Jeitos de Ser

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7 Recado para vocĂŞ 11 Lenda pessoal: construa a sua 17 Sou uma personalidade 27 Eu e meu corpo 31 Minha energia 35 Minhas necessidades


43 Minhas emoções 51 Eu quero 59 Eu penso, eu duvido, eu sei 69 Eu gosto de mim 77 Conclusão



Recado para você

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Cada um de nós é de um jeito, tanto na aparência física como na forma de pensar, de se emocionar, de aprender, de ser. Mas no fundo, todos queremos a mesma coisa: viver bem, com saúde e alegria. Cada um a seu jeito, todos queremos ter uma vida gostosa. E tudo fica mais fácil quando nos conhecemos a nós mesmos, sabemos o que queremos, desenvolvemos nosso potencial, estabelecemos um plano para atingir nossos objetivos e aprendemos a lidar com os desafios. É nisso que este livro pretende ajudar você: a pensar em como gostaria que fosse seu futuro e a construir sua lenda pessoal. Lembrando que para isso é importante conhecer melhor como funcionam e se integram seu corpo, sua mente, sua energia, suas necessidades básicas, seu intelecto, suas emoções e sua vontade. Gostaria ainda de ajudá-lo a desenvolver sua autoestima e a refletir sobre como o equilíbrio entre liberdade e disciplina podem fazer de sua vida uma aventura realizadora e feliz. Um grande abraço, Bia

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Lenda pessoal: construa a sua

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Você já percebeu quantas coisas você pode escolher na sua vida? Você pode escolher seus amigos, o livro que vai ler, músicas que quer ouvir, um time para torcer. As escolhas que fazemos são como pequenos desenhos que vamos encaixando uns nos outros e formando uma paisagem. Em geral fazemos isso inconscientemente, mais levados pelas circunstâncias do que por uma decisão clara. Mas, a certa altura da vida, podemos parar e olhar para a paisagem que está se formando, seu colorido, suas formas, e perguntar: eu gosto deste desenho? Não posso mudar o que já está feito mas, como ele não está terminado, posso decidir como continuá-lo. Tenho toda a minha vida para completar esse quadro e posso escolher muito do que quero desenhar.

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Pense em algumas escolhas que você já fez na sua vida. E em outras decisões que você ainda não tomou, mas que mais cedo ou tarde chegará o momento. E em outras que você ainda nem imaginou, mas gostaria que acontecessem. A paisagem da nossa vida depende, em grande parte, das escolhas que fazemos. Por exemplo, se no ano passado eu tivesse mudado de colégio ou de emprego teria hoje um grupo diferente de amigos, estaria falando de assuntos diferentes e tendo outro tipo de experiência.

Pense em um exemplo de uma escolha que você já fez e sua consequência. Invente uma história em que apareçam caminhos diferentes que a vida de uma pessoa pode tomar em função de suas escolhas. Essa possibilidade de mudar nossa própria vida a partir das escolhas que vamos fazendo é a possibilidade de construirmos nossa lenda pessoal, a partir dos fatos que a vida apresenta em seu movimento contínuo. E qual o critério que vamos seguir para essas escolhas? Quer dizer: onde eu quero chegar, como quero ser, que tipo de vida quero ter?

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sucesso

aventura

saúde

sabedoria

agressividade

filhos

tranquilidade

poder

viagens

romance

riqueza

diversão

realização

status

posses

beleza

paciência

dinheiro

família

alegria

competência

bondade

amor

fama

conflito

amizade

casamento

descanso

companheirismo 13



Da série de possibilidades colocadas anteriormente, escolha as de sua preferência, tantas quantas tiver vontade.

Reveja a lista anterior. Quais metas você escolheu? É essa a sua lenda pessoal? Essa é a história que você quer viver durante o tempo que estiver por aqui, no planeta Terra? Pense um pouco mais e, se quiser, mude alguma coisa ou dê alguns retoques. E o que será necessário para vivermos nossa lenda pessoal, para pôr em prática nossas ideias e materializar nossos sonhos? Do que vai depender isso tudo? Vai depender de mim e do mundo. O mundo, isto é, os fatos, as pessoas, as circunstâncias estarão sempre por aí, acontecendo, a favor ou contra meus desejos. Sobre ele meu poder é limitado. Mas sobre mim, meu poder é maior. Posso me conhecer, me aceitar, me transformar, posso evoluir ou regredir, me acomodar ou lutar. Posso escolher o que pensar, sentir e agir. É importante então verificar como somos e como estamos, o que está bem e o que está mal, fazer os ajustes necessários, aprimorar o que for preciso. E como vamos fazer isso? Em primeiro lugar, conhecendo melhor a nós mesmos, nossa personalidade, nosso jeito de ser.

Como você gostaria que fosse a sua vida e o que considera necessário para atingir seus objetivos aos 20, 30, 40, 50 e 60 anos?

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Sou uma personalidade

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Você já sabe que nós, seres humanos, fazemos parte de um todo maior, que é o universo. Entretanto, ao mesmo tempo, somos indivíduos, isto é, uma unidade não divisível. Somos uma personalidade.  Personalidade  é aquilo que chamo de Eu. Quer dizer, meu corpo, meus pensamentos, desejos, minhas emoções, minha maneira de ser, de me relacionar com os outros e com o mundo. É aquilo que recebi como herança de meus antepassados, através dos genes, e que vai se transformando pela interação com o meio.

Existem muitos testes de personalidade, criados por especialistas, que ajudam a nos conhecermos melhor. Geralmente, eles se baseiam em nossa percepção de formas, cores ou respostas a questões específicas.

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Personalidade é a parte de mim que mostro aos outros. Mas também a que não mostro. É até a que escondo. É o que eu sei de mim − e o que não sei também. É aquilo que eu era, que sou e que serei, porque, como tudo na vida, está sempre se transformando.

Como você é? Como é sua personalidade? A personalidade existe em dois níveis: um visível, o corpo, e um invisível, a mente. Mas é claro que, na prática e de fato, somos tudo junto. Não somos um corpo e uma mente separados. Somos psicossomáticos. O que acontece no corpo influencia a mente. O que acontece na mente influencia o corpo. Por exemplo, com dor de cabeça é difícil raciocinar sobre um problema de matemática. Mas o prazer de ver o(a) namorado(a) faz esquecer muita dor de cabeça.

Quando você experimentou uma influência da mente sobre o corpo? E o contrário, uma influência do corpo sobre a mente? Podemos então considerar que tanto o corpo como a mente “agem”. Exemplos de ação do corpo: correr, cantar, escrever. Exemplos de ação de mente: pensar, sentir, imaginar.

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Sobre o que é uma boa ação física, todos sabemos: aquela que leva ao bem-estar do corpo, tanto do meu quanto dos outros. E o que é uma boa ação mental? O que você acha? É aquela que leva ao bem-estar da mente, tanto da minha quanto da dos outros, não é mesmo? Imagine um dia em que sua mente está agitada, e você precisa se concentrar para realizar uma tarefa longa e difícil, para a qual não está devidamente preparado. O que uma mente positiva diria para você? Qual seria a boa ação que ela poderia realizar nessa hora?

