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nov/2013
guia exame 2013 | sustentabilidade
R$29,90
2013
E mAIS
ENTREVISTA
Michael Porter, maior especialista em competitividade do mundo, explica uma nova fórmula para medir o progresso
Por que algumas das maiores companhias do mundo querem incorporar riscos socioambientais ao relatório fnanceiro
Pesquisa exclusiva mostra em quais aspectos da sustentabilidade as empresas brasileiras mais avançaram
Sustentabilidade 61 As empresas mais sustentáveis do Brasil e as vencedoras em 20 setores + os destaques em 7 categorias
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Sumário
46 12 Carta ao leitor 18 EXAME.com
Metodologia
22 Critérios As melhores
empresas por setor e os destaques em sete categorias passaram por quatro etapas de avaliação
Resultados
26 Levantamento O GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE mostra que, diante de uma população
Sustenta-SUMARIO.indd 4
SERGIO NEVES/AE
Exposição no Itaú Cultural, em São Paulo: o maior banco privado da América Latina é a empresa mais sustentável do país
mais crítica, as empresas avançam para combater problemas históricos
Governança
34 Relatórios Por que grandes
empresas querem mudar a apresentação dos resultados
Entrevista
38 Michael Porter O professor de Harvard defende que nem sempre o sucesso econômico resulta em avanço social
Empresa do Ano
46 Itaú Unibanco O maior
banco privado da América Latina é a Empresa Sustentável do Ano
As mais sustentáveis
53 As melhores empresas
classificadas por setor
153 As melhores empresas
classificadas por categoria
170 Prepare-se para 2014
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Sumário infraesTruTura
PoR SEToR
ccR Ecorodovias
agronegócio
Bunge André Maggi BRF Embaré
54 56 57 58
bens de capiTal
Tetrapak
60
bens de consumo
Natura Ambev Boticário Brasil Kirin coca-cola Kimberly-clark Unilever
64 66 67 68 69 70 71
consTrução ciVil Even 72
Sustenta-SUMARIO.indd 6
Química Braskem Dow Basf
108 110 11 2
Ecofrotas Libra
142 144
Varejo
Walmart
146
Sabin Beraca Grupo Rio Quente
148 150 151
PoR cATEGoRiA
maTerial de consTrução 114 1 16 1 17
goVernança da susTenTabilidade
Unilever
154
direiTos humanos
papel e celulose Fibria irani Klabin
124 126 127
88 90 91 92 93 94 95
serViços de saúde
96
138 140
pme
82 84 86
farmacÊuTico
Eurofarma
102 104 105 106
118 120 1 21 122 123
energia
Elektro AES Ampla coelce cPFL EDP itaipu
itaú Bradesco Grupo BB e Mapfre Santander
Duratex Masisa Mexichem
Algar Telecom Telefônica
TransporTe
Votorantim Anglo Samarco Vale Yamana
76 78 80
eleTrônicos
Whirlpool Embraco HP
insTiTuições financeiras
mineração
consulToria
Promon iBM Serasa
Telecomunicações 98 100
Novartis
156
relação com a comunidade
Embraco
158
relação com os fornecedores
Alcoa
160
gesTão da água
coca-cola
Fleury Albert Einstein
128 130
siderurgia Alcoa Aperam Arcelor Novelis
132 134 135 136
162
gesTão da biodiVersidade
Aperam
164
gesTão de resíduos
Kimberly-clark
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2013
Fundada em 1950
VICTOR CIVITA (1907-1990)
ROBERTO CIVITA (1936-2013)
Conselho Editorial: Victor Civita Neto (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente), Elda Müller, Fábio Colletti Barbosa, José Roberto Guzzo
Presidente: Fábio Colletti Barbosa
E mAIS
ENTREVISTA
Michael Porter, maior especialista em competitividade do mundo, explica uma nova fórmula para medir o progresso
Por que algumas das maiores companhias do mundo querem incorporar riscos socioambientais ao relatório fnanceiro
Pesquisa exclusiva mostra em quais aspectos da sustentabilidade as empresas brasileiras mais avançaram
Sustentabilidade 61
Vice-Presidente de Operações e Gestão: Marcelo Vaz Bonini Diretor-Superintendente de Assinaturas: Fernando Costa Diretora de Recursos Humanos: Cibele Castro Diretor Editorial: José Roberto Guzzo Diretora-Superintendente: Cláudia Vassallo
empresas mais sustentáveis do Brasil e as As vencedoras em 20 setores + os destaques em 7 categorias
ITAú uNIbANco A Empresa Sustentável do Ano
Diretor de Redação: André Lahóz Redator-Chefe: Tiago Lethbridge Editores Executivos: Cristiane Mano, Eduardo Salgado, José Roberto Caetano
Coordenação Cristiane Mano e Ana Luiza Herzog edição Ernesto Yoshida e Gladinston Silvestrini reportagem e pesquisa Adriana Carvalho, Ana Paula Ribeiro, Ana Santa Cruz, Andrea Giardino, Beto Gomes, Carolina França, Célio Yano, Daniela Rocha, Dubes Sônego, Érica Polo, Flávia D’Angelo, Flávia Furlan, Gustavo Magaldi, Juliana Portugal, Lia Vasconcelos, Lívia Andrade, Maria Alice Rosa, Maurício Oliveira, Patrícia Ikeda, Raphael Simões, Raquel Grisotto, Renan França arte Diretora de Arte Roseli de Almeida Editora de Arte Carolina Gehlen Designers Rita Ralha Nogueira e Alexa Castelblanco (colaboração) FotograFia Editor de Fotografia Germano Lüders Equipe Iara Brezeguello (coordenção), Gabriel Correa, Ricardo Alves, Gustavo Gomes, Fabiana Nogueira (pesquisa) revisão Coordenação Ivana Traversin Equipe Eduardo Teixeira Gonzaga, Gilberto Nunes, Maurício José de Oliveira, Raquel Siqueira, Regina Pereira, Talitha Paratela (colaboração)
Editores: Ana Luiza Herzog, Bruno Ferrari, Ernesto Yoshida, Fabiane Stefano, Giuliana Napolitano, Gladinston Silvestrini, Lucas Amorim Repórteres: Ana Luiza Leal, Daniel Barros, Guilherme Manechini, Humberto Maia Junior, Maria Luíza Filgueiras, Michele Loureiro, Patrícia Ikeda, Renan Oliveira de França, Tatiana Bautzer, Thiago Bronzatto, Verena Fornetti, Vicente Vilardaga Sucursal: Roberta Paduan, Alexandre Rodrigues (Rio de Janeiro) Núcleo de Revisão: Ivana Traversim (chefe), Eduardo Teixeira Gonzaga (coordenador), Gilberto Nunes, Maurício José de Oliveira, Raquel Siqueira, Regina Pereira, Rosana Tanus Diretora de Arte: Roseli de Almeida Editora de Arte: Karina Gentile Designers: Andréa Naliato, Marília dos Santos Reis, Martha Tadaieski Cooke, Renata Toscano Infografa: Maria do Carmo Benicchio (editora) Edições Especiais: Carolina Gehlen (editora), Rita Ralha Nogueira (designer) Núcleo de Tablets: Bruno Lozich (editor), Clayton Rodrigues, Claudia Marianno, Luiz Lula, Marília Gomes, Suely Andreazzi (designers) Núcleo de Vídeo: Teresa Morrone (repórter), Gabriel Fernandes, Maythê Coelho (produtores multimídia) Fotografa: Germano Lüders (editor), Iara Brezeguello (coordenadora), Fabiana Nogueira, Gabriel Correa, Gustavo Gomes, Ricardo Alves (pesquisadores) CTI: Leandro Almario Fonseca (chefe) EXAME.com Diretora: Sandra Carvalho Editor Sênior: Maurício Grego Editores: Márcio Juliboni, Marco Prates, Renato Santiago de Oliveira Santos, Talita Abrantes Editoras Assistentes: João Pedro Caleiro, Julia Wiltgen, Priscila Zuini Repórteres: Aline Monteiro, Amanda Previdelli, Beatriz Olivon, Beatriz Souza, Camila Lam, Camila Pati,
Daniela Barbosa, Diogo Max, Firas Freitas, Gabriela Ruic, João Pedro Garcia Caleiro, Luciana Carvalho, Luísa Melo, Marcelo Poli, Marina Pinhoni, Mirela Portugal, Priscila Yazbek, Saulo Pereira Guimarães, Tatiana Vaz, Vanessa Barbosa Desenvolvedores Web: Felipe Giglio, Marcus Cruz, Maurício Pilão Infografstas: Beatriz Blanco, Juliana Pimenta Produtores Multimídia: Fábio Teixeira, Gustavo Marcozzi www.exame.com.br PUBLICIDADE EXAME – Diretor de Publicidade UN EXAME: Marcos Gomez Diretoras: Ana Paula Teixeira, Eliani Prado Gerentes: Leda Costa, Marcio Bezerra, Renata Carvalho Executivos de Negócios: Amanda Lima, André Bortolai, Andrea Balsi, Beatriz Ottino, Bruno Vasques, Caio Souza, Carolina Brigano,
Edvaldo Silva, Elaine Marini, Gabriela Duarte, Henri Marques, Júlio Tortorello, Marcelo Cavalheiro, Marcello Almeida, Marlene Torres, Tatiana Pinho MARKETING – Diretora: Viviane Palladino Gerentes: Andreia Coelho, Alexander Ivonika, Cléber Souza, Elaine Campos, Luis Felipe Borsoi Sansone, Maria Luiza Galvão, Rafael Abicair, Tiemy Akamine EVENTOS – Gerente: Shirley Nakasone PUBLICIDADE REGIONAL – Diretor: Jacques Ricardo Gerentes: Adriano Freire, Grasiele Pantuzo, Ivan Rizental, João Paulo Pizarro, Kiko Neto, Mauro Sannazzaro, Sonia Paula, Vania Passalongo PUBLICIDADE INTERNACIONAL: Alex Stevens ASSINATURAS – ATENDIMENTO AO LEITOR – Diretor: Clayton Dick CIRCULAÇÃO AVULSAS – Gerente: Paula Fernandes APOIO – PLANEJAMENTO, CONTROLE E OPERAÇÕES: Anderson Portela DEDOC E ABRIL PRESS: Grace de Souza PESQUISA E INTELIGÊNCIA DE MERCADO: Andrea Costa RECURSOS HUMANOS – Consultor: Fernando Gil Lopes TREINAMENTO EDITORIAL: Edward Pimenta Em São Paulo: Redação e Correspondência: Av. das Nações Unidas, 7221, 20o andar, Pinheiros, São Paulo, SP, CEP 05425-902, tel. (11) 3037-2000 Publicidade São Paulo e informações sobre representantes de publicidade no Brasil e no Exterior: www.publiabril.com.br
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tratamento de imagem Coordenação Leandro Almario Fonseca Equipe Anderson Freire, Carlos Alberto Pedretti, Julio Gomes, Paulo Garcia Martins
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Conselho de Administração: Giancarlo Civita (Presidente), Esmaré Weideman,
Capa Sergio Bergocce
Hein Brand, Roberta Anamaria Civita, Victor Civita Neto Presidente: Fábio Colletti Barbosa www.abril.com.br
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Carta ao leitor
DANIEL MARENCO/FOLHAPRESS
Ciclista no Rio de Janeiro: sustentabilidade virou tema estratégico para as empresas
As empresas melhoraram. O Brasil também
C
HEGAMOS À 14a EDIÇÃO DO GUIA DE SUStEntAbIlIDADE com espírito renovado. É motivo de muito orgulho de nossa parte constatar quanto o país avançou desde o lançamento, em 2000, do então chamado Guia de Boa Cidadania Corporativa — e como EXAME fez parte do salto qualitativo que vimos desde então. Naquele tempo, sustentabilidade era coisa de chatos. Dentro das empresas, as ações do gênero entravam na linha dos custos, e não eram poucos os executivos que se adiantavam para cortar os programas ao primeiro sinal de turbulência.
O mundo mudou — felizmente. Hoje, a sustentabilidade está no centro das estratégias vencedoras, pelo menos no grupo que forma a elite empresarial brasileira. É o que mostramos nesta edição, que compila os dados de quase 200 companhias do país. O processo de realização deste guia se estende por meses e envolve mais de 50 pessoas. Contamos com o apoio decisivo dos técnicos do Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, responsáveis pela metodologia da pesquisa feita com as empresas. Fica claro o engajamento crescente, bem como a sofsticação nos
programas descritos pelas companhias. Mas os líderes mostrados nas páginas a seguir — referências no tema — são unânimes: ainda temos muito a caminhar. Os conceitos de sustentabilidade estão permanentemente em evolução. Nas palavras do americano Michael Porter, maior autoridade mundial em competitividade, muitas companhias abraçaram a sustentabilidade para melhorar a imagem pública. Agora precisam aprender a tratar o assunto como forma de reduzir custos e promover o crescimento. As melhores empresas já entenderam a mensagem — e são um exemplo para o Brasil.
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Acesse EXAME.com e veja reportagens, artigos, galerias de fotos e outras informações exclusivas para a internet que complementam o conteúdo do anuário
rAul junior/Ag. focofino
Troféu das empresas sustentáveis: o prêmio reconhece as companhias com as melhores práticas
Gail Klintworth, diretora global de sustentabilidade da Unilever: a meta é criar um novo modelo de consumo
entrevista
leAndro fonsecA
Um plano para 2020 Em 2010, a anglo-holandesa Unilever lançou um plano para, em dez anos, dobrar a receita e cortar pela metade o impacto de seus produtos. Veja uma entrevista com Gail Klintworth, diretora global de sustentabilidade da Unilever e uma das responsáveis por executar o plano. http://abr.ai/HyFuAZ
PrÊMiO
aS maiS SUSTenTÁVeiS A cerimônia de premiação das empresas mais sustentáveis do Brasil de 2013 em 20 setores aconteceu na noite de 6 de novembro na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, no bairro do Morumbi, em São Paulo. Veja uma galeria de fotos do evento, que reuniu convidados das empresas participantes do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE e consagrou o banco Itaú como a Empresa Sustentável do Ano. http://abr.ai/1dxLrd2
deSTaQUeS deSde 2000 O GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE, a principal publicação sobre responsabilidade social corporativa no Brasil, está em sua 14ª edição. Veja a lista das empresas mais premiadas no guia desde 2000. http://abr.ai/16Sx7Hg
PrOgressO
miCHael porTer Veja a fcha completa do desempenho dos 50 países analisados pelo novo Índice de Progresso Social, criado por Michael Porter, professor da Harvard Business School e maior especialista mundial em competitividade. http://abr.ai/1aMMJyx
mobilidade
AS CIDADES DAS BIKES
Quais são as cidades do mundo com a infraestrutura mais adequada aos ciclistas? De acordo com a consultoria dinamarquesa Copenhagenize Design, o melhor lugar para andar de bicicleta sem preocupação é Amsterdã, na Holanda. A cidade do Rio de Janeiro ocupa o 12º lugar no ranking. http://abr.ai/1ahHUe7
Andy BuchAnAn/AlAmy/glow imAges
lista
Ciclista em Amsterdã: a capital da Holanda é a melhor para pedalar
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pesquisa critérios
A escolha das melhores Em sua 14a edição, o GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE apresenta as 61 empresas mais sustentáveis do país, as 20 melhores por setor e os destaques em sete categorias
P
elo sétimo ano consecutivo, a escolha das empresas eleitas para o GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE teve como base uma metodologia elaborada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces), da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Neste ano, 184 companhias preencheram o questionário.
Pela primeira vez, as empresas com melhor pontuação foram organizadas em 20 setores — incluindo uma premiação para Pequenas e Médias Empresas. Até 2012, eram apresentadas apenas 21 empresas-modelo. Nesta edição, o resultado fnal é uma lista das 61 empresas mais sustentáveis do Brasil, que tiveram desempe-
nho acima da média em todos os aspectos do questionário. Também será apresentada a Empresa Sustentável do Ano, eleita pelo anuário desde 2008, e o destaque em sete categorias da sustentabilidade. A análise para a escolha das empresas teve quatro etapas. Veja abaixo cada uma delas.
a Seleção paSSo a paSSo primeira etapa preenchimento do questionário
As empresas preencheram um questionário, elaborado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces), da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, disponível no Portal EXAME (www.exame.com.br). O questionário é dividido em quatro partes de mesmo peso, descritas a seguir:.
Dimensão geral
De zero a 100 pontos O que é: 23 questões sobre a transparência e a governança da sustentabilidade dentro da companhia e o engajamento das partes interessadas.
Dimensão econômica De zero a 100 pontos O que é: 16 questões sobre o planejamento da empresa, a gestão de riscos e oportunidades, o tratamento de ativos intangíveis e o desempenho das empresas.
Dimensão social
De zero a 100 pontos O que é: 39 questões sobre políticas e práticas de relacionamento com diferentes públicos, como funcionários, fornecedores, clientes, consumidores, sociedade e governo.
Dimensão ambiental
De zero a 100 pontos O que é: 49(1) questões que avaliam o compromisso com a preservação ambiental, com medidas como a gestão do consumo de água e de emissão de resíduos.
SeGuNDa etapa
análise do desempenho Foi calculado o desempenho das empresas em cada uma das dimensões e foram selecionadas para a etapa seguinte aquelas que obtiveram uma pontuação acima da média em todas as dimensões.
terceira etapa
aprovação do conselho
Considerando a pontuação no questionário, uma apuração jornalística sobre as participantes, os integrantes
do conselho deliberativo (veja quadro ao lado) e a redação defniram a lista das 61 empresas mais sustentáveis do país. Foi selecionada a melhor empresa em cada um dos setores, levando em conta o desempenho nas quatro dimensões. Quando houve uma diferença de pontuação menor do que 15%, passou à frente a empresa com menos aspectos abaixo da média em sete indicadores-chave: governança da sustentabilidade, direitos humanos, relação com a comunidade, relação com os fornecedores, gestão de água, gestão da biodiversidade, gestão de resíduos. (As demais empresas aparecem em seu respectivo setor por ordem alfabética.) Os mesmos sete indicadores serviram para eleger o destaque de cada categoria.
Quarta etapa
escolha da empresa sustentável do ano
Com base nas 20 empresas mais sustentáveis de cada setor, e por um critério jornalístico, a redação de EXAME selecionou o maior destaque — que recebe o prêmio de Empresa Sustentável do Ano. 1. 53, no caso de instituições fnanceiras
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para entender a ficha perfil da empresa
participaçãO nO anuáriO
Receita líquida publicada em Melhores e Maiores, de EXAME
presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 1,8 bilhÃO dE REAis
nOtas nOs questiOnáriOs
acima da média
Cada dimensão vale de zero a 100 pontos
Cumpre 70% ou mais dos requisitos
Os anos em que a empresa foi destaque no guia 2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 3 000
regular Cumpre de 40% a 70% dos requisitos
abaixO da média
pOntOs fOrte e fracO Um exemplo do que a empresa faz de melhor e do que ela ainda não faz no que diz respeito à sustentabilidade. As informações são tiradas do questionário respondido por elas
Cumpre abaixo de 40% dos requisitos
desempenho dimensãO geral
sete indicadOres-chave(1)
74,5
ACiMA dA MédiA
REgUlAR
AbAiXO dA MédiA
gOvERnAnçA dA sUstEntAbilidAdE
dimensãO ecOnômica
71,4
diREitOs hUMAnOs
84,6
RElAçÃO COM Os fORnECEdOREs
dimensãO sOcial
dimensãO ambiental
84
pOntO fOrte
Contrata especialistas externos para auxiliar o conselho de administração em questões relevantes
RElAçÃO COM A COMUnidAdE
gEstÃO dE ágUA gEstÃO dA biOdivERsidAdE gEstÃO dE REsídUOs
pOntO fracO
não divulga suas metas para a melhoria de desempenho nas dimensões ambiental, econômica e social
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
O perfil dOs cOnselheirOs
Quem são os integrantes do conselho deliberativo desta edição do Guia EXaME dE SuStEntabilidadE
Carlos Eduardo Lessa Brandão
Membro do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), do conselho deliberativo do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da BM&F Bovespa, e do Global Reporting Initiative (GRI)
Graziella Comini
Coordenadora do Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor da FIA
Hélio Mattar
Fundador e diretor-presidente do Instituto Akatu, ONG que estimula o consumo consciente
Marcelo Sodré
Professor de direito do consumidor e de direito ambiental da PUC de São Paulo. Membro do conselho do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)
Regina Célia Esteves de Siqueira
Superintendente do Centro Ruth Cardoso e da ONG Comunitas.
Membro do conselho social da Fiesp e de educação da CNI
Reginaldo Magalhães
Especialista em desenvolvimento social e sociedade civil do International Finance Corporation (IFC), ramo do setor privado do Banco Mundial
Tasso Azevedo
Diretor do Programa Nacional de Florestas, do Ministério do Meio Ambiente, e secretário da Comissão Nacional de Florestas
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pesquisa resultados
Manifestantes em Brasília, em junho de 2013: mesmo sem uma voz única, a multidão deixou claros o senso crítico e o inconformismo
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UESLEI MARCELINO/REUTERS
Oque sinal vem
das ruas A pesquisa do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE mostra que, diante de uma população mais crítica, as empresas avançam para combater problemas históricos do país | flávia furlan
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 27
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pESqUISA resultados
o
que começou como um protesto contra o aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus em São Paulo deu origem a uma onda de manifestações sem precedentes. Milhões de pessoas — de famílias inteiras a baderneiros — tomaram as ruas do país sem voz ou comando únicos. Seja para demonstrar inconformismo pela má qualidade do transporte, seja pelos desvios de dinheiro público, porém, a multidão deixou uma mensagem clara. “Percebemos o inconformismo da população”, afrma Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos, entidade que reúne mais de 1 200 empresas no país para discutir o avanço da sustentabilidade. “Isso demonstra o nível de consciência crítica dos brasileiros, uma mensagem poderosa para governos e empresas.” A boa notícia é que as companhias brasileiras demonstram estar cada vez mais atentas à responsabilidade
com relação a temas inaceitáveis, como corrupção e trabalho escravo. É isso que mostram os dados do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE 2013, o maior levantamento de susten-
tabilidade corporativa do país. O guia analisou informações das 184 empresas que preencheram todo o questionário preparado pelo Centro de Estudos em
Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, o GVces. No que diz respeito ao combate à corrupção, a proporção das companhias com uma política corporativa específca saltou de 47,5%, em 2010, para 52%, em 2013. Quando analisadas apenas as empresas veteranas ou as 44 que participaram em todos os últimos
Showroom da Natura, em São Paulo: nova linha cortou 70% do uso de plástico
Os destaques da pesquisa
Em 2013, 184 empresas responderam às questões do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE. dimensãO geral Expressam o compromisso de sustentabilidade num documento público
dimensãO ecOnômica Têm comitê de sustentabilidade e responsabilidade social que se reporta ao conselho de administração
2010
52%
2010
23%
2013
56%
2013
35%
Consideram critérios socioambientais no processo de gestão de riscos
Usam metodologias para avaliar aspectos socioambientais no resultado econômico-financeiro
78%
82,5%
59%
59,5%
2010
2013
2010
2013
dimensãO sOcial Têm política corporativa específica para combater a corrupção
47,5%
2010
Têm compromisso formal para erradicar o trabalho forçado
52%
2013
83%
2010
Usam critérios sociais para selecionar fornecedores
87%
2013
82,5%
2010
84%
2013
28 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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V
Antonio MilenA/MilenAR
cinco anos da pesquisa, a nota que elas obtiveram no item combate à corrupção foi de 7,1, em 2009, para 8,7, em 2013, numa escala de zero a 10. “Temos 13 500 funcionários e é impossível pensar que não teremos nenhum risco de que alguém saia da linha, como acontece em qualquer organização”, diz o argentino Fernando Fernandez, presidente da Unilever no Brasil. “Temos de estar alerta para assegurar que isso não aconteça.” A Unilever realiza treinamento sobre práticas anticorrupção que atingiu, em 2012, 98% dos gestores e que é reforçado para as áreas mais sensíveis ao tema, como suprimentos e vendas. Além disso, dispõe de um Código de Princípios de Negócios há dez anos que orienta todas as práticas da companhia e deve ser assinado pelos parceiros comerciais. efeito multiplicaDor
Veja os principais números Dimensão ambiental Usam indicadores de impacto ambiental para dar bônus para a diretoria
Têm proteção ou conservação da biodiversidade
2010
45%
2010
41%
2013
55%
2013
55%
Usam materiais reciclados 2010
Elaboram inventário de emissão de gases de efeito estufa
80%
2013
82%
Buscam reduzir a emissão de gases que causam o efeito estufa
2010
59%
2013
73%
Consideram critérios socioambientais no processo de gestão de riscos
2011(1)
54%
2010
78%
2013
63%
2013
82,5%
A infuência das empresas já ultrapassa o limite de suas próprias operações e começa a se estender para a cadeia de suprimentos. Isso fca claro em temas como trabalho escravo e infantil. Um total de 84% das companhias usam critérios sociais para selecionar os fornecedores. Nesse caso, cinco em dez empresas preveem medidas disciplinares — e, se for o caso, legais — para a situação de não enquadramento do fornecedor nos critérios exigidos. Na fabricante de painéis de madeira, louças e metais sanitários Duratex, está sendo implementado um programa para acompanhar de perto os 113 fornecedores mais assíduos — responsáveis por metade das compras da empresa. Nesse caso, um questionário é aplicado para a seleção dos possíveis vendedores, em que o aspecto social tem 30% de peso para uma nota fnal. Depois disso, são feitas visitas às companhias. “Nunca é demais colocar um olhar mais criterioso para selecionar nossa cadeia de valor”, diz João Redondo, gerente de sustentabilidade da Duratex. Quanto ao critério ambiental, as empresas que atuam no Brasil deixaram o amadorismo de lado. Os dados mostraram que nove em dez possuem uma política corporativa de responsabilida-
1. O indicador foi usado a partir de 2011 Fonte: EXAME/GVces
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pESqUISA resultados de ambiental. De lá para cá, a quantidade de empresas que elaboram inventário das emissões de gases de efeito estufa subiu de 59% para 73%. Além disso, em 2010, apenas 45% dos diretores e presidentes tinham o desempenho ambiental atrelado à avaliação de performance. Em 2013, o percentual subiu para 55%. “Parece ter aumentado a consciência em relação às questões ambientais”, diz Roberta Simonetti, coordenadora do GVces, responsável pela metodologia do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE.
É nítida a busca das empresas por mais ecoefciência. Isso signifca inovar com o objetivo de baixar custos e ao mesmo tempo reduzir impactos ambientais. A fabricante de cosméticos Natura, por exemplo, tornou clara essa meta com a linha de cosméticos SOU, lançada em 2013. Por quatro anos, seis especialistas se debruçaram exclusivamente sobre o projeto de criar produtos mais baratos e sustentáveis. A equipe conseguiu produzir cremes e xampus até 50% mais baratos, que consomem 70% menos plástico, emitem 60% menos gás carbônico e geram um terço de resíduos. Como a empresa atingiu esses indicadores? A Natura não usou corantes e criou uma só fragrância para toda a linha, o que corta gastos com água e energia ao reduzir a limpeza de equipamentos. Além disso, a empresa adquiriu quatro máquinas que formatam a embalagem, inserem o produto e a tampam. A embalagem chega à fábrica na forma de um rolo de flme plástico, em vez de várias partes, como frasco, válvula, tampa e rótulo. Dessa maneira, cada 1 000 embalagens de SOU transportadas equivalem a apenas 28 das tradicionais. Menos transporte signifca menos gasto com combustível e poluição. Em julho, a empresa passou a vender a linha em todo o Brasil. “Entramos numa faixa de preço intermediária e reforçamos o apelo da sustentabilidade do negócio”, afrma Fabiana Pellicciari, diretora da unidade de negócios SOU. As empresas também avançaram na prevenção à poluição e aos impactos
ALEXANDRE BATTIBUGLI
busca pela eficiência
Fábrica da Duratex: avaliação da conduta social e ambiental dos fornecedores
ambientais decorrentes de suas instalações e operações. Um total de 83% se preocupava com o tema em 2013, ante 76% em 2011. Tome-se o exemplo da petroquímica Braskem, que viabilizou a construção de uma estação de tratamento de água no polo petroquímico em que está instalada na região metropolitana de São Paulo. Lançada em novembro de 2012, a estação exigiu investimentos de 364 milhões de reais da Sabesp e da Odebrecht Ambiental e tratará até 1 000 litros por segundo de esgoto recebido das cidades vizinhas e
direcionará essa água para a indústria. “O sistema resolve dois problemas ao mesmo tempo: trata o esgoto da cidade e direciona a água para alguém usar. Assim, a água da bacia hidrográfca fca disponível para a população”, diz Jorge Soto, diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem. O resultado do projeto: 175 litros por segundo de água potável, que estariam sendo destinados às empresas, agora estão disponíveis à população, uma vez que no polo petroquímico está sendo usada a água reaproveitada.
