Sou cidadão?

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Coleção O Mundo que Queremos

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Os livros da Coleção “O Mundo Que Queremos” abordam os principais temas ambientais da atualidade pela perspectiva da complexidade socioambiental, avançando na compreensão de que os desafios para a sustentabilidade dependem da nossa capacidade de chegar a soluções coletivas, pois os problemas são causados por todos — ainda que de maneira diferenciada — e as consequências afetam a muitos.

ISBN 978-85-8142-043-1 VENDA PROIBIDA

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COLEÇÃO O MUNDO QUE QUEREMOS  SOU CIDADÃO?

uidar de si, do próximo e do planeta exige comprometimento em diversas situações do dia a dia, e não somente em momentos especiais. É preciso uma mudança no comportamento, pensar e agir de uma maneira diferente. E você, quer participar deste desafio? É o convite que este livro propõe.

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Bia Monteiro • Edson Grandisoli • Fernando Monteiro Ilustrações de Samuel Rodrigues

evoluir



COLEÇÃO O MUNDO QUE QUEREMOS

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Bia monteiro • edson grandisoli • Fernando monteiro ilustrações de samuel rodrigues


Evoluir, 2014 Este livro atende às normas do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor desde janeiro de 2009.

Coleção Título original Volume Autores Ilustrações Coord. Editorial Design gráfico Revisão

O Mundo Que Queremos Sou Cidadão? 1 de 6 Bia Monteiro, Edson Grandisoli e Fernando Monteiro Samuel Rodrigues Fernando Monteiro e Uriá Fassina Uriá Fassina Fernanda K Soifer e Lilian Rochael

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Monteiro, Bia Sou cidadão? / Bia Monteiro, Edson Grandisoli, Fernando Monteiro ; ilustrações Samuel Rodrigues. -- 1. ed. -- São Paulo : Evoluir Cultural, 2014. -- (Coleção o mundo que queremos) 1. Cidadania 2. Cidadania - Literatura infantojuvenil 3. Desenvolvimento sustentável 4. Educação - Finalidades e objetivos 5. Meio ambiente I. Grandisoli, Edson. II. Monteiro, Fernando. III. Rodrigues, Samuel. IV. Título. V. Série. CDD-370.115

14-09439 Índices para catálogo sistemático 1. Educação sustentável

370.115

ISBN deste livro ISBN da coleção

978-85-8142-043-1 978-85-8142-042-4

Fontes Impressão Tiragem Papel miolo Papel capa Acabamento capa

Whitney e Brandon Grotesque Prol (Diadema–SP) — novembro de 2014 4 mil exemplares Polém Bold 90g/m² Papelão 18 revestido por Couché 150g/m² Laminação Soft Touch, Verniz UV High Gloss

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soBre a coleção o mundo Que QueremoS

Raras são as ocasiões em que conseguimos estabelecer uma associação clara entre causa e efeito. Quando o assunto é meio ambiente, então, isso torna-se bastante improvável. Apenas recentemente é que começamos a tomar consciência dos efeitos da degradação ambiental sobre a saúde humana, mas os custos sociais decorrentes dessa destruição ainda passam despercebidos por boa parte da sociedade. A exemplo, ainda que saibamos que faz mais sentido investir em medidas preventivas como saneamento básico do que tratar, mais tarde, os doentes em hospitais, pouco se promove nesse sentido. Será que o sentimento de culpa que temos por contaminar o meio ambiente nos torna incapazes de perceber os danos causados a nós mesmos? O título da coleção “O Mundo Que Queremos” pode sugerir ao leitor a existência de um mundo hipotético ideal, onde todos concordariam sobre como “as coisas deveriam ser”, e como sociedade e natureza poderiam conviver em harmonia. Ledo engano! O que os livros da coleção abordam são os principais temas ambientais da atualidade pela perspectiva da complexidade socioambiental, realçando os múltiplos interesses, posições defendidas e visões de mundo subjacentes aos diversos atores sociais envolvidos com as questões apresentadas. A leitura e as atividades propostas despertam no leitor um olhar crítico sobre a realidade socioambiental do planeta, e o convida a buscar, a partir do diálogo e do consenso, soluções para as situações-problema propostas. O processo da busca por soluções consensuadas contribui para o desenvolvimento da capacidade de argumentação, escuta, reflexão e empatia entre os integrantes de um grupo social. E é a troca de ideias e


opiniões, com o justo confronto dos pontos de vista, o que permite aos participantes de um diálogo chegar a soluções. Trata-se de avançar na compreensão de que a superação dos desafios para a sustentabilidade depende da nossa capacidade de alcançar resoluções coletivas, pois os problemas são causados por todos — ainda que de maneira diferenciada — e as consequências afetam muitos. A Coleção é composta por seis livros. Na primeira parte de cada um deles, são apresentadas descrições detalhadas sobre os principais temas ambientais do planeta Terra. Cada tema é retratado a partir de três perspectivas: características do meio biofísico, impactos da sociedade e aspectos pessoais, onde o leitor poderá se reconhecer como parte de uma cadeia de interações. Na segunda parte, são expostos conceitos e atividades que desenvolvem nos leitores a capacidade de colaboração e aprendizagem social para o momento em que forem trabalhar o livro de forma coletiva. Em cada volume é proposto um exercício em grupo baseado na dinâmica do Jogo de Papéis. Por meio desta atividade, os leitores podem colocar em prática os princípios do diálogo, desenvolver suas habilidades de comunicação, escuta ativa, argumentação, busca pelo consenso e colaboração. Desta forma, a Coleção “O Mundo Que Queremos” oferece o conteúdo e sugere um processo que leva as pessoas a ampliar sua capacidade de leitura crítica e de uma interpretação propositiva dos desafios colocados para uma sociedade sustentável, levando-as à ações responsáveis sobre o ambiente, sobre os outros e sobre elas próprias.


Sumário

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prefácio

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sou cidadão?

12 O Ser Humano e o Planeta 16 O Ser Humano em grupo 23

eu comigo mesmo

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Os 10 princípios do consumidor consciente

29 Como tudo isso afeta a nossa vida? 30

Um mundo ideal para todos?

anexos A01 diálogo e consenso A03 Jogo de Papéis A10 Atividades auxiliares A10 Conhecendo outras perspectivas A12 Jogos Psicodramáticos


preFÁcIo por pedro r. JacoBi

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Ao avançarmos na segunda década do século XXI, vive-se uma crise do estilo de pensamento, dos imaginários sociais e do conhecimento que sustentaram a modernidade, dominando a natureza e multiplicando a lógica de mercantilização e consumo planetários. A humanidade chegou, portanto, a uma encruzilhada que exige novos rumos para uma melhor reflexão sobre a cultura, as crenças, valores e conhecimentos em que se baseia o comportamento cotidiano, assim como sobre o paradigma antropológico-social que persiste em nossas ações, no qual a educação tem um enorme peso. Atualmente, os caminhos para uma sociedade sustentável são permeados de obstáculos, na medida em que existe uma restrita consciência da sociedade a respeito das implicações do modelo de desenvolvimento em curso. A coleção “O Mundo que Queremos”, representa uma oportunidade para compartilhar ideias e trajetos para o aperfeiçoamento das práticas em torno de temas socioambientais que fazem parte do nosso cotidiano, como o consumo da água, o tratamento dos resíduos e o lidar com a biodiversidade. A coleção contribui para construir e estimular processos de colaboração e interconexões entre pessoas, ideias e ações para multiplicar a disseminação de um conhecimento baseado em valores e práticas sustentáveis, indispensáveis para promover o interesse e o engajamento de cidadãos e cidadãs na ação e na responsabilidade social. Trata-se de uma abordagem que mostra como é possível superar o reducionismo, e estimula um pensar e fazer sobre o meio ambiente diretamente vinculado ao diálogo entre saberes, à participação e aos