Seria dizer: “Vamos planejar e elaborar uma estratégia para utilizarmos bem o pouco tempo que temos e realizar o trabalho”. E indicaria o que seria necessário fazer. Outro exemplo: imagine que você se percebe sentindo raiva de uma pessoa, porque soube que ela falou mal de você no mês passado. E suponha que, para você, a raiva é um sentimento desagradável, muito diferente da sensação leve e gostosa da alegria, por exemplo. O que seria uma boa ação da sua mente, nessa circunstância? Se você ficou em dúvida em como responder, vamos dar uma ideia:

Mudar sua forma de pensar sobre o assunto, por exemplo, procurando entender por que ela teve tal atitude.

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E isso é possível? Vamos responder com outra pergunta: É possível mudar de cadeira se aquela em que você sentou está com o pé quebrado? Em geral, sim, se não for a única cadeira disponível. E, ainda que não tenha outra cadeira na sala, existe a possibilidade de sentar no chão. Pode não ser o ideal, mas é melhor do que permanecer na cadeira quebrada. Tanto o corpo como a mente são parte de nós. Por que, então, teríamos poder apenas sobre o corpo? Claro que sobre ele temos mais prática. Mas não será o caso de praticarmos mais o poder sobre a mente? E o que é poder? É a capacidade de agir sobre alguma coisa, inclusive sobre a mente. No exemplo anterior: tenho um trabalho para fazer e preciso entregá-lo hoje. O tempo é curto, portanto tenho de ser objetivo e concentrar toda minha atenção nele. No entanto, fico pensando no encontro que vou ter com meus amigos, lembrando-me de uma bronca que levei na semana passada, acompanhando o latido do cachorro da vizinha… A mente vai para lá e para cá. Você já pensou se o corpo acompanhasse a mente? Se ficasse andando o tempo todo de um lado para outro? Pare um pouco; relaxe, feche os olhos respire profundamente e procure perceber como sua mente funciona. Procure observar o que acontece na sua cabeça quando você se senta para estudar ou fazer um trabalho.

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O que significa eu me sentar para resolver um problema e ficar conversando mentalmente com meus amigos? Significa conflito, briga, falta de autoridade. De quem? De mim mesmo! Por quê? Afinal, o que eu quero? Estudar ou conversar? Se quero estudar, por que minha mente quer conversar com os amigos? Se quero encontrar meus amigos, por que meu corpo permanece na cadeira? Quanta confusão, não é mesmo? E aí, como é que a gente resolve esta questão? Vamos ver se concordamos: 1) Observaríamos a situação. 2) Colocaríamos a questão em termos bem claros: —— Tenho que fazer um trabalho, mas só tenho vontade de encontrar os amigos. 3) Analisaríamos as consequências das duas ações: —— Se estudar, aprenderei a matéria. —— Se não estudar, tirarei zero ou serei repreendido. —— Se for conversar, será supergostoso. —— Se não for, será uma chatice.

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4) Compararíamos os prazeres e os desprazeres das duas escolhas, a curto e médio prazo (talvez até em uma escala de 0 a 10). 5) Tomaríamos uma decisão. 6) Obrigaríamos a mente e o corpo a obedecê-la, isto é, exerceríamos poder sobre a nossa ação — tanto do corpo como da mente. O que é uma mente funcionando bem? É aquela que sabe fazer as perguntas e dar as respostas na hora em que precisamos. Vamos pensar em algumas situações nas quais o funcionamento inadequado da mente afeta nosso dia a dia? Se esquecer de alguma coisa, dancei. Se concluir errado, também. Se não perceber direito as causas, fico prejudicado. Assim como se não me apontar corretamente as consequências. Se insisto em pular de um pensamento para outro quando preciso me concentrar, isso é um problema. Quando fico me antecipando aos fatos, em geral levantando possibilidades negativas, apenas estou gerando preocupações e pessimismo por antecedência. Ou quando fico interrompendo com questões bobas, momentos que poderiam ser de grande prazer, como experimentar o silêncio, sentir a beleza do céu, o carinho do(a) namorado(a). 23


A mente é a grande ferramenta da nossa realização e sucesso. Vamos procurar dar a ela algumas dicas para que esteja sempre do nosso lado? Minha mente querida, por favor: Quando eu me esquecer, faça com que eu me lembre… …de que a vida é uma aventura de conhecimentos, amor e realizações, …de concluir que toda experiência, mesmo negativa, pode servir para meu crescimento se perceber as causas que a motivaram, e quais foram suas consequências. Lembre-me de pensar em um assunto de cada vez — de preferência, no que tem a ver com a situação do momento. Mas não se esqueça de olhar os vários lados da situação. Tenha a delicadeza de não jogar água fria na minha fervura. E de não me interromper quando não é chamada! Mas é bom que mandemos um recado para o corpo também! Meu corpo querido, Fique sempre saudável,  flexível,  com todos os órgãos e sistemas funcionando bem. Se, por ignorância ou descuido eu o agredir, dê um sinal, o mais rápido que puder. Se estiver alimentando você com comidas que te prejudicam, me avise.

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Se o que estiver bebendo, seja pela quantidade ou qualidade, fizer mal a você, reclame. Se não estiver se movimentando o suficiente, lembre-me de levá-lo para fazer exercício. Mas se eu estiver abusando de sua energia e deixando-o desgastado, me avise dos seus limites. E você, em troca, me proporcionará a possibilidade de desfrutar de todos os sons, cheiros, sabores, sensações e cores que a vida oferece.

Para manter seu corpo flexível, caso não possa praticar esportes ou fazer exercícios regularmente, é recomendado, pelo menos, alongá-lo algumas vezes por dia, em qualquer tempo ou espaço disponível.

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Eu e meu corpo

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Quando você olha para você mesmo, qual a primeira coisa que vê? É a parte externa, não é? O corpo, essa máquina feita de matéria orgânica, ossos, músculos, pele etc., capaz de se movimentar no espaço físico, onde ocupa um lugar. Que tal observar melhor seu próprio corpo? Levante-se e caminhe percebendo cada movimento, como se estive olhando outra pessoa. Depois, levante e abaixe os braços. Continue observando. Imagine como é o corpo por dentro: o esqueleto, os músculos, e outros sistemas como o circulatório, o digestivo, o respiratório, o reprodutor e assim por diante. Tome consciência das suas articulações: mexa os tornozelos, os pulsos, o pescoço e os ombros, fazendo movimentos leves e circulares com eles. Continue observando: esta máquina sou eu.

