�ata �o�a Uma introdução ao Hatha Yoga para crianças
Maria Celeste de Castilho & E. A. Bomfim
�ata �oga Uma introdução ao Hatha Yoga para crianças
Maria Celeste de Castilho & E. A. Bomfim
Uma introdução ao Hatha Yoga para crianças Maria Celeste de Castilho e E. A. Bomfim
Coordenação editorial
Flávia Bastos Renata Polacow
Supervisão técnica
Maria Celeste de Castilho Textos e ilustrações
E. A. Bomfim
Projeto gráfico
Andréa Santiago Revisão
Bruno D’Abruzzo Colorização eletrônica
Hakeema Bordados
Marcela Zuccon
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Castilho, Maria Celeste de Rata yoga: uma introdução ao hatha yoga para crianças/ Maria Celeste de Castilho e E. A. Bomfim. -- São Paulo : Evoluir, 2006. 1. Ioga para crianças 2. Literatura infanto-juvenil I. Bomfim, E. A.. II. Título. 06-8035 Índices para catálogo sistemático: 1. Hatha Yoga para crianças: Literatura infanto-juvenil
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CDD-028.5 028.5
Ao meu filho Marcel, à minha nora Isabel e aos meus netos: Sara, Hélène e Leon
Celeste
À minha esposa Cida e aos nossos filhos: Adriano, Clarissa e Luli
Bomfim
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Oi, Eu me chamo
Rata Yoga.
Na verdade, eu não sou bem uma rata - sou uma camundonga. Mas escolhi esse nome porque ele lembra o do “Hatha Yoga”, que é um tipo mágico de exercício do qual vamos falar neste livro e que nos ensina a viver melhor, com mais saúde e mais tranquilidade. Sou assistente da professora Celeste e do Bonfim - o cara que me arranjou este emprego - e estou aqui para demonstrar as posições que você deve imitar quando estiver praticando os exercícios de Hatha Yoga que vamos ensinar-lhe. O seu curso de Yoga deve ser dividido em aulas ou sessões diárias com a duração de 30 minutos a 1 hora, dependendo da sua disposição. É lógico que você não poderá (e nem deverá) executar todas as posições que vamos ensinar-lhe em uma única sessão. Assim, peça ao papai, à mamãe, ao seu instrutor ou à sua instrutora para ajudá-lo(a) na escolha das posições mais convenientes para a prática de cada dia. Mas não deixe que eles escolham sozinhos: dê os seus palpites, indique as suas preferências. O Yoga não gosta de nada forçado - quer tudo feito por livre escolha, nada deve ser obrigatório. Observe as minhas “fotos” com atenção e pratique com persistência. Você vai gostar, vai se divertir e (o mais importante de tudo) vai se preparar para uma vida muito mais saudável e feliz. Da sua nova amiguinha,
Rata Yoga 05
Agradecimentos Apesar de seu porte modesto, o livro que o leitor tem em mãos contou com o apoio de inúmeras pessoas que, através de participação direta ou indireta, contribuíram para a sua concretização. Entre elas, não podemos deixar de destacar: Doutor César Devesa, Professora Jacira Gomes Filla, Professora Lia Diskin, Professor José Hermógenes de Andrade, Professora Lídia Mendes, psicóloga Mônica Guttmann e Sr. Fernando von Oertzen. Estendemos este agradecimento também aos nossos familiares que contribuíram, continuamente, com sugestões e incentivos de grande valia para a geração e a concretização do projeto. Aos demais colaboradores, cujos nomes não citamos, queremos assegurar que tal omissão se deve a limitações de espaço (a lista se tornaria demasiado extensa com a inclusão de todos eles), mas não os esquecemos nem consideramos a sua participação menos importante.
Profa. Celeste e E. Bomfim
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Prefácio Que missão ousada a de direcionar um livro de Yoga para o público mais exigente que existe, o infantil. Não que ele seja um público excessivamente crítico, mas é absoluta e completamente sincero nos seus comentários e nunca se preocupa em dizer algo apenas para agradar os seus ouvintes. Eu não poderia fazer o prefácio de um livro tão “revolucionário” somente lendo o seu conteúdo e dando uma opinião técnica ou tecendo elogios superficiais. Isso não seria honesto com os leitores, sejam eles adultos ou crianças. Decidi, então, pelo óbvio: experimentar a alegre sequência de “yoga lúdica” do livro com meus filhos mais novos, o Pedro, de seis anos, e a Vitória, de dez. Apesar de ser um praticante antigo de Yoga e de muitas vezes ter a companhia das crianças durante as minhas práticas, nunca o fizemos seguindo uma sequência pré-determinada de posturas, respiração e relaxamento. O resultado superou as minhas expectativas: em momentos, um clima de alegria infantil, alegria realmente espontânea, nos envolvia e se estendia aos irmãos maiores que estudavam por perto. Durante todo o decorrer da prática fui amparado pela luz do Yoga, pois foi uma experiência que me mostrou coisas importantes, como compartilhar alguns momentos divertidos com as crianças e descobrir o Hatha Yoga inserido no universo infantil. O espírito vivo e alegre das crianças não aceita imposições rígidas de controle e responde melhor à fantasia e às soluções mais carinhosas. Para trabalharmos com elas, devemos estar totalmente envolvidos e concentrados, tendo nossa criatividade plenamente aberta para soluções rápidas às questões inesperadas que certamente surgirão. A exigência de tanta atenção será recompensada pela sensação prazerosa de compartilhar da espontaneidade, alegria, sinceridade, inocência e amor, só encontrados entre as crianças, ou naqueles que ainda as mantêm carinhosamente vivas dentro de si . Um lótus perfeito como este livro, tão inspirado, só pode ter germinado de almas que sabem cultivar a alegria, a simplicidade e o amor da criança que habita em nós. NAMASTÊ. Cesar Devesa
Professor de Yoga e médico pediatra com especialização em homeopatia (Unicista) e medicina ayurvédica, atuando, também, na área de pesquisas do Instituto do Coração (INCOR)
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Índice Recomendação aos Pais e Instrutores
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Introdução
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Seleção de exercícios
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Cadeira de Balanço
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Cambalhota
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Camundongo
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Uma dança para o Sol
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Árvore
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Rei Alegre
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Avião
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Barco
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Borboleta
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Tartaruga
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Camelo
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Leão
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Gato
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Cobra
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Arco
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Gafanhoto
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Folha Dobrada
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Vela
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Livro fechado
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Ponte
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Peixe
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Dorminhoco
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Flor de Lótus
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Namastê
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Relaxamento
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Os amigos da Ratinha
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Recomendação aos Pais e Instrutores Os exercícios constantes desta Introdução ao Hatha Yoga são, em princípio, destinados a crianças em condições normais de saúde. A sua utilização com fins terapêuticos durante crises agudas de qualquer natureza, assim como a sua prática por crianças com deficiências físicas crônicas (orgânicas ou ortopédicas), ficam sujeitas à prévia recomendação/orientação médica. Entretanto, em qualquer situação, os responsáveis pelo treinamento dos pequenos yogues devem lembrar que uma criança não é um adulto de dimensões reduzidas, mas, sim, um indivíduo em formação que, apesar da extraordinária flexibilidade própria da infância, não está apto a igualar a perfeição que um adulto treinado pode demonstrar na execução de ásanas complicados. Assim, deve-se ter sempre em mente que o rigor excessivo na execução dos exercícios não só pode surtir efeitos nocivos à saúde do aprendiz, como também desestimulá-lo, levando-o a identificar o Yoga como uma rotina enfadonha e opressiva, contrariamente à proposta deste trabalho que visa a mostrar o Yoga como uma atividade de lazer que auxilie e complemente a formação da criança. Afinal, criatividade, imaginação, fantasia e alegria são os componentes naturais mais destacados da personalidade infantil. Portanto, o método deste livro referente à execução de cada ásana é meramente orientativo, deixando espaço para que o instrutor use sua criatividade, adequando cada sessão ao interesse demonstrado pelo grupo ou à limitação de cada aprendiz.
