E os desafios do meio ambiente Bia monteiro ilustraçþes casa locomotiva
E os desafios do meio ambiente Bia monteiro ilustraçþes casa locomotiva
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Rafael Silva
Simpático, observador e ponderado. Gosta de matemática e foguetes. Com 12 anos, Rasta é uma referência para seus amigos por sua maturidade e seu jeitão tranquilo.
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Michele Sato
Inteligente, disciplinada e cautelosa. Tem 12 anos e é mais tímida e madura do que os amigos. Mika perdeu os pais quando ainda era um bebê e foi criada pelos avós. Ela é bem legal, mas sabe ser firme quando necessário.
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Cauã Ribeiro
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Aline Rizzo
Extrovertido e brincalhão, Uerê tem 10 anos e adora observar a etimologia das palavras, principalmente as de origem indígena.
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Lili tem 8 anos e é espontânea e muito sapeca. Questionadora, não aceita que haja nada “só para meninos ou só para meninas”. Apesar de muito nova, já sabe que lugar de menina é onde ela quiser.
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Eduardo Müller
É o melhor amigo de Uerê. Alegre, participa de tudo, mas não é de falar muito. Tem apenas 10 anos, como o Uerê, e já sabe cozinhar.
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Uma autêntica vira-lata, Miga foi adotada por Lili quando ainda era filhote. Mas a turma toda a tem como companheira. Grande, peluda, babona e muito, mas muito desastrada!
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Miga
Professora Viviane Seixas
Inteligente e simpática, acredita no poder transformador da educação. Está conectada com os desafios e novos processos que acontecem no mundo. Procura experimentar formas inovadoras e originais de ensino e aprendizagem. Vivi valoriza o aluno por aquilo que ele é, e acredita no potencial que cada um deles traz consigo.
Noite de tempestade!
— Nossa, que tragédia! — exclamou Mika, assustada ao ler em seu Feicebuque uma postagem de Rasta, seu amigo da escola. Era sábado e chovia muito na cidade. Os avós de Mika assistiam TV na sala e, do quarto, a garota podia ouvir as notícias da catástrofe. Uma grande tempestade havia se formado, provocado enchentes e muitas árvores chegaram a cair com a ventania. Mas a postagem de Rasta contava ainda outra tragédia: por causa das chuvas, houve um deslizamento no Morro da Esperança, um bairro vizinho, e várias casas haviam desabado! Ainda não se sabia o que havia acontecido com seus moradores. Diante de notícia tão triste, a primeira coisa que ocorreu à Mika foi comentá-la com os outros Heróis — sua turminha formada por Lili, Uerê e Dudu, além de Rasta. Assim, eles logo se reuniram para uma conversa pelo Zipzap. Impressionados e inconformados, acabaram trocando uma avalanche de mensagens: Mika Gente, estou assustada! Como pôde acontecer uma coisa dessas?
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Lili Eu também, Mika! Que perigo construir casas no morro… Uerê O que será que vai acontecer com aquelas pessoas? Dudu Será que nós também corremos risco? Mika Bom, gente, não há nada que possamos fazer agora… Vou dormir que já está tarde! Boa noite!