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Sinta o sangue circulando pelas artérias e veias a partir do bombear do coração. Perceba seu estômago. Está cheio ou vazio? Sinta a coluna vertebral. Agora, reflita no seguinte: isso tudo sou eu — na dimensão física. Este é meu aspecto físico. É claro que não sou só isto, mas sou também isto. E para que serve termos consciência da nossa dimensão física? 1) Para experimentarmos e atuarmos com mais profundidade no plano material da vida. Para nos relacionarmos com seus cheiros, cores, sons, sabores, texturas por meio dos cinco sentidos — olfato, visão, audição, paladar e tato. Para nos movermos pelo mundo e podermos transformá-lo. 2) Para conhecermos seus limites e as possibilidades. Por exemplo, com esse corpo podemos andar, mas não voar, estamos sujeitos às variações da temperatura, necessitamos de alimento e água. 3) Por fim, a consciência do corpo serve para sabermos como funciona nosso organismo e desta forma ajudá-lo a cumprir bem suas funções.

Quais as possibilidades e os limites do seu próprio corpo? Quais atitudes ou ações suas podem prejudicar o seu organismo?

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É, então, através do corpo que nós, nossa mente, nossas emoções, nossos desejos e pensamentos se expressam no mundo.

O que você faz para manter seu corpo   saudável?

Coisas que são fundamentais para manter o corpo saudável: Higiene: é um conjunto de conhecimentos e técnicas para evitar doenças infecciosas usando desinfecção, esterilização e outros métodos de limpeza com o objetivo de conservar e fortificar a saúde. De origem grega (υγιεινή [τέχνη], hygieiné [téchne]) que significa hygeinós, ou o que é saudável. Esse termo também derivou o nome da deusa grega da saúde, limpeza e sanitariedade, Hígia. Alimentação saudável: é a alimentação ou nutrição na qual deve-se comer bem e de forma equilibrada para que os adultos mantenham o peso ideal e as crianças se desenvolvam bem física e intelectualmente, dependendo do hábito alimentar. A alimentação saudável envolve a escolha de alimentos não somente para manter o peso ideal, mas também para garantir uma saúde plena. Exercício físico: é qualquer atividade física que mantém ou aumenta a aptidão física em geral, e tem o objetivo de alcançar a saúde e também a recreação. A razão da prática de exercícios inclui: o reforço da musculatura e do sistema cardiovascular; o aperfeiçoamento das habilidades atléticas; a perda de peso e/ou a manutenção de alguma parte do corpo.

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Minha energia

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Vamos agora conhecer a nossa dimensão energética. Você sabia que no nosso corpo físico existem inúmeros circuitos de energia? São como a rede de energia elétrica de uma cidade que leva a eletricidade desde as estações geradoras até as casas, prédios, escolas, hospitais. Quem estudou muito bem esses   caminhos de energia  foram os antigos chineses. Fizeram mapas mostrando as ligações entre as diferentes partes do corpo. Descobriram que às vezes esses caminhos podem ficar bloqueados, causando dor e doença; e por outro lado, bem-estar e saúde quando a energia flui livremente por eles.

Os caminhos de energia são usados para diagnóstico e tratamento pela acupuntura, uma das técnicas de medicina tradicional chinesa declarada Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade pela Unesco.

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Mas não adianta falarmos disso tudo, se não experimentarmos. Vamos fazer um exercício para contatarmos nosso sistema energético. Ao tomarmos consciência dele, ele se tornará vivo para nós. Não que ele não estivesse disponível antes, claro que sempre esteve. Mas nós não desfrutamos dele. Não sabemos como acioná-lo para nos ajudar quando necessário: num momento de dor, ou de cansaço, ou mesmo para nos sentirmos mais dispostos. É como termos uma carteira cheia de dinheiro

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perdida em algum lugar que desconhecemos. E nós, com aquela vontade comprar uma camiseta nova e sem ter como… Vamos ao exercício. Dentre muitos, selecionamos um chamado “O caminho do vento” para iniciarmos esse encontro com nossa dimensão energética. O caminho do vento Sente-se confortavelmente. Relaxe bem o corpo, e incline o pescoço para trás. Inspire fortemente pela boca. Feche a boca e as narinas, retendo o ar dentro de você. Acompanhe o ar descendo, fazendo a curva na região da pelve, subindo pelas costas, por dentro da coluna, chegando até a cabeça. Solte o ar, expirando. Agora, respire normalmente e observe seu corpo vitalizado. Repita o exercício por mais três vezes e observe seu corpo.

Qual sua sensação após o exercício? Percorra o caminho do vento diariamente. Você vai perceber que se sentirá mais saudável, disposto e tranquilo porque sua energia estará sempre fluindo bem por todo o corpo.

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Minhas necessidades

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Alguma vez você já sentiu um ronco na barriga, uma sensação de fraqueza, irritação e vontade de comer alguma coisa, qualquer coisa? Principalmente quando o almoço atrasa, há um cheirinho gostoso de comida no ar, mas ela mesma, que é bom, não está nem perto de você… Sabe o que é isso, não é? É a fome. E quando você sente tanta sede que chega a pensar que trocaria sua camiseta favorita por um copo d’água? De uma forma semelhante, ficar sem respirar direito então, dá uma sensação terrível de sufoco. E quando você não dorme bem, não fica acabado no dia seguinte? Sabe por que isso tudo é muito natural? Porque comer, beber, respirar e dormir é fundamental para nossa existência. Nosso corpo tem essas necessidades, são as chamadas necessidades fisiológicas e se elas não forem satisfeitas ficamos doentes e até coisa pior…

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Mas não é só disso de que precisamos: para viver bem temos também de nos sentirmos seguros, protegidos do perigo, com a certeza de que, se precisarmos de ajuda, temos em quem confiar. Por exemplo, quando ficamos doentes não é bom saber que alguém vai cuidar de nós? Por outro lado, quem consegue ficar sossegado quando está correndo risco de ser assaltado ou de sofrer bullying? Precisamos também de estabilidade, quer dizer, de viver em um ambiente que não fique mudando o tempo todo. Já pensou ter que trocar de escola todo semestre? Bagunça também não ajuda nada em nossa qualidade de vida. Já a ordem, em nossa casa, nas nossas coisas oferece a sensação de que está tudo certo, nos seus devidos lugares. A sensação de insegurança, embora natural quando ocorre de vez em quando, em situações ou ambientes novos, é desconfortável e nos prejudica muito. Ao contrário, quando nos sentimos protegidos, em ambientes estáveis, em ordem, temos nossa necessidade de segurança satisfeita e isso é fundamental para que nossa vida seja gostosa. Também temos necessidade de nos sentirmos queridos, de fazer parte de um grupo como família e amigos. E precisamos sentir amor no coração, nos colocarmos no lugar dos outros, sermos generosos e compreensivos, certos de que não estamos sozinhos no mundo. Satisfazer a necessidade de pertencimento é também fundamental para nos sentirmos felizes. Mas além de nos sentirmos queridos pelos outros precisamos gostar de nós mesmos: precisamos aceitar e respeitar quem

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somos e acreditar que podemos ser cada vez melhores, enfim, precisamos ter  autoestima.

Em psicologia, autoestima inclui uma avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau. A autoestima envolve tanto crenças autossignificantes (por exemplo: “eu sou competente/ incompetente”, “eu sou benquisto/malquisto”) e emoções autossignificantes associadas (por exemplo: triunfo/desespero, orgulho/vergonha). Também encontra expressão no comportamento (por exemplo: assertividade/temeridade, confiança/cautela).

