Editora Evoluir Cultural Título original
Livro de Apolo: o poder da luz
Autor
Evoluir Cultural
Texto principal
João Pedro Lima
Textos das missões
Rafael Posnik, Fernando Monteiro e Chico Maciel
Comentários
Daniel Angelo, Gerson Santos e Wilson Namen (Ciência em Show), Fernando Monteiro, Chico Maciel, João Pedro Lima e Rafael Posnik (Evoluir Cultural)
Coordenação editorial
Fernando Monteiro e Chico Maciel
Ilustrações
Shun Izumi, Breno Ferreira e Benson Chin
Projeto e produção gráfica
Chico Maciel
Colaboração
Uriá Fassina, David Renó, Gabriela Ferreira, Marcelo Shama
Revisão
Antônio Maciel e Lilian Rochael
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Livro de Apolo: o poder da luz / comentários João Pedro Lima e Rafael Posnik. — São Paulo : Evoluir Cultural, 2013 — (Coleção Nau dos Mestres). ISBN 978-85-8142-031-8 1. Contos - Literatura infantojuvenil 2. Mitologia - Estudo e ensino I. Lima, João Pedro. II Posnik, Rafael. III. Série. 13-11662 CDD-028.5 Índice para catálogo sistemático: 1. Contos : Literatura infantojuvenil 2. Contos : Literatura juvenil
028.5 028.5
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Evoluir Cultural FBF Cultural Ltda. Tel: (11) 3816-2121 evoluir@evoluircultural.com.br www.evoluircultural.com.br Rua Aspicuelta, 329 Vila Madalena, São Paulo-SP CEP 05433-010
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Textos por João Pedro Lima e Rafael Posnik Ilustrações por Estúdio 1 mais 2 Em parceria com
Realização
O Caminho da Aventura Luz, câmara, Apolo...................................................12 Nem tudo é o que parece.................................. 20 Imagens fixas na escuridão........................... 24 Dissecando a luz.........................................................28 Cor, onde não se espera.......................................32 As origens da Corujola........................................36 Modelando para projetar................................ 40 O holofote merecido................................................... 44
O poder da luz
eus da luz, das artes e das profecias, irmão de Artemis, a divindade da caça, e um dos deuses mais representados em estátuas e cultuados no mundo grego, Apolo sempre representou a luz que ilumina a escuridão da ignorância e traz tudo o que há de criativo e belo no mundo antigo. A sua interferência nos casos da vida e da morte e o papel grandioso no destino de grandes personagens é um dos traços mais tradicionais dessa divindade. Foi Apolo quem guiou a flecha para o calcanhar de Aquiles. É sempre representado como um homem jovem, de grande beleza, portando um arco, uma aljava e uma lira. A expressão "belo como um deus grego" é alusiva à figura desse deus da perfeição e da harmonia.
Introdução
Luz, câmara, Apolo
Feira de Ciências mais famosa da cidade se aproximava e as preparações seguiam a todo vapor. O projeto que Daniel, Wilson e Gerson pretendiam apresentar havia tomado meses de trabalho, mas ainda não estava concluído. O PLIM — Projetor Laser de Imagens Mirabolantes estava em desenvolvimento, e, com certeza, seria a grande atração do evento. A invenção daria a eles a possibilidade de demonstrar visualmente algumas de suas experiências mais complicadas utilizando projeção de vídeos, holografia e imagens 3D. Tudo isso deixava os três cientistas bastante empolgados. 12
A invenção da Corujola tornou o grupo o único capaz de realizar viagens no tempo e espaço, e permitiu também aos integrantes conhecer grandes cientistas, artistas e mestres do conhecimento de todas as épocas e dimensões. Mas havia um problema: eles não tinham fotos ou vídeos desses encontros e lugares. Com o PLIM, seria possível compartilhar as imagens e relatos destas expedições com outras pessoas. O trio de cientistas era considerado a atração especial! Entretanto, mesmo com a dedicação de todos, o trabalho neste novo invento estava sendo muito cansativo, e o prazo para apresentar o PLIM ao organizador da feira estava se esgotando. Isso os estava deixando bastante nervosos, pois, apesar do esforço, as projeções tridimensionais mirabolantes do 13
PLIM estavam saindo tortas e com as cores alteradas. Eles permaneciam no laboratório discutindo sobre como resolver o problema: — Essa imagem não fica boa de jeito nenhum! — disse Gerson, ajustando alguns parafusos e apertando botões, enquanto a imagem projetada continuava tremida e embaçada. — As cores estão todas trocadas. Nessa projeção a grama está roxa! Como isso pode acontecer? — disse Wilson, ansioso, enquanto anotava em uma prancheta os problemas da máquina. — Isso é mau, muito mau. Resta-nos pouco tempo, e ainda não conseguimos ajustar as projeções do PLIM — pensou Daniel, que refazia os cálculos e revia o projeto, mas não conseguia encontrar nenhum erro no planejamento. — O pior é que só temos uma semana até a feira. E não há mais tempo para mudarmos de projeto — afirmou Wilson batucando na mesa, nervoso. Gerson, que havia parado de ajustar o equipamento para beber um copo d’água, comentou: — Não sei não, gente... acho que vamos precisar de ajuda com isso. — Mas de quem? Que tal aquele seu amigo que pesquisava ótica e holografia? — indagou Daniel. — Ele foi estudar na Alemanha — respondeu Gerson, tomando mais um copo d’água. — A maior parte dos estudos que usamos para criar o PLIM é de cientistas e pesquisadores estrangeiros. Não acho que eles possam nos ajudar a consertar isso — comentou Wilson, preocupado. — Nós nem mesmo sabemos exatamente qual é o problema. Realmente, desse jeito fica difícil pedir ajuda — Daniel franziu a testa. — Vamos fazer mais uma bateria de testes, então — sugeriu Daniel, começando a regular o PLIM novamente. Os rapazes voltaram a checar os mecanismos, mas sem conseguir descobrir qual era o problema. Todos já estavam desanimados e sem esperança até que, em tom bastante frustrado, Wilson exclamou: — Mas o que tem de errado com essa máquina? O quê? Será que alguém tem uma resposta? O trio se surpreendeu quando a Corujola se ativou sozinha, com os olhos brilhando e o som das peças e mecanismos trabalhando no interior da nave. Eles olharam intrigados, sem saber ao certo o que dizer, 15
