Os Heróis contra a Dengue

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Contra a dengue Bia monteiro

ilustraçþes casa locomotiva



Contra a dengue Bia monteiro ilustraçþes casa locomotiva


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Rafael Silva

Simpático, observador e ponderado. Gosta de matemática e foguetes. Com 12 anos, Rasta é uma referência para seus amigos por sua maturidade e seu jeitão tranquilo.

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Michele Sato

Inteligente, disciplinada e cautelosa. Tem 12 anos e é mais tímida e madura do que os amigos. Mika perdeu os pais quando ainda era um bebê e foi criada pelos avós. Ela é bem legal, mas sabe ser firme quando necessário.

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Cauã Ribeiro

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Aline Rizzo

Extrovertido e brincalhão, Uerê tem 10 anos e adora observar a etimologia das palavras, principalmente as de origem indígena.

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Lili tem 8 anos e é espontânea e muito sapeca. Questionadora, não aceita que haja nada “só para meninos ou só para meninas”. Apesar de muito nova, já sabe que lugar de menina é onde ela quiser.

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Eduardo Müller

É o melhor amigo de Uerê. Alegre, participa de tudo, mas não é de falar muito. Tem apenas 10 anos, como o Uerê, e já sabe cozinhar.

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Uma autêntica vira-lata, Miga foi adotada por Lili quando ainda era filhote. Mas a turma toda a tem como companheira. Grande, peluda, babona e muito, mas muito desastrada!

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Miga

Professora Viviane Seixas

Inteligente e simpática, acredita no poder transformador da educação. Está conectada com os desafios e novos processos que acontecem no mundo. Procura experimentar formas inovadoras e originais de ensino e aprendizagem. Vivi valoriza o aluno por aquilo que ele é, e acredita no potencial que cada um deles traz consigo.


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Uma epidemia perigosa

página Crie uma obre s de jornal “A o A ssunto ou”. eg h dengue c

“Atenção, atenção. Comunicado urgente! Acabam de sair os dados sobre a epidemia de dengue que assola o país: 588 mil pessoas foram infectadas só no ano passado e a situação continua piorando...” Mika soube da notícia pela televisão e ficou impressionada. “É muita gente!”, pensou ela. Em seguida, correu para o computador e escreveu pelo Zipzap aos amigos Uerê, Lili, Dudu e Rasta contando o que tinha visto.

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Mika Oi, gente tem alguém aí!? Estão sabendo dessa tal "epidemia de dengue"? Uerê Meu pai comentou alguma coisa! Ele sempre ouve as notícias no rádio e nos mantém informados lá em casa. Lili Minha mãe também me avisou. Disse que leu no jornal que esse mosquitinho é terrível! Rasta Êpa! Pelo jeito, só eu não estava sabendo de nada! Acho que nem eu, nem o Dudu. Ontem passamos o dia todo jogando videogame, e nem ouvimos as notícias, né Dudu? Mika Ué?! Cadê o Dudu? Rasta Calma, gente! Acho que ele tinha comentado que iria para a casa da avó hoje... Lili Não sei não... estou com um mal-pressentimento...

O mal-pressentimento de Lili tinha um fundo de verdade. Um pouco mais à noite, as crianças descobririam que Dudu tinha passado mal, estava com febre e o pai o levara ao posto de saúde próximo a sua casa. O que estaria acontecendo com Dudu?

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Apenas uma gripe?

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Dudu sentia-se muito fraco, com fortes dores de cabeça. Dava para ver pelos sintomas que não era um resfriado comum, tanto que rapidamente o Dr. Eduardo, médico que trabalhava no posto de saúde, foi atendê-lo. Com o termômetro, o médico verificou que a temperatura do garoto estava quase chegando aos 40 °C. E ainda seu corpo estava cheio de manchas vermelhas. Dr. Eduardo perguntou a Dudu se ele sentia dor em algum lugar. — Dói tudo! Estou me sentindo tão mole que nem fome tenho... — respondeu ele. — E olha que eu ofereci até bolo de chocolate e ele não aceitou! — exclamou o pai de Dudu. Dr. Eduardo continuou examinando o menino e finalmente concluiu: — Dudu tem os sintomas da dengue, que são os seguintes: febre alta, dor de cabeça e nos olhos, dor nos músculos e nas juntas, manchas avermelhadas pelo corpo, falta de apetite e fraqueza. Em alguns casos, também pode ocorrer sangramento do nariz e da garganta — e

