COLEÇÃO O MUNDO QUE QUEREMOS
Bia Monteiro • Edson Grandisoli • Fernando Monteiro Ilustrações de Samuel Rodrigues
COLEÇÃO O MUNDO QUE QUEREMOS
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Bia Monteiro • Edson Grandisoli • Fernando Monteiro Ilustrações de Samuel Rodrigues
Evoluir, 2020 Este livro atende às normas do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor desde janeiro de 2009.
Coleção Título original Volume Autores Ilustrações Coord. Editorial Design gráfico Revisão
O Mundo Que Queremos Bicho também é gente? 5 de 6 Bia Monteiro, Edson Grandisoli e Fernando Monteiro Samuel Rodrigues Fernando Monteiro e Uriá Fassina Uriá Fassina Fernanda K Soifer e Lilian Rochael
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Monteiro, Bia Bicho também é gente? / Bia Monteiro, Edson Grandisoli, Fernando Monteiro ; ilustrações Samuel Rodrigues. — 1. ed. — São Paulo : Evoluir Cultural, 2014. — (Coleção o mundo que queremos) 1. Animais - Literatura infantojuvenil 2. Cidadania 3. Desenvolvimento sustentável 4. Educação Finalidades e objetivos 5. Meio ambiente I. Grandisoli, Edson. II. Monteiro, Fernando. III. Rodrigues, Samuel. IV. Título. V. Série. 14-09436
CDD-370.115
Índices para catálogo sistemático 1. Educação sustentável ISBN deste livro ISBN da coleção
978-85-8142-047-9 978-85-8142-042-4
Fontes Papel miolo Papel capa Dimensões Impressão Tiragem
Whitney e Brandon Grotesque Pólen Bold 70 g/m2 Triplex 250 g/m2 178 x 228 mm; 48 páginas Elyon — março de 2020 3 300 unidades
370.115
3ª reimpressão. 1ª edição: 2020.
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SOBRE A COLEÇÃO O MUNDO QUE QUEREMOS
Raras são as ocasiões em que conseguimos estabelecer uma associação clara entre causa e efeito. Quando o assunto é meio ambiente, então, isso torna-se bastante improvável. Apenas recentemente é que começamos a tomar consciência dos efeitos da degradação ambiental sobre a saúde humana, mas os custos sociais decorrentes dessa destruição ainda passam despercebidos por boa parte da sociedade. A exemplo, ainda que saibamos que faz mais sentido investir em medidas preventivas como saneamento básico do que tratar, mais tarde, os doentes em hospitais, pouco se promove nesse sentido. Será que o sentimento de culpa que temos por contaminar o meio ambiente nos torna incapazes de perceber os danos causados a nós mesmos? O título da coleção “O Mundo Que Queremos” pode sugerir ao leitor a existência de um mundo hipotético ideal, onde todos concordariam sobre como “as coisas deveriam ser”, e como sociedade e natureza poderiam conviver em harmonia. Ledo engano! O que os livros da coleção abordam são os principais temas ambientais da atualidade pela perspectiva da complexidade socioambiental, realçando os múltiplos interesses, posições defendidas e visões de mundo subjacentes aos diversos atores sociais envolvidos com as questões apresentadas. A leitura e as atividades propostas despertam no leitor um olhar crítico sobre a realidade socioambiental do planeta, e o convida a buscar, a partir do diálogo e do consenso, soluções para as situações-problema propostas. O processo da busca por soluções consensuadas contribui para o desenvolvimento da capacidade de argumentação, escuta, reflexão e empatia entre os integrantes de um grupo social. E é a troca de ideias e
opiniões, com o justo confronto dos pontos de vista, o que permite aos participantes de um diálogo chegar a soluções. Trata-se de avançar na compreensão de que a superação dos desafios para a sustentabilidade depende da nossa capacidade de alcançar resoluções coletivas, pois os problemas são causados por todos — ainda que de maneira diferenciada — e as consequências afetam muitos. A Coleção é composta por seis livros. Na primeira parte de cada um deles, são apresentadas descrições detalhadas sobre os principais temas ambientais do planeta Terra. Cada tema é retratado a partir de três perspectivas: características do meio biofísico, impactos da sociedade e aspectos pessoais, onde o leitor poderá se reconhecer como parte de uma cadeia de interações. Na segunda parte, são expostos conceitos e atividades que desenvolvem nos leitores a capacidade de colaboração e aprendizagem social para o momento em que forem trabalhar o livro de forma coletiva. Em cada volume é proposto um exercício em grupo baseado na dinâmica do Jogo de Papéis. Por meio desta atividade, os leitores podem colocar em prática os princípios do diálogo, desenvolver suas habilidades de comunicação, escuta ativa, argumentação, busca pelo consenso e colaboração. Desta forma, a Coleção “O Mundo Que Queremos” oferece o conteúdo e sugere um processo que leva as pessoas a ampliar sua capacidade de leitura crítica e de uma interpretação propositiva dos desafios colocados para uma sociedade sustentável, levando-as à ações responsáveis sobre o ambiente, sobre os outros e sobre elas próprias.
SUMÁRIO 06
PREFÁCIO
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BICHO TAMBÉM É GENTE?
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A BIODIVERSIDADE
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FLORESTA AMAZÔNICA
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FLORESTA ATLÂNTICA OU MATA ATLÂNTICA
16 CAATINGA 17 CERRADO 18 PANTANAL 19
CAMPOS SULINOS
20 COSTEIROS 21
A BIODIVERSIDADE E NÓS
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DESTRUIÇÃO DOS AMBIENTES NATURAIS
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ESPÉCIES INVASORAS
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SOBREPESCA E SOBRECAÇA
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AUMENTO DA POPULAÇÃO HUMANA
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A BIODIVERSIDADE E EU
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COMO TUDO ISSO AFETA A NOSSA VIDA?