e viram que ela brilhava de uma forma diferente, como se tivesse uma aura luminosa a seu redor. Após alguns segundos, uma tira de papel impressa, que mais se parecia com um papiro, foi expelida pelo computador da nave. Daniel se adiantou e pegou o impresso enquanto Gerson checava se não havia nada de errado com a máquina. — Mas que coisa estranha, ela não parece ter sido ligada da forma normal — disse Gerson. — E esse não é o papel reciclado padrão que nós usamos, é? — perguntou Wilson. — Não, não é. E mais curioso ainda é o que está escrito: "Se querem ajuda, devem provar que merecem. Subam na ave de metal; ela saberá aonde levá-los — assinado A". — "A"? Quem é "A"? Será que é uma piada? — perguntou intrigado Wilson, olhando o pergaminho por cima do ombro de Daniel. — Se é algo que consegue fazer nossa Corujola ligar sozinha e brilhar daquela forma, não creio que seja nada comum — Daniel parecia incomodado. — Bom, nós não vamos fugir desse desafio e de mais uma aventura, ou vamos? — disse Gerson, de costas, enquanto arrumava sua mochila e checava os sistemas da Corujola, enquanto falava. Quando virou, ficou surpreso ao ver que os outros dois também estavam pegando suprimentos e checando outros sistemas da Nau. Todos já tinham tomado gosto demais pela aventura para recusar o que parecia ser uma missão desafiadora. — Prontos? — perguntou Gerson, empolgado, prestes a ativar a alavanca de decolagem. Os dois acenaram com a cabeça, e então a viagem começou: o visor de período temporal estava confuso, assim como quando viajaram para o Jardim de Gaia. Mas, desta vez, isso não os assustou. Todos se seguraram enquanto a Corujola realizava a viagem através do tempo e espaço. Em velocidade impressionante, chacoalharam com as curvas, até que sentiram o tranco da aterrissagem. Mesmo que atordoados, cada um deles precisou de poucos minutos para se recuperar, pular fora da nave e ver onde finalmente haviam pousado. O ambiente era claro e deslumbrante. Estavam em uma planície, cercados por colunas brancas e estátuas coloridas. Havia um conjunto 16
de montanhas à frente e o Sol batia forte como os raios do meio-dia no auge do verão. Os três franziram os olhos para poder enxergar ao redor, tentando minimizar os efeitos do clarão. Gerson, que tinha sempre seus óculos escuros à mão, conseguiu ver que a planície se estendia por quilômetros na direção oposta à da montanha. — Isso aqui é enorme, me faz lembrar de outras viagens! — exclamou Gerson, admirando a paisagem.
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— É, tem razão. Posso até imaginar com quem viemos nos encontrar — Wilson também tinha pegado na mochila um par de óculos escuros e agora conseguia enxergar melhor. — Duvido muitíssimo que a Corujola tenha-nos trazido ao encontro de outra divindade grega. Até hoje eu me pego pensando se a visita a Gaia realmente aconteceu... — questionou Daniel, também já equipado com seus óculos de sol. À medida que os três iam se acostumando ao lugar, perceberam que, para seu alívio, uma sombra surgia para amenizar o brilho e o calor. Ao olharem para a montanha, porém, perceberam que não era dali que a sombra vinha, mas sim de alguma coisa detrás dos morros, e que parecia enorme e monstruosa e estava vindo em sua direção. — Gente, eu acho que… — falou Wilson, antes de ser interrompido por uma espécie de urro que fez com que os três se arrepiassem. — Mas o que é isso? — gritou Daniel, olhando fixamente para a direção de onde vinha a sombra. O triu se prepararou para o pior. À medida em que a sombra se aproximava, a claridade foi sendo reduzida e os rapazes puderam retirar os óculos escuros. Menos Gerson, que já os tinha como parte de seu estilo.
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Capítulo 1
Nem tudo é o que parece
ntão, a figura se aproximou e os três, surpresos, perceberam que ela era muito menor do que aparentava. Era um homem de pele bronzeada, com cabelos louros cacheados e um sorriso deslumbrante. Ele parecia estar se divertindo e ria em alto e bom som. — Olá, sejam bem-vindos! Assustei vocês, não é mesmo? — perguntou aos visitantes. — Aquela sombra era você? Mas parecia tão… monstruosa — disse Wilson, espantado. Gerson, que na realidade esperava algo mais assustador, relaxou e falou: — Belo truque! Mas qual é o seu nome? — Não podem adivinhar? — indagou o homem, carregando em seus braços uma linda harpa, usava uma espécie de armadura grega de couro cheia de ornamentos e cujos cabelos, de tão reluzentes, quase chegavam ao ponto de os cegar. — Apolo, deus grego da luz! — exclamou Daniel, já aceitando o fato de que estava conhecendo mais uma entidade mitológica. — Exato, meu chapa. Espertinho você, heim? — Apolo não parava de sorrir. — Então a Corujola nos trouxe para falar com o deus da luz e para resolver o problema do nosso projetor? Que ideia interessante... — observou Wilson, meio desconfiado. — Na verdade, eu chamei vocês aqui. Não sou apenas o senhor da luz, mas também da música, das artes, das doenças, cura e premonições. Fui eu quem fez com que sua máquina voadora lhes mostrasse o ser mais indicado para ajudá-los: eu mesmo! — disse Apolo, de forma arrogante. — Beleza, teremos uma mãozinha do maior especialista em luz do Universo para consertar nosso projetor! Vai ser fácil demais com a sua ajuda, Apolo! — Gerson estava empolgadíssimo. 20
— Sim, será muito fácil, assim que provarem que merecem meu apoio. Nós, deuses do Olimpo, somos seres superiores e não costumamos ajudar sem pedir nada em troca, sabem? — Mas Gaia… — começou Wilson. — Gaia é bem diferente de mim — interrompeu Apolo — apesar de eu gostar muito dela. Mas, como forma de provar que vocês são dignos de receber os meus conhecimentos e poderes, eu os desafiarei. Se conseguirem cumprir com o que eu pedir de forma satisfatória, terei prazer em compartilhar a minha sabedoria. Agora, para começar, que tal desvendarem o truquezinho que eu usei para impressionar vocês há pouco? Mostrem-me como fazer sombras iguais, usando objetos diferentes! 21
Como fazer sombras iguais com formas diferentes? Missão 1
Apolo desafiou os três cientistas a fazer sombras iguais mas com objetos diferentes. Se Apolo é o deus da luz, por que começaria propondo este desafio? Acontece que sem luz não há sombra, apenas o breu. O escuro representa o desconhecido, e por isso desperta medo e curiosidade. Wilson, Gerson e Daniel não sabem disso, mas estão dispostos a encarar seus medos e aprender um pouco mais sobre as sombras. Mas, o que é a sombra? Uma sombra se forma quando alguma fonte emite luz na direção de um objeto opaco, ou seja, que não é transparente, formando, assim, áreas escuras. Existem fenômenos importantes que acontecem de tempos em tempos e que têm tudo a ver com as sombras: são os eclipses. Aposto que você já deve ter visto ou pelo menos ouvido falar deles. Existem dois tipos de eclipses: o Solar e o Lunar. O primeiro é quando a Lua fica entre a Terra e o Sol, gerando uma grande sombra sobre nosso planeta. Nessa hora, a Lua cobre parcial ou totalmente o Sol, escurecendo o céu e, o dia fica parecendo noite. O segundo tipo de eclipse é quando a Terra fica entre o Sol e a Lua. E, como a Lua não tem luz própria, é a Terra que projeta a sombra sobre ela. Depois de muito observar e estudar os eclipses lunares, Aristóteles percebeu que a sombra projetada na superfície da Lua era redonda e chegou à conclusão de que a Terra não poderia ser plana, mas sim esférica! Então, muito antes das Grandes Navegações portuguesas demostrarem que o mundo era redondo, o filósofo grego, que viveu em cerca de 350 a.C., já tinha percebido que a Terra não poderia ser plana como se acreditava. As sombras possuem muitas utilidades e propriedades interessantes! Você é capaz de descobrir algumas delas? 22
Amarelo
Dicas
Eclipse lunar
Sol
Lua
1. As sombras podem aumentar ou diminuir de tamanho de acordo com a distância entre o objeto e a fonte de luz; 2. Providencie uma sala bem escura para poder projetar as sombras que irá criar tiver lanternas. Se não tiver, vá para um local aberto e use a luz do Sol!