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Mirian Fichtner/PluF FotograFias
Usina da Braskem: reaproveitamento de água para a linha de produção
Cada vez mais empresas veem a busca pela sustentabilidade não como um custo, e sim como uma chance de inovar para ganhar efciência É importante, no entanto, ver todos esses dados positivos com certa ressalva. O universo da pesquisa compreende as empresas que estão na linha de frente das práticas sustentáveis no Brasil — certamente quando se amplia o contingente, o nível de comprometimento tende a ser menor. Para ter uma ideia, no mundo como um todo, os investimentos em energia renovável, efciência energética e adaptação às mudanças climáticas estão em queda. Uma pesquisa da organização Climate Policy Iniciative, que reúne um time
de analistas e consultores para melhorar as políticas de uso de recursos no mundo, mostra que os gastos globais com mudanças climáticas foram de 359 bilhões de dólares em 2012, 5 bilhões de dólares a menos do que em 2011. As empresas corresponderam a 62% desse investimento. No grupo de empresas do guia, um assunto que não avançou tão rapidamente nos últimos anos foi o esforço para a redução na geração de resíduos. As companhias que colocam na política corporativa foco no tema foram
de 85%, em 2010, para 78%, em 2013. Apesar de o tema não ter avançado, há bons exemplos. A construtora Camargo Corrêa, para fcar num deles, criou a Bolsa de Resíduos. Por meio de um sistema eletrônico, todas as obras informam quais os materiais disponíveis e recebem ofertas para comercialização, doação ou tratamento fnal. São cadastrados restos de óleo, bateria, pneus e plástico, por exemplo. Cada obra coloca seu material disponível e quem precisa faz oferta de preço online. Em 2012, 55% dos resíduos gerados foram destinados à reciclagem, com um ganho de 2,5 milhões de reais. “Quando se tem planejamento, a sustentabilidade traz mais ganhos do que perdas”, diz Dalton dos Santos Avancini, presidente da Construtora Camargo Corrêa. Felizmente, mais empresas têm se aventurado a alcançar esse objetivo. Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 31
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governança relatórios
Por
trás dos números Por que grandes empresas querem mudar a tradicional apresentação de resultados ao incluir riscos e oportunidades sociais e ambientais para o negócio | clarice couto
a
história recente está cheia de tombos monumentais de empresas que, de uma hora para a outra, passaram da condição de modelo de sucesso à de exemplo de fracasso. No topo da lista dos casos mais emblemáticos está a empresa de energia americana Enron, nos anos 90. Mais recentemente, o banco de investimento Lehman Brothers, que sucumbiu em 2008, e o grupo EBX, do empresário Eike Batista. Para um grupo crescente de especialistas, esses exemplos expõem o mesmo problema: a fragilidade do atual modelo de prestação de contas das empresas. Desde 2010, sob o nome de Conselho Internacional de Relato Integrado (IIRC, na sigla em inglês), representantes de mais de 100 grandes companhias do mundo passaram a discutir uma proposta de criação de um novo modelo de relatório de desempenho. O Brasil é o terceiro país com o maior número de participantes, atrás apenas do Reino Unido e da Holanda. No grupo estão grandes empresas globais, como a fabricante de automóveis sueca Volvo e a indústria química Basf. Entre as nove brasileiras estão a fabricante de bens de consumo Natura, a Votorantim Industrial, a Petrobras, o Itaú Unibanco, as concessionárias de energia CPFL Energia e AES Brasil e a de rodovias CCR. Além das empresas, participam da discussão a organização internacional das comissões de valores mobiliários e integrantes das quatro maiores consultorias do mundo: PwC, Deloitte, KPMG e EY. Em janeiro de 2014, o grupo deve lançar ofcialmente o primeiro documento-base desse relatório integrado.
Fábrica da Volvo, na Suécia: entre as empresas que começaram a testar um novo modelo para prestar contas
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Além dA contAbilidAde
Mais de 100 empresas em todo o mundo discutem como será o novo modelo de relatório — 11 delas, brasileiras. Veja alguns aspectos que podem fazer parte dele... exemplo cApitAl humAno
Motivação dos funcionários e gestão do risco de trabalho escravo na cadeia de fornecedores
cApitAl sociAl
Parcerias e relacionamentos que fazem diferença para os resultados hoje e no futuro
cApitAl intelectuAl
Patentes registradas e a reputação da companhia
cApitAl nAturAl
Riscos e oportunidades para a empresa no que diz respeito a recursos naturais
...e os objetivos que essas empresas esperam atingir com o novo relatório
97%
93%
74%
64%
Melhorar a qualidade de informação prestada ao conselho de administração
Quebrar barreiras entre diferentes departamentos da companhia
Apresentar informações mais consistentes ao mercado
Permitir que analistas se beneficiem de projeções de longo prazo
Chad EhlEr/alamy/glow imagEs
Fonte: IIRC
Uma das principais falhas que o grupo pretende corrigir é o caráter monotemático dos relatórios atuais, concentrados em pura contabilidade. Para isso, faz parte dos planos prestar contas de ativos não fnanceiros que podem afetar diretamente o negócio, como fatores críticos na gestão de pessoas ou em parcerias com outras companhias (veja quadro acima). Prevê ainda mapear não apenas o que afeta a empresa hoje mas também no futuro. O novo modelo prevê o relato de oportunidades e riscos no curto, médio e longo prazos. “Os relatórios atuais são fotografas do presente. O relato integrado pretende ser um flme. O que se pretende é mostrar não só a situação atual da companhia, mas aonde ela quer chegar e como”, diz Sonia Favaretto, diretora de sustentabilidade da BM&F Bovespa. As empresas que integram o IIRC servem de campo de testes. Ainda não
existe um modelo acabado. A Votorantim Industrial vem trabalhando para identificar os recursos naturais dos quais dependem cinco unidades da companhia. “Estamos diagnosticando também a dependência de cada região em relação aos recursos que usamos”, diz David Canassa, gerente-geral de sustentabilidade da Votorantim. Fora do Brasil, a empresa de energia sul-africana Eskom criou um padrão de relato em que informa os objetivos atingidos e os não alcançados em diversos aspectos do negócio. “Mostrar os dois lados transmite credibilidade”, diz Sandra Guerra, presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e membro do conselho do IIRC. Não há consenso sobre tornar a adoção obrigatória. A discussão já é vista como um grande passo. “Não se cria uma nova mentalidade por mandato”, diz Sonia Favaretto, da BM&F Bovespa. Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 35
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ENTREvISTA competitividade
Uma nova
equação A lógica de que o avanço social dos países decorre apenas de seu sucesso econômico começa a ser subvertida, diz Michael Porter, maior especialista em competitividade do mundo e criador do Índice de Progresso Social | Patricia ikeda
A
penas 24 professores ganharam o título de university professor — o mais alto reconhecimento criado em 1935 pela Universidade Harvard para premiar seu corpo docente. O americano Michael Porter é um deles. Diretor do ranking de competitividade das nações do Fórum Econômico Mundial, Porter é hoje a maior autoridade internacional no assunto. Foi grande o impacto, portanto, quando ele anunciou, em setembro, sua mais nova empreitada: levar a medida do desenvolvimento dos países a um novo patamar, com a criação do Índice de Progresso Social. Em vez de considerar apenas o sucesso econômico, há outros componentes que integram a medida que avalia a prosperidade dos países. O índice se vale de 52 indicadores agrupados em três categorias principais: necessidades humanas básicas, fundamentos de bem-estar e oportunidades (veja quadro na pág. 41). O objetivo é dar visibilidade a aspectos que interferem diretamente na qualidade de vida, mas que em geral ficam escondidos nas estatísticas de renda média dos habitantes. No ranking desse novo indicador, o Brasil ocupa o 18o lugar numa lista de 50 nações — atrás, por exemplo, da Costa Rica. Embora tenha uma renda per capita muito próxima à brasileira, a Costa Rica pontuou melhor em aspectos como oportunidade para
os cidadãos. Organizado por Porter, o índice é fruto da discussão entre especialistas da Universidade Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), com apoio das empresas de tecnologia Cisco e Deloitte e das ONGs Fundação Avina e Fundação Skoll. Na edição de 2014, o grupo pretende avaliar 100 países. Em entrevista a EXAME, Porter fala sobre seu novo
estudo e o poder do setor privado no progresso social. EXAME O que é o Índice de Progresso Social? Como ele se diferencia de outros indicadores sociais? MICHAEL PORTER O novo índice é uma métrica que pretende levar a avaliação do desenvolvimento social a um patamar mais completo. Todos já entendemos que o sucesso de uma nação é muito maior do que a capacidade de gerar renda e está relacionado com o nível de bem-estar dos cidadãos. Os índices que tentaram medir o progresso social são focados em apenas uma dimensão do problema, como a educação, o que os tornam limitados. Isso é um erro, porque precisamos entender qual é a relação entre o econômico e o social, se a evolução econômica realmente produz o progresso social e, também, se o progresso social é benéfco para o desenvolvimento econômico. O Índice de
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ton Hendriks/Hollandse Hoogte
Se um país adota políticas sociais erradas, o crescimento econômico pode estancar
O professor Michael Porter, de Harvard: em busca de um indicador que evidencie onde está o atraso social dos países Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 39
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ENTrEvISTA competitividade
RodRigo ARANgUA/AFP PHoTo
Festa popular na Costa Rica: renda per capita menor, mais oportunidade para os cidadãos
Se um país é muito violento, as empresas têm de investir em segurança em vez de gastar dinheiro em algo produtivo
Progresso Social é abrangente, tenta olhar todas as dimensões do avanço social e foi concebido para ser usado em diferentes países. Muitos dos índices sociais existentes foram projetados principalmente para os países pobres. De que maneira as conclusões do índice ajudam na discussão a respeito do progresso social? Vimos uma correlação positiva entre
sucesso econômico e progresso social, o que já era esperado. Mas descobrimos que há uma grande diferença entre os dois. Alguns países, como a Costa Rica, que ocupa o 12o lugar da lista, alcançaram um nível de progresso social que é tão alto quanto em países com as maiores rendas do mundo. Pela primeira vez provamos que o progresso social e o econômico não são a mesma coisa. Eles estão relacionados,
mas não há nenhuma garantia de que uma nação com bom desempenho econômico também seja capaz de entregar um resultado social melhor. Qual foi o desempenho do Brasil? Entre 50 países, o Brasil está na 18a posição. O país se saiu relativamente bem, mas tem alguns problemas graves. O principal é na área de segurança pessoal. Como você bem sabe, os bra-
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QUEM SE SAIU MELHOR
As pessoas estão mais acostumadas a pensar que o sucesso econômico pode ajudar o progresso social. Mas o progresso social também ajuda a economia. Por exemplo, se um país é muito violento, as empresas precisam gastar muito com segurança em vez de aplicar o dinheiro de forma mais produtiva. Se as pessoas não se alimentam bem, é difícil ter uma base de trabalhadores produtivos. Se um país adota as políticas econômicas erradas, o progresso social pode não acontecer. Se um país adotar as políticas sociais erradas, o desenvolvimento econômico também pode estancar.
Numa lista de 50 países, o Brasil ocupa a 18ª posição no índice de Progresso Social — e está atrás de Chile e Argentina Os três pilares do índice são: PrIncÍPIOS de Bem-eStar
Ecossistema sustentável — Acesso ao conhecimento básico — Acesso à informação e comunicação — Saúde e bem-estar neceSSIdadeS BáSIcaS
Nutrição e serviço de saúde — Habitação — Ar, água e saneamento — Segurança pessoal OPOrtUnIdade
Equidade e inclusão — Liberdade pessoal e escolha — Direitos pessoais — Acesso à educação superior PIB Per caPIta (em dólar)
1º
Suécia
3º
5º
2º
41 467
2º
reino Unido
2º
6º
5º
35 657
3º
Suíça
1º
4º
7º
51 262
12º costa rica
13º
19º
8º
12 157
14º chile
14º
15º
13º
17 310
15º argentina
12º
24º
9º
17 554
18º Brasil
20º
30º
16º
11 640
50º etiópia
50º
50º
50º
1 109
O senhor disse certa vez que as empresas têm um poder de transformação na vida das pessoas maior do que os governos e as ONGS. Por quê? Em primeiro lugar, governos e ONGs não têm dinheiro sufciente para tantos problemas. Hoje, 85% do investimento na sociedade vem do setor privado. Em segundo lugar, eles não têm organização ou capacidade para fazer as coisas de modo efciente em larga escala. Temos observado que os governos e as ONGs estão reconhecendo que podem trabalhar com as empresas e que as soluções encontradas em conjunto serão muito melhores. Estamos em um processo de transição.
A posição do Brasil em cada um dos 12 indicadores levantados pelo ranking
Necessidades básicas
Princípios de bem-estar
Oportunidade
27º Nutrição e serviço de saúde
21º
2º
Equidade e inclusão
23º Habitação
26º Acesso ao conhecimento básico
16º
Liberdade pessoal e escolha
20º Acesso à informação e comunicação
15º
Direitos pessoais
28º Ar, água e saneamento 46º Segurança pessoal
31º
Ecossistema sustentável
Saúde e bem-estar
33º Acesso à educação superior
Fonte: Índice de Progresso Social
sileiros sofrem com a elevada criminalidade e violência. Outros desafos estão em torno de necessidades básicas, como serviço de saúde de qualidade, alimentação e educação. Também encontramos indícios na desigualdade do acesso à educação pelas mulheres. O Índice de Progresso Social foi desenhado para destacar essas questões de um modo científco, canalizar e apoiar as mudanças. Esperamos construir no
Brasil, assim como em outros países, uma comunidade ao redor do tema. Estamos montando uma rede de empresários, líderes da sociedade e governo para interpretar os desafos que o índice apontou, identifcar as prioridades e trabalhar de modo colaborativo. O senhor defende que o bem-estar também cria o progresso econômico. Como isso é possível?
Quais são os melhores exemplos dos resultados obtidos com as parcerias entre empresas, governos e ONGs? Estamos vendo uma tremenda revolução porque as companhias começaram a entender que os problemas sociais são uma grande oportunidade para o crescimento dos negócios. Por exemplo, algumas empresas inventaram novos sistemas de irrigação que permitem o uso da água de forma efciente. Essas tecnologias ajudam os pequenos agricultores a melhorar a produtividade, o que aumenta a renda das famílias e reduz o impacto ambiental. Essa é uma solução dos negócios para um problema social. As grandes empresas estão mesmo levando a sustentabilidade mais a
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ENTrEvISTA competitividade
Jim R. Bounds/Getty imaGes
Fábrica da GE nos Estados Unidos: produtos que consomem menos energia
sério? O tema chegou ao topo da agenda corporativa? Antes as empresas abordavam a sustentabilidade com foco em questões ambientais, como a emissão de carbono. Já demos um passo à frente quando elas começaram a encarar a sustentabilidade como uma noção de responsabilidade social. O impacto, porém, ainda é pequeno. O maior avanço está na próxima etapa, que chamamos de criação de valor compartilhado. Isso vai acontecer quando elas entenderem que a grande oportunidade está em sua própria área de atuação ao criar novos produtos e serviços que vão impactar positivamente a vida das pessoas. Existem bons exemplos de empresas que chegaram a esse patamar? A multinacional General Electric tem uma iniciativa exemplar chamada Ecomagination. Com esse programa, a empresa investe milhões de dólares no desenvolvimento de produtos, como motores menos poluidores ou que consomem menos energia, com impacto
Quando as empresas começarem a entender que a sustentabilidade é uma oportunidade de crescer e melhorar seus custos, veremos um impacto signifcativo global. A empresa incorporou de fato a sustentabilidade no coração de seu negócio. Outro ótimo exemplo é a indústria química americana Dow Chemical, que está produzindo inovações, como tecnologias de controle de pragas, diminuindo a contaminação e o impacto ambiental. Qual é o erro mais comum quando as companhias decidem adotar o tema da sustentabilidade? O principal erro ocorre quando as empresas veem a sustentabilidade como um requisito para a reputação. Há muitos indicadores de reputação corporativa hoje. As companhias criam um
programa de reciclagem ou medem a emissão de carbono porque alguém de fora está criticando. Quando elas começarem a olhar o tema como uma oportunidade para crescer e melhorar seus custos, veremos um impacto signifcativo. Se o movimento é calculado apenas para cumprir protocolos, é quase garantido que não vai ter sucesso.
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empresa a sUstentável ALEXANDRE BATTIBUGLI
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Itaú Unibanco 46 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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Ser responsável dá lucro
Movido a puro pragmatismo, o Itaú Unibanco — maior banco privado do país — mobiliza milhares de funcionários para levar a sustentabilidade para o centro de sua estratégia | flávia furlan e renan frança
h Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco: “Não é uma obrigação a mais, e sim parte indissociável do que fazemos no dia a dia”
ierarquia sempre foi assunto sério no itaú, maior banco privado do país. Ao longo de mais de seis décadas, os diretores eram chamados de doutor e tinham salas exclusivas. É uma tradição que os principais executivos do banco começaram a desconstruir recentemente. O primeiro a dar o exemplo foi Roberto Setubal, presidente do banco, ao escrever uma mensagem para os funcionários na qual pedia para ser chamado apenas de Roberto. Todos perderam suas salas e hoje trabalham num salão aberto com suas equipes. Em 2012, uma nova rotina serviu para tirar de vez o primeiro escalão de uma espécie de olimpo corporativo — inclusive o próprio Roberto. Naquele ano, 1 200 executivos deixaram o expediente normal para trabalhar por algumas horas na central de atendimento ao cliente do banco. Desde então, tornou-se parte da rotina de todos eles uma vez por ano. O objetivo é fazer com que esses executivos acostumados a comemorar lucros recordes a cada trimestre — foram 4,3 bilhões de reais apenas no terceiro trimestre de 2013 — entendam de perto as razões de outra liderança da qual não se orgulham: o primeiro lugar em reclamações nos Procons, com 1 108 ocorrências em 2012. É um efeito colateral do crescimento — o total de problemas representa uma parcela ínfma de menos de 1% de seus 15 milhões de correntistas. Mesmo assim, trata-se de uma realidade que o banco está decidido a combater. Os vendedores são treinados para não empurrar produtos que os clientes não querem. O Itaú também passou a premiar funcionários que resolvam problemas dos clientes. Em 2012, 3 000 foram indicados e 30 receberam 10 000 reais em bolsa de estudo. Os resultados já aparecem. O Itaú Unibanco também foi, no mesmo ano, a instituição fnanceira que mais resolveu problemas de seus clientes. O índice de solução foi de 85%. Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 47
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Essa não tem sido a única mudança na rotina dos executivos do banco. Outras discussões tornaram-se cada vez mais presentes na agenda de todos eles. O banco deve emprestar dinheiro para uma empresa que produz amianto? Como ajudar pequenos empreendedores em comunidades de baixa renda? “São questões que fazem parte de nosso negócio”, diz Setubal. “Perseguir um modelo de negócios sustentável no longo prazo não é uma obrigação a mais, e sim parte indissociável do que fazemos no dia a dia.” Achar boas respostas para essas perguntas é a principal missão de um grupo de 20 executivos do banco. Eles fazem parte de um comitê de sustentabilidade, responsável por coordenar áreas tão distintas como recursos humanos ou a linha de frente, que lidam com clientes de varejo e pessoas jurídicas, e se reúnem uma vez a cada três meses na sede do banco, no bairro do Jabaquara, em São Paulo. Não é de hoje que o Itaú, há 13 anos listado no Dow Jones Sustainability Index, índice que reúne empresas consideradas responsáveis cotadas na bolsa de Nova York, discute o assunto dentro de casa. O embrião do comitê surgiu em 2004, com menos da metade do tamanho atual. Mas desde o início com o mesmo propósito — levar a discussão para o centro da estratégia. (As atividades da Fundação Itaú Social, criada em 2000 para organizar os investimentos sociais do banco, sempre se mantiveram à parte.) Aos poucos, o escopo da discussão se ampliou. Hoje, é desse grupo que surgem ideias tão diferentes como treinar os atendentes para não empurrar produtos que os clientes não querem. Ou colocar milhares de bicicletas à disposição do público nas ruas de grandes cidades do país. Atualmente existem 3 000 delas espalhadas por Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Porto Alegre. Para usar, basta pagar uma taxa mensal de 10 reais — ou uma diária de 5 reais. Também é no comitê que se apresentam resultados da política de concessão de crédito do banco. Se a empresa tem um nível considerado crítico de risco ambiental,
unibanco
RAUL JUNIOR/AG. FOCOFINO
A EMprESA SUSTENTávEL Do ANo itaú
valores para valer Veja as principais frentes de sustentabilidade do Itaú Unibanco além do padrão do setor O Itaú Unibanco investiga os riscos socioambientais de empresas antes de conceder crédito acima de 5 milhões de reais — os princípios do Equador, um acordo voluntário do setor financeiro mundial, exigem que a avaliação aconteça apenas em empréstimos acima de 10 milhões de dólares resUltado em 2012, foram dados cerca de 6 500 pareceres. Desses, aproximadamente 1,4% era contrário
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Integrantes do comitê de sustentabilidade do Itaú Unibanco: reuniões a cada três meses para discutir a sustentabilidade
por exemplo, o empréstimo é simples mentre negado. “O comitê se tornou um amplo fórum de discussão da es tratégia da companhia, em vários ní veis”, diz Denise Hills, superintenden te de sustentabilidade do banco e coor denadora do comitê. O escopo da mo bilização — e seu impacto potencial em 40 milhões de clientes em 20 países — foi fundamental para a escolha do Itaú Unibanco como a Empresa Sus tentável do Ano do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE 2013. O movimento do Itaú faz parte de uma transformação pela qual o merca do fnanceiro passa em todo o mundo. Aqui ou lá fora, a reputação dos ban queiros nunca foi das melhores. A fama de fazer dinheiro fácil em cima do pre juízo dos clientes só piorou com a re cente crise mundial, protagonizada por grandes instituições fnanceiras. O fato
Em 2012, cerca de 1 200 diretores do Itaú Unibanco atenderam clientes na central telefônica do banco — das regras para conceder crédito ao atendimento ao cliente apoio ao miCroempreendedor O programa de microcrédito do banco, criado em 2005, tem o objetivo de conceder empréstimos para quem não tem conta em banco e não consegue comprovar renda — um negócio que passou a dar lucro recentemente
Clientes mais satisfeitos Com mais de 15 milhões de clientes no país, o banco é campeão de reclamações. Nos últimos anos, passou a valorizar funcionários que resolvem problemas dos clientes e incentivou executivos a trabalhar na central telefônica
resUltado Em 2012, foram concedidos 24,4 milhões de reais — 21% mais em relação ao ano anterior
resUltado Tornou-se o banco que mais resolve problemas de clientes, com 85% de casos resolvidos em 2012
é que, apesar disso — ou em parte por causa disso —, hoje é um dos setores mais avançados nessa discussão. O marco dessa virada aconteceu em ou tubro de 2002, quando o IFC, braço fnanceiro do Banco Mundial, organi zou um conjunto de regras socioam bientais para concessão de crédito, conhecidas como Princípios do Equa dor. A adesão é voluntária. Hoje há 78 signatários no mundo em 35 países. No Brasil, são cinco. O primeiro a aderir foi o Itaú, em agosto de 2004. Os de mais são: Banco do Brasil, Caixa Eco nômica Federal, Bradesco e banco Pi ne. A lógica por trás é bem pragmática. O risco ambiental e social das empresas Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 49
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A EMprESA SUSTENTávEL Do ANo itaú que buscam crédito impacta direta mente em sua capacidade de pagamen to — e, portanto, representa uma amea ça ao lucro das instituições que em prestam os recursos. Mesmo que acei tar o empréstimo pareça uma boa ideia no curto prazo, ele pode esconder uma armadilha para o futuro. Um exemplo recente mostra o peso dessa decisão. Em 2012, pelo menos três bancos bra sileiros — Itaú, Bradesco e Banco do Brasil — negaram crédito para a cons trução da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, diante de uma polêmica ambiental e com tribos indígenas da região. “Perdemos o f nanciamento e a folha de pagamentos de 30 000 funcionários. Mas não abri mos exceção”, diz Zeca Rudge, vice presidente do Itaú Unibanco. No caso do Itaú, essa situação se re petiu outras 90 vezes em 2012. E o ban co tem se esforçado para ir além. Au mentou a exigência para defnir se o fnanciamento deve ou não passar pelo crivo socioambiental. Em vez de 10 milhões de dólares, como prevê o acor do mundial entre os bancos, resolveu
Prédio do Itaú Cultural, em São Paulo: os investimentos sociais e culturais do banco são coordenados por instituições independentes
DIVULGAÇÃO
O banco negou crédito a cerca de 90 companhias, reprovadas em seus critérios socioambientais no ano passado
unibanco
fazer a análise para projetos acima de 5 milhões de reais. “A corrida pela sus tentabilidade se tornou uma nova ba liza de concorrência entre bancos”, diz Gustavo Pimentel, diretor da consulto ria para negócios sociais Sitawi. “Isso é ótimo porque a escala e o efeito mul tiplicador que um grande banco con segue ter são enormes.” O raio de infuência do Itaú começa a se estender para cada vez mais com
panhias, com critérios mais rígidos para selecionar suas carteiras de inves timento. Nos últimos meses, uma equi pe de analistas do Itaú Asset Manage ment, braço do banco especializado na gestão de recursos, começou a mapear todas as ações das empresas listadas na bolsa brasileira. O objetivo é montar fundos de ações voltados sobretudo para investidores institucionais. Trata se também de uma tendência mundial.
Uma pesquisa da Global Sustainable Investment Alliance mostrou que, em 2012, pelo menos 13,6 trilhões de dóla res sob gestão profssional no mundo seguiam a filosofia de investimento responsável, o que representa cerca de 22% dos ativos totais. O impacto do banco também pode ser medido em milhares de pequenos credores. O programa de microcrédito do banco, criado em 2005, é direciona
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FERNANDO FRAZÃO
Bicicleta do Itaú no Rio de Janeiro: hoje, há 3 000 unidades espalhadas por cinco capitais brasileiras — além de Rio, São Paulo, Recife, Salvador e Porto Alegue
do a empreendedores com difculdades para obter empréstimos pela falta de comprovação de renda. Desde o início, já foram 50 000 pessoas benefciadas, com mais de 300 milhões de reais disponíveis ao mês — metade disso é realmente emprestada. O Sul e o Sudeste, com 40 cidades, são as regiões onde o programa está mais desenvolvido. Em regiões como o Capão Redondo, em São Paulo, ou o Complexo do Alemão, no
Rio de Janeiro, há funcionários, geralmente moradores do bairro, que identifcam potenciais empreendedores. No caso do Nordeste, o banco opera por meio de organizações locais, que repassam os empréstimos aos credores. Segundo o Itaú, todo o lucro é reinvestido na ampliação do negócio e na tecnologia para escolha dos clientes. Cada funcionário visita até três vezes por mês o benefciado, que recebe orientações de
educação fnanceira para melhorar o negócio. Tudo isso fez despencar a inadimplência. No primeiro mês, apenas 0,6% dos benefciados não paga. Há quatro anos, o percentual era de 5,6%. “Ainda é um negócio novo em todo o mercado”, afirma Eduardo Ferreira, superintendente do Itaú Microcrédito. “Mas já fcou claro que todos ganham com ele.” Eis aí um bom resumo do que seja sustentabilidade. Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 51
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as empresas
mais sustentáveis
em 20 setores Itaú UnIbanco EMPrESA SuSTEnTáVEl do Ano Agronegócio Bens de Capital Bens de Consumo Construção Civil Consultoria, Gestão e TI Eletroeletrônicos Energia Farmacêutico Infraestrutura Instituições Financeiras Químico Material de Construção Mineração Papel e Celulose Saúde Siderurgia Telecomunicações Transporte Varejo PME
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AGroNEGócIo
BUNGE presença no guia
2000
2001
A mAIs susTENTávEL
dO sETOR 2002
2003
faturamento em 2012 22,7 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 6 700
Mais energia limpa e mais empregos no interior Com a abertura de sua primeira fábrica de biodiesel no Brasil, a Bunge investe numa alternativa de energia limpa e gera renda para 10 000 pequenos agricultores | ÉRICA POLO
A
bunge, uma das maiores empresas de agronegócio do brasil, investiu 60 milhões de reais para abrir, em março, sua primeira fábrica de biodiesel no país, no município de Nova Mutum, em Mato Grosso. É sua primeira investida num segmento complementar aos negócios no setor de soja, no qual atua na exportação de grãos, farelo e óleo. Além dos ganhos ambientais — o biodiesel, adicionado hoje ao diesel de petróleo na proporção de 5%, ajuda a reduzir a emissão de gases de efeito estufa —, a iniciativa trará ganhos para 10 000 agricultores familiares que, organizados em 15 cooperativas, fornecerão 150 000 toneladas de soja por ano para abastecer a fábrica. As duas partes têm a ganhar. De um lado, a nova unidade permite a inclusão de pequenos produtores na cadeia de um negócio com potencial de gerar renda. De outro, a Bunge poderá vender o biodiesel com o selo ofcial Combustível
Social, que dá direito à redução nas alíquotas de impostos. Com a fábrica em Nova Mutum, a empresa ajuda a consolidar um novo polo de desenvolvimento. “Temos sido pioneiros na instalação de unidades em novas fronteiras agrícolas”, diz Pedro Parente, presidente da Bunge no Brasil. Foi o que ocorreu em Uruçuí, no sul do Piauí, onde a empresa construiu uma unidade de esmagamento há uma década, quando a produção de soja começava a se expandir na região — hoje, Uruçuí é o segundo município em arrecadação de impostos no estado, atrás apenas da capital. Outro exemplo é Pedro Afonso, em Tocantins, onde a companhia ajuda na elaboração de um plano de melhorias em educação, saúde e saneamento, em parceria com a prefeitura e a sociedade civil. Outra vez, os dois lados saem ganhando. “De uma comunidade satisfeita saem funcionários mais empenhados. E, assim, o negócio prospera”, diz Parente.
desempenho sETE INdICAdOREs-ChAvE(1)
dImENsãO gERAL
85,2
acima da média
regular
abaixo da média
governança da susTenTabilidade
dImENsãO ECONômICA
86,4
direiTos humanos
93,2
relação com os fornecedores
dImENsãO sOCIAL
dImENsãO AmbIENTAL
85,1
relação com a comunidade
gesTão de água gesTão da biodiversidade gesTão de resíduos
PONTO FORTE
Tem compromisso formal com a erradicação total da discriminação com relação a seus funcionários PONTO FRACO
a empresa não publica a remuneração dos conselheiros e dos diretores
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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Germano Lüders
Pedro Parente, presidente da Bunge: novos polos de desenvolvimento no interior do país
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AGroNEGócIo
ANDRÉ mAggi presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 6,2 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 3 700
Um pente-fno em 800 fazendas Para obter certifcações e atender às exigências dos compradores de soja, o Grupo André Maggi mantém um cadastro de bons fornecedores | ÉRICA POLO
O
grupo andré maggi, um dos maiores produtores de soja do mundo, também compra grãos de outros fazendeiros para processar em suas indústrias e vender no mercado, sobretudo no exterior — é um dos maiores exportadores brasileiros de soja em grão, farelo e óleo. Para atender às exigências dos compradores, em 2004 o grupo começou a montar um cadastro de bons fornecedores. Uma equipe visita as propriedades para coletar dados sobre mais de 30 itens socioambientais, como as boas práticas na conservação do solo e no uso da água, tecnologia agrícola e segurança do trabalho. Atualmente, o grupo realiza um pente-fno nas propriedades de 800 fornecedores. Além das vistorias, faz o monitoramento por satélite de mais de 300 municípios, para identifcar as propriedades embargadas pelo Ibama, o órgão ambiental federal. “Todo cuidado é pouco porque negociamos com com-
pradores extremamente exigentes”, diz Waldemir Loto, presidente do Grupo André Maggi. O cadastro socioambiental atende aos requisitos das principais certifcações exigidas por compradores de soja. A lista de regras é longa, mas algumas são motivo de descredenciamento imediato, caso sejam descumpridas: não utilizar trabalho infantil ou escravo, não cultivar em áreas indígenas, com unidades de conservação ambiental ou embargadas pelo Ibama e não plantar em áreas desmatadas e no bioma amazônico. Esta última exigência surgiu do compromisso frmado pelas empresas do setor em 2006, a moratória da soja. Há rumores de que a Abiove, entidade que reúne as esmagadoras de soja, não pretende renovar o acordo, que vence em janeiro de 2014. Loto diz que o assunto é de competência da Abiove. “Independentemente da moratória, trabalhamos sempre para cumprir o que é exigido pelas certifcações”, afrma o executivo.
