As raízes de Luriel

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No supermercado Descendente de quilombolas, Luriel mora com sua mãe em uma grande cidade brasileira. A menina tem um jeito de ser muito parecido com o dos grandes desbravadores e aventureiros dos séculos passados: não se satisfaz com respostas prontas, está sempre em busca de mais conhecimento. Desta vez, foi no supermercado que surgiram os questionamentos: — De onde vêm todas essas coisas empilhadas nas prateleiras, mãe? — De vários lugares, filha — respondeu a mãe, já acostumada com as perguntas de Luriel. — Algumas vêm de indústrias e outras, como as frutas e legumes, vêm do campo. — Quer dizer que algumas comidas não são naturais e são criadas em uma indústria!? — Mais ou menos, filha. De certa forma, tudo vem da natureza, mas nem tudo vem para as prateleiras exatamente do jeito que a natureza criou! A mãe de Luriel explicou então que as indústrias processam certos produtos naturais, isto é, acrescentam sal, açúcar, farinha, aromatizantes, conservantes e outros ingredientes para produzir outros tipos de comida, como bolachas, chocolates e salgadinhos. Esses produtos são chamados de alimentos processados. A menina não ficou muito satisfeita com a resposta, mas aquietou-se por um momento. — E as frutas e os legumes, mãe, quem produz? — perguntou Luriel, retomando a conversa. — Provavelmente algum agricultor.

O que são conservantes, acidulantes, corantes e outros “antes”? A indústria de alimentos criou uma série de produtos que são adicionados aos alimentos para garantir que eles durem mais tempo nas prateleiras, chamados de aditivos alimentares. Esses aditivos servem para manter as características daquele alimento por mais tempo e busca garantir que o alimento tenha valor nutritivo, sabor e textura adequados para que o consumidor goste dele. Existe uma quantidade limite para esses aditivos, definida pelo governo. Eles não são tóxicos, mas será que fazem bem à saúde? Não seria melhor consumir coisas frescas e recém-preparadas em vez de comer o que está na prateleira há algum tempo?

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— Mas que agricultor? — Não sei, filha! Não dá para saber tudo! Luriel incomodou-se ainda mais. Como assim não dá para saber de onde vem a comida que a gente compra? Alguém deve saber! E lá foi ela perguntar a um rapaz que trabalhava no supermercado, etiquetando os preços. — Moço, com licença! De onde vêm as frutas e os legumes que vocês vendem aqui? — De vários lugares, mocinha — respondeu ele de forma simpática. — Mas quem os plantou? Proposta de — Algum agricultor. Mas não sei ao certo quem é. Eles juntam a produção de vários agriculatividade tores em uma central de distribuição e mandam Saiba o que você come! Vá até para cá e para outros mercados da rede. a cozinha e separe todas as — Mas quem são “eles”? E onde estão os comidas industrializadas de produtores? que você mais gosta. Busque — “Eles” é a equipe que trabalha na central no rótulo desses alimentos de distribuição de produtos desta rede de superseus ingredientes e qual sua mercados. Agora, quem são os agricultores eu não origem. Responda: Quais insei! Mas todos os tomates são iguais, olha. E muigredientes você não conhece? to saborosos — concluiu ele, mostrando um belo Pesquise e descubra para que tomate. eles servem. Procure em um “Isso tudo é muito estranho. Nem parece que tem mapa e descubra a distância pessoas produzindo isso!”, pensou Luriel. (em quilômetros) entre a produção desses alimentos e a sua casa.

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É dia de feira! Uma semana depois, Luriel e sua mãe foram à feira livre do bairro para comprar algumas frutas. A menina sentiu-se um pouco perdida naquela bagunça toda: os vendedores cantando suas ofertas, aquelas bancadas cheias de frutas e verduras coloridas e aquele cheiro de frutas amassadas no ar. Já Proposta de do caldo de cana ela gostava muito! Aquelas montanhas de belas maçãs, pêsseatividade gos suculentos e tantas outras frutas e verduras De onde vem seu alimento? instigaram de novo a curiosidade de Luriel. De Vá até uma feira livre peronde teria vindo tudo aquilo? Ela estava no lugar to da sua casa ou escola e certo para descobrir! Cutucou um dos vendedores, pergunte aos vendedores que logo lhe ofereceu um pedaço de abacaxi para se eles cultivaram aquele provar. alimento ou se apenas reven— Docinho, né? — sugeriu ele. — Esse veio dem. Caso não tenham sido diretamente da Paraíba, o melhor abacaxi que se eles próprios, pergunte enpode ter. tão, se eles sabem quem — Paraíba? Onde fica? — perguntou ela, enteria sido. Quantos, dentre quanto se lambuzava da fruta. os vendedores, são também — No Nordeste, Lulu — respondeu a mãe, agricultores? Quais deles sabem a origem dos alimentos antes do vendedor —, há quase três mil quilômeque vendem? tros daqui.

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Você sabe a quantidade de alimentos que é desperdiçada no Brasil? Quase 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados por ano no mundo inteiro. Esse valor é quase ⅓ do que é produzido. No Brasil, são 26,3 milhões de toneladas desperdiçadas por ano, o que conseguiria alimentar até 19 milhões de pessoas por dia. Boa parte desse desperdício acontece durante o transporte e a comercialização desses alimentos. Será que é realmente necessário trazer de tão longe os alimentos até o consumidor?