Terra
Eclipse solar Sol
Para brincar
Lua Terra
Os eclipses são eventos raros. Como a órbita da Lua, em torno da Terra, é um pouco desalinhada em relação ao Sol, o fenômeno não ocorre com tanta frequência (cerca de duas vezes por ano). Alguns povos acreditavam que eles indicavam o fim dos tempos. Nada como o conhecimento para entender melhor o que ocorre na natureza, não é mesmo?
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Use suas mãos para criar sombras com formas de animais!
Você vai precisar de: Formas de papel: 2 quadrados brancos 2 quadrados pretos 2 círculos brancos 2 círculos pretos 2 retângulos brancos 2 retângulos pretos Lanternas
Capítulo 2
Imagens fixas na escuridão
homem bronzeado e sorridente encarou os três cientistas, como se estivesse surpreso por ainda estarem ali. — Muito bem, passaram pelo primeiro desafio — disse o Mestre. — Espere! Como assim o primeiro desafio? Você quer dizer que há outros? — perguntou Wilson. — Mas é claro. Acharam que uma tarefa simples como aquela seria suficiente? Se Hércules teve Doze Trabalhos para se provar; se os Argonautas viajaram até as terras mais perigosas de seu tempo; por que para vocês seria tão fácil? — provocou Apolo. — Do que é que ele está falando? — cochichou Gerson a Daniel. — Vocês passarão por alguns testes e provarão que são dignos de minha ajuda. Se ao final de tudo forem bons o suficiente, eu os ajudarei — continuou Apolo, sem se importar com o comentário de Gerson. — Está bem, a gente topa! Mas pode ir baixando a bola porque nós vamos conseguir — disse Gerson, que não gostava de ser subestimado. — Sigam-me, então. Se vocês querem projetar imagens, devem entender algo sobre elas, não? Cinema, fotografiae similares — dizendo 24
isso, o mestre luminoso levou-os por meio da planície para um imenso templo de mármore branco. As paredes eram totalmente preenchidas por estátuas, pinturas e pôsteres de filmes famosos e jogos eletrônicos. Os três rapazes passearam por dentro da construção, impressionados com a quantidade de obras de arte de seu tempo que estavam representadas ali. Havia filmes, jogos e quadros que nunca tinham ouvido falar, inclusive alguns que ainda nem haviam chegado aos cinemas! — Estudamos muito a respeito de projeção, animação e de filmes como esses para construir o PLIM — disse Daniel, expressando o orgulho que tinha do projeto. — Que bom que estão preparados! Então pedirei para vocês me demonstrarem como funciona a projeção de uma imagem usada na criação de todas essas maravilhosas obras que tanto aprecio. — Como assim? Você quer que façamos uma pintura? Ou tiremos uma fotografia? Ou quem sabe um filme de curta metragem? — Wilson já pensava na câmara fotográfica digital que tinha na mochila e nas lições de arte de Leonardo. — Na verdade, não. Eu quero que vocês construam o objeto utilizado tanto para pinturas de perspectiva, quanto para suas fotografias e filmagens — disse Apolo, encarando-os como se estivesse se divertindo muito. — Objeto que foi a base para todas essas coisas. Só pode ser uma câmara escura, estou correto? — disse Daniel. — Sim! Vejo que o conhecimento teórico de vocês é grande, mas quero ver na prática. Vão em frente e mostrem-me como se faz. Mãos à obra! — exclamou Apolo, sentado em uma grande cadeira de pedra. — Espere um pouco, você não pode falar assim com meus amigos. Nós viemos até aqui para lhe pedir auxílio, mas não precisamos ser tratados assim — comentou Wilson, irritado. — Vocês vieram até mim, são vocês que precisam dos meus conhecimentos e eu os tratarei como achar melhor. Se estão insatisfeitos, podem ir embora! — Calma, Wilson. Ele só está nos testando — apaziguou Daniel, que sempre soube como lidar com valentões. — Vamos, rapazes, eu quero ver ele parar com essa pose quando acabarmos com isso mais rápido do que pensa — comentou Gerson, olhando o material que tinham à disposição. 25
Como construir uma câmara escura? Missão 2
Desta vez, o desafio proposto por Apolo aos nossos amigos é o mesmo que intrigou os inventores das câmaras fotográficas. O primeiros aparelhos funcionavam como uma caixa totalmente fechada, com as paredes opacas e com um pequeno orifício em uma das faces por onde a luz entra e que era chamada de câmara escura. Ao colocarmos um objeto luminoso ou iluminado em frente ao orifício, é possível observar a imagem formada na parede oposta à entrada de luz. Essa imagem é real, embora invertida. Acredita-se que as primeiras câmaras escuras tenham sido criadas no século V da era pré-cristã. Aristóteles, na Grécia Antiga, também estudou os princípios deste instrumento. Séculos depois, o invento gerou grande interesse em estudiosos, e modelos portáteis foram utilizados por artistas, pintores e arquitetos. As câmaras eram muito práticas pois permitiam ver os objetos e as paisagens projetados sobre uma área plana, melhorando a noção de perspectiva e de profundidade. Nós também temos uma espécia de câmara escura no nosso corpo — os olhos. Após a luz passar pela pupila, que é aquele orifício central, ela chega à retina, onde a imagem é formada como em uma tela de cinema, mas com um detalhe: ela está de ponta cabeça! Como assim? Então quer dizer que tudo o que vemos está invertido? É, mais ou menos isso. Depois que a imagem é gerada de ponta cabeça, o cérebro a inverte novamente, fazendo com que vejamos as coisas do jeito que realmente são.
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Laranja
Dicas
Esta gravura mostra como funciona uma câmara escura, que foram as precursoras das máquinas fotográficas modernas e são utilizadas até hoje!