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continuou explicando —, para tratar a dengue, é preciso fazer repouso, beber muito líquido e só tomar remédios indicados pelo médico. O médico ressaltou esta última informação pois há pessoas que praticam a automedicação, ou seja, quando se sentem doentes vão a torto e a direito tomando analgésicos, anti-inflamatórios e outros medicamentos à base de AAS (Ácido acetilsalicílico) para passar a dor e a febre. Essa prática é muito perigosa,o especialmente no caso de dengue. Isso porque esses remédios podem causar sangramento. — Então, doutor, o que devemos fazer agora? — perguntou o pai de Dudu, tentando ficar mais tranquilo. — Voltem para casa e façam o Dudu descansar bastante e ingerir muito líquido. Tenham um pouco de paciência que tudo vai ficar bem! E não se preocupem porque a dengue não é contagiosa, portanto não passa de uma pessoa para outra. Foi o que fizeram, voltaram para casa. Dudu se acomodou em sua caminha gostosa, tomou um bom copo de água e, lembrando-se dos amigos, pediu ao pai que mandasse a eles e à professora Vivi uma mensagem, contando que ele estava com dengue, em repouso. Como terão eles reagido à notícia?

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Tudo por causa de um mosquito!

a D e s e nh e da n d o , a n li Caro a classe aula para . dos heróis

No dia seguinte, chegando à escola, Rasta comentou com a professora Vivi o que havia acontecido com o Dudu. Alguns colegas ouviram a conversa e formou-se um alvoroço: — Como assim, o Dudu está com dengue? — quis saber um amiguinho. — Nossa! Isso é perigoso? Pega? Dói? — perguntou, preocupada, uma amiga. — Eu achava que isso só acontecesse com as pessoas nos jornais... — comentou outro colega. Vivi reparou o interesse da turma e, pensando em um jeito diferente de informar a todos sobre o Dudu e ainda falar sobre esse assunto tão importante, decidiu convidar uma amiga sua, que trabalhava como agente de saúde, para dar uma aula especial. — Será uma aula aberta à todas as turmas da escola e quem mais quiser participar e aprender sobre a dengue! — propôs ela aos alunos.

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Dias depois, lá estava Carolina toda sorridente, carregando cartazes coloridos. No entanto, ela estava um pouco preocupada, pois seria a primeira vez que falaria a uma turma tão grande. Apesar do frio na barriga, começou a explicação: — Bom dia, gente! Meu nome é Carolina, mas vocês podem me chamar de Carol. A professora Vivi me convidou para falar sobre uma virose que atinge cada vez mais pessoas no mundo e hoje só se fala dela. Vocês sabem qual é? As crianças fizeram que não com a cabeça. E Carolina continuou: — Ah, mas com certeza já devem ter escutado alguma coisa! Estou falando da Dengue, uma doença causada por um vírus, um bichinho tão pequenininho que a gente não consegue enxergar. No caso da dengue, o vírus fica escondido dentro de um mosquito.

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— Já sei, é o Aedes aegypti! — disse Uerê. — Isso mesmo. Ele é escuro, rajado de branco, menor que um pernilongo comum, mas ao contrário dos pernilongos, ele pica apenas durante o dia! Além disso, se prolifera em água limpa ou suja, tanto faz, desde que seja parada. A turma estava impressionada. Para descontrair um pouco, Carol perguntou: — Quem sabe o que quer dizer a palavra dengue? Ninguém levantou a mão para responder, então ela mesma contou: — Dengue é uma palavra de origem espanhola que quer dizer manha, melindre, dengo. — É por isso que tem gente que fica “dengosa”, Carol? — perguntou Lili, que também assistia à aula. Carolina riu e concordou: — É, sim! Fica manhoso e quer receber carinho, abraços, beijinhos e muito dengo. Já bem à vontade com a turma, ela mostrou um desenho animado engraçado chamado “Dengosas picadas”. Nele, o mosquito Aedes, com cara de bruxo malvado, picava as pessoas e estas iam mudando de comportamento: uma garota que pulava corda, toda animada, ficava de repente cansada e dolorida. O mesmo acontecia com um menino jogando bola, com uma mulher indo apressada para o trabalho e um homem no fogão, cozinhando. O mosquito dava risadas de arrepiar e gracejava: “Eta sangue bom!”. Terminado o desenho, Carolina explicou que quem transmite a doença é a fêmea do mosquito, alguns dias depois de ter sugado o sangue de uma pessoa contaminada. — Funciona assim: um mosquito pica uma pessoa contaminada e passa a carregar o vírus da dengue dentro de si. Depois, ele pica

