TRADIÇÃO E INOVAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA MOVELEIRA Mobilização dos setores público e privado reaviva o tradicional setor moveleiro
DESIGN PARCERIAS GERAM PROJETOS PARA NOVO MERCADO CONSUMIDAOR
FEIRAS E EVENTOS MAURO BORGES LEMOS MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO: A IMPORTÂNCIA DAS PARCERIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO SETOR MOVELEIRO
Feira da Rua Jurubatuba e primeira edição da Mostra Affemaq movimentam a região em 2015
Laboratório de Mobiliário Corporativo do Instituto Mauá de Tecnologia certiicará empresas da região
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FEIRAS E EVENTOS Parcerias movimentam a Região
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PERSPECTIVAS E CONQUISTAS DO APL MOVELEIRO
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DEPOIMENTOS
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TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E QUALIFICAÇÃO
DESIGN
FEIRAS E EVENTOS Unindo forças para revitalizar o setor
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CRÉDITO E FINANCIAMENTO PARA: Incentivos para vender e comprar
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Luiz Marinho, Prefeito de S. B. do Campo e Presidente do Consórcio Intermunicipal Sindicato da Indústria de Móveis de S.B. do Campo e Região, falam sobre o APL
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Desenvolvimento de design de móveis para casas e apartamentos populares é foco de projeto
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ENTREVISTA
Grande ABC, e Soncini, Presidente do
Ampliação da oferta de cursos e serviços no ABC já é uma realidade
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RELAÇÕES INTERNACIONAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS
ARTIGO Mauro Borges Lemos, Ministro: Políticas para fortalecimento da indústria
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MATÉRIA DE CAPA Tradição e Inovação: Texto resgata o histórico do APL e conta como está sendo sua evolução, conquistas e perspectivas e traz depoimentos com a visão de importantes apoiadores do APL
Importantes medidas derivadas da sinergia gerada pelo Arranjo Produtivo Local
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EXPEDIENTE
EMPRESAS DO APL Empresas participantes do APL.
A Revista APL Moveleiro do Grande ABC é uma publicação do Arranjo Produtivo Local do Setor Moveleiro do Grande ABC. Realização: Moato Comunicação Integrada. Jornalista Responsável: Rosemeire Cristina Silva– Mtb 43.809. Direção de Arte:
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André Tolenttino. Edição de Conteúdo: Danilo Gonçalves. CONTATOS DO APL: Mirian Donadelli do SIMABC email: mirian@simabc.com.br
EDITORIAL Desde o mais remoto passado da humanidade, quando as condições de sobrevivência eram adversas e o meio-ambiente hostil, o ser humano associa-se a outros homens para alcançar seus objetivos. Foi assim que, deixando de ser nômade e constituindo grupos de habitações ixas que os protegiam de variações climáticas e outros riscos, ele passou a fabricar mobília para sua moradia. Embora a marcenaria tenha surgido de uma atividade individual e permanecido durante muito tempo como um trabalho artesanal, desde cedo ela foi considerada uma atividade capaz de suprir diversas necessidades da sociedade, fossem elas práticas ou estéticas. Atividade esta que muito prosperou na Região do ABC Paulista, uma das pioneiras no País a produzir móveis em escala industrial. É a este momento que nos referimos na abertura de nossa Matéria de Capa, onde será possível conhecer também o longo e importante processo até a formação do APL Moveleiro do Grande ABC, suas conquistas e sua busca por inovações. Inovação, aliás, foi um conceito citado pelos nossos entrevistados – o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e o Sr. Hermes Soncini, presidente do Sindicato da Indústria de Móveis de Madeira de S.B. do Campo e Região - SIMABC – e também pelo Ministro do De-
senvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges Lemos, em seu artigo para a nossa edição. Por conta disso, também foi este um dos focos da nossa editoria sobre Tecnologia, Inovação e Qualiicação. Na nossa matéria sobre Design, ainda inspirados pelo tema da inovação, aproveitamos para conversar com especialistas do Instituto Mauá de Tecnologia e também para conhecer melhor o projeto MovelPOP, uma iniciativa do SIMABC, em parceria com o Instituto IATdi e o CNPQ, que visa buscar novas alternativas em design e utilização de materiais para produção de móveis populares. Falando em iniciativas e parcerias, não poderíamos deixar de citar na nossa editoria sobre Feiras e Eventos, a Feira da Rua Jurubatuba, uma das primeiras conquistas do APL Moveleiro do Grande ABC, que, com a articulação do secretário de Desenvolvimento, Trabalho e Turismo de S.B. do Campo, Jeferson José da Conceição, atingiu entre o empresariado um nível de articulação responsável (até agora) por seis edições da Feira que movimenta o mercado atraindo consumidores ao seu tapete vermelho. Também aproveitamos para falar de outras duas importantes iniciativas do SIMABC, o Shopping de Móveis Casa Total e o esforço do sindicato para a realização, em 2015, da Primeira Feira de
Máquinas, Ferramentas, Acessórios, Insumos e Serviços para a cadeia de madeira e móveis, a Mostra Afemaq. Um evento desse porte, cujo objetivo é estimular bons negócios e novas parcerias, ensejava um aprofundamento do tema Crédito e Financiamento, em cuja matéria divulgamos algumas iniciativas do governo federal que podem ajudar os empresários a comprar com facilidade de crédito e vender com segurança. Fique atento às informações sobre como ser um fornecedor por meio do cartão BNDES, oferecer mais facilidade de pagamento e ampliar o alcance de seus negócios. Por im, falar de um Arranjo Produtivo Local é lembrar que soluções não nascem da mera aglomeração espacial de indústrias, lojistas e compradores, mas sim de estratégias inovadoras em um contexto de profundas transformações, por isso elencamos em nossa editoria sobre Relações Institucionais e Políticas Públicas, algumas medidas que estão sendo tomadas pelo poder público e outros órgãos articuladores da região, como sindicatos e consórcios, em busca de um objetivo comum a ser alcançado através de muito trabalho, desenvolvimento econômico, político e social: o bem-estar de uma população de mais de 2,5 milhões de pessoas que vivem no Grande ABC. Boa Leitura! APL Moveleiro do Grande ABC
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ENTREVISTA “Em breve veremos a produção, vendas e empregos”
LUIZ MARINHO PREFEITO DO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO E PRESIDENTE DO CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC
Prefeito de São Bernardo do Campo e Presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Luiz Marinho fala sobre o setor moveleiro, o APL e as perspectivas e desaios para os próximos anos. Qual a importância do setor moveleiro para São Bernardo e região? Antes mesmo de se tornar a Cidade do Automóvel, a Cidade de São Bernardo do Campo icou conhecida como a “Cidade do Móvel”. Tradicionais famílias da cidade, principalmente de imigrantes italianos, tiveram seus nomes associados à indústria moveleira. Como consequência, tivemos a expansão dessa atividade aos municípios vizinhos, principalmente Santo André. Esta indústria esteve associada à primeira onda da industrialização brasileira. O setor moveleiro foi um dos principais vetores do crescimento econômico de nossa cidade, tornando-se geradora de renda e de empregos desde o início do século XX.