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Introdução Como se sabe, o Yoga não é um simples exercício físico. Quem bem o conhece e pratica – e muita gente o tem experimentado nos últimos milênios – sabe que ele proporciona, além de condicionamento físico e de estética corporal, benefícios de natureza emocional e até espiritual. Da amplitude dos seus benefícios, deduz-se a relevância do seu aspecto educativo. Platão dizia que “a educação visa a reforçar o corpo e aperfeiçoar a alma”, o que demonstra a grande afinidade entre os objetivos da educação e os objetivos do Hatha Yoga, visto que este último se caracteriza por abrir caminho para o aperfeiçoamento da parte imaterial do homem por meio de uma ação direta sobre a sua parte física. Já se disse que todos somos, quando crianças, “yogues naturais” e que, portanto, a prática do Hatha Yoga pelo público infantil tenderá a evitar que se perca essa “yoguidade” original, mantendo e ampliando as nossas características “yoguicas” inatas. Assim, o Hatha Yoga tende a conservar e intensificar a energia, a vitalidade e a flexibilidade tão comuns entre as crianças, além de manter desobstruídos e ativos os canais envolvidos na evolução espiritual do homem. Todas essas qualidades são tidas como naturais na infância, de forma que é mais produtivo e mais fácil conservá-las e ampliá-las com a prática precoce do Hatha Yoga, do que tentar recuperá-las na vida adulta. O Hatha Yoga dedicado à infância procura privilegiar aquilo que a natureza original da criança mais valoriza – a ação pela diversão –, tornando-se um importante fator de equilíbrio psicológico ao atenuar ou compensar os excessos estressantes da escala de valores prevalecentes, baseados na competição. Este trabalho visa a ajudar pais e instrutores na tarefa de apresentar o Yoga ao público infantil, assegurando às crianças a ele apresentadas os benefícios associados a um treinamento precoce. Essa tarefa não é isenta de dificuldades. Afinal, trata-se de iniciar crianças ocidentais, com idade entre 3 e 10 anos, em uma técnica milenar e oriental, basicamente desenvolvida por adultos e para adultos, em uma cultura muito diferente da nossa. Para cruzar esse abismo cronológico e cultural, é necessária a adoção de recursos que nem sempre contam com a total aprovação dos aficionados do Yoga mais ortodoxo. 11
Assim, mesmo correndo o risco de contrariar os mais puristas, tivemos de recorrer a algumas adaptações, principalmente no que concerne à técnica de apresentação do assunto, pois para se conquistar a atenção da criança, é preciso compartilhar seu mundo de informalidade, fantasias e brincadeiras. Sendo ainda um organismo em formação, a estrutura física da criança não está preparada para assumir posturas yogues com o grau de dificuldade e o nível de perfeição ao alcance de um adulto treinado. Foram selecionadas as posições mais adequadas à estrutura física infantil. Além disso, no item “Observações” de cada exercício, apresentamos algumas sugestões relativas às simplificações que possam auxiliar o instrutor. Algumas posturas com nomes que não apelam diretamente à imaginação infantil tiveram a sua denominação alterada. Assim, por exemplo, o “Triângulo” foi renomeado como “Avião”, pela semelhança entre as asas de um aeroplano e os braços lateralmente estendidos, que caracterizam a execução desse ásana. Um personagem foi criado para ilustrar as diversas posturas que constam deste trabalho, pretendendo, através da originalidade do seu desenho, do seu trajar e do seu colorido, não só atrair a atenção da criança, como também conquistar a sua simpatia. Os comentários e as orientações constantes deste trabalho foram redigidos para serem lidos e compreendidos pelos pais ou professores encarregados de instruir as crianças. Essa redação, entretanto, foi simplificada ao máximo, para colocá-la ao alcance da compreensão do aprendiz de mais idade que queira ter acesso direto ao texto. Note-se, porém, que não se deve deixar à criança a responsabilidade de interpretar o texto sem a supervisão de um adulto, a fim de que sejam evitados mal-entendidos nocivos ao praticante. Na verdade, o ideal será a leitura conjunta, na qual adulto e criança interagem, assegurando a melhor compreensão das instruções.
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Seleção de exercícios Os exercícios aqui expostos devem ser executados em sessões diárias com duração média variando entre trinta minutos e uma hora, dependendo da disposição dos jovens praticantes. Como não é possível (e nem conveniente) realizar a série completa em uma única sessão, os exercícios a serem executados em cada dia deverão ser selecionados mediante comum acordo entre o instrutor e seus alunos. Para facilitar essa seleção, os seguintes critérios devem ser, sempre que possível, observados: a) Abrangência: a série escolhida deverá exercitar, pelo menos, a maior parte dos grupos musculares e articulações do corpo. b) Complementaridade: é o princípio do movimento compensatório. Por exemplo: a flexão da coluna para trás deve ser seguida do movimento oposto, ou seja, a flexão da coluna para a frente. Isso compensa o movimento antes realizado e evita a sobrecarga da região anteriormente distendida ou contraida, reduzindo a possibilidade de contusões. c) Flexibilidade: como a organização de cada sessão de exercícios tomará em consideração o interesse demonstrado pelos aprendizes, o número e a sequência dos exercícios a serem executados poderão apresentar uma maior ou menor variedade, de forma a comportar preferentemente aquelas posturas pelas quais as crianças tenham demonstrado predileção. d) Aquecimento e Relaxamento: as posições de abertura (aquecimento) e de encerramento (relaxamento) são consideradas obrigatórias, quaisquer que sejam as demais posturas selecionadas para cada sessão.