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alguém saudável, transmitindo a doença para essa pessoa. E quando ele pica outra pessoa, adivinhem o que acontece? — Ela também fica doente! — respondeu a classe toda. — Exatamente! — exclamou ela, satisfeita com a resposta correta da turma. A dengue vem se espalhando pelo mundo por diversos motivos: aumento da população mundial, sistema de saúde deficiente, falta de controle de criadouros de mosquitos e aumento do trânsito de pessoas, que assim transportam os vírus de um lugar para o outro. Os alunos continuavam fazendo perguntas a Carolina e ela as respondia com toda a boa vontade:

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— Carol, quando o Aedes pica, a pessoa fica doente na hora? — perguntou Uerê. — Não, não. O tempo entre a picada e a manifestação da doença é de 3 a 15 dias. — Tem gente que morre de dengue? — quis saber Lili. — É raro, mas já houve um ano em que mais de 500 pessoas morreram aqui no Brasil de um tipo mais perigoso da doença, a dengue hemorrágica. Além da febre, cansaço e dores no corpo, ela provoca sangramento, queda de pressão, lábios roxos, dores de barriga e sonolência alternada com agitação. — Uau, essa é brava mesmo, hein!? — exclamou Rasta, preocupado. — Sim! Quando acontece a pessoa tem que ir ao médico imediatamente — explicou Carolina.

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— Existe vacina contra a dengue? — perguntou Mika. — Infelizmente, ainda não! — lamentou a agente de saúde. — Existem muitos estudos, mas por enquanto a prevenção é o melhor método de se combater o pernilongo. De repente, tocou o sinal do intervalo. Vivi pediu aos alunos que ficassem em silêncio para que, conforme já tinham combinado, Mika fosse entregar a Carolina um lindo vaso de flores como agradecimento pela aula tão esclarecedora. Lisonjeada e até um pouco envergonhada, Carolina agradeceu, despediu-se dos alunos e partiu. Em seguida, Mika e os outros alunos aproximaram-se da professora. — Professora Vivi, adorei a aula da Carol sobre a dengue. Onde podemos nos informar mais? — perguntou Mika.


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Vivi ficou satisfeita em ver o interesse de Mika e do restante da turma. Não chegava a ser uma novidade porque aquela turminha era assim mesmo, sempre querendo saber mais! — Que tal pesquisar sobre a história da dengue na internet, Mika? — sugeriu a professora. Rasta, Uerê e Lili também queriam se aprofundar no assunto. Então Vivi resolveu dividir em partes a pesquisa sobre a dengue. Ela sugeriu que Mika escrevesse sobre a origem da dengue, que Uerê estudasse a ocorrência da dengue no Brasil e Rasta no exterior. Até mesmo Lili, a caçulinha que sequer fazia parte da mesma turma, estava empolgada: — Você poderia fazer uma colagem com fotos e desenhos do famoso mosquito Aedes, Lili! — disse a professora, percebendo a disposição da aluna. A professora Vivi ainda pediu aos alunos para que caprichassem na pesquisa pois, com as informações organizadas, eles poderiam fazer uma exposição para comemorar a volta de Dudu. Os alunos gostaram tanto da ideia que já começavam a imaginar como apresentariam os trabalhos. Estavam muito confiantes e sabiam que com dedicação tudo ficaria ótimo!

versa a de in d o r Em s o s se u peça a ideias s colega lhos ba a r t de ue. a deng sobre a lista e a Escrev e – apara u entreg essora. of sua pr

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Mika: A História da dengue

Mika pesquisou muito, conversou com seus avós e vizinhos, assistiu a vídeos no site Evolutubo, enfim, se preparou mesmo para escrever a história. Depois de reunidas as informações, ela as organizou em uma cartolina branca, usando canetas e lápis de diferentes cores, conforme cada parte do trabalho.