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Viveu momentos excelentes mesmo nas décadas de 1970 e 1980, quando o foco econômico da cidade já era a indústria automotiva. Como estava o setor moveleiro quando o Senhor assumiu a Prefeitura? Nas décadas de 1990 e 2000, a indústria moveleira local sofreu grande dispersão territorial, por diversas razões. A guerra iscal, a falta de atualização de produtos, a inadequação de processos produtivos e a ausência de políticas públicas e privadas de apoio resultaram no deslocamento de inúmeras empresas da Região do ABC para outros municípios e estados. Quais as iniciativas tomadas para a revitalização da indústria moveleira na região? São diversas ações, entre as quais destaco: primeiro, a Feira de Móveis da Rua Jurubatuba, que se constitui em um potencial shopping a céu aberto, com mais de 60 mil m2 de área de exposição mas que não utilizava a força de sua estrutura de mais
FOTO | WILSON MAGÃO
revitalização do setor gerar
de 70 lojas. Desde então, já foram realizadas seis edições, que promoveram a criação de empregos, geração de renda, incremento da produção e consequente aumento da arrecadação. E, o que é mais importante: ajudaram a resgatar a identidade da Rua Jurubatuba. Esse modelo teve tal sucesso que já foi copiado por outras regiões. Certamente o próprio associativismo dos lojistas é um “case” de sucesso, pois, apesar de concorrentes, os lojistas entenderam a necessidade de criar ações em conjunto que fortaleçam não só a Rua Jurubatuba, mas toda a cadeia produtiva. Em segundo lugar, vale destacar o Projeto de Apartamento Mobiliado para os conjuntos habitacionais erguidos pelo Poder Público. Trata-se de um protótipo de mobília para os diversos apartamentos entregues por nossa Gestão Municipal (registro que, desde 2009, já entregamos 3.670 unidades e temos mais 1.500 a entregar até o im de 2016), apartamentos estes destinados a pessoas que viviam em áreas de risco. O projeto prevê mobílias acessíveis às condições
ENTREVISTA
de compra dos moradores desses conjuntos habitacionais, utilizando as indústrias de São Bernardo e região para a produção destes mobiliários. Em terceiro lugar, queremos enfatizar que o setor moveleiro está presente no estatuto do Parque Tecnológico, por meio de um Centro de Design, que representa um dos focos estratégicos para aumentar a competitividade do setor. De fato, esta questão tecnológica é muito importante estar presente em todos os nossos APLs. Há grandes desaios tecnológicos a serem enfrentados. No caso do setor moveleiro, além do design, já citado, que constitui um dos eixos do Parque Tecnológico, já foi identiicado um primeiro desaio concreto das empresas: a presença do composto químico formaldeído nas madeiras empregadas na fabricação dos móveis, que é um problema que se torna grave principalmente no momento do descarte e reciclagem dos móveis.
os lojistas da Rua Jurubatuba, no âmbito do APL, para a redução de preços dos móveis para os servidores públicos. Por im, destaco também a participação do setor no Cadastro Geral da Indústria (CGI) e a criação de um catálogo de empresas do setor. O Cadastro é um levantamento detalhado das indústrias de São Bernardo do Campo. Mais de 1.200 estabelecimentos foram cadastrados. Um catálogo impresso, com dados de contato e o registro dos principais produtos, insumos e descartes de cada empresa será lançado ainda neste semestre. O Cadastro também será distribuído em mídia digital e estará disponível na internet, com mecanismo de busca. O setor moveleiro participou do levantamento e a partir dele, o APL discute a edição de um catálogo especíico do setor. Será um importante meio de divulgação das empresas moveleiras de nossa cidade.
Que outras ações o Sr. destacaria? Concretizamos no APL um acordo com o segmento comercial, de que metade dos móveis oferecidos nas lojas será proveniente de fornecedores da Região, ampliando assim o mercado para a indústria alcançar escalas de produção adequadas para a sua modernização e redução de custos unitários. O resultado será a ampliação dos negócios e o aumento do emprego na região. Outra ação que vale mencionar foi o acordo feito pelas Secretarias de Administração e de Desenvolvimento Econômico com
Qual a importância do APL e quais os desaios e perspectivas para o setor nos próximos anos? As várias conquistas que obtivemos só foram possíveis pela implementação do APL. A sinergia entre os atores econômicos foi a grande conquista, já que atores que muitas vezes se recusavam a sentar-se na mesma mesa de discussão, hoje discutem ações conjuntas e efetivas que levam a resultados concretos. A manutenção desse modelo é de vital importância para superarmos os desaios que temos que enfrentar.
Daí a necessidade de continuarmos a desenvolver e implementar políticas em torno de temas estratégicos para o incremento do investimento, modernização e competitividade do setor, tais como a requaliicação da rua Jurubatuba; a melhoria dos níveis de escolarização e capacitação proissional dos trabalhadores do setor, bem como a melhoria das relações de trabalho no interior das empresas; o desenvolvimento tecnológico e a inovação em produtos, processos e gestão; a participação dos representantes da cadeia moveleira na Associação Parque Tecnológico de São Bernardo, o que possibilitará a montagem de empresas de design de móveis. Há ainda outros pontos que merecem atenção. São os casos do apoio à formalização, capacitação e modernização do grande número de marceneiros independentes que temos no ABCD, e da formulação e execução de uma política de reciclagem de madeira. Por tudo isto é que temos certeza que, com estas e outras ações planejadas em breve veremos a revitalização do setor gerar produção, vendas e empregos.