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CONFLITO NA CIDADE DE COSTA VERDE
ANEXOS A01 DIÁLOGO E CONSENSO A03 JOGO DE PAPÉIS A10 ATIVIDADES AUXILIARES A10 CONHECENDO OUTRAS PERSPECTIVAS A12 JOGOS PSICODRAMÁTICOS
PREFÁCIO POR PEDRO R. JACOBI
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Ao avançarmos na segunda década do século XXI, vive-se uma crise do estilo de pensamento, dos imaginários sociais e do conhecimento que sustentaram a modernidade, dominando a natureza e multiplicando a lógica de mercantilização e consumo planetários. A humanidade chegou, portanto, a uma encruzilhada que exige novos rumos para uma melhor reflexão sobre a cultura, as crenças, valores e conhecimentos em que se baseia o comportamento cotidiano, assim como sobre o paradigma antropológico-social que persiste em nossas ações, no qual a educação tem um enorme peso. Atualmente, os caminhos para uma sociedade sustentável são permeados de obstáculos, na medida em que existe uma restrita consciência da sociedade a respeito das implicações do modelo de desenvolvimento em curso. A coleção “O Mundo que Queremos”, representa uma oportunidade para compartilhar ideias e trajetos para o aperfeiçoamento das práticas em torno de temas socioambientais que fazem parte do nosso cotidiano, como o consumo da água, o tratamento dos resíduos e o lidar com a biodiversidade. A coleção contribui para construir e estimular processos de colaboração e interconexões entre pessoas, ideias e ações para multiplicar a disseminação de um conhecimento baseado em valores e práticas sustentáveis, indispensáveis para promover o interesse e o engajamento de cidadãos e cidadãs na ação e na responsabilidade social. Trata-se de uma abordagem que mostra como é possível superar o reducionismo, e estimula um pensar e fazer sobre o meio ambiente diretamente vinculado ao diálogo entre saberes, à participação e aos
preceitos éticos como valores fundamentais para fortalecer a complexa interação entre sociedade e natureza. Nesse sentido, o papel dos educadores é essencial para impulsionar as transformações de uma educação que assuma o compromisso com o desenvolvimento sustentável e também com as futuras gerações. Existe hoje o desafio de avançar uma nova forma de conhecimento, criando espaços de convivência que favoreçam mudanças de percepção e de valores, e que promovam um saber solidário e um pensamento complexo, aberto à possibilidade de construção e reconstrução coletiva 07 num processo contínuo de novas leituras e interpretações, configurando novas possibilidades de ação. Assim, o principal eixo de atuação da Educação para a Sustentabilidade deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o respeito à diferença através de formas democráticas de atuação baseadas em práticas interativas e dialógicas. O que se fundamenta no objetivo de criar novas atitudes e comportamentos face ao consumo na nossa sociedade, além de estimular a mudança de valores individuais e coletivos. A educação para a sustentabilidade e cidadania ambiental representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar os modos de participação em potenciais caminhos de dinamização da sociedade e de concretização de uma proposta de sociabilidade. Em sintonia com as urgentes necessidades de mudanças da atualidade, a coleção “O Mundo que Queremos” contribui para a co-responsabilização acerca dos principais temas ambientais, estimulando iniciativas apoiadas em aprendizagem social, no diálogo e na participação. Ao destacar a ideia de Aprendizagem Social, ela cria a oportunidade para que os leitores ampliem seu conhecimento, fortaleçam os diálogos e estabeleçam laços de confiança e cooperação, a base de qualquer proposta que busque a amPedro Roberto Jacobi é professor Titular do Programa de Pós pliação da cidadania ambiental. Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente, da Universidade de São Paulo (USP) e editor da revista Ambiente e Sociedade (ANPPAS).
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BICHO TAMBÉM É GENTE?
COLEÇÃO O MUNDO QUE QUEREMOS
O nome deste livro pode parecer estranho em princípio, mas certamente nos leva a pensar. Será que não apenas os animais, mas também as plantas e todos os outros seres vivos merecem o mesmo respeito que costumamos ter com outros seres humanos? Se você possui algum bicho de estimação em casa ou cria algum animal em sua fazenda ou sítio, certamente deve concordar que sim. O convívio com outros seres vivos nos aproxima de uma realidade bem diferente da nossa, nos torna mais conscientes de que as vidas se manifestam de diversas maneiras e que, muitas vezes, dependem inteiramente de nosso amor e carinho para sobreviver. Apesar de parecer óbvio que todas as formas de vida merecem respeito, o que não falta por aí são exceções à regra. Em nosso planeta, existe uma enorme diversidade de formas de vida. Os cientistas, até hoje, já descobriram e classificaram mais de 1,4 milhão de espécies de animais que dividem a Terra conosco, sendo que a esmagadora maioria pertence ao grupo dos insetos. Não se trata apenas da quantidade de outros seres, mas da função que cada um desempenha na manutenção do equilíbrio de todo o planeta. Pense, por exemplo, nas abelhas, os principais agentes da polinização, responsáveis pela preservação da vida vegetal, pela manutenção da biodiversidade e pela produção de alimentos. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, em algumas partes do mundo, pesquisadores apícolas já confirmam a redução de colônias entre 30% e 70%, indício de que todas as espécies de abelhas estão ameaçadas. E, elas são apenas um exemplo diante da enorme biodiversidade terrestre. E como será que nós, seres humanos, temos tratado toda a biodiversidade que habita o planeta Terra?
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A BIODIVERSIDADE 12
Biodiversidade é uma palavra diferente, mas muito importante. Nasceu entre os cientistas e, hoje em dia, é utilizada por todos nós. Trata-se de um termo que surgiu na década de 1980 e é fruto da união de duas palavras: bio (que significa vida) e diversidade (que significa grande variedade). Assim, biodiversidade significa a variedade de formas de vida que habitam nosso planeta. O uso da palavra coincidiu com o aumento da preocupação relacionado à extinção das espécies, observada nas últimas décadas do século XX. Também podemos chamar de biodiversidade a variação que existe, não apenas entre as espécies de plantas, animais, micro-organismos e outras formas de vida no planeta, mas também dentro da população de uma única espécie, sob a forma de diversidade genética, e também nos ecossistemas, onde as espécies interagem umas com as outras e com o ambiente físico. PARA FAZER Essa diversidade é de vital importância Poucos reparam, mas todas as cépara as pessoas, porque ela sustenta uma dulas de dinheiro utilizadas no país possuem a imagem de um animal grande variedade de serviços ecossistêtipicamente brasileiro. Você samicos, dos quais as sociedades humanas beria dizer que animais aparecem sempre dependeram, embora a importância em todas as cédulas do Real (R$)? destes seja, muitas vezes, extremamente Converse com os colegas sobre o porquê desses animais serem “hodesvalorizada ou ignorada. Quando os elemenageados” nas nossas cédulas.
mentos da biodiversidade se perdem, os ecossistemas tornam-se menos resilientes e os seus serviços são ameaçados. Paisagens mais homogêneas e menos variadas ou ambientes aquáticos são sempre mais vulneráveis a pressões externas repentinas, como as doenças e os extremos climáticos. A riqueza de espécies tendem a variar de acordo com a disponibilidade energética, recursos hídricos, clima, altitude e também pelas suas histórias evolutivas. Essa diversidade de espécies varia com as diferentes regiões ecológicas, sendo maior nas regiões tropicais do 13 que naquelas de climas temperados. Ou seja, quanto maior a latitude, menor é a biodiversidade. O Brasil abriga uma das mais variadas biodiversidades do mundo: cerca de 1/5 da diversidade mundial! Nossa diversidade de ambientes — florestas tropicais, campos, cerrados, Pantanal, mata de araucárias, entre outras — serve de habitat para milhares de espécies de animais, plantas, fungos e micro-organismos. Se considerarmos apenas as aves, nosso país abriga cerca de 1900 espécies já descritas pelos cientistas. Conhecer o nosso próprio país e toda a sua biodiversidade é um dos primeiros passos para compreendermos a importância de conservar o que temos. Com grande frequência, vemos nos noticiários e nos jornais, casos em que o ambiente natural e, consequentemente, os seres vivos que nele habitam, têm sido destruídos e mal tratados pela atividade humana. De alguma forma, todos os biomas brasileiros sofrem algum tipo de pressão do ser humano, ou seja, estão sob constante ameaça de desaparecer ou serem alterados de forma brusca, o que prejudicaria todas as PARA REFLETIR formas de vida que neles habitam. Bioma é uma unidade biológica ou O Brasil apresenta sete diferentes bioespaço geográfico caracterizado de acordo com o clima, solo e os mas . Acompanhe, nas próximas páginas, aspectos de uma vegetação. Refliuma breve descrição sobre as principais ta sobre que tipo de bioma domicaracterísticas de cada um desses sistemas nava sua região antes do estabelenaturais responsáveis pelo suporte à vida cimento de sua cidade. Como seria caminhar por esse bioma? O que das espécies no nosso país. você acredita que veria ou ouviria?