Um mosquito chamado Aedescada de um mosquito

ovocada pela pi dis egípiti”. A dengue é pr se pronuncia “É e qu i, pt gy ae es al, chamado Aed “odioso, infern tina e significa la a vr la pa a significa Aedes é um vem do latim e m bé m ta i pt iy Aeg a. desagradável”. norte da Áfric localizado no ís pa le ue aq ”, “Egito go como pti quer dizer al gy ae es ed A Então, Egito”. el que veio do “o desagradáv

Como ele surgiu

Provavelm ente o Aed es se origin um vírus q ou d e ue circulav a entre ma que viviam c a cos nas floresta s . C omo a pessoas co s meçaram a construir suas casas mais perto da selva, o foi transm vírus itido-se pa ra as pesso as.

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jou , a i v e l ra dela e e d n p a r a fo o e o ao a Por ic r IX devid la Áf e X p e o V it sX mu

u stino éculo es viajo tre os s omo de n c e a O Ae d e h t in n alme s , qu e t princip do Sul. escravo e d io ntral e c e r é C , m e t o c s Nor egreiro ricas do avios n n s o a s A mé n avios a gente co m o n ria tant s r o o id m c e e dio, qu nh nte Mé Dizem r a m co ie a r c fi O s o le ésia ra itos de b ém pa o Indon m m a o t c q u e mu u e Orient es viajo do ! xtremo . O Ae d do mun s E o a o d m d la s s a o e fant do outr ia e país strália, e da Á s u t s A e à d r u a S té cheg p ura , a a g in S e

Como chegou ao BrasiL

O Aedes cheg ou aqui junto co m os navios negreiros. O pr imeiro caso re gistrado de de foi em Recife, ngue Pernambuco, em 16 85 . Depois, em Salvador, B ahia, provocou ce rc a de duas mil mortes. De lá, espalhou-se pa ra o Rio de Janeiro São Paulo, Para , ná, Ceará e to do o país, até que em 19 03 o cientista Oswaldo Cruz implantou um de combate ao programa mosquito que di m in ui u m uito os casos da Apesar disso, ela voltou e os doença. casos vêm aum entando cada vez mais.

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Mika ficou satisfeita com o resultado de seu trabalho. Recortou figuras, colou-as com todo cuidado e desenhou molduras em volta delas. Os títulos coloridos, em letras grandes, deram um destaque especial e quando terminou tudo pensou “ficou muito bonito” E o trabalho de Uerê, como será que ficou?

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Uerê: o mapa da dengue no Brasil

Uerê ficou em dúvida sobre como mostraria o que acontece com a dengue no Brasil. Devia fazê-lo por escrito, em gráficos ou com desenhos? Vendo o filho angustiado por tantas dúvidas, Olívio, pai de Uerê, resolveu ajudar. — E se você fizesse um mapa? — sugeriu ele ao filho. — Uh!? Um mapa? — disse Uerê, sem entender muito. — Isso mesmo, um mapa! Em três dimensões, com relevo e tudo. Posso te ajudar a encontrar um pedaço de madeira para entalharmos. Neste, você pode pintar os estados do país com cores representadas numa legenda de acordo com o número de casos ocorridos em cada um dos estados, por ano. — Ótima ideia, pai! Vamos começar agora mesmo! — elogiou Uerê, animado com o apoio. O pai de Uerê sugeriu ainda que ele pesquisasse alguns dados, depois colorisse o mapa com as informações mais recentes. Assim,

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os colegas poderiam fazer um comparativo da situação da dengue no Brasil nos últimos anos. Quando a maquete ficou pronta, a mãe de Uerê bateu palmas. Estava orgulhosa do filho! Afinal, ele gostava muito de brincar e bagunçar, mas na hora de fazer um trabalho sério se compenetrava e dava tudo de si. E Rasta, o que teria preparado? Faça uma lista das regiões brasileiras que apresentaram até 500 0 casos de dengue. Coloque nela os estados e capitais.

