Poesias e limeriques

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Poesias e Limeriques

David Nordon



Poesias e Limeriques

David Nordon



Agradeço em primeiro lugar e acima de tudo ao senhor nosso Deus. Ă€ minha amada esposa, Mirian, Aos meus pais, E a todos que me apoiaram nesta carreira.


Direção Editorial Flavia Bastos Coordenação Editorial e revisão gráfica Chico Maciel Projeto Gráfico RHK Revisão Alexandre Oliveira Produção Editorial Evoluir Cultural

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Nordon, David Gonçalves Poesias e Limeriques / David Gonçalves Nordon. -- São Paulo : Evoluir Cultural, 2013. -(Coleção leituras inesquecíveis) ISBN 978-85-8142-020-2 1. Poesia brasileira I. Título. II. Série. 13-00833 Índices para catálogo sistemático: 1. Poesia : Literatura brasileira 869.91

© Evoluir Cultural - 2013 - 1ª Edição Rua Girassol, 34, Cj 94 – Vila Madalena 05433-000 São Paulo – SP Tel.: (11) 3816-2121 www.evoluircultural.com.br evoluir@evoluircultural.com.br

CDD-869.91


Sumário Haikai..................................................................................................6 Senhor sonhador.............................................................................. 8 Tontoliques¹...................................................................................... 10 Tontoliques²..................................................................................... 12 Tontoliques3..................................................................................... 14 Tontoliques4..................................................................................... 16 Tontoliques5.................................................................................... 20 Tontoliques gáticos........................................................................24 Tontoliques cachôrricos............................................................... 26 Destranhoto.....................................................................................28 Mediquês......................................................................................... 32 Catapora...........................................................................................38 Fantasmagoriques..........................................................................42 Passatempo-o-tempo-passa?.....................................................46 Bichinho da Fruta..........................................................................48


Haikai

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Haikai é Japonês, Tão curto, até cortês Rápido se fez Um verso por vez Sílabas: Cinco, sete Cinco, escreve! Por traquinagem, Um Haikai se explica: Metalinguagem!

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Senhor sonhador

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Conheci um senhor Tão sonhador! Deitava no chão, Soltava balão No fim de semana, Passeava com a iguana

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Na segunda-feira, Assustava a arrumadeira! De dia na terça, Lustrava a cabeça! Quarta-feira era dia De ir ver a tia Quinta-feira era bom Para ouvir um som E na sexta-feira, que bênção! Acabava a semana estafante Ficava meu amigo exultante, De tanta inspiração O que vou fazer? Será que vou ler? Talvez melhor seja No parque correr Vou sair da cama, Pegar minha iguana, Comer uma cereja, Visitar minha mana Um dia, porém, De puro desdém, Não prendeu o balão, Subiu para o céu, Abriu um escarcéu, Caiu no meu caldeirão

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Tontoliques¹

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Um dia, um tonto Contou-me um conto Puxou a cadeira, Sentou-se à lareira E falou, ponto por ponto O tonto comprou um pastel Recheado todo de mel Esbarrou em um urso, Não teve recurso, Deu o pastel pra não ir para o céu! O tonto encontrou um jacaré, Que queria morder-lhe o pé Foi tal seu espanto, Que perdeu o seu manto, Na sua fuga de marcha a ré!

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Tontoliques²

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O tonto chupou um limão, Pela cara, não gostou não Passou na capela, Com cara de vela, E o padre lhe deu uma panqueca! O tonto limpou a janela, Caiu e quebrou a canela Ficou lá no chão Todo esparramadão Mais parecia uma boneca! Passou uma menina, Mas tão gente fina! Viu sem encanto, O tonto no canto, E levou para si a panqueca! O tonto ainda estava com fome, Já que este era seu outro nome Parou lá no bar, De frente pro mar, E pediu água de coco em caneca!