Outra necessidade importante é a de buscar realizar nosso potencial, de nos tornarmos aquilo que podemos ser, de procurar conhecer e compreender o mundo e de nele encontrar beleza e harmonia. Essas são, então, as principais necessidades que todos nós, seres humanos, temos. Está claro que todos nós precisamos e temos vontade de ter e fazer coisas. Entretanto, é importante saber a diferença entre a vontade e a necessidade. Uma coisa é sentir frio, outra é querer ter um casaco da última moda. O psicólogo americano Abraham Maslow elaborou uma hierarquia das necessidades humanas, desde as mais básicas até as mais sofisticadas — a famosa pirâmide de Maslow.

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Na pirâmide de Maslow, as necessidades estão organizadas em ordem crescente, da base até o topo: Necessidades fisiológicas: são as necessidades físicas sem as quais o ser humano não pode sobreviver. Entre elas estão o ar, a água, o alimento, a vestimenta e o abrigo. Necessidades de segurança: uma vez que as necessidades fisiológicas são atendidas, os anseios por segurança passam a orientar o comportamento das pessoas. As pessoas passam a buscar, cada vez mais, sua segurança pessoal e financeira. Buscam formas de assegurar saúde, bem-estar e se proteger contra acidentes e desastres. Necessidades de amor e pertencimento: o ser humano precisa se sentir amado e parte de um grupo, não importando o tamanho deste. Não é raro jovens associarem o ato de consumir determinados produtos à sentirem-se parte de um grupo. Necessidades de autoestima: todos nós temos a necessidade de nos sentirmos respeitados e admirados. Autoestima representa o típico desejo humano de se sentir valorizado e aceito pelos outros. Necessidades de autorrealização: é o nível de necessidade que se refere a todo o potencial que uma pessoa traz e a realização desse potencial. Maslow o descreve como o desejo de realizar tudo o que se for capaz, para se tornar o máximo que uma pessoa possa ser.

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Maslow afirma que as necessidades fisiológicas são mais fortes, preponderantes e isto significa que, quando a fome é muito grande não há espaço para nos sentimos sozinhos, inseguros ou inferiores. Só sentimos mesmo é necessidade de comida. Mas quando a barriga está cheia, surgem necessidades superiores, como a de segurança e quando confiamos em que tudo está organizado, começamos a sentir falta de compartilhar nossa vida com pessoas com quem temos afinidade. A partir daí queremos nos sentir bem conosco mesmos, merecedores do afeto dos outros, confiantes em nossa própria capacidade.

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E porque confiamos em nós, queremos ir além, experimentar novos desafios, progredir, expandir nosso potencial, evoluir. É muito importante satisfazer todas as nossas necessidades básicas. Assim como a privação constante de alimentos ou de sono leva a doenças físicas, a não satisfação constante das necessidades psicológicas leva ao desequilíbrio da personalidade e até à neurose.

Analise as situações abaixo e descubra quais necessidades não estão sendo satisfeitas: —— Paulinha está triste porque não foi convidada para ir com a turma a uma balada. —— Francineide vive cansada, sem disposição para passear ou praticar algum esporte. —— Glauco está insatisfeito porque acha que nunca vai progredir na vida. —— Marina está preocupada porque seu pai está ameaçado de ficar sem emprego. —— Carlos vive isolado porque se acha feio e sem graça. Satisfazer as necessidades básicas é direito humano e dever de cada um. Respeite este direito e cumpra este dever.

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Minhas emoções

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Você já se sentiu muito alegre? Muito triste? E com raiva, medo, preocupado, inseguro? Ou ainda feliz, tranquilo, “cheio de amor para dar”? Aposto que tudo isso, não é mesmo? As emoções fazem parte da nossa vida, são seu tempero e sem elas a vida seria como uma comida insossa, nem doce nem salgada, sem graça mesmo. É claro que algumas emoções são positivas e outras negativas: algumas nos fazem sentir bem e outras mal. Seria bom se pudéssemos evitar as emoções negativas e nos sentirmos alegres, tranquilos e amorosos a maior parte do tempo. Será que isso é possível?

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Inteligência emocional é um conceito em Psicologia que descreve a capacidade de reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles.

Segundo os especialistas, esta é uma questão de aprendizagem, de cultivar o que chamamos de inteligência emocional. Se você achava que inteligência só tinha a ver com intelecto, aquele famoso QI, o coeficiente intelectual, saiba que os estudiosos perceberam que existe em nós outra inteligência muito importante, que nos ajuda a viver bem conosco mesmos, com os outros e a estabelecer e realizar nossas metas — é a   inteligência emocional.   Esses estudiosos descobriram que as emoções, tanto as positivas como as negativas estão relacionadas a conexões que acontecem no cérebro, levando-nos a sentir alegria, tristeza, medo, raiva etc. E que, e aí vem a boa notícia, essas conexões podem ser alteradas e organizadas por meio do aprendizado e da prática. Descobriram também bons métodos para fazermos isso: 1) Conhecer as próprias emoções; 2) Aprender a lidar com elas; 3) Motivar a nós mesmos; 4) Reconhecer as emoções dos outros; 5) Lidar bem com nossos relacionamentos.   Daniel Goleman,  um grande especialista nesse campo, explica muito bem esse assunto. Vamos ver o que ele diz resumidamente?

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Em primeiro lugar, diz que as pessoas emocionalmente inteligentes são aquelas que percebem o que estão sentindo e que conseguem, na hora, dar um nome a esse sentimento. Sabe por que isso é importante? Porque quando consigo me perguntar “o que está acontecendo comigo, neste momento?”, e responder a essa pergunta, passo a ter liberdade para decidir o que fazer com esse sentimento e perceber quais as possibilidades de reação naquela situação. Por exemplo, vamos ver uma situação que com certeza muita gente já vivenciou: Uma colega postou uma foto minha no Facebook sem que eu autorizasse (e bem uma foto que eu acho que estou feio) e quando vi, fiquei vermelho, até o coração ficou agitado… Se, ao invés de ficar em um sentimento difuso e desagradável eu usar minha inteligência emocional, vou descobrir o que estou sentindo: se é raiva, vergonha, vontade de dar o troco ou outro sentimento qualquer. Aí vem o segundo passo: lidar com as emoções isto é, se perguntar “o que vou fazer com esse sentimento? Vou brigar? Re-

Daniel Goleman e Peter Senge afirmam no livro O foco triplo: uma nova abordagem para a educação que um dos caminhos para uma sociedade mais organizada e solidária é introduzir nas escolas o ensino de autoconhecimento e empatia.