Em 1837 dois franceses chamados Louis Daguerre e Nicéphore Niépce fizeram os primeiros estudos que deram origem à máquina fotográfica. O daguerreótipo era uma caixa oca, com uma lente em um dos lados, e que projetava a imagem na outra extremidade. Essa máquina não usava filme. A imagem era impressa sobre uma lâmina de cobre, sensível à luz e colocada do lado oposto ao da lente. Detalhe: quem quisesse ser fotografado tinha que ficar cerca de 25 minutos em frente ao daguerreótipo. Que canseira! Você, provavelmente, deve estar mais acostumado com as câmaras digitais. Esse tipo de câmara foi inventado pela Kodak, os mesmos inventores do filme fotográfico. A diferença entre as câmaras digitais e analógicas é que as digitais não usam filme, pois as imagens são captadas por sensores eletrônicos e salvas na memória interna ou nos cartões digitais.
1. Os materiais para construir a câmara escura vêm completos para sua experiência. Verifique se não está faltando nada; 2. Quanto menor for o orifício, melhor a qualidade da imagem; 3. Escolha lugares bastante iluminados para poder enxergar melhor.
Para brincar Você sabe fazer uma máquina fotográfica usando materiais que têm em casa?
Você vai precisar de: Fita adesiva 2 caixas (desmontadas) Papel vegetal Lente acrílica Fita adesiva Tesoura Papel alumínio
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Capítulo 3
Dissecando a luz
ilson sempre sentia uma certa felicidade ao demonstrar seus conhecimentos científicos, mesmo para alguém que parecia ser tão arrogante quanto Apolo: — E então, provamos para você que entendemos o suficiente de imagens? Podemos parar com esses testes? — Sim, provaram que entendem de imagens, mas os testes estão apenas começando. Quero que vejam algo, vamos até aquele morro. Os quatro caminharam até um pico que dava visão para um vale resplandecente, cheio de templos de deuses menores. A grama parecia úmida como se uma chuva tivesse acabado de cair e o Sol formava um arco-íris deslumbrante. — Uau! Que coisa mais linda! — exclamou Gerson. — Trata-se de um efeito simples de luz, mas que é capaz de tocar os corações e as almas de muitos mortais como vocês — explicou Apolo. — Posso perguntar porque exatamente você nos pediu para vir a este lugar? — perguntou Daniel, impaciente. — Por duas razões: primeiro, porque todos devem ter o direito de apreciar algo tão belo quanto esta projeção de luz multicolorida. E, segundo, porque este é o fenômeno que eu quero que vocês reproduzam e me expliquem por que ele acontece. — A luz solar é composta pelas sete cores do arco-íris. Isso é simples — respondeu Wilson. — E para provar isso, basta usar um prisma que eu carrego na mochila — disse Daniel, começando a remexer em sua bagagem. — Pode parar, rapaz! Provar que a luz se decompõe em um arco-íris é um bom teste. Mas quero que o façam sem o prisma. Esse tipo de equipamento tiraria todo o mérito de vocês neste desafio. Seria como pedir-lhes que apostassem corrida com Hermes usando um carro esporte. Apesar de que, nesse caso, vocês perderiam do mesmo jeito. 28
— Você parece muito preocupado em nos fazer sentir pequenos perto dos deuses. Dê-nos alguns minutos e vamos surpreendê-lo — prometeu Wilson, positivo como sempre. —E depois aceitaremos suas desculpas, pode deixar. Vamos lá, rapazes! — exclamou Gerson.
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Como fazer um arco-íris? Missão 3
"Separar a luz em cores, sem usar um prisma"! Puxa, Apolo está mesmo testando os conhecimentos dos nossos amigos. Foi Isaac Newton, um cientista famoso que viveu por volta do ano 1600, quem descobriu que a luz é composta por várias cores. Para isso, ele fez com que a luz do Sol passasse por um objeto de vidro transparente, conhecido como prisma, e viu que ela poderia ser decomposta. E foi assim que ele notou que a luz branca não era só branca, mas formada por sete cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Não é necessário um prisma para fazer esse "truque". Mas para entender isso melhor, é preciso saber que a luz do Sol é branca e que todas as cores que vemos são resultado da reflexão da luz sobre os objetos. Então, quando a luz atinge uma folha verde, por exemplo, a folha absorve todas as cores e reflete apenas o verde, que enxergamos. Ou seja, enxergamos apenas o que é refletido. Outro exemplo: um objeto azul retém todas as cores da luz, menos o azul que é refletido. Isso acontece com todas as coisas, de todas as cores, como exceção do preto e o branco. Afinal, se alguma coisa é branca, todas as cores são refletidas e nenhuma retida. Já um objeto preto absorve todas as cores, e nenhuma cor é refletida. Você já viu um arco-íris, não é? Ele é uma forma de separação da luz nas suas cores, e que ocorre naturalmente quando o Sol brilha sobre as gotas da chuva. O arco-íris pode ser observado sempre que existirem gotas d’água no ar e a luz do Sol estiver brilhando acima do observador. O arco-íris mais espetacular aparece quando metade do céu ainda está escuro com nuvens de chuva e o observador está em um local com céu claro. Outro lugar propício à apreciação do arco-íris é perto de cachoeiras. E agora? Será que com essas informações você conseguiria separar a luz em cores, sem usar um prisma?
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Vermelho
Dicas 1. Misture água e sal de maneira que não sobre no fundo do copo 2. Deixe o copo descansar por 2 minutos 3. Adicione mais sal até que comece a Saturar (sobrar) no fundo do copo
O arco-íris é um fenômeno natural famoso por sua beleza. Uma das crenças mais conhecidas é a que diz que há pote de ouro no final de todo arco-íris. Será mesmo verdade? Diz-se que este tesouro significa um presente por tudo aquilo que passamos na vida, ou ainda, que a recompensa é a própria Terra. A maioria das pessoas não sabe, mas um arco-íris é, na verdade, um círculo completo, e não um arco, como o nome sugere. Normalmente, não se pode ver o círculo porque metade dele está abaixo do horizonte, onde não está chovendo. No entanto, dependendo da posição em que estivermos, é possível vermos todo o arco-íris.
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4. Amarre a linha em um cristal de sal grosso e no palito de modo que o cristal fique no meio do copo 5. É uma experiência que leva algumas semanas para verificar o resultado. Tenha paciência.