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ENTREVISTA “Precisamos de união para organizar um ambiente externo favorável ao nosso desenvolvimento” HERMES SONCINI
Presidente do Sindicato da Indústria de Móveis de Madeira de S. B. do Campo e Região, Hermes Soncini nos fala do APL e explica por que essa articulação é tão importante.
PRESIDENTE DO SINDICATO DA INDÚSTRIA DE MÓVEIS DE MADEIRA DE S. B. DO CAMPO E REGIÃO
Dez anos depois do primeiro APL Moveleiro, o SIMABC volta a apoiar a criação de um novo APL, dessa vez voltado especiicamente à região do Grande ABC. Que lição a primeira experiência com o APL deixou? Apreendemos que para ser competitivo, o empresário, hoje mais do que nunca, precisa aprimorar sua competência individual, melhorar a gestão de sua empresa e de seus colaboradores, mas para isto tem que criar também um ambiente externo propício para o desenvolvimento destas empresas. Há tempos o senhor reairma a necessidade de se trabalhar em conjunto e em busca de objetivos comuns. Quais as vantagens de um Arranjo Produtivo Local? Somos um setor tradicional da indústria, composto de micro, pequenas e médias empresas, e estamos aqui nesta região antes mesmo das grandes multinacionais. Precisamos
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de união para organizar um ambiente externo favorável ao nosso desenvolvimento, para que as soluções que já estão sendo aplicadas em outros polos ou fora do País possam estar presentes nas instituições locais e regionais e virar produtos e serviços de qualidade e de acordo com as nossas necessidades; precisamos de inovação e para isto instituições que pensem o setor nas suas atividades. Mais do que nunca, precisamos buscar formas de nos mantermos competitivos, tanto em gestão, tecnologia, inovação e design como com novas estratégias para atuação no mercado. Acredito que a organização do APL Moveleiro do Grande ABC possa ser um caminho para o planejamento conjunto, para a viabilização de projetos visando uma melhoria contínua da competitividade empresarial e o fomento de ações propulsoras de desenvolvimento com as mais diversas esferas governamentais. Trabalhando dessa forma e ganhando voz, quais devem ser algumas das principais reivindicações do setor moveleiro? Uma das propostas que está em fase de negociações com a Prefeitura e o MDIC [Ministério do Desen-
volvimento, Indústria e Comércio Exterior], visa criar uma estrutura de atendimento aos empresários do APL voltada à melhoria contínua do domínio das competências estratégicas - técnicas e comportamentais -, de modo a trazer subsídios para que a governança possa pensar e planejar ações que venham de encontro às necessidades do setor de forma contínua e inovadora, com a disponibilização de soluções individuais e coletivas voltadas para o setor e seus diversos segmentos. Desejamos levar adiante o diálogo sobre a extensão do Cartão Minha Casa Melhor, da CEF, voltado a atender o Programa Minha Casa, Minha Vida, para os demais programas de moradia popular, visando atender seu objetivo inicial de inclusão social, melhoria na qualidade de vida das pessoas envolvidas e desenvolvimento da indústria nacional. Por im, estamos também muito envolvidos no sentido de buscar novas parcerias para eliminar a concorrência desleal dos ilegais. Este é um dos pontos que, junto com o SINTRACOM e a Prefeitura de S.B. do Campo, estamos nos concentrando.
PERSPECTIVAS E CONQUISTAS DO APL MOVELEIRO
JEFFERSON JOSÉ DA CONCEIÇÃO SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, TRABALHO E TURISMO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
A
política de desenvolvimento econômico de São Bernardo do Campo trabalha com a perspectiva de apoio ao surgimento e fortalecimento de APLs em toda a região. De acordo com o secretário, essa “é uma de nossas prioridades no campo empresarial, conforme nos orientou o prefeito Luiz Marinho. Hoje temos constituídos 12 APLs: Ferramentaria; Autopeças; Químico; Defesa; Móveis; Paniicação; Gráicos; Restaurantes, Bares e ains; Turismo; Pesqueiro; Têxtil e de Confecções e, por im, Design, Áudio Visual e Economia Criativa. Tal política já gera algumas conquistas que podem ser assim elencadas: - Projeto de melhorias da competitividade empresarial e estrutural das indústrias do APL Moveleiro do Grande ABC que está em tratativas entre a Prefeitura e o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio; - Tecnologia, Inovação e Design esta contemplada com o surgimento do Laboratório Mobiliário Corporativo, que é uma iniciativa da Abranco e do IMT; - Realização do projeto MovelPop; - Concurso junto aos estudantes do SENAI Almirante Tamandaré, uma parceria entre a PMSBC e o SIMABC que premiou o projeto de
protótipo de apartamento mobiliado para os conjuntos habitacionais entregues pela PMSBC; - Resíduos Sólidos: Em parceria com representantes do setor acadêmico, IMT e FEI foi apresentado o desaio de eliminar o formaldeído na produção de móveis de madeira, elemento este que impacta decisivamente nos custos do setor; - Participação em Feiras Nacionais e Internacionais; - Programa Juntos contra a ilegalidade na Indústria de Móveis. O SIMABC, o SINTRACOM e a PMSBC iniciaram o levantamento e a identiicação de empresas que trabalham de forma ilegal dentro do segmento, com o objetivo de criar programas de conscientização dos consumidores e das empresas, visando à sua regularização; - Linhas de Crédito: Reuniões junto às instituições inanceiras responsáveis por linhas de crédito ao segmento, Caixa Econômica Federal e BNDES, solicitando maior divulgação dos cartões Construcard e MóveisCard, além da extensão do Cartão Minha Casa Melhor para os demais programas de moradia popular, especialmente aos apartamentos entregues pela PMSBC. Solicitação à Caixa Econômica Federal dos juros
e condições estabelecidos no ano de 2013 em detrimento das condições atuais, condição indispensável para atendimento ao projeto de Mobília Popular (MovelPop); - Revitalização da Rua Jurubatuba, principal atrativo do setor de vendas de mobiliário da América do Sul: A realização de seis edições da Feira de Móveis da Rua Jurubatuba, criada pela Administração Municipal em parceria com os Lojistas da Rua Jurubatuba, teve em média a visita de 50.000 pessoas por edição e estabeleceu um novo padrão de conceito de vendas e Marketing à tradicional rua. Destaca-se também a criação da Associação dos Lojistas, o site www.ruajurubatuba.com.br, o programa de descontos especiais ao funcionalismo de SBC e especialmente a resolução da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de nº 07/2013, de 20 de setembro de 2013, que estabelece a prioridade de comercialização dos móveis em 50% fabricados na região do ABC.