desempenho dImENsãO gERAL
sETE INdICAdOREs-ChAvE(1)
77,2
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dImENsãO ECONômICA
77,2
direitos humanos
78,1
relação com os fornecedores
dImENsãO sOCIAL
dImENsãO AmbIENTAL
81,5
PONTO FORTE
prevê medidas disciplinares e legais para situações de assédio moral entre os funcionários
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PONTO FRACO
a quantidade de água tratada e reaproveitada em suas unidades está abaixo de 25%
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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brf
presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 29,4 bilhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 120 000
Uma cartilha para orientar os produtores A BRF consolida as práticas de Perdigão e Sadia em um novo código de conduta. O documento deverá servir de diretriz para a gestão responsável de mais de 27 000 fornecedores | ÉRICA POLO
P
AssAdos dois Anos desde que o conselho AdministrAtivo de defesA econômicA (cAde) deu o sinal verde para a criação da companhia de alimentos BRF, a unifcação das culturas de Perdigão e Sadia, que deram origem à companhia, ainda tem desdobramentos. Um ponto importante desse processo foi a elaboração de um novo código de conduta dos fornecedores. O documento fcou pronto em 2011, mas o trabalho de divulgação para os mais de 27 000 fornecedores começou no ano passado. Todos os prestadores de serviços e produtores de leite, carne bovina, suína e de aves terão de confrmar se trabalham de acordo com os critérios de gestão responsável estabelecidos pela BRF. São avaliados aspectos como o respeito aos direitos humanos e trabalhistas e o cumprimento da legislação ambiental. A meta é que todos os fornecedores se ajustem ao novo código até 2015. O documento é a peça-chave do
programa de monitoramento dos fornecedores. “Esse programa busca identifcar os principais riscos sociais e ambientais na cadeia, para reduzir os impactos na sociedade e desenvolver novas oportunidades de atuação da empresa”, diz Marcos Jank, diretor de assuntos corporativos da BRF. Um exemplo é o trabalho minucioso iniciado em outubro do ano passado com os fornecedores de leite. Técnicos da BRF visitaram 30 fazendas no Paraná e no Rio Grande do Sul para avaliar como são feitos o armazenamento e o descarte de medicamentos veterinários, a limpeza dos equipamentos de ordenha, a preservação ambiental, o bem-estar animal e dos empregados e a destinação dos resíduos. A vistoria é realizada por uma equipe de 70 veterinários e zootecnistas, treinados para orientar os produtores nesses aspectos. “O objetivo é melhorar a rotina dos produtores e aumentar ainda mais a qualidade e a segurança”, diz Jank.
desempenho sETE INdICAdOREs-ChAvE(1)
dImENsãO gERAL
84,6
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dImENsãO ECONômICA
72,6
direitos humAnos
75,4
relAção com os fornecedores
dImENsãO sOCIAL
dImENsãO AmbIENTAL
67,4
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
PONTO FORTE
Adota critérios de boa conduta ambiental na seleção de seus fornecedores PONTO FRACO
A empresa não contempla a realização de pesquisa para medir a satisfação dos funcionários quanto à política de remuneração Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 57
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AGroNEGócIo
embaré presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 678 milhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 1 300
Produtividade com menos danos ao ambiente A Embaré investe na substituição do óleo diesel pela lenha na geração de energia e trata os resíduos industriais para obter água limpa e biogás | ÉRICA POLO
A
fábrica da mineira embaré, na cidade de lagoa da prata, a 200 quilômetros de Belo Horizonte, está passando por reformas. Recentemente, a empresa, que produz derivados de leite, adquiriu áreas vizinhas para ampliar o complexo industrial e instalar uma nova caldeira, alimentada a lenha. O equipamento, cujo início da operação está previsto para novembro, substituirá três caldeiras a combustível fóssil que eram usadas na produção de leite em pó. Ao trocar o óleo diesel pela lenha, a Embaré reduzirá em 40% seu custo de energia. “O dinheiro que seria gasto com combustível vai fomentar a atividade agroindustrial da região. Além disso, o ar no entorno da fábrica fcará mais limpo”, diz Hamilton Antunes, presidente da Embaré. O investimento na aquisição da caldeira foi de 14 milhões de reais. Foi preciso aumentar a área do complexo, porque os equipamentos antigos não serão
descartados — serão acionados em situações de emergência. A Embaré também tem dado atenção ao tratamento de resíduos líquidos que sobram da fabricação de leite em pó. São mais de 2,5 milhões de litros de efuentes industriais que são submetidos diariamente a um tratamento físico e biológico. Desse processo resultam água e biogás. A água é analisada em laboratório e devolvida limpa a uma lagoa na região. Já o biogás — composto basicamente de metano, gás que antes exalava mau cheiro e incomodava os moradores nas imediações da fábrica — é enviado a um gerador, onde é queimado para produzir energia elétrica. Ao queimar o metano, a Embaré evita a emissão de 8 400 toneladas de carbono na atmosfera por ano e gera 670 megawatts de energia elétrica, que supre as necessidades da estação de tratamento. “É energia sufciente para abastecer uma cidade de 10 000 habitantes”, afrma Antunes.
desempenho dImENsãO gERAL
sETE INdICAdOREs-ChAvE(1)
44,5
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dImENsãO ECONômICA
70,8 dImENsãO sOCIAL
77,1 dImENsãO AmbIENTAL
75,3
direitos humanos
PONTO FORTE
tem processos para tratar e reutilizar água em 50% de seus processos produtivos
relação com a comunidade relação com os fornecedores gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PONTO FRACO
o conselho de administração não tem pelo menos 30% de conselheiros independentes
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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1035362-CONFEDERACAO NACIONAL DA INDUSTRIA-1_1-1.indd 59
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BENS DE cApITAL
tetra pak presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 2 bILhões de ReaIs
2003
a mais susteNtável
dO setOr 2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 15 000
Uma vitrine de inovação para o mundo A subsidiária brasileira da fabricante de embalagens Tetra Pak virou referência para outros países na criação de tecnologias para a reciclagem de embalagens | Patrícia ikeda
C
om um PoRTFÓLIo de maIs de 30 000 TIPos de embaLagem enTRe caIxInhas para sucos, molhos e vinhos, a multinacional sueca Tetra Pak está presente em 95% dos lares brasileiros, segundo uma pesquisa da consultoria de consumo Kantar Worldpanel. Por isso, qualquer movimento que a empresa faz para diminuir o impacto de sua atividade ganha uma proporção vultosa. Até o fm deste ano, a Tetra Pak vai reciclar 70 000 toneladas de material — 31% das embalagens produzidas por ela e descartadas pelo consumidor. A taxa de reciclagem dobrou desde 2002. A operação no Brasil já representa a segunda maior da companhia em volume de venda e faturamento. Ao criar diferentes tecnologias que permitem a reciclagem das embalagens, a subsidiária brasileira se tornou referência em inovação nos 170 países em que a Tetra Pak opera. “Hoje, damos apoio técnico para toda a América Latina e outros
países, como Indonésia, Nigéria e Tailândia”, diz Paulo Nigro, presidente da Tetra Pak do Brasil. “Isso foi possível graças à constante parceria com universidades e empresas.” Em 2005, a Tetra Pak construiu a primeira fábrica do mundo exclusivamente dedicada ao reaproveitamento de embalagens longa vida, em Piracicaba, no interior paulista. Um forno de plasma, desenvolvido com as empresas Kablin, Alcoa e TSL, permite a separação total do papel, do plástico e do alumínio. A inovação vai ser adotada em breve em outros países, como Alemanha e Bélgica. Outra tecnologia desenvolvida em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo transforma embalagens longa vida em placas e telhas. Entre as medidas na área social, a Tetra Pak está investindo na capacitação de cooperativas de reciclagem. A renda por cooperado nos 23 grupos que já passaram pelo treinamento subiu de 900 para 1 250 reais por mês.
desempenho dimeNsãO geral
sete iNdicadOres-chave(1)
71,4
acIma da médIa
ReguLaR
abaIxo da médIa
goveRnança da susTenTabILIdade
dimeNsãO ecONômica
82,0
dIReITos humanos
80,5
ReLação com os FoRnecedoRes
dimeNsãO sOcial
dimeNsãO ambieNtal
88,1
PONtO FOrte
calcula e considera o impacto de riscos socioambientais nas projeções de resultados financeiros
ReLação com a comunIdade
gesTão de água gesTão da bIodIveRsIdade gesTão de Resíduos
PONtO FracO
não aborda em seus programas de educação para a sustentabilidade o tema de valorização da diversidade
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
60 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
Sustenta_Bens de capital_TETRAPAK.indd 60
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Germano Lüders
Paulo Nigro, presidente da Tetra Pak: a troca de conhecimentos da subsidiária brasileira com universidades e empresas foi decisiva para a criação de novas tecnologias de reciclagem
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 61
Sustenta_Bens de capital_TETRAPAK.indd 61
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1040126-DUDALINA SA-2_1-1.indd 62
01/11/2013 21:06:51
1040126-DUDALINA SA-2_1-1.indd 63
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BENS DE coNSUMo
natura presença no guia
2000
2001
a mais susTeNTável
dO seTOr 2002
2003
faturamento em 2012 6,5 BilhõEs dE rEais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 6 700
A fantástica fábrica na floresta
Em 2014, a Natura planeja inaugurar no Pará um complexo industrial onde o resíduo de uma empresa pode servir de matéria-prima para outra | raphael simões
M
aior FaBriCaNTE dE CosméTiCos do Brasil, a NaTura iNvEsTiu 150 milhões de reais para construir uma nova fábrica em Benevides, na região metropolitana de Belém, no Pará. A fábrica, batizada de Ecoparque Ver a Vida, seria apenas mais uma unidade fabril, não fosse o conceito que serviu de base para o projeto. A Natura vai dividir o espaço de aproximadamente 1,7 milhão de metros quadrados — a ser inaugurado em 2014 — com outras empresas interessadas em compartilhar ativos da biodiversidade amazônica de forma sustentável. O que isso signifca na prática? “Para fabricar sabonetes, a Natura retira o óleo dos frutos e descarta a polpa, que pode servir de matéria-prima para outras empresas”, diz Alessandro Carlucci, presidente da Natura. “O que para nós é um resíduo pode ser valioso para outra indústria.” A Natura já fechou o primeiro acordo para compartilhar o espaço
em Benevides, mas o nome da empresa ainda não foi revelado. A Natura aplicou outros recursos para diminuir o impacto ambiental da unidade, como jardins fltrantes, que tratam efuentes da linha de produção e captam água da chuva para ser aproveitada na fábrica. Mas por que não construir a fábrica perto das grandes cidades? “A matéria-prima que utilizamos vem da região amazônica, e é mais barato transportar sabonetes prontos para São Paulo do que caminhões de óleo, que exigem cuidados especiais no transporte, como temperatura constante”, afrma Carlucci. Até 2020, com a produção do Ecoparque Ver a Vida, a Natura pretende triplicar o volume dos insumos da biodiversidade brasileira que consome e ampliar de 3 500 para 10 000 o número de famílias fornecedoras de insumos. “Para nós, trata-se de uma experiência inédita”, diz Carlucci. “E é um modelo em que todos os envolvidos devem ganhar.”
desempenho dimeNsãO geral
seTe iNdicadOres-chave(1)
80
aCima da média
rEgular
aBaixo da média
govErNaNça da susTENTaBilidadE
dimeNsãO ecONômica
82 dimeNsãO sOcial
81,3 dimeNsãO ambieNTal
83,3
dirEiTos humaNos
pONTO FOrTe
a participação de mulheres nos quadros da empresa em cargos de gerência é superior a 40%
rElação Com a ComuNidadE rElação Com os ForNECEdorEs gEsTão dE água gEsTão da BiodivErsidadE gEsTão dE rEsíduos
pONTO FracO
Tem o compromisso formal de combater o assédio moral, mas não conscientiza o público interno sobre o tema
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
64 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
Sustenta_Bens de consumo_NATURA.indd 64
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Germano Lüders
Alessandro Carlucci, presidente da Natura: uma nova fábrica para ser compartilhada com outras empresas
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 65
Sustenta_Bens de consumo_NATURA.indd 65
11/1/13 11:02 PM
BENS DE coNSUMo
ambev presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 33,2 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 120 000
A empresa em que quase nada se perde A Ambev consegue reciclar ou reutilizar 99% dos resíduos gerados em suas fábricas de bebidas no Brasil, do papel dos rótulos às embalagens de vidro e plástico | carolina frança
É
difícil pensar numa grande indústria sem imaginar uma grande porção de lixo e dejetos que precisam ser descartados. Nas fábricas da Ambev, no entanto, praticamente não há resíduos. No ano passado, 99,05% dos subprodutos gerados na fabricação das bebidas da companhia foram reciclados. Quase nada se perde, e o material acaba se transformando em algo útil. As sobras de fermento resultante da produção de cerveja são utilizadas como matéria-prima para aromatizantes. O papel desperdiçado na produção de rótulos vai para a reciclagem. O lodo gerado nas estações de tratamento de efuentes é usado como fertilizante em lavouras orgânicas. A mesma cultura de combate ao desperdício presente nas linhas de produção da maior cervejaria da América Latina se estende ao cuidado que a empresa tem com suas embalagens. Atualmente, de cada dez garrafas de vidro que saem das fábricas
da Ambev, sete são produzidas totalmente com material reciclado, o que permitiu à empresa diminuir o consumo de vidro em 100 000 toneladas por ano. Hoje, 98% das latas de alumínio que embalam as cervejas e os refrigerantes da companhia são recicladas, e o objetivo é atingir um índice semelhante com as garrafas feitas de plástico PET. “Em parceria com a área de marketing, criamos o projeto PET 100%”, diz Ricardo Rolim, diretor de relações socioambientais da Ambev. “Até o fm de 2013, pretendemos retirar mais de 130 milhões de garrafas de plástico do lixo e reciclá-las para que voltem ao mercado.” Os benefícios são evidentes. A produção de uma garrafa com PET reciclado diminui 70% a emissão de dióxido de carbono na atmosfera e o consumo de energia — além de economizar água e retirar do meio ambiente um material de difícil decomposição, que muitas vezes acaba poluindo terrenos baldios e rios nas grandes cidades.
desempenho dimEnsão gEral
sETE indicadorEs-chavE(1)
66,6
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimEnsão Econômica
64,2 dimEnsão social
65,8 dimEnsão ambiEnTal
74,7
direitos humanos
PonTo forTE
presta contas publicamente de todas as suas metas de desempenho ambiental
relação com a comunidade relação com os fornecedores gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PonTo fraco
não tem um canal de denúncias nem um processo de apuração para trabalho infantil entre os fornecedores
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
66 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
Sustenta_Bens de consumo_NATURA.indd 66
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boticário presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 6,9 Bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 6 000
Os planos de longo prazo já trazem resultados Em 2012, o Grupo Boticário fez um planejamento de sustentabilidade até 2024 — e graças a isso já economizou mais de 12 milhões de caixas de papelão | CÉlio Yano
E
m 2012, o Grupo Boticário, que atua na produção e na venda de itens de perfumaria e cosméticos, promoveu uma grande revisão de sua estratégia de sustentabilidade. Pela primeira vez, a empresa traçou um planejamento com um horizonte de mais de uma década, com objetivos de curto, médio e longo prazo defnidos até 2024 — até então, os planos eram traçados de cinco em cinco anos e revisados anualmente. “Sentimos a necessidade de tornar mais claro nosso posicionamento para o longo prazo”, diz Malu Nunes, gerente de sustentabilidade do grupo. “Por isso, escolhemos uma data para a qual tivéssemos projeções consistentes no que diz respeito às mudanças ambientais, sociais e econômicas que podem acontecer nos próximos anos.” O novo planejamento do Grupo Boticário se sustenta em três pilares de atuação — matérias-primas e embalagens, canais de venda e ecoefciên-
cia. Em alguns casos, as metas quantitativas a atingir em cada projeto de sustentabilidade serão delineadas até 2015. Ainda assim, existem ações específcas já saindo do papel. Um exemplo é o reaproveitamento de embalagens. Em parceria com a fabricante de vidro Wheaton, o Boticário criou um programa para reutilizar as caixas de papelão usadas para acondicionar embalagens de perfume durante o transporte do fornecedor para a fábrica. Desde que o reaproveitamento foi colocado em prática, cada caixa passou a ser usada até dez vezes — antes, eram descartadas após transportar a primeira remessa de vidros. Em um ano, 12 milhões de caixas deixaram de ser jogadas fora. As iniciativas de sustentabilidade também incluem mudanças na rede de lojas franqueadas O Boticário. As lâmpadas fuorescentes para iluminar os letreiros foram substituídas por lâmpadas de led, que gastam menos energia e duram mais tempo.
desempenho sete indiCadores-Chave(1)
dimensão geral
76
acima da média
reGular
aBaixo da média
Governança da sustentaBilidade
dimensão eConômiCa
71,5 dimensão soCial
73,4 dimensão ambiental
81,8
direitos humanos
Ponto Forte
tem a política de adotar critérios de boa conduta ambiental para selecionar todos os seus fornecedores
relação com a comunidade relação com os fornecedores Gestão de áGua Gestão da Biodiversidade Gestão de resíduos
Ponto FraCo
a companhia não tem um comitê de sustentabilidade ou de responsabilidade empresarial Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 67
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BENS DE coNSUMo
brasil kirin presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 2,8 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 5 900
Avanços em um ano de construção da marca
A Brasil Kirin, que surgiu da aquisição da Schincariol pelo Grupo Kirin, conseguiu bons resultados na redução do uso de recursos naturais em suas fábricas | carolina frança
O
ano de 2012 marcou o início da brasil kirin, que surgiu da aquisição da fabricante de bebidas Schincariol, de Itu, no interior de São Paulo, pelo Grupo Kirin, do Japão. O desafo de construir uma nova marca levou as diferentes áreas da empresa a um processo de análise, inclusive de seu portfólio de produtos — 25% deles foram descontinuados porque não estavam alinhados com a nova estratégia. Em meio às mudanças, a empresa começou a mapear e a diagnosticar suas iniciativas de sustentabilidade. “Avaliamos quais ações devemos manter e começamos a pensar em novos projetos”, diz Juliana Nunes, vice-presidente de assuntos corporativos e sustentabilidade. Um dos programas que terão continuidade é uma parceria com a fundação SOS Mata Atlântica, iniciada em 2007 e que resultou na criação de um centro de experimentos forestais numa antiga fazenda da Schincariol em Itu. Até 2012, o vi-
veiro do centro produziu 2 milhões de mudas nativas da Mata Atlântica, que foram destinadas à restauração do próprio local e a diversos municípios paulistas. Mesmo em um ano de transição, a Brasil Kirin conseguiu avanços em várias áreas. O consumo relativo de água na fabricação de bebidas em 2012 caiu 4% em relação ao ano anterior. Dos resíduos gerados pelas 13 fábricas, 92% foram reciclados e reutilizados. Com a entrada em operação de caldeiras de biomassa, o gasto de óleo combustível foi reduzido em 38%. Do total de energia consumida pela Brasil Kirin no ano passado, 34% vieram de fontes renováveis. Para elevar essa fatia, a empresa vai investir 100 milhões de reais na construção de um parque eólico no município de Acaraú, no Ceará. O parque deve fcar pronto em 2014 e gerar um terço da necessidade de energia da Brasil Kirin em todo o país — e reduzir a emissão de carbono em 30 000 toneladas por ano.
desempenho dimEnsão gEral
sETE indicadorEs-chavE(1)
68,4
acima da média
regular
abaixo da média
governança da susTenTabilidade
dimEnsão Econômica
83,8
direiTos humanos
65,3
relação com os fornecedores
dimEnsão social
dimEnsão ambiEnTal
66,4
PonTo forTE
Tem procedimentos com o objetivo de eliminar a discriminação entre seus funcionários
relação com a comunidade
gesTão de água gesTão da biodiversidade gesTão de resíduos
PonTo fraco
não tem a política de desenvolver seus fornecedores considerando aspectos socioambientais
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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coca-cola presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 19,2 bILhõES DE REAIS
2004
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2007
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2012
2013
número de funcionários 63 000
A efciência que saiu da geladeira
A Coca-Cola começou a substituir os 600 000 refrigeradores que armazenam seus produtos nos pontos de venda por modelos que causam menos impacto ao meio ambiente | carolina frança
N
OS ÚLTIMOS ANOS, A COCA-COLA CONCENTROU PARTE DOS RECURSOS investidos para diminuir o impacto dos negócios ao meio ambiente num equipamento que é uma de suas faces mais visíveis ao consumidor — as 600 000 geladeiras que mantém espalhadas em supermercados, bares, padarias e lojas de conveniência pelo Brasil para assegurar que a bebida seja vendida geladinha. A empresa começou a trocá-las por modelos mais modernos, que usam dióxido de carbono como gás refrigerante — os refrigeradores comuns usam um gás composto de hidrofuorocarbonetos, substância que, quando liberada na atmosfera, causa danos à camada de ozônio que envolve o planeta. “As novas geladeiras, embora custem 20% mais do que as tradicionais, consomem cerca de 30% menos energia elétrica”, afrma Flavia Neves, gerente de sustentabilidade da Coca-Cola. A economia na conta de luz faz o investimen-
to se pagar com o tempo. Mas esse não é o único ganho de efciência no gasto de eletricidade das geladeiras. Aos poucos, a empresa está substituindo a iluminação interna desses equipamentos — em sua maioria incandescente — por lâmpadas de led, que são até 15% mais econômicas e têm vida útil estimada dez vezes maior. A Coca-Cola também vem investindo para aumentar o índice de reciclagem de materiais em suas fábricas. De 2010 a 2011, o percentual de resíduos reaproveitados aumentou de 76% para 82%. Para os próximos anos, as projeções da companhia são ambiciosas, especialmente no caso das embalagens. Hoje, a empresa recicla quase 60% das garrafas PET, metade dos vasilhames de vidro, 98% das latas de alumínio e um quarto das caixinhas tetrapack, geralmente utilizadas para envasar produtos como sucos e bebidas para o público infantil. “Nossa meta é que esses indicadores cheguem a 100% até 2020”, diz Flavia.
desempenho dimEnsão gEral
sETE indicadorEs-chavE(1)
76,1
ACIMA DA MéDIA
REgULAR
gOvERNANçA DA SUSTENTAbILIDADE
dimEnsão Econômica
62,7
DIREITOS hUMANOS
73,3
RELAçãO COM OS fORNECEDORES
dimEnsão social
dimEnsão ambiEnTal
81,3
PonTo forTE
AbAIxO DA MéDIA
Tem um compromisso formal com a erradicação do trabalho forçado em toda a sua cadeia
RELAçãO COM A COMUNIDADE
gESTãO DE ágUA gESTãO DA bIODIvERSIDADE gESTãO DE RESíDUOS
PonTo fraco
Não tem seguro contra a degradação ambiental decorrente de acidentes em suas operações Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 69
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BENS DE coNSUMo
kimberly-clark presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 2,3 bilhões de reais
2004
2005
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2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 3 400
O caminho mais curto para proteger a natureza O local da quinta fábrica da Kimberly-Clark no país, em Camaçari, na Bahia, foi escolhido depois de estudos que mostraram onde o impacto ambiental seria menor | andrea giardino
A
fabricante de artigos de higiene pessoal Kimberly-clarK inaugurou em junho, em Camaçari, na Bahia, sua quinta unidade industrial do Brasil. A fábrica exigiu investimentos de 100 milhões de reais e abastece a Região Nordeste, um dos mercados de maior crescimento para a multinacional americana no país. Camaçari foi escolhida com base em estudos para saber onde faria mais sentido erguer uma nova unidade, levando em conta critérios de sustentabilidade. A empresa concluiu que, ao se instalar em uma cidade próxima de seus principais fornecedores e clientes na região, reduziria a distância no transporte de insumos e mercadorias — e o impacto ao meio ambiente seria menor. Com a fábrica em Camaçari, a meta é deixar de lançar 7 000 toneladas de poluentes na atmosfera por ano. “Nossa empresa afeta o meio ambiente de diversas formas”, diz João Damato, pre-
sidente da Kimberly-Clark. “Por isso, devemos realizar esforços para reduzir o impacto que causamos.” Outra medida que tem ajudado a diminuir os danos à natureza nasceu de uma ideia bastante simples — a compactação dos rolos de papel higiênico fabricados pela companhia para que ocupem menos espaço nos caminhões. Com isso, cada veículo que sai carregado das fábricas pode transportar até 18% mais papel, diminuindo o gasto de combustível por unidade — e 815 toneladas de gás carbônico deixam de ser emitidas por ano durante o transporte. O projeto pioneiro da subsidiária brasileira vem sendo olhado de perto pela matriz americana e ganhou um reforço recentemente. Agora é a vez de os absorventes e as fraldas passarem pelo mesmo processo de compactação. “Buscar soluções que reduzam o impacto de nossos produtos na natureza será cada vez mais crucial para a sobrevivência de nosso negócio”, diz Damato.
desempenho seTe indicadores-chave(1)
dimensão geral
74,4
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimensão econômica
73,5
direitos humanos
81
relação com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambienTal
93,3
PonTo ForTe
promove, por meio de sua comunicação voltada para clientes e consumidores, educação para a sustentabilidade
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PonTo Fraco
não publica demonstrações financeiras de todas as suas operações no brasil
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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unilever presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 14 bIlhões de ReaIs
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 13 500
O duplo desafo para economizar água A Unilever reduziu o consumo de água na linha de produção. Mas, para fazer a diferença, é preciso também criar produtos que ajudem o consumidor a poupar água em casa | FLÁVIA FURLAN
A
anglo-holandesa UnIleVeR, Uma das maIoRes fabRIcantes de bens de consUmo do mundo, oferece no Brasil 700 produtos de 25 marcas. Segundo a companhia, todos os 200 milhões de brasileiros consomem alguma mercadoria da empresa pelo menos uma vez ao ano. Com tal desempenho, a Unilever quer usar sua escala para contribuir para o uso mais sustentável dos recursos naturais. Uma das formas de alcançar esse objetivo é reduzir o consumo de água — tanto em suas fábricas quanto na casa dos consumidores. Em 2012, com a adoção de processos mais efcientes, a Unilever diminuiu 12% o consumo de água na linha de produção — a meta era baixar 5%. Conseguiu avanços também na ponta do consumo. A partir de 2008, lançou no país os produtos líquidos concentrados, que contemplam as marcas de detergente Omo e Surf e os amaciantes Fofo e Comfort. A versão concentrada
de Omo, por exemplo, usa 34% menos água do que a versão líquida diluída. Isso representa uma economia de 12,6 milhões de litros de água por ano, o sufciente para encher 1 260 caminhões-pipa. Já o amaciante Comfort permitiu uma economia de 22,2 milhões de litros de água por ano. Os resultados começam a aparecer nas gôndolas: de 2011 a 2012, a participação desses produtos no mercado brasileiro cresceu 77%. O desafo da Unilever agora é engajar os consumidores. Segundo um estudo realizado pela multinacional em 14 países, 68% do impacto ambiental causado por seus produtos ocorre na fase de consumo. O restante vem da aquisição de matéria-prima e do processo de produção nas fábricas. “As pessoas querem ser sustentáveis, só não sabem o que fazer”, diz a sul-africana Gail Klintworth, diretora global de sustentabilidade da Unilever. “O que precisamos fazer então é dar a solução para elas, criando produtos mais inovadores.”
desempenho dImENsãO gERAL
sETE INdIcAdOREs-chAVE(1)
80
acIma da médIa
RegUlaR
goVeRnança da sUstentabIlIdade
dImENsãO EcONômIcA
78,7
dIReItos hUmanos
92,3
Relação com os foRnecedoRes
dImENsãO sOcIAL
dImENsãO AmbIENTAL
81,8
PONTO FORTE
abaIxo da médIa
Usa indicadores de sustentabilidade como base para a remuneração variável dos executivos
Relação com a comUnIdade
gestão de ágUa gestão da bIodIVeRsIdade gestão de ResídUos
PONTO FRAcO
não atingiu as metas de redução da emissão de gases de efeito estufa que estabeleceu para 2012 Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 71
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coNSTrUção cIvIL
EVEN presença no guia
2000
a mais sustentável
do setor 2001
2002
2003
faturamento em 2012 2,2 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 260
Boas práticas que se refletem no bolso Depois de adotar práticas sustentáveis na execução das obras, a construtora Even chega a um novo patamar: entregar apartamentos que consomem menos água e energia | raquel grisotto
A
construção civil sempre teve desafios em relação às boas práticas ambientais. Segundo o Conselho de Construção Sustentável dos Estados Unidos, o setor é responsável por 47% das emissões de gases e dois terços do gasto de energia no mundo, se considerada toda a cadeia produtiva, incluindo as atividades de mineração e transporte de materiais. Numa escala menor, uma única obra, se mal planejada, pode transformar num inferno a rotina da vizinhança — com barulho, poeira e toneladas de resíduos. Uma das primeiras no Brasil a adotar ações para minimizar os impactos ambientais durante a obra, a Even, construtora e incorporadora de São Paulo, subiu mais um degrau em 2012: o objetivo foi levar o conceito de sustentabilidade para dentro dos apartamentos. Na prática, signifca oferecer mais conforto ao morador, com menos consumo de água e energia. “Hoje, o percentual de clientes que
compram um imóvel em razão dessas características é baixo”, diz Carlos Terepins, presidente da Even. “Mas estamos fazendo desde já o que o futuro pede.” Em maio, foram entregues as chaves do True Chácara Klabin, na zona sul de São Paulo, o primeiro edifício da empresa nos novos padrões. Com 80 apartamentos ao custo médio de 475 000 reais cada um, foi o primeiro empreendimento residencial do país que conquistou a certifcação Aqua, de qualidade ambiental, concedida pela Fundação Vanzolini. Entre as mudanças, estão torneiras com redutores de vazão e sistema de aquecimento por energia solar. O resultado é uma economia de até 27% no consumo de água e de até 39% no de energia em comparação com um edifício comum. A meta da Even é obter a certifcação para todos os seus empreendimentos até 2016. “O peso disso no custo da obra é irrelevante”, diz Terepins. “O desafo é planejar tudo desde o início.”