Você vai precisar de: Borrifador Papel Caneta Opcional: mangueira
Capítulo 4
Cor, onde não se espera
assadas as primeiras tarefas, os três logo notaram que Apolo estava mais amigável. Ele claramente os tratava com mais respeito e simpatia. — Estão começando a me impressionar, rapazes. Acho que até mesmo Odisseu acharia vocês bastante sábios. Apolo gostava de fazer referências a célebres personagens da história e da mitologia grega. No fundo, essa era uma forma de esnobar sua erudição, mas também de testar o conhecimento dos rapazes. — Odisseu? Aquele de Ítaca, da história da Odisseia, o da sabedoria e esperteza lendárias? — Wilson não cabia em si de satisfação. — Isso mesmo! Um dos mortais mais inteligentes e engenhosos que conheci. Vocês estão indo realmente muito bem — elogiou Apolo. — Então, acabaram-se os testes? — disse Gerson, impaciente. 32
— Ainda não, mas animem-se! Estamos quase lá — tranquilizou o deus da luz. — Senhor Apolo, estamos com bastante pressa de consertar o PLIM e retornar ao nosso tempo. Poderia nos dizer qual o próximo teste, por favor? — questionou Daniel, educadamente. — Tudo bem, garotos. Sempre me esqueço de como os humanos são impacientes. Vocês já me mostraram as cores em que a luz se divide. Agora falaremos de sombra, penumbra e das cores das sombras. Estou pensando em algo artístico e refinado, capaz de agradar uma figura ilustre, como eu. — Cores das sombras? Espere, isso é algum tipo de piada? Sombras não têm cores! — perguntou Wilson. — Eu não sou conhecido por fazer muitas piadas, meu charme natural é que normalmente faz as pessoas rirem. Vocês queriam que eu lhes desse logo o próximo desafio, então aí está. Eu sou o deus das artes e da luz. Estou entediado e gostaria de ver uma pequena apresentação de teatro feita com sombras coloridas. Vocês são capazes disso, não são? Enquanto falava, Apolo guiou-os para dentro de uma espécie de teatro, imenso, decorado com colunas e dezenas de estátuas do ser luminoso. Apontou para os rapazes onde deveriam trabalhar, sentou-se ao trono e ficou observando-os. — Claro que somos! Espere só alguns minutos — disse Gerson, sorrindo e fazendo sinal de “positivo”. Então, os três rapazes se reuniram, um pouco confusos. — Não é possível criar sombras coloridas! O que a gente faz agora? — perguntou Wilson, inseguro. — Ele não falou apenas em sombra, falou também em penumbra. Se é para ter cor, não pode ser totalmente escuro — respondeu Daniel, matando a charada. — Já entendi. Vamos então preparar um espetáculo que ele não vai esquecer! — respondeu Gerson, animado!
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Como fazer sombras coloridas? Missão 4
Apolo é também o patrono das artes, admira a criatividade humana e não perderia a chance de desafiar os três aventureiros para interpretar uma peça de teatro. Mas eles são cientistas e não entendem muito do universo cênico. Então, a melhor solução é usar as sombras para fazer o espetáculo acontecer. Você já ouviu falar em Teatro de Sombras? Existe uma lenda chinesa a respeito da sua origem. No ano 121, o imperador Wu'Ti da dinastia Han, estava muito triste com a morte de sua bailarina favorita. Para diminuir a tristeza ele pediu ao mago da corte que a trouxesse de volta do "Reino das Sombras". Se ele não conseguisse, seria decapitado. O mago usou a sua imaginação e cortou uma pele de peixe macia e transparente, na forma de uma bailarina. Depois, foi até o jardim do palácio e montou uma cortina branca contra a luz do sol, de modo que deixasse transparecer a luz. No dia da apresentação, o imperador e sua corte se reuniram no jardim do palácio. O mago fez surgir, ao som de uma flauta, a sombra de uma bailarina movimentando-se com leveza e graciosidade. E foi neste momento que surgiu o Teatro de Sombras. O lado curioso deste tipo de arte é que a sombra vista na tela ou lençol nem sempre é o que parece: as mãos de uma pessoa tornam-se diversos animais, pequenos recortes de papel assumem infinitas formas. Outra curiosidade a respeito das cores é a sensação que transmitem para nossa mente: o vermelho geralmente indica paixão ou perigo; o azul, frio e segurança; o verde, calma ou esperança. Sabemos que as cores são resultado da luz refletida nos objetos, não é mesmo? Também sabemos que a sombra é o bloqueio da luz. Sendo assim, será que é possível fazermos sombras coloridas e atendermos ao desafio de Apolo?
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Sombras coloridas são mesmo curiosas. Uma forma de fazêlas é usando três refletores de cores diferentes — vermelho, verde e azul — para iluminar uma tela branca. Quando você coloca a mão entre a tela e as luzes, cria uma sobreposição das três sombras na tela. Você vai observar uma sombra amarela, uma magenta e outra ciano. As cores vermelho e azul são produzidas onde as sombras se sobrepõem. Legal, não é? amor
esperança
paz
paixão
simplicidade
sinceridade
romance
limpeza
confiança
perigo
bondade
integridade
energia
pureza
tranquilidade
intelecto
vida
inovação
simpatia
crescimento
criatividade
valor
natureza
pensamento
cuidado
dinheiro
ideias
covardia
frescor
diversão
Veja algumas cores e ao que estão associadas.
Você sabia que as cores influenciam nossas emoções e estado de espírito? Elas podem interferir até mesmo na nossa vontade de comer. Sabe por que as lanchonetes costumam ter tons de vermelho e amarelo? Porque essas cores estimulam o apetite. Assim, a pessoa sente mais fome e desejo de ir até o local para comer. O vermelho nos estimula a comer mais e mais já que é uma cor ativa e predispõe ao movimento. Já os lugares que têm um tom de azul transmitem conforto e confiança. Não é à toa que em muitos hospitais, a cor predominante é o azul. 35
Violeta
Dicas 1. Anote as cores formadas a partir de diferentes combinações de luzes; 2. Use os furinhos que ficam na parte de cima do Laboratório Nau dos Mestres para prender as lanternas!
Para brincar 1. Utilize um pano, lençol ou cortina para projetar suas imagens; 2. Crie uma história bem divertida com seus amigos para apresentar no teatro de sombras!