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ARTIGO “A elaboração e implantação de políticas para fortalecimento da indústria só é possível com a participação de todos os atores envolvidos” MAURO BORGES LEMOS MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR
U
ma série de ações e medidas para o fortalecimento da cadeia produtiva do setor moveleiro vem sendo discutidas no âmbito do Conselho de Competitividade de móveis, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O grupo, formado por representantes do governo, da iniciativa privada e dos sindicatos, trabalha com o objetivo de identiicar novas tendências de consumo doméstico e internacional do setor, fortalecer as ações de promoção e internacionalização, incentivar a ampliação do setor moveleiro para outros elos da cadeia produtiva, inserir o setor moveleiro em políticas públicas já existentes, agregar valor aos produtos nacionais e fomentar a capacitação em gestão e métodos de produção, inovação e design. Dentre as ações já implementadas até agora, estão o apoio do BNDES à internacionalização de empresas brasileiras por meio do produto BNDES Finem – Internacionalização; a criação de bibliotecas de materiais (materiotecas) junto aos principais Arranjos Produtivos Locais (APLs) do setor moveleiro nacional; a criação da Unidade de Inovação e Design pela Apex-Brasil; e o desenvolvimento de linhas de inancia-
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mento descentralizadas (crédito e subvenção) com parceiros regionais para incentivar a contratação de projetos de inovação e design. Inovação, aliás, é a palavra-chave do momento. As empresas que se irmam no mercado são as que têm capacidade de inovar, fazer diferente e criar, de novos produtos a novas ações. Uma boa ideia sobre um produto ou serviço permite à empresa se sobressair diante da concorrência. Por isso a importância de uma legislação e de políticas públicas que incentivem e facilitem a criação de novos processos ou produtos. Sob essa visão foi criado o Plano Brasil Maior, idealizado para o período 2011-2014, que tem o objetivo de aumentar a competitividade dos produtos nacionais a partir do incentivo à inovação e à agregação de valor. Dentro desse mesmo período, a economia brasileira cresceu, por exemplo, 2,3% em 2013 na comparação com 2012 e o Produto Interno Bruto (PIB) chegou a R$ 4,84 trilhões. É um resultado extremamente positivo diante da grave crise que atingiu os países desenvolvidos. Enfrentamos os efeitos de uma conjuntura internacional desfavorável desde 2008, mas, apesar disso, o Brasil segue seu curso. Contudo, apesar da importância dos
bons resultados, a principal lição para o desenvolvimento do País é a necessidade e importância do trabalho em parceria entre os governos federal, estadual, municipal e iniciativa privada. A elaboração e implantação de políticas para fortalecimento da indústria só é possível com a participação de todos os atores envolvidos. O Plano Brasil Maior é um bom exemplo porque se baseia na ampliação da capacidade de diálogo entre o poder público, os empresários e os trabalhadores. O conjunto de propostas do Plano tem sido elaborado a partir de instâncias de diálogo público-privado como os 19 Conselhos de Competitividade setoriais e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, compostos por representantes do poder público e da sociedade. Esse tipo de atuação também é fundamental em nível regional, com o diálogo constante entre o setor moveleiro e as autoridades locais que, por sua vez, irão encaminhar as demandas macro para os Governos Estaduais e o Federal. Ainda que muito já tenha sido feito, continuaremos em busca de novas medidas para o fortalecimento do setor moveleiro nacional.
MATÉRIA DE CAPA
TRADIÇÃO
E INOVAÇÃO
Impulsionado pelo desenvolvimento que a ferrovia Santos-Jundiaí levou às áreas das margens do rio Tamanduateí no inal do século 19, surgia em 1889, abrangendo toda a região do ABC, o Município de São Bernardo. Foi lá que, poucos anos mais tarde, na Rua Marechal Deodoro, instalou-se a primeira fábrica de móveis da região que se tem notícias: a Fábrica de Cadeiras e Móveis João Basso & Filhos, que em 1922 já contava com 3 mil metros quadrados ocupados por marcenaria, carpintaria e serraria. Com ela, lançava-se a pedra fundamental que daria à região o status de polo moveleiro conhecido em todo o País. A indústria moveleira cresceu e se desenvolveu até os anos 1980, quando sua vitalidade começou a diminuir diante da inlação e da concorrência com outros polos moveleiros do País. A década seguinte não foi mais prodigiosa e, segundo entrevista recente do Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Jeferson José da Conceição, foram cortados metade dos postos de trabalho de todas as indústrias na região. Foi neste cenário de crise dos anos 1990, mais exatamente em 1998, que, segundo Hermes Soncini, presidente do SIMABC [Sindicato
O APL esteve no Salão Internacional do Móvel de Milão para acompanhar as inovações do setor
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MATÉRIA DE CAPA
da Indústria de Móveis de Madeira de S.B. do Campo e Região], “o Sebrae-SP, em parceria com a Câmara Regional do Grande ABC, desenvolveu o Proder – Programa de Desenvolvimento Regional, um estudo para resgatar as vocações locais. Neste estudo foi levantada uma grande concentração de micro, pequenas e médias empresas nos segmentos Plástico e Moveleiro, importantes na geração de empregos para a região, o que abriu a discussão e os trabalhos em torno do associativismo empresarial, sistemas de cooperação e aumento de competitividade de diversos segmentos industriais compostos por micro e pequenas empresas”. “Desta forma começamos a perceber que tínhamos uma aglomeração de empresas localizadas numa mesma região, tradição, certo grau de associativismo para atuação junto ao mercado, como as feiras de móveis, e que na região existia um conjunto de instituições, universidades, escolas técnicas, representantes de todas as esferas governamentais, mas que precisaríamos organizar este arranjo e preparar um ambiente externo adequado ao nosso desenvolvimento, pois a estrutura existente estava voltada a atender as grandes empresas da região”, relembra Soncini. “Foi então que, em 2003, o Sindicato das Indústrias de Móveis de S.B. do Campo e Região e o Sindicato das Indústrias de Móveis de São Paulo se uniram com as