desempenho sete indicadores-chave(1)
dimensão geral
69,8
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimensão econômica
58 dimensão social
67,5 dimensão ambiental
75,6
direitos humanos relação com a comunidade relação com os fornecedores gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
Ponto Forte
há uma diretoria, ou área equivalente, que se reporta diretamente ao presidente para tratar questões relativas à sustentabilidade Ponto Fraco
os cargos de presidente do conselho de administração e presidente da diretoria executiva são ocupados pela mesma pessoa
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
72 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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Germano Lüders
Carlos Terepins, presidente da construtora paulista Even: em três anos, a meta é obter certificação de alta qualidade ambiental para todos os empreendimentos
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 73
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1039662-ABRIL COMUNICACOES S.A.-2_1-1.indd 74
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1039662-ABRIL COMUNICACOES S.A.-2_1-1.indd 75
01/11/2013 21:10:24
coNSULTorIA
proMon presença no guia
2000
2001
A mAIs susTENTáVEL
DO sETOR
2002
2003
faturamento em 2012 714 milhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 2 269
Redução de impacto no canteiro de obras O tratamento de efuentes em obra de complexo petroquímico da Petrobras reduz o tráfego de caminhões e gera uma economia de 30 milhões de litros de água por ano | ADRIANA CARVALHO
A
o planejar as obras da unidade de destilação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, na cidade de Itaboraí, a empresa de projetos Promon Engenharia deparou com as restrições ambientais para captação de água na região. Além de precisar de água para a construção, era absolutamente necessário irrigar as vias de circulação de caminhões para não levantar muita poeira, já que a área não é pavimentada. Ao mesmo tempo, cerca de 1 200 pessoas trabalham no canteiro de obras, gerando diariamente um grande volume de esgoto. A solução encontrada pela Promon foi investir 750 000 reais na criação de um sistema de reaproveitamento dos efuentes de sanitários, cozinhas e vestiários, instalado na própria obra. Para que todo o volume possa ser recuperado e consumido novamente, a água passa por um tratamento com tecnologia que combina reatores com
e sem uso de oxigênio, seguido de um processo de desinfecção. O resultado é que, só ao longo de 2012, foram reutilizados mais de 30 milhões de litros de água na irrigação das vias, ou 78% do efuente enviado para tratamento. A medida representou uma economia de água sufciente para encher uma piscina olímpica por mês, além de ter evitado a circulação anual de 2 000 caminhões-pipa e, consequentemente, a emissão dos gases poluentes desses veículos. “O investimento realizado no tratamento dos efuentes se pagou em dois anos”, diz Luiz Fernando Rudge, presidente do grupo Promon. A gestão consciente dos recursos está presente em outros canteiros de obra do grupo, demonstrando sua preocupação com os aspectos ambientais dos projetos em que atua. “A sustentabilidade socioambiental deve ser um elemento determinante no desenvolvimento de nossos negócios”, afrma Rudge.
desempenho sETE INDICADOREs-CHAVE(1)
DImENsãO gERAL
76,6
aCima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
DImENsãO ECONômICA
84,4
direitos humanos
79,5
relação Com os forneCedores
DImENsãO sOCIAL
DImENsãO AmbIENTAL
75,8
relação Com a Comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PONTO FORTE
realiza autoavaliações e monitora a adesão dos funcionários aos compromissos de sustentabilidade propostos pela empresa PONTO FRACO
o percentual em relação ao consumo total dos materiais usados provenientes de reciclagem corresponde a menos de 25%
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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Germano Lüders
Luiz Fernando Rudge, presidente do grupo Promon: o reaproveitamento da água se tornou uma preocupação presente em todos os empreendimentos
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 77
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coNSULTorIA
ibm
presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 3,8 Bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários ni
Multiplicação de conhecimento A IBM empresta, por três semanas, um grupo com seus melhores executivos mundiais para ajudar prefeituras a encontrar soluções para seus principais gargalos | raphael simões
M
aior empresa de tecnologia da informação do mundo, a iBm criou em 2011 o Smarter Cities Challenge, ou Desafo para Cidades Mais Inteligentes, um programa de transferência de conhecimento para as prefeituras das metrópoles. A cidade se cadastra no programa e elege um gargalo que esteja atrapalhando a gestão municipal. A IBM envia à cidade escolhida um grupo multidisciplinar de seis a oito executivos de diversos países. A missão da equipe é mudar a mentalidade do gestor público e torná-lo produtivo na área de gestão e processos. Começa, então, uma imersão de três semanas no cotidiano da prefeitura. Ao fm do processo, a equipe recomenda ações para a cidade eliminar o gargalo. “A ideia é levar pessoas que não conhecem a realidade daquele lugar e que possam contribuir com um olhar diferente”, diz Rodrigo Kede, presidente da IBM Brasil. Até agora, cerca de 100 ci-
dades no mundo foram atendidas pelo programa. No Brasil, participaram Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Na capital fuminense, o programa ajudou a melhorar o sistema de combate a enchentes e estreitou, por meio de redes sociais, a comunicação entre a prefeitura e os pais de alunos das escolas municipais. Em Curitiba, aproximou o cidadão e a prefeitura e permitiu maior participação nas decisões do município. Em Porto Alegre, estimulou taxistas a usar aplicativos de celular para ampliar o atendimento a usuários. O projeto requer de dois a três anos para que as prefeituras possam andar com as próprias pernas. O custo médio de implantação para a IBM é de 400 000 dólares por cidade. O retorno para a empresa não é fnanceiro. “Para nós, é um investimento em capital humano”, diz Kede. “Os profssionais que participam do projeto voltam muito mais engajados, porque sentem que podem fazer a diferença.”
desempenho seTe iNdicadOres-chave(1)
dimeNsãO geral
62
acima da média
regular
aBaixo da média
governança da sustentaBilidade
dimeNsãO ecONômica
82,1
direitos humanos
79,2
relação com os fornecedores
dimeNsãO sOcial
dimeNsãO ambieNTal
89,3
pONTO FOrTe
estimula o trabalho voluntário entre seus funcionários no país, inclusive os principais executivos da empresa
relação com a comunidade
gestão de água gestão da Biodiversidade gestão de resíduos
pONTO FracO
não há monitoramento dos fornecedores da empresa onde possam ocorrer condições de trabalho forçado
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
78 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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serasa experian presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 1,7 bilhÃo de reais
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 2 747
Ferramentas para separar o joio do trigo A Serasa Experian oferece serviços de análise que ajudam empresas a levar em conta os riscos socioambientais na seleção de seus fornecedores | ADRIANA CARVALHO
T
er boa saúde financeira e comprovar a qualidade dos produtos já não basta para fazer parte da lista de fornecedores de grandes empresas. Cada vez mais, elas exigem que seus parceiros comerciais não escondam riscos sociais ou ambientais que possam respingar nas próprias companhias mais tarde. Separar o joio do trigo, porém, não é tarefa simples. Por isso, a Serasa Experian, que fornece informações para decisões de crédito, desenvolveu algumas ferramentas para ajudar seus clientes a verifcar se seus fornecedores, ou candidatos a fornecedores, estão em dia com a legislação socioambiental. De qualquer computador conectado à internet, o assinante do serviço pode acessar o sistema e verifcar, por exemplo, se o fornecedor está envolvido em algum crime ambiental, se enfrenta processos trabalhistas ou se responde a ações por violação do Código do Consumidor. As ferramentas, lançadas
em 2010, são utilizadas por 50 clientes e também pelo Instituto Ethos, entidade que reúne mais de 1 200 empresas para discutir sustentabilidade e com quem foi frmada uma parceria em 2012. A Serasa oferece sua ferramenta para que o Ethos a utilize em seu programa Conexões Sustentáveis: São Paulo-Amazônia, que busca convencer 60 grandes empresas de agronegócio a não fazer parceria com fornecedores ligados ao desmatamento da Amazônia ou que estejam na lista suja do trabalho escravo. A Serasa desconhece quantos fornecedores já foram descartados por seus clientes. “O que sabemos é que, graças às nossas ferramentas, as empresas passaram a considerar também os fatores socioambientais ao escolher seus fornecedores”, diz Tomás Carmona, gerente de sustentabilidade da Serasa. “Ao realizar uma análise mais abrangente, as empresas podem reduzir seus riscos operacionais, de reputação e de responsabilidade solidária.”
desempenho sETE INDICADOREs-CHAVE(1)
DImENsãO gERAL
56,4
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
DImENsãO ECONômICA
83
direitos humanos
81
relaçÃo com os fornecedores
DImENsãO sOCIAL
DImENsãO AmbIENTAL
74,9
PONTO FORTE
tem documento formal com políticas e procedimentos relativos à sustentabilidade em todas as áreas da companhia
relaçÃo com a comunidade
gestÃo de água gestÃo da biodiversidade gestÃo de resíduos
PONTO FRACO
não tem metas de desempenho de saúde e segurança do trabalho em suas operações no país
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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ELETroELETrôNIcoS
WHIRLPOOL presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 6,5 bilhões de reais
2004
a mais susteNtável
do setoR 2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 18 300
Novos usos para o lixo industrial A Whirlpool caminha para zerar o envio de resíduos industriais a aterros sanitários. Em vez de parar no lixo, o material se transforma em produtos como telhas e esquadrias | beto gomes
A
política nacional de resíduos sólidos, aprovada em 2010, motivou muitas empresas a repensar sua gestão de resíduos e a buscar alternativas para evitar o envio de materiais descartados para aterros sanitários. Na Whirlpool, maior fabricante de eletrodomésticos do mundo e dona das marcas Brastemp e Consul, essa preocupação é antiga, mas passou a ser prioridade nos últimos anos. E os resultados começam a aparecer. Em 2012, a empresa zerou o envio de resíduos industriais para aterros em duas das três fábricas que mantém no Brasil — em Manaus, no Amazonas, e em Rio Claro, no interior paulista. A terceira, em Joinville, em Santa Catarina, é a maior unidade de produção de refrigeradores do mundo e já ultrapassou o índice de 90% de destinação correta dos resíduos. A meta é que, até 2015, essa fábrica também elimine o envio de resíduos a aterros. “Nos últimos anos, avançamos bastan-
te no aproveitamento de sobras geradas no processo produtivo”, diz Enrico Zito, presidente da divisão de eletrodomésticos da Whirlpool para a América Latina. Uma das iniciativas colocadas em prática permite reaproveitar a espuma de poliuretano, usada para revestir a parte interna de refrigeradores, na fabricação de cadeiras, carteiras escolares, esquadrias e molduras de portas e janelas. Esse processo evita que 440 toneladas do material sejam enviadas para aterros a cada ano. Outro exemplo vem de Joinville: a análise das aplicações de uma resina plástica usada em refrigeradores mostrou que o material poderia ser reaproveitado na fabricação de telhas e também em rodapés de parede. A Whirlpool decidiu investir no processo de reciclagem. “Hoje, ajudamos a desenvolver uma indústria que recicla esse material e garantimos a destinação adequada de um resíduo que, até pouco tempo atrás, era enviado para aterros”, afrma Zito.
desempenho sete iNdicadoRes-chave(1)
dimeNsão geRal
76
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimeNsão ecoNômica
84 dimeNsão social
82 dimeNsão ambieNtal
80,6
direitos humanos
PoNto FoRte
promove iniciativas de desenvolvimento sustentável na comunidade do entorno de suas operações
relação com a comunidade relação com os Fornecedores gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PoNto FRaco
Financia candidatos a cargos públicos ou partidos políticos, mas não publica informação completa sobre as doações
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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Germano Lüders
Enrico Zito, presidente da unidade de eletrodomésticos da Whirlpool: duas das três fábricas no Brasil já zeraram o envio de resíduos a aterros
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ELETroELETrôNIcoS
embraco presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 ni
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 12 500
Inovar para estar sempre à frente Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento ajudam a Embraco a criar produtos mais efcientes — e a se manter líder mundial em compressores para refrigeração | BETO GOMES
M
aior fabricante mundial de compressores para refrigeração, a Embraco tem se destacado por seus investimentos em inovação. É a segunda empresa do país em número de depósitos de patentes nos Estados Unidos, atrás apenas da Petrobras. Todos os anos, aplica 3% da receita líquida em pesquisa e desenvolvimento de produtos mais efcientes. Para isso, mantém uma equipe de 500 pesquisadores, distribuídos em cinco países onde tem operações (Brasil, Eslováquia, China, México e Itália), responsáveis pela criação de novos projetos. O investimento na área se justifca: a Embraco obtém 50% de seu faturamento de produtos novos, lançados nos cinco anos anteriores. A perspectiva é que esse índice aumente progressivamente e, nos próximos anos, chegue a 80%. “Nosso sucesso está fortemente vinculado à inovação. A Embraco só é o que é porque investiu constantemente em
tecnologia e inovação nos últimos 30 anos”, afrma Roberto Campos, presidente da empresa. Essa vocação já se materializou em tecnologias como a Fullmotion, compressor inteligente que ajuda a estabilizar a temperatura interna do refrigerador e reduz em até 40% o consumo de energia em relação ao equipamento convencional. Recentemente, a Embraco desenvolveu um modelo de compressor que dispensa o uso de óleo combustível, uma busca antiga do setor e algo inédito no mercado. Outras novidades são o compressor de dupla voltagem e o microcompressor, este último desenvolvido inicialmente para o sistema de refrigeração de notebooks, mas que também pode ser aplicado na refrigeração de capacetes e roupas de pilotos de corrida. “Essas soluções nos ajudam a superar um de nossos grandes desafos, que é estar sempre na liderança tecnológica”, diz Campos. “Para a Embraco, essa é uma questão de sobrevivência.”
desempenho SETE iNdicadORES-chavE(1)
diMENSãO GERal
73,8
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
diMENSãO EcONôMica
88,3
direitos humanos
83,1
relação com os fornecedores
diMENSãO SOcial
diMENSãO aMBiENTal
68
PONTO FORTE
tem compromisso formal com a valorização da diversidade entre seus funcionários
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PONTO FRacO
não tem seguro para se proteger em caso de danos ambientais decorrentes de acidentes em suas operações
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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1040035-BANCO SANTANDER BRASIL S.A.-1_1-1.indd 85
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ELETroELETrôNIcoS
hp
presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 4 bilhões de reais
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 8 000
Ações para reduzir a sucata tecnológica Para a HP, a reciclagem deve ser planejada desde a concepção dos produtos. Só assim ela consegue produzir um cartucho de impressora novo com 70% de material reciclado | beto gomes
A
produção mundial de sucata tecnológica cresce três vezes mais do que a de lixo comum. No Brasil, estima-se que 370 000 toneladas de material eletrônico obsoleto sejam descartadas todos os anos — e que apenas 2% recebam uma destinação ambientalmente correta. As difculdades para melhorar esses números vão desde a falta de estrutura para reciclagem até o insufciente envolvimento da indústria e dos consumidores. Para enfrentar esse dilema, a empresa de tecnologia HP acredita que o melhor caminho é pensar no reaproveitamento de materiais desde a concepção dos produtos. “A reciclagem não está no fm da cadeia, mas no começo, na fase de pesquisa e desenvolvimento, no design que facilita a desmontagem de um cartucho ou de uma impressora, na escolha da matéria-prima mais fácil de ser separada e reaproveitada depois”, afrma Kami Saidi, diretor de operações
e sustentabilidade da HP Brasil. Essa estratégia começou a ser colocada em prática há mais de uma década e ganhou corpo em 2009, quando a empresa inaugurou em Sorocaba, no interior de São Paulo, o primeiro centro de reciclagem de cartuchos da América Latina. Desde então, mais de 1,2 milhão de cartuchos foram reciclados no local, transformando-se em matéria-prima para novos cartuchos e impressoras. “Hoje, 70% de cada cartucho novo é feito de material reciclado”, diz Saidi. Para manter esse ciclo funcionando de forma efciente, a empresa investiu em uma ampla rede de logística para recolher os cartuchos e outros equipamentos usados, incluindo 236 pontos de coleta em lojas de informática em todo o país. “Alguns produtos têm um chip que nos permite rastrear todos os equipamentos em fm de vida útil”, diz Saidi. “Com isso, conseguimos identifcar as características dos produtos, facilitando a reciclagem.”
desempenho sete iNdicadoRes-chave(1)
dimeNsão geRal
55,6
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimeNsão ecoNômica
68,5
direitos humanos
72
relação com os fornecedores
dimeNsão social
dimeNsão ambieNtal
82,6
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PoNto FoRte
o comitê de sustentabilidade da empresa no país inclui pelo menos um membro independente
PoNto FRaco
não publica as demonstrações financeiras da subsidiária brasileira
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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1038437-CONFEDERACAO NACIONAL DA INDUSTRIA-1_1-1.indd 87
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ENErGIA
elektro presença no guia
2000
2001
a mais sustENtávEl
do sEtoR
2002
2003
faturamento em 2012 3,7 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 3 700
Mão de obra para toda a sociedade A distribuidora de energia Elektro investe na formação de eletricistas. O objetivo não é apenas suprir suas necessidades mas também formar profssionais para o mercado | gustavo magaldi
U
m dos entraves para o crescimento das empresas brasileiras é a difculdade para encontrar profssionais qualifcados. Desde 2008, a distribuidora de energia Elektro procura solucionar o problema oferecendo cursos gratuitos para formar instaladores e técnicos de distribuição. Batizado de Escola de Eletricistas, o treinamento é composto de 972 horas de aulas práticas e teóricas — 400 pessoas já se formaram, das quais 350 foram contratadas pela empresa. “Com esse programa, suprimos nossa necessidade e oferecemos à sociedade bons profssionais, em falta no mercado”, diz Marcio Fernandes, presidente da Elektro. Hoje, os cursos são oferecidos em cinco cidades na área de atuação da concessionária, nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Para o ano que vem, há planos de expandir a escola para outras três cidades e aumentar o número de alunos em 30%. Esse programa é um
exemplo de como a Elektro conduz o relacionamento com as comunidades para cumprir seu papel social e, ao mesmo tempo, atuar de forma alinhada a suas estratégias de longo prazo. Para fortalecer esses objetivos, reformulou recentemente o modelo de atuação de seu instituto, que passou a se dedicar ao mapeamento de públicos de interesse e à identifcação de suas necessidades. “Queremos contribuir mais para o desenvolvimento sustentável das comunidades”, diz Fernandes. Na área ambiental, está um dos maiores desafos da Elektro: reduzir a emissão de gases de efeito estufa pelos cerca de 1 000 veículos de sua frota. Para isso, a empresa está testando um guindaste movido a eletricidade, menos poluente do que os equipamentos tradicionais, equipados com motores a óleo diesel. “Além de reduzir a emissão de carbono, essa tecnologia permite uma operação mais silenciosa para nossos clientes”, afrma Fernandes.
desempenho sEtE iNdicadoREs-chavE(1)
dimENsão gERal
86,9
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimENsão EcoNômica
95,4
direitos humanos
95,4
relação com os fornecedores
dimENsão social
dimENsão ambiENtal
84,9
PoNto FoRtE
tem um compromisso formal com a erradicação do trabalho forçado ou compulsório em suas operações
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PoNto FRaco
a avaliação do desempenho dos diretores não considera os indicadores de impacto ambiental da empresa
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
88 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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Germano Lüders
Marcio Fernandes, presidente da Elektro: investimentos em ações que possam fortalecer o relacionamento da empresa com a comunidade
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 89
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ENErGIA
aes BRasIL presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 14,9 Bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
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2012
2013
número de funcionários 7 700
Inteligência para reduzir o desperdício Com investimentos na modernização de suas redes de distribuição elétrica, a concessionária AES quer diminuir as perdas de energia na casa dos consumidores | gustavo magaldi
A
partir do início de 2014, os moradores de Barueri, na Grande são paulo, poderão acompanhar em tempo real o consumo de eletricidade de sua família, o que permitirá administrar melhor as contas no fm do mês. Também poderão comunicar quedas de energia por mensagens de texto à distribuidora AES. Na maioria dos casos, o fornecimento do serviço poderá ser restabelecido de maneira remota, sem necessidade de deslocar equipes de manutenção até o local — um alívio logístico diante dos crescentes congestionamentos na região. Essas facilidades são a ponta mais visível de um programa de investimentos em tecnologia realizado pela AES nos últimos anos. De 2010 a 2012, a empresa aplicou 220 milhões de reais em inovação no sistema elétrico de sua área de concessão em São Paulo, o que incluiu a digitalização de subestações e a instalação de equipamentos de automação na
rede. O mesmo movimento, embora em nível menor, foi feito no Rio Grande do Sul, outro estado atendido pelo negócio de distribuição da companhia. A experiência em Barueri representa a maior rede inteligente (ou smart grid) em escala comercial no Brasil. A promessa é oferecer uma operação mais segura, um atendimento mais ágil e a redução das perdas de energia. “O objetivo é melhorar o atendimento ao cliente e obter mais efciência na operação”, diz Britaldo Soares, presidente da AES Brasil. “Escolhemos Barueri como ponto de partida porque é uma cidade com uma boa combinação de clientes industriais, residenciais e comerciais, o que nos dará o parâmetro ideal para a expansão da rede inteligente para a capital paulista.” Disseminada na Europa, a rede inteligente é considerada o futuro da operação de distribuição de energia — e uma ferramenta essencial para um sistema elétrico mais efciente e sustentável.
desempenho sEtE iNdicadoREs-chavE(1)
dimENsão gERal
90,9
acima da média
reGular
aBaixo da média
Governança da sustentaBilidade
dimENsão EcoNômica
88,7
direitos humanos
88,7
relação com os fornecedores
dimENsão social
dimENsão ambiENtal
83,6
relação com a comunidade
Gestão de áGua Gestão da Biodiversidade Gestão de resíduos
PoNto FoRtE
adota práticas de relacionamento com suas partes interessadas, buscando engajá-las nas atividades e decisões PoNto FRaco
não existe avaliação formal de desempenho aplicada aos integrantes do conselho de administração
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
90 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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ampla presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 3,8 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 1 100
Caça aos “gatos” e aos maus pagadores A Ampla precisou se aproximar dos clientes para combater o furto de eletricidade, que havia alguns anos drenava um quarto da energia distribuída pela empresa | maria alice rosa
A
o iniciar suas operações no rio de Janeiro, em 2004, a distribuidora Ampla se viu diante de um problema. Um quarto da energia elétrica que distribuía aos 66 municípios de sua área de concessão era desviado por “gatos” — ligações irregulares feitas por quem não quer pagar a conta de luz. Outro problema era a perda de receita com a inadimplência. A grande questão para Marcelo Llévenes, presidente da Ampla, era descobrir a causa dessas perdas. Para ele, o preço da energia não parecia ser o principal motivo — os locais onde havia mais furto não eram onde vivia a população de renda mais baixa. “Percebemos que o furto e a inadimplência tinham a mesma raiz”, diz Llévenes. “Faltava manter um relacionamento mais próximo com os clientes.” Com base nesse diagnóstico, a estratégia da Ampla foi intensifcar as ações voltadas para os consumidores. Um dos pilares foi o combate ao desperdício de ener-
gia. Desde 2006, a empresa substituiu gratuitamente 54 000 geladeiras dos clientes por modelos mais efcientes. Também trocou 1 milhão de lâmpadas incandescentes por outras que consomem menos energia. Muitas casas tiveram a fação reformada pela concessionária. No total, um quarto dos 2,7 milhões de clientes foi benefciado pelas medidas. Outra iniciativa é dar descontos em troca de lixo reciclável. O material coletado é vendido a uma recicladora, e o valor é deduzido da conta de luz. Por enquanto, esse projeto foi implantado em dez municípios — os descontos no ano passado atingiram 600 000 reais. Com todas essas ações, a Ampla conseguiu reduzir o índice de furto de 25% para menos de 20%. As perdas com a inadimplência caíram de 2% para 0,2%. “A visão de que basta fornecer energia e cobrar fcou para trás”, diz Llévenes. “Cada vez mais, a experiência de consumo tem um peso maior do que o produto em si.”
desempenho seTe iNdicadores-chave(1)
dimeNsão geral
84,8
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimeNsão ecoNômica
78,7
direitos humanos
88,3
relação com os fornecedores
dimeNsão social
dimeNsão ambieNTal
81,6
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PoNTo ForTe
tem um programa formal, e efetivamente implementado, de comunicação de riscos ambientais PoNTo Fraco
o percentual de aprendizes contratados não corresponde ao mínimo de 5% nem ao máximo de 15% dos trabalhadores, conforme a lei Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 91
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ENErGIA
coelce presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 3 bilhões de reais
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
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2013
número de funcionários 1 200
Uma força para o balé das meninas A Coelce usa parte dos recursos de programas de efciência energética para fnanciar projetos sociais — como um grupo de bailarinas de uma comunidade de baixa renda | gustavo magaldi
P
or lei, as concessionárias do setor elétrico devem aplicar 0,5% de sua receita líquida anual em projetos de efciência energética. A Coelce, companhia de geração e distribuição de energia do Ceará, encontrou uma maneira criativa de destinar parte desses recursos a programas de inclusão social. Duas vezes por ano, consumidores de baixa renda têm a oportunidade de comprar eletrodomésticos com o nível máximo de efciência energética, atestado pelo selo Procel, da Eletrobras, com descontos de até 40% em redes varejistas parceiras do programa. Ao realizar a compra, os consumidores devem indicar um projeto social que receberá 5% do valor do bem adquirido. No ano passado, 12 152 consumidores e 31 projetos sociais foram benefciados pelo programa, batizado de Luz Solidária. Entre os favorecidos está o grupo de balé de uma comunidade de baixa renda de Fortaleza. Os 35 000
reais repassados pela Coelce foram aplicados na compra de equipamentos de costura industrial e na contratação de uma professora para ensinar as mães das bailarinas a confeccionar as roupas para as apresentações das meninas. Com as máquinas, as novas costureiras também ganharam uma fonte de renda alternativa para sua família. Outra iniciativa da Coelce que usa recursos do programa tem o objetivo de combater o desperdício de energia elétrica na casa de consumidores de menor poder aquisitivo. A Coelce doa geladeiras novas e lâmpadas mais econômicas e orienta sobre como reduzir o consumo de eletricidade. “Optamos por direcionar os recursos para consumidores de baixa renda e hospitais, que são quem mais precisa desse auxílio”, diz Abel Rochinha, presidente da Coelce. “É preciso criatividade para dar uma oportunidade para que as pessoas de baixa renda diminuam o peso da conta de luz em seu orçamento.”
desempenho sEtE iNdicadoREs-chavE(1)
dimENsão gERal
87,8
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimENsão EcoNômica
74,7
direitos humanos
89
relação com os fornecedores
dimENsão social
dimENsão ambiENtal
88,5
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PoNto FoRtE
incorpora aspectos socioambientais no resultado econômico-financeiro da empresa PoNto FRaco
o percentual em relação ao consumo total dos materiais usados provenientes de reciclagem corresponde a menos de 25%
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
92 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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cpfl ENERGIA presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 15,5 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 8 700
O cliente que virou fornecedor
Um projeto da CPFL dá o primeiro passo para estimular os consumidores a gerar energia solar ou eólica em casa — e vender o excedente para abastecer o mercado | gustavo magaldi
E
m agosto deste ano, um morador de ribeirÃo Preto, no interior de São Paulo, foi o primeiro cliente residencial da concessionária CPFL Energia a se tornar uma espécie de fornecedor de eletricidade para a empresa. Ele passou a gerar sua própria energia por meio de um sistema de placas fotovoltaicas, que captam os raios solares. Se a produção ultrapassa o consumo, o excedente fca à disposição do Sistema Interligado Nacional, gerando créditos para abatimento em contas futuras. O modelo, conhecido como microgeração distribuída, ainda é incipiente no Brasil, mas seus benefícios levam a crer em sua maior disseminação no futuro. A primeira vantagem são os ganhos ambientais resultantes da adoção crescente das fontes solar e eólica, as mais adequadas à geração de energia em pequena escala. Outro benefício é que a geração descentralizada permite economia nos investimentos em transmis-
são e reduz as perdas nas redes elétricas, tornando o sistema como um todo mais seguro e efciente. Essa é uma das tendências das cidades do futuro, segundo a CPFL. Outra é o aumento do uso de carros elétricos, que, segundo estimativas da companhia, poderão representar 10% da frota brasileira em 2020. Nesse caso, o desafo das distribuidoras será prover a sociedade de instalações de recarga para os veículos. O primeiro “eletroposto” foi instalado na sede da empresa, em Campinas, cidade que deverá receber, de acordo com os planos da CPFL, 100 postos de recarga nos próximos cinco anos. “As pessoas poderão recarregar seu carro no trabalho, no shopping center e até em sua casa”, afrma Wilson Ferreira Júnior, presidente da CPFL. “Estamos nos estruturando para as cidades do futuro, em que as pessoas gerarão energia em casa e andarão em carros movidos a eletricidade, que não poluem e fazem muito menos barulho.”
desempenho sEtE iNdicadoREs-chavE(1)
dimENsão gERal
81,9
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimENsão EcoNômica
81,6
direitos humanos
81,6
relaçÃo com os fornecedores
dimENsão social
dimENsão ambiENtal
78,8
PoNto FoRtE
tem programas estruturados para o gerenciamento de seu desempenho ambiental
relaçÃo com a comunidade
gestÃo de água gestÃo da biodiversidade gestÃo de resíduos
PoNto FRaco
o conselho de administração não tem pelo menos 30% de conselheiros independentes Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 93
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ENErGIA
edp
presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 6,8 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 2 600
A rede elétrica de conhecimento
No interior de São Paulo, a EDP busca transformar sua infraestrutura de distribuição numa fonte de informações sobre as necessidades dos consumidores | maria alice rosa
E
m breve, a distribuidora edP Pretende Pôr em oPeração um sistema experimental que permitirá a seus clientes transformarem-se em fornecedores de energia. Empresas e moradores de Aparecida, no interior de São Paulo, poderão vender à concessionária a eletricidade produzida por painéis solares, geradores próprios ou qualquer outra fonte de energia que venham a ter. Isso será possível a partir de 2014, quando a EDP pretende iniciar os testes de um sistema de informações integrado à sua rede de distribuição. Na prática, os consumidores poderão pôr a sobra de energia gerada à disposição da rede — quem gerar menos do que o consumo pagará apenas a diferença. Esse tipo de tecnologia é interessante principalmente para as empresas industriais, que muitas vezes investem em geradores próprios para suprir a demanda de eletricidade em horários de pico e fcam com capacidade ociosa
em boa parte do dia. A experiência será possível graças aos investimentos que a EDP fez em Aparecida nos últimos anos para transformar sua estrutura de distribuição numa rede inteligente. Nos últimos anos, a empresa instalou 13 000 medidores eletrônicos nas residências e empresas da cidade. É esse equipamento que possibilita à concessionária coletar informações em tempo real sobre o que acontece com os consumidores. Em outubro, 98% da rede de Aparecida já estava coberta pela tecnologia. “O próximo estágio dessa tecnologia é integrar todos os prestadores de serviço de uma cidade”, diz Ana Maria Fernandes, presidente da EDP. “Por meio da rede elétrica é possível gerenciar desde o controle de tráfego até o sistema de segurança.” Em sua área de concessão, a EDP também investe em energias renováveis — como a instalação de minirredes de painéis solares para levar iluminação a povoados isolados do norte do país.
