foco na implemenapoio, associado à forte vocação industrial e aos fatotação acordos de cooperação em ciência, inovação res mencionados resulta em um cenário favorável para e alta tecnologia entre Brasil e Suécia, integrando o a implantação de uma iniciativa desse porte. maduro e bem-sucedido sistema de inovação sueco No Brasil, após décadas de baixo nível de compras com o dinâmico sistema de inovação que vem se governamentais e pouco interesse da classe política consolidando no Brasil, além de atrair investimentos pelo assunto, o segmento de defesa e aeroespacial e interesse de todo o mundo. começou a ser visto sob um enfoque estratégico e Mas a principal iniciativa da Saab está iniciando tornou-se um dos principais pontos da nova Estratésua implantação. Em associação e sob a liderança de gia Nacional de Defesa. Em adição, o governo federal empresários brasileiros do Grupo Inbra, a Saab invesaprovou políticas, decretos e medidas administrativas tirá cerca de US$ 150 milhões em uma nova fabrica voltados à desoneração fiscal da indústria e a regudestinada a produção de estruturas de aeronaves para lamentação dos processos de compras para apoiar atender ao programa Gripen NG no Brasil e a linha a indústria de defesa. Foram contratados prograde montagem na Suécia. Denominada SBTA – São mas como o avião cargueiro KC-390, o sistema de Bernardo Tecnologia Aeroespacial, esta fabrica forneproteção de fronteiras, o programa dos helicópteros cerá aeroestruturas para outras empresas aeronáuticas multimissão e o programa dos submarinos convenno mundo. cionais e nuclear, todos eles O estabelecimento do com obrigações vinculadas polo tecnológico de defesa ao envolvimento e capaciem São Bernardo do Cam“As políticas e resoluções tação da base industrial de po vem despertando intensa aprovadas e os grandes defesa brasileira. As políticas movimentação do ambiente programas estruturantes e resoluções aprovadas e os empresarial tanto nacional contratados apontam grandes programas estrutucomo de empresas estrangeirantes contratados apontam ras com relação a São Berpara uma política para uma política vigorosa e nardo do Campo, indicando vigorosa e de longo prazo de longo prazo para o setor o potencial de sucesso desta para o setor de defesa” iniciativa. n

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NOTAS Paulo Marcelo Tavares Ribeiro Gerente Regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) Eduardo Marson Presidente da Helibras

Carlos Alberto Gonçalves “Krica” Secretário Adjunto de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo

POR DENTRO DO APL “A formação de um Arranjo Produtivo Local é de fundamental importância ao desenvolvimento de um melhor ambiente competitivo para as empresas. Nossa missão, além da capacitação, é trabalhar em prol da construção de um ambiente favorável às micro e pequenas empresas. São muitos os pontos positivos de um APL, mas cabe destacar alguns deles, como a maior sinergia de ações coletivas, a troca de informação e conhecimento, o maior poder de negociação e a força política para pleitear melhorias ao setor. Além da promoção do desenvolvimento do capital social e econômico da região.” “Só podemos ver com bons olhos a existência do Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC. Temos diversos fornecedores na região: peças importantes de fuselagem vêm de Mauá, a blindagem dos Esquilos é fornecida pela Inbra, o sistema de autodefesa do EC725 é fabricado pela Saab, entre outros. O fortalecimento do ABC como polo da indústria de defesa só pode ser positivo. A expansão do segmento de defesa na região abre a possibilidade de mais integração, mais negociações.” “O APL de Defesa do Grande ABC tornou-se um importante espaço de debate e articulação de políticas para a Indústria da Região. A Indústria de Defesa, por ter em essência de tecnologia de ponta, agrega valor ao produto e aos profissionais da área. Incluindo as Forças Armadas neste debate, as oportunidades são extraordinárias. É muito importante as empresas conhecerem o processo de catalogação e ficarem atentas as possibilidades apresentadas a todos os segmentos econômicos de venderem para as Forças Armadas.”