Uma mistura de sentimentos como tristeza, dúvida, revolta e compaixão espalhou-se pelas redes sociais. Isso porque seu poder de comunicação quase que instantâneo havia difundido rapidamente aquela calamidade para toda a cidade. A notícia chegou também à Vivi, professora da Escola Brasil. Preocupada com a situação, ela imaginou um jeito de trazer a discussão para a sala de aula. Afinal, entender os impactos das ações dos seres humanos no meio ambiente pode evitar tragédias como essa. E, assim, passou a conceber um projeto que chamou de “Desafios do meio ambiente”. Ele incluiria uma parte escrita, com estudo e pesquisa de campo e também uma prática, com observação do entorno
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da escola. “Quando vemos uma situação, quando de fato a percebemos com nossos próprios olhos e sentimos como ela nos afeta, ficamos mais motivados a modificá-la. Isso mesmo”, pensou ela. “Precisamos envolver toda a escola nesse trabalho… Melhor ainda, também os familiares e a comunidade!” A decisão estava tomada! A professora Vivi daria uma aula sobre a importância do meio ambiente na vida das pessoas. O foco seria nos temas água, solo, ar, biodiversidade e lixo. No dia seguinte, após a aula sobre meio ambiente, Vivi convidou a criançada para uma visita aos bairros próximos à escola. A ideia era fazer anotações, depois discutir os problemas ambientais observados. A turma ficou empolgada com o passeio: — Oba! Que legal! — comentaram, entusiasmados. Com seu natural bom senso, Mika sugeriu que, como eram muitos os temas, seria interessante dividir a classe em grupos. — Gostei! Com que grupo vou ficar? — perguntou Uerê, ansioso. — Uhu! Faremos uma expedição às terras distantes! — brincou Dudu. — Calma, Uerê! Vamos sair todos juntos — disse Rasta. — E não são “terras distantes”, Dudu! São todos bairros próximos daqui — corrigiu o garoto. Com a ajuda da professora Vivi, a turma foi se organizando. Todos sairiam juntos, no entanto, cada grupo falaria de um tema ao final. — Gente, e a Lili? — perguntou Uerê. — O que tem ela? A Lili é da turma mais nova da escola, esqueceu-se? — replicou Dudu. — E daí? Ela é superinteligente, adora esses temas e vai ficar uma “arara” se não for convidada — tentava convencer Uerê. — Tem razão. Vamos chamá-la! Ela será muito bem-vinda — disse Mika, satisfeita com a ideia de ter a amiga por perto.
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Um passeio com a turma da escola pelos bairros vizinhos para aprender mais sobre meio ambiente? Claro que Lili topou! — Mas com uma condição — disse ela, com cara de séria. — Ih, lá vem… — resmungou Dudu, antecipando-se à amiga. — Posso levar a Miga? — perguntou Lili a respeito da grande mascote. — A cachorra?! Nem pensar, a professora Vivi não vai gostar! Além do mais, a Miga é muito grande! — alertou Mika. — Gente, a Miga adora investigações, assim como eu! Rasta, você poderia falar com a professora Vivi, por favor… — suplicou Lili, sabendo que ele tinha o coração mole e acabaria cedendo ao seu pedido. — Bem, podemos tentar… — respondeu Rasta. — Mas não posso prometer, tudo bem? — Uhuuuu! — comemorou Lili. — Tenho certeza de que a professora não vai se importar!
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Finalmente, sábado!
— Bom dia, pessoal! Que bom encontrar vocês aqui, nesta manhã de sol. Todos prontos para nossa aventura ecológica? Vai ser muito bacana e espero que sirva de exemplo para muitas outras escolas. Era a professora Vivi, alegre como sempre. Rapidamente, ela organizou a visita, verificou se cada equipe estava com o responsável e se cada uma delas havia trazido o material necessário para documentar a pesquisa. — Sim! Material para a pesquisa e mais algumas coisinhas! — disse Dudu. — Minha mãe mandou esses biscoitinhos gostosos que ela fez. Como tem bastante, vai ser suficiente para toda turma, inclusive para a Miga. — Au! Au! — latiu a cadela, animada ao perceber que ganharia biscoitos. — Ei, gente, minha avó mandou 20 caixinhas de sucos variados! — anunciou Mika. E começou uma confusão enquanto distribuía as bebidas. — Eu quero de laranja! — disse um. — Eu de caju! — emendou outro.
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— Só sobrou de goiaba? — reclamou o terceiro. — Cara, não pega dois, não! É um pra cada um… — tentava organizar o quarto. Finalmente, com uma chamada da professora Vivi, a paz se estabeleceu no pátio da escola. As equipes formaram-se e partiram para seu primeiro destino: o Bairro das Laranjeiras.
