A Lata de Sentimentos e seus caminhos

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MĂ´nica Guttmann

A Lata de Sentimentos e seus caminhos


Mônica é psicóloga e arterapeuta. Gosta de conversar com crianças, pais e educadores sobre sentimentos, saúde, autoconhecimento e outros temas que nos ajudam a viver melhor e mais feliz. Faz isso através de seus livros publicados para crianças e adultos e das aulas que dá em diversas instituições e espaços culturais, como na Associação Palas Athena e no Instituto Sedes Sapientiae aqui no Brasil e também lá longe, no exterior. Como psicoterapeuta e arte terapeuta atende em seu consultório em São Paulo, crianças, adolescentes, famílias e adultos. Neste livro que tem em mãos, Mônica ajuda seus leitores a entenderem, aceitarem e ou transformarem essa lata de sentimentos que exite dentro de cada um de nós!


Mônica Guttmann A Lata de Sentimentos e seus caminhos

ilustrações de Marcos Almeida



Para Lia Diskin e Basilio Pawlowicz



Um convite

A Lata de Sentimentos e seus caminhos reúne a trilogia das três latas: a Lata de Sentimentos, Lata da Imaginação e Lata dos Caminhos. A Lata é símbolo de tudo que somos, nossos sentimentos, emoções, pensamentos, valores e todas as nossas histórias. À medida que entramos em contato e conhecemos mais os nossos sentimentos, podemos usar melhor nossa imaginação e escolher novos caminhos. E quanto mais olharmos e cuidarmos destas três latas, mais bonita e iluminada será nossa história e nossa vida! Portanto, este livro é uma lata de descobertas para quem quiser e puder aproveitá-las. Uma lata cheia de carinho para vocês! Mônica Guttmann



15 A Lata de Sentimentos 27 A Lata da Imaginação 37 A Lata dos Caminhos

47 Dicionário de sentimentos 51 Caderno de atividades


Apresentação

Por que será tão difícil para crianças e adultos entrar em contato e falar sobre seus sentimentos? O que será que essas “coisas” chamadas sentimentos despertam nas pessoas a ponto de mudarem a cor de seus rostos quando estão com raiva, desviarem o olhar quando estão envergonhadas, ficarem com dor de barriga quando estão com medo ou perceberem o coração disparado quando estão apaixonadas? Por que será que essas “coisas” chamadas sentimentos transformam o jeito de olharmos e percebermos a vida, de fazermos nossas escolhas e criarmos nossa história? Como seria a vida se as pessoas tivessem mais coragem de encarar seus sentimentos? Ser criança não é fácil. A criança vive os mesmos sentimentos que o adulto, só que os vive de uma maneira mais direta, espontânea, intensa, menos elaborada e consciente. Isso não quer dizer que os adultos tenham todos os seus sentimentos elaborados e amadurecidos, aliás, pelo contrário, é sempre um aprendizado e uma busca humana! Neste livro, crianças e adultos terão a oportunidade de entrarem em contato com seus sentimentos de uma maneira criativa, lúdica e gostosa. Todos os personagens desta história fazem parte de cada um de nós: o Mágico-Artista é aquele nosso lado mais criativo e corajoso que deseja crescer, enfrentar e transformar as coisas. Aquele nosso lado que acredita que ninguém é perfeito e que todos têm algo para ser melhorado! O Bruxo Catador de Sentimentos é aquele nosso lado medroso, que tem receio de olhar as coisas de frente e prefere deixar tudo como está, sem nunca mudar! Os personagens das casinhas coloridas contam sobre as emoções e sentimentos que estão dentro de todos nós, e é por isso que nos identificamos com eles, e podemos até tentar ajudar aos outros.

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Após receberem do Mágico-Artista a Lata de Sentimentos, os habitantes estavam adorando a possibilidade de cuidar e transformar os sentimentos. Levados, então, pela curiosidade, coragem e criatividade, acabaram recebendo mais uma Lata: a Lata da Imaginação. Com esta nova Lata, eles vão descobrir o mundo mágico e poderoso da mente e perceber a importância de conhecê-la para melhor aproveitá-la. Também vão descobrir o excelente instrumento que existe em cada um de nós: a imaginação. É ela, a imaginação, que vai ajudar a entender todos aqueles sentimentos descobertos, como a raiva, a inveja, o medo, a solidão… E ajudar para que todos saibam o que fazer com eles. Quais são os caminhos ideais e as melhores escolhas? Já que nos demos conta de que não podemos escolher o que sentimos, de que maneira podemos escolher o que fazer com aquilo que sentimos? Assim como A Lata de Sentimentos é uma representação simbólica do mundo de emoções que habita os seres humanos, a Lata da Imaginação ocupa, igualmente, um espaço imenso e ativo dentro de todos nós. Olhamos, sentimos e percebemos a vida conforme a nossa capacidade de alcance. À medida que vamos amadurecendo, nosso olhar sobre a vida também vai se transformando. Nós, humanos, diferente de outros seres, temos a incrível capacidade de imaginar. Em alguns, a imaginação é muito livre e bem desenvolvida, em outros nem tanto, mas é ela que nos permite conhecer, torcer, distorcer, modificar, alcançar e transformar tudo aquilo que percebemos e sentimos. A imaginação pode estar a serviço de uma criatividade saudável, ativa, viva, cuidadosa, alegre, transformadora; assim como pode estar a serviço de repressões, neuroses, psicoses e outras distorções da realidade que acabam sendo muito destrutivas. Podemos perceber que quanto maior a sensibilidade e criatividade de uma criança ou adulto, maiores podem ser seus medos, suas fantasias. Observamos pela biografia dos artistas, por exemplo, o quanto muitos deles sofreram com suas fantasias e percepções.

