LÁ ONDE EU MORO Babi Dias & Victor Peres e Perez Ilustrações Casa Locomotiva
Lá onde eu moro Babi Dias & Victor Peres e Perez Ilustrações Casa Locomotiva
Vó, conta uma história? Era um fim de tarde abafado no Rio de Janeiro. Os dois pezinhos da Babi iam cansados para a casa da avó. Era assim todos os dias depois da aula. Cansada da tabuada e dos ditados, a menina só pensava em tirar as sapatilhas e devorar o bolo de coco molhadinho que apenas a Vó Eunice sabia fazer. Babi sabia que também encontraria muitas histórias sobre pessoas e lugares que conhecia apenas na imaginação. Depois da aula, tudo o que queria era ficar descalça, com a barriga cheia de bolo de coco, ouvindo a avó. Seria ótimo! Agora, se tudo tivesse acontecido exatamente como a Babi esperava, o livro terminaria aqui. Babi não teria conhecido o Trem do Tempo, nem a bela moça da estação, muito menos os Temiminós. Se naquele fim de tarde não tivesse caído uma chuva de verão, tão comum no mês de março, talvez a própria história do Brasil não fosse a que conhecemos hoje. Mas choveu, e Babi viveu a maior aventura de sua vida.
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Alô? É o Imperador? Aconteceu que no caminho para a casa da Vó Eunice, o céu ficou coberto de nuvens escuras e Babi já sabia o que isso significava. “Lá vem um pé-d’água!”, pensou. Não demorou mais que alguns segundos para cair um temporal. Seus pais sempre falavam que, nesses casos, o melhor a fazer é procurar algum lugar seguro e esperar a chuva passar. Apesar de parecer grandona, a pequena tinha só 9 anos e morria de medo de trovão! Naquele momento, tudo o que ela queria era um teto para se proteger. Para sua sorte, Babi viu bem à sua frente um portão antigo, e nele uma placa meio caída dizia: “Estação Leopoldina”. Mesmo achando estranho, a menina decidiu entrar! Quando passou pelo portão, o galpão todo ficou imediatamente iluminado. Como nunca tinha prestado atenção naquele lugar? Por um momento, achou que estava num cenário de novela de tão chique que era. Mas como não viu nenhuma câmera, nem ninguém pedindo autógrafo, resolveu perguntar: — Moça, o que tem aqui nesse galpão? — Ora, numa estação como esta você encontra duas coisas: o Trem ou pessoas esperando o Trem. Se você está aqui agora, e não é um trem, deve ser mais uma pessoa esperando por ele, certo? Babi achou engraçado. Quem era aquela moça? — O Trem já vai partir! — gritou a moça. — Tome, fique com a minha passagem! Você ainda é novinha e pode aprender muito com esta viagem. 8
— Mas eu não posso ir assim! Minha avó está me esperando pra comer bolo de coco... — Hum... Eu também adoro bolo de coco! Mas não se preocupe, querida! Este Trem é ligeiro e antes que a chuva termine você estará aqui de volta. A moça mal terminou de falar e soou o apito do trem. Babi nunca tinha visto nada parecido. Se a estação era coisa de novela, o trem era melhor que de cinema! Luzes, almofadas, cores, brilho... Quanto luxo, conforto e beleza! — Ei, menina! Vai ou não vai aceitar o meu bilhete? Babi não podia perder aquela chance. Com um salto maior que suas pernas longas, a garota praticamente voou para dentro do vagão! E foi só entrar nele que o apito soou de novo... Era hora de partir. — Moça, moça! E agora? Pra onde eu vou? — Fique atenta, menina! Essa será a viagem mais importante da sua vida! Procure uma janela e não perca nada do que acontecer! — Muito obrigada pela passagem! — Aproveite bem e não deixe de descer em todas as paradas! Logo mais a gente se encontra. Boa viagem! Babi não sabia o que pensar. Na dúvida, fez o que a moça aconselhou: procurou uma cadeirinha e lá foi, de olhos vidrados na janela. E quando menos esperava, o alto-falante anunciou: — Primeira parada! — Quanto tempo ficaremos aqui, senhor? — perguntou Babi para um rapaz que estava sentado na sua frente. — Apenas o suficiente. Então, Babi não perdeu tempo, esticou suas canelas e pulou fora do vagão. O trem parou em um lugar que ela já conhecia, mas não se lembrava de onde. Então começou a explorar para ver o que descobriria. O que mais chamou a sua atenção foi uma menininha que parecia ter a sua idade, mas se vestia com elegância de fazer inveja em muita princesa por aí.
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Sobre os autores Babi Dias cresceu em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, comendo bolo de coco da Vó Eunice, brincando e correndo descalça por aí. Adora ler, conhecer as pessoas e desbravar lugares legais! Numa dessas brincadeiras, descobriu histórias bacanas sobre seu bairro e registrou tudo na aventura do Trem do Tempo.
Victor Peres e Perez nasceu em São Paulo, foi um bom aluno até a 3ª série e gosta de bolo de cenoura com chocolate. Aos 22 anos, visitou o Rio de Janeiro pela primeira vez, mas só conheceu melhor a cidade quando ouviu as histórias da Babi. Juntos, escreveram este livro contando um pouco destas viagens que podemos fazer sem sair de casa!
Editora Evoluir, 2016 Texto Ilustrações Revisão Design gráfico
Babi Dias & Victor Peres e Perez Casa Locomotiva Elisa Andrade Buzzo David Renó
Conselho Editorial Bia Monteiro, Chico Maciel, Fernando Monteiro, Flavia Bastos e Uriá Fassina
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Bibliotecária responsável: Sabrina Leal Araujo – crb 10/1507) D541l Dias, Babi. Lá onde eu moro / Babi Dias & Victor Perez e Perez ; ilustrações Casa Locomotiva. – São Paulo : Evoluir, 2016. 48 p. : il. ; 27 cm. ISBN 978-85-8142-114-8 1. Literatura infantojuvenil brasileira. 2. História do Brasil. I. Perez, Victor Perez e. II. Casa Locomotiva. III. Título. CDU 087.5 CDD 028.5 Índice para catálogo sistemático: 1. Literatura infantojuvenil brasileira 087.5
Este livro atende às normas do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor desde janeiro de 2009. Fontes Papel miolo Papel capa Impressão
Petala Pro e Archer Offset 120g/m² Suzano Art Premium Tech 300g/m² Meltingcolor (São Paulo) Novembro de 2016
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Editora Evoluir · FBF Cultural Ltda. Rua Aspicuelta, 329 · São Paulo-SP · CEP 05433-010 (11) 3816-2121 · ola@evoluir.com.br · www.evoluir.com.br
Você conhece as histórias do lugar onde você mora? Sabe quem são as pessoas que estavam lá antes de você e como era a vida delas? Nesta aventura pelo Trem do Tempo, Babi vai descobrir coisas fascinantes sobre seu bairro e conversar com muita gente que só conhecia pelas histórias da Vó Eunice! Embarque nesta leitura e divirta-se! Afinal de contas “viajar no tempo é sempre mais barato”.