HDT 1. O ônibus saindo, de visto por trás, e aí a cena mostraria mais o bairro, as ruas, as casas. 21 x 16 cm
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Bairro das laranjeiras
Ao chegarem no bairro, Rasta foi o primeiro a comentar: — Gente, que fumaceira é essa? — E nada perfumada! Eca! Para falar a verdade, o cheiro é bem ruim — disse Dudu, tapando o nariz. — Argh! Nojento! — reclamou, Lili. — Por que será? — perguntou a professora Vivi. — Vamos olhar em volta e ver o que pode estar causando esse problema? Com olfato apurado, Miga foi correndo na frente, quase que “adivinhando” aonde as crianças queriam chegar. Dali a poucos metros a cachorra parou: — Au! Au! — latiu Miga em direção a alguma coisa. Dudu foi o primeiro a descobrir: — Já sei, são aquelas fábricas ali. Olhem só o que sai das chaminés! — Fumaça e gases tóxicos: gás carbônico, enxofre… Lembro dessa aula! — Rasta exibia com satisfação seus conhecimentos. Um motoboy que passava pela rua ficou curioso ao ver o grupo de crianças observando tão atentamente o céu. “O que será que estão olhando, um disco voador?”, pensou. Então, começou a
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HDT 2. As crianças paradas numa esquina, na calçada olhando para o céu, uma fábrica ao fundo exalando fumaça. Um motoboy parado ao lado das crianças, com uma interrogação na cabeça. Ele pode estar de capacete. A cachorra pode aparecer, mas não é necesário. A cena pode ser vista de longe, com as crianças em silhueta. 21 x 13 cm
observar também; ele não estava acostumado a prestar atenção no céu daquela maneira. Ainda assim, trabalhando diariamente no trânsito, a poluição e seus efeitos, como a tosse e a falta de ar, era algo sempre presente. Interessado na turma, parou e foi conversar: — O que vocês estão olhando? Disco voador, passarinho, avião? — Não, é a poluição mesmo. Ainda é de manhã, mas o céu já está escuro. Não acha estranho? — indagou Uerê, sem tirar os olhos do céu. — Estranho é o ar aqui nas Laranjeiras. É carro que não acaba mais, caminhão queimando óleo, fábrica soltando fumaça envenenada, lixo queimando… — reclamou o rapaz da moto. — Será que as pessoas não veem os problemas que estão causando? É claro que precisamos das indústrias, dos carros, ônibus e
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caminhões que transportam as coisas e as pessoas. Só que alguma medida deve ser tomada em relação a tanta poluição que é gerada — a irritação de Mika era evidente, e ela não fazia a menor questão de escondê-la. — Tem razão, Mika. Tudo isso deveria ser feito sem prejudicar tanto a atmosfera. O planeta é coberto por uma camada de vários gases que, em equilíbrio, protegem e asseguram a vida na Terra — explicou a professora Vivi. — Sem esse equilíbrio, não haveria vida! E se jogarmos muito desses gases no ar, até pode haver um aquecimento global, o gelo dos polos derreter e inundar uma porção de lugares — completou Rasta, muito preocupado.
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— E isso já está acontecendo. Por isso, precisamos fazer alguma coisa urgentemente! — exclamou Uerê, afoito. A preocupação de Uerê era genuína. E Vivi, emocionada, falou da importância de utilizarmos fontes limpas de energia, optarmos por transportes coletivos e bicicletas em vez do automóvel, e plantar árvores para ajudar na purificação do ar. — Fazer estudos como este ajuda a espalhar por todo canto e de várias maneiras a mensagem de que é muito importante cuidar do ar do nosso planeta — concluiu Rasta. Ele e seu grupo decidiram que fariam cartazes, enviaram e-mails, e postariam o que aprenderam no Feicebuque e no Tuíter! Por fim, fariam uma apresentação bacana no evento de encerramento, a exposição “Desafios do meio ambiente”.
Próxima parada: Morro da Esperança
O cenário era desastroso: árvores caídas por todos os lados, telhados arrancados, casas desabadas e até um carro virado de ponta-cabeça. Os bombeiros, a defesa civil e os próprios moradores trabalhavam intensamente para arrumar tudo e fazer a vida voltar ao normal. Embora abalados com o que viam, os garotos não perderam o foco de sua missão: pesquisar a situação do solo. — Gente, observem bem esse morro: arrancaram todas as árvores para construir casas — Uerê foi o primeiro a notar. — E são elas que ajudam a segurar a terra — explicou a professora Vivi. — Sem as árvores, as chuvas fortes fazem com que a terra, e tudo o que está por cima, desbarranque. Os deslizamentos podem ocorrer mesmo em áreas arborizadas. Por isso é importante construir apenas em locais autorizados pelo poder público e com técnicas adequadas. De repente, Dudu observou que Miga se coçava. "Estaria com pulgas?", pensou ele.