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A mesma capacidade de imaginar que leva uma pessoa a criar arte, ciência, novos projetos e descobertas pode levá-la a criar fantasias de medo e horror. Por meio dessa capacidade foram feitas maravilhosas e tenebrosas criações, pois ela serve tanto para a grandeza quanto para a pequenez humana. Traz em si o desafio da escolha do melhor caminho a seguir, tendo como base os valores éticos, o respeito e o cuidado consigo mesmo e com os outros. Imaginação e saúde estão diretamente ligadas. Em A Lata da Imaginação, os habitantes da aldeia, guiados por sua curiosidade (representada como um ponto de interrogação) e seus sentimentos (representados como um ponto de exclamação), fazem um grande mergulho, percebendo suas mágicas possibilidades, realidades e fantasias. Depois de tanto sentir e imaginar, o Mágico-Artista resolveu presentear os habitantes da aldeia com sua terceira e última Lata. Depois que aprendemos a olhar para nossos sentimentos e permitimos que eles nos inspirem pensamentos, imagens e ideias sem fim, temos que aprender a colocar tudo isso em prática. Temos que aprender a agir. E foi assim que, trazendo seu último presente, o Mágico-Artista convidou os habitantes da aldeia a seguirem com sua Lata dos Caminhos, para mais uma aventura e aprendizados. Os habitantes escolheram seus caminhos a partir daquilo que eram ou queriam viver e realizar, e todos os caminhos faziam parte da mesma grande Lata. Sejam bem-vindos a Lata de Sentimentos e seus caminhos!

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Prefácio

Mônica Guttmann é uma parceira antiga da Representação no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Seus livros permitem mergulhar em alguns elementos essenciais do ideário da “Cultura de Paz”, conceito forjado no âmbito da Década Internacional para a Cultura de Paz e Não Violência (2000-2010). A Cultura de Paz está intrinsecamente relacionada à prevenção e à resolução não violenta dos conflitos. É uma cultura baseada em tolerância, solidariedade e compartilhamento em base cotidiana. Uma cultura que respeita todos os direitos individuais, que assegura e sustenta a liberdade de opinião e que se empenha em prevenir conflitos, resolvendo-os em suas fontes. Atualmente, esses conflitos englobam novas ameaças não militares para a paz e para a segurança, como a exclusão, a pobreza extrema e a degradação ambiental. A Cultura de Paz procura resolver os problemas por meio do diálogo, da negociação e da mediação. A construção de uma Cultura de Paz requer profunda participação de todos tendo como pano de fundo de qualquer mobilização a tolerância, a democracia e os direitos humanos — em outras palavras, a observância desses direitos e o respeito pelo próximo, são valores “sagrados” para a Cultura de Paz. Nas palavras da diretora geral da UNESCO, Irina Bokova, “tenho a convicção de que todos estamos naturalmente ligados por nossa condição de seres humanos. Que todos temos os mesmos sonhos de prosperidade e felicidade. E todos sabemos muito bem que esses sonhos só se podem realizar em um clima de paz. A diversidade cultural e o diálogo entre as culturas contribuem para o surgimento de um novo humanismo, no qual se reconciliam o universal e o local, e mediante o qual reaprendemos a construir o mundo… Respeito aos direitos fundamentais, à dignidade de cada ser humano, à diversidade, de uma humanidade solidária e responsável. Esta é a mensagem da

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UNESCO, cuja função consiste em dar um novo impulso à solidariedade, congregando e despertando consciências.” O livro cujo prefácio tenho a honra de assinar envereda por essa direção. A Lata de Sentimentos e seus caminhos, de Mônica Guttmann, não é por definição um livro infantil, ainda que seu público principal possam ser crianças. O livro atende muito bem também o universo de adultos interessados no autoconhecimento e na sua evolução como seres humanos, além de destacar a importância do respeito aos valores essenciais como a ética e a solidariedade. Mônica Guttmann — de maneira divertida, descontraída e lúdica — procura instigar em seus pequenos (ou grandes) leitores o processo de autoconhecimento. Como veremos na obra a seguir, nossa evolução como indivíduos passa por desafios de cunho emocional e, acima de tudo, envolve escolhas, caminhos ou responsabilidades. Ao dividir o livro em três grandes blocos temáticos ligados aos “sentimentos”, à “imaginação” e aos “caminhos” a autora demonstra que com um pouco de criatividade, ou uma boa dose de imaginação, nossos caminhos ou escolhas podem sempre ser reinventados ou redirecionados e transformar trajetórias de vidas. Espero que os leitores de A Lata de Sentimentos e seus caminhos tenham o mesmo prazer que tive ao mergulhar nessa leitura gostosa, divertida e — por que não dizer — provocadora. Boa leitura! Marlova Jovchelovitch Noleto Diretora da Área Programática da UNESCO no Brasil