preceitos éticos como valores fundamentais para fortalecer a complexa interação entre sociedade e natureza. Nesse sentido, o papel dos educadores é essencial para impulsionar as transformações de uma educação que assuma o compromisso com o desenvolvimento sustentável e também com as futuras gerações. Existe hoje o desafio de avançar uma nova forma de conhecimento, criando espaços de convivência que favoreçam mudanças de percepção e de valores, e que promovam um saber solidário e um pensamento complexo, aberto à possibilidade de construção e reconstrução coletiva num processo contínuo de novas leituras e interpretações, configurando novas possibilidades de ação. Assim, o principal eixo de atuação da Educação para a Sustentabilidade deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o respeito à diferença através de formas democráticas de atuação baseadas em práticas interativas e dialógicas. O que se fundamenta no objetivo de criar novas atitudes e comportamentos face ao consumo na nossa sociedade, além de estimular a mudança de valores individuais e coletivos. A educação para a sustentabilidade e cidadania ambiental representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar os modos de participação em potenciais caminhos de dinamização da sociedade e de concretização de uma proposta de sociabilidade. Em sintonia com as urgentes necessidades de mudanças da atualidade, a coleção “O Mundo que Queremos” contribui para a co-responsabilização acerca dos principais temas ambientais, estimulando iniciativas apoiadas em aprendizagem social, no diálogo e na participação. Ao destacar a ideia de Aprendizagem Social, ela cria a oportunidade para que os leitores ampliem seu conhecimento, fortaleçam os diálogos e estabeleçam laços de confiança e cooperação, a base de qualquer proposta que busque a amPedro Roberto Jacobi é professor Titular do Programa de Pós pliação da cidadania ambiental.

Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente, da Universidade de São Paulo (USP) e editor da revista Ambiente e Sociedade (ANPPAS).

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sou cidadão? 08

COLEÇÃO O MUNDO QUE QUEREMOS


Pensar em um mundo melhor é uma tarefa que pode parecer simples, mas é extremamente complexa. Isso porque cada um de nós acredita que sabe o que é bom para si, para os outros e, consequentemente, para o planeta. Contudo, esse mundo “tão simples” que queremos envolve trabalho, atenção, sensibilidade e uma preocupação consigo e com o próximo que, muitas vezes, nos esquecemos de exercitar. Cuidar de tudo isso exige comprometimento em diversas situações do dia a dia, e não somente em momentos especiais. Ou, dito de outra forma, se quisermos realmente viver em um mundo “sustentável”, precisamos pensar e agir de uma maneira diferente da atual. E essa mudança deve ser permanente, não só de vez em quando. E vamos falar a verdade? Tem muita gente que ainda não se deu conta de que essa mudança é necessária. E é para melhor, para fazer as coisas de um jeito diferente, que seja legal para mim, para você e que não agrida o planeta — tudo ao mesmo tempo! A questão é que, antes de começar a fazer as coisas de um jeito diferente, precisamos começar a refletir de um jeito diferente. Mas, como seria essa nova forma de pensar, agir e conviver, em que tudo estivesse em harmonia? Ilusão e utopia ou há alguma pista de que isso possa mesmo ser possível? Não sabemos exatamente, mas, se existir, deve contar ao menos, com três possibilidades: as pessoas teriam clareza sobre o seu propósito e papel no mundo; se reconheceriam mais umas nas outras; e a convivência entre elas seria mais justa e em equilíbrio com a natureza. Sabemos que estamos no início de uma jornada rumo a um destino melhor para todos e que muitas coisas interessantes devem acontecer até que cheguemos lá. E você, quer participar deste desafio?

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Para fazer

Como seria o mundo no qual você gostaria de viver? Converse em grupo com seus amigos sobre essa pergunta e, depois, registrem o resultado da conversa na forma como preferirem. Pode ser um texto, desenho, vídeo ou esquema. O importante é que possam identificar, mais tarde, os detalhes desse “mundo ideal”.


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O Ser Humano e o Planeta Não é raro surgir nos jornais a notícia de que um novo planeta em algum lugar de uma galáxia distante, orbitando ao redor de estrelas parecidas com o Sol, foi descoberto por astrônomos. Muitos até possuem aparência similar à Terra, mas ainda não foi encontrado nada que se compare a ela. A vida, tal qual a conhecemos, ainda é um fenômeno único e exclusivo ao nosso planeta e, apesar da busca incessante, a ciência ainda não encontrou nenhum sinal concreto de que existe vida fora da Terra. Entre as milhares de formas de vida que aqui habitam, o ser humano, conhecido pelo nome científico de Homo sapiens, é apenas uma delas. O Homo sapiens surgiu somente há cerca de 175 mil anos. Dizemos “somente” porque uma das formas de vida mais antigas já encontrada pelos cientistas surgiu há aproximadamente 3,5 bilhões de anos. Para se ter uma ideia do que isso representa, pense no seguinte: se transformássemos a história do planeta Terra, com seus 4,6 bilhões de anos de idade, em um filme de um dia, ou seja com 24 horas, o ser humano teria surgido quando estivesse faltando apenas 0,2 segundo (dois décimos de segundo!) para acabar o filme. Ou seja, nossa presença no planeta, em comparação com a sua idade, é extremamente recente.


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175 mil anos parecem muito tempo, mas não significam nada se comparados com a idade da Terra ou mesmo com a origem da vida no nosso planeta. Você já parou para pensar em quantas espécies já existiram antes de nós? Você sabia que a vida média de uma espécie é de um milhão de anos e que 99% das espécies que já viveram na Terra estão hoje extintas?


esde o começo de sua história na Terra, o ser humano se mostrou diferente. A imensa criatividade e habilidade associadas a um cérebro bastante desenvolvido, ao polegar opositor e à tendência a viver em sociedade foram apenas algumas das características que permitiram ao ser humano se destacar e, por fim, dominar outros seres vivos do planeta, assim como o ambiente ao seu redor. Hoje, somos mais de sete bilhões de seres humanos. Parece muito mas, nem de longe, somos a forma de vida mais abundante. Contudo, nossa capacidade de alterar a Terra tem nos tornado a es14 pécie responsável pelas maiores modificações ambientais na história recente do planeta. Um dos principais fatores que permitiu que a espécie humana atingisse o nível de desenvolvimento atual foi a expansão e o aperfeiçoamento de diferentes tipos de tecnologia. O que você entende ou pensa quando Para refletir ouve a palavra tecnologia? O termo vem Na evolução do ser humano sobre do grego tekhne, que signfica técnica, arte, a Terra, desde o princípio até os dias atuais, quais foram, na sua ofício; juntamente com o sufixo logia, que opinião, as tecnologias que altesignifica estudo. Tecnologia é a produção, raram mais profundamente a hiscriação, alteração ou uso de equipamentos, tória do planeta? E você, como se técnicas ou formas de organização utilizarelaciona com as diferentes tecnologias que estão à sua disposição? das para a solução de um problema. Acha que seria capaz de viver sem Mas, afinal, você acha que existe tecnoalguma delas? Quais? E com relalogia boa e tecnologia ruim? Para muitas ção ao uso, você utiliza as tecnolopessoas, os diferentes tipos de tecnologias sempre de forma apropriada ou acha que poderia ser melhor? gia são categorizados dessa forma: ou são “bons” ou são “ruins”. Crie um exercício de reflexão pessoal, pondere sobre o lado positivo e o lado negativo dos diferentes modelos de tecnologia, entre os que listaremos a seguir. Será que existe um ponto em que todo tipo de tecnologia se torna somente ruim ou somente boa?