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Tontoliques3

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O tonto era muito engraçado, De tudo já havia tentado Pra fazer um chinês Falar em francês, Um dicionário pegou emprestado Pra deixar pão na chapa Com gosto de garapa, E um pequinês Parecer um maltês Precisou só de sua capa Pra fazer de sacola brachola, E com o brachola um colchão de mola, E com sua mão Fazer um espadão, Usou nada mais que a cartola Depois disso pegou uma amora E mostrou uma cobra que chora E o show acabou, Agora me vou E dito isso, foi-se embora

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Tontoliques4

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O tonto também tem uma cozinha, E lá fica tudo na linha Coentro no centro, Alho no galho E um pote pra salsa e cebolinha No armário ele tem uma panela Cheia até a boca de canela, Centavos de cravos, Quilo de tomilho, Tudo pra fazer uma paella Lá também tem abacaxi, Tomate, cebola e limão tahiti Torta na porta, Aquilo é mirtilo Tudo isso servia ali

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Na geladeira tem ovo, Mas todos de corvo! Gosto de mosto, Cheiro de bueiro! E isso pra ele é um estorvo Três montes de figo, Ganhou do amigo Abacate de chocolate, Compota de marmota Mas é tudo antigo! Um dia pegou tudo, Inclusive sabugo, Escarola de caçarola, Pimenta e menta E fez um x-tudo! Veio com torrada, Mas eu me senti enganada! Era prato de rei, Mas eu não gostei, Pois o x-tudo tinha gosto é de nada!

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Tontoliques5

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O tonto não tinha um barão, Mas decidiu andar de avião Queria passagem, Lá pra Contagem, Mas não dava nem pra Ribeirão! Sem barão pra Contagem, Nem contagem de Barão, Foi pra garagem, Com muita coragem, Criar o seu próprio avião! Juntou tudo que lá tinha, Até mesmo agulha e linha Pegou uma canoa, Uma prancha na proa E montou em uma bicicletinha

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A máquina era muito estranha, Parecia engenhoca da Espanha! Sob o casco da prancha, A roda deslancha, E decolou do platô da montanha! Mas o avião tava mais pra navio, Porque caiu e deslizou até o rio Sem muita chance, O avião flutuante Parou num lago em seu desvario Mas o tonto não desiste tão fácil Foi pedir para o tal seu Horácio, Que tinha um zepelim, Feito de brim E cabine montada do armário “Posso voar no seu zepelim?”, Perguntou aquele tonto sem fim Mas ele negou E lhe falou: “Ele só serve pra mim!”

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“Fazer o que vou eu neste mês? Como vou visitar um galês?” Teve uma ideia Juntou uma boleia E uma vela de navio norueguês Sob ela acendeu um fogareiro, E olhou para o céu de brigadeiro “Este meu balão Parece avião! Logo estou no Rio de Janeiro!” Aquilo parecia inacreditável! Como podia tal aparato notável? Subir e descer, mas não bater e parar numa praia formidável Mas a coisa mais bizarra De toda essa algazarra É caçar um galês Em menos de mês No meio da praia da Barra!

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Tontoliques gáticos

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O tonto também tinha um gato; Gatonto era seu nome nato Preto dourado, Amora e melado, E um tanto verde cor do mato Com tantas e múltiplas cores, Gatonto se escondia entre flores Gérgebra e lírio, Rosa, que brilho! Tudo isso onde quer que fosse Só copo-de-leite não dava, Pois lá ele se destacava Naquele jardim, De flores sem fim, O tonto se preocupava “Ora pois, onde está o gatonto? Daquele meu gato eu te conto! Foge de mim, Está no jardim? Onde é, meu amigo, que te encontro?” Miau fez gatonto com efeito, Lá perto do amor-perfeito “Achei finalmente, Quem me dá leite!” Ronronou aquele gato sem jeito

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Tontoliques cachôrricos

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O tonto não tinha só um gato, Tinha um cachorro que usava sapato Ele era tão esperto, Que mesmo perdido no deserto, Voltava para casa num rato! E ele era tão interessante, Que era um passeador itinerante Chamava o elevador, Descia sem temor, Passeava sozinho e ainda voltava com refrigerante! Ele era um cachorro realmente tão inteligente, Que ficava na frente de muita gente Se a luz acabava, Não se apavorava Esperava na rua, até voltar – e subia bem placidamente E mesmo quando estava chovendo, Ele não saía correndo Puxava uma coberta, Sempre tinha, na certa E ficava lá sentado, se lambendo Certo dia o cachosperto uma cachorra encontrou E dela se enamorou Será possível? Uma paixão tão imbatível, Que ele se foi e nunca mais voltou Vira e mexe, porém, o tonto o encontra, Com a esposa e os filhinhos, perto da moita Ele vem e faz, Muito sagaz, Uma festa, para matar a saudade tão doida

