Novembro/2010 | R$ 24,90 | www.exame.com.br
Sustentabilidade 20
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empresas-modelo A lista das em responsabilidade social corporativa no Brasil ➜ Alcoa A Empresa Sustentável do Ano ➜ Brasil
Sete especialistas definem uma agenda sustentável para o próximo governo
➜ Inovação
Políticas públicas que merecem ser estudadas — e reproduzidas
➜ Empresas
Chega de tinta verde — é hora de falar de sustentabilidade corporativa
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Sumário
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10 Carta ao leitor 18 EXAME.com
GESTÃO 74 Conselhos Cresce aqui e lá fora o número de empresas que buscam ajuda para formular suas políticas de sustentabilidade
PESQUISA
24 Resultados A 11ª edição do Guia EXAME de Sustentabilidade mostra que as empresas brasileiras hoje tratam o tema de maneira mais ampla
BRASIL
35 Ideias Especialistas definem 64
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TECNOLOGIA
82 Mudanças
uma agenda sustentável para o próximo governo Políticas públicas Exemplos que merecem ser estudados e reproduzidos
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ARAQUÉM ALCÂNTARA
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Onça-pintada na Amazônia: a biodiversidade nos planos das empresas brasileiras
4 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
climáticas Será que as tecnologias que prometem capturar e armazenar o gás carbônico vão mesmo vingar?
EMPRESAS 86 Reciclagem O Brasil está pronto para cuidar do lixo eletrônico?
NEGÓCIOS GLOBAIS
96 Mercado Sob ameaça de extinção, a indústria pesqueira só tem uma saída possível: desacelerar
ARTIGO
106 Imagem
A estratégia das empresas ainda precisa ir muito além do marketing
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Sumário PESQUISA 116 Apresentação A 11ª edição do Guia EXAME de Sustentabilidade revela que o fracasso das negociações globais sobre o clima não abalou o compromisso das empresas brasileiras
A busca para conciliar desenvolvimento econômico com sustentabilidade deu à mineradora o prêmio de Empresa Sustentável do Ano
132 Amanco Brasil Investimentos para usar matérias-primas mais seguras
134 Anglo American
86
JEROEN BOUMAN/PANOS
EMPRESAS-MODELO 122 Alcoa
Lixão de eletrônicos na China: o país emergente é um dos destinos dos resíduos gerados em países ricos, como os Estados Unidos
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138 Braskem
O plano de levar seguros populares para todo o país A sustentabilidade no centro do negócio
140 Bunge Brasil Embalagens orgânicas para reduzir a geração de resíduos
142 CPFL Energia
122
Termelétricas a biomassa e busca da liderança em energia limpa
144 EDP Postos de abastecimento de energia para veículos do futuro
Porto da Alcoa em Juruti, no Pará: a mineradora é eleita a Empresa Sustentável do Ano pela 11a edição do
146 Fibria
Guia EXAME de Sustentabilidade
Projetos de geração de renda para comunidades
148 HSBC Programa de treinamento para formar “líderes ambientais”
150 Itaú Unibanco Premiação para boas ideias de iniciativas sustentáveis
152 Masisa Sugestões dos funcionários para reduzir insumos de produção
154 Natura Trabalho com fornecedores para garantir futuro da biodiversidade
156 Philips Desafio de melhorar eficiência energética do portfólio em 50%
158 Promon Um indicador próprio mede o impacto de seus projetos
160 Santander Compartilhar boas práticas para inserir clientes na sustentabilidade
162 Suzano
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136 Bradesco
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Participação de comunidades define investimentos sociais
6 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
Cálculo total das emissões para se diferenciar da concorrência
164 Unilever Brasil Mudanças em produtos reduzem emissões
166 Walmart Brasil Redução de custo e práticas sustentáveis com fornecedores
168 Whirlpool Inovações na produção evitam o uso de materiais tóxicos
170 Imagem Ilustração de capa Estúdio Área
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Carta ao leitor
N
GERMANO LÜDERS
eleitorais deveriam ser pautados por causas realmente grandiosas, que mobilizassem e inspirassem a sociedade a perseguir um sonho de nação. Que país queremos ser? O que desejamos para nosso próprio futuro e — talvez ainda mais importante — para o futuro das próximas gerações? Onde queremos estar em dez, 20 ou 30 anos? Que valores comuns devem nos mover? Qual o tamanho do nosso sonho? As últimas quatro décadas brasileiras foram marcadas por mudanças fundamentais para nossa história. Primeiro, o crescimento, quase a qualquer custo. Depois, a redemocratização, a busca pela estabilidade econômica e os esforços para a redução das desigualdades sociais. Ao trilhar esse caminho, cheio de obstáculos e armadilhas, construímos um país que, inegavelmente, é me-