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Tecnologias Clássicas

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15 Tecnologias Avançadas

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Tecnologias da Informação

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O Ser Humano em grupo O ser humano é uma espécie tipicamente social. Desde seus primórdios, o Homo sapiens já costumava formar pequenos grupamentos, tipicamente com alguma relação de parentesco entre si. Esses primeiros grupos viviam de maneira muito distinta da que vivemos hoje. Os humanos coletores-caçadores não tinham residência fixa e costumavam vagar pelas planícies de onde retiravam tudo aquilo que precisavam para sobreviver: água, alimentos, abrigo, material para algum tipo de vestimenta etc. Apesar de parecer um estilo de vida até poético e de harmonia com a natureza, a sobrevivência dos coletores-caçadores não era nada fácil. Era preciso estar sempre alerta contra animais predadores e, em certas épocas do ano, como no inverno, encontrar alimento se tornava um grande desafio. Não é à toa que a expectativa de vida desses povos era estimada em 25 anos de idade. Evidências históricas indicam que, há 10 mil anos, em diferentes locais do nosso planeta, um evento muito significativo ocorreu. O ser humano gradativamente abandonou seu hábito de coletor-caçador e passou a produzir seu próprio alimento por meio de práticas agrícolas. Na mesma época, iniciou também a domesticação de alguns animais.


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Os historiadores e cientistas consideram a fixação do ser humano à terra, abandonando seu hábito errante, nômade, de coletor-caçador, como um dos momentos mais importantes de sua recente história no planeta. O desenvolvimento da agricultura foi um dos primeiros passos que levaram à criação de grupamentos humanos, que vieram a se tornar as primeiras vilas e, posteriormente, as cidades. Muito tempo depois, nos dias atuais, a maior parte das pessoas mora nas grandes cidades ou em alguma forma de zona urbana. No início do século 21, pela primeira vez na história, a população urbana do planeta superou a população rural. No Brasil, particularmente, cerca de 84% das pessoas moram em cidades ou zonas urbanas. É importante lembrar que, apesar de vivermos mais nas cidades do que no campo, apenas cerca de 2% da superfície do planeta é coberta por zonas urbanas. E, nestes únicos 2%, são consumidos mais de 75% de todos os recursos naturais explorados atualmente. Viver em cidades, portanto, não significa deixar de depender da natureza, ou seja, independente da nossa distância do ambiente natural, continuamos usufruindo dele como nossos primeiros ancestrais. Porém, muita coisa mudou.


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ma das principais características da sociedade moderna e urbanizada é o consumo de bens e produtos. Vivemos em tempos onde o ato de consumir passou a ser o foco da convivência social, determinando como as pessoas se definem socialmente. Seja a compra de alimentos para a sobrevivência ou a aquisição de ingressos para o cinema, estamos constantemente consumindo produtos que são feitos a partir de recursos naturais como a água, minérios, vegetais, animais, energia, petróleo etc. Tudo isso, claro, tem que vir de algum lugar e, depois de usado, também vai parar em outro canto. Este ciclo de produzir e consumir a partir do que a natureza oferece, e o ato de depositar os rejeitos que sobram também na natureza, não é novidade. Fazemos isso desde os tempos de coleta e caça. O problema é que tal ciclo vem acelerando em uma velocidade e intensidade sem precedentes e, as consequências de nossos atos estão colocando em risco a capacidade de os ecossistemas se manterem produtivos. Em resumo, o modo como o ser humano vem explorando seus recursos tem criado uma situação na qual os ecossistemas não conseguem repor o que é utilizado e, ao mesmo tempo, não conseguem metabolizar, a tempo, os resíduos gerados por nós.

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A matéria-prima, que é o material em estado natural e bruto, é utilizada no processo de fabricação de bens industriais e semi-industriais. Em sua origem natural, a matéria-prima pode ser animal, vegetal, mineral e de outras fontes a serem descobertas. Um recurso natural pode ser renovável ou não renovável. No caso de um recurso natural renovável, é possível que ele seja recolocado na natureza ou se regenere através de processos naturais, a uma taxa equivalente ou maior ao consumo humano. Já um recurso natural não renovável, não pode ser reposto ou regenerado, ou seja, existe em quantidade limitada e, inevitavelmente, deixará de existir após seu consumo. Este é o caso do petróleo, uma matéria-prima não renovável que Para refletir é utilizada para produzir desde garrafas Converse com seu colega sobre os objeplásticas até combustível de avião. tos que estão presentes no seu dia a dia, aqueles que são importantíssimos para Todo consumo tem um impacto divocê manter sua rotina. Consegue imareto sobre o planeta e sobre a disponiginar do que eles são feitos e de onde bilidade dos recursos naturais. Quanto vem a matéria-prima necessária para mais usamos um recurso de forma a sua fabricação? Essa matéria‑prima é encontrada em qual ecossistema? descontrolada, maior a chance de que Como você avalia a atual qualidade desse torne escasso e desapareça para as se ecossistema no Brasil e no mundo?


gerações futuras. É uma realidade preocupante, em especial, em uma sociedade que valoriza o indivíduo muitas vezes mais pelo que ele tem do que pelos seus atos, atitudes e valores. E, o que você acha? Até que ponto esse tipo de realidade influencia a decisão de consumo das pessoas? A questão é que, tudo, absolutamente tudo o que consumimos vem da natureza ou é produzido com materiais provenientes dela. Se consumirmos em níveis muito elevados, a capacidade dos diferentes ecossistemas existentes no planeta em manter nosso ritmo de consu20 mo será afetada. Um índice que representa bem a relação entre o consumo e a capacidade de renovação de ecossistemas é a Pegada Ecológica. A Pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa, corresponde ao tamaPara refletir nho das áreas produtivas de terra e de O que aconteceria se o consumo mar (em hectares) necessárias para gerar mundial de chocolate aumentasse rapidamente em, digamos, 50% em um produtos, bens e serviços que sustentem ano? Quais ecossistemas sofreriam seus estilos de vida e ritmo de consumo. maior pressão com esse aumento? Para exemplificar melhor essa ideia: (Lembre-se que o chocolate é feito de se todas as pessoas do planeta vivessem cacau e que Ghana, na África Subsaariana, é seu maior produtor mundial). como um morador típico dos Estados Unidos, seriam necessários quatro planetas Terra para suprir suas necessidades. No Brasil, cada pessoa precisa, em média, de 2,9 hectares para sustentar suas necessidades. Vale lembrar que a média mundial é de 2,7 hectares por pessoa. Apesar de o uso de recursos naturais estar crescendo cada vez mais no nosso planeta, especialmente, pelo consumo e também pelo consumismo, é um engano pensar que todos nós temos o mesmo acesso a eles. Muitas pessoas aqui, no planeta Terra, não conseguem suprir suas necessidades mínimas diárias como se alimentar adequadamente e beber água de qualidade, por exemplo.


populaçã0 × consumo por pessoa × recursos e intensidade do gasto = pegada ecológica (demanda)

Fonte: Ecological Footprint Atlas, Global Footprint Network, 2010.

área × bi0produtividade = biocapacidade (capacidade)

“Overshoot” é o nome em inglês para essa diferença entre a demanda e a capacidade do nosso planeta em renovar os seus recursos.