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Destranhoto

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Quem escreve com a esquerda é canhoto, Mas serão todos marotos? Uma vez conheci um garoto, Que vivia brincando no esgoto Mamãe não deixava, mas ele brincava com fogo E não ligava, mesmo quando o chamavam de louco Canhoto e maroto – ele era um canhoroto! Canhoto também é sinistro, Não daquele estilo Mefisto Será que talvez como o ministro, Seja assim tão bem quisto? Canhoto e sinistro – que tal canhistro? Já quem usa a direita é destro, É a maioria do mundo – está certo? Certa vez eu já vi um maestro, Fazendo por eles um manifesto Queria sua partitura por metro, Bem diferente do resto! Manifesto de destro – se chama maniestro!

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E quem escreve com as duas, Dirige dos dois lados das ruas? Podemos chamar esta mistura De ambicanhoto – oh, lua! Afinal, se para as duas mãos é destro, Chamamos de ambidestro! E se para as duas é canhoto, Chamamos de ambicanhoto! Também conhecido como bissinistro, Por ser duas vezes sinistro! Mas de que adianta, se não consigo saber, Com qual das mãos prefiro escrever? E se prefiro escrever com o pé, Que raios de nome isso quer? Com o pé direito – pestro! Com o pé esquerdo – penhoto! E se usa os dois? Ambipestro ou ambipenhoto? Ai, que difícil, ser destranhoto! Talvez bípede seja o melhor dos termos, E quadrúpede para quem escreve com os quatro membros? Ih, garoto, mas que confusão! Canhoto, Destro, Pestro e Penhoto! Ambicanhoto, Ambidestro, Ambipestro, Ambipenhoto! Bípede, Quadrúpede ou Destranhoto? Ai, meu Deus, socorro! Já não sei mais com qual escrevo! Então é melhor parar este texto

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Mediquês

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Medicina tem tanta palavra engraçada Vamos ver e dar uma risada? Manúbrio é um osso que não faz manobra, Mas no meio do peito ele faz uma dobra Processo xifoide tem chifre, é isso? No meio do peito, ele parece um ípsilon! Para medicina, carina não é nome de menina É o que divide a traqueia em dois – ora pois! Diafragma não tem nada com lágrima, Separa o pulmão do meu barrigão E a pleura, sem neura, Enrola o pulmão como se fosse um roupão Será que o serrátil é uma serra retrátil? E o latíssimo, um latido grandíssimo? E o romboide, é um robô ou androide? Oh, não, mas veja, que cúmulo! Tudo não passa de músculo! Peritônio não é periquito do Antônio, Mas envolve o intestino do seu Josefino Coronárias, mais que corda das canárias, Leva sangue de montão lá pro coração Quem Cava n’Aorta, planta semente, Ou são elas dois vasos da gente?

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Será que o acetábulo é um azedo estábulo? E o ísquio, um esqui de esquimó? Ou juntos eles fazem uma coisa só? E o íleo-psoas, é uma ilha de pessoas, Ou só ajuda a puxar a perna numa boa? Esse mediquês tem cada nome difícil! Mas eu vou explicar tudo – que alívio! Você já viu uma sela túrcica? Será sela de cavalo da Rússia? E o hipocampo – que espanto! – se não me falha a memória, Tem forma de cavalo marinho – que história! Zigomático não é tão insosso Simpático, é a maçã do rosto E o mastoide, osso da nuca, Dói quando bate ou machuca Esfenoide fica acima do nariz e é um tanto infeliz Quanto tomo um sorvete melado, parece que fica congelado! A ínsula, enfim, não fica no mar, Mas no meio do cérebro – como vou achar? Já o caroço que surge no pescoço, Nada mais é que um linfonodo – que engodo! Tuba de Eustáquio, mais que um instrumento musical, Liga ouvido e garganta por um só canal

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Atlas é a primeira vértebra da coluna, Segura a cabeça sem falha alguma Tem nome de gigante que leva na costa, Todo o mundo – nem vem que é lorota! Medicina tem tanto nome estranho, Que escarro é nome de ranho! Será quirodáctilo primo do pterodáctilo? Ou não passa de dedo da mão? Trapezoide um trapézio malfeito, Escafoide um escafandro com defeito, Sesamoide um gergelim bolorento? Ou bagulho, ou osso do punho? Falange não é nome em francês, É o nome do osso que aponta vocês! O rádio não toca estação FM, E o úmero não é número sem N Vão todos em compasso, lhe dar um abraço Cotovelo é uma coisa sem nexo, Chame de olecrano – eu lhe peço! E veja só que assombro, Tudo isso faz parte do ombro: Coracoide não é caramujo sem tênis, Glenoide não é primo da Glênis, E acrômio nem tem dois emes