lideranças locais para formalizar o primeiro convênio, visando a organização do Arranjo Produtivo de Móveis da Região Metropolitana de SP, junto com o Sebrae-SP.” Durante esta busca por soluções, em 2009, em parceria com o Instituto IATdi, “visando a realização de uma pesquisa do potencial de consumo de móveis e de artigos para o lar no País e um levantamento especíico das classes sociais que seriam atendidas pelo Programa Minha Casa, Minha Vida do governo federal, percebemos que a produção de mobiliário de baixo custo no Brasil era inadequada às características locais e principalmente à realidade de habitação proletária metropolitana brasileira, diicultando a circulação entre os cômodos e a funcionalidade da habitação tão carente de espaço e racionalidade na relação dos objetos”, observa o presidente. “Era necessário, portanto, desenvolver o conceito do Móvel Popular, adequando qualidade e descongestionamento dos ambientes, aliando a capacidade tecnológica e o respeito ao meio ambiente à capacidade de inovação das empresas na busca de preço para produção e venda, com o objetivo de aquecer o setor econômico e melhorar a qualidade de vida das famílias. Resolvemos então enviar um projeto para o desenvolvimento destes produtos ao CNPQ.” Naquele momento, “com a aprovação do projeto e seu desenvolvi-
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mento, percebemos a importância de discutir alternativas com os atores locais para que este piloto pudesse virar uma realidade na Região, assim iniciamos nosso dialogo com a Prefeitura de S. B. do Campo, que trouxe à mesa atores importantes no desenvolvimento de nossas ações”. Tal modelo de governança local e regional se consolidou em 2010 através da Prefeitura de São Bernardo do Campo, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, que instituiu conjuntamente com o SIMABC, com o SINTRACOM [Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e Mobiliário de São Bernardo e Diadema], o SEBRAE, o SENAI - Almirante Tamandaré, a ACISBEC [Associação Comercial e Industrial de São Bernardo do Campo] e o CDL [Câmara de Dirigentes Lojistas], a criação de um Grupo de Trabalho da Cadeia Moveleira. “Assim iniciamos nosso diálogo com a Prefeitura, que trouxe para a mesa atores importantes no desenvolvimento de nossas ações, e iniciamos no grupo de trabalho que formou o APL Moveleiro do Grande ABC”, conclui Soncini. Hoje, este grupo representa a governança do APL Moveleiro do Grande ABC, que abrange os municípios de S.B. do Campo, Santo André, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, e agrega em
Tal modelo de governança local e regional se consolidou em 2010 através da Prefeitura de São Bernardo do Campo, que instituiu conjuntamente com o SIMABC, com o SINTRACOM, o SEBRAE, o SENAI, a ACISBEC e a Câmara de Dirigentes Lojistas, a criação de um Grupo de Trabalho da Cadeia Moveleira”.
HERMES SONCINI
seu núcleo a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e as universidades: Instituto Mauá de Tecnologia, Centro Universitário da FEI e a Universidade Federal do Grande ABC; todos parte desta imensa região que concentra 1.164 indústrias moveleiras e gera 20.000 empregos
O SETOR MOVELEIRO DO GRANDE ABC CONCENTRA 1.164 INDÚSTRIAS E GERA APROXIMADAMENTE 20 MIL EMPREGOS DIRETOS E INDIRETOS.
diretos e indiretos, empresas de origem nacional que atendem os mercados de móveis residenciais e corporativos, com produção sob encomenda, seriada e mista, composta de micro, pequenas e médias empresas que atuam como indústria e indústria e comércio, fabricantes de móveis de madeira,
modulares e estofados. Grupo este que começa a conseguir importantes resultados para toda a cadeia produtiva moveleira.
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DEPOIMENTOS CARLOS ALBERTO GONÇALVES (KRICA)
MARCELLO ALEXANDRE
SECRETÁRIO ADJUNTO DA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, TRABALHO E TURISMO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO.
PRESIDENTE DA CÂMARA DE DIRIGENTES LOJISTAS DE SÃO BERNARDO DO CAMPO E DISTRITOS
O APL do Setor Moveleiro equaliza as mais variadas agendas e interesses da cadeia produtiva, criando possibilidades concretas de se alcançar resultados satisfatórios, resgatando uma dívida antiga com a sociedade em que a Prefeitura de São Bernardo do Campo se coloca como protagonista, impulsionando os lojistas, industriais, sindicatos, órgãos públicos e segmentos envolvidos, trazendo uma gestão moderna de forma a repensar as ações e estratégias, objetivando o desenvolvimento de todos que atuam no segmento moveleiro, beneiciando principalmente os consumidores! ”
O setor moveleiro tem uma importância muito grande para o ABC e em especial para a cidade de São Bernardo do Campo, que historicamente foi a cidade do móvel, e estes são elementos que fortalecem o APL na região. De forma organizada o setor, tanto produtivo quanto comercial, precisa estar atento às oportunidades apresentadas e, com criatividade e tecnologia, responder aos desaios do mercado.”
FAUZE J. ORRA
MARIO STRUFALDI
DIRETOR DO GRUPO TC MÓVEIS
DIRETOR DA LART MOVELARIA
Os benefícios conquistados pelo setor moveleiro com as Feiras de Móveis da Rua Jurubatuba abrangem principalmente as fábricas ligadas ao nosso Setor Regional, objetivo este do nosso Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Jeferson José da Conceição, sempre com aval visionário do nosso ilustríssimo Prefeito Luiz Marinho, dandonos a manutenção e criação de novos postos de trabalho e, mais que isto, resgatando a nossa indústria local, trazendo a união entre os sindicatos, tanto dos Trabalhadores quanto o Patronal, dando assim continuidade ao trabalho de nossos antepassados.”
ADMILSON LÚCIO DE OLIVEIRA PRESIDENTE DO SINDICATO DOS TRABALHADORES NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E MOBILIÁRIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO E DIADEMA
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O APL vem para buscar a dignidade do trabalhador local, fomentar os pequenos empresários com informações, cursos e mostrar principalmente que com a união podemos voltar a ser fortes, buscando soluções em conjunto e aprendendo com o outro empresário, porque o nosso inimigo não é ele! O APL tem muito a crescer e vai mudar a cultura do pequeno empresário do setor moveleiro. Ele vai poder ter acesso a máquinas e equipamentos de ponta e vai poder discutir os seus problemas na mesa com seus colegas. Estou muito otimista e parabenizo esta administração pela iniciativa.” O Arranjo Produtivo Local Moveleiro do Grande ABC é imprescindível para a reestruturação produtiva e desenvolvimento regional. O Sintracom SBC-DMA empenha-se no diálogo com empresas para superar diiculdades e conta com incentivo e apoio do prefeito Luiz Marinho e do secretário Jeferson José da Conceição para inovar as relações capital e trabalho. Dessa maneira, constituímos uma rede virtuosa, que possibilita maiores vantagens competitivas e sustentabilidade aos negócios e ao emprego.”