Um dos indicadores utilizados para compreender um pouco mais sobre a desigualdade social que enfrentamos nos dias de hoje é a renda per capita. No Brasil, como em muitos países do mundo, a desigualdade de oportunidades e renda, bem como a desigualdade entre os sePara refletir xos, ainda é marcante. Vivemos em um Organize com seus colegas uma roda de país onde muitos ganham quase nada e discussão para debater o tema Pegada Ecológica. É importante reduzir a nossa poucos ganham muito. pegada? O que podemos fazer, na esfeVocê já parou para refletir sobre qual ra individual e na esfera coletiva, para é o papel do governo, dos donos dos alterar o tamanho da nossa pegada? meios de produção, da mídia e da soDepois dessa discussão, criem cartazes para mostrar para outros colegas o que ciedade como um todo nesses cenários é a Pegada Ecológica e quais são os fade desigualdade social? tores que influenciam o seu tamanho.

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Apesar da tendência de redução da pobreza observada nos últimos anos no Brasil, dados do Censo Demográfico 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a desigualdade de renda ainda é bastante acentuada no país. Mesmo sendo a média nacional de rendimento per capita de R$ 668 naquele ano, 25% da população recebia até R$ 188, e metade dos brasileiros ganhava até R$ 375, menos do que o salário mínimo do período, que era de R$ 510. Ainda em 2010, a incidência de pobreza era maior nos municípios com 10 mil a 50 mil habitantes. Enquanto a média de pessoas que viviam com até R$ 70 por mês nessas localidades era de 6,3%, nos muni-

cípios menores (com 10 mil a 20 mil habitantes) a proporção era duas vezes maior. Enquanto cerca da metade da população urbana recebia, em média, até R$ 415, nas áreas rurais obtinham aproximadamente R$ 170. Nos municípios com até 50 mil habitantes, 75% da população ganhava até um salário mínimo. Já naqueles com mais de 500 mil habitantes, metade da população recebia até R$ 503. O rendimento médio domiciliar per capita nos municípios mais populosos era R$ 991, mais de duas vezes superior ao observado nos municípios de até 50 mil habitantes. Veja mais algumas informações sobre distribuição de renda no gráfico abaixo.

Você consegue imaginar que, atualmente, apenas 10% da parcela mais rica da população brasileira detêm 42% de toda a riqueza gerada no nosso país? Ou seja, os outros 90% dividem apenas 58% da nossa riqueza.

Texto adaptado do portal Terra (Economia), 2011. • Gráfico: Síntese de Indicadores Sociais, IBGE, 2012.

Distribuição de renda no brasil segundo o IBGE, metade da população tem renda per capita de até R$ 375


eu comigo mesmo 23

Muitas das questões tratadas até aqui são certamente bem conhecidas. Mas, para se considerar cidadão de um país, é preciso sempre colaborar verdadeiramente para melhorar a qualidade de vida, não somente de nós mesmos, mas de todos em nossa comunidade. Além disso, é preciso cobrar dos nossos governantes as medidas necessárias para que isso efetivamente aconteça de forma duradoura. Às vezes é difícil acreditar que uma única pessoa possa fazer a diferença. Porém, se todos pensarmos dessa maneira, serão mais de 7 bilhões de pessoas agindo com egoísmo e, consequentemente, prejudicando sua comunidade, sua cidade, seu país, o planeta e a si próprias. Para que isso não se torne cada vez mais uma realidade, precisamos pensar sobre nosso papel na sociedade, desde os menores atos, como fechar bem uma torneira, até termos consciência em quem e porquê vamos votar. Uma das questões mais importantes quando nos referimos ao papel que cada um pode exercer Para refletir para a melhoria da sociedade e do planeta, é a Faça uma reflexão individual nossa atitude como consumidores. O ato de cone pense nas ações que você sumir é individual e pessoal, ou seja, cada um tem ainda pode realizar para toro direito e a liberdade para consumir o que quiser nar sua casa, sua escola, sua e da maneira que entende ser a melhor para si. cidade e o planeta um lugar especial para todos.


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Entretanto, é importante deixar claro que cada atitude pessoal tem consequências sociais. Por exemplo, se você compra uma calça jeans de uma empresa que usa trabalho análogo ao escravo, você está contribuindo diretamente para o mal estar das pessoas que trabalham para esta empresa, mesmo que seja uma atividade terceirizada. Por outro lado, se você consumir um produto que atende a todas as determinações legais e ainda é fabricado de forma ecologicamente amigável, você contribuirá para o bem estar ambiental. Percebe como a atitude do consumidor pode influenciar a vida de outras pessoas e a qualidade do meio ambiente? A questão do consumo é tão importante que, recentemente, foi criado um termo interessante: “consumidor consciente”. Consumir conscientemente é consumir produtos e serviços levando em conta a forma e as condições em que cada um deles foi produzido. Por exemplo: o meio ambiente, a saúde humana e animal, as relações de trabalho entre empresário e trabalhadores, além das questões como preço e marca. Quando pensamos bem antes de consumir, ou seja, quando compramos algo com consciência, levamos em conta não só nossas necessidades e desejos pessoais, mas também as consequências sociais e ambientais de nossas escolhas. Isto é o que difere um consumidor consciente de uma pessoa que apenas pensa no seu bem estar imediato. Ao tomar consciência do seu ato, o consumidor deixa de ser apenas uma pessoa que compra, usa e descarta produtos, e passa a ser um agente transformador da sociedade. Isso porque as decisões de compra interferem diretamente nas formas de produção das empresas. Quer ver como isso funciona? Quando o preço de um produto aumenta, por exemplo, há uma tendência dos consumidores em comprar menos esse produto. Por outro lado, se o preço cai, aumenta o número de consumidores. Ou seja, o preço é uma forma de ajuste do interesse das pessoas por um determinado produto.


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Imagine agora que, mesmo mantendo seus preços inalterados, uma empresa fabricante de calçados, por exemplo, seja condenada por poluir o meio ambiente com esgoto. Se os consumidores estiverem conscientes, eles não irão comprar os produtos da empresa, isto é, farão um boicote aos seus sapatos. Com a queda nas vendas, este empresário do setor de calçados possivelmente irá tentar reverter a situação. Mesmo abaixando o preço, alguns consumidores, aqueles conscientes, deixarão de comprar os seus produtos, até que o industrial passe a produzir os sapatos sem poluir a natureza — e reconstrua sua imagem. Percebe como o consumidor consciente pode ser um agente transformador da sociedade por meio do seu ato de consumo? Por isso os atos de consumo têm impacto e, mesmo um único indivíduo, pode gerar mudanças significativas na sociedade e no meio ambiente ao longo de sua vida. Mas, devemos reconhecer que com a grande quantidade de informação, especialmente por parte do marketing, nem sempre é fácil ter uma atitude consciente. Comprar é um ato gratificante, e que pode preencher um vazio nas pessoas. Não é raro pessoas irem ao shopping center para passear, e acabarem comprando produtos que não estavam nos seus planos.


stá claro que todos nós precisamos e temos vontade de ter e fazer coisas. Entretanto, é importante saber a diferença entre a vontade e a necessidade. Uma coisa é sentir frio, outra é querer ter um casaco da última moda. O psicólogo Abraham Maslow elaborou uma hierarquia das necessidades humanas, desde as mais básicas até as mais sofisticadas. Entre as necessidades, estão, em ordem crescente:

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A Necessidades fisiológicas: são as necessidades físicas sem as quais o ser humano não pode sobreviver. Entre elas estão o ar, a água, o alimento, a vestimenta e o abrigo. B Necessidades de segurança: uma vez que as necessidades fisiológicas são atendidas, os anseios por segurança passam a orientar o comportamento das pessoas. A pessoas passam a buscar, cada vez mais, sua segurança pessoal e financeira. Buscam formas de assegurar saúde, bem estar e se proteger contra acidentes e desastres. C Amor e pertencimento: o ser humano precisa se sentir amado e parte de um grupo, não importando o tamanho deste. Não é raro jovens associarem o ato de consumir determinados produtos à sentirem-se parte de um grupo. D Autoestima: todos nós temos a necessidade de nos sentirmos respeitados e admirados. Autoestima representa o típico desejo humano de se sentir valorizado e aceito pelos outros. E Autorrealização: é o nível de necessidade que se refere a todo o potencial que uma pessoa traz e a realização desse potencial. Maslow o descreve como o desejo de realizar tudo o que se for capaz, para se tornar o máximo que uma pessoa possa ser.