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clamar? Espalhar para os colegas que tal pessoa é sem educação? Vou pedir que ela retire a foto? Que peça desculpas? Vou deixar por isso mesmo? Ou colocar uma dela, também?” Viu só quantas alternativas temos para reagir a uma emoção negativa? Quando usamos nossa inteligência emocional percebemos que, sem negar ou reprimir o que estamos sentindo, podemos tomar a atitude que nos deixar melhor. E para nos sentirmos melhor, não só em momentos de fortes emoções, é muito bom a gente saber se motivar, quer dizer, colocar nossas emoções a serviço de uma meta. Isso nos torna mais produtivos e eficazes em qualquer atividade pois eleva nosso nível de energia, ajuda-nos a nos esforçar mais, a assumir objetivos até mesmo desafiadores, a aproveitar as oportunidades para realizá-los. Vamos imaginar que uma garota bem motivada queira entrar na faculdade. Como sua inteligência emocional pode ajudar? De várias formas: despertando nela a esperança pelo sucesso, impulsionando-a a continuar a estudar em vez de se distrair com outras coisas, levando-a a buscar ajuda ou formas diferentes de entender a matéria caso ela não esteja conseguindo… E aqui vai mais uma boa notícia: a automotivação pode ser aprendida e treinada, não é bom saber disso? É também por meio da inteligência emocional que percebemos e respondemos às  emoções  e necessidades dos outros, isto é, que desenvolvemos nossa capacidade de empatia. A empatia, além de nos tornar mais solidários e generosos, o que en-

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riquece nossa vida, abre caminho para receber a generosidade e apoio dos outros quando precisamos. Assim, procure reconhecer quando um amigo seu está passando por um momento difícil. Demonstre que você entende o que está acontecendo, compartilhe uma experiência sua semelhante, dizendo algo do tipo: “também passei por uma situação parecida ou senti essa mesma coisa”. E claro, quando necessário ofereça ajuda, sugira alternativas, mostre que você é capaz de se colocar na situação dele e pergunte o que ele gostaria que você fizesse como forma de apoio. Talvez um abraço? Além disso tudo, os estudiosos da inteligência emocional descobriram como ela pode ajudar a melhorar nossos relacionamentos: comunicando-nos de forma clara e sincera, sem preconceitos ou intolerância, entendendo o ponto de vista dos outros, demonstrando compreensão em relação a seus sentimentos, procurando sempre resolver e não reforçar conflitos e sendo gentil e delicado com todos.

Atualmente, os cientistas tem uma boa noção de qual área do cérebro é ativada em cada tipo de emoção. Em um estudo recente, conseguiram até “adivinhar” os sentimentos e emoções das pessoas observando apenas imagens que ressaltavam as áreas em atividade no cérebro dos voluntários em determinado momento. Ao contrário do que se diz popularmente, na verdade, as emoções começam no cérebro e não no coração.

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Como seres sociais que somos, os relacionamentos são parte essencial da nossa natureza. Quer seja com familiares, amigos, professores ou colegas, comportamentos emocionalmente inteligentes só tendem a tornar nossa vida melhor. Conforme vamos lendo sobre as diferentes formas de lidar com nossas emoções percebemos que temos mais facilidade em alguns aspectos do que em outros, mas isso não quer dizer que não podemos melhorar em todos. É preciso sermos otimistas e acreditar que, em tudo e em todos, evoluir é possível.

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Eu quero

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Aposto como você quer, deseja, tem vontade, aspira, busca ou almeja muitas coisas nesta vida. Você já parou para pensar o que de fato é esse querer, esse desejar, essa vontade? Pense em duas coisas materiais que você quer. Por exemplo, uma camiseta ou um smartphone. Agora, considere dois desejos que não são materiais. Por exemplo, ficar alegre, entender uma questão de ciências. O nosso querer, ou as nossas vontades, podem ser separadas em diferentes categorias, dependendo do grau de consciência e de controle que temos sobre ele. Vejamos: 1) Impulso instintivo: quando buscamos ou fugimos de alguma coisa automaticamente. Por exemplo, quando instintivamente tiramos a mão do fogo.

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2) Desejo inconsciente: quando queremos alguma coisa sem saber muito bem o porquê disso ou como realizá-la. Por exemplo, desejamos ser famosos, poderosos, importante, ativistas etc. 3) Desejo consciente ou vontade: quando percebemos o desejo e identificamos claramente seu objeto. Por exemplo, ouvir falar de um filme bom, em seguida ter vontade de assisti-lo. Logo, procurar o cinema mais próximo onde está passando e programar-se para vê-lo. Com relação à vontade, ela pode ser individualista ou integral. 1) Vontade individualista: é aquela que não leva em consideração os outros ou o meio ambiente. Por exemplo, ouvir música em altura exagerada, tomar banho muito demorado, desperdiçando água. 2) Vontade integral: quando temos um desejo, sabemos qual o seu objeto e analisamos as consequências de sua realização para nós, para os outros e para o meio ambiente.

Pense em exemplos do seu dia a dia para cada um desses tipos de vontades. Vontade diz respeito à intenção de realizar algo. Não necessariamente com realização, porque esta pode depender de outros fatores ou circunstâncias. No exemplo do cinema, posso não ter dinheiro para o ingresso ou pode estar chovendo muito e ter alagado o caminho para chegar até lá.

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A vontade também tem vários níveis de intensidade, desde o leve, fraco, até o fortíssimo.

Pense em exemplos de desejos seus, fracos, médios e fortes. E para que serve termos consciência da nossa dimensão Querer? 1) Para exercitarmos o livre-arbítrio, quer dizer, a vontade livre e consciente. Enquanto os animais têm instintos, o homem é capaz de escolher entre seus impulsos, de decidir se quer realizá-los ou não (é claro que estamos falando de homens conscientes, porque muitos, nesse aspecto, ainda são escravos dos próprios desejos). 2) Para mobilizarmos dentro de nós as energias de que precisamos para realizarmos nossos desejos. Somente a consciência nos torna senhores e não escravos de nossos desejos. Você sabia que podemos desenvolver em nós mesmos a vontade consciente e integral? Em primeiro lugar, é preciso vivenciar bem a vontade. Vamos nos conectar com essa força dentro de nós. 1) Sente-se confortavelmente; 2) Relaxe bem o corpo: 3) Feche os olhos;

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4) Deixe que um desejo seu venha à tona; 5) Explore esse desejo, perceba de que lado ele vem. Se é seu mesmo ou é influência dos outros, se sua realização será positiva ou negativa para você e para os outros; 6) Decida se você quer continuar com esse desejo; 7) Se você não o quiser, descarte-o; 8) Se você quiser continuar com esse desejo, porque ele é bom para você e para os outros, assuma a intenção de realizá-lo; 9) Mobilize dentro de você as energias necessárias para atingir sua meta; 10) Perceba como aquele desejo vago, flutuante, ao se transformar em intenção, adquire força e direção. É como se uma nuvem se transformasse em seta.

Como foi esse exercício? O que você sentiu ao realizá-lo? Percebeu a diferença entre desejo e intenção? Percebeu o poder da força da vontade? Desenvolver a força de vontade é dos maiores favores que podemos fazer a nós mesmos. A vontade, forte, consciente, esclarecida, é um dos principais ingredientes da realização, do sucesso. Vale a pena treiná-la e aprender o truque de transformar nuvem em seta e muito sucesso para você!