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Rasta: a dengue no mundo

Da mesma forma que Uerê, Rasta pensou muito em como apresentaria a situação da dengue no mundo. Como gostava de matemática, achou que uma tabela mostrando os números da doença em cada país ficaria bem explicativa. Mas será que a galera não ia achar meio sem graça? Pesquisou, refletiu mais em busca do melhor formato possível e finalmente chegou a uma conclusão, “vou agitar a turma, fazer todo mundo se envolver. Vai ser um trabalho participativo” — gostou desta última palavra, que tinha ouvido quando seu tio falava a respeito de uma campanha na comunidade perto de sua casa. Rasta teve a ideia de preparar cartazes com os dados sobre a dengue dedicados aos cinco continentes. Ele iria pendurá-los em um varal em frente às carteiras da sala de aula. A turma ficaria curiosa! Daí, dividiria a sala em cinco grupos; cada um deles pegaria um cartaz para colar no lousa, de modo a compor ao final um grande painel representando o mundo.

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Sabendo que os amigos conseguiriam montar um mapa-múndi com as indicações que ele faria em cada cartaz, Rasta começou a realizar seu trabalho. Separou fita adesiva, pregadores, corda de varal e outros materiais. Foi trabalhoso encontrar os mapas adequados para montar os cartazes, mas ele foi pegando o jeito e tudo foi dando certo. Rasta tinha certeza de que a professora Vivi iria adorar a interatividade que tinha bolado para os cartazes com os cinco continentes representados! E a Lili, o que será ela que fez?

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Lili: Mosquito perigoso

Lili chegou em casa empolgada, e até mesmo a Miga, sua cachorra querida, começou a pular mais do que de costume. Era tanta animação que Miga derrubou o vaso de hortelã que ficava bem ao lado da porta! — Como você é desastrada, Miga! — exclamou Lili, colocando o vaso no lugar enquanto a cachorra observava bem quietinha. O alvoroço era devido à colagem que a professora Vivi tinha sugerido que ela fizesse. Lili convocou a família toda pois queria muito material, e até mesmo os próprios mosquitos Aedes guardados em vidrinhos! —Calma, filha… — ponderou a mãe de Lili, sensata. — Pense melhor. Você acha que a gente pode pegar o mosquito e aí correr o risco de pegar a doença? — Tem razão, mãe. Vamos ficar só com as figuras, mas você me ajuda a fazer uma coisa bem bonita? — Claro, meu bem! — disse a mãe, com ternura.

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Apesar de ser a caçula da turma, Lili não aceitava concessões — queria fazer tudo que os amigos mais velhos faziam, e todos achavam graça no seu jeito decidido. Assim foi que, com as imagens do mosquito Aedes trazidas pelos familiares e com suas sugestões, Lili fez um trabalho brilhante. Ela colou os desenhos e as fotos em latinhas de refrigerante vazias as guardou em uma caixa transparente de plástico, como se tivesse pegado os mosquitos de verdade! “Uma verdadeira obra-prima!”, pensou ela. Realmente fora uma boa ideia colocar imagens do mosquito “guardadas” num recipiente com transparência, parecendo mosquitos reais colocados em vidros. Todo mundo em casa adorou o resultado original! Certamente, apareceria com destaque na exposição em homenagem a Dudu. E o que mais essa turminha iria fazer para o grande trabalho sobre a dengue?

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Viva o Dudu

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Depois de uma semana, Dudu voltou recuperado para a escola. Quando viram o amigo, foi aquela festa com os amigos ao redor, um monte de perguntas e muitos abraços! A exposição estava montada e os amigos estavam prontos para mostrar e explicar a Dudu e aos demais colegas seus trabalhos geniais. Vivi também estava empolgada e, para não perder o embalo, combinou que fariam uma roda de conversa sobre o assunto depois do intervalo. Discutiram sobre como a dengue estava se espalhando pelo mundo, o que deveria ser feito, quem seria responsável por isso... Até que Vivi perguntou:

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— E aqui neste bairro, pessoal? Quantos casos já apareceram e quais providências estão sendo tomadas para prevenir uma epidemia? A pergunta fazia todo sentido. Afinal, estar informado das coisas e lamentar o que está errado não resolve o problema. É preciso agir! E, muitas vezes, podemos fazer a diferença em nossa própria cidade ou no bairro onde moramos. E foi assim que começou outra etapa do projeto de combate à dengue: a do planejamento de ações que na prática ajudariam a evitar que a doença se espalhasse pelo bairro. A professora e os alunos discutiram bastante quais medidas tomariam, e todos contribuíram com suas ideias. Concluíram que seria necessário conscientizar as pessoas quanto à dengue, procurar e eliminar todos os possíveis focos ou criadouros do mosquito, em especial onde houvesse água parada e limpa. Vivi deixou claro que as visitas deveriam ser acompanhadas por adultos. Para tanto, a turma logo sugeriu pedir para os pais ou outros familiares que quisessem participar da aventura. Nessa altura, já se sentiam personagens do game Exterminar a dengue − a missão! A professora entrou em contato com o diretor do órgão de controle de zoonoses da cidade, encarregado de prevenir e controlar doenças que podem ser transmitidas de animais para seres humanos. Por sua vez, a diretora disponibilizou para a escola uma porção de folhetos informativos sobre a dengue a fim de serem distribuídos à comunidade. Assim, a professora Vivi marcou para a semana seguinte, no feriado, a campanha que fariam de conscientização da dengue nas ruas do bairro. Além dos alunos, alguns pais e voluntários aceitaram participar da ação, e lá foram eles divididos em três equipes, cada uma seguindo um roteiro. O que será que eles vão encontrar pelas ruas do bairro?

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Achados e Perdidos

A primeira equipe, da qual fazia parte Dudu e Mika, dirigiu-se para a área formada pelas ruas das Mangueiras, das Goiabeiras, dos Limoeiros e dos Cajueiros. A equipe não precisou procurar muito para achar um vaso de plantas em cima de um prato cheio de água limpa. — Credo! Isso é “perfeito” para criar mosquito — afirmou Mika, com ar de reprovação, enquanto tocava a campainha. — Bom dia! Meu nome é Michele e sou aluna da Escola Brasil, aqui pertinho. Estamos fazendo um projeto para prevenir a dengue no bairro — explicou ela, dando um folheto do centro de zoonoses para a senhora que atendeu a porta. Enquanto Mika explicava, Dudu pediu licença para colocar areia no prato da planta, explicando que essa era uma medida para evitar a proliferação do mosquito Aedes. — Assim como a sua plantinha, o mosquito gosta de água parada e limpa — explicou Dudu. — Eu mesmo estava doente e acabo de me recuperar, e posso dizer que pegar dengue é muito ruim. Todos temos a responsabilidade de combatê-la!

dentro he por a Camin a de sua cas r o f u r ág a e po e se h á u q fi i r um e ve e m al g parada houver, . Se lugar. ou jogue fora a a r cub

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— Muito obrigada, crianças! Vou ficar mais atenta quanto a isso — agradeceu a senhora. — E parabéns pela iniciativa! Como entendeu a importância daquele trabalho, a senhora contou que tinha visto na rua dos Cajueiros uma casa com várias latas abertas que, certamente, estavam cheias de água da chuva. Quem sabe eles poderiam ir até lá também, guardar as latas em um local coberto ou virá-las, deixando a parte aberta para baixo. — Ótimo! Vamos lá agora mesmo, obrigado! — concordou Dudu.

Mika também concordou e liderou o grupo para a tal casa, aproveitando para distribuir os folhetos pelo caminho. Enquanto isso, Uerê, Lili e o pessoal da segunda equipe caminhavam pela rua dos Bem-te-vis. Depararam-se com uma caixa-d’água sem tampa em cima da laje de uma casa que estava vazia. O que fazer, então? Lili, cheia de opinião como sempre, falou: — Vamos chamar o vizinho!

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Então chamaram o vizinho e explicaram a ele o perigo daquela atitude, não só para o dono da casa mas para todo o bairro: — É preciso cobrir essa caixa-d’água logo ou a dengue pode se espalhar por toda a vizinhança! — pediu Lili, muito brava por sinal. O vizinho concordou e se comprometeu a tomar as providências. Deram a ele um folheto e aproveitaram para jogar no lixo tampinhas e embalagens plásticas que estavam espalhadas pelo chão. — Mas só isso não basta! — advertiu Uerê. Esse mosquito é danado e seus ovos sobrevivem por até um ano sem água. Então, além de tirar a água, é preciso limpá-lo bem, viu?! — Pode deixar! — concordou o homem. A rua das Rosas, que ficava do outro lado do bairro, recebeu a visita da equipe do Rasta. Logo ficaram sabendo de uma piscina abandonada, sem cloro na água, nem cobertura. Era um verdadeiro