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Apesar de comuns a todas as pessoas, as necessidades podem variar de um indivíduo para outro. Por exemplo, uma pessoa pode ter seus desejos de amor e pertencimento atendidos se tiver apenas alguns amigos. Já outra pessoa, mesmo com uma multidão de amigos, pode se sentir triste. O importante é que cada um conheça a si próprio e tome consciência de suas necessidades individuais. Ninguém precisa de uma campanha de marketing para descobrir o que lhe deixa feliz. É uma resposta que está dentro de cada um, basta apenas procurá-la. Ser um consumidor consciente é, antes de mais nada, conhecer bem quem você é. Tomar consciência de suas próprias necessidades e vontades, e não se deixar levar pela propaganda, pois é somente você, e mais ninguém, quem sabe o que irá lhe fazer feliz.


Os 10 princípios do consumidor consciente

01 Reflita sobre os seus valores e avalie se o que você pretende comprar é realmente importante para você. 02 Planeje suas compras para consumir sempre o necessário.

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03 Reveja o seu estilo de vida. É possível viver bem e prazerosamente sem ter que consumir mais? 04 O produto que você quer comprar causou algum dano a pessoas ou ao meio ambiente quando foi feito? 05 É possível reutilizar ou consertar um produto que você já tem ou é imprescindível comprar outro novo? 06 Pesquise como são as práticas das empresas que você já admira. Elas respeitam às pessoas e o meio ambiente? 07 Entre na onda da reciclagem. Reciclar contribui para gerar empregos, diminui o tamanho dos lixões e aterros e economiza os recursos naturais. 08 Influencie amigos e familiares. Lembre-os de pensar várias vezes antes de comprar um produto. 09 Cobre, dos políticos e das empresas, práticas de respeito ao consumidor. Leia o Código do Consumidor para conhecer os seus direitos. 10 Lembre-se: ainda não inventaram nenhum produto que lhe dará uma vida feliz e gratificante, pois isso só depende de você.


Como tudo isso afeta a nossa vida? No exercício a seguir, propomos uma atividade que irá lhe ajudar a compreender melhor as diferentes visões e expectativas que cada um de nós traz sobre o “mundo ideal”. A concepção sobre o que seria um “mundo ideal” pode parecerer um tanto utópica. Menos pela nossa capacidade de imaginar um mundo assim, e mais pela diversidade de opiniões sobre o que “ideal”, afinal de contas, seja. De forma geral, todos querem saúde, segurança, trabalho e um meio ambiente preservado. Mas, como assegurar o melhor a todos e da forma mais justa possível? Ao longo dos séculos, várias formas de organização da sociedade foram pensadas e algumas implementadas, com maior ou menor sucesso. Entretanto, cabe a nós, cidadãos do país e habitantes deste planeta, a construção do “mundo que queremos”, fazendo valer os pontos de vista e participando diretamente do processo. O exercício pode ser realizado utilizando-se as metodologias do Diálogo e do Jogo de Papéis. As informações necessárias para realizá‑las estão na última sessão do livro.

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Um mundo ideal para todos?

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Você se lembra que, logo no início deste livro, pedimos que pensasse e discutisse com seus amigos “como seria um mundo ideal?". Agora, releia os seus registros e repita o exercício, retomando a discussão sobre o tema. Dividam-se em quatro grupos, cada um representando um dos grupos descritos a seguir. Na construção deste “mundo ideal”, respondam: qual é o papel e quais as responsabilidades dos diversos setores? O que é dever do Estado e o que se deve esperar da sociedade civil? Quais os benefícios gerados pela iniciativa privada e a que custos? Quais são as responsabilidades desse setor? Qual é o papel e as responsabilidades da mídia em tal contexto? Para facilitar o diálogo, escolham alguns temas polêmicos que estejam dentro da concepção de “mundo ideal”. Como forma de inspiração, pesquisem nas manchetes de jornais e na internet.

Sociedade Civil Se refere à totalidade das organizações e instituições cívicas voluntárias que formam a base de uma sociedade em funcionamento. Representa o conjunto das expressões, agendas e interesses da população. É no âmbito da sociedade civil que surgem os fatores que mobilizam e dão corpo a chamada opinião pública.


Iniciativa Privada São os donos dos fatores de produção. Fator de produção representa o potencial daquilo que se produz, ou seja, a capacidade de algo ser transformado em um bem ou serviço. A iniciativa privada é quem controla bens como máquinas, terras, matérias-primas. Os donos do meio de produção buscam a competitividade como forma de aumentar o lucro e o crescimento de suas atividades produtivas.

Estado A palavra vem do latim statu, que significa o modo de estar, situação, condição. Designa o conjunto das instituições (governo, forças armadas, funcionalismo público etc.) que controlam e administram uma nação e também um país soberano, com estrutura própria e politicamente organizado. O Estado estabelece e executa as políticas e planos de governo que refletem a ideologia e a agenda do partido político que está no poder. Nos estados democráticos, os dirigentes executivos, assim como os representantes legislativos, são escolhidos diretamente pela sociedade em processo de votação popular.

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Mídia A utilização dos meios de comunicação de massa implica em organizações geralmente amplas, complexas, com grande número de profissionais e extensa divisão do trabalho. Outra característica típica da mídia é a possibilidade que apresenta de atingir, simultaneamente, uma vasta audiência, ou, dentro de um breve período de tempo, centenas de milhares de ouvintes, de telespectadores, de leitores. Isto confere um poder significativo aos meios de comunicação, à medida em que podem influenciar a opinião pública, alcançando um considerável poder político. A mídia se viabiliza financeiramente pela comercialização de anúncios vendidos ao Estado e, principalmente, à iniciativa privada.