DEPOIMENTOS
CARLOS ALBERTO DEL RIO GÓMEZ ENGENHEIRO NA MARCENARIA ALMUDENA LTDA E DIRETOR NO SIMABC
Há muito se reconhece a importância da formação de grupos para gerar aumento da competitividade, e a criação do APL Moveleiro do Grande ABC veio justamente para isso, orientar atuações conjuntas criando possibilidades de ganhos de escala e poder de mercado, provisão de soluções conjuntas, aprendizagem e inovação conjunta, além de consolidar o espírito de associativismo. Tenho certeza que só temos a nos beneiciar participando dessa rede cooperação. Juntos somos mais fortes!” ADEMIR GASPARETTO DIRETOR DE FOMENTO À ATIVIDADE ECONÔMICA NA PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE S. B. DO CAMPO E COORDENADOR DO APL
Dentre as conquistas do APL Moveleiro, destaco o desaio de colocar à mesa todos os atores econômicos do setor: trabalhadores, empresários e lojistas com o total apoio do Governo Municipal, o que parece óbvio, mas muitas vezes é o principal gargalo. Por meio desta sinergia, conseguimos estabelecer objetivos comuns na busca do resgate deste segmento, tão importante quanto simbólico para a Cidade de São Bernardo do Campo.”
GUSTAVO PITARELLI DIRETOR EXECUTIVO DA MÓVEIS PRIMOLAR
Atualmente nossos concorrentes são polos moveleiros de outros Estados e regiões que estão se unindo há alguns anos e não mais nossos “vizinhos”. As cidades da Grande São Paulo formam o maior mercado consumidor do País, e por estarmos sediados nele é que devemos nos unir ainda mais com prefeituras de todas as cidades, sindicatos, faculdades e outras entidades para garantir sempre o aumento do potencial de compra deste mercado em que o Grande ABC está inserido. Entendo que este resultado só é possível com produção e geração de emprego de qualidade. Vindo de encontro a isso, o APL vem carregado de outras boas ações e objetivos, sendo assim essencial neste momento para desenvolvimento da região.”
RAFAEL MARQUES PRESIDENTE DA AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO GRANDE ABC - PRESIDENTE DO SINDICATO DOS METALÚRGICOS DO ABC
O Arranjo Produtivo Local é fundamental para buscar a cooperação e o desenvolvimento do setor. É o espaço criado para articular empresários, sindicatos, universidades e o poder público para alcançar melhorias na relação capital-trabalho. O APL proissionaliza essa relação e torna mais eicaz a articulação entre todos os atores envolvidos.”
TÁSSIA REGINO SECRETÁRIA DE HABITAÇÃO DO MUNICÍPIO DE S. B. DO CAMPO
Gostaria de parabenizar a iniciativa do Arranjo Produtivo Local Moveleiro do Grande ABC, em particular em São Bernardo. A indústria moveleira do ABC desenvolveu produtos personalizados aos ambientes dos apartamentos produzidos pelo Município a preços com inanciamentos acessíveis às famílias. Com isso ela ajuda essas famílias a avançar na melhoria das suas condições de vida após a conquista da casa própria.”
VALTER MOURA VALTER MOURA - PRESIDENDE DA ACISBEC
Com a evolução dos cenários políticos, sociais e culturais ao longo da história, associada às transformações econômicas, houve o favorecimento ao desenvolvimento, em termos produtivos, onde os APLs têm papel fundamental para ações de associativismo, inovação e crescimento, construindo políticas públicas para o Grande ABC, incrementando a indústria e o comércio do setor moveleiro, tornando a Região ainda mais qualiicada e competitiva.”
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TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E QUALIFICAÇÃO
AMPLIAÇÃO DA OFERTA DE SERVIÇOS E CURSOS NO ABC JÁ É UMA REALIDADE Sabedor da importância para o desenvolvimento industrial do setor, tecnologia, inovação e qualiicação são alvo de atenção do APL desde o início de sua constituição, e os primeiros resultados já começam a ser colhidos. Um bom exemplo de atendimento às necessidades da região é o Laboratório de Mobiliário Corporativo do Instituto Mauá de Tecnologia [IMT], que atende qualquer empresa de mobiliário corporativo que necessite testar seus produtos. “As empresas poderão contar não só com a realização de ensaios como também com o suporte para a solução de problemas construtivos, de materiais e de produção, além de poderem utilizar os serviços do nosso estúdio de Design”, informa José Roberto de Augusto Campos, Coordenador do Centro de Pesquisas. O Laboratório já realiza ensaios e emite pareceres para as empresas do setor. Além disso, atualmente em processo de acreditação pelo INMETRO, logo estará qualiicado a emitir certiicados para que empresas de mobiliário corporativo participem de processos licitatórios. “A certiicação de um produto garante a qualidade não só do produto, mas também a de toda a
cadeia produtiva, isto é, por meio da realização de ensaios em amostras e auditorias nas empresas o órgão certiicador confere à empresa um selo de conformidade atestando que o produto respeita as normas brasileiras. Atualmente várias empresas e órgãos públicos solicitam em seus editais de compra que os produtos sejam certiicados. Temos notado que esta prática está sendo cada vez mais adotada pelas empresas, o que pode signiicar uma ameaça para os fabricantes que não investirem em qualidade”, pondera Campos. O Coordenador do Centro de Pesquisas informa ainda que “a procura por ensaios de desenvolvimento tem sido muito grande, o que demonstra a preocupação dos fabricantes em conhecer os seus produtos e investir em inovação”. Tanto que uma expansão do laboratório já esta prevista. Outra expansão importante pleiteada pelo APL está no SENAI Almirante Tamandaré, em S. B. do Campo. Com uma história de mais de cinquenta anos e oferecendo atualmente os cursos de Marceneiro, Construtor de móveis, Tapeceiro e Montador de móveis, o APL busca irmar parcerias para que novos cursos técnicos possam ser implantados na unidade, que SERVIÇOS
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Laboratório de Mobiliário Corporativo do IMT
já ministra o curso Técnico de design de móveis e o recém lançado Técnico de qualidade. Além dos cursos de formação técnica, o SENAI também está investindo no curso de Mestrado em Manufatura Digital, uma novidade no Estado de São Paulo que está sendo posta em prática na unidade de São Caetano. Atento às necessidades do setor, José Heroíno de Souza, diretor do SENAI Almirante Tamandaré, acredita que as empresas necessitam de proissionais mais qualiicados. “A área de projetos é muito carente no Brasil e os engenheiros e tecnólogos interessados em ingressar no curso com certeza serão bem colocados no mercado de manufatura, pois nos espelhamos em exemplos internacionais”, airmou em entrevista recente.