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— Pulgas! É isso! — exclamou Dudu, para surpresa de todos. — Hã? O que isso tem a ver?! — perguntou Lili ao lado de Miga, que fazia cara de quem estava acompanhando toda a conversa. — A superfície da Terra é igual a nossa pele e também a da Miga! Quem gosta de ser picado, arranhado, queimado ou de levar um beliscão? Eu, não! — exclamou Dudu. — Faz sentido, Dudu! Assim como a Miga, a Mãe Terra também não gosta de receber produtos químicos como pesticidas e herbicidas, nem de ser maltratada por nós — completou Rasta com firmeza. As crianças começaram a entender que, tanto quanto da nossa própria pele, precisamos cuidar da “pele” do planeta. Foi aí que Lili perguntou a diferença entre frutas, verduras e legumes orgânicos e os cultivados com agrotóxicos. Rasta foi logo respondendo: — Os orgânicos são fertilizados com adubos naturais. Por isso, não prejudicam o solo e as águas subterrâneas. Ainda por cima, são muito mais gostosos!
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— É, mas ouvi dizer que esses adubos naturais são feitos de restos de plantas, minhoca e até cocô de vaca. Eca! É verdade? — indagou Lili. — Cocô, não! Nesse caso, o nome correto é esterco, Lili. E é tudo muito bem preparado. Usa-se uma técnica chamada compostagem, que recicla o lixo para ser usado como adubo agrícola — explicou Vivi. Uerê aproveitou para mostrar seus conhecimentos e refletiu sobre o consumismo: — Pensando bem, tudo que comemos e usamos vem da terra e, por isso, não devemos utilizar desnecessariamente seus recursos.
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Imaginem quantas florestas foram devastadas só pra gente ter mais coisas, exagerar na comilança e, pior ainda, desperdiçar! — É verdade! — concordaram as crianças. — Precisamos proteger a Terra. Ela é nossa casa linda e querida — concluiu Lili, ganhando uma bela lambida da Miga. E assim, com tanta informação para preparar seus relatórios e material para apresentar na futura exposição, despediram-se do bairro e dos moradores. Era hora de seguir rumo ao Jardim Brasil.
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As águas do Jardim Brasil
Aquele era, realmente, um bairro bem adequado para estudar as águas da região. Um pouco mais afastado do centro, havia sido muito bonito um dia. Por ali passavam um rio e um córrego, seu afluente. Havia também um grande rio próximo ao pequeno núcleo comercial do bairro. — Esse ribeirão costumava ser uma beleza de limpo! A gente
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vinha nadar, pescar, andar de barco — falou, dirigindo-se ao grupo de estudantes, um senhor sentado em um banco meio enferrujado na praça, em frente ao rio. Com ar tristonho, Miga deitou-se ao lado do senhor. — É mesmo? — perguntou Lili. — Conta mais como ele era! O homem chamava-se José. Sem se fazer de rogado, foi logo contando, com algum saudosismo, o que havia acontecido ao rio. — Era lindo, cheio de peixes que pulavam quando a gente jogava bolinhas de miolo de pão. E as flores, então! Era tudo colorido em volta. A água parecia uma piscina de tão limpa e como todo mundo se divertia quando vinha fazer piquenique aos finais de semana! A turma estava impressionada. Como tanta beleza poderia ter se transformado naquilo que estavam vendo — água turva, sem sinal de peixes e, no lugar das flores, terra pisada? — É o descuido gente! A falta de educação, de bom senso e sei lá mais do que dessa gente que acha que a natureza é esgoto ou depósito de lixo. Outro dia vi um pneu jogado ali — lamentou o seu José, apontando para o rio. — Que absurdo! E o que o senhor nos diz sobre os rios da região? — a curiosidade era geral.