A jornalista Ana Luiza Herzog e o editor de arte Ricardo Godeguez, responsável pelo projeto gráfico do guia: edição dedicada a pensar o Brasil sustentável
lhor hoje do que era há 40 anos. Chegou o momento de um novo salto. Para onde ir? Que escolha fazer? Uma conjunção de momento histórico com dádivas naturais coloca à frente do Brasil o desafio do desenvolvimento sustentável e a oportunidade de colocar-se diante do resto do mundo como vanguarda de uma economia nova, com valores do século 21. Com abundância de fontes renováveis de energia, água, sol, florestas nativas e uma das mais invejáveis biodiversidades do planeta, o Brasil candidata-se a protagonista da economia de baixo carbono. Nenhuma de suas características naturais, porém, nos garante esse destino. Há um caminho que
10 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
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O tamanho do nosso sonho
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ÃO FOI O QUE ACONTECEU DESTA VEZ, mas processos
vai muito além do voluntarismo se quisermos construir esse sonho de país. Além de reconhecer os melhores exemplos de responsabilidade socioambiental corporativa, esta 11a edição do Guia EXAME de Sustentabilidade é dedicada à discussão do potencial do Brasil diante da economia deste século e do real significado de sustentabilidade no dia a dia dos brasileiros. Coordenada pelo editor executivo Sérgio Teixeira Jr. e pela repórter Ana Luiza Herzog, uma das maiores especialistas em sustentabilidade do país, a versão 2010 do guia traz as ideias e os caminhos propostos pelos grandes analistas do tema. Os desafios de sus-
tentabilidade que temos pela frente são muitos — passam pela eliminação de rincões de miséria, pela universalização do saneamento básico, pelo investimento consistente em pesquisa e desenvolvimento, pela valorização da inovação tecnológica e, sobretudo, pela garantia de uma educação de qualidade para todos os brasileiros. O Brasil sustentável vai muito além da preservação da inestimável riqueza de sua biodiversidade. Nosso sonho de país deve ser muito maior.
Cláudia Vassallo
Diretora de Redação
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Fundador: VICTOR CIVITA
(1907-1990) Editor: Roberto Civita Presidente Executivo: Jairo Mendes Leal Conselho Editorial: Roberto Civita (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente),
Giancarlo Civita, Jairo Mendes Leal, José Roberto Guzzo, Victor Civita Diretor de Assinaturas: Fernando Costa Diretor Financeiro e Administrativo: Fábio d’Ávila Carvalho Diretor Digital: Manoel Lemos Diretora-Geral de Publicidade: Thais Chede Soares Diretor-Geral de Publicidade Adjunto: Rogerio Gabriel Comprido Diretor de Serviços Editoriais: Alfredo Ogawa Diretor Editorial: José Roberto Guzzo Diretor-Superintendente: Alexandre Caldini
Diretora de Redação: Cláudia Vassallo Redator-Chefe: André Lahóz Editores Executivos: Cristiane Correa, José Roberto Caetano, Sérgio Teixeira Jr., Tiago Lethbridge
Coordenação Sérgio Teixeira Jr. Ana Luiza Herzog •••
Edição André Faust Ernesto Yoshida •••
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Reportagem Denise Dweck, Fabrício Marques, Flávia Yuri, Gustavo Magaldi, Irineu Uehara, Jane Soares, Lázaro Evair de Souza, Lívia Andrade, Marlene Jaggi, Maurício Oliveira, Regina Scharf •••
Assessoria técnica Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (GVces) Equipe Mario Monzoni e Roberta Simonetti (coordenação), Deborah Hubner, Denise Maranhão, Paula Peirão, Raquel Costa e Carla Schuchmann (pesquisa) •••
Arte Editor de Arte Ricardo Godeguez Designers Rita Ralha Nogueira,
Jean Takada (colaborador) •••
Fotografia Editor de Fotografia Germano Lüders Equipe Iara Brezeguello (coordenadora),
Natália Parizotto, Ricardo Alves •••
Revisão Coordenação Ivana Traversim Revisores Eduardo Teixeira Gonzaga,