O contato com o Laboratório de Mobiliário Corporativo do IMT pode ser feito através do e-mail cp-dea@maua.br, ou do telefone 4239-3017 com o Engenheiro Henrique Nelson Satkunas, da Divisão de Ensaios e Análises-CP. Já as informações sobre o SENAI e seus cursos estão disponíveis no portal da instituição, o http://www.sp.senai.br/senaisp/.
DESIGN Oitenta e sete por cento das empresas moveleiras concordam que o investimento em design é imprescindível. Foi este o resultado colhido pela Fundação Getúlio Vargas em pesquisa encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, através do Programa Brasileiro de Design (PBD), e da Associação dos Designers de Produto (ADP). Isso se deve principalmente porque, como diz o Professor Marcos Batista, do IMT, “o design entrega valor, principalmente os intangíveis, que são cercados de experiências! Produtos e processos são parecidos, ou seja, não entregamos mais uma cadeira mas sim conforto, status, estilo de vida, design, etc. Na utilização do pensamento em design descobrimos, selecionamos, lapidamos e entregamos as ideias materializadas em desejo e percepção relevante de sua função. Partimos do usuário e seus desejos, mas ao caminhar no projeto buscamos por uma tecnologia praticável e negócio viável. O design hoje é responsável por agregar valores e potencializar o seu negócio”. Alinhados com este pensamento e visando conquistar novos mercados, surgiu o MovelPOP, uma iniciativa do SIMABC, Instituto IATdi e CNPQ. Projeto este que tem como objetivo apresentar aos empresários do setor moveleiro, fabricantes de móveis do tipo retilíneo de produção seriada e sob encomenda, novas alternativas em design e utilização de materiais para produção de móveis populares. Foi pensando neles que, em paralelo ao desenvolvimento do projeto, realizou-
DESENVOLVIMENTO DE DESIGN DE MÓVEIS PARA CASAS E APARTAMENTOS POPULARES É FOCO DE PROJETO A casa nos padrões exigidos pelo Programa Minha Casa, Minha Vida para atender ao público com renda de 0 a 3 salários mínimos foi construída, ambientada, decorada e mobiliada com os protótipos desenvolvidos pelo Projeto MovelPOP e está exposta para visitação no Shopping Casa Total.
-se uma pesquisa de âmbito nacional capaz de avaliar a capacidade de investimento da população atendida pelos programas de geração de renda desenvolvidos pelo governo federal. Reunindo tais informações, uma das premissas do MovelPOP tornou-se o desenvolvimento do design a partir dos espaços de moradias oferecidas no Programa Minha Casa, Minha Vida do governo federal, aliado à pesquisa das necessidades desses clientes e do potencial de consumo existente. Para se ter uma ideia, com este projeto é possível comercializar a linha completa para habitações populares do Programa Minha Casa, Minha Vida, que atendem famílias com renda de 0 a 3 salários mínimos, por R$ 3.950,00. Um outro ponto observado foi o desenvolvimento de móveis que
pudessem ser parametrizados de forma a serem ampliados sem que isso resultasse em modiicações no design. “Ver o Design sendo inserido desde o início do processo de desenvolvimento de novos produtos moveleiros é tanto um indício de reconhecimento da área como um importante fator de inovação e sinal de evolução do setor, que mostra interesse e disposição em exceder às expectativas de um mercado cada vez mais competitivo. E por meio de parcerias com instituições de ensino e centros de pesquisa da região, como o Instituto Mauá de Tecnologia, essas demandas poderão ser atendidas de forma local, rápida e eiciente, com proissionais especializados, laboratórios bem equipados e custos acessíveis”, complementa a Profª Cláudia Facca, Coordenadora do Curso de Design do IMT.
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FEIRAS E EVENTOS
UNINDO FORÇAS PARA CRESCER
Em parceria com a Afemaq, Feira de máquinas, ferramentas, acessórios, insumos e serviços será destaque no segundo semestre de 2015
Após a articulação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de S. B. do Campo junto aos lojistas foi possível realizar-se a Feira de Móveis da Rua Jurubatuba, um evento que propiciou considerável crescimento nas vendas de toda a cadeia produtiva, tendo recebido, em média, 50 mil visitantes a cada uma de suas cinco edições já realizadas. “Entendo que o APL moveleiro foi o início de uma grande mudança no nosso segmento, colocando na mesa diferentes ideias para o desenvolvimento da indústria e do comércio de móveis que izeram parte do crescimento da nossa cidade. O apoio da Prefeitura [de S.B. do Campo] através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico
tem sido fundamental para este trabalho”, avalia Sérgio Todesco, vice-presidente da Associação de Lojistas da Jurubatuba. Outro bom exemplo da reunião de empresários do setor em busca de um bem comum é o Shopping de Móveis Casa Total, um empreendimento do SIMABC que conta com fabricantes de peso para compor seu mix de lojas, cujas marcas são oriundas tanto de tradicionais famílias moveleiras da região quanto de jovens marcas que primam pelo design e apostam em preços acessíveis. Além dos estímulos já citados, entraram no Plano de Ações de curto prazo do APL as visitas ao Salão de Móveis de Milão e à APEX [Agência Brasileira de Exportações e
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Investimentos] como forma de promover o conhecimento e o diálogo com o mercado exterior. Finalmente, está prevista para o próximo ano, a realização da Primeira Feira de Máquinas, Ferramentas, Acessórios, Insumos e Serviços para a cadeia de madeira e móveis em São Bernardo do Campo, no Pavilhão Vera Cruz, em conjunto com as Indústrias Fabricantes de móveis do APL e em parceria com a AFFEMAQ [Associação dos Fornecedores para a Indústria de Madeira e Móveis]. Espera-se, assim, resgatar a tradição de participação da Indústria de Móveis em feiras e eventos, além de unir fabricantes de móveis e fornecedores em um mesmo espaço, estimulando bons negócios e novas parcerias.