desempenho seTe iNdicadores-chave(1)
dimeNsão geral
90,2
aCima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimeNsão ecoNômica
87,8
direitos humanos
85,2
relação Com os forneCedores
dimeNsão social
dimeNsão ambieNTal
74
PoNTo ForTe
Cumpre integralmente a legislação relativa à contratação de funcionários com deficiência
relação Com a Comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PoNTo Fraco
tem passivos ambientais, mas a companhia já providenciou recursos para seu saneamento
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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itaipu presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 7,8 Bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 3 500
Muito além de uma usina hidrelétrica
Recordista mundial em produção de energia hidráulica, a Itaipu Binacional investe em pesquisa de fontes alternativas para assegurar um futuro sustentável | gustavo magaldi
A
itaipu Binacional — operadora da usina hidrelétrica que foi inaugurada há quase 20 anos na fronteira do Brasil com o Paraguai — bateu em 2012 o recorde mundial de geração de energia hidrelétrica. Favorecida pelas fortes chuvas no verão, produziu 98,2 milhões de megawatts-hora de energia, o equivalente a quase 20% da eletricidade consumida no Brasil. Não é só das águas do rio Paraná, no entanto, que a empresa retira suas forças. No Parque Tecnológico Itaipu, que em maio completou dez anos, pesquisas realizadas com o apoio de universidades e instituições científcas ajudam a desenvolver fontes renováveis. Alguns dos frutos desse trabalho são oito empreendimentos que geram energia proveniente de dejetos industriais e agropecuários. Em uma cooperativa do Paraná, os resíduos do abate de 200 000 frangos são transformados em biogás, que, por sua vez, vira combustível
para a produção de eletricidade. A Itaipu também fornece a tecnologia para que pequenos produtores extraiam o gás metano dos dejetos de rebanhos de suínos e bovinos para mover geradores de eletricidade. “Somos a maior geradora hidrelétrica do mundo, mas queremos dar atenção aos menores produtores de energia que existem, os pequenos produtores rurais”, diz Herlon de Almeida, coordenador da gestão da sustentabilidade da Itaipu Binacional. A empresa também realiza experiências, em diferentes estágios de desenvolvimento, para gerar energia do hidrogênio, dos ventos e do sol. Tem ainda um projeto de produção de baterias de alta capacidade, que podem propiciar o aumento do uso de veículos elétricos no país. “Nossa motivação para realizar esses projetos vai muito além dos negócios”, diz Almeida. “São formas de concretizar o compromisso da Itaipu com o desenvolvimento sustentável do Brasil.”
desempenho sEtE iNdicadoREs-chavE(1)
dimENsão gERal
77,9
acima da média
regular
aBaixo da média
governança da sustentaBilidade
dimENsão EcoNômica
66,3
direitos humanos
78,3
relação com os fornecedores
dimENsão social
dimENsão ambiENtal
76,3
relação com a comunidade
gestão de água gestão da Biodiversidade gestão de resíduos
PoNto FoRtE
publica relatório de sustentabilidade referente a todas as suas atuações no Brasil PoNto FRaco
não tem plano de contingência que prevê ações para evitar ou mitigar efeitos negativos de impactos ambientais Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 95
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FArMAcêUTIco
eurofarma presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 1,5 bilhão de reais
2003
2004
A mAIs susTENTávEL
DO sETOR 2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 4 323
Descarte correto de medicamentos
Com urnas de coleta instaladas em drogarias, o laboratório Eurofarma ajuda os consumidores a dar um destino adequado a sobras de remédios | DANIELA ROCHA
A
pós o uso de medicamentos, o que fazer com as embalagens e as sobras dos produtos? Como descartar os remédios vencidos? Desde 2010, o laboratório Eurofarma tem realizado um trabalho educativo com os consumidores para que façam o descarte correto desses materiais. As embalagens de seus medicamentos informam que as caixas e as bulas são materiais recicláveis, que devem ser separados do lixo orgânico para reaproveitamento. Já os recipientes que têm contato direto com os medicamentos são considerados resíduos perigosos e devem ter também uma destinação correta. Nesse caso, a Eurofarma fez uma parceria com a rede de drogarias do Grupo Pão de Açúcar, onde há urnas para a coleta desses materiais — que podem ter sido fabricados por outros laboratórios. Em 2012, o programa arrecadou 4,5 toneladas de resíduos, que foram encaminhadas para a incineração. A
Eurofarma tem outras iniciativas de destaque na área ambiental. De forma pioneira no setor farmacêutico, iniciou em 2008 um inventário sobre as emissões de gases de efeito estufa para desenvolver políticas de redução de poluentes. Uma das medidas adotadas foi o monitoramento da frota de 2 500 veículos. Em 2012, 77% do consumo de combustível na companhia foi de etanol, uma energia renovável, e 23% de gasolina. Na fábrica de Itapevi, região metropolitana de São Paulo, onde concentra sua produção, a Eurofarma trata 100% dos efuentes. A água resultante do processo é reaproveitada na faxina e nos vasos sanitários. “Queremos minimizar os impactos ambientais de nossas atividades”, diz Maurizio Billi, presidente da Eurofarma. “Nossa preocupação não é apenas com o negócio hoje, mas como ele será no futuro. Inserir os conceitos de sustentabilidade no plano de negócios é o que vai fazer a diferença daqui a dez, 15 anos.”
desempenho DImENsãO gERAL
sETE INDICADOREs-CHAvE(1)
68,6
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
DImENsãO ECONômICA
82,5 DImENsãO sOCIAL
82,1 DImENsãO AmbIENTAL
70
direitos humanos
PONTO FORTE
promove, por meio de sua comunicação voltada para clientes e consumidores, a educação para a sustentabilidade
relação com a comunidade relação com os fornecedores gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PONTO FRACO
não inclui metas para reduzir a distância entre a maior e a menor remuneração paga pela empresa
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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Germano Lüders
Maurizio Billi, presidente do laboratório Eurofarma: esforço para reduzir o impacto ambiental do processo de produção de medicamentos
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INfrAESTrUTUrA
ccr
presença no guia
a mais susTenTável
do seToR 2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 5,8 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 8 000
Um caminho para o crescimento ordenado O Grupo CCR quer usar a via Dutra como eixo condutor de ações sustentáveis que vão benefciar 23 milhões de habitantes em 36 cidades ao longo da estrada | lia vasconcelos
A
rodovia presidente dutra, concessão da ccr, um dos maiores grupos privados de infraestrutura da América Latina, liga as duas maiores cidades do Brasil: São Paulo e Rio de Janeiro. Ao longo de seus 402 quilômetros moram 23 milhões de pessoas em 36 cidades. São feitas, diariamente, 873 000 viagens pela estrada. Diante de números dessa magnitude, é natural que a CCR dispense à rodovia um tratamento especial. Foi assim que nasceu, durante a conferência Rio+20, em 2012, o projeto Estrada Sustentável, cujo objetivo é transformar a rodovia num exemplo de sustentabilidade. O projeto tem sete frentes de trabalho: segurança viária, educação, resíduos, mobilidade, saúde e segurança alimentar, infraestrutura verde e empreendedorismo local. No total, 64 projetos estão em andamento. Para chegar a esse número, a CCR fez um inventário das iniciativas de 115 empresas comerciais e industriais
ao longo da rodovia para identifcar os temas mais importantes e iniciar um trabalho conjunto. Na área de resíduos, o projeto incentiva o reaproveitamento e a reciclagem das 700 toneladas que são coletadas anualmente ao longo da via Dutra pelos municípios. Além disso, estimula a adoção da logística reversa — a coleta de embalagens e outros resíduos nos locais de consumo para sua destinação correta — e colabora para a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A ideia é estender o Estrada Sustentável às outras oito rodovias sob concessão da CCR. “Queremos contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental das regiões em que atuamos”, afrma Renato Vale, presidente do Grupo CCR. “Com o projeto na via Dutra, conseguimos reunir, por meio de uma plataforma de colaboração, várias instituições públicas e privadas dispostas a criar um modelo de desenvolvimento sustentável.”
desempenho dimensão geRal
seTe indicadoRes-chave(1)
82
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimensão econômica
89
direitos humanos
70
relação com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambienTal
79
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PonTo FoRTe
tem metas de desempenho ambiental e presta contas publicamente dos resultados obtidos PonTo FRaco
não orienta o encaminhamento nem prevê medidas disciplinares para situações de assédio moral e sexual entre funcionários
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos fonte: GVces
98 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
Sustenta_Infraestruturas_CCR.indd 98
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Germano Lüders
Renato Vale, presidente do Grupo CCR: com a colaboração de empresas e do poder público, 64 projetos estão sendo implantados ao longo da via Dutra
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Sustenta_Infraestruturas_CCR.indd 99
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INfrAESTrUTUrA
ecorodovias presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 2,5 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 5 700
Uma pequena ação e grandes resultados Ao adotar o registro eletrônico da arrecadação nas praças de pedágio, a Ecorodovias economiza papel e plástico, reduz a emissão de poluentes e baixa o custo da operação | lia vasconcelos
A
ecorodovias administra seis rodovias sob concessão nas regiões sul e sudeste — a principal delas é a Imigrantes, que liga a cidade de São Paulo ao litoral sul do estado. São mais de 1 900 quilômetros de estradas, por onde passam 53% dos passageiros e 48% da carga movimentada no país. Ao fnal de cada turno de trabalho, todos os operadores das 22 praças de pedágio espalhadas pelas rodovias devem prestar contas do dinheiro arrecadado. O método chega a ser primitivo: o funcionário deve informar quantas transações foram feitas no período, as formas de pagamento usadas e o valor recebido, registrando tudo em três folhas de papel sulfte. Em maio deste ano, a Ecorodovias começou a implantar um novo sistema, que substitui as folhas de papel pelo registro eletrônico do dinheiro arrecadado. A ideia, apesar de singela, deverá ter um impacto signifcativo no consumo de papel, que se
reduzirá 84% ao ano. Além disso, haverá uma diminuição de 50% no consumo de plástico usado na fabricação dos malotes que transportam as folhas de papel. Com tudo isso, o custo da operação cairá 67% em relação ao do método antigo. Outra vantagem é que, como os carros-fortes que transportam os malotes fcarão menos tempo com o motor ligado à espera do registro da arrecadação, haverá menos emissão de gases de efeito estufa. Quando todas as praças de pedágio da Ecorodovias tiverem implantado o novo sistema, o que está previsto para meados de 2014, estima-se que 170 árvores serão poupadas e 5 000 quilos de CO2 deixarão de ser lançados a cada ano. “Um de nossos maiores desafos é ser uma empresa lucrativa e, ao mesmo tempo, sustentável”, diz Marcelino Rafart de Seras, presidente da Ecorodovias. “Esse projeto é um bom exemplo do que podemos fazer para atingir esses dois objetivos ao mesmo tempo.”
desempenho dimensão geRal
seTe indicadoRes-chave(1)
72,8
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimensão econômica
66,8
direitos humanos
72,3
relação com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambienTal
79,4
PonTo FoRTe
existe um documento formal garantindo a aplicação das políticas relativas à sustentabilidade
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PonTo FRaco
não inclui metas para reduzir a distância entre a maior e a menor remuneração paga pela empresa
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos fonte: GVces
100 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
Sustenta_Infraestruturas_CCR.indd 100
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1039611-ELETROSUL CENTRAIS ELETRICAS S_A-1_1-1.indd 101
01/11/2013 21:13:52
INSTITUIçõES FINANcEIrAS
itaú unibanco presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 59,8 bilhões de reAis
2004
2005
2006
a mais susTeNTável
dO seTOR 2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 113 400
Quando a aversão ao risco é uma postura sustentável Os analistas do banco Itaú vasculham os relatórios das empresas para saber quais trazem menos riscos ambientais e trabalhistas para os investidores | Raphael simões
U
mA dAs peçAs de mArketing de melhor resultAdo pArA o bAnco Itaú Unibanco no ano passado não falava de investimentos, empréstimos ou produtos fnanceiros, como seguros. Foi um vídeo que se espalhou pela internet, no qual um bebê dá gargalhadas enquanto rasga pedaços de papel. O objetivo da campanha foi incentivar os clientes a cancelar o recebimento de extratos pelo correio. Deu certo. Desde que o flme foi ao ar, mais de 750 000 correntistas concordaram em acompanhar a movimentação das contas apenas pela internet. É claro que, para um banco, uma atuação sustentável vai muito além da diminuição do desperdício de papel. “Como instituição fnanceira, temos a responsabilidade de contribuir para o desenvolvimento dos funcionários, dos clientes e da sociedade”, diz Roberto Setubal, presidente do Itaú. Uma das medidas postas em prática é a avaliação dos riscos ambientais, trabalhistas e
sociais que companhias brasileiras com ações na bolsa de valores podem trazer aos investidores. Nos últimos meses, uma equipe de analistas do Itaú Asset Management — braço do banco especializado na gestão de recursos — começou a esquadrinhar relatórios para responder a questões fundamentais para a sustentabilidade. Como cada empresa lida com o uso e o reaproveitamento de recursos naturais? A companhia corre o risco de ser multada pelos órgãos reguladores e de defesa do consumidor? Até outubro, 66% das empresas com ações que compõem o Ibovespa, principal indicador da Bovespa, foram mapeadas. A varredura completa deve terminar em 2014. Com os dados em mãos, o banco montará fundos com as ações dessas empresas direcionados a investidores institucionais. “Empresas com boa governança e que zelam pelos aspectos socioambientais tendem a apresentar desempenho melhor para o investidor”, diz Setubal.
desempenho dimeNsãO geRal
seTe iNdicadORes-chave(1)
89,8
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimeNsãO ecONômica
90,9
direitos humAnos
88,6
relAção com os fornecedores
dimeNsãO sOcial
dimeNsãO ambieNTal
82
pONTO FORTe
possui avaliação de riscos socioambientais que extrapolam o padrão mínimo de exigência estabelecido pelo setor
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
pONTO FRacO
não apresenta no relatório de sustentabilidade a remuneração de diretores e conselheiros de administração
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
102 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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Germano Lüders
Roberto Setubal, presidente do Itaú: “No longo prazo, empresas sustentáveis tendem a apresentar melhor desempenho para os investidores”
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 103
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INSTITUIçõES FINANcEIrAS
bradesco presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 117,3 bilhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 103 400
Aulas de fnanças para os novos correntistas Os funcionários do Bradesco no interior do país abrem espaço nas tarefas do dia a dia para levar educação fnanceira a quem vive distante dos grandes centros | Daniela rocha
F
requentemente, funcionários do bAnco brAdesco precisAm dAr um tempo nos afazeres diários para dar aulas em pequenas cidades do interior — como Barra do Rocha, no sul da Bahia, Bom Sucesso, no centro-norte do Paraná, e Castelo do Piauí, no norte piauiense. São eles os responsáveis por ensinar noções de fnanças a quem mora nas proximidades. Em 2012, o Bradesco promoveu 234 desses encontros, geralmente em escolas, salões paroquiais ou centros comunitários. A iniciativa foi a maneira que o banco encontrou para levar educação fnanceira a uma população que vem ganhando espaço entre a clientela. Em 2012, cerca de um terço dos 3,9 milhões de novos clientes do Bradesco que abriram uma conta como pessoa física fazia parte das classes D e E, as camadas da população de menor poder aquisitivo — muitos deles oriundos dos rincões do país. Dar educação fnanceira a eles ganha
importância num momento em que a população brasileira nunca esteve tão endividada — mais de 40% da renda está comprometida. No longo prazo, esses clientes só trarão bons resultados se puderem honrar suas dívidas. “Queremos ampliar nossa base de clientes de maneira sustentável”, diz Ivani Benazzi de Andrade, gerente de relações com o mercado do Bradesco. Um dos caminhos para chegar à população do interior é a rede de correspondentes bancários que o Bradesco mantém em pequenos municípios. Nessas localidades, o banco fecha parcerias com pequenos estabelecimentos, como farmácias, mercados e lojas de material de construção, onde os clientes sacam dinheiro e fazem pagamentos. O Bradesco tinha cerca de 43 000 estabelecimentos credenciados em 2012, quase 25% mais do que em 2011. “A instalação desses postos de atendimento é crucial para o desenvolvimento dessas comunidades”, diz Ivani.
desempenho Dimensão geral
seTe inDicaDores-chave(1)
83,6
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
Dimensão econômica
77,8
direitos humAnos
84,7
relAção com os fornecedores
Dimensão social
Dimensão ambienTal
78,5
PonTo ForTe
tem um percentual fixo do faturamento dedicado a investimentos sociais, com avaliação periódica de objetivos
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
PonTo Fraco
não informa os funcionários sobre o risco de envolvimento direto ou indireto com trabalho forçado por fornecedores
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
104 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
Sustenta_Inst. financeiras_ITAU.indd 104
11/1/13 6:05 PM
grupo BB E mapfrE presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 5,5 bilhões de reAis (2)
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 4 000
Um seguro para os menos protegidos O Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre investe em produtos de baixo custo para a inclusão social da população de baixa renda | DAnielA rochA
N
o Ano pAssAdo, o grupo segurAdor bAnco do brAsil e mApfre decidiu investir na criação de planos acessíveis a quem provavelmente mais precisa de proteção — a população de baixa renda, a quem qualquer imprevisto pode resultar em grandes difculdades fnanceiras. Um exemplo é um seguro à venda desde o fm de 2012 nas comunidades que formam o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, onde vivem aproximadamente 650 000 pessoas. As apólices garantem indenização de 2 500 reais em caso de morte de um integrante da família, além de 12 cestas básicas e assistência psicológica para ajudar os familiares a lidar com a perda. O seguro surgiu após a seguradora fazer um estudo entre os moradores do local. “Percebemos que essa era uma necessidade dos moradores do Complexo do Alemão”, diz Fátima Lima, diretora de sustentabilidade do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre.
“A maioria das pessoas costumava pedir dinheiro emprestado e se endividar em caso de falecimento de um parente.” Depois dessa iniciativa, a empresa criou uma série de outros microsseguros — como são conhecidas essas apólices de baixo custo, em geral menos de 15 reais por mês. Um deles é um seguro de vida para pequenos agricultores. Em caso de morte, cobre as dívidas com crédito rural e paga uma indenização de 600 reais à família. Outro exemplo é um seguro de automóveis que cobre apenas danos causados a terceiros. Pode ser parcelado em até quatro vezes sem juros, sem a necessidade de vistoria prévia em veículos com até 20 anos de fabricação. “Nosso objetivo é dar acesso a seguros e orientações sobre prevenção e gerenciamento de riscos a essa população de baixa renda”, afrma Fátima. “Queremos garantir a inclusão dessas pessoas tradicionalmente desfavorecidas e, até então, não atendidas pelas seguradoras.”
desempenho Dimensão gerAl
sete inDicADores-chAve(1)
80,3
regulAr
78,3
direitos humAnos
78,1
relAção com os fornecedores
Dimensão sociAl
Dimensão AmbientAl
76,2
Ponto Forte
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
Dimensão econômicA
2. Prêmios emitidos líquidos
AcimA dA médiA
disponibiliza um canal confidencial para o recebimento de denúncias de assédio moral e sexual entre os funcionários
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
Ponto FrAco
não inclui os sindicatos na negociação de sua política salarial nem na negociação na data-base de cada categoria Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 105
Sustenta_Inst. financeiras_ITAU.indd 105
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INSTITUIçõES FINANcEIrAS
santander presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 67,6 bilhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 54 000
Incentivos para os pequenos negócios O banco Santander garante a compra de créditos de carbono dos empreendedores que tomarem empréstimos para tornar suas empresas mais sustentáveis | Daniela rocha
D
onos de pequenAs e médiAs empresAs muitAs vezes ficAm com um pé Atrás para investir em práticas mais sustentáveis. Com menos fôlego fnan ceiro do que as grandes companhias, esses empreen dedores geralmente precisam recorrer a empréstimos caso queiram aplicar algum dinheiro para diminuir o impacto de seus negócios no meio ambiente — e, se o retorno do inves timento demora para aparecer, correm o risco de ver suas contas estranguladas. Nos últimos meses, o banco Santan der encontrou um modo de dar uma garantia a esse tipo de empreendedor. A instituição criou um programa pelo qual se compromete a comprar créditos de carbono gerados pela adoção de métodos de produção mais limpos por empresas de pequeno porte. “Isso ajudará a tirar projetos do papel”, diz Marcos Madureira, vicepresidente de comunicação, marke ting, relações institucionais e sustentabilidade do Santander.
Um exemplo: em 2013, o banco comprou créditos de carbono de cinco olarias que substituíram a lenha nos fornos usados para secar telhas e tijolos por combustíveis renováveis e de baixo impacto ao meio ambiente. Foi o caso da Cerâmica Menegalli, de São Miguel do Guamá, no interior paraense. A empresa deixou de usar lenha extraída da Floresta Ama zônica para usar sementes de açaí e serragem — como re sultado, deixará de despejar na atmosfera 23 500 toneladas anuais de dióxido de carbono. Com iniciativas como essa, o Santander espera ampliar a participação de pequenas e mé dias empresas em seus negócios. Em 2012, os empréstimos a esse tipo de cliente chegaram a 741 milhões de reais, 75% mais do que em 2011. “Estamos fazendo um trabalho forte entre pequenas e médias empresas”, diz Madureira. “Esses negócios são fundamentais para o país e devem ser cada vez mais incentivados a adotar práticas sustentáveis.”
desempenho Dimensão geral
seTe inDicaDores-chave(1)
78,5
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
Dimensão econômica
79,8
direitos humAnos
77
relAção com os fornecedores
Dimensão social
Dimensão ambienTal
77
PonTo ForTe
presta contas publicamente das metas de melhoria do desempenho ambiental de suas operações
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
PonTo Fraco
não tem metas para reduzir a distância entre a maior e a menor remuneração paga pela empresa
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
106 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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582699.indd 107
01/11/2013 21:14:36
qUíMIcA
braskem presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 21,3 bilhões de reAis
A mAiS SuStentável
do Setor 2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 5 000
A matéria-prima da responsabilidade ambiental A petroquímica Braskem desenvolveu novos produtos que permitem aos clientes substituir materiais não renováveis por versões feitas à base de cana-de-açúcar | AnA SAntA Cruz
P
ArA A brAskem, umA dAs mAiores petroquímicAs do continente AmericAno, sustentabilidade não é apenas uma preocupação interna. Nos últimos anos, a empresa tem se destacado por desenvolver produtos que permitem aos clientes diminuir o impacto no meio ambiente, disseminando benefícios por toda a cadeia produtiva. Assim surgiu na década passada o plástico feito de etanol de cana-de-açúcar, cuja produção ajuda a reduzir a dependência de matéria-prima não renovável, os derivados de petróleo. Hoje, a Braskem é a maior produtora mundial desse insumo, conhecido como biopolímero. Outra matéria-prima que chegou há pouco tempo ao mercado é uma resina que dispensa uma etapa da produção de calçados. Até então, as solas tradicionalmente precisavam ser irradiadas com luz ultravioleta, num processo que emitia gases poluentes. Internamente, um dos destaques recentes
do esforço de tornar os negócios mais verdes é a medição da pegada de carbono de cinco famílias de produtos. “Todos os anos fazemos um inventário da emissão interna de dióxido de carbono e o cruzamos com o volume de produção para verifcar quanto emitimos em cada tonelada produzida”, afrma Carlos Fadigas, presidente da Braskem. “Desde 2002, houve uma redução de 13% na emissão de gases causadores do efeito estufa.” No ano passado, a empresa também avançou no combate ao desperdício de água, cujo consumo caiu 5,5% em relação a 2011. O resultado se deve aos investimentos da Braskem em projetos de reaproveitamento de água. Em São Paulo, unidades da empresa passaram a captar o esgoto e a tratá-lo para uso nos sistemas de resfriamento das linhas de produção. Na Bahia também há um projeto em andamento para aumentar o reaproveitamento de água de chuva nas linhas de produção.
desempenho dimenSão gerAl
Sete indiCAdoreS-ChAve(1)
83,4
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimenSão eConômiCA
85
direitos humAnos
67,3
relAção com os fornecedores
dimenSão SoCiAl
dimenSão AmbientAl
74
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
Ponto Forte
participa de fóruns ou grupos que tenham o objetivo de promover o compartilhamento de boas práticas para a conservação da biodiversidade Ponto FrACo
não aborda, na política de responsabilidade ambiental, aspectos de proteção e conservação da biodiversidade
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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Germano Lüders
Carlos Fadigas, presidente da Braskem: em pouco mais de uma década, a empresa diminuiu em 13% a emissão de gases poluentes
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 109
Sustenta_Quimica_BRASKEM.indd 109
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qUíMIcA
dow presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 2,6 bilhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 2 500
Como gerar renda e manter a floresta ao mesmo tempo Um projeto da empresa química Dow em Paragominas, no nordeste do Pará, abre novas perspectivas para diminuir o desmatamento da Amazônia | ana santa cruz
U
m projeto dA dow, umA dAs mAiores indústriAs químicAs do mundo, pode abrir uma nova perspectiva para acabar com um dos principais pro blemas ambientais do país — a derrubada de grandes porções da foresta amazônica para abrir áreas para a pecuá ria. Há pouco mais de três anos, a empresa selecionou um grupo de criadores de gado de Paragominas, no nordeste do Pará, uma das regiões mais afetadas pelo desmatamento — segundo as estatísticas, quase 70% do 1,2 milhão de hectares de forestas do município já foram desmatados. Eles recebe ram apoio técnico e sementes de pastagens desenvolvidas pela Dow, mais produtivas e adaptadas ao clima e ao solo da Amazônia, bem como recomendações para aumentar a pro dutividade. O objetivo é criar condições para aumentar a produção de carne sem ampliar as áreas destinadas à criação de gado. Em 2012, começaram a aparecer os primeiros re
sultados do trabalho, feito em parceria com instituições co mo a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a Universidade Estadual Paulista e o sindicato dos produtores rurais da cidade. Os resultados são animadores. Nas fazendas que fzeram parte do projeto, a produtividade média dos rebanhos chegou a 20 arrobas de carne por hectare ao ano, quatro vezes a média nacional, que antes mal era alcançada pelos criadores. “Mostramos que é possível aumentar a pro dução sem precisar derrubar mais áreas da foresta”, diz Pedro Suarez, presidente da Dow. “Isso vai ajudar a conter o desmatamento na região.” Depois de Paragominas, o pro jeto agora será levado a municípios do Rio de Janeiro e de Mato Grosso do Sul. “A ideia é fazer com que outros criado res comecem a cultivar suas terras com métodos sustentáveis e possam alcançar os mesmos níveis de produtividade con seguida pelos paraenses”, afrma Suarez.
desempenho dimensão geral
sete indicadores-chave(1)
85,3
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimensão econômica
89
direitos humAnos
87,4
relAção com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambiental
82,7
Ponto Forte
utiliza critérios sociais para selecionar e monitorar seus fornecedores de bens e serviços
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
Ponto Fraco
A companhia não possui uma política que incentive a contratação de pequenos e médios fornecedores
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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1038902-TERRAM ENGENHARIA DE INFRAESTRUTURA LTDA-1_1-1.indd 111
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qUíMIcA
basf presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 6,7 bilhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 4 000
O plástico que pode virar adubo A Basf testa no interior paulista sacos plásticos produzidos à base de amido de milho — um produto que se decompõe rapidamente e se transforma em fertilizante | ana santa cruz
O
s sAcos plásticos usAdos pArA embAlAr lixo orgânico são, com frequênciA, um problema para os aterros sanitários. Fabricados com derivados de petróleo, eles demoram muito mais para se decompor do que o seu conteúdo — algumas centenas de anos. Agora a empresa química Basf está testando no Brasil uma alternativa capaz de diminuir esse problema. Em setembro, a empresa distribuiu aos moradores de dois bairros de Mogi Mirim, no interior paulista, sacos de lixo feitos com um plástico à base de amido de milho. O material leva de dois a três meses para se decompor e depois pode ser usado como adubo. A diferença é que, em vez de ir a um aterro, o lixo precisa passar por uma usina de processamento. A experiência em Mogi Mirim está prevista para terminar em dezembro. A estimativa é que, nesse período, sejam recolhidas 240 toneladas de resíduos orgânicos, que serão
transformadas em 120 toneladas de adubo rico em nutrientes. Após completado o processo de compostagem, o adubo terá sua qualidade testada pela Basf e será destinado aos jardins das praças de Mogi Mirim e a pequenos produtores de hortaliças da região. “A destinação correta de embalagens plásticas é um tema caro aos pesquisadores do mundo inteiro”, diz Eduardo Leduc, vice-presidente da unidade de proteção de cultivos da Basf para a América Latina e de sustentabilidade para a América do Sul. Projetos semelhantes foram testados pela Basf na Alemanha, no Canadá, na Tailândia, na Índia e na Austrália. “No Brasil, o número insufciente de usinas desse tipo e o sistema de coleta de lixo inadequado são obstáculos”, afrma Leduc. “Quando se tem o sistema completo, com o morador separando o lixo por tipo, a coleta adequada feita pela prefeitura, a destinação e o processamento corretos, a embalagem deixa de ser um problema.”