Você vai precisar de: 3 cores de papel celofane Tesoura 3 lanternas Anteparo ou parede branca Máscaras de fantasia Papel cartão Elásticos
Capítulo 5
As origens da Corujola
uperada a quarta missão, Apolo disse para repousarem um pouco enquanto ele tratava de alguns assuntos. Durante o descanso, papeavam e verificaram se a Corujola já tinha condições de voo. — Parece tudo bem. Que acham de irmos embora e tentarmos resolver isso sozinhos? Ele está nos enrolando, tenho certeza — disse Daniel. — Eu também estou me sentindo enganado, mas… não acho uma boa ideia irmos embora agora, e irritar uma entidade tão poderosa quanto Apolo — replicou Wilson. — Já viemos até aqui, pessoal. Agora não é hora de recuar. Vamos concluir as missões e exigir que ele nos ajude — sugeriu Gerson. — Parece um bom plano! — afirmou Apolo, surgindo detrás da Corujola e surpreendendo aos três — tomem, eu trouxe comida — e ao dizer isso colocou no chão da nave um saco com maçãs, pão e algumas tortas. — Hum! Obrigado pelo lanche, mas para quê isso? Você não tem nos tratado bem desde que chegamos — resmungou Wilson, de boca cheia. Apolo explicou calmamente: — A verdade, rapazes, é que se isso fosse fácil para vocês não seria realmente um teste. E se não fosse um teste de verdade, vocês não mereceriam minha ajuda. Vim apenas conversar um pouco antes da última tarefa. Bonita nave esta que vocês têm aqui, como a chamam? — Nós a batizamos de Corujola, senhor — respondeu Wilson, orgulhosamente. O rosto de Apolo mudou, como se isso o lembrasse de alguma coisa. — Corujola, bonito nome. Recordei-me de algo que aconteceu há muitos anos, e de uma nave similar. Se importam se eu contar uma história antiga para vocês enquanto comem? — Claro! Adoramos histórias! Vá em frente — respondeu Gerson. 36
— Bem, em torno de três séculos antes de seu tempo, eu brincava com algumas bolhas de sabão, quando reparei que um homem me observava. Conversei com ele, que se apresentou como padre Bartolomeu de Gusmão, e disse que as formas como minhas bolhas voavam, lhe serviram de inspiração. Tempos depois, fiquei sabendo que ele criou um balão voador de ar quente e projetou algo chamado “Passarola”. — Mas espere, essa foi a nossa inspiração para a Corujola. Bartolomeu de Gusmão, o Padre Voador. Você quer realmente que a gente acredite que foi você que o inspirou? — questionou Daniel. Apolo não aceitou a provocação. Apenas sorriu e perguntou: — Que tal se eu mostrar como fiz minhas incríveis bolhas de sabão gigantes que brilham e impressionam qualquer um? Vejam só.
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Como fazer bolhas de sabão gigantes? Missão 5
Teria sido mesmo Apolo quem influenciou Bartolomeu de Gusmão? Nunca saberemos! Mas sabemos que foi observando essas lindas esferas que flutuam e deixam toda criança maravilhada, que o famoso Padre Voador teve as primeiras concepções do balão, e que. mais tarde, viria a construir. E você, sabe o que é uma bolha de sabão? Diz a lenda que Bartolomeu de Gusmão, inventor da "Passarola", percebeu que quando uma bolha de sabão passava perto do calor da chama de uma vela, subia mais rapidamente. Foi então que ele passou a desconfiar que deveria haver uma relação entre temperatura e a densidade do ar. As bolhas de sabão são formadas por uma película super fina de sabão e água e têm a forma de uma esfera. Na maioria das vezes, as bolhas duram apenas alguns segundos e logo explodem por si mesmas ou por contato com outro objeto. Isso acontece por que a camada de água presente nas bolhas é tão fininha que evapora muito rápido. Tão bonitas e suaves, as bolhas de sabão são usadas em muitos espetáculos artísticos. Alguns artistas fazem bolhas gigantes, muitas vezes envolvendo objetos e até pessoas. Para melhorar a experiência visual, às vezes usam fumaça ou gás hélio combinado com luzes ou até fogo. Uau! Bolhas de sabão em chamas? Sim, mas nem pense em fazer isso, a não ser que esteja em companhia de um adulto.
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Azul
Dicas 1. Essa experiência funciona melhor em dias frios, quando há menor evaporação da água;
Todas as bolhas de sabão são redondas, independentemente da forma da varinha que você usou para criá-las. Isso acontece porque as bolhas são muito "econômicas" e sempre assumem a forma com a menor área de superfície possível — que é uma esfera. Mas com os ingredientes e materiais adequados, é possível fazer bolhas imensas. A maior já feita tinha cerca de 3 metros cúbicos e poderia conter quase 3 mil litros de água!
Você sabia que as bolhas de sabão podem ser congeladas? Uma bolha é formada por moléculas de água, rodeada por duas camadas finas de sabão. Tecnicamente, uma bolha congela a 0°C, por terem água, mas como as bolhas contém sabão elas congelam a -15°C. O problema é que as bolhas tendem a estourar após alguns segundos. Por isso, para vermos uma bolha congelada, a temperatura deve cair até seu ponto de congelamento rapidamente. E as bolhas ficarão congeladas para sempre? Infelizmente, não. O ar, dentro da bolha congelada, vai vazando lentamente, o que fará com que a "casca" se quebre ou murche. 39
2. Na falta de xarope de glucose, também é possível usar açúcar ou xarope de milho.
Para brincar 1. Desafie seus amigos para ver quem faz a maior bolha! 2. Marque o tempo que as bolhas levam para estourar. As bolhas grande estouram mais rápido?
Você vai precisar de: Detergente 200ml Jarra Garrafa PET 2 litros Xarope de glucose (ou de milho) Barbante grosso 2 varetas Régua Tesoura Copo dosador
Capítulo 6
Modelando para projetar
odos estavam se divertindo muito e a má impressão que tiveram no começo já tinha ficado para trás. Apolo então se aproximou, de forma mais gentil do que de costume, e disse: — Vocês conseguiram, rapazes. Superaram os testes e estão de parabéns! Infelizmente, no momento devo ir tratar de alguns assuntos importantes, mas retornarei em breve. Descansem e fiquem preparados: quando voltar, cuidaremos de seu projetor. — Ufa! Pensei que ele nunca ia parar com as tarefas — falou Wilson, sentando-se para descansar. — No fim das contas nem foi tão difícil assim — blefou Gerson, que estava suado e ofegante de tanto correr durante o teatro. —Estive pensando... sabem, na Grécia era tradicional fazer oferendas aos deuses para obter algum tipo de favor. Sei que Apolo não pediu isso, mas acho que poderíamos preparar um pequeno agrado para ele — sugeriu Daniel. — Mas Daniel, ele nos tratou como se não merecêssemos o conhecimento! — protestou Wilson. — Relaxa, Wilson. Hércules passou por coisas muito piores e no fim foi recebido entre os deuses e se tornou um deles. Eu acho que essa bateria de testes é só o jeito dos deuses gregos testarem o valor das pessoas. Não deve ser nada pessoal — respondeu Gerson. 40
— Tá bem, eu concordo. Mas o que vamos dar para alguém que é o patrono das artes e da música, e além disso imortal? — questionou Wilson. — Podemos usar o que aprendemos com Gaia e outros mestres para criar algo artístico, e que ele ainda não tenha. Algo que misture Arte e Ciência de uma maneira elegante — sugeriu Daniel, pensativo. — Podíamos fazer uma escultura! — arriscou Gerson — pela decoração desse lugar, estou certo de que a coisa que Apolo mais ama é a própria imagem. — Isso seria trabalho para um escultor e não para nós três. Que tal se fizermos um presente diferente? Algo que possamos criar com o que temos nas mochilas, já que não vejo nenhum outro material por aqui — sugeriu Wilson. — Já sei o que faremos. Vamos usar as ideias de todos, fazer uma escultura, dar a ele algo que não tem, aplicando um pouco de nossos conhecimentos científicos — completou Daniel.