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Algumas dicas para a realização de nossos desejos. Quando falamos em atingir objetivos é muito importante termos clareza sobre cada passo a ser dado entre nossa meta e sua realização. Vamos analisar cada um desses passos: 1) Ter clara e viva a meta que desejo atingir; 2) Estabelecer a estratégia a ser utilizada: —— Ter claro quais procedimentos, atividades, técnicas e recursos são possíveis; —— Escolher os mais indicados em função da sua disponibilidade e eficiência; —— Conversar com outras pessoas, mais experientes de preferência, sobre a variedade das escolhas; 3) Antecipar as dificuldades: —— Refletir sobre as dificuldades, os obstáculos que poderão surgir durante o caminho. 4) Buscar recursos: —— Uma vez que já sei quais as dificuldades que poderei ter de enfrentar, refletir sobre o que poderá me ajudar a superá-las; —— Pensar nos recursos internos — aptidões, emoções, força de vontade, que terei de avivar dentro de mim; —— Pensar nas providências externas que poderei precisar tomar;

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5) Experimentar a meta alcançada: —— Imaginar, com detalhes, a cena em que meu objetivo foi atingido. Visualizar-me nesse cenário, descrever para mim mesmo, mentalmente, como é esta situação e como foi que eu cheguei lá. Sempre que você tiver um objetivo, procure fazer mentalmente este exercício como forma de atingi-lo com mais eficiência. Muito sucesso para você!


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Eu penso, eu duvido, eu sei

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Como você sabe se uma afirmação é certa ou errada? Você acredita em tudo que lhe dizem? Como distinguir em que acreditar e em que duvidar? E mais, seus pensamentos influenciam suas ações? Então, eles podem melhorar ou piorar sua vida, não é mesmo? Por exemplo, imagine a situação de um garoto que quer visitar uma amiga que mora longe e ele não sabe muito bem como chegar lá. Vai até o ponto de ônibus e pergunta às duas pessoas que lá estavam qual o ônibus que vai até a tal rua. Uma diz que é o ônibus 327 e o outra que é o 335. Se ele pegar o certo chega na hora combinada, senão, perde tempo, se atrasa e provavelmente vai ficar bem chateado. Como saber o que é certo? Pensando! Tomara que o garoto pense bem, pegue o ônibus certo e chegue no horário combinado. Mas o que é pensar bem? Depende da questão: às vezes precisamos usar várias habilidades mentais, outras uma só. Que habilidades são essas?

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Lembrar, observar, pesquisar, comparar, associar, concluir, descobrir, intuir, raciocinar.

Pense em situações do seu cotidiano onde cada uma das habilidades descritas acima é fundamental. Quando é importante ser um bom observador? E quando foi preciso comparar coisas? Qual a última vez que você precisou pesquisar algo? E como anda a sua intuição? Quanto melhor a qualidade do pensamento, melhor a qualidade da decisão e quanto melhor a qualidade da decisão, melhor deverá ser a qualidade da vida. E existe um estudo que faz justamente isso, nos ajuda a pensar e raciocinar bem: é a  lógica.   Com o auxílio da Lógica vamos então aprender a distinguir entre o raciocínio correto e o incorreto?

Lógica é um substantivo feminino com origem no termo grego logiké, relacionado com o logos. Ao usarmos as palavras lógico e lógica estamos participando de uma tradição de pensamento que se origina da Filosofia grega, quando a palavra logos — significando linguagem/discurso e pensamento/conhecimento — conduziu os filósofos a indagar se seus pensamentos e conhecimentos derivados dele obedeciam ou não a regras, possuíam ou não normas, princípios e critérios para seu uso e funcionamento. Em sentido figurado, a palavra lógica está relacionada com uma maneira específica de raciocinar, de forma acertada.

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Começamos com um modelo de raciocínio composto por duas afirmações das quais se deduz uma conclusão, o silogismo. Um dos mais famosos é: Todo ser humano é mortal. Pedro é um ser humano. Logo, Pedro é mortal. Podemos dizer que este é um raciocínio correto porque partiu de uma afirmação verdadeira (todo ser humano morre mesmo), passou por outra uma afirmação também correta (Pedro é humano) e concluiu com coerência (Pedro é mortal). Neste exemplo os dois primeiros enunciados são as premissas e o último enunciado é a conclusão. Os fatos apresentados servem de evidência e sustentam a conclusão.

Agora, raciocine você, usando essa mesma lógica, com os termos: fruta, vegetal, laranja. Vamos ver outro raciocínio: A rosa, o cravo, a margarida, o girassol, a papoula murcham. Elas são flores. Logo, todas as flores murcham. Este raciocínio também é verdadeiro porque realmente todas as flores mencionadas murcham, e o número de flores observado é suficiente para chegarmos a uma conclusão geral — todas as flores murcham.

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Sua vez de raciocinar. Experimente criar um silogismo com os termos: cachorro, gato, passarinho, alimentos e animais. Mas cuidado! Nem todos os raciocínios são corretos ou verdadeiros. É preciso prestar atenção para não nos enganarmos. Vamos ver alguns exemplos de raciocínios incorretos. Paulo fumou um cigarro e não fez mal à saúde. Fumou um segundo e também não, nem o terceiro. Então, cigarro não faz mal à saúde. Descobriu onde está o erro? A partir de apenas três experiências não se pode concluir nada. Para se chegar a uma conclusão dessas é necessário fazer uma pesquisa maior. Aliás, ela já foi realizada e concluíram que cigarro faz, sim, mal à saúde.

Para ter certeza de que só podemos concluir alguma coisa a partir de uma amostragem suficiente, crie você também um raciocínio incorreto. Outro exemplo: Marte é um planeta como a Terra. A Terra é um planeta habitado. Logo, Marte deve ser habitado. Sabe onde está o erro? Marte realmente é um planeta, mas não tem as mesmas condições atmosféricas da Terra. Então, não podemos dizer que ele é igual à Terra e, portanto, não podemos

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concluir que é habitado. Ou seja, a classificação de “planeta” não é suficiente para dizer que os dois são iguais.

Você já ouviu algum raciocínio com esse tipo de erro? Como era? Existem outros tipos de raciocínios incorretos, alguns até bastante conhecidos. Um deles é aceitar ou rejeitar a verdade de uma afirmação dependendo da pessoa que a declarou. Isso porque às vezes uma pessoa pode ser desonesta ou sem muitos estudos mas, mesmo assim, falar o que é correto. O contrário também pode acontecer. Uma pessoa pode ser honesta ou sabida e falar uma inverdade. Você sabe de algum caso assim? Existem também as armadilhas, que consistem em forçar alguém a escolher entre apenas duas opções, quando na verdade há outras disponíveis. Muitos políticos as usam quando dizem: vote em mim ou será o caos. Será verdade? Outro raciocínio incorreto, mas muito popular é aquele que considera que só porque alguns eventos ocorrem próximos entre si, um é a causa do outro. Quem nunca ouviu dizer que gato preto dá azar? De onde surgiu isso? Provavelmente alguém, alguma vez, passou por uma experiência desagradável depois de ver um gato preto, mas daí a dizer que ele foi a causa vai uma grande distância.