Em relação à conversa inicial que vocês tiveram em grupo, seu ponto de vista sobre algum tema específico mudou? Qual e por quê? Quais tópicos apareceram novamente na segunda discussão? E quais acabaram desaparecendo? Qual dos dois “mundos” você gosta mais e por quê? Para a construção de um mundo ideal, será necessário que o grupo todo chegue a um consenso. Mas, qual será o melhor caminho? Será possível que pessoas cujos pensamentos sejam tão diferentes, consigam chegar a algum acordo? Eis o desafio.


diรกlogo e consenso


á se tornou sabedoria popular a importância da comunicação para a superação de impasses. Entretanto, o que se nota é que, em muitas ocasiões, grupos de pessoas se encontram em condição de conflito, não por discordar a respeito de uma determinada situação, mas porque são incapazes de perceber aquilo com que concordam. O diálogo é uma forma pela qual os atores sociais envolvidos em impasses podem estabelecer conversas significativas, ou seja, que permitam o surgimento de alternativas capazes de superar — ou evitar — situações de conflito, chegando assim ao consenso. O diálogo é um melhor caminho para o consenso do que o debate, pois permite que cada cidadão exponha as suas ideias, levando a uma convergência entre os participantes, das suas percepções sobre os significados dos problemas. Isso acontece porque somente o diálogo possibilita que indivíduos exponham seus pontos de vista acerca das questões sociais. Quando as pessoas conseguem sair do nível das posições defendidas e chegam ao patamar das concepções de mundo que trazem consigo, ampliam-se as possibilidades de consenso. Uma troca de pontos de vista que se traduz em novos conceitos, valores, crenças e ideias que, por sua vez, se transformam conforme são expostos. É no espaço da livre troca de impressões e argumentos que as pessoas têm a oportunidade de aprender, ou seja, de transformar a si mesmas a partir de influências e reflexão. Só assim, é que poderão chegar a consensos.

J

A02

Diálogo ou Discussão? Um diálogo verdadeiro não é um embate de ideias e pontos de vista, com um grupo fazendo de tudo para convencer o outro a mudar de visão ou de opinião para que uma posição prevaleça. O diálogo verdadeiro acontece quando as pessoas escutam atentamente a opinião dos outros e estão abertas para mudar seus pontos de vista. É somente quando estamos abertos para ouvir interpretações diferentes das nossas e, eventualmente mudar de opinião, que se


chega a acordos para soluções efetivas e duradouras. Se a solução for imposta por um grupo, quem foi “vencido” na discussão ficará contrariado e provavelmente desistirá de participar do processo. Mas sabemos que manter um diálogo construtivo não é tarefa simples. É mais fácil tentarmos convencer o outro a fazer as coisas “do nosso jeito” do que criarmos alternativas que atendam aos interesses de todos, ainda que parcialmente. Somente quando as soluções propostas satisfazem aos interesses de todos é que se chega a um consenso. A03

debate Há um espírito de “ganhar ou perder”: é um embate de ideias e posições.

discussão

Diálogo

Troca de argumentos sem necessariamente se aprofundar no tema ou chegar a um consenso.

Mais sintonizado com o pensamento e com as preocupações do grupo.

Jogo de Papéis A atividade coletiva proposta nos livros desta Coleção, é um Jogo de Papéis, ou seja, um tipo de dinâmica onde os jogadores interpretam um personagem, criado dentro de um determinado cenário ou ambiente. A técnica permite aos jogadores se colocarem em situações de tomada de decisão similares às reais, permitindo a aprendizagem em relação ao tema abordado, possibilitando a observação das atitudes dos jogadores e a discussão do resultado de suas ações.


Preparando o grupo para o jogo de papéis Antes de iniciar o Jogo de Papéis, é importante que um participante seja escolhido para organizar o funcionamento da sessão. Esta pessoa será chamada de “mediador”, assim como nos debates políticos da televisão. Se o jogo for promovido entre um grupo de alunos, o papel de mediação pode ser assumido pelo professor responsável. O mediador deverá criar um espaço seguro para que os participantes possam se expressar aberta e livremente, removendo as desigualA04 dades de poder ou posição que possam existir no grupo. É fundamental que o grupo perceba o ambiente como um lugar aberto e acolhedor para se expressar sem medo de críticas ou ridicularização. Você já esteve em situações em que não se sentiu à vontade para expressar a sua opinião? Então podemos dizer que aquele não era um ambiente propício para um diálogo construtivo. Também é papel do mediador encorajar novos pontos de vista sem rotulá-los. A troca de opiniões, e não o convencimento, é o que se busca. Para tanto, o mediador deve conceder a palavra e organizar as falas. É muito importante que esta pessoa dê voz a todos, de forma democrática e em igualdade. Ela é responsável por estipular um tempo para a sessão, sinalizando ao grupo quando o término estiver próximo. Após a definição do mediador e da apresentação das regras do diálogo, os grupos devem ser formados. Cada grupo irá representar um dos atores sociais envolvidos no caso que vimos neste livro e terá determinado tempo para apresentar suas ideias e pontos de vista, assim como estar aberto para ouvir as posições dos demais. O objetivo do Jogo de Papéis é estabelecer o diádica importante logo entre todas as partes envolvidas da forma mais O Jogo de Papéis pode democrática e séria possível, buscando uma solução durar de 2 a 3 horas. Considere a possibilidaconsensuada para a questão apresentada. de de dividir a atividade Para que isso aconteça, converse com os demais em dois encontros: um integrantes do grupo sobre cada ator social que será para preparo dos grurepresentado, troquem impressões e façam anotapos e pesquisa e o outro para a sessão coletiva.


ções. Para que suas opiniões não fiquem simplesmente no terreno da fantasia, vocês poderão fazer uma pesquisa sobre casos reais, levantando pareceres de especialistas e apresentando números e estatísticas. Somente com informações concretas, será realmente possível defender os seus argumentos de forma objetiva. Sem informações que embasem os seus pontos de vista, a discussão ficará no “achismo”. Por outro lado, lembrem-se que um mesmo fato ou informação pode ter mais de uma interpretação. Para definir melhor o perfil do ator social que vocês irão representar, respondam: A05 • • • • • •

Quem eu sou e o que eu faço? Quais as coisas que eu mais valorizo? Quais são as minhas reais necessidades? Até que ponto estou disposto a mudar de opinião? De que eu abriria mão? De que eu não abriria mão?

Técnicas para a promoção do diálogo Para ajudar o grupo a chegar a um consenso, vamos apresentar algumas técnicas. Sim, há técnicas para se alcançar o consenso! A Pare de falar e escute atentamente o que os outros estão dizendo. Não vá logo pensando em como irá confrontar o ponto de vista do outro. Antes, pare, escute. O que você concorda naquilo que o outro falou? Com o que você não concorda? B Não interrompa os outros participantes enquanto eles estiverem falando. Controle a ansiedade e aguarde a sua vez. C Se coloque no lugar dos outros participantes, tentando visualizar os problemas por eles enfrentados, buscando compreender a sua visão de mundo, sua linguagem e seus valores.


D Demonstre e aja com verdadeiro interesse. Não disperse a sua atenção enquanto os outros falam. E Procure o significado nas entrelinhas das falas dos outros. O que eles estão querendo dizer, mas que não foi verbalizado, foi omitido ou não explicado? Pergunte a respeito disso.

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F Foque em fazer apenas comentários construtivos. Resista à tentação de criticar, replicar ou estigmatizar uma fala assim que ela for proferida. Guarde os seus comentários para o momento em que o contexto tiver se alterado, que é quando a crítica poderá ser feita ao tema ou assunto e não à pessoa que fez o comentário. G Observe o comportamento não verbal, como linguagem corporal, para perceber o que foi “dito” mas não foi falado. H Não fique com dúvidas. Você realmente entendeu o que o outro quis dizer ou está supondo que entendeu? Verifique se a sua compreensão está correta por meio de perguntas que comecem com frases como “estou certo em admitir que você(s)…”. Investigue também, por meio de perguntas, por que ele acha que a posição por ele apresentada é a melhor. I Exponha seu ponto de vista de forma clara e objetiva, para que todos entendam por que você está defendendo determinada posição. Lembre-se de demonstrar a todos quais são as suas reais necessidades e como a posição que você está defendendo atende a isso. Apresente sua perspectiva com frases do tipo “nosso ponto de vista está baseado no fato de que…” . J Explore coletivamente soluções criativas e que não apareceram antes. Não fique preso apenas ao que você já sabe sobre os outros grupos. Faça perguntas do tipo “as suas necessidades ainda seriam atendidas se, ao invés da sua solução, fizéssemos…?”.