desempenho dimensão geral
sete indicadores-chave(1)
61,1
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimensão econômica
80,9
direitos humAnos
72,7
relAção com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambiental
73,7
Ponto Forte
possui compromisso formal para o combate a todas as formas de corrupção entre seus funcionários
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
Ponto Fraco
não exige a equidade na remuneração de trabalhadores terceirizados e funcionários que exerçam funções equivalentes
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
112 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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1040212-SECRETARIA DE ESTADO DE COMUNICACAO-SECOM-1_1-1.indd 113
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MATErIAL DE coNSTrUção
duratex presença no guia
2000
2001
A mAis susTenTável
do seTor
2002
2003
faturamento em 2012 3,3 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 10 600
Com energia limpa — e de sobra Ao substituir o óleo diesel pelas aparas de eucalipto que não servem para a produção de placas de madeira, a Duratex consegue diminuir as emissões de gases | AndreA GiArdino
H
á pouco mais de um ano, os executivos da fabricante de louças, metais sanitários e painéis de madeira Duratex encontravam-se diante de um problema. A expansão da produção e das vendas estava levando a empresa a lançar na atmosfera mais gases causadores do efeito estufa — os cálculos indicavam que, em 2012, a emissão de poluentes produzidos por suas fábricas havia aumentado 17% em relação ao ano anterior. Como continuar a crescer sem causar mais danos ao meio ambiente? Parte da resposta estava em casa. A Duratex tem 23 000 hectares de forestas de eucalipto, principal matéria-prima para a fabricação de placas de compensado. Sobras de madeira que não serviam para a produção passaram a ser utilizadas como combustível para mover máquinas e equipamentos que antes usavam óleo diesel. “Temos uma unidade em Agudos, no interior paulista, que foi adaptada para usar apenas
energia gerada com essas sobras”, diz Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da Duratex. Hoje, 65% da energia consumida vem da biomassa do eucalipto — um combustível praticamente ausente na matriz energética da companhia até 2011. Mesmo onde não foi possível obter uma transformação tão radical foram feitos investimentos para aumentar a efciência energética. A Duratex substituiu geradores a diesel antigos por modelos mais econômicos, que produzem a mesma energia com 22% menos combustível. Em outros casos — como o de uma unidade em Itapetininga, no interior de São Paulo —, a opção foi ampliar o uso do gás natural, menos poluente. A meta é que, ao fnal de 2014, as emissões de gases causadores do efeito estufa sejam 0,7% menores do que em 2011. A reversão na tendência de alta nas emissões é motivo de comemoração. “Nosso objetivo é continuar a crescer, mas de modo sustentável”, diz Oliveira.
desempenho dimensão GerAl
seTe indicAdores-chAve
79
acima da média
regular
PonTo ForTe abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimensão econômicA
81,7
direitos humanos
72,9
relação com os fornecedores
dimensão sociAl
dimensão AmbienTAl
68,8
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
tem metas de redução no consumo de água e presta contas dos resultados obtidos em seu relatório de sustentabilidade PonTo FrAco
a companhia não estabelece metas de melhoria de desempenho na dimensão social da sustentabilidade
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
114 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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Germano Lüders
Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da Duratex: a meta é aumentar a produção emitindo menos poluentes na atmosfera
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 115
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MATErIAL DE coNSTrUção
masisa presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 488 MILHõES dE REAIS
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 913
As mulheres agora estão no comando
Até recentemente, a diretoria da Masisa era um ambiente predominantemente masculino. Agora, a presença feminina aumentou — o que faltava era dar oportunidades iguais | célio yano
S
Egundo o ÚLTIMo CEnSo do IBgE, AS MuLHERES REPRESEnTAM 51% da população brasileira — mas ocupam apenas 7% dos cargos de direção nas empresas, de acordo com um estudo da consultoria McKinsey. Até recentemente, o desequilíbrio na subsidiária brasileira da fabricante chilena de painéis de madeira Masisa era ainda maior. “Fui a primeira mulher na diretoria”, diz Marise Barroso, contratada em março do ano passado para ocupar a presidência. Sua missão era reestruturar os negócios — mas, no meio do processo, acabou transformando também o ambiente, até então predominantemente masculino. Nos últimos meses, houve uma notável mudança no perfl dos executivos da Masisa. Hoje, das nove diretorias, cinco são ocupadas por mulheres. A presença feminina em cargos de gerência também aumentou, passando de 17% para 20%. Em parte, o trabalho de reestruturação contribuiu para equilibrar
a presença de homens e mulheres nos cargos mais altos. Dos diretores que havia antes de Marise ser contratada, apenas um permanece na empresa — para selecionar os substitutos dos que saíram, a empresa estabeleceu que fosse convocado para entrevista o mesmo número de homens e mulheres. A regra agora vale para todas as contratações de executivos e gerentes. “Não estamos dando privilégios às mulheres”, afrma Marise. “O que fazemos é dar oportunidades iguais a candidatos e candidatas igualmente qualifcados.” Para a executiva, a participação feminina no comando pode ajudar a companhia a melhorar seus resultados. De acordo com a pesquisa da McKinsey, que avaliou a presença feminina em 345 empresas latino-americanas em 2011, as que tinham pelo menos uma mulher na direção tiveram receita operacional, em média, 44% maior que as demais. Em 2013, a Masisa prevê um crescimento de 11% na receita.
desempenho dimEnsão gERal
sETE indicadoREs-chavE
82
ACIMA dA MédIA
REguLAR
PonTo FoRTE ABAIxo dA MédIA
govERnAnçA dA SuSTEnTABILIdAdE
dimEnsão Econômica
76,6
dIREIToS HuMAnoS
66,9
RELAção CoM oS foRnECEdoRES
dimEnsão social
dimEnsão ambiEnTal
61
RELAção CoM A CoMunIdAdE
gESTão dE águA gESTão dA BIodIvERSIdAdE gESTão dE RESíduoS
Publica relatório de sustentabilidade no Brasil, em que relata as metas e os objetivos para todas as suas operações locais PonTo FRaco
não cumpre a legislação trabalhista relativa à contratação de funcionários com deficiência
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
116 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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mexichem presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 1 bilhão de reais
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 2 800
Uma reação em cadeia positiva A Mexichem exige de seus fornecedores o compromisso de seguir boas práticas, como não usar mão de obra infantil e cumprir as obrigações trabalhistas | célio yano
D
esde o ano passado, quem quiser vender produtos e serviços para a subsidiária brasileira do grupo mexicano Mexichem precisa comprovar que adota boas práticas. A empresa, dona da fabricante de tubos e conexões Amanco, passou a exigir dos fornecedores o compromisso de não usar mão de obra infantil e de não impor aos empregados trabalhos forçados ou análogos à escravidão. Também não tolera violações à legislação ambiental. A penalidade para o fornecedor que descumprir o compromisso pode chegar à rescisão do contrato. “Nunca tivemos problemas trabalhistas ou ambientais nas empresas com as quais nos relacionamos, mas queremos diminuir o risco de que um dia alguma coisa de ruim aconteça”, diz Maurício Harger, presidente da companhia no Brasil. Hoje, a Mexichem compra de mais de 2 600 empresas. Todos os fornecedores estão sujeitos às novas regras — mas, para uma
centena deles, o rigor é maior. “Temos uma preocupação com toda a cadeia produtiva, mas decidimos cuidar mais de perto dos fornecedores mais estratégicos”, diz Harger. Esse grupo passou a receber visitas periódicas de engenheiros de qualidade da Mexichem, que buscam indícios de irregularidades. Os demais são submetidos a verifcações fnanceiras e fscais para garantir que estão em dia com o recolhimento de tributos e com o cumprimento das obrigações trabalhistas — eles podem passar por uma auditoria caso surjam suspeitas de que as cláusulas não estão sendo cumpridas. A ideia de apertar a fscalização da cadeia produtiva surgiu em 2011, depois de um encontro no qual a Mexichem discutiu suas práticas de sustentabilidade com clientes, fornecedores e representantes do governo e da comunidade. “Nesse encontro, defnimos o repúdio ao trabalho infantil e a garantia aos direitos humanos como um tema prioritário”, diz Harger.
desempenho dimEnsão gERal
sETE indicadoREs-chavE
60
acima da média
regular
PonTo FoRTE abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimEnsão Econômica
74,1
direitos humanos
67
relação com os fornecedores
dimEnsão social
dimEnsão ambiEnTal
68,9
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
incentiva a equidade na remuneração de trabalhadores terceirizados e funcionários que exerçam funções equivalentes PonTo FRaco
a companhia não possui processos nem metas de reaproveitamento ou reciclagem de resíduos sólidos em suas operações Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 117
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MINErAção
votorantim mEtaiS presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 1,2 bilhão de reais
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
A MAIs sUsTENTáVEL
dO sETOR 2011
2012
2013
número de funcionários 2 100
Quando os problemas viram oportunidades Em vez de conviver com os resíduos, a Votorantim Metais passou a buscar formas de reaproveitar as sobras dos processos industriais — e está lucrando com isso | MAURÍCIO OLIVEIRA
H
á alguns anos, a votorantim metais decidiu estrategicamente que lidar com os resíduos não deveria mais ser encarado como um problema, e sim como uma grande oportunidade. Desde então, todas as suas fábricas passaram a desenvolver projetos de redução, aproveitamento ou eliminação das sobras dos processos industriais. Na unidade de Niquelândia, em Goiás, um resíduo intermediário do cobre, antes depositado em barragens com alto custo de manutenção e riscos ambientais, passou a ser usado como insumo de fertilizantes e na nutrição animal. Com a venda desses produtos, a empresa faturou 23 milhões de reais em 2012. A unidade de Paracatu, em Minas Gerais, também atingiu a marca de resíduo zero ao converter o pó calcário, resultante do benefciamento de zinco, num produto usado como corretivo da acidez de solo agrícola. As 880 000 toneladas previstas para este ano gerarão uma re-
ceita de 10 milhões de reais. Na fábrica de Juiz de Fora, em Minas Gerais, 13 000 das 70 000 toneladas de zinco previstas para este ano serão produzidas com o reaproveitamento do pó de aciaria elétrica, um resíduo altamente tóxico. O projeto começou com o uso de material enviado pelas unidades da própria Votorantim e foi recentemente aberto a outras empresas, ávidas por se livrar do resíduo. A perspectiva é ampliar em 20% a utilização desse material até 2018, reduzindo os custos de produção em 15%. Em busca de outras soluções inovadoras, a Votorantim Metais reservou 120 milhões de reais do orçamento dos próximos cinco anos para pesquisas na área de resíduos. “Sempre buscamos ir além das exigências legais do setor, pois sabemos que, por pressões da sociedade, a legislação tem evoluído rapidamente”, diz Tito Martins, presidente da Votorantim Metais. “Isso nos obriga a estar sempre alguns passos à frente.”
desempenho dIMENsãO gERAL
sETE INdICAdOREs-ChAVE(1)
90,5
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dIMENsãO ECONôMICA
90,8 dIMENsãO sOCIAL
85,4 dIMENsãO AMbIENTAL
72,5
direitos humanos relação com a comunidade relação com os fornecedores gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PONTO FORTE
a avaliação do desempenho dos principais executivos considera indicadores sociais e ambientais da empresa PONTO FRACO
não atingiu as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa em 2012 — ao contrário, as emissões aumentaram
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
118 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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Germano Lüders
Tito Martins, presidente da Votorantim Metais: os programas estão dando tão certo que a empresa começou a aceitar resíduos gerados por outras siderúrgicas
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 119
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10/31/13 5:52 PM
MINErAção
anglo aMERICan presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 512 MILhõES DE REAIS
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 1 700
Estreitando os vínculos com a comunidade
A Anglo American mantém vários projetos que benefciam sua cadeia de relacionamento. Mas um acidente grave levou a empresa a refetir sobre como avançar mais | maurício oliveira
A
MINERADORA ANGLO AMERICAN MANTÉM VÁRIOS PROJETOS para estreitar o vínculo com as comunidades em que atua. Um exemplo está na cidade de Barro Alto, em Goiás, onde, no fm de 2011, a empresa abriu uma unidade de benefciamento de níquel. Ao notar um alto índice de gravidez na adolescência, a Anglo American iniciou um trabalho de orientação dos jovens que reduziu pela metade o número de adolescentes grávidas em dois anos. Na área cultural, patrocina diversas atividades, como a Camerata de Violões e a Ofcina de Artes Plásticas, na mesma cidade. Há também a preocupação de contribuir para aprimorar a gestão pública, com iniciativas que ampliam o alcance dos serviços das prefeituras e o controle social, como o desenvolvimento de portais na internet para a prestação de contas e a criação de indicadores para acompanhar o desenvolvimento socioeconômico dos muni-
cípios envolvidos. Todo esse histórico ajudou a empresa a enfrentar um momento difícil: uma morte por acidente de trabalho ocorrida em setembro do ano passado, durante um transporte de cargas na unidade de níquel de Barro Alto. O episódio provocou uma grande refexão interna. Todas as etapas de implantação do projeto e o primeiro ano de funcionamento haviam transcorrido sem acidentes graves. “Pensávamos estar fazendo o máximo em segurança, mas, depois desse acidente, descobrimos que sempre é possível ir além”, diz Ricardo Ribeiro, diretor de desenvolvimento sustentável. Neste ano, a Anglo American já realizou mais de 15 000 horas de treinamento sobre o tema. “Às vezes o cotidiano leva ao descuido, mas não podemos permitir que nossos funcionários deixem de cumprir as regras”, diz Ribeiro. “O comprometimento de cada um e a fscalização pelos gestores são fundamentais para identifcar e corrigir todas as falhas.”
desempenho dimeNsão geral
seTe iNdicadores-chave(1)
64
ACIMA DA MÉDIA
REGuLAR
AbAIxO DA MÉDIA
GOVERNANçA DA SuSTENTAbILIDADE
dimeNsão ecoNômica
83
DIREITOS huMANOS
81,4
RELAçãO COM OS fORNECEDORES
dimeNsão social
dimeNsão ambieNTal
80,3
PoNTo ForTe
Possui programas estruturados para o gerenciamento de suas metas e resultados ambientais
RELAçãO COM A COMuNIDADE
GESTãO DE ÁGuA GESTãO DA bIODIVERSIDADE GESTãO DE RESíDuOS
PoNTo Fraco
Não há programa de contratação nas comunidades de baixa renda próximas às instalações da empresa
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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samarco presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 6,8 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 2 500
Projetos com o aval de quem interessa
Para fomentar o desenvolvimento dos municípios no entorno de seu projeto de expansão, a Samarco patrocina 72 projetos, defnidos pelas próprias comunidades | maurício oliveira
A
montagem de uma cozinha industrial para a fabricação de doce de banana em Alegre, no Espírito Santo, e a oferta de cursos de corte e costura em Pedra Bonita, em Minas Gerais, são dois dos 72 projetos patrocinados pela mineradora Samarco para fomentar o desenvolvimento socioeconômico dos 28 municípios na área de infuência do Projeto Quarta Pelotização, conhecido internamente como P4P. O projeto envolve investimentos de 6,4 bilhões de reais e, quando todas as obras estiverem concluídas, em meados de 2014, aumentará em 37% a capacidade de produção de pelotas de minério de ferro, utilizadas pelo setor siderúrgico. Para estreitar o relacionamento com as comunidades envolvidas e defnir os projetos que receberiam o apoio da empresa, foram realizadas mais de 270 reuniões com a população. “Construímos o relacionamento por meio de uma aproximação gradual e res-
peitosa, como tem de ser”, diz Ana Heineck, coordenadora de desenvolvimento socioinstitucional da Samarco. “Os projetos selecionados são representativos das necessidades locais, pois foram escolhidos pelos próprios moradores.” A empresa criou 80 indicadores que monitoram os impactos de sua presença em temas como educação, segurança pública, geração de empregos e saúde — nessa área, o programa Viver Consciente aborda temas como exploração sexual infantil, gravidez na adolescência, uso de álcool e outras drogas, com o objetivo de conscientizar os milhares de empregados que trabalham nas obras. Na área ambiental, a nova unidade industrial prevê a neutralização do carbono — ou seja, um balanço de emissão de gases estufa igual ou abaixo de zero, resultado das diversas medidas de compensação adotadas desde a fase de planejamento, como o plantio de seringueiras e espécies nativas da Mata Atlântica.
desempenho dimeNsão geral
seTe iNdicadores-chave(1)
73
acima da média
regular
governança da sustentabilidade
dimeNsão ecoNômica
66,8
direitos humanos
73,1
relação com os fornecedores
dimeNsão social
dimeNsão ambieNTal
70
PoNTo ForTe
abaixo da média
mais de 75% dos processos estão cobertos por sistemas de gestão de saúde e segurança do trabalho
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PoNTo Fraco
a companhia não possui política para adotar critérios ambientais na seleção de seus fornecedores Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 121
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MINErAção
vale presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 59 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 52 400
O valor de preservar as áreas verdes A Vale começa a medir o valor econômico de seus ativos ambientais. Uma reserva natural de Mata Atlântica no Espírito Santo é estimada em 1 bilhão de dólares | MAURÍCIO OLIVEIRA
A
mineradora vale mantém uma série de programas de proteção de territórios e da biodiversidade nos diversos países em que atua. Agora, dá um passo adiante nessa área ao criar uma metodologia para mensurar o valor econômico de seus ativos ambientais. A primeira experiência foi aplicada à Reserva Natural Vale, em Linhares, no Espírito Santo, uma área de 230 quilômetros quadrados de Mata Atlântica. Um estudo desenvolvido pela mineradora em parceria com o Berkeley Lab, laboratório na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, que contou com a participação de vários especialistas, chegou à estimativa de 1 bilhão de dólares para a área da reserva. “Esse é o valor pelo não uso do território. Ou seja, quanto ele vale simplesmente por existir e ser preservado do jeito que é”, diz Luiz Felipe Campos, gerente de biodiversidade e forestas da Vale. Visto por outro ângulo, o valor
pode ser interpretado também como uma estimativa do prejuízo fnanceiro à humanidade caso a área deixe de existir. Uma das etapas do estudo incluiu entrevistas para captar a percepção da população sobre a importância da prestação de serviços ambientais e a repercussão para a imagem da empresa. Fatores como a contribuição da reserva para processos de polinização, estoque de carbono, regulação do solo, do ar e da água também foram convertidos em valores monetários, além do potencial da área para atividades de recreação e geração de conhecimento. “O objetivo é aplicar a metodologia às outras áreas protegidas pela empresa, para quantifcar a importância dessas iniciativas”, diz Campos. A Vale possui, ao todo, 13 700 quilômetros quadrados de áreas protegidas, o que corresponde a três vezes a área que utiliza em suas operações. Em 2012, o investimento para a manutenção dessas áreas atingiu 70 milhões de dólares.
desempenho dIMENsãO gERAL
sETE INdICAdOREs-ChAVE(1)
80,1
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dIMENsãO ECONôMICA
69,9
direitos humanos
77,2
relação com os fornecedores
dIMENsãO sOCIAL
dIMENsãO AMbIENTAL
75,9
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PONTO FORTE
possui programas de gerenciamento e redução do impacto ambiental do transporte de produtos e materiais PONTO FRACO
não publica informações sobre a remuneração de seus diretores e membros do conselho de administração
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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yamana presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 595 Milhões de reais (2)
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 5 900
Um novo rumo para as ações sustentáveis Com a criação de um instituto para coordenar as iniciativas na área, a Yamana quer impulsionar o patrocínio de projetos como educação e geração de renda | maurício oliveira
P
ara consolidar sua política de sustentabilidade no brasil, onde possui três minas em produção e outras três em projeto, a mineradora canadense Yamana, especializada em ouro, acaba de ofcializar a criação do Instituto Yamana de Desenvolvimento Socioambiental. O objetivo da nova instituição é unifcar e coordenar iniciativas que funcionavam de forma descentralizada em suas unidades no Brasil. Um exemplo é o Programa Seminário de Parcerias, que patrocina 85% do valor necessário para projetos de geração de renda, educação, assistência social, saúde, cultura e esportes apresentados pelas comunidades em torno das minas — no ano passado, a companhia destinou 650 000 dólares aos 109 projetos aprovados. Entre eles estão o Ateliê de Marias, uma cooperativa de bordadeiras, e a Associação Tanque Bonito, que vem se benefciando dos patrocínios da mineradora para aprimorar o
cultivo de milho e sisal, por meio de mecanização, construção de silos e melhoramento genético das sementes. Também são considerados bons modelos a ser seguidos o uso de energia solar nos escritórios da mina de Pilar, em Goiás, e o programa de apoio à educação básica nas comunidades em torno da mina Fazenda Brasileiro, em Barrocas, na Bahia, onde os professores passaram por um treinamento sobre métodos de ensino e estratégias motivacionais que ajudaram a aumentar em 15% a nota média dos alunos em testes padronizados. “Já tínhamos conhecimento e bons resultados para apresentar, mas a formalização do instituto dá mais respaldo interno aos projetos de sustentabilidade e facilita o desenvolvimento de parcerias com órgãos públicos ou privados para ampliar a abrangência dessas iniciativas”, diz Ana Lucia Martins, vice-presidente da Yamana nas áreas de segurança, saúde, meio ambiente e relação com comunidades.
desempenho dimensão geral
sete indicadores-chave(1)
65,4
regular
66
direitos huManos
69,8
relação coM os fornecedores
dimensão social
dimensão ambiental
77,1
relação coM a coMunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
Ponto Forte
abaixo da Média
governança da sustentabilidade
dimensão econômica
2. Receita bruta Fonte: Empresa
aciMa da Média
possui áreas que configuram o dever de manutenção de reserva legal e não tem pendências em relação a essas áreas Ponto Fraco
possui código de conduta formal, mas ele não está disponível na área de livre acesso no website da empresa Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 123
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PAPEL E cELULoSE
fibria presença no guia
2000
A mAIs sustENtáVEL
Do sEtoR 2001
2002
2003
faturamento em 2012 3,9 bilhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 4 136
Avanços com a política de boa vizinhança O diálogo constante com as comunidades que vivem no entorno de sua área forestal construiu um ambiente favorável aos negócios da Fibria | LÍVIA ANDRADE
O
pilar social da sustentabilidade nem sempre gera resultados palpáveis, mas os ganhos podem ser enormes. É o que se observa na Fibria, empresa formada em 2008 pela união da Aracruz com a Votorantim Celulose e Papel (VCP). Dona de uma área de mais de 1 milhão de hectares, dos quais 600 000 destinados ao plantio forestal, a fabricante de papel e celulose vivia em confito constante com as comunidades no entorno — indígenas, quilombolas e sem-terra. A grande extensão difculta a proteção efetiva das terras, e a empresa fcava à mercê de invasões. Esse ambiente nada confortável mostrou à Fibria a necessidade de estabelecer uma política da boa vizinhança. “A licença social para operar passou a ser um desafo, pois atuamos em regiões de desigualdade de renda muito grande”, diz Marcelo Castelli, presidente da Fibria. Em 2012, a empresa investiu mais de 27 milhões de reais em
projetos de geração de renda que trazem nova perspectiva para as comunidades ao redor. Prova disso é a queda drástica no volume de madeira furtada — uma redução de 86% de 2011 a 2012. Embora os objetivos da Fibria e dos vizinhos nem sempre convirjam, o empenho da empresa em dialogar e contribuir para o desenvolvimento da região tem trazido bons resultados. Na área ambiental, a Fibria adotou em 2011 a pegada hídrica da organização internacional Water Footprint Network. Desde então, a Fibria passou a fazer um tratamento específco da água usada na secagem da celulose, a chamada água branca. Como resultado, descobriu que boa parte do sólido solúvel nessa água era fbra de celulose. Além de trazer ganhos ambientais, a medida criou um negócio lucrativo. Hoje, a Fibria recupera de 400 a 800 toneladas desse material por ano — que gera uma receita adicional que varia de 400 000 a 800 000 reais por ano.
desempenho DImENsão gERAL
sEtE INDIcADoREs-chAVE(1)
87,2
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
DImENsão EcoNômIcA
89,7
direitos humanos
77,6
relação com os fornecedores
DImENsão socIAL
DImENsão AmbIENtAL
78,1
PoNto FoRtE
incorpora o impacto de aspectos socioambientais no resultado econômicofinanceiro da empresa
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
PoNto FRAco
não inclui metas para reduzir a distância entre a maior e a menor remuneração paga pela empresa
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
124 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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Leandro Fonseca
Marcelo Castelli, presidente da Fibria: entrar em acordo com invasores ao criar alternativas de renda para eles foi fundamental para manter as atividades da empresa
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PAPEL E cELULoSE
irani presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 477 milhões de reais
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 1 580
Análise ambiental de ponta a ponta A gaúcha Irani adota uma nova ferramenta para medir o impacto ambiental da fabricação de seus produtos. O objetivo é aperfeiçoar o processo e reduzir as emissões | lívia andrade
D
esde o ano passado, a gaúcha irani, fabricante de papel e embalagens, está implantando o projeto de análise do ciclo de vida da produção do papel fne kraft de 35 gramas, usado pelas padarias para acondicionar pães, e do papelão ondulado, utilizado em embalagens mais resistentes. O objetivo é quantifcar os impactos ambientais da fabricação desses produtos. “Essa análise permite medir a efciência ambiental dos processos com o objetivo de melhorá-los”, diz Leandro Farina, gerente da área de gestão da Irani. A começar pelo plantio das árvores que vão fornecer a matéria-prima, o estudo faz uma avaliação do impacto de toda a cadeia desde a matéria-prima até o produto fnal. A metodologia contempla 19 categorias, que investigam aspectos como a redução de emissão de gás carbônico, a ocupação do solo e a emissão de gases que provocam a chuva ácida. Com a aju-
da de um software, é possível calcular onde se concentram os pontos mais críticos, como a contaminação do solo. Agora a Irani sabe que emite o equivalente a 0,04 quilo de dióxido de enxofre para cada 1 000 sacos que produz. A partir daí, conseguiu estipular metas para reduzir essas emissões com a aquisição de equipamentos mais modernos para a linha de produção até 2020. Os investimentos devem superar 200 milhões de reais. A próxima fase do projeto deverá incluir a análise das embalagens desde o cliente até seu descarte fnal. “Queremos calcular o impacto do saquinho até ele voltar para nós”, diz Farina. “Se o produto vai para o aterro ou é queimado, ele tem um impacto. Se volta para a indústria, tem outro.” A nova etapa deve começar em novembro, uma vez que ainda depende de acordos setoriais sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada há três anos e cujo prazo de implantação vai até o fm de 2014.
desempenho dimensão geral
sete indicadores-chave(1)
78,8
acima da média
regular
abaixo da média
governança da sustentabilidade
dimensão econômica
73,3
direitos humanos
75
relação com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambiental
72,1
relação com a comunidade
gestão de água gestão da biodiversidade gestão de resíduos
Ponto Forte
tem sistemas de tratamento para reaproveitar a água utilizada em 75% de seus processos produtivos no país Ponto Fraco
não possui pelo menos um membro independente no comitê de sustentabilidade com experiência na área
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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klabin presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 4,3 BILhõES DE REAIS
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 9 704
Menos poluentes lançados na atmosfera A Klabin substitui caldeiras de óleo combustível por equipamentos alimentados por biomassa e reduz em 61% as emissões de carbono | LÍVIA ANDRADE
A
KLABIN, MAIOR FABRICANTE BRASILEIRA DE PAPEL PARA EMBALAGEM, realiza o inventário de emissões de gases desde 2004. De lá para cá, a empresa reduziu em 61% o dióxido de carbono despejado na atmosfera. Várias iniciativas contribuíram para isso, mas a principal medida foi a substituição de caldeiras de óleo combustível por equipamentos mais modernos movidos a biomassa. “A cada tonelada de óleo que deixamos de queimar, evitamos jogar na atmosfera 3 toneladas de gases de efeito estufa”, diz Julio Nogueira, gerente de meio ambiente da Klabin. Em 2012, entraram em operação as caldeiras das unidades de Correia Pinto, em Santa Catarina, e de Angatuba, em São Paulo. Juntas, elas deixarão de emitir pouco mais de 74 000 toneladas de gás carbônico por ano e gerar uma economia de quase 25 toneladas de óleo combustível no período. Hoje, em torno de 80% da matriz energética da em-
presa vem de fontes renováveis como licor preto (gerado pelo cozimento da madeira no processo de extração da celulose), biomassa e energia hidráulica. O Portal Corporativo do Meio Ambiente é outra iniciativa que tem contribuído para melhorar os indicadores ambientais da Klabin. “É uma ferramenta que desenvolvemos para armazenar os indicadores ambientais de cada fábrica. É um lugar comum, em que as 15 unidades lançam seus dados”, diz Nogueira. O portal ajuda a identifcar oportunidades de melhorias. Um exemplo: na unidade de Betim, em Minas Gerais, o consumo de água estava muito abaixo do de Itajaí, em Santa Catarina. Pela análise dos dados, descobriu-se que a unidade mineira reutilizava o efuente na confecção de cola, enquanto a catarinense usava água fresca. A fábrica em Itajaí passou a seguir o método testado em Betim, o que resultou na redução do consumo de água e em benefícios para toda a empresa.
desempenho DImENsão gERAL
sEtE INDIcADoREs-chAVE(1)
62
ACIMA DA MéDIA
REGuLAR
GOvERNANçA DA SuSTENTABILIDADE
DImENsão EcoNômIcA
63,2
DIREITOS huMANOS
68,1
RELAçãO COM OS FORNECEDORES
DImENsão socIAL
DImENsão AmbIENtAL
75,7
RELAçãO COM A COMuNIDADE
GESTãO DE áGuA GESTãO DA BIODIvERSIDADE GESTãO DE RESíDuOS
PoNto FoRtE
ABAIxO DA MéDIA
Adota critérios de riscos sociais e ambientais para selecionar seus principais fornecedores PoNto FRAco
O percentual de aprendizes contratados não corresponde ao mínimo de 5% nem ao máximo de 15% dos trabalhadores, conforme a lei Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 127
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SErvIçoS DE SAúDE
fleury presença no guia
2000
2001
a mais sustEntávEl
do sEtor 2002
faturamento em 2012 1,5 bilhÃo de reAis
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 9 500
Dividindo conhecimento com parceiros O grupo Fleury cria projeto para compartilhar boas práticas de gestão, qualidade e inovação com organizações sem fns lucrativos da área de saúde | juliana portugal
O
grupo fleury começou suAs AtividAdes em 1926 como um pequeno laboratório de análises clínicas em São Paulo. Hoje é um dos maiores prestadores de serviços de saúde no Brasil, com 186 unidades de atendimento em seis estados e no Distrito Federal. Ao longo de sua história, destacou-se por vários motivos. Por exemplo, foi a primeira empresa do país e uma das primeiras do mundo, em 1998, a entregar resultados de exames laboratoriais pela internet. Há dois anos, lançou uma iniciativa para difundir, entre organizações sem fns lucrativos que atuam na área da saúde, o conhecimento acumulado ao longo de décadas. Batizado de Projeto Dom, o objetivo é apresentar conceitos de gestão, qualidade e inovação para as ONGs selecionadas. Representantes das organizações assistem a aulas na universidade corporativa do Fleury sobre temas como ética e conduta ou formas de economizar ener-
gia e água. Ao fnal das aulas teóricas, as entidades desenvolvem um projeto prático com o acompanhamento de um especialista do Fleury por três meses. Em 2012, na primeira edição, dez ONGs do estado de São Paulo foram selecionadas para participar do programa. Neste ano, foram escolhidas mais 13 entidades de todo o país. “O objetivo é contribuir para que o setor de saúde seja sustentável, que o conhecimento seja compartilhado e que as melhores práticas sejam adotadas”, diz Vivien Rosso, que assumiu a presidência do Fleury em setembro. Ela afrma que o grupo também tem a ganhar com essa iniciativa. “Inspirados nas ONGs, aprendemos como fazer mais com menos recursos.” Exemplo disso é o próprio investimento realizado no projeto: menos de 1% do faturamento da empresa. “Nosso investimento é baixíssimo, pois as matérias-primas do Projeto Dom são o conhecimento e o tempo dos nossos profssionais”, diz a executiva.