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É a maior floresta tropical do mundo. Os cientistas estimam que mais de 10% de toda a biodiversidade do planeta esteja dentro dessa maravilhosa floresta. Suas matas de terra firme, igapós, matas de várzea, campinaras, entre outros ambientes amazônicos, abrigam plantas como o açaí e a sumaúma, a maior árvore da Amazônia (que pode chegar a 50 metros de altura), animais como o boto cor-de-rosa, o peixe-boi, o saimiri, além de uma quase infinidade de fungos e micro-organismos. Apesar de sua importância para a manutenção do clima regional e global, a floresta tem sido gradualmente derrubada. Hoje, estima-se que quase 18% da Amazônia já tenha desaparecido, dando lugar a garimpos, monoculturas e, especialmente, pastos para a criação de gado.
*Os mapas que indicam as áreas dos biomas (páginas 14 a 20) mostram sua distribuição original, ou seja, antes de sofrerem impacto do ser humano.
FLORESTA AMAZÔNICA
FLORESTA ATLÂNTICA OU MATA ATLÂNTICA A Mata Atlântica é outra formação florestal (como a Amazônia) tipicamente brasileira. É o bioma mais ameaçado do Brasil, restando apenas cerca de 8% de sua área original. Nos raros fragmentos de floresta que ainda restam, vivem plantas como o palmito juçara e animais como a onça-pintada, o muriqui e o jacaré-de-papo-amarelo. O desmatamento, nesse bioma, acontece desde a chegada dos portugueses ao Brasil. O processo de derrubada das matas prosseguiu durante os ciclos históricos da cana-de-açúcar, do ouro, do carvão vegetal, da extração de madeira, do café e pastagens, entre outros. Uma das maiores pressões sobre a floresta, entretanto, ocorreu devido à forte urbanização da região, com o surgimento das maiores capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, e de diversas cidades menores e povoados.
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CAATINGA
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Pouco lembrada pela maioria dos brasileiros que vive fora da região Nordeste do país, a Caatinga é um bioma único pois, apesar de estar localizado em área de clima muito seco e quente, abriga um grande número de espécies. Uma das mais conhecidas é a cactácea chamada de mandacaru — eternizado na música de Luiz Gonzaga — e uma grande diversidade de lagartos e serpentes. A Caatinga, historicamente, tem sofrido muito com o desmatamento e as queimadas, práticas comuns no preparo da terra para a agropecuária que, além de destruir a flora e a fauna, afetam a qualidade e a disponibilidade de água na região. Atualmente, estima-se que restam, ainda intactos, aproximadamente 20% desse bioma.
CERRADO Presente em praticamente todo o Centro-Oeste brasileiro, o cerrado típico é formado por árvores baixas, arbustos e vegetação rasteira. Na época seca, seu tapete rasteiro de gramíneas parece palha, favorecendo a propagação de incêndios. No cerrado preservado, os incêndios acontecem naturalmente e são importantes para a dinâmica da vegetação, pois, estimulam, por exemplo, a floração. Árvores como o barbatimão e o ipê são comuns nesse bioma, e animais como o tamanduá-bandeira e o tatu-canastra dão um show à parte. Na década de 1960, o cerrado começou a ceder lugar à pecuária e à agricultura extensiva, como a soja, arroz e trigo. Atualmente, restam apenas 20% de área em estado conservado.
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PANTANAL
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Bioma famoso por sua imensa diversidade de formas de vida. O Pantanal sofre cheias anuais e é a maior planície de inundação contínua do planeta. Sua vegetação é uma combinação de espécies, em particular, do Cerrado e da Amazônia. Um grande número de turistas brasileiros e estrangeiros visita o Pantanal todos os anos, especialmente para observar aves como o tuiuiú e uma grande variedade de gaviões, além dos jacarés. Nos últimos anos, tem se destacado o turismo de observação de onças em algumas regiões. O Pantanal vem sofrendo uma série de impactos diretos como garimpo, caça, pesca, turismo e agropecuária, além da construção de rodovias e hidrelétricas.
CAMPOS SULINOS De maneira geral, os campos da região Sul do Brasil são denominados de “Pampas”, termo de origem indígena para “regiões planas”. A vegetação dos Pampas é formada basicamente por espécies rasteiras de gramíneas, o que confere certa uniformidade à paisagem. Além disso, abriga 11 espécies de mamíferos raros e anfíbios como o tuco-tuco e o sapinho-de-barriga-vermelha. A região possui uma forte vocação para a pecuária. As técnicas de produção, entretanto, não são adequadas para as condições de seus campos, onde a prática artesanal do fogo ainda é bem comum. As pastagens são, em sua maioria, utilizadas sem grandes preocupações com a recuperação e a manutenção da vegetação.
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COSTEIROS
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A costa do Brasil abriga uma enorme diversidade de ambientes e formas de vida que deles dependem. São manguezais, restingas, praias arenosas, costões rochosos, brejos, recifes de corais, entre outros, que comportam uma grande quantidade de espécies endêmicas (que só existem nessas regiões) e, ao mesmo tempo, muito frágeis e vulneráveis às modificações causadas pelo ser humano. Os manguezais, por exemplo, são o berço de inúmeras espécies marinhas, que encontram nesse ambiente um local calmo e seguro para procriar. A costa litorânea do Brasil possui significativas riquezas naturais, mas a intensidade de um processo de ocupação desordenada vem colocando tudo em risco.
A BIODIVERSIDADE E NÓS 21
Todos os biomas tipicamente brasileiros estão, de alguma forma, ameaçados pela atividade humana. É importante lembrar que todos os seres vivos dependem dos recursos retirados da natureza para sobreviver, e o ser humano não é diferente. Entretanto, a forma como temos feito isso vem causando sérios prejuízos. Cada vez mais estamos comprometendo não só a sobrevivência de outros seres vivos, mas também a nossa própria. De maneira geral, as principais ameaças à biodiversidade do nosso planeta podem ser resumidas a cinco fatores principais, que descrevemos na sequência. DESTRUIÇÃO DOS AMBIENTES NATURAIS É o principal fator que leva a uma acelerada perda de biodiversidade. Destruir um ambiente natural significa destruir toda a vida a ele associada, ou seja, aqueles que extraem dele os recursos necessários PARA FAZER para a sua existência. A destruição de Reúna-se com colegas e, juntos, elaborem florestas como a Amazônia e a Mata uma lista de medidas práticas que possam ajudar a resolver cada um dos problemas Atlântica tem levado à extinção de esdescritos no livro. O objetivo do exercício pécies da nossa fauna e flora às quais é assegurar a sobrevivência de toda a bionunca tivemos a chance de conhecer. diversidade como a conhecemos.