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— Outra calamidade. Neles, também jogam de tudo. Vocês não vão acreditar, mas até um sofá foi visto boiando ali no rio Iporanga. — Iporanga é o nome do rio? Que ironia! — exclamou Uerê. — Por que ironia? — quis saber Rasta. — É que Iporanga, em tupi, quer dizer “rio bonito” — respondeu o curumim, que adorava saber a origem das palavras. — É isso mesmo, moço! Hoje, tem até esgoto sendo despejado… Por isso, quando faz calor, ou ficam muitos dias sem chover, o rio exala um cheiro horrível, não dá nem para ficar por perto — disse o seu José. Dudu lembrou-se de ter visto com seu pai um documentário na TV. Chamava-se Águas claras e dizia que, embora no nosso planeta
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houvesse mais água do que terra, a maior parte era salgada e não podia ser ingerida pelas pessoas. Para piorar, o pouco de água-doce que havia estava sendo poluída. Preocupado, disse: — Se todos os seres vivos dependem da água para sobreviver, como podemos utilizá-la tão mal? Desperdiçando-a em banhos demorados, em irrigações malfeitas… — E as torneiras que ficam pingando ou abertas enquanto se escova os dentes ou esfrega os pratos — completou Mika. — Lá em casa, eu e meus avós estamos nos dedicando a economizar água. E está dando resultado! Tanto que a conta de água já está mais baixa e eles estão depositando a diferença em uma poupança que vai me ajudar no futuro. — Pois é! — concluiu Uerê. — Quando a gente quer mesmo algo, consegue. Um bom começo é não desperdiçar aquilo que tanto precisamos para a sobrevivência. Depois, não devemos poluir as águas, afinal, os rios e lagos não são lugar de se jogar lixo, certo? Além disso, não é fácil, mas é preciso exigir das autoridades que o esgoto seja tratado e os rios despoluídos. — Assim, a água sempre vai nos ajudar! — completou Lili, feliz da vida por ter participado da pesquisa com a turma mais velha.
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No Parque das Hortências
Lili sempre fora muito ligada aos animais. Seus pais até achavam graça de tanta paixão. Também gostavam muito de bichos, e apoiavam as iniciativas da filha para protegê-los. Assim, foi natural que Lili também quisesse participar do grupo que faria o trabalho sobre o Parque das Hortências — era um bairro antigo, próximo ao centro da cidade, cheio de cães e gatos abandonados que circulavam por suas ruas. Em geral, quando se fala sobre animais que estão em perigo, são mencionados aqueles em risco de extinção, como os micos-leões-dourados, as araras-azuis, as onças-pintadas, os urubus-rei e tantos outros. Só que Lili entendia que todos os animais mereciam carinho e proteção da mesma maneira. — Eles têm direito de viver dignamente tanto quanto a gente. Afinal a Terra é de todos nós: seres humanos, animais, plantas… Melhor dizendo, nós é que somos todos parte da Terra — falou ela com muita emoção.
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— Au! Au! — latiu Miga, parecendo concordar com cada palavra de Lili. — É isso mesmo! — exclamou Rasta. — Além de ser um direito dos animais viver em seu habitat, isto é, no seu meio ambiente natural, seria uma grande perda para todos nós o seu desaparecimento. No meio do bairro, havia uma grande praça. Estava um pouco malcuidada, mas, ao caminhar por ela, o grupo se deparou com uma feirinha sobre meio ambiente chamada “S.O.S. Mundo”. As crianças resolveram entrar em um dos quiosques. Era muito bonito, todo pintado em tons de verde e com vários cartazes coloridos. Neles, estavam reproduzidos os ecossistemas do planeta e as plantas e os animais típicos em que neles habitavam… Um verdadeiro atlas vivo! Tiraram muitas fotos e fizeram anotações que usariam no trabalho. Conversando com o simpático monitor da exposição, os amigos souberam que ele fazia parte de uma ONG que tinha como missão divulgar a importância da proteção da biodiversidade.