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— Nossa, mas tudo isso? Não tinha abacaxi mais perto não? — Não tão gostoso como esse, menina. Vai querer levar? — Mas foi você quem plantou? — Não, eu apenas vendo. Não faço ideia de quem plantou. — E como você sabe que ele veio da Paraíba? E se veio de outro lugar? — indagou a menina. O vendedor deu uma gargalhada. — Espertinha ela, não? — observou ele, voltando-se para a mãe de Luriel. — Vai levar? Luriel estava ainda mais confusa. Então, se os vendedores da feira não tinham cultivado tudo aquilo, quem o teria feito? Por que será que é tão difícil a gente saber quem plantou as coisas que a gente come? Muitas perguntas ainda estavam sem respostas para ela. Enquanto ia embora, preocupou-se ainda mais com a quantidade de comida que estava sendo jogada fora no fim da feira. Vários pés de alface, de couve, pepinos e tomates que ainda estavam bons jogados pelo chão. — Isso é comida! Não poderia ser desperdiçada assim.


Delícias da vovó Enfim, as férias chegaram e Luriel ia passar um mês na casa de sua avó, na área rural de uma cidadezinha no interior. Ela não se divertia muito lá, pois não tinha internet e precisava procurar o que fazer, como correr atrás dos patos do sítio ou andar a cavalo com Vô Miranda. Mas se tem algo de que Luriel sentia saudades quanto retornava para sua cidade era da comida feita pela sua avó. Parecia que a casa inteira era invadida por um Proposta de cheiro maravilhoso quando ela cozinhava. De todas as delícias que a vovó preparava, os atividade bolinhos de araruta sempre foram os favoritos de Redescubra sabores! Busque Luriel. No entanto, ela nunca soube bem do que em sua família receitas tradieram feitos. cionais feitas com plantas que — Posso te ajudar, minha nêga? — disse canão são mais encontradas farinhosamente o Vô Miranda, chegando na porta da cilmente. Compartilhe com os cozinha vindo lá do jardim. amigos na sala de aula. Você — Claro, benzinho. Pode ir descascando a consegue desenhar o passo a mandioca enquanto preparo os bolinhos. passo dessa receita? Junte-a — Vovó, o que é araruta? — interrompeu com as receitas dos seus coLuriel, apoiada com a cabeça na bancada, enquanto legas de classe e monte um observava as mão habilidosas de sua avó. pequeno livro de receitas!

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André Biazoti Nascido em São Paulo, André Biazoti é poeta, fotógrafo e ambientalista. É formado em Gestão Ambiental pela ESALQ/USP e desde 2006 trabalha com políticas públicas para desenvolver a agroecologia e ajudar agricultores familiares a deixarem de usar venenos nas suas fazendas. Também é voluntário em hortas comunitárias em São Paulo, como a Horta do Centro Cultural São Paulo (CCSP) e a Horta das Flores. Acredita que todo mundo tem o direito de produzir seu próprio alimento!

Marcos Almeida Natural de Salinas, Norte de Minas Gerais, Marcos cresceu em Araraquara, interior de São Paulo e formou-se em Design Gráfico em Londrina, no Paraná. Atualmente, vive entre o Porto, em Portugal, e Dublin, na Irlanda, onde trabalha como ilustrador e designer.


Evoluir, 2019 Título original

As raízes de Luriel: uma aventura agroecológica

Autor

André Biazoti

Gerente editorial

Patrícia Monteiro

Ilustrações

Marcos Almeida

Projeto gráfico e produção

Chico Maciel

Revisão

Elisa Andrade Buzzo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) B579r

Biazoti, André. As raízes de Luriel: uma aventura agroecológica / André Biazoti ; ilustrações de Marcos Almeida. — São Paulo : Evoluir, 2016. 48 p. : il ; 31 cm. ISBN 978-85-8142-119-3 1. Literatura juvenil brasileira. 2. Agroecologia. 3. Horticultura I. Almeida, Marcos. II. Título. CDU 869.0 (81)-93 CDD 808.899282 Índice para catálogo sistemático 1. Literatura juvenil brasileira 869.0(81)-93 (Bibliotecária responsável: Sabrina Leal Araujo – CRB 10/1507)

Este livro atende às normas do acordo ortográfico em vigor desde janeiro de 2009.

FBF Cultural Ltda. Rua Aspicuelta, 329 Vila Madalena, São Paulo-SP CEP 05433-010 Tel: (11) 3816-2121

Esta obra é licenciada sob uma Licença Creative Commons 4.0 Internacional que permite que você faça cópias e até gere obras derivadas, desde que não as

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Edição 1ª edição, novembro de 2016; 2ª reimpressão abril de 2019 Tiragem 525 exemplares Catalogação 48 páginas; 18,5 cm x 30,1 cm Fonte Quiroga Serif Pro, Whitney e HMS Gilbert Dry Brush Papel capa Cartão (invertido) 300g/m² Papel miolo Suzano Pólen Bold 90g/m² Gráfica Elyon (São Paulo/SP)



Todos os anos, Luriel passa as férias no sítio dos avós, descansando, brincando e comendo os delíciosos bolinhos de araruta que sua vó Miranda prepara. Desta vez, ela vai descobrir muitas coisas novas, como a produção de alimentos orgânicos, a agroecologia, os quilombos e fazer muitos amigos como o Saci e as fadinhas PANCs! Mas nem tudo são flores orgânicas nessa história! Luriel e seus amigos terão que lidar ainda com um vizinho muito mal-intencionado, que só quer saber de colocar veneno na plantação ao lado, prejudicando toda a região. E agora?

ISBN 978-85-8142-119-3


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