Desenvolvimento do Jogo de Papéis Após cada grupo ter elaborado o perfil dos respectivos atores sociais e respondido às perguntas citadas, inicia-se a sessão de diálogo. O mediador apresenta novamente o dilema em questão, certificando-se de que todos entenderam o entrave, como serão conduzidas as falas e a duração prevista para a atividade. Não é necessário estipular um tempo máximo para cada fala, pois isto pode limitar a qualidade das conversas. Por outro lado, não queremos sessões de monólogos e se não houver bom senso por parte de quem fala, o mediador tem o direito de pedir a palavra. O papel do mediador é promover, por meio do questionamento, a expressão dos diversos pontos de vista, explorando as possibilidades e interesses comuns à medida em que estes vão se revelando. É importante que o grupo explore as oportunidades de consenso a partir das necessidades de cada ator social. Muitas vezes, as conversas estagnam em torno das posições defendidas, sem que se aprofundem para o campo das necessidades. Passar do campo das posições para o das necessidades permite ao grupo criar ou visualizar oportunidades inexploradas. A imagem do iceberg, ilustrada ao lado, representa bem a diferença entre posições, interesses e necessidades de cada pessoa. As posições divergentes são como as pontas de um iceberg, sobressalentes na superfície da mar. Assim como é impossível visualizar o restante do iceberg, escondido abaixo da linha d’água, muitas vezez não somos capazes de identificar com precisão quais são os reais interesses de nossos interlocutores, pois nos atemos à superficialidade de seus argumentos,

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e não ao que vai em seu íntimo, aquilo que gostariam verdadeiramente de comunicar. Nos atemos somente à parte mais visível. Mais profundas ainda que os interesses, estão as necessidades do grupo ou indivíduo. Um diálogo só é produtivo quando cria uma ampla gama de alternativas para o posicionamento dos atores envolvidos. Discussão e Aprendizagem sobre o jogo de papéis

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As questões abaixo devem ser utilizadas como guia para uma conversa em grupo sobre o processo e os resultados alcançados durante a sessão de diálogo. Um dos integrantes, ou o professor, pode mediar esta conversa, sempre passando a palavra a todos os participantes. Sobre os resultados • Houve consenso? Em caso afirmativo, vocês consideram sustentável o acordo ou o consenso a que o grupo chegou? O que pode garantir que esse tipo de acordo se mantenha? • Todos os atores sociais tiveram as suas necessidades atendidas? • Foi possível assegurar ganhos mútuos, ou seja, situações de “ganha-ganha”, nas quais ninguém perde? O que pôde garantir isso? • Foi possível fortalecer os relacionamentos entre os participantes? Em outras palavras, vocês estariam dispostos a negociar com essas pessoas novamente? E, será que estas pessoas teriam interesse em negociar com vocês outra vez? Sobre a representatividade • Os interesses e necessidades fundamentais de todas as partes foram bem representados? • Vocês acreditam que poderiam realizar este tipo de negociação e diálogo de grupo em uma situação real? O que precisa ser superado para que o diálogo funcione em situações reais?


• Há grupos de atores sociais que não estavam presentes, mas que poderiam ter afetado o resultado do consenso? Como o grupo poderia ter considerado as preocupações destes atores sociais? Sobre a negociação e a construção do consenso • Foram formadas coalizões? Quais? Estes acordos ajudaram a construir o consenso ou a bloqueá-lo? • Como o grupo chegou ao consenso? Tratou um ponto de vista de cada vez ou abordou o problema de uma forma completa? • Algum ator social ficou insatisfeito com o resultado? Como o grupo lidou com isso? Sobre o processo • Quais foram as principais fontes de incerteza que surgiram no decorrer do processo e como vocês lidaram com elas? • Como as informações foram obtidas? Elas foram compartilhadas? O grupo foi capaz de criar soluções criativas? Quem propôs estas soluções e por quê? • Como o grupo lidou com as diferenças dos valores morais apresentadas por cada ator social? • O poder dos atores sociais interferiu no resultado final do diálogo? • Como o grupo lidou com as diferenças de poder e informação? Como vemos, o diálogo não é apenas uma série de técnicas destinadas a melhorar a comunicação, chegar a um consenso ou resolver um problema. Durante o processo de diálogo, pessoas aprendem a pensar juntas. Não apenas analisam um problema ou criam coletivamente, mas constroem uma sensibilidade comum na qual os pensamentos, emoções e ações resultantes não pertençam a apenas um indivíduo, mas a todo o grupo.

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Atividades auxiliares A10

As atividades que descrevemos neste capítulo podem ser realizadas antes que o Jogo de Papéis seja iniciado, pois, servirão como uma espécie de “aquecimento” e irão ampliar as possibilidades de consenso. Conhecendo outras perspectivas Quanto mais perspectivas sobre a questão central do projeto a equipe levar em consideração, maiores serão as possibilidades de se chegar a um consenso e construir uma ação coletiva. Em situações complexas, é importante que você tenha uma compreensão holística, ou seja, respeite o todo, levando em consideração as partes envolvidas e suas interrelações. Uma compreensão construída a partir das múltiplas perspectivas dos diversos atores sociais, permite que você possa tomar decisões informadas e relevantes. Ser capaz de identificar e compreender o ponto de vista das diversas partes envolvidas é um aspecto fundamental para um agente de mudança. Sua capacidade de “ver o mundo através de outros olhos” irá impactar diretamente a forma como você toma decisões. O nome que se dá a isso é empatia. Em uma folha de papel disposta sobre o chão, ou em uma mesa, desenhe um diagrama como o da figura a seguir. No centro da roda, exponha o desafio principal enfrentado pelo grupo do diálogo. Nas áreas


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ao redor do centro, anote os nomes dos grupos de atores sociais, ou seja, aqueles que estão interessados ou envolvidos na questão central (você poderá, por exemplo, usar os nomes e as ocupações dos personagens sugeridos para o Jogo de Papéis proposto neste livro). Cada participante deverá se posicionar no “pedaço da pizza” com o nome do ator social que ele representa. Cada pessoa, na sua vez, dirá com suas próprias palavras qual o seu entendimento do problema, a partir da perspectiva de quem ela representa. Sua fala, neste momento, não deverá ser uma interpretação, mas sim estar baseada em fatos extraídos dos textos de apoio e pesquisas. As conversas não


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precisam durar mais do que um minuto e a pessoa que fala não deve ser interrompida. Para deixar a atividade ainda mais interessante, os participantes podem trocar de lugar, assumindo o papel de um outro ator social, tendo assim contato com um ponto de vista diferente sobre o tema. Como conclusão do exercício, o grupo chega a um insight para cada ator social. Um insight tem a ver com aquilo de mais significativo que foi expressado por cada ator social, e que ajudará a construir uma solução ao desafio colocado. Este exercício e os seus resultados visam levar a uma melhor compreensão das múltiplas perspectivas que possam existir sobre um mesmo problema. Jogos Psicodramáticos A dramatização é uma ferramenta de grande valor quando se trata de incentivar a aprendizagem. É um método de intervenção social e pesquisa das relações interpessoais, em grupo ou/e individualmente, e um poderoso agente de transformação. Ao favorecer a vivência da experiência do grupo, recria modelos de relacionamento, e a percepção das diferenças individuais de opinião, sentimentos e emoções, servindo para aprofundar a consciência dos valores. Tornando-se ao mesmo tempo autor, jogador e observador, cada indivíduo participa do jogo através do movimento e da espontaneidade, o que promove atuação livre de todos, estimulando a criatividade na produção dramática e na catarse. Os únicos requisitos para a dramatização são: espaço, tempo, grupo de indivíduos e tema. O objetivo destes jogos é praticar o diálogo e a cordialidade, e observar o contexto nas diversas dimensões em que se apresentam. O tempo de duração varia de acordo com o planejamento do grupo. Para desenvolver a atividade são necessários materias para anotações. Adereços como roupas e cenário podem ajudar, mas não são indispensáveis.