CRÉDITO E FINANCIAMENTO
Responsável por um consumo de mais de um trilhão de reais em 2011, a nova classe média, cuja maioria (62%) prefere comprar produtos brasileiros, encontra cada vez mais incentivos para a compra de móveis novos. Só no inal de 2013, o Governo Federal aportou mais R$8 bilhões em recursos à Caixa Econômica Federal para que, através do programa Minha Casa Melhor, sejam concedidos créditos de até R$5 mil para famílias que adquiriram imóveis através do programa Minha Casa, Minha Vida. Só para se ter uma ideia, o programa MCMV na região do Grande ABC já beneiciou cerca de 38.000 pessoas até o inal de 2013, conforme informou a CEF. Além disso, de forma a ampliar a facilidade de crédito e também suprir a demanda de consumidores que não fazem parte do programa do governo federal para a compra da casa própria, a Caixa lançou também o Construcard – um cartão com o qual se pode comprar desde o material para o alicerce até os itens de acabamento para a construção ou reforma de imóveis – e o Móveiscard, uma linha de crédito para inanciamento de móveis e eletrodomésticos que pode fornecer até R$20 mil por CPF e inanciar 100% dos bens adquiridos. Com ele, a Caixa terá disponibilizado R$500 milhões de reais até o inal de 2014 e beneiciado mais de 100 mil famílias. Para alcançar esse mercado será necessário produzir – ou distribuir – comprando com qualidade, o que envolve tecnologia e investimentos.
INCENTIVOS PARA VENDER E COMPRAR Uma maneira de micro, pequenas e médias empresas conseguirem crédito para realizar tais objetivos é através do cartão BNDES. Com ele as empresas podem investir na compra de equipamentos para modernizar seu negócio, como computadores e softwares, e até mesmo insumos para a fabricação de móveis. Como todo cartão, as compras podem ser efetuadas em parcelas ixas e em até 48 vezes, e como se trata de um crédito rotativo, o valor já pago pode ser usado para novos inanciamentos. Por tratar-se de uma operação através do BNDES, não há risco de inadimplência e os vendedores recebem o valor das compras trinta dias após a emissão da Nota Fiscal de venda de seus produtos. As empresas que desejam comprar com o cartão BNDES devem solicitá-lo através da Internet (www. cartaobndes.gov.br) e seguir as instruções fornecidas pelo portal, onde serão encontradas também as empresas participantes e os produtos à venda, que podem ser adquiridos com a comodidade das compras online e ainda com a possibilidade de negociação entre vendedor e comprador para deinição das condições de compra.
COMO SER FORNECEDOR POR MEIO DO CARTÃO BNDES Para fornecer o Cartão do BNDES, ampliar o alcance de sua empresa a novos clientes e oferecer mais facilidade de pagamento, basta ser fabricante de bens ou insumos para a cadeia produtiva ou, até mesmo, prestar serviços de design. Assim, de forma a fomentar a produção nacional, o cartão não se destina à compra de produtos importados, mas ao inanciamento de bens nacionais novos listados em diversas categorias de produtos no portal do cartão. Tanto fabricantes como distribuidores precisam realizar a solicitação de credenciamento de suas empresas através do portal de informações do cartão, onde a página “Manuais” disponibiliza o passo a passo para o cadastro, do credenciamento no programa do cartão à montagem do catálogo de produtos. Além dos manuais, no site do cartão ainda é possível assistir a vídeos tutoriais sobre como cadastrar produtos, indicar distribuidores, realizar vendas através do portal e divulgar o Cartão BNDES para clientes. Acesse www.cartaobndes.gov.br para saber se sua empresa se encaixa nos critérios.
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RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS
TRABALHO EM CONJUNTO FOTO | WILSON MAGÃO / PMSBC
Para o sucesso de um Arranjo Produtivo Local é necessário o envolvimento de diversos atores que, trabalhando em conjunto e movimentando-se em suas esferas de inluência, sejam capazes de se tornar agentes de profundas transformações.
Conjunto Habitacional Três Marias
VEJA AQUI IMPORTANTES MEDIDAS DERIVADAS DESSA SINERGIA SECRETARIA DE HABITAÇÃO DE S. B. DO CAMPO
CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC
CGI – CADASTRO GERAL DA INDÚSTRIA
ANÁLISE DE INDICADORES
PROJETO VENCEDOR
Através do PLHIS (Plano Local de Habitação de Interesse Social) a prefeitura do município está combatendo o problema do déicit habitacional. Atualmente as ações da Política Habitacional da Prefeitura abrangem quase 80 áreas, em ações que beneiciaram ou vão beneiciar mais de 30.000 famílias, entre as quais as com renda entre 0 e 3 salários mínimos citadas na nossa reportagem sobre Design, além de iniciar parcerias com as indústrias locais para a concepção de móveis que atendam a estes programas.
Por uma iniciativa do GT [Grupo de Trabalho] de Desenvolvimento do Consórcio, através de seu coordenador, o também secretário de Desenvolvimento Econômico de S. B. do Campo, Jeferson José da Conceição, está em processo de edital a elaboração de um Inventário Tecnológico que relacione toda a oferta tecnológica que a região é capaz de produzir – seja ela pública ou privada – em laboratórios, centros de pesquisa e universidades, capazes de ofertar produtos e serviços de qualidade e com custos reduzidos, mas que muitas vezes estão invisíveis ao setor produtivo.
Previsto para lançamento no segundo semestre deste ano nos formatos eletrônico e físico, o CGI – mais uma iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de S. B. do Campo – pretende identiicar e catalogar o que as empresas do município produzem, consomem e descartam. A ideia é que todas elas saibam que empresas podem encontrar na cidade e tenham informações para entrar em contato com outras indústrias, facilitando e incentivando as relações comerciais.
Através do SIMABC, em parceria com os demais sindicatos do Estado de SP e a FIESP, está em desenvolvimento uma pesquisa de âmbito nacional que pretende analisar os indicadores utilizados pelas indústrias para a tomada de decisões, visando a criação de uma estrutura de monitoramento que responda as necessidades das empresas da região.
Uma outra iniciativa do APL é o estimulo ao desenvolvimento de design pelos jovens inseridos nos recentes cursos da região, como os do Senai Almirante Tamandaré.
RELAÇÃO DE EMPRESAS DO APL
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