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ESPÉCIES INVASORAS Pode não parecer, mas levar um animal ou uma planta para uma região onde eles naturalmente não existam, pode causar sérios danos à biodiversidade do lugar. Espécies introduzidas podem competir com espécies locais e levá-las à extinção. Um caso bastante conhecido no Brasil foi a introdução do pardal. O pardal é um pássaro originário do Oriente Médio e se espalhou rapidamente pela Europa. Sua chegada ao Brasil aconteceu por volta de 1903, quando o então prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, autorizou a soltura de um pardal proveniente de Portugal. A introdução desse pássaro no Brasil trouxe prejuízos à agricultura e diminuiu drasticamente a população do nativo tico-tico. SOBREPESCA E SOBRECAÇA Pescar e caçar mais rápida e intensamente do que a capacidade que diferentes espécies têm para se reproduzir, pode levá-las à extinção. Uma das formas de evitar o problema é o defeso. Defeso é o período em que as atividades de caça, coleta e pesca esportivas e comerciais tornam-se proibidas ou controladas. Trata-se de um período determinado pelo IBAMA, de acordo com o tempo em que diferentes espécies se reproduzem na natureza. Apesar do controle legal, muitos desrespeitam o defeso, e continuam a causar sérios prejuízos para todos e para a natureza.
AUMENTO DA POPULAÇÃO HUMANA
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Quanto mais pessoas, maior a necessidade de áreas para a produção de alimentos, assim como a exploração de recursos naturais como madeira, minérios etc. A pressão do aumento da população humana é bastante conhecida sobre os ambientes naturais e as formas de vida que neles habitam. Entretanto, culpá-la por todos os males é um pensamento equivocado. É importante lembrar que podemos (e devemos) criar e utilizar formas menos impactantes de exploração dos recursos naturais e, acima de tudo, mudar alguns comportamentos do nosso dia a dia, aqueles que têm tornado nosso estilo de vida altamente insustentável. POLUIÇÃO Muito conhecida por todos, poluição do ar, das águas, do solo é diretamente responsável pela perda da biodiversidade em diferentes locais do planeta. A chuva ácida, por exemplo, é fruto da poluição do ar nas grandes cidades, mas PARA REFLETIR seus efeitos podem ocorrer a quilômetros das Como foi possível observar, os áreas urbanas, destruindo ambientes ainda cinco fatores abordados aqui preservados.
podem levar rapidamente à extinção de diferentes espécies de plantas e animais, o que é prejudicial a todos nós, sem exceção.
Aqui separamos alguns animais dos biomas brasileiros que, além de ter os nomes formados por substantivos compostos, também possuem outra coisa em comum: estão ameaçados de extinção. Seja por conta da poluição, caça ou destruição do seu habitat, todos estes simpáticos bichos correm um sério risco de desaparecer para sempre.
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Você sabia que o mico‑leãodourado é uma espécie símbolo na luta em defesa dos animais silvestres brasileiros? Reúna alguns amigos e façam, juntos, uma pesquisa sobre nossos animais. Elaborem cartazes com fotos e informações. Ajudem a divulgar a riqueza natural do Brasil!
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A BIODIVERSIDADE E EU 25
Há um dito indígena que traduz fielmente a ideia de que o homem está intimamente ligado à natureza. A frase, atribuída a um líder indígena norte americano, diz: “nós não herdamos a terra de nossos pais; nós a tomamos emprestada de nossos filhos”. O conhecimento indígena pode nos ensinar muito sobre a relação que mantemos com a Terra. Na base de toda a visão que os povos e as sociedades tradicionais nos ensinam, está a unidade entre homem e natureza. Para os grandes sábios, há uma clara e eterna interdependência entre as duas esferas. Contudo, existe também o pensamento ocidental que influenciou boa parte de nossas concepções sobre o Universo, que estão fundamentadas nos princípios do reducionismo e na crença de que o mundo ele é constituído de partes independentes. Essa forma de “ver o mundo” — mecanicista e linear — influenciou boa parte da organização social e relegou a um segundo plano visões holísticas ou sistêmicas e as visões holísticas e sistêmicas foram deixadas em segundo plano, como se estas fossem menos importantes. Se por um lado, a determinação de estudar um fenômeno ou um objeto pelo seu desmembramento em partes trouxe muitos avanços à sociedade, por outro causou diversos problemas. Podemos dizer que essa tendência desintegradora está na raiz da crise ecológica na qual nos encontramos hoje, e que é percebida nas
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esferas social, econômica, cultural, pessoal e espiritual. Ao pensar e agir de uma forma mecanicista, o homem se distanciou da natureza e passou a tratá-la instrumentalmente, como se fosse um objeto que deve ser estudado, analisado, dissecado para servir a um único fim: o bem estar do ser humano. Precisamos, então, mudar a forma como nos relacionamos com a natureza e passar a enxergá-la não como algo distante e exógeno, ou seja, externo a nós mesmos, mas entendê-la e percebê-la como parte de um sistema do qual todos nós fazemos parte. Pensar desta forma é entender o mundo de uma maneira sistêmica, ordenada, onde todas as partes estão interligadas. E a conexão que existe entre todos os seres se manifesta, não apenas entre as espécies no presente momento, mas também ao longo do tempo, tal qual disse o chefe indígena. Pensar de forma sistêmica implica assumir que existe uma alternativa.
COMO TUDO ISSO AFETA A NOSSA VIDA? Diferente do que muitos pensam, as mudanças no ecossistema afetam diretamente o nosso modo de vida, atingindo todos os elementos envolvidos. Para ilustrar essa situação, propomos uma atividade que ajudará você a compreender um caso frequentemente relacionado à destruição da biodiversidade e aos impactos causados sobre os ecossistemas e as suas populações. A relação entre preservação do meio ambiente e desenvolvimento econômico sempre foi vista como “ganha × perde”. Ou seja, na visão tradicional, o meio ambiente atrapalha o desenvolvimento econômico e é impossível manter um sem abrir mão do outro. Um exemplo disso são os projetos de infraestrutura, que via de regra causam grande impacto ambiental. Mas será possível chegar a uma solução alternativa, capaz de atender interesses tão antagônicos? Vamos, a seguir, conhecer uma situação bastante comum, que trata de conciliar os interesses imobiliários com a necessidade de preservação ambiental. Para este exercício, serão utilizadas as metodologias do Diálogo e do Jogo de Papéis. As informações necessárias para conduzir esta atividade estão na última sessão do livro.
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CONFLITO NA CIDADE DE COSTA VERDE
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É julho de 2015 e a cidade ficitícia de Costa Verde, localizada no Estado de Sol a Pino, está em dúvida sobre qual caminho seguir com relação ao desenvolvimento futuro de seu território. A região já teve uma produção de café bem estabelecida, mas nos últimos dez anos, a maior parte de seus cafezais foi substituída, enquanto as instalações turísticas e industriais cresceram significativamente para a economia da região. Costa Verde atingiu uma posição de destaque como o maior porto da região. Ao mesmo tempo, sua população cresceu 6% nos últimos cinco anos, chegando a 750 mil pessoas. Grande parte do crescimento urbano se deve a vinda de agricultores pobres a procura de trabalho no porto ou entre os novos hotéis e restaurantes que crescem ao longo da costa. Como a região se tornou mais urbanizada, as desigualdades de renda também ficaram mais aparentes. Dez anos atrás, havia uma grande classe média de comerciantes, mas agora cerca de 20% das famílias estão vivendo em situação de extrema pobreza, principalmente em favelas, e os 5 % mais ricos possuem 70% da riqueza da cidade. Ao mesmo tempo, turistas de todo o mundo têm sido atraídos para as belas praias perto de Costa Verde. As autoridades locais tentam incentivar o desenvolvimento econômico da região, a fim de melhorar o padrão de vida para todos os moradores. Até o momento não houve consenso sobre o tipo desejado de desenvolvimento, ou qual seria o nível aceitável de impacto sobre o meio ambiente local. Várias propostas de desenvolvimento, controversas, têm sido levantadas nos últimos meses, e aqueles com um interesse no futuro da cidade ainda não chegaram a um acordo sobre qual rumo o desenvolvimento da região deva seguir. A cidade de Costa Verde fica na foz do Rio Azul, que deságua formando um estuário logo abaixo da cidade. Na margem oposta do rio encontra-se um grande complexo hoteleiro e, a oeste, uma série de
praias de areia branca e instalações turísticas de alto padrão. O complexo do hotel é conhecido como Porto Fino, e é propriedade de um empresário local, que deseja ampliar as suas instalações nos próximos anos. Atua na região a maior organização de conservação do país, chamada Guardiões da Mata.