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Depois das despedidas e de muitas anotações, Lili chamou os amigos para visitar a barraca ao lado, sobre adoção responsável. — Que fofura! — Lili estava encantada com um gatinho siamês de cara preta e de “luvas e botinhas” brancas e Dudu com um cachorrinho vira-lata marrom que era realmente muito simpático. — O contato com animais domésticos abre o coração das pessoas, desperta o amor incondicional e traz muita alegria — disse a organizadora da feira de adoção. Ela contou várias histórias de amizade entre homens e bichos. Claro que não deixou de citar o ditado: “o cão é o melhor amigo do homem”, com o qual nem todos concordavam. Entretanto, quem pareceu não gostar nada daquilo foi a Miga. Enciumada, deu alguns latidos e quase causou uma tremenda confusão querendo correr atrás dos gatos. — Melhor irmos embora! — disse Vivi, chamando o grupo. Assim, estava na hora de continuar o passeio. Já com saudades dos bichinhos com os quais tiraram várias selfies, as crianças seguiram com cada vez mais informações para o trabalho. A próxima parada: Vila dos Remédios.
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A Vila dos Remédios
Quando soube que seu sobrinho querido faria uma visita à Vila dos Remédios, o tio de Dudu logo se dispôs a acompanhar a turma pelo bairro. O seu Carlos era um antigo morador da região. Conhecia cada pedaço, inclusive aquele local muito mal-afamado e malcheiroso que lá existia há muito tempo: o lixão. — Estamos lutando para acabar com ele — disse seu Carlos à turma. — Já existe até uma lei que proíbe a existência de lixões. — É verdade! — concordou a professora Vivi, tapando o nariz. — Os resíduos sólidos, que é o termo mais correto para o lixo, deveriam ser cobertos por camadas de terra. Ainda impressionados com a terrível visão da montanha de lixo, os garotos fizeram muitas perguntas: Quanto lixo é produzido em nossas casas, em nossas ruas, cidade, país? E no mundo todo? E o que fazer com isso tudo? — Queimar? Nem pensar! O planeta viraria uma grande fogueira! — exclamou Uerê. — Enterrar? Impossível! Acho que o buraco iria até o outro lado do mundo… — imaginou Lili.
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— Jogar no mar? Iria acabar com os peixes e com a beleza das praias — refletiu Dudu. — Mandar para longe? Como? Se o longe daqui é o perto dali? — indagou Mika. — Não, nenhuma dessas formas é a solução. Precisamos pensar melhor e tomar providências mais eficientes — disse Rasta, acalmando o grupo. Foi então que o seu Carlos começou a falar sobre os “três Rs da redução do consumo”. Curiosa, a turma quis saber do que se tratava e escutou, atenta, sua explicação: — Vocês não conhecem? Reduzir, Reutilizar, Reciclar. Podemos ainda doar e trocar. — Como? — indagou Lili. Ao lado, Miga acompanhava a conversa de orelhas em pé. — Já sei! — disse Dudu, triunfante. — O primeiro “R” não é tão difícil. Podemos, por exemplo, colocar no prato só o que realmente vamos comer, evitando assim jogar restos no lixo. Podemos também reutilizar folhas de papel que usamos só para rabiscar. E evitar produtos com muitas embalagens, que por sua vez vão gerar mais lixo… Mas aí separamos as embalagens inevitáveis, latinhas, bandejas de isopor, papéis, plásticos etc. para reciclar e assim diminuir o volume do lixo. — Lá em casa nós já separamos o lixo — disse Uerê, empolgado. — Minha mãe tem duas latas, uma para
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restos de comida, o lixo “molhado”, e outra para o “seco”, papéis, plásticos, metais e vidros. Lili não quis deixar por menos: — Na minha casa, temos o costume de reutilizar tudo o que é possível. Por exemplo, uma calça jeans vira bermuda, uma garrafa vira luminária. E, como meu pai diz, até o picadinho vira “risoto” — disse ela, provocando risadas na turma. — Estimular trocas também é uma boa maneira de diminuirmos o lixo! — continuou o seu Carlos. — É verdade, tio! Quantas pessoas não adorariam ganhar o que já não me serve mais? E eu bem que gostaria de ganhar muito do que outros já não usam — emendou Dudu, já pensando no skate do irmão do Rasta. — Doar, então, nem se fala; é algo que faz bem para quem dá e para quem recebe — brincou seu Carlos — Então, é isso aí! Vocês já tem um bom material para preparar o trabalho. Faço questão de comparecer e ver o que vocês vão apresentar. Posso dar uma sugestão? Que tal um teatrinho com o nome: “Quanto Lixo!”? A turma adorou a ideia! No caminho de volta, no ônibus, já preparavam os diálogos.