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adeira de Balanço Recuando ou avançando, sou cadeira balançando. Indo e vindo sem medo, enquanto dura o brinquedo, para trás e para a frente, sou cadeira – não sou gente!
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EFEITOS: Aquecimento preparatório para a sessão de Yoga. Massageia principalmente a região dorsal e prepara os músculos e a coluna para os movimentos subsequentes, prevenindo dores e contusões.
INSTRUÇÕES: Sentado sobre uma superfície macia, segure as pernas dobradas abaixo dos joelhos (posição 1) e, a seguir, deixe-se cair para trás (posição 2), efetuando várias vezes um movimento de vaivém, semelhante ao de uma cadeira de balanço.
OBSERVAÇÕES: O aquecimento que precede cada sessão de Yoga deve incluir, além do descrito acima, movimentos variados, como saltos, pequenas corridas e o movimento conhecido como “gelatina”, no qual as crianças se movimentam livremente, agitando as mãos e os braços, as pernas e, finalmente, o corpo todo. Outra forma complementar de aquecimento é a “Cambalhota” (ver próximo exercício).
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Cambalhota
Terminando o aquecimento, cambalhotas vou virar. Faço isso num momento, sem medo de capotar.
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EFEITOS: Além de ser uma forma eficaz de aquecimento, apreciada por um grande número de crianças, a cambalhota apresenta o efeito psicológico de familiarizar o aprendiz com as posturas invertidas, facilitando a prática futura dessas posições. INSTRUÇÕES: 1 – Sente-se sobre os calcanhares, incline o corpo para a frente até apoiar o alto da cabeça no solo; então, estenda os braços para trás, ao lado do corpo. 2 – Lentamente, vá transferindo o peso do corpo para a frente, até que o movimento de “cambalhota” ocorra espontaneamente. OBSERVAÇÕES: Se a criança tiver problemas na região cervical, não deve fazer esse movimento. Crianças com receio de dar “cambalhotas” devem praticar pouco a pouco, para evoluírem gradualmente e com segurança no movimento; em nenhuma hipótese a prática deverá ser forçada, pois um aprendiz assustado não consegue a descontração necessária.
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amundongo
Sou cinzento e peludinho, gosto de me divertir. Mas, quando volto pro ninho, me enrolo para dormir.
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EFEITOS: Esta postura é também conhecida como “Pose das Crianças” e tem acentuado efeito calmante, além de induzir a reposição das energias física e nervosa, após esforços estafantes. Assim, favorece o relaxamento e o sono reparador.
INSTRUÇÕES: 1 – Sente-se sobre os calcanhares. 2 – Apoiando as mãos à frente do corpo, use-as para controlar a sua inclinação para a frente até tocar o solo com a testa. 3 – A seguir, mova os braços para trás deixando-os repousar sobre o solo, um de cada lado do corpo. Permaneça na posição enquanto não sentir desconforto, respirando livremente.
OBSERVAÇÕES: Para sair da posição, volte a sentar-se sobre os calcanhares e aguarde alguns segundos, até que o corpo se adapte ao retorno à posição vertical. Caso a postura pareça desconfortável, uma almofada poderá ser utilizada como apoio para a testa.
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Uma Dança para o
De madrugada, bem cedo, por cima do arvoredo, como se fosse um brinquedo luminoso e afogueado, surge o Sol, sonho dourado, e é luz para todo lado. Oi, Sol! Festa repetida! É da tua luz tão querida que toda a vida é nascida. Bom dia, Sol, que não cansa! E em troca desta festança, a ti que és sempre criança, eu ofereço esta dança!
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EFEITOS: Uma Dança para o Sol (ou Saudação ao Sol) é um exercício composto por sete diferentes posturas coordenadas, cinco das quais executadas duas vezes, totalizando doze posições que obedecem a uma sequência harmoniosa e bem determinada. Por incluir posturas variadas, êste conjunto, quando adequadamente executado, exercita praticamente todos os órgãos, músculos e articulações do corpo, o que lhe confere efeitos positivos de ordem geral e faz dele uma das práticas mais difundidas do Hatha Yoga.
INSTRUÇÕES: Constam das páginas seguintes.
OBSERVAÇÕES: De início, será util manter um guia treinado diante dos alunos, para facilitar a correta memorização de cada postura e da sua sequência.
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Coloque-se de pé com as costas retas, os pés unidos e as mãos juntas em posição de prece à altura do peito.
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Inspire lentamente, erga os braços mantendo as mãos unidas acima da cabeça, e, solte o ar, flexionando as costas para trás.
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Inspire, expirando durante o movimento de flexionar o corpo para a frente até tocar o chão com as mãos.
Inspire, erga a cabeça e dobre a perna esquerda enquanto desliza a perna direita para trás. As mãos apoiam-se em cada lado do pé esquerdo. 23
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Inspire e expire lentamente. Estenda os braços e pernas e erga o quadril com a perna levemente flexionada.
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Desça o corpo devagar até o abdome encostar no chão deixando o joelho e braços flexionados.
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A seguir, inspire, abaixe os quadris e deslize o seu corpo para a frente, enquanto, com apoio das mãos, levanta bem a cabeça e o tórax, sentindo o abdome em contacto com o chão.
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Lembre-se de que o tórax deve ser levantado tanto quanto possível, sem que o abdome perca o contato com o solo .
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Solte o ar, volte a erguer os quadris e abaixe o tórax; retorne à posição número 5, com a cabeça pendendo entre os braços.
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Com mais uma inspiração, dobre o joelho direito, traga o pé para a frente, bem próximo às mãos. Levante bem a cabeça. Este movimento é o retorno à posição número 4, com a única diferença que, desta vez, o joelho direito é dobrado à frente e a perna esquerda permanece estendida para trás.
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Ao expirar, volte à posição número 3, trazendo a perna esquerda para a frente alongada, unindo os pés, a cabeça próxima dos joelhos e os dedos das mãos tocando o chão.
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Inspire, levante vagarosamente o tronco e eleve os braços acima da cabeça, curvando-se levemente para trás e reassumindo a posição número 2.
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Solte o ar, e posicione lentamente as mãos junto ao peito, reassumindo a “Posição da Prece” (posição inicial) .