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A ILHA DOCE No centro do estuário do Rio Azul, encontra-se uma ilha de 65 hectares que está situada dentro da jurisdição da cidade de Costa Verde. Conhecida como Ilha Doce, foi o local de um dos primeiros assentamentos dos fundadores da cidade. Atualmente, cerca de 15 famílias de uma comunidade tradicional caiçara ainda vivem na ilha. Já a “Guardiões da Mata” possui uma reserva natural de 15 hectares, no lado sul da ilha, junto ao estuário. A prefeitura controlava os restantes 50 hectares até o início dos anos 1980, quando enfrentou graves dificuldades financeiras devido ao aumento dos custos dos serviços municipais. Visando incrementar as receitas, a cidade colocou para locação um
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lote de 15 hectares de terra (no ponto extremo sul-ocidental da ilha) para o resort Porto Fino, que construiu um conjunto de casas rústicas turísticas e opera uma balsa que transporta os turistas do continente para a ilha. Os trinta e cinco hectares restantes são formados por terra rochosa e permaneceram subdesenvolvidos. Hoje, Costa Verde está, novamente, enfrentando uma escassez de recursos. O contrato de arrendamento da Ilha Doce, concedido ao resort Porto Fino, está prestes a expirar. Ao invés de renová-lo, a cidade decidiu vender todos os seus 50 hectares na ilha. O preço do terreno é fixado pela prefeitura, mas a escolha sobre para quem vender dependerá de qual uso da terra for considerado o mais desejável por todos. Dois partidos políticos apresentaram ofertas de compra do terreno. A Guardiões da Mata propôs a compra da terra, a fim de converter toda a ilha em uma reserva natural, ampliando, assim, a sua própria área de preservação existente. O hotel Porto Fino fez uma contraoferta, e propôs a compra do imóvel para desenvolvê-lo como atração turística e resort. As principais atividades do hotel acontecem no continente, ao sul do Rio Azul, mas Porto Fino quer expandir significativamente suas operações na ilha, e portanto irá construir ali um segundo hotel resort. A situação atual tem levantado várias questões difíceis de serem respondidas. Por exemplo, como devem ser equilibrados os interesses de desenvolvimento econômico e a conservação da natureza? E, qual forma de desenvolvimento econômico deve ser incentivada na região? Considerando essas questões amplas, os interessados presentes na reunião devem decidir sobre a seguinte questão: O que deve acontecer com Ilha Doce? Ela deve ser usada para o turismo, ser transformada em uma reserva natural, alguma combinação entre as duas alternativas ou ainda outros usos? Agora, veja o perfil das pessoas que estavam presentes à reunião:
Romildo “Jangadeiro”, 38 anos Morador caiçara tradicional da Ilha Doce Sou líder comunitário em Ilha Doce e defendo os interesses dos moradores no local, assim como a preservação de sua cultura e tradições. Temo a instalação de um segundo hotel resort, pois isso aumentaria significativamente a chegada de turistas à ilha, o que interferiria na dinâmica da comunidade. Por outro lado, se a área for transformada em reserva natural, espero que sejam garantidos os direitos das famílias caiçaras, pois, do contrário, elas serão obrigadas a deixar Ilha Doce. Carlos Palmeira, 47 anos Chefe regional, Ministério do Meio Ambiente Fui chefe regional do Ministério do Meio Ambiente por quinze anos e tenho uma experiência considerável com as questões de gestão do uso da terra. O Ministério do Meio Ambiente é responsável por proteger os recursos naturais e a qualidade ambiental do país. A prioridade para o Ministério é a sua nova iniciativa de ampliação das áreas protegidas em todo o território nacional. Maria das Dores, 56 anos Prefeita do Município de Costa Verde Há três anos fui eleita prefeita de Costa Verde. Meu principal objetivo no cargo é aumentar as perspectivas econômicas da cidade. Sou forte defensora de uma série de propostas de crescimento, em particular aquelas que têm incentivado o desenvolvimento do turismo em nossa cidade.
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Carlos Guerreiro, 39 anos Diretor Executivo da Guardiões da Mata Sou diretor da maior organização de conservação do país e estou supervisionando um novo e agressivo plano para proteger os habitats dos ecossistemas prioritários, adicionando-os à rede de RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural) controlada pelos Guardiões da Mata. Como parte dessa estratégia, apresento a proposta de nossa organização para comprar os 50 hectares na Ilha Verde. Daniel Farias, 63 anos Proprietário do Hotel Porto Fino Por dez anos, fui o proprietário do histórico Hotel Porto Fino. Tenho grande experiência com turismo e vejo um enorme potencial para expandir as instalações hoteleiras em Costa Verde e, em particular, na linda Ilha Doce.
A reunião de hoje será facilitada por um mediador independente, que tentará ajudar o grupo a chegar a um acordo. Todos assumiram o compromisso de trabalhar rumo a um consenso sobre os problemas descritos acima. Se o grupo tiver sucesso, a proposta será aprovada imediatamente pela Câmara dos Vereadores de Costa Verde. No entanto, se o grupo não chegar a um acordo, o mediador enviará essa questão para a Câmara Municipal, juntamente com uma descrição detalhada dos pontos de acordo e desacordo. Ninguém pode prever como a Câmara irá resolver a questão. Também é possível que os vereadores não tomem nenhuma ação imediata, o que só irá aumentar a incerteza e a tensão dentro de Costa Verde.
DIÁLOGO E CONSENSO
á se tornou sabedoria popular a importância da comunicação para a superação de impasses. Entretanto, o que se nota é que, em muitas ocasiões, grupos de pessoas se encontram em condição de conflito, não por discordar a respeito de uma determinada situação, mas porque são incapazes de perceber aquilo com que concordam. O diálogo é uma forma pela qual os atores sociais envolvidos em impasses podem estabelecer conversas significativas, ou seja, que permitam o surgimento de alternativas capazes de superar — ou evitar — situações de conflito, chegando assim ao consenso. O diálogo é um melhor caminho para o consenso do que o debate, pois permite que cada cidadão exponha as suas ideias, levando a uma convergência entre os participantes, das suas percepções sobre os significados dos problemas. Isso acontece porque somente o diálogo possibilita que indivíduos exponham seus pontos de vista acerca das questões sociais. Quando as pessoas conseguem sair do nível das posições defendidas e chegam ao patamar das concepções de mundo que trazem consigo, ampliam-se as possibilidades de consenso. Uma troca de pontos de vista que se traduz em novos conceitos, valores, crenças e ideias que, por sua vez, se transformam conforme são expostos. É no espaço da livre troca de impressões e argumentos que as pessoas têm a oportunidade de aprender, ou seja, de transformar a si mesmas a partir de influências e reflexão. Só assim, é que poderão chegar a consensos.