Coronel Bazuchi Seção de Planejamento do Comando Militar do Planalto

“A iniciativa da Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo precisa ser destacada: por um lado, coloca na mesma mesa os agentes do Executivo local, as indústrias do ABC, os sindicatos dos trabalhadores e os pensadores das Universidades e centros de pesquisa; por outro lado, facilita ao Ministério da Defesa e às Forças Armadas os contatos para a apresentação de suas demandas. Cria-se, desta maneira, a possibilidade de que as aquisições de Defesa sejam realizadas cada vez mais no Brasil - com nível tecnológico cada vez mais elevado - e, ainda, de que se estabeleçam parcerias com empresas e universidades locais para o desenvolvimento dos complexos projetos de Defesa!”

Sadao Hayashi Diretor Técnico e Comercial da NHT Engenharia

“A criação do Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC é de fundamental importância para a aproximação dos integrantes dessa cadeia produtiva, a troca de informações e o estímulo para alavancar o setor. A prefeitura de São Bernardo do Campo está no caminho correto e o trabalho que vem sendo feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo é uma grande prestação de serviços. De forma geral, boa parte das propostas vem ao encontro do que penso ser essencial para o setor. Como foi o evento realizado com oficiais do Exército para falar sobre suas demandas por produtos, serviços e tecnologia.”

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Flávia Beltran Assessora do Gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Econômico,Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo Coordenadora Técnica do APL de Defesa do Grande ABC

Claudio Pinto Sócio-proprietário da Stuff Equipamentos Industriais

“O Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC foi criado com o objetivo de aproximar as Forças Armadas Brasileiras, empresários, sindicatos e instituições de ensino da Região. É um canal aberto para que estes atores tenham a oportunidade de atender às necessidades materiais e de desenvolvimento tecnológico das Forças. O APL de Defesa é a principal ação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo no esforço de inserir o Grande ABC na cadeia produtiva de Defesa do país.” “O trabalho realizado pelo Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC é um caminho interessante e valioso, uma plataforma para gerar e multiplicar oportunidades, inclusive ampliando o acesso às Forças Armadas. Por meio dessa aproximação, podemos diversificar conceitos para entender uma demanda específica, o desafio para novos projetos, como atuar na questão administrativa, entre outros pontos. Além disso, o atendimento apropriado é um apoio para a autonomia deste setor.”

General Marco Antônio de Farias Comandante Logístico do Exército

“O Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC é muito importante. Para as Forças Armadas, especificamente, essa aproximação com o polo industrial traz uma sintonia que vai gerar diversos benefícios. Além da integração comercial, proporciona uma sincronia de forma geral para todos os envolvidos. Unidos, seremos mais consistentes, e essa consistência é fundamental para o sucesso.”

Giovanni Rocco Secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC

“A articulação feita pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, trará um importante impacto no desenvolvimento econômico de todo o Grande ABC. São sete municípios sem barreiras geográficas e com forte união institucional, o que abre grandes oportunidades de desenvolvimento tecnológico e de inovação para as empresas e universidades não só de São Bernardo, mas de toda a região do Grande ABC.”

Paulo Fernando Panageiro Proprietário e Diretor Administrativo da Indústria e Comércio de Artefatos de Metais Ltda. (Induspec) Arthur de Almeida Jr. Engenheiro Naval pela EPUSP Vice-Presidente da CSHPA, da ABIMAQ. Representante da empresa Spectra Tecnologia no CONIMAQ/ABIMAQ

“A notícia de que o grupo sueco Saab, ganhador da concorrência para participar do Projeto FX-2, da Força Aérea Brasileira, com o caça Gripen NG, instalará uma unidade industrial em São Bernardo do Campo é uma grande oportunidade para a região. Nesse momento, cresce a importância do Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC, pois traz uma iniciativa cultural essencial ao setor. Agora, é fundamental que as empresas se ajudem mais.”

“A parceria entre a PSBC e a empresa estratégica de defesa (EED) Spectra Tecnologia permitirá que se encurte o caminho ao futuro para a indústria nacional e que se legue o conhecimento tecnológico de ponta às novas gerações de trabalhadores. A implantação de um Centro de Simulação Para o Treinamento de Pilotos de Aeronaves, militares e civis, de asa fixa e rotativa e de um Laboratório de Ensaios de Fadiga, em São Bernardo do Campo, colocará o Brasil em condições de igualdade com os mais avançados centros tecnológicos do mundo. Além do Projeto GRIPEN, os centros atenderão todas as demandas tecnológicas dos parques industriais do ABC, de São Paulo e do país.”

