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floresta é um lugar misterioso e fascinante. Ela é habitada por criaturas de todos os tipos, algumas grandes e a maioria minúscula, umas lindas e outras nem tanto, outras conhecidas e muitas
ainda desconhecidas. Dependemos da floresta mesmo estando longe dela. Acima de tudo, ela é um lugar muito importante, pois nos dá frutas e peixes, remédios e perfumes, fibras, madeiras, terra e chuva, conhecimento, diversão, beleza e inspiração. Mas a floresta está ameaçada. Todos os dias, na Mata Atlântica e principalmente na Amazônia, alguém caça ou pesca além do que pode, derruba mais árvores do que precisa ou põe fogo na floresta sem necessidade. Para conservar a floresta, toda ajuda é bem-vinda. Vale protegê-la em parques nacionais e reservas extrativistas, vale ser responsável na hora de comprar produtos dela. Vale até apelar para os mitos e lendas da floresta – o reino dos seres imaginários. Muitos seres imaginários da floresta foram concebidos para ilustrar estórias de medo à beira da fogueira. Indiretamente, porém, eles ensinam lições de admiração e respeito pela floresta. O Curupira, o Boitatá e a Mãe da Seringueira podem ser assustadores, mas somente aqueles que se deixam levar pela ganância ou maldade na hora de caçar, pescar ou coletar são realmente punidos. As pessoas que usam os recursos da floresta de forma responsável não têm o que temer. Este livro é sobre as lições de conservação que nos ensinam os seres imaginários da floresta. Descrevemos dez seres imaginários e suas relações com os seres reais da floresta − animais, plantas e homens. Enquanto os animais e as plantas inspiram os homens a criar e perpetuar o reino encantado dos seres imaginários, os seres imaginários ensinam os homens a cuidar dos animais e das plantas da floresta. Seres reais e imaginários ajudam uns aos outros, e todos nós viveremos melhor enquanto a floresta for habitada por macacos, pássaros, peixes, insetos e também por botos encantados, anhangás, iaras e mapinguaris. Para continuar sendo um lugar misterioso e fascinante, a floresta precisa de seres reais e imaginários.
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Quando o sol se põe... Imagine-se morando em uma pequena casa de madeira no meio da floresta, longe da cidade e dos confortos da vida moderna. No final do dia, seguindo o ritmo do sol, você volta para casa após uma rotina de trabalho pescando ou coletando açaí, castanhas e outros produtos da floresta. Durante um banho de rio, você assiste ao sol se pondo por trás das árvores, onde os passarinhos procuram abrigo para passar mais uma noite. A partir de então, tudo é escuridão. A única coisa que quebra o negrume da noite é a lamparina a querosene pendurada no meio da sala. Pelas janelas não se vê mais nada. A escuridão traz à tona o mistério, o medo do desconhecido... e a criatividade. O cair das folhas, o canto soturno de pássaros desconhecidos, os raios e trovões, e a grande chuva que se aproxima criam uma atmosfera perfeita para se criar, contar e ouvir estórias dos seres que vagam pela floresta e habitam o fundo dos rios lá fora. Em um ambiente de uma variedade tão grande de imagens e sons, por mais tempo que se viva ali ainda se ouvem gritos e assovios desconhecidos. Nas noites escuras de caminhos mal iluminados, e de grande isolamento, longe da influência urbana e da distração da televisão, é contando estórias que se espalham as ideias. É nesse cenário que a linha tênue entre o natural e o sobrenatural se desfaz, e a mistura do real e do imaginário em um só mundo se perpetua.
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Sobre os autores Edson Grandisoli e Silvio Marchini se conheceram em 1990, quando cursavam o primeiro ano da faculdade de Biologia na Universidade de São Paulo (USP), e são melhores amigos desde então. A paixão pela natureza os uniu em viagens pela Mata Atlântica, pelo Cerrado e, em especial, pela Amazônia. Em 2002, criaram a Escola da Amazônia, com o objetivo de compartilhar o amor pela floresta com jovens estudantes. A Amazônia é parte integrante de suas vidas e este livro, o primeiro que publicam juntos, traz um pouco das estórias, histórias e vivências na região mais rica do nosso planeta.
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Sobre o ilustrador Nascido em Foz do Iguaçu (1983), Rômolo D’Hipólito é graduado e design gráfico e colabora como ilustrador para editoras, jornais e agências de publicidade. Teve seus trabalhos reconhecidos e premiados pela Folha de S. Paulo e pelo Festival Anima Mundi. Como artista participou de exposições coletivas no Brasil e no exterior.
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Editora Evoluir, 2016 Título original Seres reais e imaginários da floresta Texto Edson Grandisoli & Silvio Marchini Ilustrações Rômolo Revisão Elisa Andrade Buzzo Design gráfico David Renó Conselho Editorial Bia Monteiro, Chico Maciel, Fernando Monteiro, Flavia Bastos e Uriá Fassina
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) G753s Grandisoli, Edson. Seres reais e imaginários da floresta / Edson Grandisoli & Silvio Marchini ; ilustrações de Rômolo. – São Paulo : Evoluir, 2016. 32 p. : il. ; 26 cm. Inclui glossário. ISBN 978-85-8142-113-1 1. Literatura infantojuvenil brasileira. 2. Folclore brasileiro. 3. Preservação da natureza. I. Marchini, Silvio. II. Rômolo. III. Título. CDU 087.5 CDD 028.5 Índices para catálogo sistemático: 1. Literatura infantojuvenil brasileira
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Bibliotecária responsável: Sabrina Leal Araujo – CRB 10/1507
Este livro atende às normas do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor desde janeiro de 2009. Fontes Papel miolo Papel capa Impressão
Petala Pro Offset 120g/m² Suzano Art Premium Tech 300g/m² Meltingcolor (São Bernardo do Campo) Novembro de 2016
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A floresta é um lugar misterioso e fascinante. Ela é habitada por seres de todos os tipos, alguns reais, outros imaginários. Mas está ameaçada pelo homem, que explora seus recursos de maneira destrutiva. Vamos conhecer animais e plantas reais que inspiraram a criação dos seres imaginários, os quais, por sua vez, ensinam com suas características fantásticas o homem a cuidar mais da riqueza de suas matas. Afinal, precisamos todos da magia e da realidade das florestas, mesmo morando na cidade grande.
REALIZAÇÃO
4 VENDA PROIBIDA