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rvore Haja chuva ou ventania, tempestade ou furacão, eu venço com valentia, sem sair da posição.
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EFEITOS: Proporciona melhor senso de equilíbrio e ajuda a desenvolver hábitos de respiração lenta e profunda. INSTRUÇÕES: 1 – A partir da posição ereta, dobre o joelho direito e coloque o pé, bem apoiado, na face interna da coxa esquerda, procurando manter o equilíbrio. 2 – Com as mãos unidas, na altura do peito, inspire e levante os braços, mantendo as mãos juntas acima da cabeça. Permaneça na posição pelo tempo que lhe for possível, respirando livremente e procurando manter o equilíbrio. 3 – Desça os braços, sem separar as mãos, alongue a perna e relaxe. OBSERVAÇÕES: Após voltar lentamente à posição inicial, repita a postura, agora com a planta do pé esquerdo apoiado à face interna da coxa direita.
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ei Alegre Um rei diz ter inventado modo novo de dançar. E dança quase parado, sem se desequilibrar. Nunca vi dançar parado! Mas gostei da invenção! Vou seguir o exemplo dado, com só um pezinho no chão
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EFEITOS : O efeito mais destacado deste exercício é o desenvolvimento da capacidade de equilíbrio. Recomenda-se a sua execução em seguida à postura da Árvore.
INSTRUÇÕES : 1 – Partindo da posição de pé , com as costas retas, dobre a perna direita, aproximando o joelho do peito com o auxílio das mãos. 2 – A seguir deslize a mão direita para baixo, segurando o tornozelo, e dobre a perna direita para trás o máximo possível, mantendo-a segura pelo tornozelo. 3 – Uma vez alcançado o equilíbrio, erga o braço esquerdo vagarosamente como se quisesse alcançar o teto e levante a cabeça, fixando o olhar na mão erguida. Permaneça na posição o máximo que conseguir.
OBSERVAÇÕES : A perna dobrada deve ser erguida o máximo possível. O movimento deve ser repetido com o outro lado do corpo.
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vião Os braços bem esticados, voo por montes e prados na minha imaginação. E voo muito ligeiro viajando o mundo inteiro tal e qual um avião.
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EFEITOS: Melhora o sentido do equilíbrio, fortalecendo e aumentando a flexibilidade dos músculos laterais do tronco e das pernas. INSTRUÇÕES: 1 – Coloque-se de pé, com as pernas bem separadas e, inspirando, abra os braços lateralmente até a altura dos ombros, com as palmas das mãos voltadas para baixo. 2 – Incline o corpo para a frente, procurando colocá-lo em posição paralela ao chão (posição 1). 3 – Soltando o ar, comece a inclinar o tronco para a direita mantendo os braços abertos e bem estendidos. 4 – Escorregue a mão direita pela perna, fazendo-a apoiar-se o mais próximo possível do seu tornozelo, ou mesmo no seu pé, dependendo da sua maior ou menor flexibilidade. Enquanto isso, o braço esquerdo é erguido acima da cabeça, aproximando-se tanto quanto possível da posição vertical. A cabeça volta-se para cima, fixando-se o olhar na mão erguida (posição 2). Permaneça na posição por alguns segundos, respirando livremente. Voltando à posição inicial, faça uma respiração completa antes de principiar o movimento para o outro lado. OBSERVAÇÕES: O exercício deve ser repetido algumas vezes, alternando-se as inclinações para a direita e para a esquerda.
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arco
Seja barco ou seja escuna, um veleiro imitarás torcendo, assim, a coluna, como quem olha pra trás.
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EFEITOS: Este ásana é conhecido como um estimulante geral, beneficiando, com a sua ação, tanto a parte física quanto a parte mental e emocional do seu praticante. Favorece o melhor alinhamento das vértebras e massageia os órgãos internos das regiões abdominal e pélvica.
INSTRUÇÕES: 1 – Sentado com a coluna reta e as pernas estendidas, dobre a perna direita e apóie o pé direito no chão, no lado esquerdo, na altura do joelho. 2 – Apoie o braço esquerdo na altura do joelho direito e gire a coluna para a direita, iniciando um movimento de torção. 3 – Acentue o movimento de torção apoiando a mão direita no chão às suas costas e voltando a cabeça na mesma direção. 4 – Repita o mesmo movimento para o outro lado.
OBSERVAÇÕES: Respire livremente nesta posição, mantendo-a pelo tempo que achar conveniente ou confortável. Ao desfazer a posição, flexione o tronco para a frente curvando-o sobre as pernas estendidas (postura da Folha Dobrada).
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orboleta
A borboleta, agitada, bate as asas sem parada, voando como uma fada, flutuando pelo ar. Pra imitar esse bichinho,
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segurando o meu pezinho bato as pernas de mansinho, como asas a voar.
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EFEITOS: Por meio do alongamento dos músculos dorsais e da face interna das coxas, a “borboleta” favorece a flexibilidade dos quadris e a postura correta das costas na posição sentada, além de beneficiar o funcionamento dos órgãos internos das regiões abdominal e pélvica.
INSTRUÇÕES: 1 – Sente-se no chão com as costas retas, dobre as pernas e junte as plantas dos pés. As mãos seguram os tornozelos ou cruzam-se em volta dos pés, ajudando a puxá-los contra o corpo. 2 – Movimente os joelhos suavemente para cima e para baixo, como a imitar os movimentos das asas de uma borboleta. A cada movimento, procure aproximar os joelhos o máximo possível do chão (posição 1). 3 – Como variação desta postura, pode-se inclinar o corpo para a frente, tentando aproximar o rosto dos pés (posição 2).
OBSERVAÇÕES: Caso seja difícil manter as costas retas nesta posição, sentar-se sobre a borda de uma almofada ou de um cobertor dobrado pode facilitar.
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artaruga Curvando o corpo pra frente, com as pernas sobre os bracinhos, faço um bicho pertencente à espécie dos mais mansinhos. Tartaruga é esse bicho, que some na carapaça pra dormir, só por capricho ou pra fugir de ameaça.
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EFEITOS: Provoca intenso alongamento dos músculos das costas e das pernas, além de fortalecer a musculatura abdominal. INSTRUÇÕES: 1 – Sente-se com as pernas bem separadas e levemente dobradas. 2 – Incline o corpo para a frente e passe os braços por baixo das pernas, tentando alcançar o chão com o queixo. Mantenha a posição pelo tempo que lhe for conveniente, respirando normalmente. 3 – Saia da posição devagar, voltando a erguer o corpo e estendendo as pernas. OBSERVAÇÕES: Não se esforce demais para tocar o chão com o queixo. Respeite as suas limitações.