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DIÁLOGO OU DISCUSSÃO? Um diálogo verdadeiro não é um embate de ideias e pontos de vista, com um grupo fazendo de tudo para convencer o outro a mudar de visão ou de opinião para que uma posição prevaleça. O diálogo verdadeiro acontece quando as pessoas escutam atentamente a opinião dos outros e estão abertas para mudar seus pontos de vista. É somente quando estamos abertos para ouvir interpretações diferentes das nossas e, eventualmente mudar de opinião, que se
chega a acordos para soluções efetivas e duradouras. Se a solução for imposta por um grupo, quem foi “vencido” na discussão ficará contrariado e provavelmente desistirá de participar do processo. Mas sabemos que manter um diálogo construtivo não é tarefa simples. É mais fácil tentarmos convencer o outro a fazer as coisas “do nosso jeito” do que criarmos alternativas que atendam aos interesses de todos, ainda que parcialmente. Somente quando as soluções propostas satisfazem aos interesses de todos é que se chega a um consenso. A03
DEBATE Há um espírito de “ganhar ou perder”: é um embate de ideias e posições.
DISCUSSÃO
DIÁLOGO
Troca de argumentos sem necessariamente se aprofundar no tema ou chegar a um consenso.
Mais sintonizado com o pensamento e com as preocupações do grupo.
JOGO DE PAPÉIS A atividade coletiva proposta nos livros desta Coleção, é um Jogo de Papéis, ou seja, um tipo de dinâmica onde os jogadores interpretam um personagem, criado dentro de um determinado cenário ou ambiente. A técnica permite aos jogadores se colocarem em situações de tomada de decisão similares às reais, permitindo a aprendizagem em relação ao tema abordado, possibilitando a observação das atitudes dos jogadores e a discussão do resultado de suas ações.
PREPARANDO O GRUPO PARA O JOGO DE PAPÉIS Antes de iniciar o Jogo de Papéis, é importante que um participante seja escolhido para organizar o funcionamento da sessão. Esta pessoa será chamada de “mediador”, assim como nos debates políticos da televisão. Se o jogo for promovido entre um grupo de alunos, o papel de mediação pode ser assumido pelo professor responsável. O mediador deverá criar um espaço seguro para que os participantes possam se expressar aberta e livremente, removendo as desigualA04 dades de poder ou posição que possam existir no grupo. É fundamental que o grupo perceba o ambiente como um lugar aberto e acolhedor para se expressar sem medo de críticas ou ridicularização. Você já esteve em situações em que não se sentiu à vontade para expressar a sua opinião? Então podemos dizer que aquele não era um ambiente propício para um diálogo construtivo. Também é papel do mediador encorajar novos pontos de vista sem rotulá-los. A troca de opiniões, e não o convencimento, é o que se busca. Para tanto, o mediador deve conceder a palavra e organizar as falas. É muito importante que esta pessoa dê voz a todos, de forma democrática e em igualdade. Ela é responsável por estipular um tempo para a sessão, sinalizando ao grupo quando o término estiver próximo. Após a definição do mediador e da apresentação das regras do diálogo, os grupos devem ser formados. Cada grupo irá representar um dos atores sociais envolvidos no caso que vimos neste livro e terá determinado tempo para apresentar suas ideias e pontos de vista, assim como estar aberto para ouvir as posições dos demais. O objetivo do Jogo de Papéis é estabelecer o diáDICA IMPORTANTE logo entre todas as partes envolvidas da forma mais O Jogo de Papéis pode democrática e séria possível, buscando uma solução durar de 2 a 3 horas. Considere a possibilidaconsensuada para a questão apresentada. de de dividir a atividade Para que isso aconteça, converse com os demais em dois encontros: um integrantes do grupo sobre cada ator social que será para preparo dos grurepresentado, troquem impressões e façam anotapos e pesquisa e o outro para a sessão coletiva.
ções. Para que suas opiniões não fiquem simplesmente no terreno da fantasia, vocês poderão fazer uma pesquisa sobre casos reais, levantando pareceres de especialistas e apresentando números e estatísticas. Somente com informações concretas, será realmente possível defender os seus argumentos de forma objetiva. Sem informações que embasem os seus pontos de vista, a discussão ficará no “achismo”. Por outro lado, lembrem-se que um mesmo fato ou informação pode ter mais de uma interpretação. Para definir melhor o perfil do ator social que vocês irão representar, respondam: A05 • • • • • •
Quem eu sou e o que eu faço? Quais as coisas que eu mais valorizo? Quais são as minhas reais necessidades? Até que ponto estou disposto a mudar de opinião? De que eu abriria mão? De que eu não abriria mão?
TÉCNICAS PARA A PROMOÇÃO DO DIÁLOGO Para ajudar o grupo a chegar a um consenso, vamos apresentar algumas técnicas. Sim, há técnicas para se alcançar o consenso! A
Pare de falar e escute atentamente o que os outros estão dizendo. Não vá logo pensando em como irá confrontar o ponto de vista do outro. Antes, pare, escute. O que você concorda naquilo que o outro falou? Com o que você não concorda?
B
Não interrompa os outros participantes enquanto eles estiverem falando. Controle a ansiedade e aguarde a sua vez.
C
Se coloque no lugar dos outros participantes, tentando visualizar os problemas por eles enfrentados, buscando compreender a sua visão de mundo, sua linguagem e seus valores.
D
Demonstre e aja com verdadeiro interesse. Não disperse a sua atenção enquanto os outros falam.
E
Procure o significado nas entrelinhas das falas dos outros. O que eles estão querendo dizer, mas que não foi verbalizado, foi omitido ou não explicado? Pergunte a respeito disso.
F
Foque em fazer apenas comentários construtivos. Resista à tentação de criticar, replicar ou estigmatizar uma fala assim que ela for proferida. Guarde os seus comentários para o momento em que o contexto tiver se alterado, que é quando a crítica poderá ser feita ao tema ou assunto e não à pessoa que fez o comentário.
G
Observe o comportamento não verbal, como linguagem corporal, para perceber o que foi “dito” mas não foi falado.
H
Não fique com dúvidas. Você realmente entendeu o que o outro quis dizer ou está supondo que entendeu? Verifique se a sua compreensão está correta por meio de perguntas que comecem com frases como “estou certo em admitir que você(s)…”. Investigue também, por meio de perguntas, por que ele acha que a posição por ele apresentada é a melhor.
I
Exponha seu ponto de vista de forma clara e objetiva, para que todos entendam por que você está defendendo determinada posição. Lembre-se de demonstrar a todos quais são as suas reais necessidades e como a posição que você está defendendo atende a isso. Apresente sua perspectiva com frases do tipo “nosso ponto de vista está baseado no fato de que…” .
J
Explore coletivamente soluções criativas e que não apareceram antes. Não fique preso apenas ao que você já sabe sobre os outros grupos. Faça perguntas do tipo “as suas necessidades ainda seriam atendidas se, ao invés da sua solução, fizéssemos…?”.