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Como fazer uma escultura natural? Missão 6
A transformação das rochas sem o uso de ferramentas ocorre todos os dias no planeta: o vento, a água, o ar, os vulcões e o tempo são os principais instrumentos. A Terra é uma grande artista. E nós mesmos, estamos constantemente moldando nosso modo de ser e de agir. Com isso, talvez tenhamos aprendido com ela, sem tomar consciência disso. Em cavernas, por exemplo, é comum ver as rochas esculpidas pela ação da natureza: as estalactites e estalagmites são aquelas formações bem pontudas que surgem tanto no teto quanto na base de uma caverna. Este é um processo que leva milhares de anos e ocorre principalmente pela ação da água, gota a gota, em contato com as rochas da caverna. Quando andamos pelas ruas de nossa cidade, notamos que há muitas subidas, descidas, vales e morros. Estas formas são chamadas de relevo e surgiram há milhares de anos pela ação do tempo e clima. O relevo de cada região é diferente — e isso influencia no clima, na qualidade do solo, na quantidade de água e até nos alimentos. Em cidades localizadas em grandes altitudes, costuma ser mais frio do que aquelas que estão em lugares mais próximos do nível do mar. Apolo merece um belo presente. Então, que tal mostrarmos o que sabemos sobre os ciclos naturais? Mas lembre-se: tudo na natureza requer tempo e paciência para tomar forma.
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Verde
Dicas 1. Tenha paciência, pois esta experiência leva cerca de dez dias para ser realizada. Mas o resultado vale a pena! 2. Use corantes diferentes para dar um toque especial à sua obra de arte.
Para brincar Presenteie quem você gosta com uma lembrança que une ciência e arte!
O Grande Cânion é um dos maiores exemplos de como o tempo e as influências do clima podem moldar a natureza. Ele encontrase no território dos Estados Unidos. Seu vale foi moldado pelo Rio Colorado durante milhares de anos, à medida que suas águas percorriam o leito, aprofundando-o ao longo de 446 quilômetros. Em alguns trechos, chega a medir até 200 quilômetros de largura e atinge profundidades de 1,5 mil metros. O Grande Cânion revela cerca de dois bilhões de anos da história geológica da Terra, que foram expostos pelo rio.
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Você vai precisar de: Pedra dolomita Vinagre 100ml Corantes Copo acrílico 200 ml
Conclusão
O holofote merecido
uando Apolo retornou e recebeu o presente ficou muito agradecido. Enquanto ele admirava a lembrança, os três notaram que os raios solares que os atingiam estavam mais fracos e a temperatura tornara-se mais amena. Apolo os via de outra forma e isso era perceptível não só pela energia liberada pelo Mestre, mas também por sua expressão. — Meus parabéns! Não são todos que conseguem passar pelos meus testes. Que tal uma pequena festa ao estilo grego para comemorar? Posso convidar alguns sátiros, náiades, dríades e… — Acho que não será necessário, obrigado — interrompeu Daniel, um pouco constrangido. — Vocês têm certeza? Poderíamos dar uma festa como não existe no seu mundo, posso convidar Dionísio para fornecer as bebidas, Deméter para o buffet e alguns liristas para a música — insistiu o deus grego. — Nós ficamos muito agradecidos, porém estamos com um pouco de pressa. Não queremos recusar sua hospitalidade, mas temos compromissos em nosso mundo — falou Wilson, no tom mais educado que conseguiu. — Ficaríamos muito felizes se você nos convidasse para uma dessas festas em uma outra hora — sugeriu Gerson. — Muito bem. Se o que querem é ir direto ao assunto, então que assim seja. Vamos examinar esta famosa máquina e ver em que posso ajudar. Os esforços para ajustar o PLIM foram muito menores do que o esperado, com o auxílio de Apolo. Após uma breve análise da projeção, o mestre da luz soube exatamente quais eram os problemas de regulagem da máquina e o melhor método para solucioná-los. A parte prática do conserto levou apenas algumas horas e, durante esse tempo, a conversa entre os três e seu anfitrião divino tornou-se leve e descontraída, como se fossem todos amigos de longa data, e logo tudo estava concluído. 44
— Creio que seja hora de irmos. Agradecemos por tudo — disse Daniel, apertando a mão de seu mentor luminoso. — Foi uma honra, Apolo! — exclamou Wilson, abraçando o deus, calorosamente. — A gente se vê de novo qualquer hora dessas. Na próxima vez vamos organizar aquela festa — disse Gerson, dando tapinhas nas costas de Apolo. — O deus da luz sorriu e observou aqueles jovens ousados entrarem na nave e partirem de volta ao seu mundo, enquanto tocava em sua lira uma música de despedida. Uma semana depois, os cientistas estavam no local da feira, com o PLIM plenamente funcional e já testado. Aguardavam o momento de apresentar seu novo invento aprimorado e ajustado com auxílio divino. A multidão de curiosos, cientistas, jornalistas e professores preenchia completamente o espaço do evento. Os boatos a respeito da grande atração trazida pelos cientistas do "Ciência em Show" colaboraram para engrossar a quantidade de visitantes. Os três aventureiros estavam bastante nervosos, pois nunca tinham se apresentado para tantas pessoas ao mesmo tempo. — Baterias carregadas, lentes calibradas, ângulo calculado, tudo parece correto — comentou Daniel, checando os detalhes técnicos para o funcionamento do PLIM. — O organizador avisou que nossa apresentação será dentro de meia hora. Será que não vai dar nada errado? — disse Wilson, que sempre ficava nervoso antes de apresentações. — Relaxa, Wilson. A gente verificou tudo antes, vai dar tudo certo — Gerson tentava disfarçar, mas já dera três voltas pela feira de tão ansioso que estava. — Eu sei, só estava pensando a respeito de Apolo… — respondeu Wilson, com o olhar distante, no céu. — No quê, exatamente? — quis saber Daniel, ainda revendo suas anotações. — Eu percebi que o deus da luz, apesar de se mostrar arrogante e difícil no começo, nos ensinou muitas coisas importantes — respondeu Wilson, sorrindo. — Entendo o que você quer dizer. Ele nos fez buscar o conhecimento, e não entregou tudo facilmente — comentou Daniel. 45