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amelo O camelo, bicho esperto, atravessa o deserto sem parar pra descansar. Tomo o bicho por modelo e finjo que sou camelo segurando o calcanhar.
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EFEITOS: O intenso alongamento da coluna para trás tende a corrigir vícios de postura quando se está de pé ou sentado. Além disso, com a continuidade da prática, o peito se expande, favorecendo a superação de moléstias respiratórias. INSTRUÇÕES: 1 – De joelhos, sente-se sobre as pernas e apoie as mãos nos calcanhares (posição 1). 2 – Curve a coluna para trás, afastando as nádegas das pernas e mantendo o apoio das mãos nos calcanhares. O pescoço também é flexionado para trás, voltando o rosto para cima (posição 2). 3 – Após manter-se na posição pelo tempo que lhe parecer confortável, respirando livremente, volte a sentar-se sobre as pernas, solte os calcanhares e relaxe inclinando-se para a frente até alcançar a postura do Camundongo. OBSERVAÇÃO: Esta postura não é aconselhável se a criança tiver problemas cervicais.
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eão E agora, sem demora, para imitar um leão, eu boto a língua pra fora sem falta de educação.
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EFEITOS: Esta postura fortalece os músculos da face e do pescoço e estimula a circulação nas áreas dos olhos, da língua e da garganta, mantendo-as em bom estado. Ajuda a eliminar as mucosidades do aparelho respiratório, melhora a voz e facilita a dicção, auxiliando o desenvolvimento de hábitos respiratórios saudáveis. INSTRUÇÕES: 1 – Sente-se nos calcanhares, com as mãos espalmadas sobre os joelhos. 2 – Inspire profundamente. 3 – Incline-se para a frente e expire vigorosamente pela boca tentando imitar o rugido de um leão. 4 – Enquanto expira, abra bem a boca, force a língua para fora e para baixo o máximo que puder, arregale os olhos e separe bem os dedos das mãos. 5 – Mantenha a posição pelo tempo que lhe parecer confortável e volte à posição inicial. OBSERVAÇÃO: O exercício deve ser repetido duas ou três vezes, tendo o cuidado de não forçar demais a voz quando o rugido do leão for imitado. Uma variação desta postura consiste em manter o ar preso enquanto a língua é estendida para fora, como se quisesse tocar o queixo; os olhos são arregalados e os dedos separados. Após alguns instantes nessa posição, solta-se o ar vigorosamente, imitando o rugido do leão.
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ato De quatro sobre o tatame, na coluna dou um trato, torcendo-a como um arame, para imitar o meu gato.
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EFEITOS: O “gato” tem por efeito principal o relaxamento do pescoço, dos ombros e da coluna, favorecendo, ainda, o melhor alinhamento das vértebras. INSTRUÇÕES: 1 – Coloque-se na posição do gato, com apoio nas quatro “patas” e as costas retas. 2 – Inspirando, arqueie as costas para baixo, erguendo a cabeça (posição 1). 3 – Expirando, faça o movimento inverso, arqueando as costas para cima e deixando a cabeça cair entre os braços. Os braços são forçados como se quisessem empurrar o chão, ajudando a baixar os quadris (posição 2). OBSERVAÇÕES: Repita este exercício por duas ou três vezes, sem esquecer de sincronizar a respiração com os movimentos executados: expirando, arqueia-se a coluna para cima, imitando uma “montanha”; inspirando, arqueia-se a coluna para baixo, criando-se um “vale” entre os ombros e os quadris.
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obra A cobra, muito travessa, sempre levanta a cabeça quando pretende atacar. Pra repetir a manobra, imitando essa cobra, meu tronco vou levantar.
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EFEITOS: Tonifica a região da coluna e dos músculos dorsais, acalma o sistema nervoso e estimula o apetite, além de ajudar a recuperação no caso de moléstias respiratórias. INSTRUÇÕES: 1 – Deite-se de bruços, com os braços dobrados e as mãos apoiadas no solo, ao lado do corpo, entre a cintura e as axilas. 2 – Inspirando, levante o tronco com o auxílio dos braços, afastando-o do solo até a altura do umbigo. Relaxe os ombros e mantenha a posição até quando puder prender a respiração. 3 – Expirando, volte à posição inicial, repetindo o exercício entre duas e três vezes.
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rco De bruços me colocando, e os tornozelos pegando, um arco busco imitar. Arco de um bravo guerreiro, arco de tiro certeiro, capaz do alvo alcançar.
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EFEITOS: Fortalece, principalmente, a coluna e a musculatura do abdome, exercitando, também, os braços e as pernas. Favorece a boa postura.
INSTRUÇÕES: 1 – Deite-se de bruços, apoie o queixo no solo, dobre as pernas e segure os tornozelos com os braços estendidos para trás. Os joelhos devem permanecer unidos. 2 – Inspire e, com o auxílio dos braços, erga o máximo que puder a cabeça, o peito e as coxas, passando a apoiar-se, exclusivamente, na região abdominal. Mantenha a posição enquanto não sentir desconforto.
OBSERVAÇÕES: Esta postura reúne, em um único exercício, os esforços e os benefícios das posições da Cobra e do Gafanhoto. Respeite as limitações de sua flexibilidade.
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afanhoto
O esperto gafanhoto, para fingir que é um broto, levanta as patas traseiras ao pousar nas oliveiras. Com isso, tem evitado, muitas vezes, ser jantado. Imitando esse bichinho, eu levanto, rapidinho, minhas pernas para o ar, procurando me esforçar pra manter a posição com a barriga no chão.
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EFEITOS: Fortalece os músculos das costas e da cintura, evita dores na região lombar e estimula os órgãos do abdome através da pressão exercida sobre o ventre.
INSTRUÇÕES: 1 – Deite-se de bruços com os braços bem estendidos embaixo do corpo e com as mãos fechadas na altura das virilhas . 2 – Contraia as nádegas para aliviar o peso das pernas e mantenha o queixo no chão. 3 – Inspirando, levante as pernas, mantendo a posição pelo tempo que lhe for possível.
OBSERVAÇÕES: Esta postura pode apresentar dificuldade para o principiante. Um procedimento que pode facilitar a sua execução consiste em incluir, entre os movimentos 2 e 3, um movimento alternado de elevação das pernas. Assim, antes da elevação simultânea de ambas as pernas, o praticante ergue, alternadamente, a perna direita e a perna esquerda, por algumas vezes.
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olha dobrada
Quando, sentado no chão, no meu pé apoio a mão; pareço uma folha dobrada, pelo vento arrastada.