desempenho dimEnsão gEral
sEtE indicadorEs-chavE(1)
88,1
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimEnsão Econômica
73,5
direitos humAnos
80,9
relAçÃo com os fornecedores
dimEnsão social
dimEnsão ambiEntal
75,3
ponto FortE
A participação de mulheres nos quadros da empresa é superior a 40% em cargos de gerência
relAçÃo com A comunidAde
gestÃo de águA gestÃo dA biodiversidAde gestÃo de resíduos
ponto Fraco
A empresa não incentiva a contratação de pequenos e médios fornecedores em suas operações
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
128 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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Germano Lüders
Vivien Rosso, presidente do grupo Fleury: ONGs participantes assistem a aulas teóricas e depois desenvolvem um projeto prático com a ajuda de especialistas
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 129
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SErvIçoS DE SAúDE
albert einstein presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 1,6 bilhão de reAis
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 10 200
Metas para ir além do leito do hospital Com a elaboração de um Plano Diretor de Sustentabilidade, o Hospital Albert Einstein acelera a adoção de medidas para reduzir o impacto ambiental de suas atividades | juliana portugal
O
hospitAl Albert einstein, em são pAulo, está investindo Alto para continuar como um dos melhores do país no setor. Nos últimos cinco anos, aplicou 1 bilhão de reais em ampliação da capacidade de atendimento, equipamentos e infraestrutura — e pretende investir mais 1 bilhão nos próximos cinco anos. Em 2012, realizou 524 cirurgias com a ajuda de robôs, 11% mais do que no ano anterior, e o primeiro transplante multivisceral — de vários órgãos numa mesma paciente — do país. Se a excelência hospitalar é indiscutível, o Einstein persegue agora a mesma qualidade em outras áreas. Para isso, lançou há dois anos um Plano Diretor de Sustentabilidade, documento que abrange 30 temas e mais de 90 diretrizes para nortear o crescimento sustentável. “Precisávamos fazer algo”, diz Cláudio Lottenberg, presidente do Einstein. “A cada dia, geramos 10 toneladas de resíduos. É
um volume alto, um verdadeiro arsenal de agressão ao meio ambiente.” Após a elaboração do plano, uma iniciativa pioneira na área hospitalar, o Einstein começou a colocar algumas ações em prática para reduzir de forma mais consistente seu impacto ambiental. No início de 2012, por exemplo, adquiriu dois redutores de resíduos orgânicos, máquinas que podem processar cerca de 800 quilos de resíduos por dia, originando composto orgânico e água. Outra iniciativa, que está sendo concluída neste ano, é a instalação de dois equipamentos de autoclave, que permitirá ao hospital tratar 3,3 toneladas de resíduos infectantes produzidas diariamente. Após a desinfecção, esses resíduos serão triturados e encaminhados a aterros sanitários, deixando de representar um risco para a sociedade. “O paciente continua sendo nossa prioridade, mas precisamos expandir a preocupação para além do leito do hospital”, diz Lottenberg.
desempenho dimEnsão gEral
sEtE indicadorEs-chavE(1)
72,7
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimEnsão Econômica
78
direitos humAnos
64,5
relAção com os fornecedores
dimEnsão social
dimEnsão ambiEntal
68,7
ponto FortE
tem programas para o gerenciamento de seu desempenho de saúde e segurança no trabalho
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
ponto Fraco
A quantidade de água tratada e reaproveitada em suas unidades está abaixo de 25%
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
130 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
Sustenta_Servicos de saude_FLEURY.indd 130
10/31/13 5:13 PM
1034923-SERVICO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL SENAC-1_1-1.indd 131
31/10/2013 16:49:44
SIDErUrGIA
alcoa presença no guia
2000
2001
a mais sustentável
do setor 2002
2003
faturamento em 2012 2,7 bilhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 6 200
Reciclar traz milhões a mais na receita
Cada tonelada de alumínio produzido gera 3 toneladas de resíduo. A Alcoa reaproveita atualmente 77% desse material e tem a meta de chegar a 100% até 2030 | ana paula ribeiro
O
Alumínio é um dos mAteriAis mAis reciclAdos no brAsil — 35% dos produtos e peças que levam o material são reutilizados, índice que chega a 98% no caso das latas de bebida. No entanto, seu processo de industrialização gera um volume elevado de resíduos. Para cada tonelada de alumínio, outras 3 toneladas de resíduos são geradas. Para reduzir o impacto ambiental, a americana Alcoa está empenhada em dar uma destinação adequada a esse material. Hoje, a empresa recicla 77% dos resíduos. “Nossa meta é chegar a 100% até 2030”, diz Franklin Feder, presidente da Alcoa no Brasil. A maior parte dos resíduos reciclados é reaproveitada na fabricação de mais alumínio, num processo conhecido como refusão. O restante é destinado à indústria da construção civil, na forma de tijolos ou de pavimento para as ruas — cujas vendas geraram no ano passado receita de quase 10 milhões de reais. Mas o impacto
ambiental não se restringe à produção de resíduos. Para obter o alumínio, a Alcoa gasta uma quantidade elevada de energia, gerada por hidrelétricas ou por termelétricas a carvão vegetal. De olho no custo e no impacto ambiental, a Alcoa mantém um programa de efciência energética. As ações adotadas no ano passado resultaram numa redução de 6,5% no consumo de energia, uma economia de 39 milhões de reais. Apesar dessas iniciativas, a Alcoa enfrenta difculdades para alcançar a meta de autossufciência na produção de energia — hoje, o índice é de 70% de geração própria. A empresa tinha participação na concessão de duas usinas hidrelétricas, a Pai Querê, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e a Santa Isabel, entre Tocantins e Pará, que lhe permitiriam chegar perto da autossufciência nos próximos anos. “Tivemos de devolver as concessões ao governo pela difculdade de obter as licenças ambientais”, diz Feder.
desempenho dimensão geral
sete indicadores-chave(1)
72,6
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimensão econômica
92,2
direitos humAnos
88,9
relAção com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambiental
79,3
ponto Forte
A avaliação do desempenho de todos os diretores considera indicadores ambientais da empresa
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
ponto Fraco
não inclui o sindicato na negociação de sua política salarial nem na negociação na data-base de cada categoria
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
132 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
Sustenta_Siderurgia_ALCOA.indd 132
10/31/13 5:22 PM
Germano Lüders
Franklin Feder, presidente da Alcoa: dificuldades com licenciamento ambiental atrapalham o plano de autossuficiência na geração de energia elétrica
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 133
Sustenta_Siderurgia_ALCOA.indd 133
10/31/13 5:22 PM
SIDErUrGIA
aperam presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 2,6 bilhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 2 200
Como usar a água com inteligência
A Aperam reutiliza 96% da água que capta de rios para o consumo em sua linha de produção. O alto índice de reaproveitamento permite cortar as despesas pela metade | ana paula ribeiro
C
iente de que A Adoção de práticAs sustentáveis pode gerAr uma economia considerável, a Aperam (antiga Acesita), fabricante de aço inoxidável, atingiu elevado grau de reutilização de água em seu processo de produção. A empresa consegue dar um novo uso a 96% da água que capta, um dos melhores índices da siderurgia brasileira. Depois de tratada, a água é usada novamente em processos industriais ou mesmo para o consumo. Essa iniciativa começou há mais de uma década, mas só agora a empresa sentirá as vantagens fnanceiras dessa prática. Isso porque, a partir deste ano, a Aperam deve começar a pagar pela água que capta nos rios Piracicaba, em São Paulo, e Doce, em Minas Gerais, seguindo resolução da Agência Nacional de Águas, que prevê a cobrança de uma compensação pelo uso de rios de domínio dos estados ou da União. Em 2012, a Aperam captou 14,9 milhões de metros cú-
bicos de água, o sufciente para encher 6 000 piscinas olímpicas. A empresa estima que pagará 380 000 reais de conta de água neste ano. “Se não tivéssemos um alto índice de reúso, pagaríamos o dobro“, diz Ilder Camargo Silva, diretor de recursos humanos e sustentabilidade. Além da preocupação com o uso efciente dos recursos, a empresa se destaca por reciclar 88% dos resíduos da fabricação de aço. Após o tratamento, os resíduos são transformados em agrossilício, que serve para corrigir o solo, ou usados para produzir cimento. Apesar dos cuidados com o meio ambiente, nem tudo vai bem: a Aperam enfrenta uma investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), após ter sido acusada pelo sindicato das indústrias de laminação de adotar práticas comerciais desleais — ao importar aço inoxidável e, assim, prejudicar distribuidores independentes. A Aperam nega as acusações e aguarda um parecer defnitivo do Cade.
desempenho dimensão geral
sete indicadores-chave(1)
74,9
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimensão econômica
71
direitos humAnos
82
relAção com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambiental
77,5
ponto Forte
existe um comitê de sustentabilidade ou de responsabilidade empresarial estabelecido no brasil
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
ponto Fraco
não tem um programa para sensibilização e educação com cronograma e metas específicas sobre sustentabilidade
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
134 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
Sustenta_Siderurgia_ALCOA.indd 134
10/31/13 5:22 PM
arcelormittal presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 13,2 bilhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 8 400
Menos resíduos e mais produção A ArcelorMittal aproveita 95% dos resíduos gerados na siderúrgica e aposta na fabricação de aços especiais mais leves, que reduzem as emissões de carbono | ana paula ribeiro
M
Ais de 300 quilômetros de estrAdAs rurAis ou vicinAis em 11 municípios do Espírito Santo foram feitos com um tipo de brita proveniente da reutilização de resíduos da indústria siderúrgica. Esse é um dos produtos desenvolvidos pela ArcelorMittal no Brasil, que consegue reutilizar 95% de suas sobras, acima da média do setor, de 80%. “O ideal é reduzir a quantidade de resíduos, mas, quando isso não é possível, temos de reaproveitá-los”, diz Luiz Antonio Rossi, gerente-geral de relações institucionais e sustentabilidade da ArcelorMittal. De acordo com a empresa, a substituição da brita tradicional e da areia pelo novo produto diminui até 50% o custo do material em obras de pavimentação. Os resíduos são também aproveitados nas unidades industriais da ArcelorMittal. O total de resíduos gerados pela companhia em 2012 foi de 4,4 milhões de toneladas, queda de 5,6% em relação ao ano an-
terior. Além de reduzir e reutilizar os resíduos, outra preocupação é usar melhor os recursos renováveis. No caso da energia elétrica, a empresa desenvolveu um sistema de recuperação de calor — os gases emitidos na produção de aço são reaproveitados na geração de energia elétrica. Essa e outras iniciativas possibilitaram que a ArcelorMittal tivesse receita de 5 milhões de dólares em 2012 com a venda de créditos de carbono. O desenvolvimento de novos produtos mais sustentáveis também está no radar da companhia. É o caso de um aço plano especial para a indústria automotiva. Por ser 20% mais leve do que o aço comum, permite redução de 14% na emissão de gases estufa dos carros. A nova tecnologia já representa de 8% a 10% do total do aço consumido na produção de veículos no Brasil. “Esse é um exemplo de que a sustentabilidade também pode ajudar uma indústria a se tornar mais competitiva”, diz Rossi.
desempenho dimensão geral
sete indicadores-chave(1)
64
AcimA dA médiA
regulAr
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimensão econômica
69,5
direitos humAnos
83
relAção com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambiental
86,4
ponto Forte
AbAixo dA médiA
Adota critérios sociais e ambientais na seleção dos fornecedores de sua operação brasileira
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
ponto Fraco
o comitê de sustentabilidade da companhia no país não inclui pelo menos um membro independente Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 135
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SIDErUrGIA
novelis presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 2,7 bilhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 1 769
Transformando sucata em bilhões
Mais da metade da produção de folhas de alumínio da Novelis é obtida com material reciclado. Para abastecer a fábrica, é preciso até trazer latas usadas de outros países | AnA PAULA RIBEIRO
R
ecolher sucAtA pode ser um bom negócio. é o que mostrA a siderúrgica Novelis, que transforma alumínio em laminados (folhas de baixa espessura), usados principalmente em embalagens de bebida. De sua produção anual de 395 000 toneladas, 57% vêm de material reciclado, que chega à empresa por meio de centros de coleta ou de sucateiros. Até 2020, a meta é elevar para 80% o uso de material reciclado. Para isso, está investindo 340 milhões de dólares na ampliação da capacidade de produção e mais 35 milhões de dólares no centro de reciclagem, que passará a processar 390 000 toneladas de sucata por ano, quase a dobro da capacidade atual. É fácil entender por que a Novelis está investindo em reciclagem. A transformação de alumínio primário em laminados consome 15,9 megawatts-hora de energia por tonelada. Quando a matéria-prima é sucata, o processo é mais simples e o con-
sumo de energia cai para 0,05 megawatt-hora para produzir a mesma quantidade. Carlos de Moraes, diretor de reciclagem da empresa, explica que o custo do produto feito de material reciclado não cai na mesma proporção que o consumo de energia porque é preciso contabilizar também os gastos com a sucata, as perdas e a limpeza. Mas acredita que essa é a melhor estratégia para garantir a sustentabilidade do negócio. “Hoje o custo do material primário ou reciclado é quase equivalente, mas os produtos de origem mineral tendem a fcar cada vez mais escassos e caros”, diz Moraes. “Reciclar passará a ser uma vantagem competitiva.” A demanda por sucata para abastecer a fábrica é tão grande que a Novelis precisa importar latas usadas — no Brasil, o índice de reciclagem dessas embalagens chega a 98%, um dos mais altos do mundo. Do material utilizado pela Novelis, 10% vêm de países da América do Sul, da América Central e da Ásia.
desempenho dImEnsãO gERAL
sEtE IndIcAdOREs-chAvE(1)
56,1
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dImEnsãO EcOnômIcA
74,7
direitos humAnos
72,7
relAção com os fornecedores
dImEnsãO sOcIAL
dImEnsãO AmBIEntAL
76,1
POntO FORtE
A empresa utiliza materiais reciclados em todas as suas operações no país
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
POntO FRAcO
não faz parceria no desenvolvimento socioeconômico das comunidades do entorno
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
136 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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1034392-AMIL ASSISTENCIA MEDICA INTERNACIONAL S_A-1_1-1.indd 137
31/10/2013 17:20:04
TELEcoMUNIcAçõES
algar telecom presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 1,8 bilhÃo de reAis
2003
2004
2005
2006
2007
a mais sustentável
Do setor 2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 3 000
Novos usos para o velho orelhão A Algar Telecom transforma as coberturas de telefone público descartadas em produtos úteis para a sociedade e estimula boas práticas em sua rede de fornecedores | Flávia D’angelo
A
lém de incentivAr práticAs sustentáveis internAmente, como coleta seletiva de lixo e medidas para reduzir o consumo de energia e pa pel, a Algar Telecom — empresa do grupo Algar, que atua nas áreas de telecomunicações, serviços, turismo e agronegócio — se preocupa em dar sua contribuição para a sociedade. Um exemplo é o projeto Boi na Linha, que des de 2011 promove a reutilização de orelhões — coberturas que servem para proteger os telefones públicos — na pecuá ria. Feitos de fbra de vidro, material que leva milhares de anos para se decompor na natureza, os orelhões inutilizados por vândalos ou pela ação do tempo são usados como reci pientes para água e ração de gado no campo. A Algar Tele com reforma e doa até 3 000 orelhões por ano para coope rativas e pequenos produtores rurais. Atualmente, cerca de 300 famílias são benefciadas com o projeto, desenvolvido
em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia e com a Emater, empresa de extensão rural de Minas Gerais. Além de cochos para gado, a Algar está desenvolvendo novas aplicações para reaproveitar os orelhões descartados — co mo berços, poltronas, jardineiras e carrinhos de mão. “Esse projeto não dá lucro para a empresa, mas o ganho ambiental é claro”, diz Divino Sebastião de Souza, presidente da Algar Telecom. Com uma carteira de quase 4 000 fornecedores e um volume de compras de 1 bilhão de reais por ano, a Algar Telecom quer usar esse poder de fogo para infuenciar sua cadeia a adotar práticas sustentáveis. Por isso, criou um pro grama de educação dos fornecedores e inclui nos contratos uma cláusula de cumprimento da legislação ambiental. “Es colhemos nossos fornecedores com base em regras de que não abrimos mão”, diz Souza. “A ideia é contribuir para o desenvolvimento sustentável também de nossos parceiros.”
desempenho Dimensão geral
sete inDicaDores-chave(1)
74,5
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
Dimensão econômica
71,4
direitos humAnos
84,6
relAçÃo com os fornecedores
Dimensão social
Dimensão ambiental
84
Ponto Forte
contrata especialistas externos para auxiliar o conselho de administração em questões relevantes
relAçÃo com A comunidAde
gestÃo de águA gestÃo dA biodiversidAde gestÃo de resíduos
Ponto Fraco
não divulga suas metas para a melhoria de desempenho nas dimensões ambiental, econômica e social
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
138 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
Sustenta_Telecomunicacoes_ALGAR TELECOM.indd 138
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Germano Lüders
Divino Sebastião de Souza, presidente da Algar Telecom: com o projeto Boi na Linha, orelhões danificados viram recipientes para alimentação do gado
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 139
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TELEcoMUNIcAçõES
TELEFÔNICA VIVO presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 35 bilhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 19 419
Menos impacto na hora de multiplicar as antenas A operadora Vivo desenvolve uma tecnologia que aproveita os postes de iluminação pública existentes e evita a construção de novas torres de transmissão de sinais | Flávia D’angelo
M
otivo de frequentes queixAs dos clientes, A quAlidAde dos serviços de telefonia móvel e internet no Brasil só vai melhorar com a instalação de mais antenas de transmissão de sinais. No entanto, os especialistas apontam que a legislação confusa — há mais de 250 leis municipais e estaduais que regulam o assunto no Brasil — e as restrições ambientais têm difcultado a instalação desses equipamentos na velocidade necessária. Para contornar os obstáculos, a empresa Telefônica Vivo começou a usar uma alternativa de baixo impacto ambiental e reduzida interferência nos espaços urbanos: a antena é fxada nas laterais de postes de iluminação pública existentes, enquanto os demais equipamentos são instalados em caixas subterrâneas de fberglass, plástico reforçado com fbra de vidro, para evitar a contaminação do solo. A primeira antena desse tipo foi instalada no Rio de Janeiro em 2012.
Atualmente, há 16 antenas sustentáveis em operação — dez no Rio, três em Manaus, duas em São Paulo e uma em Brasília. A meta é chegar a 500 até meados de 2014. “Com essa tecnologia, evitamos a construção de novas torres e proporcionamos um visual mais limpo para as cidades, além de diminuir em 10% o consumo de energia”, diz Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica Vivo, cujo plano de investimento prevê a aplicação de mais de 24 bilhões de reais de 2011 a 2014 para a modernização da infraestrutura, incluindo antenas. A companhia, que em 2012 passou a fazer parte da lista de empresas líderes em sustentabilidade do Pacto Global das Nações Unidas e foi listada no Índice de Sustentabilidade Empresarial da bolsa de valores BM&F Bovespa, patenteou a tecnologia das antenas sustentáveis, mas se dispõe a oferecê-la às demais operadoras. “O setor vai ganhar se oferecermos um serviço melhor”, diz Valente.
desempenho Dimensão geRal
seTe inDicaDoRes-chave(1)
69,1
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
Dimensão econômica
92,5
direitos humAnos
69,1
relAção com os fornecedores
Dimensão social
Dimensão ambienTal
70,6
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
PonTo FoRTe
quantifica aspectos socioambientais nas projeções financeiras de todas as áreas da companhia PonTo FRaco
não incorpora avaliações das partes interessadas, como clientes e funcionários, em seu relatório de sustentabilidade
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
140 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
Sustenta_Telecomunicacoes_ALGAR TELECOM.indd 140
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582289.indd 141
31/10/2013 16:59:16
TrANSporTE
ecofrotas presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 3,3 bilhões de reAis
2004
A MAIs sUstEntáVEL
dO sEtOR 2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 632
Ganhos fnanceiros na ponta do lápis A gaúcha Ecofrotas, que cuida da gestão da frota de seus clientes, desenvolveu um método para mostrar, com números, a vantagem de ações ambientalmente corretas | MAURÍCIO OLIVEIRA
C
riAdA em 2009 pArA AjudAr As empresAs A gerir suA frotA de forma sustentável, a gaúcha Ecofrotas logo percebeu que, para conquistar clientes, precisa mostrar com números que é possível aliar preocupação ambiental com vantagens fnanceiras. Com esse objetivo, a Ecofrotas criou um método para medir os efeitos de várias ações ambientalmente corretas, incentivando seus clientes a ter uma visão sistêmica sobre o tema. Um exemplo é a escolha do combustível para abastecer veículos fex. Pelos cálculos da Ecofrotas, essa escolha deixa de se dar apenas em razão do preço da gasolina ou do etanol, como normalmente ocorre, e passa a considerar uma série de outros fatores, como o nível de emissão de gases estufa, a obtenção de créditos de carbono e o efeito de cada combustível no desgaste dos veículos. Quando todos esses fatores são contabilizados pelo seu valor monetário estimado, fca
evidente a limitação da regra tradicionalmente adotada no mercado: é vantajoso usar etanol somente se seu preço for inferior a 70% do da gasolina. “Com base em mais de três anos de análises de indicadores de desempenho captados no momento do abastecimento, demonstramos às empresas que vale a pena optar pelo etanol, menos poluente, ainda que seu valor alcance 80% do preço da gasolina”, diz Rodrigo Somogyi, gerente de inovação e sustentabilidade. A disseminação desse e de outros conceitos — como a importância da manutenção preventiva dos veículos e da capacitação dos motoristas — pode fazer a diferença em uma empresa que gerencia atualmente 640 000 veículos, incluindo a frota de grandes corporações, como Votorantim, BRF e Algar Telecom. “Nosso objetivo é gerar valor econômico, social e ambiental para nossos clientes — se possível, tudo ao mesmo tempo”, diz Marcos Schoenberger, presidente da Ecofrotas.
desempenho dIMEnsãO gERAL
sEtE IndICAdOREs-ChAVE(1)
55
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dIMEnsãO ECOnôMICA
74
direitos humAnos
70,8
relAção com os fornecedores
dIMEnsãO sOCIAL
dIMEnsãO AMbIEntAL
87,4
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
POntO FORtE
seleciona fornecedores de acordo com indicadores de riscos socioambientais e os ajuda na adoção de boas práticas POntO FRACO
tem relatório de sustentabilidade, mas não estabelece metas de melhoria de aspectos sociais e ambientais
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
142 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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Leandro Fonseca
Marcos Schoenberger, presidente da Ecofrotas: a melhor maneira de convencer clientes a adotar práticas sustentáveis é mostrar o que podem ganhar com isso
Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 143
Sustenta_Transporte_ECOFROTAS.indd 143
10/31/13 3:48 PM
TrANSporTE
libra presença no guia
2000
2001
2002
faturamento em 2012 1 bilhâo de reAis
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 3 269
Operação logística de baixo carbono O Grupo Libra reduz as emissões de gases e o consumo de diesel na movimentação de contêineres e investe em treinamento para baixar o número de acidentes | MAURÍCIO OLIVEIRA
U
m dos mAiores grupos brAsileiros de logÍsTicA de comércio exTerior, o Libra vem se esforçando para cumprir uma série de metas relacionadas à sustentabilidade. Diminuiu 10% as emissões de dióxido de carbono nos últimos três anos e tem investido na compra de equipamentos ambientalmente corretos, como o Eco-RTG, pórtico sobre rodas que movimenta as cargas dentro dos terminais. O Eco-RTG utiliza o próprio peso dos contêineres para gerar parte da energia necessária a seu funcionamento — com isso, o consumo de diesel na empresa caiu 3% em um ano, mesmo com o aumento de 6% no volume total de movimentações. Em outro programa implantado recentemente, os uniformes que chegam ao fnal da vida útil deixaram de ir para o lixo e passaram a ser enviados a um projeto social que recicla os tecidos para o uso por artesãos, com parte da produção sendo comprada pela
própria empresa. O Prêmio Libra de Inovação e Sustentabilidade, criado para envolver cada vez mais a equipe nos desafos relacionados à sustentabilidade, já resultou na implantação de 56 projetos nascidos em encontros específcos para a discussão do tema. Entre todas as iniciativas recentes, a mais comemorada internamente é a que resultou na queda de 74% no número de acidentes com afastamento de empregados, na comparação entre o ano encerrado em setembro de 2013 e o mesmo período anterior. “Depois que registramos 49 ocorrências em 2012, estabelecemos que a principal meta em 2013 seria a segurança de nossos colaboradores, pois nada pode ser mais urgente e importante do que isso”, afrma Marcos Rossa, gerente de sustentabilidade. Para reduzir o número de acidentes, a empresa investiu na prevenção por meio de treinamentos e programas de conscientização dos empregados.
desempenho dIMEnsãO gERAL
sEtE IndICAdOREs-ChAVE(1)
72,2
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA susTenTAbilidAde
dIMEnsãO ECOnôMICA
69,7
direiTos humAnos
57,3
relAção com os fornecedores
dIMEnsãO sOCIAL
dIMEnsãO AMbIEntAL
77,8
POntO FORtE
contrata especialistas externos para auxiliar o conselho de administração em questões relevantes
relAção com A comunidAde
gesTão de águA gesTão dA biodiversidAde gesTão de resÍduos
POntO FRACO
não informa os funcionários sobre o risco de envolvimento direto ou indireto da empresa com trabalho forçado
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
144 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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582528.indd 145
31/10/2013 16:59:39
vArEjo
walmart presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 14,7 bilhões de reAis
a mais sustentável
do setor 2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários ni
Tecnologia a serviço da preservação da Amazônia A rede Walmart investe em sistema de monitoramento por satélite para garantir que a carne vendida em seus supermercados tenha origem sustentável | adriana carvalho
A
s estAtísticAs mostrAm que 80% do desmAtAmento dA AmAzôniA está ligado à atividade pecuária. Além do prejuízo ambiental, não são raros os casos de desrespeito à demarcação de áreas indígenas e às leis trabalhistas. Para ajudar a mudar essa realidade, a rede varejista Walmart iniciou, há quatro anos, um programa de pecuária sustentável que incorporou duas novas ferramentas em 2013: um sistema de monitoramento por satélite para checar a origem da carne dos fornecedores e um projeto para capacitar os pecuaristas a produzir de forma mais sustentável. “Para sermos de fato uma empresa sustentável, é fundamental considerarmos as questões socioambientais em cada decisão do negócio”, diz Guilherme Loureiro, presidente do Walmart Brasil. “Para isso, não podemos olhar apenas os impactos diretos para a empresa mas todo o ciclo, desde a fabricação até o consumo.” O sistema
de monitoramento, que exigiu um investimento de 500 000 reais, permite visualizar se as fazendas estão desmatando e se ocupam terras indígenas ou embargadas. Até agora, o Walmart não observou nenhuma situação irregular. “Se for detectado algum problema, deixaremos de comprar desse fornecedor”, afrma Loureiro. Para garantir a origem sustentável da carne, o Walmart fez uma parceria com os frigorífcos JBS e Marfrig e com a organização The Nature Conservancy para dar apoio técnico aos produtores que desejem seguir as normas ambientais. Se nesse aspecto a rede varejista faz avanços, na área social ainda enfrenta desafos. No início de outubro, foi condenada em segunda instância pelo Tribunal Regional do Trabalho no Distrito Federal e em Tocantins a pagar 22 milhões de reais em uma ação coletiva de assédio moral movida por funcionários e ex-funcionários. O Walmart informou que recorrerá da decisão.
desempenho dimensão geral
sete indicadores-chave(1)
72,4
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimensão econômica
70
direitos humAnos
82,3
relAção com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambiental
71,8
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
Ponto Forte
realiza o monitoramento periódico para riscos estratégicos, operacionais, financeiro e de reputação Ponto Fraco
A varejista não publica os resultados financeiros da operação brasileira
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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Germano LĂźders
Guilherme Loureiro, presidente do Walmart: parcerias com ONGs e fornecedores para assegurar que todos trabalhem dentro das normas ambientais
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pME
sabin presença no guia
2000
a mais sustentável
do setor 2001
2002
2003
faturamento em 2012 218 milhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 1 845
Estímulo à ciência — e à motivação
O Laboratório Sabin incentiva os trabalhos acadêmicos dos funcionários. O retorno vem na forma de aumento da motivação e da capacitação técnica | dubes sônego
O
lAborAtório sAbin, de brAsíliA, foi um dos destAques neste Ano de um dos maiores eventos de medicina laboratorial do mundo, realizado em julho pela Associação Americana de Química Clínica, nos Estados Unidos. Dos 900 trabalhos apresentados no congresso, 86 eram brasileiros — e o único que levou um primeiro prêmio nas categorias em disputa foi do Sabin. Conduzido pela biomédica Júlia Vasques, o estudo abre novas perspectivas para melhorar a conservação de amostras de DNA em exames laboratoriais com o uso de anticoagulantes. Foi o estudo de maior projeção na história do Sabin — mas não o único. Em 2012, outros 38 foram divulgados em congressos e publicações especializadas. Alguns projetos nascem fora das mais de 120 unidades do Sabin, mas se tornam realidade com a ajuda da companhia, que oferece apoio laboratorial para projetos internos ou de universidades e
pesquisadores independentes. Como resultado, seu portfólio de pesquisa soma mais de 260 trabalhos nos últimos dez anos. A única exigência é que ao menos um profssional da casa esteja envolvido. O objetivo é garantir a absorção de conhecimento e o aumento da capacitação científca. A estratégia tem dado certo. Em 2012, o Sabin obteve 98% de aprovação no Programa de Excelência para Laboratórios Médicos, sistema de controle de qualidade reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Em 2011, a média era de 94%. O apoio aos estudos também ajuda a motivar os funcionários. “Quando uma pessoa se forma, muitas vezes não encontra um ambiente propício para seu crescimento”, diz Janete Ribeiro Vaz, diretora executiva e cofundadora do Sabin, ao lado da sócia Sandra Costa. “No Sabin, procuramos dar ao funcionário a oportunidade de fazer o que aprendeu na faculdade ou de realizar seus sonhos.”