— Sim, Apolo é um grande Mestre! Mas me arrependo de não termos aproveitado para conhecer as habilidades dele como organizador de festas — brincou Wilson, com um sorriso amarelo no rosto. Ouviram, então, o som dos altofalantes espalhados pelo pavilhão, anunciando que a apresentação do projetor laser dos famosos integrantes do “Ciência em Show” iniciaria dentro de 5 minutos. Os três cientistas removeram a capa vermelha que escondia o PLIM, pegaram os microfones e subiram ao palco. Como combinado, o trio fez a apresentação em conjunto: — Boa tarde a todos. Estamos muito felizes por estar aqui e apresentar este projeto no qual trabalhamos tanto e que nos deu imenso orgulho. O Projetor Laser de Imagens Mirabolantes, ou PLIM, é um instrumento educacional que criamos com a intenção de facilitar a visualização de experiências e demonstrações científicas que normalmente seriam perigosas ou fisicamente impossíveis em escolas ou laboratórios. Imaginem poder conseguir gravações tridimensionais de alta qualidade do funcionamento interno de um vulcão, do clima no topo do monte Everest ou de experimentos químicos com substâncias nocivas à saúde, e demonstrar em sala de aula, ou qualquer espaço público, sem correr riscos. É isso que o PLIM representa! — e, dizendo isso, os três apontaram para a máquina iluminada por um intenso feixe de luz natural. A imagem projetada do trio Ciência e Show fazendo bolhas de sabão gigantes, com a luz do Sol dourada e refletida por toda a sala, fez a multidão explodir em aplausos. Mesmo os cientistas mais experientes em projeções de luz e vídeo ficaram espantados com a qualidade e realismo das imagens projetadas. A plateia sentiu-se como se estivesse na planície grega em que os três cientistas conheceram Apolo. Quando a projeção terminou a rodada de aplausos foi ainda mais impressionante do que a primeira. Ao desligarem o PLIM, e no momento em que se preparavam para responder às perguntas e dúvidas, surgiram focos de luz vindos diretamente do sol, que iluminaram os três, e uma voz grave e melodiosa, vinda de um lugar desconhecido, disse: — Toda a glória para estes três jovens talentosos, ousados e persistentes. Eles foram ousados e corajosos, obtendo sucesso onde muitos falharam. Que seus nomes sejam lembrados e se tornem parte do grande Panteão de "Homens da Ciência e das Artes", deste e de outros mundos. 46
A aparição inesperada e o foco de luz em um evento com iluminação natural geraram algumas risadas na plateia, mas a maior surpresa foi dos três viajantes do tempo e espaço. Perceberam que não só conseguiram terminar seu projeto a tempo e impressionar os participantes do evento, mas também ganharam o respeito e admiração de uma divindade.
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Corujola: a máquina-viva
Passarola Gravura original de Bartolomeu de Gusmão, 1722
No Século XVIII, Bartolomeu de Gusmão, conhecido como o Padre Voador, o inventor do balão de ar quente e de outros engenhos, projetou uma espécie de aeronave chamada "Passarola". Esse invento, apesar de não ter nunca sido construído, foi a inspiração usada para a Nau voadora dos nossos protagonistas do Ciência em Show: a Corujola. Inspirada no formato de uma coruja, tem asas, controles, um balão e diversas engrenagens, fruto da tecnologia moderna. Aprimorada com o auxílio dos mestres e das descobertas realizadas pelos três cientistas viajantes, a Corujola é a nave que transporta Wilson, Gerson e Daniel em viagens através do tempo e espaço e os ajuda a encontrar os mestres da tecnologia e da natureza. A Corujola é também o veículo que irá transportar todos aqueles interessados em desvendar o universo da Ciência, seus mistérios, aventuras e aprendizados. 48
O trio Ciência em Show
Daniel
Gerson
Wilson
O mais observador entre os três protagonistas, Daniel é mais formal e tem um ar de professor, o que o diferencia dos colegas mais sociáveis e afetivos. É o mais centrado, racional, e o menos inclinado a agir por impulso, sempre pensando e planejando bem antes de agir. É muito inteligente e bastante respeitado pelos colegas e pelas pessoas em geral.
Atlético, amistoso e apressado, Gerson é o mais esportivo e "mão na massa” dos três: não tem "tempo ruim"! Está sempre disposto a testar pessoalmente as ideias dos colegas e contribuir para a resolução de problemas. Nossa "cobaia" não é de falar muito, mas age sempre que necessário e, às vezes, até mesmo se adiantando mais do que deveria.
Eterno questionador e o mais curioso, Wilson é também o mais emocional e falante do grupo. Apesar da fama de atrapalhado e de ser um pouco desastrado, Wilson é bastante perspicaz e observador. Sua necessidade de aprendizado e compreensão é grande, e quase nunca se dá por satisfeito até achar a resposta para as questões que foram levantadas.
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Este livro foi composto em Sentinel, desenhada por HF&J, derivada da Clarendon esta que, por sua vez, foi projetada por Robert Besley em 1845, tendo sido a primeira fonte patenteada da História. Foi muito utilizada em cartazes no Velho Oeste americano. Além da Sentinel, o livro é composto pelas fontes Phaeton, de Kevin Cornell e Randy Jones e que é inspirada nos rótulos de produtos da Era Vitoriana; e pela fonte Abraham Lincoln, desenhada pela designer Frances Macleod a partir de cartazes de 1864 (um ano antes da morte do então presidente americano que dá nome à fonte). Seu uso é livre e está disponível em: www.losttype.com. As capitulares deste livro foram inspiradas nos trabalhos de Jessica Hische e geradas a partir da fonte Apex Lake pela designer Gabriela Ferreira. Todas as gravuras utilizadas neste livro, são de domínio público ou de uso livre (royaltie free) e foram obtidas nos seguintes sites: • Graphics Fairy: www.thegraphicsfairy.com • Wikimedia Commons: www.commons.wikimedia.org • Retro Vectors: www.retrovectors.com • Biblioteca do Congresso Americano: www.loc.gov • Bibliodyssey: www.bibliodyssey.blogspot.com.br
Esta edição foi impressa sobre papel Triplex 250g/m2 (capa) e Pólen Bold 90g/m2 (miolo), na gráfica Garilli, São Paulo, em abril de 2014. Tiragem: 2600 exemplares.
pós receberem um convite especial para apresentar sua mais nova invenção — um mirabolante projetor educativo — em uma importante feira de ciências, Wilson, Gerson e Daniel estão muito preocupados, pois ela não está funcionando muito bem. Na corrida para consertar a máquina, os rapazes encontram o mais luminoso dos ajudantes, o deus Apolo. Mas não será tão fácil assim convencer o deus da Luz a ajudá-los a consertar o poderoso invento. Os três terão que provar que merecem a ajuda de um Mestre. A Coleção “Nau dos Mestres” é uma forma criativa e divertida para você aprender sobre ciências e artes. Os livros da coleção acompanham um laboratório de ciências composto por quatro caixas: Merlim, Leonardo da Vinci, Apolo e Gaia — os Mestres. Dentro de cada caixa, você encontrará os materiais necessários para superar os desafios e completar as missões mirabolantes. Use a sua inteligência e criatividade para ajudar os jovens cientistas a completar as missões para avançar na história. As aulas na escola nunca mais serão as mesmas depois que você entrar para o time da Nau dos Mestres!