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EFEITOS: Esta posição de flexão da coluna para a frente tem, como principal objetivo, um efeito calmante. Além disso, ajuda a aumentar a flexibilidade da coluna e dos músculos posteriores das pernas e das costas. INSTRUÇÕES: 1 – Comece por sentar-se no chão com as pernas juntas estendidas e os braços erguidos aos lados da cabeça. 2 – Expirando, curve-se para a frente, mantendo os braços erguidos e em linha reta com o corpo, alongando, assim, os músculos posteriores das costas e das pernas. 3 – Inspirando, volte à posição inicial. 4 – Repita uma ou duas vezes esse movimento de vai-e-vem. Na última inclinação, acentue o movimento, abaixando os braços e procurando segurar os tornozelos. Mantenha esta última posição enquanto se sentir confortável, respirando livremente. Volte, então, à posição inicial, abaixe os braços, encolha as pernas e relaxe.
OBSERVAÇÕES: Esta mesma postura pode ser realizada com as pernas bem separadas, curvando o corpo, alternadamente, sobre cada uma das pernas. Após uma ou duas repetições, curve o corpo sobre o espaço entre as pernas, procurando encostar a cabeça no chão.
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ela Esta pose, de tão bela, já conquistou muita fama. Meu corpo é o corpo da vela, e os meus pezinhos, a chama.
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EFEITOS: Esta é uma das posturas mais apreciadas pelos praticantes do Yoga por causa dos benefícios que pode trazer. Por inverter a ação da gravidade, repousa todos os órgãos internos e membros inferiores, e promove aumento da circulação e da oxigenação do cérebro. Além disso, a posição “travada” do pescoço estimula a glândula tireoide, cujo funcionamento adequado é essencial para a saúde do corpo humano. INSTRUÇÕES: 1 – Deitado de costas, com as pernas estendidas, inspire, levantando as pernas e levando-as na direção do chão, atrás da cabeça. Os braços ficam estendidos ao longo do corpo, auxiliando o movimento das pernas. Vá até onde conseguir sem sentir desconforto. Mantenha-se alguns instantes nessa posição (ver postura do Livro Fechado). A seguir, volte a erguer as pernas até que o peso de seu corpo fique apoiado nas mãos, agora colocadas à altura da cintura. Fique mais alguns instantes nessa posição (posição 1). 2 – Aos poucos, volte a elevar as pernas na direção do teto, sempre com o apoio das mãos, que agora estarão colocadas pouco acima da cintura, com os cotovelos bem firmes no chão. Permaneça assim enquanto se sentir confortável (posição 2). OBSERVAÇÕES: Para sair da posição, dobre as pernas sobre o peito, volte a apoiar as mãos ao lado do corpo e abaixe vagarosamente os quadris e as pernas, reassumindo a posição inicial.
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ivro fechado Não sei o que é um arado. Nunca vi tal criatura. Assim, acho complicado dar seu nome a esta postura. Por isso, quando deitado, com o corpo ao meio dobrado, deixo pra lá o arado: sou mais um livro fechado!
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EFEITOS: Através do intenso alongamento das costas e da musculatura posterior das pernas, alivia as tensões nessa região, proporcionando maior flexibilidade.
INSTRUÇÕES: 1 – Deitando de costas, com as pernas estendidas, inspire e levante as pernas juntas, levando-as na direção do chão, atrás da cabeça. Os braços colocam-se ao longo do corpo com as mãos bem apoiadas no chão. 2 – Permaneça na posição enquanto não sentir desconforto. 3 – Volte lentamente à posição inicial, dobrando as pernas sobre o peito e abaixando-as vagarosamente até o chão.
OBSERVAÇÕES: Não se preocupe se, nas primeiras tentativas, você não conseguir tocar o chão com as pontas dos pés. Obedeça às suas limitações e vá até onde conseguir sem desconforto.
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onte Mesmo sem ser engenheiro, uma ponte vou fazer. Nem preciso de pedreiro, basta o meu corpinho erguer.
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EFEITOS: Aumenta a flexibilidade da coluna, estimulando a energia do corpo e combatendo o cansaço. INSTRUÇÕES: 1 – Deite-se de costas, com os joelhos dobrados. 2 – Leve os braços dobrados para trás e dobre também os pulsos, para apoiar as palmas das mãos no solo, com os dedos voltados para os seus pés (posição 1). 3 – Soltando o ar, erga o corpo de forma a apoiar-se apenas nos pés e nas mãos (posição 2). 4 – Após manter-se nessa posição por alguns segundos, comece a voltar à posição anterior, apoiando o alto da cabeça no chão para auxiliar o movimento de descida do corpo (que deve ser lento e controlado), até que você volte a deitar-se. 5 – Estenda as pernas, alinhe os braços ao longo do corpo e descanse.
OBSERVAÇÃO: Antes de executar esta postura, faça movimentos de aquecimento, principalmente para as costas, o pescoço e os pulsos. Interrompa o exercício se, a qualquer momento, sentir desconforto.
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eixe O peixe escorrega como um sabão, e nada no lago, no rio e no mar. Eu brinco de peixe deitado no chão, sem água por perto pra não me molhar.
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EFEITOS: Fortalece a região dorsal por meio do estiramento da coluna; aprofunda a respiração e fortalece os pulmões, combatendo as moléstias do aparelho respiratório e da garganta. INSTRUÇÕES: Deitado de costas, com as mãos sob as nádegas, palmas voltadas para baixo, apoie a parte posterior da cabeça no chão, solte os ombros e levante bem o peito. OBSERVAÇÕES: Crianças sem problema na coluna cervical podem ampliar os efeitos benéficos desta postura procurando apoiar o alto da cabeça no chão.
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Dorminhoco
Tudo isso cansa um pouco. Chega de tanta emoção! Vou brincar de dorminhoco, esticadinho no chão.
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EFEITOS: O “Dorminhoco” visa efeitos semelhantes aos da postura de “Lótus”, com a única diferença de que, por ser executado em posição deitada, facilita a obtenção do relaxamento muscular, intensificando a recuperação das energias física, mental e emocional. INSTRUÇÕES: Deitado de costas, a cabeça no mesmo nível do resto do corpo, os olhos fechados e a respiração cadenciada e profunda, procure relaxar todos os músculos. OBSERVAÇÕES: Para melhor orientar o relaxamento dos seus alunos, o instrutor deve estar a par dos diferentes métodos de relaxamento de maior eficiência, selecionando aquele que lhe pareça mais adequado ao temperamento das suas crianças. Apenas para efeito orientativo, mencionamos, como método de eficiência comprovada, o método de relaxamento progressivo descrito na Leitura Complementar, começando pelos músculos dos pés e terminando pelos músculos da face e da cabeça. A exemplo do que foi observado no exercício anterior, convém lembrar que as crianças em princípio de treinamento não costumam ser pacientes com imobilidades prolongadas, o que exige habilidade especial por parte do instrutor.