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capítulo 1

A Lata de Sentimentos Em alguma parte do tempo, em um país desconhecido, havia uma aldeia muito pequenina. Crianças e adultos, uma vez por mês, reuniamse para jogar fora algumas de suas coisas. Coisas bem difíceis de serem tocadas, abraçadas ou carregadas no colo, pois eram os sentimentos e emoções que as pessoas não gostavam de possuir. Durante o encontro, levavam os sentimentos que lhes provocavam medos, ciúmes, inseguranças, raivas, desejos de destruir, de bater, de se vingar. Eram os sentimentos difíceis de guardar e, muitas vezes, parecia impossível de se conviver com eles. Esses encontros eram coordenados pelo Bruxo Catador de Sentimentos. Ele catava os sentimentos que as pessoas não queriam mais e jogava-os em sua grande Lata de lixo. E os sentimentos ficavam no lixo por um bom tempo, sem saírem do lugar e sem se transformarem. Com isso, exalavam cheiro de coisa parada… A Lata de lixo seguia enchendo a cada dia mais e intoxicando, com suas cores esquisitas, a vida na pequena aldeia.

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Um dia foi anunciado que um grande Mágico-Artista passaria por ali e ensinaria a todos uma maneira de transformar os sentimentos que não gostavam e não queriam mais. Todos ficaram animadíssimos à espera do tal Mágico-Artista, pois quem sabe, ele ajudaria a transformar definitivamente os sentimentos ruins que nasciam e cresciam dentro das pessoas, dando um jeito naquela grande Lata de lixo do Bruxo Catador de Sentimentos! Durante o mês continuaram acumulando seus sentimentos e, no dia marcado, encontraram-se no mesmo lugar de costume, levando todas as coisas difíceis que possuíam dentro de si. A Lata de lixo do bruxo continuava ali, cheia como sempre. As pessoas estavam muito ansiosas e perguntavam entre si: — Quando será que ele aparecerá? De onde virá? De que jeito? Ao anoitecer, quando o Sol despedia-se da aldeia e a Lua pedia licença para iluminá-la, a grande estrela da consciência começou a brilhar cada vez mais forte, apontando para uma pequena estrela cadente que caía na aldeia. Foi nessa estrela que chegou o Mágico-Artista.

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Editora Evoluir, 2015 Título original Texto Ilustrações Revisão Design gráfico

A Lata de Sentimentos e seus caminhos Mônica Guttmann Marcos Almeida Elisa Andrade Buzzo e Fabiana Chiotolli Uriá Fassina

Conselho Editorial

Bia Monteiro, Chico Maciel, Fernando Monteiro, Flavia Bastos, Lilian Rochael e Uriá Fassina

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Guttmann, Mônica A Lata de Sentimentos e seus caminhos / Mônica Guttmann ; [ilustrações de Marcos Almeida]. — São Paulo : Evoluir, 2015. 1. Emoções - Literatura infantojuvenil 2. Sentimentos - Literatura infantojuvenil I. Almeida, Marcos. II. Título. 15-09251

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático: 1. Emoções : Literatura infantojuvenil 2. Sentimentos : Literatura infantojuvenil

028.5 028.5

ISBN 978-85-8142-086-8 Este livro atende às normas do novo Acordo Ortográficos da Língua Portuguesa, em vigor desde janeiro de 2009. Fontes Papel miolo Papel capa Impressão

Ideal Sans e Blenny Offset 120g/m² Triplex 300g/m² Elyon (São Paulo)

Impresso em outubro de 2015

Esta obra é licenciada sob uma Licença Creative Commons 4.0 Internacional que permite que você faça cópias e até gere obras derivadas, desde que não as use com fins comerciais e que sempre as compartilhe sob a mesma licença.

Editora Evoluir · FBF Cultural Ltda. Rua Aspicuelta, 329 · São Paulo-SP · CEP 05433-010 (11) 3816-2121 · ola@evoluir.com.br · www.evoluir.com.br



Em A Lata de Sentimentos e seus caminhos, Mônica Guttmann procura instigar o autoconhecimento em seus pequenos e grandes leitores de maneira divertida, descontraída e lúdica. Este não é apenas um livro infantil, ainda que seu público principal sejam as crianças. O livro atende muito bem também ao universo de adultos interessados no autoconhecimento e na sua evolução como seres humanos, além de destacar a importância do respeito aos valores essenciais como a ética e a solidariedade. Nossa evolução como indivíduos passa por desafios de cunho emocional e, acima de tudo, envolve escolhas e responsabilidades. Explorando de forma alegre e reflexiva os “sentimentos”, a “imaginação” e os “caminhos”, a autora demonstra que, com um pouco de criatividade e uma boa dose de imaginação, nossas escolhas podem sempre ser reinventadas ou redirecionadas e transformar trajetórias de vidas.

ISBN

978-85-8142-086-8


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