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DESENVOLVIMENTO DO JOGO DE PAPÉIS Após cada grupo ter elaborado o perfil dos respectivos atores sociais e respondido às perguntas citadas, inicia-se a sessão de diálogo. O mediador apresenta novamente o dilema em questão, certificando-se de que todos entenderam o entrave, como serão conduzidas as falas e a duração prevista para a atividade. Não é necessário estipular um tempo máximo para cada fala, pois isto pode limitar a qualidade das conversas. Por outro lado, não queremos sessões de monólogos e se não houver bom senso por parte de quem fala, o mediador tem o direito de pedir a palavra. O papel do mediador é promover, por meio do questionamento, a expressão dos diversos pontos de vista, explorando as possibilidades e interesses comuns à medida em que estes vão se revelando. É importante que o grupo explore as oportunidades de consenso a partir das necessidades de cada ator social. Muitas vezes, as conversas estagnam em torno das posições defendidas, sem que se aprofundem para o campo das necessidades. Passar do campo das posições para o das necessidades permite ao grupo criar ou visualizar oportunidades inexploradas. A imagem do iceberg, ilustrada ao lado, representa bem a diferença entre posições, interesses e necessidades de cada pessoa. As posições divergentes são como as pontas de um iceberg, sobressalentes na superfície da mar. Assim como é impossível visualizar o restante do iceberg, escondido abaixo da linha d’água, muitas vezez não somos capazes de identificar com precisão quais são os reais interesses de nossos interlocutores, pois nos atemos à superficialidade de seus argumentos,
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e não ao que vai em seu íntimo, aquilo que gostariam verdadeiramente de comunicar. Nos atemos somente à parte mais visível. Mais profundas ainda que os interesses, estão as necessidades do grupo ou indivíduo. Um diálogo só é produtivo quando cria uma ampla gama de alternativas para o posicionamento dos atores envolvidos. DISCUSSÃO E APRENDIZAGEM SOBRE O JOGO DE PAPÉIS
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As questões abaixo devem ser utilizadas como guia para uma conversa em grupo sobre o processo e os resultados alcançados durante a sessão de diálogo. Um dos integrantes, ou o professor, pode mediar esta conversa, sempre passando a palavra a todos os participantes. Sobre os resultados • Houve consenso? Em caso afirmativo, vocês consideram sustentável o acordo ou o consenso a que o grupo chegou? O que pode garantir que esse tipo de acordo se mantenha? • Todos os atores sociais tiveram as suas necessidades atendidas? • Foi possível assegurar ganhos mútuos, ou seja, situações de “ganha-ganha”, nas quais ninguém perde? O que pôde garantir isso? • Foi possível fortalecer os relacionamentos entre os participantes? Em outras palavras, vocês estariam dispostos a negociar com essas pessoas novamente? E, será que estas pessoas teriam interesse em negociar com vocês outra vez? Sobre a representatividade • Os interesses e necessidades fundamentais de todas as partes foram bem representados? • Vocês acreditam que poderiam realizar este tipo de negociação e diálogo de grupo em uma situação real? O que precisa ser superado para que o diálogo funcione em situações reais?
• Há grupos de atores sociais que não estavam presentes, mas que poderiam ter afetado o resultado do consenso? Como o grupo poderia ter considerado as preocupações destes atores sociais? Sobre a negociação e a construção do consenso • Foram formadas coalizões? Quais? Estes acordos ajudaram a construir o consenso ou a bloqueá-lo? • Como o grupo chegou ao consenso? Tratou um ponto de vista de cada vez ou abordou o problema de uma forma completa? • Algum ator social ficou insatisfeito com o resultado? Como o grupo lidou com isso? Sobre o processo • Quais foram as principais fontes de incerteza que surgiram no decorrer do processo e como vocês lidaram com elas? • Como as informações foram obtidas? Elas foram compartilhadas? O grupo foi capaz de criar soluções criativas? Quem propôs estas soluções e por quê? • Como o grupo lidou com as diferenças dos valores morais apresentadas por cada ator social? • O poder dos atores sociais interferiu no resultado final do diálogo? • Como o grupo lidou com as diferenças de poder e informação? Como vemos, o diálogo não é apenas uma série de técnicas destinadas a melhorar a comunicação, chegar a um consenso ou resolver um problema. Durante o processo de diálogo, pessoas aprendem a pensar juntas. Não apenas analisam um problema ou criam coletivamente, mas constroem uma sensibilidade comum na qual os pensamentos, emoções e ações resultantes não pertençam a apenas um indivíduo, mas a todo o grupo.
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ATIVIDADES AUXILIARES A10
As atividades que descrevemos neste capítulo podem ser realizadas antes que o Jogo de Papéis seja iniciado, pois, servirão como uma espécie de “aquecimento” e irão ampliar as possibilidades de consenso. CONHECENDO OUTRAS PERSPECTIVAS Quanto mais perspectivas sobre a questão central do projeto a equipe levar em consideração, maiores serão as possibilidades de se chegar a um consenso e construir uma ação coletiva. Em situações complexas, é importante que você tenha uma compreensão holística, ou seja, respeite o todo, levando em consideração as partes envolvidas e suas interrelações. Uma compreensão construída a partir das múltiplas perspectivas dos diversos atores sociais, permite que você possa tomar decisões informadas e relevantes. Ser capaz de identificar e compreender o ponto de vista das diversas partes envolvidas é um aspecto fundamental para um agente de mudança. Sua capacidade de “ver o mundo através de outros olhos” irá impactar diretamente a forma como você toma decisões. O nome que se dá a isso é empatia. Em uma folha de papel disposta sobre o chão, ou em uma mesa, desenhe um diagrama como o da figura a seguir. No centro da roda, exponha o desafio principal enfrentado pelo grupo do diálogo. Nas áreas
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ao redor do centro, anote os nomes dos grupos de atores sociais, ou seja, aqueles que estão interessados ou envolvidos na questão central (você poderá, por exemplo, usar os nomes e as ocupações dos personagens sugeridos para o Jogo de Papéis proposto neste livro). Cada participante deverá se posicionar no “pedaço da pizza” com o nome do ator social que ele representa. Cada pessoa, na sua vez, dirá com suas próprias palavras qual o seu entendimento do problema, a partir da perspectiva de quem ela representa. Sua fala, neste momento, não deverá ser uma interpretação, mas sim estar baseada em fatos extraídos dos textos de apoio e pesquisas. As conversas não
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precisam durar mais do que um minuto e a pessoa que fala não deve ser interrompida. Para deixar a atividade ainda mais interessante, os participantes podem trocar de lugar, assumindo o papel de um outro ator social, tendo assim contato com um ponto de vista diferente sobre o tema. Como conclusão do exercício, o grupo chega a um insight para cada ator social. Um insight tem a ver com aquilo de mais significativo que foi expressado por cada ator social, e que ajudará a construir uma solução ao desafio colocado. Este exercício e os seus resultados visam levar a uma melhor compreensão das múltiplas perspectivas que possam existir sobre um mesmo problema. JOGOS PSICODRAMÁTICOS A dramatização é uma ferramenta de grande valor quando se trata de incentivar a aprendizagem. É um método de intervenção social e pesquisa das relações interpessoais, em grupo ou/e individualmente, e um poderoso agente de transformação. Ao favorecer a vivência da experiência do grupo, recria modelos de relacionamento, e a percepção das diferenças individuais de opinião, sentimentos e emoções, servindo para aprofundar a consciência dos valores. Tornando-se ao mesmo tempo autor, jogador e observador, cada indivíduo participa do jogo através do movimento e da espontaneidade, o que promove atuação livre de todos, estimulando a criatividade na produção dramática e na catarse. Os únicos requisitos para a dramatização são: espaço, tempo, grupo de indivíduos e tema. O objetivo destes jogos é praticar o diálogo e a cordialidade, e observar o contexto nas diversas dimensões em que se apresentam. O tempo de duração varia de acordo com o planejamento do grupo. Para desenvolver a atividade são necessários materias para anotações. Adereços como roupas e cenário podem ajudar, mas não são indispensáveis.