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Flor de Lótus Já estou ficando cansado(a) dessa movimentação. Agora fico parado(a), entrando em meditação.
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EFEITOS: Pose de relaxamento que induz à quietude física, mental e emocional, favorecendo a iniciação em práticas de concentração. INSTRUÇÕES: Sentado na posição de lótus, com as pernas cruzadas, olhos fechados, costas retas e mãos relaxadas apoiadas sobre os joelhos. A atenção procura acompanhar o ritmo da respiração (exclusivamente pelo nariz) que deve ser compassada e tranquila: na inspiração, a barriga se projeta para a frente; na expiração, a barriga se contrai. OBSERVAÇÕES: Sentar-se sobre a borda de uma almofada ou de um cobertor dobrado ajuda a manter as costas retas na posição de lótus. A disposição das mãos pode ser alterada dependendo da preferência de cada um, podendo-se apoiá-las, por exemplo, no colo, uma sobre a outra. A posição deve ser prolongada tanto quanto possível, sempre com a respiração pausada e profunda. Deve-se, entretanto, lembrar que o temperamento naturalmente inquieto da criança não costuma apreciar longos períodos sem movimentos. Por isso, convém observar a atitude dos pequenos “yogues” para o ajuste adequado da duração do exercício.
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Namastê Deus está dentro de mim, dentro de você também. Está em todos, assim, sem esquecer de ninguém. Por isso, ao receber alguém que o vem visitar, não esqueça de dizer o que vou recomendar: “Namastê!”, diga à visita, para significar: “O Deus que em mim habita, o Deus em ti quer saudar”!
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EFEITOS: Esta pose é, basicamente, uma saudação com sentido místico, desenvolvida e utilizada há séculos na Índia. INSTRUÇÕES: 1 – Trata-se de um desdobramento da “Pose da Prece” (de pé ou sentada), com as mãos postas à altura do peito. 2 – Inclinando-se a cabeça e o tronco para a frente, demonstra-se reverência ao Deus presente no outro, sendo o reconhecimento desse Deus manifestado através da saudação “Namastê”, pronunciada respeitosamente. OBSERVAÇÕES: A expressão “Namastê” significa: “O Deus em mim saúda o Deus em ti”, reconhecendo que somos, todos, diferentes manifestações da mesma Divindade. Não havendo objeções de ordem religiosa por parte dos responsáveis pelos pequenos aprendizes, esta saudação deve ser explicada às crianças e utilizada na abertura e no encerramento de cada sessão de Yoga, a fim de iniciá-los, desde cedo, no reconhecimento da unidade essencial de todas as pessoas.
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Relaxamento Introdução O instrutor deve estar ciente de que este é o “cabo das tormentas” do treinamento infantil, a parte mais difícil do seu trabalho. Isto porque o temperamento da criança saudável é naturalmente avesso à quietude e à passividade – e o relaxamento autêntico é quietude e passividade levadas ao extremo. Enquanto ensinamos “ásanas”, a motivação da criança é maior porque as diversas posturas do Hatha Yoga, além do aspecto lúdico que podem ter, sempre consomem certa porção da energia transbordante que caracteriza a infância. Mas, quando entramos em um procedimento que conspira contra a disposição instintiva da criança, a coisa tende a complicar-se. Assim, o instrutor deve mobilizar toda a paciência e a criatividade de que for capaz, para motivar e controlar o seu pequeno exército de agitados guerreiros. Um reduzido investimento em “equipamento motivacional” pode até ser recomendável. No caso do procedimento que sugerimos a seguir, é mencionada uma lanterna a pilhas e uma boneca de pano das bem flexíveis, que parece ter membros desarticulados, para ser mostrada às crianças como exemplo de uma estrutura perfeitamente relaxada. O instrutor deve sentir-se livre para utilizar outros itens motivacionais em adição à dupla lanterna/boneca ou mesmo em substituição a ela.
O Local Para assegurar condições ideais para o relaxamento, o ambiente deve apresentar as seguintes características: - Contar com uma superfície de apoio macia (tatame, colchonete, um cobertor dobrado, etc.) mas que ofereça suficiente resistência ao peso do corpo, de forma a manter as costas retas. - Ser bem arejado, mas livre de correntes de ar, de ruídos e demais fatores estressantes (como frio ou calor excessivos) que possam perturbar a descontração. - Apresentar nível de iluminação próximo da penumbra – nem a luz intensa nem a escuridão total são tão propícias ao relaxamento como a meia-luz.
Posição Inicial Pode-se praticar o relaxamento deitado (de costas ou de bruços) ou sentado, desde que haja condições para se atingir uma postura confortável e descontraída, com bom apoio para a cabeça.
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Entretanto, a posição deitada de costas é sempre a preferível, principalmente para crianças e principiantes. Por isso, as instruções seguintes presumem o relaxamento em decúbito dorsal, podendo, entretanto, ser perfeitamente aplicáveis a qualquer outro tipo de posicionamento inicial escolhido, desde que incorporem algumas adaptações. Preliminares Dada às peculiaridades da sua plateia, o instrutor deve tentar conduzir o procedimento de relaxamento de forma adaptada à mente infantil, usando figuras fáceis de apreender, com forte apelo à imaginação, valendo-se o mínimo possível de conceitos abstratos como “descontrair”, “mover a atenção” ou “retirar as resistências”. Os seguintes comandos são sugeridos para instrução das crianças: 1 - Observe a figura da ratinha na postura “O Dorminhoco”: verifiquem que ela está deitada de costas, com a cabeça no mesmo plano do corpo, os braços ligeiramente abertos com as palmas das mãos voltadas para cima e as pernas separadas uma da outra. Vamos imitar a posição da ratinha. 2 - Role a cabeça de um lado para o outro até encontrar a posição mais confortável para a sua cabeça e a sua nuca. O Relaxamento Até aqui, tudo foi preparação. A partir de agora tem início o processo de relaxamento progressivo propriamente dito. Apresentamos a seguir, uma sugestão do comando que o instrutor deve dirigir às crianças já colocadas na posição de repouso: 1 – Na figura da ratinha, vocês viram que ela está com os olhinhos fechados. Vamos imitá-la outra vez. Vocês sabem que os nossos olhos são bolinhas encaixadas em uns estojinhos redondos que nós temos no rosto. Feche-os devagarzinho e imagine as bolinhas dos olhos adormecendo e descendo até o fundo do estojinho onde moram. 2 – Agora, com os olhos já fechados, imagine uma bolinha de luz parecida com aquela que é produzida pela lanterna que eu mostrei a vocês. Imagine que é uma luzinha mágica que faz repousar e adormecer tudo o que ilumina. Sendo uma luz mágica, ela também tem o poder de atravessar o seu corpo, aquecendo e adormecendo por dentro e por fora, pela frente e pelas costas. 3 – Movimente, em sua imaginação, essa luzinha até os seus pés e sinta como eles ficam com sono e adormecem.