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criadouro de mosquitos. Rasta não teve dúvidas: chamou o dono da casa e, com muita educação e seriedade, passou o maior sermão: — O senhor sabe que é muito perigoso deixar água parada assim? Ela atrai o Aedes aegypti, mosquito que transmite a dengue, uma doença que vem atingindo milhares de pessoas no Brasil. Outra coisa: esses pneus também não podem ficar assim, expostos acumulando água. O senhor deve guardá-los ou pelo menos furá-los para que a água possa escorrer O morador da casa nem sabia o que dizer; por um lado achava que não tinha nada a ver um garoto daquela idade chamar sua atenção, por outro, tinha que admitir que o garoto estava certo — pois se ele realmente se arriscava em criar mosquitos na sua própria casa... Apesar de tudo, foi sensato e se comprometeu a furar os pneus e esvaziar a piscina naquele mesmo dia. Para amenizar a situação um pouco tensa, Rasta deu um folheto ao senhor e os dois apertaram as mãos num gesto pacífico. No caminho de volta para a escola, a equipe ainda teve a oportunidade de alertar para uma moça que molhava um jardim que ela não deixasse acumular água entre as folhas de algumas plantas, principalmente das bromélias e espadas-de-são-jorge. A professora Vivi estava circulando pelo bairro e supervisionando o trabalho das três equipes. No comecinho da tarde, todos estavam de volta à escola prontos para compartilhar suas experiências. Um lanche gostoso, preparado por um grupo de voluntários, aguardava as equipes. No entanto, os grupos não sabiam que o projeto ainda não tinha terminado... O que mais estava para acontecer? s os colega Faça com to de uma en o julgam deixa latas ue pessoa q quintal. no abertas uem vai eq Combin efender, acusar, d juiz. eo ser o júri 29


Surpresa!

Foi uma surpresa mesmo, já que a professora Vivi havia guardado em segredo uma apresentação de música que estava organizando com alguns alunos e professores que cantavam ou tocavam algum instrumento. A banda recém-formada recebeu o nome de Caçadores de Mosquito. A festa, chamada “Dengosas Picadas”, estendeu-se até o anoitecer com muita empolgação e sentimento de dever cumprido.

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Evoluir Título original

Os Heróis contra a dengue

Autora

Bia Monteiro (Beatriz Monteiro da Cunha)

Roteiro

João Pedro Lima Gonçalves

Conselho editorial

Bia Monteiro, Chico Maciel, Fernando Monteiro, Flávia Bastos, Lilian Rochael e Uriá Fassina

Ilustrações

Casa Locomotiva

Projeto gráfico e produção

Chico Maciel

Preparação de texto

Elisa Andrade Buzzo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Monteiro, Bia Os Heróis contra a dengue / Bia Monteiro ; ilustrações Casa Locomotiva. 1. ed. — São Paulo : Evoluir, 2015. Série os heróis da natureza. 1. Dengue — Literatura infantojuvenil I. Casa Locomotiva. II. Título. III. Série. ISBN 978-85-8142-084-4 15 -09271

CDD-028.5

Índice para catálogo sistemático 1. Dengue : Mosquito : Literatura infantil 2. Dengue : Mosquito : Literatura infantojuvenil

028.5 028.5

Este livro atende às normas do acordo ortográfico em vigor desde janeiro de 2009.

FBF Cultural Ltda. Rua Aspicuelta, 329 Vila Madalena, São Paulo-SP CEP 05433-010 Tel: (11) 3816-2121

Esta obra é licenciada sob uma Licença Creative Commons 4.0 Internacional que permite que você faça cópias e até gere obras derivadas, desde que

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"We could be heroes, just for one day" — David Bowie

Edição Fonte Papel capa Papel miolo Gráfica

1ª edição/impressão, junho de 2015 Ideal Sans Suzano TP Premium 300g/m² Suzano Pólen Soft 80g/m² Melting Color (São Bernardo/SP)



venda proibida

A epidemia de dengue chegou aos nossos Heróis, deixando Dudu de cama, sem poder ir à escola. Assustados com a notícia do amigo, as crianças, junto com a professora Vivi, decidem iniciar um estudo sobre as origens e as formas de combater o agente causador dessa doença tão terrível: Aedes Egypit, o famoso mosquito da dengue. O que será que eles vão aprender com essa história?


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