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014

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Empresas e Instituições participantes do Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC Empresas AFX Indústria Metalúrgica Ltda.Indústria Metalúrgica www.afxindustria.com.br (11) 4176.8611

Acrux Solutia Ltda.

Equipamentos Hospitalares para Centros Cirúrgicos www.acruxsolutia.com.br (11) 4101.4492

Agecom Produtos de Petróleo Ltda. Lubrificante e Químicos www.agecom.com.br (11) 2146.8990

ALLTEC Materiais Compostos

Engenheira de Desenvolvimento e Negócios www.allteccomposites.com.br (12) 3931.4178/3934.8362

Apema Equipamentos Industriais Ltda.

Tecnologia em Transferência de Calor www.apema.com.br (11) 4128.2577

Artes Maná Comunicação Visual Gráfica e Impressão Digital www.artesmana.com.br (11) 3424.5480

Athos Ferramentaria e Estamparia Ltda.

Ferramentaria www.ferramentariaathos.com.br (11) 4546.8390

B. Grob do Brasil S.A.

Linhas de Usinagem, Maquinas de Universais www.grobgroup.com (11) 4367.9100/4367.9852

BASF S.A

Indústria química, plásticos, produtos de performance para proteção de cultivos, petróleo e gás www.basf.com (11) 2349.2014

Blitz Ind. e Com. de Plásticos Ltda.

DU-O-LAP Selos Mecânicos

Plásticos www.blitz.ind.br (11) 4828.3444/Fax: 4828.3619

Fabricação de Produtos de Metal, Exceto Máquinas e Equipamentos www.du-o-lap.com.br (11) 4173.5200/4178.2101

Bracom Comunicação Visual e Editora Ltda.

E2A Ferramentaria de Moldes LTDA.

Industriais e Promocionais www.bracomcv.com.br (11) 4227-5433/4226.0936

Boeing Brasil Serviços Técnicos Aeronáuticos Ltda. Aeronáutico www.boeing.com.br (11) 3759.4800

CCTS - Centro de Ciência do Sistema Terrestre Centro de Pesquisas Ambientais www.ccst.inpe.br (12) 3186.9497

Coatingtec Revestimentos Técnicos de Metais Ltda. ME Tratamento Superficial de Metais www.coatingtec.com.br (11) 2324.0815/0915

Companhia Brasileira de Cartuchos - CBC Armas e Munições www.cbc.com.br (11) 2139.8310/2139.8340

Clarion Eventos Brasil Exibições de Feira Ltda. Eventos www.clarioneventos.com.br (11) 3893.1300

DB Transnational Logística Brasil S/A Logística Internacional www.dbtransnational.com (11) 4122.4200

Delicato Consultoria

Consultoria em gestão de ativos e processos www.delicatoconsultoria.com.br (11) 3280.2661

Ferramentaria para Construção e Manutenção de moldes para Injeção de Termoplásticos www.e2aferramentaria.com.br (11) 4468.1351/4427.8153

EDAG do Brasil Ltda.

Serviços de Engenharia www.edag.com (11) 4173.9637/Fax: 4173.9608

Edson Asarias Advogados e Advogados Associados Advocacia www.edsonasarias.adv.br (11) 4122.7299

Equipamentos Universaloi Ltda.

Faparmas Torneados de Precisão Ltda.

Prestação de Serviços de Usinagem www.faparmas.com.br (11) 4822.7290/4822.7259

Ferosão JCR Ind. Com Ltda. Ferramentaria www.ferosao.com.br (11) 2191.6300

Ferramentaria Gaspec Ltda. Ferramentaria www.gaspec.com.br (11) 4421.8701

Fiamm Latin America Componentes Automobilísticos Ltda.

Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias www.fiamm.com.br (11) 3737.6116

Frazzo Comércio de Máquinas Ltda.