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4 – Mova a bolinha de luz até os tornozelos – eles também dormem e o pé inclinase para os lados, como se os parafusos que os prendem às pernas tivessem sido afrouxados. 5 – Agora suba com a luzinha pelas pernas, joelhos e coxas – tudo o que ela toca cai no sono, um sono cada vez mais profundo. Suas pernas, agora, estão livres e soltas como as da bruxinha de pano pendurada na parede. 6 – Continue a subir com a luzinha mágica e sinta como os músculos da sua barriga e das suas costas (e também todos os órgãos que moram entre esses músculos) são acalmados e ficam sonolentos. 7 – Continue a subir e faça a luzinha passear pelo seu peito, pelos seus ombros, braços, mãos e dedos. Tudo, por onde ela passa se tranquiliza, inclusive a sua respiração. E, como a luz consegue atravessar o seu corpo, também a musculatura das suas costas adormece e você sente que a sua coluna repousa, com todo o conforto, sobre o colchonete. 8 – Agora é a vez de iluminar o seu pescoço, a sua nuca, o seu rosto e o alto da sua cabeça. Todos os músculos, articulações e demais “equipamentos” que você tem nessa região (boca, língua, bochechas, sobrancelhas, orelhas, etc.) entram em situação de descanso, sem esforço, sem tensão, como uma peça de roupa molhada estendida em um varal. 9 – Se você perceber, em alguma parte do seu corpo, uma região teimosa que insiste em manter-se acordada, perturbando as demais, é só mandar a luzinha visitá-la de novo. Com mais uma iluminadinha o teimoso começa a piscar os olhos e acaba por adormecer. 10 – Permaneça nessa situação repousante por algum tempo, aproveitando a sensação de tranquilidade que uma criança sente quando se aninha nos braços de alguém que a ama. 11 – Agora, chegou a hora de acordar todo o seu corpo. Respire profundamente, apague a luzinha e comece a sair suavemente da situação de relaxamento, movendo, lentamente, mãos, pés, pernas e braços. 12 – Espreguice, boceje, role o corpo de um lado para o outro, abra os olhos devagarzinho, pestanejando, sente-se e finalmente levante-se sem nenhuma pressa, como se estivesse acabando de despertar de um sono reparador.
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Os amigos da Ratinha.... “Obrigado pela alegria de ler a Rata Yoga. Permiti-me imaginar a felicidade dos pequeninos praticando sob a direção esperta de uma ratinha encantadora.” José Hermógenes de Andrade Pioneiro da Medicima Holística no Brasil. Realiza cursos e conferências. Detentor de inúmeros títulos e premiações, é autor de mais de vinte livros publicados no Brasil e em Portugal.
A experiência que tive com este livro me mostrou coisas importantes. A primeira delas foi perceber que posso compartilhar alguns momentos divertidos com as crianças, com esse brinquedo sério chamado Yoga. Como sempre lidei com grupos de adultos, não considerava a possibilidade de trabalhar com crianças, por achar que a Hatha Yoga não se encaixava no universo infantil. Estava enganado! Dr. Antônio César Devesa Professor de Yoga e médico pediatra com especialização em homeopatia (Unicista) e medicina ayurvédica, atuando, também, na área de pesquisas do Instituto do Coração (INCOR)
Versos e imagens se complementam. O saber adquirido em décadas de prática do Yoga, estudo, ensino e muita observação facultam à Professora Celeste sugerir, com singular didática, uma sequência de posturas físicas que permite à criança descobrir e compreender os recursos do seu corpo, relacionar-se com a sua vitalidade e aceitar os limites naturais que ambos lhe impõem. A educação é o melhor veículo para promover mudanças culturais mais acolhedoras, fraternas e justas, e com elas um novo significado para todas as formas de Vida, aqui celebradas nos desenhos de Bomfim. Lia Diskin Jornalista, com especialização em Crítica Literária, escritora e conferencista internacional. Cofundadora da Associação Palas Athena. Criadora de de programas culturais, assistenciais e sócioeducativos e coordena o Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz – um programa da UNESCO.
Convivendo com a adorável “Rata Yoga”, voltei a ser criança. Percorrendo as páginas do livro, trilhei caminhos da infância com sabor de descoberta. Que os pequeninos formem em torno da “Rata Yoga” uma ciranda de amor que se integra no Cosmos sob a benção de um azul celeste!” Paulo Bomfim Assessor da presidência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e Decano da Academia Paulista de Letras, advogado, jornalista e poeta, com obras traduzidas para o alemão, o francês, o inglês, o italiano e o castelhano. Em 2004, o Governo do Estado de São Paulo cria o “Prêmio Paulo Bomfim de Poesia”.
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Namastê!
Maria Cele�te Ca��lho Pioneira no ensino de ioga no Brasil, Maria Celeste costumava dizer que a ioga não era uma religião, mas uma ciência que podia ser praticada por qualquer pessoa. “Claro que as revistas preferem apresentar fotos de posturas espetaculares, feitas para mostrar até onde se pode chegar, e a beleza dessas posturas. Mas perfeição é aquele ponto que cada um, dentro de si, pode alcançar. Apenas isso”, contava. Celeste, que escreveu apenas o livro para crianças “Rata Yoga”, costumava encerrar sempre as aulas com a seguinte frase: “A luz de deus me ilumina, o amor de Deus me envolve, o poder de Deus me protege, e a presença de Deus me guarda. Onde quer que eu esteja, aí Deus está”. Maria Celeste Castilho faleceu no dia 26 de março de 2016.
E. de A. Bom�im O co-autor é amigo e aluno da professora Celeste, estudioso de ioga desde a juventude, economista de profissão (com trabalhos publicados sobre administração empresarial) e desenhista amador, tendo encarregado-se da redação do texto deste livro e da criação da personagem que o ilustra. Se as ilustrações que criou atingirem o objetivo de despertar a atenção e o interesse das crianças a que se destinam, farão com que ele sinta-se, senão um artista, pelo menos um “ratista” competente.
978-85-8742-074-9