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Grácil é um músculo tão fácil, Sóleo não é sol cheio de óleo, E com o gastrocnêmio, forma-se a perna do Eugênio E veja que interessante, não é necessário sextante Pois o navicular não navega no mar, Mas é osso do pé do almirante Linfócito, leucócito, monócito, eritrócito, Fagócito, eosinófilo, basófilo, trombócito, Tem toda uma gangue, no meio do sangue Prepare-se agora, pois este demora: Esterno-cleido-mastoideo-occipital Mais que um nome do mal, Ele gira o pescoço toda hora Depois de estudar isso a fundo, eu me pergunto: Tanto nome, com tanto folclore, Há quem mediquês decore?

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Catapora

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Tinha um menino lá na escola, Que um dia veio com o corpo cheio de amoras Bem vermelhinhas, Tão pequenininhas! Mamãe disse que era a tal catapora Por uma semana o menino foi embora, Pois senão ia passar pra toda a escola Pensei então, Com meu botão: - Também quero pegar catapora! Depois da aula foi a maior correria, Fugi da perua e fui pra casa da tia, Pra ver meu colega, Filho do seu Ortega, Que era dono de uma padaria E lá me achegando, Mas que espanto! Havia na estrada Uma fita listrada Todo o quarteirão isolando - Mas por que tudo isso? Perguntei no edifício - Parece que seu colega Tem uma coisa que pega E ninguém quer chegar perto disso! Saí, assim, de supetão, Corri pela rua, pulei o portão Escalei a parede Apoiando na rede E parei na janela do meu novo amigão

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- Ó, meu colega, me ajuda sem demora! Me dá logo um pouco dessa tal catapora! Sei que isso passa Mais fácil que traça! E eu quero umas férias agora! Entrei no seu quarto e lá eu fiquei Por quanto tempo nem eu mesmo sei Sua mãe me achou, Embora me mandou, Mas eu tinha certeza que catapora eu peguei! E muitos dias se passaram, Mas as bolinhas não chegaram - Por que será? Fui perguntar, E meus mais, então, me explicaram - João, seu bobão, Você não sabia, não? Quem ela já teve, Não tem duas vezes E assim eu fiquei a chupar meu dedão!

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Fantasmagoriques

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Será que fantasma gosta de pipoca? Ora, não seja assim tão boboca! Mesmo que gostasse, Como que faz-se? Porque o milho o lençol amarrota E bruxa, consegue voar de esfregão? Ah, isso não consegue, não! Mas em dia de chuva, Quem sabe ela usa? Se não, escorrega e cai no chão! Quando o lobisomem precisa aparar o pelo, Ou talvez dar um novo corte no cabelo, Onde é que ele vai? Quem é que o faz? O veterinário, o barbeiro, ou a tesoura do jardineiro? E tem também aquela tal de Cuca, Me disseram que gosta de jogar sinuca Um jacarezão, Usando um bastão? Meu Deus, que coisa maluca! Pior que um saci de patim, Só se ele soltasse um atchim! Imagine só, Ele, que dó! Rolando pela ladeira sem fim!

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 44 


Vampiro já foi mais amedrontador, Antes chupava sangue – que horror! Do sol ele fugia, E alho temia! E hoje? Tá no Rio, com pinta de ator Parece que essa tal de caipora, Já virou uma tal de senhora Se este título expira, Vira só uma caipira, Quem já foi rainha de outrora! O curupira enganava todo mundo, Com seus pés virados pro fundo Do asfalto hoje se queixa, Que pegada nenhuma ele deixa, Só queima seu pé sujismundo! O que falar então da mula sem cabeça? Tem algum chapéu que a envaideça? Será que lhe cabe, Um daqueles, quem sabe? Alto de rendas, com penas e flores, estilo condessa? Para descobrir se tudo isso é mesmo assim, Será que vou precisar de pó de pirlim-pimpim? Ou talvez simplesmente, Esperar, minha gente, Que já, já chega o Halloween!