Organização do Jogo 1 O coordenador propõe um tema central como, por exemplo, "Uma alternativa para a poluição sonora em um bairro da cidade". 2 Os participantes podem atuar de diferentes formas: como um único grupo, como subgrupos que representarão diferentes aspectos da questão ou ainda divididos entre atores e plateia. 3 Os participantes criam o roteiro coletivamente e distribuem as funções e papéis. 4 Os atores representam seus respectivos papéis. Seguindo o exemplo acima, os personagens podem ser: o prefeito, a moradora, o catador de recicláveis, o empresário de limpeza urbana, o diretor de uma ONG, um pai de família que vive no lixão etc. 5 Depois da dramatização, é dado um tempo para que atores e espectadores percebam o que aprenderam. 6 Após esse tempo, o coordenador inicia a discussão final em que levanta tanto o que foi conscientemente verbalizado, quanto aquilo inconscientemente revelado através da dramatização. A Dramatização de uma Cena Distinguem-se, no desenvolvimento da ação psicodramática, três momentos de importância singular. A primeira fase, o aquecimento, é quando o grupo se prepara. Os participantes desenvolvem um tema e, com o afloramento de um protagonista, dá-se início a um segundo momento: a representação propriamente dita, ou seja, a cena dramática. Aqui ganham importância os coadjuvantes, que serão os encarregados de encenar os personagens ao contracenarem com o prota-

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gonista, com outros personagens reais ou fantasiosos, sempre com atenção para os aspectos dos atores do jogo, símbolos de seu mundo etc. A terceira fase é o compartilhamento, o retorno do protagonista, momento em que o grupo compartilha seus sentimentos e vivências, reflete sobre tudo o que foi acontecendo a cada personagem durante a cena, bem como as ressonâncias que ela produziu. Coleta de Perspectivas A14

Os participantes da atividade devem anotar as impressões, perspectivas e opiniões de cada um dos grupos retratados no psicodrama. Para organizar a coleta de informações, é necessário registrar a palavra, frase ou expressão considerada mais significativa na representação de cada um dos grupos/personagens. Veja o exemplo na próxima página: os personagens do psicodrama discutem sobre “uma alternativa para a poluição sonora em um bairro da cidade”. Imagine uma situação em que um bairro tradicional de uma cidade de médio porte se transforma em um ponto de encontro e entretenimento, com muitos bares, casas de shows e restaurantes, dividindo o espaço com os moradores. Reflexão Ao final da encenação e da coleta de perspectivas, o grupo deve se juntar para refletir e argumentar sobre o aprendizado coletivo. Veja alguns questionamentos que podem ser feitos neste momento: • Como foi participar ou assistir a atividade? • Qual foi a parte mais difícil? E a mais fácil? • Quais insights e feedbacks foram adquiridos através do jogo?


Almir Simões, o fiscal da prefeitura

Minha função é fiscalizar, multar quando for preciso e fazer cumprir a lei. Pelo que tenho visto nos últimos dias, esse bairro está muito barulhento! Jucélia Leal, a moradora do bairro

Está insuportável! Os bares e restaurantes não respeitam os moradores e fazem barulho até altas horas da madrugada. Chega! Mauro Sá, músico que se apresenta na região

O bairro é muito bom para os músicos. Com os shows que fazemos nos bares daqui, sustentamos nossas famílias. O bairro é o nosso “ganha-pão”. Marta Leite, proprietária de uma casa de shows

As pessoas que frequentam os bares querem se divertir! Empregamos muita gente e movimentamos toda a economia dessa região. Zeca Vieira, o diretor da Associação do Bairro

O bairro está dividido entre os moradores e os empresários. Precisamos chegar a uma solução que beneficie a todos. Aqui, um depende do outro. Jô Américo, vereador que propôs a Lei do Silêncio

Barulho tem limite. Vamos aumentar a fiscalização e tentar acabar com toda esta bagunça aqui! Em breve teremos uma lei específica para isso.

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BIA Monteiro é graduada em Psicologia pela PUC-SP e pós‑graduada em Psicologia Social na Boston University. Trabalhou durante muito tempo na área educacional e, nos últimos anos, tem se dedicado ao estudo do potencial humano participando de cursos em diversos países. Em 1997, fundou a Evoluir, uma organização dedicada a promover uma nova forma de ensinar e aprender, seja na escola, em casa ou em qualquer espaço de convivência e que, por meio de publicações, eventos e projetos, leva a público a discussão de diferentes temas. Edson Grandisoli é Biólogo, Ecólogo e Consultor em Educação e Sustentabilidade. Nas últimas duas décadas tem se dedicado à sala de aula e elaboração de coleções didáticas e paradidáticas. Há 11 anos, é Diretor Pedagógico da Escola da Amazônia, projeto do terceiro setor em Educação para a Conservação e Sustentabilidade. Atualmente, colabora com diferentes escolas no desenvolvimento e implementação de projetos em Educação e Sustentabilidade, tema de seu doutoramento pelo Programa de Ciência Ambiental da USP. Fernando Monteiro é graduado em Agronomia pela ESALQ/USP e doutorado em Ciência Ambiental pela USP, com estudos sobre Aprendizagem Social. Foi diretor de redes e comunicação do LEAD International, em Londres, entre 2007 e 2009, e pesquisador associado do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da USP–Procam. É educador e acredita que a aprendizagem profunda acontece por meio de experiências transformadoras. É sócio-fundador da Evoluir.

Samuel Rodrigues é ilustrador. Desde pequeno gosta de desenhar, simplesmente por gostar de desenhar. Aprendeu observando o mundo e praticando, aperfeiçoando os traços, “gastando” a mão e o olhar. Ilustra para livros, revistas, publicidade e jornais. Além disso, também desenha nas horas vagas.



Coleção O Mundo que Queremos

C

Os livros da Coleção “O Mundo Que Queremos” abordam os principais temas ambientais da atualidade pela perspectiva da complexidade socioambiental, avançando na compreensão de que os desafios para a sustentabilidade dependem da nossa capacidade de chegar a soluções coletivas, pois os problemas são causados por todos — ainda que de maneira diferenciada — e as consequências afetam a muitos.

ISBN 978-85-8142-043-1 VENDA PROIBIDA

projeto

patrocínio

realização

COLEÇÃO O MUNDO QUE QUEREMOS  SOU CIDADÃO?

uidar de si, do próximo e do planeta exige comprometimento em diversas situações do dia a dia, e não somente em momentos especiais. É preciso uma mudança no comportamento, pensar e agir de uma maneira diferente. E você, quer participar deste desafio? É o convite que este livro propõe.

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Bia Monteiro • Edson Grandisoli • Fernando Monteiro Ilustrações de Samuel Rodrigues

evoluir


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