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De volta à escola
Os familiares aguardavam a chegada das crianças na porta da escola. Quando o ônibus chegou, foi uma alegria só. As crianças elogiavam: — Que ideia genial fazer pesquisa de campo! — Foi muito bom! — Aprendi um monte de coisas! Empolgada, Vivi subiu no tablado que servia de palco para as festas realizadas na quadra e convidou todos para a exposição “Desafios do meio ambiente”, que aconteceria na semana seguinte. — Nos próximos dias, vou orientar os alunos na execução dos trabalhos. A apresentação será livre! Podem fazer cartazes, vídeos, fotos, músicas, teatro, blogs e o que mais a imaginação de vocês mandar. Depois, faremos uma bela exposição no pátio do colégio com esses materiais. — Podemos fazer instrumentos reciclados e apresentar a “Banda Heróis” durante a exposição! — sugeriu Rasta, empolgado. — Ótima ideia! — exclamou, Uerê, que adorava tocar. — Vai ser um sucesso! — concordou Dudu.
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Um pouco mais contida, Mika lembrou-se de tudo o que havia se passado desde o início do trabalho e propôs: — Gente, tudo isso que aprendemos nesse passeio será ainda mais valioso se pudermos dividir com a vizinhança, principalmente com aqueles que passaram por tamanha tragédia. Afinal, assim eles vão ter outras visões e até soluções para os problemas ambientais e suas consequências. — Tem razão, Mika! — concordou Rasta. — Não podemos nos esquecer de que as pessoas são o que há de mais importante. — Au! Au! — latiu Miga, abanando o rabo e dando uma bela lambida na bochecha de Lili, para risada geral. — Pelo jeito, a Miga também quer ser lembrada! — riu Lili. “Ah, como é bom aprender e se divertir ao mesmo tempo!”, pensou Vivi, realizada.
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Evoluir Título original
Os Heróis e os desafios do meio ambiente
Autora
Bia Monteiro (Beatriz Monteiro da Cunha)
Roteiro
João Pedro Lima Gonçalves
Conselho editorial
Bia Monteiro, Chico Maciel, Fernando Monteiro, Flávia Bastos, Lilian Rochael e Uriá Fassina
Ilustrações
Casa Locomotiva
Projeto gráfico e produção
Chico Maciel
Preparação de texto
Elisa Andrade Buzzo
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Monteiro, Bia Os Heróis e os desafios do meio ambiente / Bia Monteiro ; ilustrações Casa Locomotiva 1. ed. – São Paulo : Evoluir, 2015. Série os heróis da natureza 1. Meio ambiente – Literatura infantojuvenil I. Casa Locomotiva. II.Título. III. Série. ISBN 978-85-8142-080-6 15 -07722 Índice para catálogo sistemático 1. Meio ambiente : Literatura infantil 2. Meio ambiente : Literatura infantojuvenil
CDD-028.5 028.5 028.5
Este livro atende às normas do acordo ortográfico em vigor desde janeiro de 2009.
Evoluir FBF Cultural Ltda. Rua Aspicuelta, 329 Vila Madalena, São Paulo-SP CEP 05433-010 Tel: (11) 3816-2121
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Edição Fonte Papel capa Papel miolo Gráfica
1ª edição/impressão, setembro de 2015 Ideal Sans Suzano Royal Tech 300g/m² Suzano Pólen Soft 70g/m² Elyon (São Paulo/SP)
BDA1.2k EVL0.3k LTP3k TTL4.5k
"We could be heroes, just for one day" — David Bowie
isbn 978-85-8142-080-6
Os Heróis encaram grandes missões para salvar o planeta da degradação ambiental. Nesta aventura mostram a importância do meio ambiente e de sua conservação dando dicas de como purificar o ar, cuidar do solo, limpar as águas, proteger os animais e repensar o destino do lixo.