Organização do Jogo 1
O coordenador propõe um tema central como, por exemplo, "Uma alternativa para a poluição sonora em um bairro da cidade".
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Os participantes podem atuar de diferentes formas: como um único grupo, como subgrupos que representarão diferentes aspectos da questão ou ainda divididos entre atores e plateia.
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Os participantes criam o roteiro coletivamente e distribuem as funções e papéis.
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Os atores representam seus respectivos papéis. Seguindo o exemplo acima, os personagens podem ser: o prefeito, a moradora, o catador de recicláveis, o empresário de limpeza urbana, o diretor de uma ONG, um pai de família que vive no lixão etc.
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Depois da dramatização, é dado um tempo para que atores e espectadores percebam o que aprenderam.
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Após esse tempo, o coordenador inicia a discussão final em que levanta tanto o que foi conscientemente verbalizado, quanto aquilo inconscientemente revelado através da dramatização.
A Dramatização de uma Cena Distinguem-se, no desenvolvimento da ação psicodramática, três momentos de importância singular. A primeira fase, o aquecimento, é quando o grupo se prepara. Os participantes desenvolvem um tema e, com o afloramento de um protagonista, dá-se início a um segundo momento: a representação propriamente dita, ou seja, a cena dramática. Aqui ganham importância os coadjuvantes, que serão os encarregados de encenar os personagens ao contracenarem com o prota-
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gonista, com outros personagens reais ou fantasiosos, sempre com atenção para os aspectos dos atores do jogo, símbolos de seu mundo etc. A terceira fase é o compartilhamento, o retorno do protagonista, momento em que o grupo compartilha seus sentimentos e vivências, reflete sobre tudo o que foi acontecendo a cada personagem durante a cena, bem como as ressonâncias que ela produziu. Coleta de Perspectivas A14
Os participantes da atividade devem anotar as impressões, perspectivas e opiniões de cada um dos grupos retratados no psicodrama. Para organizar a coleta de informações, é necessário registrar a palavra, frase ou expressão considerada mais significativa na representação de cada um dos grupos/personagens. Veja o exemplo na próxima página: os personagens do psicodrama discutem sobre “uma alternativa para a poluição sonora em um bairro da cidade”. Imagine uma situação em que um bairro tradicional de uma cidade de médio porte se transforma em um ponto de encontro e entretenimento, com muitos bares, casas de shows e restaurantes, dividindo o espaço com os moradores. Reflexão Ao final da encenação e da coleta de perspectivas, o grupo deve se juntar para refletir e argumentar sobre o aprendizado coletivo. Veja alguns questionamentos que podem ser feitos neste momento: • Como foi participar ou assistir a atividade? • Qual foi a parte mais difícil? E a mais fácil? • Quais insights e feedbacks foram adquiridos através do jogo?
Almir Simões, o fiscal da prefeitura
Minha função é fiscalizar, multar quando for preciso e fazer cumprir a lei. Pelo que tenho visto nos últimos dias, esse bairro está muito barulhento! Jucélia Leal, a moradora do bairro
Está insuportável! Os bares e restaurantes não respeitam os moradores e fazem barulho até altas horas da madrugada. Chega! Mauro Sá, músico que se apresenta na região
O bairro é muito bom para os músicos. Com os shows que fazemos nos bares daqui, sustentamos nossas famílias. O bairro é o nosso “ganha-pão”. Marta Leite, proprietária de uma casa de shows
As pessoas que frequentam os bares querem se divertir! Empregamos muita gente e movimentamos toda a economia dessa região. Zeca Vieira, o diretor da Associação do Bairro
O bairro está dividido entre os moradores e os empresários. Precisamos chegar a uma solução que beneficie a todos. Aqui, um depende do outro. Jô Américo, vereador que propôs a Lei do Silêncio
Barulho tem limite. Vamos aumentar a fiscalização e tentar acabar com toda esta bagunça aqui! Em breve teremos uma lei específica para isso.
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BIA Monteiro é graduada em Psicologia pela PUC-SP e pós-graduada em Psicologia Social na Boston University. Trabalhou durante muito tempo na área educacional e, nos últimos anos, tem se dedicado ao estudo do potencial humano participando de cursos em diversos países. Em 1997, fundou a Evoluir, uma organização dedicada a promover uma nova forma de ensinar e aprender, seja na escola, em casa ou em qualquer espaço de convivência e que, por meio de publicações, eventos e projetos, leva a público a discussão de diferentes temas. Edson Grandisoli é Biólogo, Ecólogo e Consultor em Educação e Sustentabilidade. Nas últimas duas décadas tem se dedicado à sala de aula e elaboração de coleções didáticas e paradidáticas. Há 11 anos, é Diretor Pedagógico da Escola da Amazônia, projeto do terceiro setor em Educação para a Conservação e Sustentabilidade. Atualmente, colabora com diferentes escolas no desenvolvimento e implementação de projetos em Educação e Sustentabilidade, tema de seu doutoramento pelo Programa de Ciência Ambiental da USP. Fernando Monteiro é graduado em Agronomia pela ESALQ/USP e doutorado em Ciência Ambiental pela USP, com estudos sobre Aprendizagem Social. Foi diretor de redes e comunicação do LEAD International, em Londres, entre 2007 e 2009, e pesquisador associado do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da USP–Procam. É educador e acredita que a aprendizagem profunda acontece por meio de experiências transformadoras. É sócio-fundador da Evoluir. Samuel Rodrigues é ilustrador. Desde pequeno gosta de desenhar, simplesmente por gostar de desenhar. Aprendeu observando o mundo e praticando, aperfeiçoando os traços, “gastando” a mão e o olhar. Ilustra para livros, revistas, publicidade e jornais. Além disso, também desenha nas horas vagas.
PROGRAMA EDP NAS ESCOLAS
O Programa EDP nas Escolas visa contribuir para a melhoria da qualidade da vida estudantil de alunos do ensino fundamental de escolas públicas municipais. Para tal, desenvolve ações que fornecem ferramentas para o desenvolvimento dos professores e melhor aprendizado dos alunos, além de estimular a participação da comunidade no ambiente escolar, mobilizar parceiros em torno do pilar educacional e promover a integração da arte e tecnologia com a energia. Em 2020, o programa está promovendo a sensibilização a respeito da Biodiversidade do Brasil, abordando o tema para mais de 9 mil alunos, de 38 escolas, em 7 estados: Amapá, Ceará, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins. Ao compartilhar este livro, pretendemos estimular a reflexão em crianças, jovens e professores sobre a importância da preservação de cada bioma do nosso país e a riqueza natural que cerca todos os cantos do Brasil. A EDP, companhia que atua em toda a cadeia do setor elétrico, patrocina diversos projetos por meio do Instituto EDP, organização responsável pela gestão dos investimentos socioambientais do Grupo. Para saber mais sobre os projetos do Instituto EDP, acesse o site: www.institutoedp.org.br. EDP. Nossa energia para cuidar sempre melhor.
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