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Passatempo-o-tempo-passa?

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Passatempotempopassa? Pra provar a torta que não assa, meio com medo, meto o dedo, Pra ver se no fundo não queimou a massa Passatempotempopassa? Só não me ponha uma mordaça Ficar a esperar, sem poder falar? É aí que a paciência se esgarça! Passatempotempopassa? Tem algo que numa viagem faça, surgir num átimo um caminho prático, que acelere a minha barcaça? Passatempotempopassa? Tem um quebra-cabeças que me faça montar tudo a menudo sem usar nenhuma trapaça? Passatempotempopassa? Tem é que ter muita graça! Passar o tempo A cata-vento Enquanto espero sentado na praça!

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Bichinho da Fruta

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Julinho é muito peralta, Sobe em tudo que é árvore alta Roubar muita fruta, É a sua labuta E diz: “pior é quem assalta” Mas, certa feita, Quando fazia sua feira, Pegou uma maçã, Do tamanho de romã, E pensou: “Sozinho eu como inteira!” E assim ia ele pela rua, Comendo a maçã só sua, Quando um amigo seu, De sua casa apareceu, E viu a fruta do tamanho da lua “Ora, Julhinho, vem cá, Um pedacinho você não me dá?” “Não te dou, não, Nem inho, nem ão! Se quer uma igual, vai lá pegar!” Ora, mas que desaforo! Onde já se viu alguém tão guloso? “Quer saber mais? Diferença não faz!”, Respondeu o amigo dengoso “E espero pela sua gulodice desmedida, Que ache um verme no meio da mordida!” “Como é, o que disse Sobre a minha gulodice?” “Que ache um verme com a cauda partida!”

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“Como é que é essa, João? Me explica, que não entendi, não! Que diferença faz, Se o pedaço me traz, Metade de um verme, ou se fica tudo na mão?” “Ora, mas é tão claro, seu cabeça oca! Que entende até a minha tia louca! Se achar só metade, Que alarde! Não está o resto na sua boca?” Julinho ficou tão enojado, Que até desistiu de ser malcriado “Não consigo nem tentar Esta maçã terminar Acho que vou ficar um pouco sentado!” Então João pegou aquela fruta E cortou com uma faca diminuta “Assim tenho certeza, Que não sou pego de surpresa Pois nenhum bicho me enfrenta na luta!”

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Este livro foi composto nas fontes Bree Serif (capa), Buda (títulos) e Gudea (textos). A impressão do miolo foi em papel Pólen 80g/m2 e da capa em Triplex 250g/m2, ambos em Pantone P 66-7U, na gráfica Pancrom, em São Paulo, março de 2013.



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á muitos anos, um garotinho de quatro aninhos, sentado no sofá ao meu lado, me pedia, em tom de ordem delicada: “leia”! E eu lia para ele, do meu melhor jeito, histórias velhas e novas e até inventadas.

E como o tempo não perdoa, alguns anos depois, eis que me aparece aquele Davizinho, na forma de um jovem médico Dr. David Nordon, como que repentinamente transfigurado de médico para escritor com um livro “literário” de sua própria autoria, um intelectual de gabarito e, vejam só, escritor nato com contos já publicados e até premiados – e me dá a grata surpresa de me confiar as apresentações de três dos seus livros. O primeiro é este, Poemas e Limeriques o qual, como o titulo sugere trata de nada menos de que – limeriques diversos... E como, conforme as famosas palavras do Padre Antonio Vieira, “Não tenho tempo para ser breve”, já vou enfrentando o honroso convite. Trata-se de Poemas e Limeriques. Os Limeriques se comportam como limeriques, com seu humor e seus disparates – e os poemas bem diferentes, trazem também o incomum senso de humor e maestria do domínio da técnica do seu segundo oficio de escritor nato, e tão cheio de ideias e recursos que não dá para falar muito de todos eles aqui. E é por isso mesmo que resolvi delegar aos afortunados leitores o simples prazer de descobrirem eles mesmos os adjetivos que desejam aplicar aos textos que têm em mãos... Garanto que o leitor vai se divertir muito como essa “tarefa”, isso não tenho dúvida! Desculpem o “mau jeito” e deem boas risadas! É isso ai! TATIANA BELINKY


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