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Muito importante também é desenvolvemos nossa capacidade de discernimento, que é a habilidade de distinguir entre: certo × errado verdadeiro × falso bem × mal duradouro × temporário harmonioso × desarmonioso essência × aparência Para que você perceba como o discernimento é bom para nós mesmos e para os outros, imagine só os exemplos seguintes: Alguém escorregou e caiu. Qual a atitude certa e qual a errada para com a pessoa? Ajudá-la a se levantar ou fingir que não viu? Se você alguma vez já precisou da ajuda de alguém, com certeza sabe o que é certo fazer neste caso. Se nunca precisou, imagine-se na situação. E depois confira sua resposta. Queremos chamar um amigo que mora no sexto andar para descer ao playground e vir brincar com a turma. Como fazê-lo com harmonia? Gritar até que ele apareça ou pedir ao porteiro que o chame?

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Experimente ficar uma hora ouvindo gritos e compare com ficar uma hora ouvindo suas músicas prediletas. Em qual existe mais harmonia? Um político recebe proposta para aprovar a construção de um hospital, mas com um orçamento muito maior do que o real e, em troca, receber uma “gratificação” do empreiteiro responsável pela obra. Qual é a atitude correta diante da proposta? E a atitude errada? O que você pensa de alguém que pega para si o dinheiro que deveria ser usado para construir escolas, moradias e hospitais? Um garoto é simpático e inteligente e tem o rosto cheio de espinhas. O que você considera mais importante? Sua aparência ou sua essência? Aparência é o que está por fora; essência é o que está por dentro. O que é mais importante quando se trata de amizade? Uma grande amiga, passando por um momento de crise, nos responde com grosseria. Nessa situação: O que é permanente? O que é temporário? Se fosse você que estivesse passando por um momento difícil, como gostaria de ser tratado por seus amigos?

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Você está caminhando pela rua e percebe que a carteira de um senhor caiu do bolso dele. O que você faz? Espera ele se afastar, pega a carteira para você e com o dinheiro compra um videogame? Pega a carteira do chão, vai até o senhor, e a devolve para ele? Como você pode ver, para vivermos bem é fundamental ter confiança em nossa capacidade de entender a nós mesmos, ter uma mente aberta, curiosa, interessada, chegar ao x da questão, entender o espírito da coisa, buscar a compreensão global da situação. E como chegamos a isso tudo? Pensando, sempre enxergando além, aprendendo o que está por detrás, descobrindo a essência do problema, o que ele tem a ver com outros problemas, quais as suas causas e consequências. Então, vamos   pensar bem?

Segundo o conceituado psicólogo americano Howard Gardner todos nós temos 8 tipos de inteligência. Sendo que a intensidade de cada um deles varia de pessoa para pessoa: 1) Linguística ou de compreensão verbal 2) Lógica sistemática ou numérica 3) Corporal ou cinestésica 4) Visual ou espacial 5) Musical 6) Interpessoal 7) Intrapessoal 8) Pictográfica ou de desenho

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Eu gosto de mim

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Para sermos mais felizes, seguros, solidários e participativos precisamos ser amigos de nós mesmos, gostar de nosso jeito, valorizarmos nossas qualidades, aceitar nossos limites, os nossos escorregões e os outros desafios que ainda vamos enfrentar pela vida afora. Em outras palavras, precisamos desenvolver a autoestima. A autoestima é algo que vem de dentro. É meu “ibope” comigo mesmo e quanto mais alto ele for, maior será a minha capacidade de me defender das influências indesejáveis e mais confiança terei na minha capacidade de superar obstáculos e atingir minhas metas. É da autoestima que vem a certeza de que: Tenho direito de ser feliz. Tenho direito de defender meus interesses. Tenho capacidade de lidar com os desafios da vida. Tenho capacidade de resolver meus problemas.

Pense e responda: como você tem defendido o seu direito de ser feliz?

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Sabe como posso aumentar a minha autoestima? 1) Conhecendo a mim mesmo, sabendo quem eu sou. 2) Prestando atenção em meus pensamentos e sentimentos. 3) Aceitando a mim mesmo do jeito que sou. 4) Não me sentindo sempre culpado por tudo. 5) Vivendo com responsabilidade. 6) Sendo autêntico, sendo eu mesmo. 7) Apoiando a autoestima dos outros. Vamos ver como fazer isso? 1. Conhecendo a mim mesmo Procure se conhecer e tomar consciência a respeito dos seus pontos positivos e negativos.

Complete as frases a seguir: Acho meu corpo… Ao me olhar no espelho observo que sou… Em geral os outros me consideram uma pessoa… Eu me acho uma pessoa… As minhas principais qualidades são… E os meus principais defeitos são… Agora que você já completou as questões, passe algum tempo analisando cada uma delas. Perceba quais desses seus aspectos você conhecia e quais desconhecia.

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2. Prestando atenção Outro fator importante para a autoestima é viver conscientemente, quer dizer, percebendo nossos pensamentos e sentimentos, qual a sua influência na nossa vida e na dos outros. Tendo consciência de nossas ideias e de suas consequências, podemos escolher ficar com elas, mostrá-las ou mudá-las. Vamos treinar viver conscientemente. Pare tudo o que você está fazendo. Em silêncio e de olhos fechados, observe o ritmo da sua respiração. Perceba quais são os pensamentos e sentimentos que estão ocorrendo. Fique mais ou menos um minuto nessa observação. Escreva em uma folha de caderno o que você observou.

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3. Aceitando a mim mesmo do jeito que sou É muito bom quando a gente se acha uma pessoa legal, quando aceitamos nossas características físicas, nosso jeito de ser. Vamos ver como anda nossa autoaceitação?

Complete em seu caderno as frases da forma mais rápida possível e dê pelo menos três respostas para cada questão: Três coisas que não gosto em mim são: Três coisas que gosto em mim são: Três atitudes que menos gosto em mim são: Três atitudes que mais gosto em mim são: Leia atentamente suas respostas, veja o que você não gosta em você e o que você pode mudar. Quanto ao que não pode, aceite, porque você tem todo o direito de ser quem é. 4. Superando a culpa Para termos uma boa autoestima temos também que aprender a nos livrarmos da culpa, um sentimento ruim, que não leva a nada. Por exemplo, se eu quebrei a caneta do meu amigo, é melhor pedir desculpas e dar uma nova do que ficar me sentindo culpado pelo o que aconteceu.

Escolha um fato, atual ou do passado, que fez com que você se sentisse culpado, talvez até envergonhado, e reflita sobre essa situação: O que o levou a praticar tal ato?