Fábrica de roscas e cilindros bimetálicos www.universaloi.com.br (11) 4346.5555

Comércio Atacadista de Máquinas e Equipamentos para uso Industrial, Partes e Peças www.frazzo.com.br (11) 2381.8853/7699.2125

Emau Usinagem Industrial Ltda.

Frimaren Brazil Ltda.

Usinagem Industrial (11) 4072.2204

E.5 Agência de Comunicação e Evento Ltda. Eventos www.elemetal5.com.br (11) 3165.4442

Faogor Arrasate do Brasil Ltda.

Prensas e Sistemas de Estampagem www.fagorarrasate.com (11) 5694.0822

Fatec de São Bernardo do Campo Adib Moises Dib Ensino Tecnológico www.fatecsbc.edu.br (11) 4121.9008

60 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC

Atividades de Consultoria em Gestão Empresarial, exceto consultoria técnica específica www.frimarenbrazil.com.br (12) 3911.6741

Fixopar Comércio de Parafusos e Ferramentas Ltda.

Comercialização, distribuição e fabricação de todos os tipos de elementos de fixação e agregados industriais. www.fixopar.com.br (11) 2842.2700/Fax: 2842.2760

G.S. Comércio, Serviços e Locação de Equipamentos Industriais Ltda. Comércio, Serviços e Locação de Equipamentos Industriais (11) 4101.4053/3958.3810


Grupo Inbra Filtro

Produtos Automotivos e Defesa www.grupoinbra.com.br (11) 2148.8600

HCS Modelação Ltda. Fundição e Modelação (11) 4238.0171

Haas do Brasil Total Gerenciamento de Produtos Químicos Ltda. Comércio Atacadista de Produtos Químicos www.haasgroupintl.com (11) 4427.4282

Heat Tech Tecnologia em Tratamento Térmico e Engenharia de Superfície Ltda. Tecnologia www.heattech.com.br (11) 4792.3881

HELIBRAS A Eurocoper Company Indústria de Aeronáutica www.helibras.com.br (11) 2142.3718/2142.3772

Hercules Equipamentos de Proteção Ltda.

Fabricação Tecnologia e Manutenção (11) 4391.6640

Holec Ind. Elétrica Ltda.

Fabricante de Chave seccionadora de baixa tensão www.holec.com.br (11) 4191.3144

IGPECOGRAPH Ind. Metalúrgica Ltda.

Industria Metalúrgica www.igpbr.com (11) 4070.8000/Fax: 4075.3285

Indústria Máquinas Miotto Ltda.

Industria de Comércio de Artefato de Metais

Lacerda Sistemas de Energia

Morganite Brasil Ltda.

Instituto de Ação Tecnológica e Desenvolvimento Inovador

LCI Brasil Comércio Importação e Exportação Ltda.

MS Usinagens-Massao Usinagem Ltda.

Metalúrgica www.induspec.com.br (11) 4361.5085

Instituto de Suporte Tecnológico www.iatdi.com.br (11) 2356.6028

Instituto HIDA/AOTS São Paulo

Instituto de Relações Internacionais www.aotssp.com.br (11) 5575.7687

Irsa Rolamentos S/A Comércio de rolamentos www.irsa.com.br (11) 4422.4000

IACIT Soluções Tecnológicas Ltda.

Instituto de Soluções Tecnológicas www.iacit.com.br (12) 3797.7765

ISA Com. de Artigos Militares e Esportivos Ltda. Comércio de Produtos Esportivos e Militares www.isaloja.com.br (11) 4226. 4045

JCM Comunicação e Políticas Públicas

Comércio e Exportação www.lci-brasil.com (11) 3624.3363

Lesil Indústria e Comércio Indústria e Comércio (11) 2146.8946/Fax: 2146.8909

Letska Ind. e Com. Plásticos Industria e Comércio de Plásticos www.letska.com.br (11) 4519.5028

LS Projetos e Consultoria Projetos de Moldes Plásticos www.lsprojetos.ind.br (11) 4235.0041

Indústria Mecânica ANC Ltda.