desempenho dimensão geral
sete indicadores-chave(1)
94,3
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimensão econômica
95,2
direitos humAnos
92,4
relAção com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambiental
88,6
Ponto Forte
existe uma prática clara de separação entre os ativos pessoais do(s) sócio(s) da empresa e os ativos da empresa
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
Ponto Fraco
A presidência do conselho de administração e a presidência da diretoria executiva são ocupadas pela mesma pessoa
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% a 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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Germano Lüders
Janete Ribeiro Vaz, do Laboratório Sabin: apoio a mais de 260 trabalhos científicos em dez anos
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pME
beraca presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 139 milhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 297
Aposta na biodiversidade da região amazônica Com um contrato de fornecimento para a francesa L’Oréal, a paulista Beraca quer se consolidar como a maior produtora de ingredientes da Amazônia | Dubes sônego
M
Aior produtorA de ingredientes do biomA AmAzônico para a fabricação de cosméticos, a paulista Beraca — cujo nome signifca “bênção” em hebraico — fornece matérias-primas para gigantes como a brasileira Natura, a francesa Chanel e a japonesa Shiseido. No ano passado, fechou um contrato com potencial para dar novo impulso a seus negócios na área. Durante a conferência Rio+20, assinou com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, na sigla em alemão) e com a francesa L’Oréal um acordo que prevê investimentos de 1 milhão de euros em suporte técnico e gerencial a 300 famílias de agricultores espalhadas por 24 municípios da Amazônia. À Beraca cabe a parte técnica, que inclui ensinar aos produtores métodos sustentáveis de manejo agrícola, do plantio ao benefciamento. À GIZ, o treinamento em gestão de negócios e cooperativismo. O objetivo é pre-
parar as famílias para que forneçam produtos típicos da região amazônica com certifcação orgânica, constância, qualidade e escala, que serão então processados e vendidos à L’Oréal. Segundo Ulisses Sabará, que administra a Beraca com o irmão Marcos Antônio, o projeto começou com o fornecimento de insumos amazônicos como manteiga de murumuru, óleo de semente de pracaxi e açaí. Mas a linha pode ser ampliada à medida que as vendas dos produtos cresçam e a L’Oréal desenvolva produtos à base de matérias-primas da Amazônia. Com os 15 produtos orgânicos coletados na região, a Beraca faturou 16 milhões de reais em 2012. É pouco mais de 10% do total de 139 milhões de reais de sua receita — a maior parte vem de produtos e serviços para tratamento de água. “Mas os ingredientes naturais da Amazônia representam um flão que cresce 25% ao ano, com grandes perspectivas de expansão”, diz Ulisses Sabará.
desempenho Dimensão geral
sete inDicaDores-chave(1)
65,4
AcimA dA médiA
regulAr
AbAixo dA médiA
governAnçA dA sustentAbilidAde
Dimensão econômica
80,6
direitos humAnos
87,1
relAção com os fornecedores
Dimensão social
Dimensão ambiental
81,4
Ponto Forte
realiza parcerias para o desenvolvimento socioeconômico das comunidades do entorno
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
Ponto Fraco
não possui metas de desempenho em saúde e em segurança do trabalho em suas operações
1. Acima da média (verde) = cumpre 70% ou mais dos requisitos; Regular (amarelo) = cumpre entre 40% e 70% dos requisitos; Abaixo da média (vermelho) = cumpre menos de 40% dos requisitos Fonte: GVces
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grupo rio quente presença no guia
2000
2001
2002
2003
faturamento em 2012 318 milhões de reAis
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
número de funcionários 2 072
A preservação do bem mais precioso No Grupo Rio Quente, água é um fator fundamental. Por isso, o complexo hoteleiro adota medidas para conservar e reutilizar esse recurso | dubes sônego
C
om um complexo de oito hotéis em goiás, o grupo rio quente depende de um recurso fundamental para a sustentabilidade de seu negócio: água. Boa parte dos clientes que buscam seus resorts está atrás da água termal — o grupo conta com 18 nascentes, que formam o maior complexo de piscinas com água quente natural do mundo, e é dono também do maior parque aquático da América do Sul, o Hot Park. Para evitar a degradação da bacia hidrográfca que abastece o complexo, o grupo adota um conjunto de medidas. Uma delas é o reaproveitamento de 3% dos 156 milhões de litros de água que brotam diariamente das nascentes — volume sufciente para encher 730 piscinas olímpicas por ano. A água das piscinas é desinfetada com cloro e bombeada para reservatórios que abastecem os hotéis, a cozinha central, o Hot Park, a vila dos funcionários e o prédio da administração. Depois de usada, é tratada e
devolvida ao rio. Outra medida é a manutenção de áreas permeáveis, para garantir a renovação do lençol freático no qual é formada a água quente. Os estacionamentos, por exemplo, são pavimentados com material que deixa passar a água da chuva. Para reduzir o impacto ambiental causado pelos efuentes, o grupo construiu uma estação de tratamento de esgoto com capacidade para 1,8 milhão de litros de dejeto por dia. Além disso, para que as medidas tenham alcance mais amplo, desenvolve programas de plantio de árvores e ações educativas. A empresa abre regularmente suas instalações para a visita de escolas e outros grupos da comunidade. Depois de palestras sobre a formação da água quente ou a importância da cobertura vegetal, as piscinas são liberadas aos visitantes. “É uma forma de deixar que aproveitem os recursos que estão aprendendo a conservar”, diz Neide Gonçalves, assessora de meio ambiente do grupo.
desempenho dimensão geral
sete indicadores-chave(1)
80,4
AcimA dA médiA
regulAr
governAnçA dA sustentAbilidAde
dimensão econômica
96,1
direitos humAnos
73,5
relAção com os fornecedores
dimensão social
dimensão ambiental
73,1
Ponto Forte
AbAixo dA médiA
em seu relatório de sustentabilidade, a companhia apresenta a remuneração de diretores e conselheiros
relAção com A comunidAde
gestão de águA gestão dA biodiversidAde gestão de resíduos
Ponto Fraco
não seleciona nem monitora os fornecedores para evitar envolvimento com trabalho forçado ou compulsório Novembro 2013 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 151
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as empresas mais
sustentáveis
por categoria Governança da Sustentabilidade Direitos Humanos Relação com a Comunidade Relação com os Fornecedores Gestão da Água Gestão da Biodiversidade Gestão de Resíduos
Sustenta-CAPINHA-Temas.indd 153
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AS MAIS SUSTENTávEIS por cATEGorIA
Plantação de dendê na cidade de Tailândia, no Pará: a Unilever tem 100% de sua compra de óleo de palma feita de fontes com certificação ambiental
154 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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categoria: governança
unilever Todos vestem a mesma camisa
Com metas para seus 13 500 funcionários no país, a Unilever caminha para dobrar de tamanho e reduzir à metade o impacto ambiental até 2020 | Flávia Furlan
MANOEL MARQUES
E
m 2010, a anglo-holandesa UnIleVeR, maIoR fabricante de bens de consumo do mundo, divulgou seu plano de dobrar de tamanho e, ao mesmo tempo, reduzir à metade seu impacto ambiental até 2020. “No Brasil, vamos atingir essa meta mais rapidamente do que no restante do mundo”, diz Fernando Fernandez, presidente da Unilever no Brasil. Em 2012, a empresa faturou 13,6 bilhões de reais no país — 12,4% mais em relação ao ano anterior. Além disso, alcançou o objetivo de enviar zero de resíduo a aterros em quatro de suas nove fábricas e a garantia de que todo o óleo consumido vem de fonte sustentável. Como a empresa conseguiu isso? Visitar a sede brasileira da Unilever, na avenida Faria Lima, em São Paulo, pode dar uma pista. No prédio, não há nenhuma sala para a equipe de sustentabilidade — aliás, não existe uma equipe só para cuidar dessa área. A responsabilidade pelo tema recai sobre os 13 500 funcionários da empresa, com metas claras — desde a redução de consumo de papéis nos escritórios até a eficiência nos processos industriais. Cerca de 500 executivos têm parte de sua remuneração variável atrelada ao plano de sustentabilidade. A única profssional exclusivamente dedicada ao assunto é Ligia Camargo, gerente de
sustentabilidade da companhia, que se reporta diretamente ao presidente, Fernando Fernandez. “Para manter o envolvimento de todos, converso com uma pessoa de cada área que se tornou responsável por fscalizar as metas”, diz Ligia. Todos os meses, um comitê de sustentabilidade, composto de 20 executivos de diversas áreas da subsidiária, se reúne para discutir prioridades e acompanhar os resultados. Também é o comitê que sugere os problemas socioambientais aos participantes do programa de trainee — algo que se tornou praxe na empresa. A Unilever também mantém contato com seus públicos para saber se os temas abordados são de interesse da sociedade. Ela ouve funcionários, organizações não governamentais, acadêmicos, consumidores e fornecedores. As reuniões são feitas a cada dois anos na sede da empresa e duram cerca de 3 horas. Outra prática rotineira é assumir compromissos públicos e divulgar o que vai bem e o que não vai num relatório de sustentabilidade anual. Embora tenha reduzido o consumo de água e a emissão de resíduos, a empresa não conseguiu baixar a emissão de gases de efeito estufa. “Prestar contas é fundamental. Do contrário, a tentação de não fazer aquilo com que a empresa se comprometeu pode ser grande”, diz Fernandez.
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AS MAIS SUSTENTávEIS por cATEGorIA
Equipe de executivas da Novartis: as mulheres ocupam metade dos postos de comando da empresa farmacêutica suíça no Brasil
156 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | Novembro 2013
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categoria: direitos humanos
novartis Pela valorização da diversidade
Com os incentivos criados pela farmacêutica Novartis, as mulheres avançam em todos os níveis e têm a mesma presença que os homens na liderança | ana santa cruz
fabiano acorsi
L
icença-maternidade de seis meses — dois meses a mais do que o determinado pela legislação —, horário fexível de trabalho, home ofce, vaga no estacionamento mais espaçosa para as grávidas, convênio com a creche próxima à empresa. Esses são alguns benefícios concedidos pela companhia farmacêutica Novartis para promover a inclusão de mulheres, e parte deles foi sugerida pelo comitê de diversidade, criado há três anos e que tem funcionários de diversas áreas. A política de valorização da diversidade é peça fundamental para explicar o baixo índice de rotatividade na Novartis — 5% dos funcionários pedem demissão voluntariamente a cada ano, metade da média do setor farmacêutico. A cultura de valorização da diversidade é mais evidente na distribuição do quadro de funcionários por gênero. No comitê executivo, são seis mulheres e seis homens de nacionalidade e formação acadêmica variadas. Em nível gerencial, a distribuição se repete: 50% de mulheres e 50% de homens. A proporção é a mesma na força de vendas, que, na indústria farmacêutica, é formada pelos propagandistas, profssionais que fazem o corpo a corpo com os médicos. “Há uma década, 90% dos propagandistas eram homens. Hoje,
metade da equipe é feminina, de idades variadas”, diz Adib Jacob, presidente da Novartis. O avanço feminino nada tem a ver com a política de cotas. “Sou contra a promoção de mulheres apenas porque são mulheres”, afrma Jacob. “Ao contratar um profssional, olhamos para seu currículo, e não para o sexo.” Além de medidas para promover a inclusão das mulheres, o comitê de diversidade contribuiu com outras sugestões, como a criação de um calendário ecumênico, para que os gestores possam reorganizar a agenda de um funcionário em razão de sua fé. No Ramadã, por exemplo, um muçulmano pode ser dispensado de reuniões por estar fragilizado por causa do jejum. No Ano-Novo judaico, a agenda pode ser reorganizada para que o funcionário possa seguir suas tradições. Em outras frentes de atuação, a Novartis concede plano de saúde a funcionários com parceiros do mesmo sexo e tem várias iniciativas para promover a inclusão de profssionais com defciência. E, mais recentemente, um aspecto começou a exigir mais atenção: os funcionários que estão perto de completar 65 anos, idade usual da aposentadoria. “Estamos estudando como aproveitar a experiência dessas pessoas que estão bem fisicamente e não têm interesse em deixar de trabalhar”, diz Jacob.
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AS MAIS SUSTENTávEIS por cATEGorIA
Alunos de uma das escolas beneficiadas pelo Prêmio Embraco de Ecologia: apoio pedagógico e financeiro para incorporar a consciência ambiental ao cotidiano
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categoria: comunidade
embraco Como estimular a consciência verde A Embraco investe há mais de 20 anos em projetos de educação ambiental nas escolas da região de Joinville. As ações já benefciaram mais de 100 000 pessoas | BETO GOMES
raphael günther
H
á mais de 20 anos, a fabricante de compressores Embraco decidiu que parte de seus recursos de investimento social seria destinada para incentivar as escolas de Joinville, em Santa Catarina, onde está instalada sua sede, a buscar um conhecimento que não aparecia nos livros didáticos. A ideia era promover a educação ambiental nas escolas públicas e conscientizar alunos e professores dos problemas da cidade, estimulando o desenvolvimento de projetos e o envolvimento da comunidade local. Ao longo de duas décadas, o programa evoluiu e foi estendido para as escolas particulares. Chegou à cidade vizinha de Itaiópolis, onde a Embraco mantém uma fábrica de componentes e sistemas de refrigeração. “Temos um impacto muito grande na região, uma vez que empregamos boa parte da força de trabalho local”, diz Roberto Campos, presidente da Embraco. “Por isso assumimos a responsabilidade de investir em um programa capaz de aproximar as crianças da empresa e levar para as escolas um pouco de nossa experiência em gestão.” Para participar do programa, conhecido hoje como Prêmio Embraco de Ecologia, as escolas interessadas devem inscrever projetos que visem integrar a educação ambiental ao co-
tidiano dos alunos. A cada ano, uma comissão de especialistas escolhe os cinco melhores projetos, que recebem apoio técnico e pedagógico e recursos fnanceiros para colocar as ações em prática. O programa já contribuiu para a realização de 700 projetos, benefciou mais de 100 000 pessoas, entre alunos, professores, familiares e a comunidade em geral, e é reconhecido como uma boa prática do Pacto Global — iniciativa lançada em 2000 pela Organização das Nações Unidas para estimular empresas a adotar políticas de sustentabilidade. Nas contas da Embraco, mais de 2 milhões de reais foram investidos em iniciativas com foco em meio ambiente, o que possibilitou a implantação de hortas comunitárias, pomares, programas de compostagem, sistemas de captação de água da chuva, painéis solares, produção de papel reciclado e uma série de outras iniciativas para tratar de questões locais, como o rio poluído que passa perto de uma escola ou o desenvolvimento de um repelente natural para combater mosquitos. “Continuamos buscando a educação pelo ganho da consciência ambiental, mas não é nosso único objetivo”, diz Campos. “As crianças e os professores aprenderam algo fundamental: gerenciar projetos desde o início.”
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as mais sustentáveis por categoria
Centro de distribuição da Copabo, fabricante de correias: uma das fornecedoras avaliadas pelo programa Compras Sustentáveis da Alcoa
160 | guia eXame • sustentaBiLiDaDe | Novembro 2013
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categoria: relação com ForNeceDoreS
alcoa Compras com mais segurança Para evitar problemas e incentivar práticas sustentáveis, a fabricante de alumínio Alcoa seleciona, fscaliza e treina sua cadeia de suprimentos | Flávia Furlan
André LessA
E
M 2007, OS EXECUTIVOS DA FABRICANTE de alumínio Alcoa passaram por uma situação inédita. Eles decidiram suspender as compras de um fornecedor ao saber que uma empresa que fazia parte do mesmo grupo havia sido incluída na lista suja do Ministério do Trabalho sob suspeita de manter funcionários em condições degradantes. Depois da experiência, a Alcoa percebeu que todo cuidado é pouco ao lidar com a rede de fornecedores. Por isso, criou em 2010 o programa Compras Sustentáveis, processo de seleção de parceiros para lá de exigente. Todos os candidatos a fornecedores da Alcoa devem preencher uma autoavaliação eletrônica que aborda questões ambientais, técnicas e de segurança. Além disso, o grupo de fornecedores mais estratégicos — com contratos de maior duração ou valor, como os dos setores de transporte ou produtos de origem mineral — pode responder a mais questionários e ser inspecionado pessoalmente. Em 2012, a Alcoa tinha 6 000 fornecedores ativos. Desde que o programa foi criado, a empresa decidiu centrar atenção nos 300 de setores mais críticos, como químico e de extração de madeira. No caso de 58 deles a empresa realizou visitas, até mesmo a fornecedores de fornecedo-
res. “Contribuímos para práticas de sustentabilidade dos parceiros com a intenção de reduzir o risco em toda a cadeia, mas estamos longe de ser um exemplo pronto e acabado”, diz Franklin Feder, presidente da Alcoa. “Precisamos melhorar cada vez mais.” A fabricante de alumínio ajuda os fornecedores a se adaptar às exigências e, caso isso não aconteça, pode haver descredenciamento — o que não ocorreu desde que o programa começou. A empresa também promove programas de qualifcação dos fornecedores com o objetivo de garantir boas práticas de gestão de negócio e adequação aos padrões socioambientais, de saúde e segurança. Isso capacita ainda mais os fornecedores a servir a Alcoa e também outras empresas, contribuindo para a economia em geral. Um desses projetos está em Juruti, no oeste do Pará, onde a Alcoa explora desde 2009 uma reserva de 700 milhões de toneladas de bauxita. Na cidade, Maria Aparecida Mota, sócia da loja de produtos para a construção civil Amazônia Construção, diz que já passou por treinamentos oferecidos pela mineradora, com os temas formação de preço e gestão de qualidade. “Depois dos cursos, nossa empresa melhorou em segurança no trabalho e em qualidade no atendimento”, afrma a empresária.
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AS MAIS SUSTENTávEIS por cATEGorIA
Engarrafadora da Coca-Cola no Rio de Janeiro: para economizar água, algumas fábricas modernizaram a linha de produção
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categoria: gestão da água
coca-cola Por que poupar o bem mais precioso Em uma década, a Coca-Cola diminuiu em 24% o volume de água para produzir cada litro de bebida. O objetivo é reduzir mais — essencial para expandir o negócio | carolina frança
marcelo correa
P
rincipal matéria-prima da fabricante de bebidas Coca-Cola, a água também é o recurso natural mais abundante do mundo. Dois terços da superfície do planeta são cobertos de água, mas a maior parte dela é salgada e imprópria para consumo. Apenas 1% pode ser aproveitado pelo homem — e mesmo essa parcela ínfma está sob crescente ameaça, em consequência do aumento da população e da degradação ambiental. Nesse cenário, a Coca-Cola Brasil, quarta maior operação da empresa no mundo, tem o desafo de reduzir drasticamente o uso de água na produção de bebidas, para garantir a sustentabilidade de seu negócio. “Nos últimos anos, conseguimos um avanço importante”, diz Flavia Neves, gerente de sustentabilidade da Coca-Cola. Em 2002, a empresa gastava 2,47 litros de água para produzir cada litro de bebida. Hoje, a média é de 1,87 litro de água para 1 litro de bebida — queda de 24%. Com o aumento da efciência obtido no período, a quantidade de água que deixa de ser consumida em um ano daria para abastecer uma cidade do tamanho de Porto Alegre durante um mês. A intenção é não parar por aí: a meta é reduzir o consumo para 1,5 litro de água por litro de bebida até 2020. Alcançar essa meta é fundamental, por-
que, até o fm da década, a Coca-Cola planeja triplicar sua produção de bebidas em relação ao volume atual, que passa de 10 bilhões de litros de mais de 150 tipos de bebida por ano. Para economizar água, algumas fábricas começaram em 2010 a trocar as linhas de produção por outras mais modernas, que dispensam a pré-lavagem das garrafas. Com as novas máquinas, a fabricação da garrafa e o envase da bebida acontecem no mesmo equipamento, eliminando a necessidade de usar água na limpeza da embalagem. Outra iniciativa é a instalação de um sistema para captar a água da chuva, que é tratada e utilizada nos processos industriais. Atualmente, 14 das 46 fábricas da Coca-Cola no país já adotam esse sistema — a sede da empresa no Brasil, no Rio de Janeiro, também conta com um telhado adaptado para coletar a água da chuva. Em outra frente de atuação, a Coca-Cola investe em projetos de recuperação de bacias hidrográfcas, com o reforestamento de suas matas ciliares, que retêm a água da chuva e evitam a erosão. A iniciativa resultou no plantio de 265 hectares de forestas no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Essas ações de proteção forestal são importantes para a sustentabilidade dos mananciais de água no longo prazo”, diz Flavia.
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AS MAIS SUSTENTávEIS por cATEGorIA
Estufa de mudas no Centro de Educação Ambiental da Aperam, em Timóteo, Minas Gerais: o local abriga 120 espécies de vegetação, a maior parte nativa da região
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categoria: gestão da biodiversidade
aperam Preservando uma riqueza florestal
A siderúrgica Aperam mantém em Timóteo, Minas Gerais, uma reserva de Mata Atlântica que também serve de Centro de Educação Ambiental | ana paula ribeiro
pedro silveira/odin
P
ara apoiar o desenvolvimento da cidade de Timóteo, em Minas Gerais, onde está sua usina siderúrgica, a Aperam — antiga Acesita — começou a contribuir para a preservação da área no entorno da unidade industrial. O resultado foi a criação de um Centro de Educação Ambiental em plena área urbana de Timóteo. Mais do que servir de apoio a atividades educativas da região, o centro, batizado de Oikós — palavra grega que signifca casa —, transformou-se em uma reserva de Mata Atlântica com 32 nascentes, 120 espécies de vegetação, a maior parte nativa da região, e mais de 100 tipos de animais, como a ave pavó, o esquilo caxinguelê e a anta. O projeto começou em 1993 em um terreno de 16 hectares vizinho à maior área contínua de Mata Atlântica no estado, o Parque Estadual do Rio Doce, que tem 35 000 hectares e é reconhecido pelas Nações Unidas como reserva da biosfera. Passados 20 anos, o projeto se expandiu para 989 hectares e se transformou no maior programa de gestão de áreas verdes da empresa. É em Oikós que foi implantado, em 2008, um plano de prevenção e combate a incêndios forestais. A prefeitura de Timóteo e a Polícia Militar Ambiental participam como parceiros, além de
outras 35 entidades da comunidade. O objetivo é a formação de brigadistas e a manutenção de um serviço telefônico 0800 para que a população avise sobre eventuais focos de incêndio na área de preservação ambiental. O apoio da comunidade tem dado resultado. Em 2007, foram registrados incêndios em 427 hectares do parque estadual. No ano passado, a área atingida pelo fogo caiu para 268 hectares, redução de 37%. O público-alvo da reserva, gerida pela Fundação Aperam, são estudantes, professores e pesquisadores, que estudam ou aprendem sobre preservação ambiental. Uma das práticas proporcionadas são as visitas monitoradas. “Um dos papéis dessa área é a educação ambiental”, diz Ilder Camargo Silva, diretor de recursos humanos e sustentabilidade da Aperam. Durante as visitas, alunos de várias escolas podem observar o funcionamento de um biodigestor (equipamento que aproveita restos de alimentos e outros materiais orgânicos para a produção de gás e adubo), um minhocário e a criação de abelhas. Ao mesmo tempo, a Oikós serve como área de lazer, uma vez que existem várias trilhas e são oferecidas atividades como arvorismo e caminhada, que permitem aos visitantes observar a riqueza da fauna e da fora da região.
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AS MAIS SUSTENTávEIS por cATEGorIA
Fábrica da Kimberly-Clark em Suzano, na Grande São Paulo: as sobras da linha de produção servem de matériaprima para peças como tapumes e paletes
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categoria: gestão de resíduos
KIMBERLY-CLARK Agora as sobras são matéria-prima A Kimberly-Clark encontrou uma maneira de reaproveitar material descartado na produção de fraldas e nos centros cirúrgicos dos hospitais | AndreA giArdino
ANDRé lessA
U
m dos grandes desafios dos fabricantes de bens de consumo é lidar com os resí duos gerados em seu processo de produção. Como usar as sobras dos materiais usados nas fábricas? O que fa zer para diminuir o impacto ambiental dos produtos depois que são descarta dos pelo consumidor? Onde achar par ceiros para ajudar a solucionar esses problemas? Questões como essas estão entre as principais preocupações da fa bricante de artigos de higiene pessoal KimberlyClark. Isso levou a empresa a fechar, em 2012, uma parceria com uma cooperativa de reciclagem de Poá, na Grande São Paulo, para reaproveitar todos os meses 6 toneladas de restos da matériaprima usada na fabricação de fraldas descartáveis. Os coopera dos receberam 350 000 reais captados pela empresa em 2011 com o BNDES para investir em projetos ambientais. Os recursos são usados para transfor mar sobras das linhas de produção da KimberlyClark em chapas de aglo merados plásticos, para fabricar peças como tapumes e paletes (estrados para movimentação de cargas). Com a ven da desses produtos, a cooperativa terá um aumento de 20% em sua renda. “Ao encontrar um destino para esses resí duos, reduzimos o impacto ambiental e também contribuímos para a geração
de emprego e de renda”, afrma Marco Antonio Iszlaji, diretor de assuntos cor porativos da KimberlyClark. Os profssionais da área de susten tabilidade da empresa também encon traram uma forma de reaproveitar um tipo de material do qual a maioria das pessoas prefere manter distância — o lixo produzido nos centros cirúrgicos dos hospitais. Eles perceberam que boa parte desses resíduos — que incluem papéis, plásticos e tecidos à base de polipropileno, como mantas e aventais cirúrgicos — não chegava a entrar em contato com os pacientes e podia ser reutilizada. Os hospitais, no entanto, costumavam classifcar tudo como lixo hospitalar — algo que só pode ser des cartado em aterros sanitários depois de um caro e complexo tratamento. Em 2012, a KimberlyClark começou a coletar o material não contaminado nas salas de cirurgia do Hospital Albert Einstein e enviálo para uma empre sa de reciclagem, que o transforma em matériaprima para a fabricação de brinquedos. Em apenas um ano, foram recicladas 10 toneladas de poli propileno. A meta da KimberlyClark é alcançar 15 toneladas anuais em 2013. Além do Albert Einstein, o programa já é adotado pelo Hospital do Coração e pelo Hospital Samaritano, ambos lo calizados na capital paulista.
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GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE 2014
Faça parte da seleção
As inscrições para a 15a edição do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE começam em maio de 2014. Saiba como participar da maior e mais respeitada pesquisa sobre sustentabilidade do país
a
corrida para participar da seleção do guia exame de sustentabilidade começa
melhores desempenhos nas quatro dimensões do questionário — geral, econômica, ambiental e social.
novamente em maio de 2014. Cada empresa faz — gratuitamente — a própria inscrição pelo hotsite do guia. Participam da seleção fnal todas as companhias que preenchem todas as perguntas do questionário. Mesmo as que não são escolhidas para fgurar no anuário também recebem gratuitamente um relatório de desempenho ao fnal do processo, que permite avaliar os pontos fracos e os pontos fortes da estratégia e das práticas de sustentabilidade em relação às demais participantes e também em comparação com seus concorrentes diretos. O relatório de desempenho é elaborado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces), instituição que é referência no desenvolvimento de estratégias, políticas e ferramentas de gestão públicas e empresariais para a sustentabilidade no país. Veja a seguir como participar da pesquisa e preparar sua empresa para fazer parte desse seleto grupo em 2014.
Quarto passo Após a avaliação do questionário, as empresas participantes poderão ser contatadas por jornalistas de EXAME para apresentar evidências das informações prestadas no questionário. Esse grupo de participantes será, então, submetido a um conselho deliberativo — formado por especialistas —, que escolherá a lista fnal das empresas mais sustentáveis do país. Depois da reunião do conselho, realizada em meados de agosto, as empresas escolhidas para fgurar no guia são comunicadas, em sigilo, e as demais participantes são informadas de que o processo de seleção foi concluído. É também nessa época que EXAME, usando critérios jornalísticos, escolhe, entre as companhias de melhor desempenho em seus setores, a Empresa Sustentável do Ano.
Primeiro passo Para participar, basta que a empresa se inscreva gratuitamente e preencha o questionário disponibilizado online dentro do prazo estabelecido. Em geral, o prazo de inscrição e de preenchimento do questionário tem início em maio e se encerra no fm de junho. Segundo passo O questionário é composto de aproximadamente 140 perguntas, agrupadas em quatro partes. Na primeira são abordadas questões sobre compromissos, transparência e governança corporativa. As demais tratam das dimensões econômico-fnanceira, social e ambiental da sustentabilidade empresarial. Além de responder ao questionário, as empresas são convidadas a relatar iniciativas recentes relacionadas à sua estratégia de sustentabilidade. Terceiro passo Concluído o prazo de preenchimento, no fm de junho, as respostas enviadas são analisadas pelo GVces de modo a selecionar o grupo de empresas que apresentaram os
Quinto passo Nos meses de setembro e outubro, as empresas escolhidas como as mais sustentáveis por setor e as companhias eleitas como destaque de sua categoria são entrevistadas por jornalistas de EXAME para a produção das reportagens. As demais empresas participantes da pesquisa também poderão ser contatadas pelos jornalistas para ilustrar as demais reportagens relacionadas à sustentabilidade que compõem a publicação. Sexto passo Em novembro, o guia é lançado e uma festa é realizada na capital paulista para premiar as empresas mais sustentáveis de cada setor e as premiadas por categoria. É também no mês de novembro que todas as participantes podem acessar o relatório que apresenta o desempenho da companhia, assim como as médias de todo o universo pesquisado e também das empresas mais sustentáveis e de seus pares nos setores. Dessa forma, o relatório — enviado de maneira totalmente gratuita às participantes — constitui uma poderosa ferramenta para avaliar a estratégia de sustentabilidade da empresa, além de ajudar a defnir melhorias e planos de ação.
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