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Pense a respeito da situação sobre se é apenas você ou outras pessoas também consideram errada sua atitude ou comportamento. Reflita sobre o que você diria a um amigo se ele te contasse que praticou tal ato. Decida que atitude teria em relação a esse assunto caso acontecesse novamente. O que você faria diferente? Existe até um ditado popular, muito certo, que diz: “Aquele que nunca errou, que atire a primeira pedra”. 5. Assumindo a responsabilidade Viver de maneira responsável significa assumir uma atitude ativa perante a vida. Significa batalhar para conseguir o que queremos e não ficar só esperando que os outros realizem nossos desejos. Isso não quer dizer que todos os nossos desejos vão se realizar, porque nem tudo na vida depende de nós mas muitas coisas dependem e, se não as assumirmos, nunca teremos poder sobre nós mesmos. Vamos ver como anda nossa capacidade de viver responsavelmente?

Complete as frases seguintes no seu caderno: — Ponho em prática a responsabilidade pelo meu corpo quando: — Percebo que não assumo responsabilidade pelo meu corpo quando: — Sou responsável pela forma como utilizo meu tempo quando:

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— Não me mostro responsável por meus relacionamentos quando: — Demonstro ser responsável por meus relacionamentos quando: Reflita sobre suas respostas e veja em que você poderia melhorar: 6. Sendo autêntico É muito bom quando podemos ser quem somos, colocando em prática nossas ideias, nosso jeito de ser. É claro que com isso não quero dizer desrespeitar os outros ou obedecer apenas ao interesse egoísta. Ser autêntico é não querer enganar os outros, por medo ou para parecer melhor do que somos.

Qual a pessoa mais autêntica que você conhece? Quais as atitudes e os comportamentos que a tornam autêntica? 7. Apoiar o outro Quando nos conhecemos, nos aceitamos, somos amigos de nós mesmos, torna-se mais fácil compreender, aceitar e ser amigo dos outros. Isto porque quando conhecemos o nosso potencial, quando “confiamos no nosso taco”, não precisamos nos defender, nos disfarçar ou reafirmar uma posição toda a vez que formos contrariados. Agindo assim, os relacionamentos tornam-se francos, abertos, calorosos e dessa forma podemos ajudar os outros a melhorar sua autoestima.

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Pense em duas pessoas que você poderia ajudar aumentado a autoestima delas e de que forma faria isso. Não é bom gostar de nós mesmos, dos outros e viver em harmonia com tudo?

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Refletindo sobre os temas deste livro você deve ter percebido que grande parte do que normalmente chamamos de sorte na vida, pode, na verdade, estar mais relacionada às nossas escolhas e determinação, e que a possibilidade de atingirmos nossas metas e vivermos nossa lenda pessoal está muito mais nas nos-

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sas mãos do que imaginamos. Deve ter percebido que existe dentro de você um imenso potencial de energia e uma variedade sem fim de pensamentos, emoções, desejos e motivações. Grande parte disso está no inconsciente e você pode acessá-lo. O mundo fora de nós oferece também uma infinidade de alternativas, opções, pessoas e situações. Tome consciência das opções que a vida lhe apresenta, reflita sobre as consequências das suas escolhas, esteja atento aos seus desejos e vontades para distinguir quando e como persegui-los. Crie o hábito, no seu dia a dia, de olhar com calma e atenção os seus sonhos, e caso ainda não o faça, comece a planejar como atingir seus objetivos. Seja fiel aos seus princípios e coloque uma intenção verdadeira para que tudo aquilo que o faz feliz se torne realidade. É um direito seu. Não deixe de exercê-lo. Viva do seu jeito e seja muito feliz!

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Editora Evoluir, 2016 Texto Ilustrações Revisão Projeto gráfico Arte final

Bia Monteiro Pianofuzz Elisa Andrade Buzzo Pianofuzz Uriá Fassina

Conselho Editorial

Bia Monteiro, Chico Maciel, Fernando Monteiro, Flavia Bastos e Uriá Fassina

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) M775j

Monteiro, Bia. Jeitos de ser / Bia Monteiro. – São Paulo : Evoluir, 2016. 80 p. : il. ; 23 cm. – (Coleção Aventura Humana) ISBN 978-85-8142-103-2 1. Autoconhecimento – Jovens. 2. Estudantes – Psicologia. 3. Personalidade. 4. Corpo – Percepção. 5. Emoções. 6. Escolha (Psicologia). 7. Felicidade. 8. Autoestima – Jovens. I. Título. II. Série. CDU 37.015.3 CDD 370.15

Índice para catálogo sistemático: 1. Autoconhecimento : Jovens 37.015.3 Bibliotecária responsável: Sabrina Leal Araujo – CRB / ISBN da coleção:

978-85-8142-102-5

Este livro atende às normas do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor desde janeiro de 2009. Fontes Papel miolo Papel capa Impressão

Sabon e Malaga Suzano Alta Alvura Offset 90g/m² Suzano Art Premium Tech 300g/m² Melting color (São Bernardo do Campo) Impresso em novembro de 2016

Esta obra é licenciada sob uma Licença Creative Commons 4.0 Internacional que permite que você faça cópias e até gere obras derivadas, desde que não as use com fins comerciais e que sempre as compartilhe sob a mesma licença. Editora Evoluir · FBF Cultural Ltda. Rua Aspicuelta, 329 · São Paulo-SP · CEP 05433-010 (11) 3816-2121 · ola@evoluir.com.br · www.evoluir.com.br


Bia Monteiro As montanhas de Minas, onde nasceu em 1944, o céu estrelado e o brilho dos vaga-lumes, foram sempre a referência do estar no mundo de Beatriz. E foi a percepção de que também o mundo das coisas e das pessoas poderia apresentar essa beleza toda que a motivou a escrever e criar, junto com seus filhos, a editora e produtora de projetos educacionais e culturais Evoluir, dedicada a contribuir para a realização do potencial que todos nós, seres humanos, temos de ser mais livres e felizes, de estabelecer sociedades mais justas e generosas, de preservar melhor o meio ambiente e de escolher um trabalho que seja expressão de nós mesmos. Seus livros e projetos vêm sendo aprovados, desde 1996, por diversos órgãos oficiais e particulares de educação e cultura, por escolas e empresas patrocinadoras de todo o país. Mas, principalmente, têm alegrado as milhares de crianças que os receberam.


A Coleção Aventura Humana tem por objetivo auxiliar o jovem estudante a responder às perguntas: 1

Quem sou e como posso ser melhor, mais livre e feliz?

2

Vivo em sociedade, então, como colaborar para torná-la mais justa e generosa?

3

A sociedade depende da natureza, assim, como manter com ela uma relação harmoniosa?

4

Ao refletir sobre esses temas, como escolher a melhor profissão para mim, aquela que me realizará e me capacitará para contribuir com a construção do mundo que queremos?

— Jeitos de ser Este livro vai nos levar a uma viagem especial para dentro de nós mesmos, de nossos pensamentos, emoções e desejos. Ele nos ajudará a nos conhecer melhor, a desenvolver nossa autoestima, e, com energia e consciência, construir nossa lenda pessoal e viver com alegria nosso jeito de ser.

realização

venda proibida — ISBN 978-85-8142-103-2


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