Keefer Ind. e Com. Máq. Moldes Ltda. Industrial e Comércio www.keefer.com.br (11) 4347.9090/4397.9011

Suporte de TI www.ni.com.br (11) 3149.3149

Naturaço Indústria e Comércio de Aço

Indústria e Comércio de Aço www.naturaco.com.br (11) 4823.9800

Necton Tecnologia e Sistemas

MC2 Aeronaval Ltda.

Pesquisa, Desenvolvimento e Montagem de Veículos Aeronavais www.overwind.com.br

Madope Ind. e Com. Ltda.

Marmaq Ind. e Com. de Moldes Ltda.

Fabricação de Máquinas e Equipamentos www.bozza.com (11) 2179.9911/4127.1499

National Instruments Brazil Ltda.

Fixopar Comércio de Parafusos e Ferramentas Ltda.

Jodeclan Ferramentaria Comércio e Industria Ltda.

José Murilia Bozza Com. e Ind. Ltda.

Usinagem www.massaousinagem.com.br (11) 4341.7318

Sistemas, Software e Open Source www.necton.us (11) 4341.8807

Indústria e Comércio Automotivo www.lubelusinagem.com.br (11) 4426.4082/4425.4145

Comunicação de Políticas Públicas www.jcmcom.com.br (21) 3686.6802

Indústria de Usinagem e Ferramentaria www.jodeclan.com.br (11) 4396.2372

Indústria de Produtos e Estruturas de Defesa www.morganceramics.com (21) 3305.7400/2418.1205

Lubel Indústria e Comércio

Serviços de Usinagem em geral, especializada em serviços de mandrilamento e Fresagem CNC www.madope.com.br (11) 4469.5933/Fax: 4469.5934

Fabrica e Comércio de Máquinas e Equipamentos utilizados na operação de transformação das várias linhas para extrusão de termoplásticos www.miotto.com.br (11) 4346.5555/Fax: 4346.5550

Fabrica de outros produtos derivados do metal (11) 4173.3682

No-breaks e Estabilizadores www.lacerdasistemas.com.br (11) 2147.9777

Especializada na Fabricação de Moldes para todo tipo de peças para a linha automotiva, branca, displays, eletroeletrônicas entre outros www.marmaq.com.br (11) 5588.3999

Mart Madeiras e Embalagens Ltda. Comércio de Embalagem www.mart.com.br (11) 4053.9200

Modelação Unidos Ltda. Indústria Metalúrgica www.unidosmolds.com.br (11) 2723.4755

Fabricação de Fixadores www.fixopar.com.br (11) 2842.2715

Omnisys Engenharia Ltda. Fabricação de Equipamentos de Informática, Produtos Eletrônicos e Ópticos www.omnisys.com.br (11) 3303.1374/Fax: 3303.1219

Scania Brasil

Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias www.scania.com.br (11) 4104.7244

Petróleo Brasileiro S.A

Produção e Distribuição de petróleo www.petrobras.com.br (12) 3203.9065

Park Hannifin Ind. e Com. Ltda. Produtos Aeroespaciais e Defesa www.parker.com (12) 4009.3668

Polimold Indústria S.A

Fabricação de Produtos de Metal, Exceto Máquinas e Equipamentos www.polimold.com.br (11) 4358.7300

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014

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Powercoat Tratamento de Superfícies

RUCKER do Brasil Ltda.

Pintura e Tratamento de Superfícies www.powercoat.com.br (11) 4390.6067

Produtos e Serviços de Engenharia e Design www.rucker.com.br (11) 4122.6400/4122.6421

PRODYT Mecatrônica Indústria e comércio Ltda.

Rosenberger Domex Telecomunicações Ltda.

Máquinas Industriais, Transfer e Automatização www.prodty.com.br (11) 4072.8407

Redes e Cia

Soluções em Engenharia e Telecomunicações www.redesecia.com.br (11) 32436.2886/3323.1122

ROBEFER Indústria e Comércio Ltda.

Máquinas e Equipamentos de Uso Industrial (11) 4972.1255/Fax: 4451.1941

Rolls-Royce Brasil Ltda.

Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas e Equipamentos www.rolls-royce.com (11) 4390.4828/Fax: 4341.7683

Roupas Profissionais Munoz Acuna Importação e Exportação Ltda.

Fabricante e Distribuidor de Conectores Elétricos e Fibras Ópticas www.rosenbergerdomex.com.br (12) 3221.8513

Sociedade Técnica de Elastômeros Stela Ltda.

Desenvolvimento e Fabricação de produtos técnicos de artefatos de borracha para indústria automobilística, construção civil e linha impermeabilizantes www.stela.ind.br (11) 4176.8611

Saab Technologies

Fabricação de Aeronaves, Produtos Navais e Equipamentos de Defesa www.Saabgroup.com

Sanches Blanes S.A

Ferramentas Industriais e Serviços Técnicos www.sanchesblanes.com.br (11) 4824.2726/4827.9009

Indústria e Comércio de roupas profissionais www.moais.com.br (11) 4366.2344

SCHUNK Intec - BR

Soluções para a Indústria e Produtos Robóticos e Industriais www.schunk.com (11) 4468.6880

Sherwin-Williams do Brasil Indústria e Comércio Ltda. Produtos de Pintura Automotiva e Lubrificação www.shewin-auto.com.br (11) 2168.4225

Santos Brasil

Serviços de infraestrutura portuária e de logística integrada www.santosbrasil.com.br (13) 2102.9107

Steelcoat Pinturas Industriais Ltda. Pinturas Industriais www.powercoat.com.br (11) 4390.6062

Thermocom Sensores Industria e Comércio

Fabricação de Equipamentos de Informática, Produtos Eletrônicos e Ópticos www.termocom.com.br (11) 4338.5511

Termomecnica São Paulo S/A

Techycell Soluções em Telecomunicações Ltda. Serviços de TI www.techycell.com.br (11) 4173.1753

UNISEG Com. e Serv. em Segurança do Trabalho Ltda. Prestação de Serviços de Segurança www.unisegsegurancadotrabalho. com.br (11) 4390.0422/4941.0425

Usimac Ind. Serv. Ferram. Ltda. Usinagem e Serviços de Ferramentaria www.usimac.com.br (11) 4973.0313

Voxxel Consultória de Sistemas

Consultoria em Processos e Sistema de Qualidade www.voxxel.com.br (11) 4123.2946

ZF do Brasil Ltda.

Líder global no segmento de sistemas de transmissão e tecnologia de chassis www.zf.com/sa (11) 3343.3393

Metalúrgica www.termomecanica.com.br (11) 4366.9796/Fax: 4366.9722

Instituições Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC Apoio a Projetos Regionais www.agenciagabc.com.br (11) 4433.7352

ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração Metalúrgica, Materiais e Mineração www.abmbrasil.com.br (11) 5534.4333 Banco Bradesco S/A Banco Privado www.bradesco.com.br (11) 4433.4445

Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - CIESP São Bernardo do Campo www.ciesp.com.br/sbc (11) 4125.7500

Centro de Pesquisas e Inovação Sueco Brasileiro CISB Pesquisa e Inovação www.cisb.org.br (11) 3500.5096

Centro Universitário Fundação Santo André

www.fsa.br (11) 4979.3379/Fax: 4979.3464

Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo www.direitosbc.br (11) 4123.0222

Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros-FEI

Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais www.ipei.com.br (11) 4353.2908/Fax: 4109.0999

Instituto Mauá de Tecnologia de São Caetano do Sul (11) 4239.3021/Fax: 4239.3041

SENAI São Paulo Design www.sp.senai.br/spdesign (11) 3146.7696

Sindicato dos Empregados em Casas de Diversões de São Paulo Sindicato www.sindiversoes.com.br (11) 3227.9477

www.fei.edu.br (11) 4353.2912/Fax: 4109.5994

62 Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC

Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC Sindicato www.smabc.org.br (11) 4128.4200

Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas do ABC Sindicato www.quimicosp.org.br (11) 3209.3811/Fax: 3209.0662

Universidade Federal do ABC www.ufabc.edu.br (11) 4996.7914/7973/7982


www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014

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