Editores: Alexa Salomão, Carolina Meyer, Cristiane Mano, Eduardo Salgado, Giuliana Napolitano, Marcelo Ragazzi Onaga, Maria Luisa Mendes Repórteres: Ana Luiza Herzog, André Faust, Denise Carvalho, Fabiane Stefano, Felipe Carneiro, Guilherme Fogaça, João Werner Grando, Lucas Amorim, Luciene Antunes, Luiza Dalmazo, Marianna Aragão, Nicholas Vital, Renata Agostini, Tatiana Gianini, Thiago Bronzatto Sucursais: Angela Pimenta (Brasília), Roberta Paduan, Samantha Lima, Anna Carolina Rodrigues (Rio de Janeiro) Revisão: Ivana Luiza Traversin (chefe), Eduardo Teixeira Gonzaga, Regina Pereira Diretora de Arte: Roseli de Almeida Editora de Arte: Cláudia Calenda Designers: Carolina Gehlen, Helton Meschine Costa, Karina Gentile, Maria do Carmo Benicchio, Simone Spitzcovsky Edições Especiais: Ricardo Godeguez (editor), Rita Ralha Nogueira (designer) Estagiária: Ana Carolina Moreira de Góes Nunes CTI: Leandro Almario Fonseca (chefe), André Chagas, Carlos Alberto Pedretti, Julio Gomes Fotografia: Germano Lüders (editor), Iara Brezeguello (coordenadora), Camila Marques, Gabriel Correa, Natália Parizotto (pesquisadores) EXAME.com Diretora: Sandra Carvalho Gerente de Produto: Osmar Lazarini Editores: Daniela Moreira, João Sandrini, Luís Artur Nogueira, Márcio Juliboni, Renato Santiago de Oliveira Santos Editor Assistente: Gustavo Kahil Repórteres: Amanda Luz, Beatriz Olivon, Cacau Araújo, Célio Yano, Cris Simon, Diogo Max, Eduardo Tavares, Gabriela Ruic, João Pedro Garcia Caleiro, Julia Wiltgen, Luciana Carvalho, Marcela Ayres, Marcelo Poli, Marcio Orsolini, Mirella Portugal, Peri de Castro Dias, Priscila Zuini, Talita Abrantes, Tatiana Vaz, Vanessa Barbosa Estagiários: Bruno Almeida Benevides, Renato Rostás Arquiteto de Soluções: Daniel Avizu Desenvolvedores Web: Marcus Cruz, Maurício Pilão, Renato del Rio, Sílvio Antonio Donega Infografistas: Beatriz Blanco, Juliana Pimenta Produtores Multimídia: Fábio Teixeira, Gustavo Marcozzi Estagiário: Caio Melzer de Oliveira www.exame.com.br Serviços Editoriais Apoio Editorial: Carlos Grassetti (arte), Luiz Iria (infografia) Dedoc e Abril Press: Grace de Souza Treinamento Editorial: Edward Pimenta Publicidade Centralizada - Diretores: Marcos Peregrina Gomez, Mariane Ortiz, Robson Monte, Sandra Sampaio Executivos de Negócio: Ana Paula Moreno, Ana Paula Teixeira, Ana Paula Viegas, Caio Souza, Claudia Galdino, Cleide Gomes, Daniela Serafim, Fabio Santos, Eliane Pinho, Emiliano Hansenn, Heraldo Neto, Karine Thomaz, Marcello Almeida, Marcelo Cavalheiro, Marcio Bezerra, Marcus Vinicius, Maria Lucia Strotbek, Nilo Bastos, Regina Maurano, Renata Mioli, Rodrigo Toledo, Selma Costa, Susana Vieira, Tati Mendes, Virginia Any Publicidade Digital - Diretor: André Almeida Gerente: André Vinícius Executivos de Negócio: André Bortolai, André Machado, Camila Fornasier, Carlos Sampaio, Elaine Collaço, Everton Ravaccini, Laura Assis, Luciano Almeida, Renata Carvalho, Roberto Pirro, Rodrigo Scolaro Diretores de Publicidade - Regional: Alex Foronda, Paulo Renato Simões Gerentes de Vendas: Andrea Veiga, Cristiano Rygaard, Edson Melo, Francisco Barbeiro Neto, Ivan Rizental, João Paulo Pizarro, Sonia Paula, Vania Passolongo Executivos de Negócio: Adriano Freire, Beatriz Ottino, Caroline Platilha, Celia Pyramo, Clea Chies, Daniel Empinotti, Gabriel Souto, Henri Marques, Ítalo Raimundo, José Castilho, José Rocha, Josi Lopes, Juliana Erthal, Leda Costa, Luciana Menezes, Luciene Lima, Maribel Fank, Paola Dornelles, Ricardo Menin, Samara Sampaio de O. Reijnders Publicidade Núcleo Negócios - Diretora: Ivanilda Gadioli Executivos de Negócio: André Cecci, Andréa Balsi, Debora Manzano, Edvaldo Silva, Fernando Rodrigues, Jorge Hidalgo, Jussara Dimes Costa, Karina Martins, Léa Moreira Coordenador: Sérgio Augusto Oliveira (RJ) Desenvolvimento Comercial - Diretor: Jacques Baisi Ricardo Planejamento, Controle e Operações - Gerente: Victor Zockun Consultor: Anderson Portela Processos: Agnaldo Gama, Clélio Antônio, Valdir Bertholin, Wagner Cardoso Marketing e Circulação Diretor de Marketing: Ricardo Packness de Almeida Gerente de Publicações: Lilian Dutra Analista de Marketing: Ana Laura Tonin Estagiário: Pablo Bähr Projetos Especiais: Patrícia Grosso, Edison Diniz Gerente de Eventos: Shirley Nakasone Coordenadores de Eventos: Bruna Veratti, Caroline Favano, Janaína Lima Assinaturas Operações de Atendimento ao Consumidor: Malvina Galatovic RH - Diretora: Claudia Ribeiro Consultora: Márcia Pádua Em São Paulo: Redação e Correspondência: Av. das Nações Unidas, 7221, 20o andar, Pinheiros, São Paulo, SP, CEP 05425-902, tel. (11) 3037-2000 Publicidade São Paulo e informações sobre representantes de publicidade no Brasil e no Exterior: www.publiabril.com.br
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Maurício José de Oliveira, Rachel Reis Lotierzo, Regina Pereira, Rita del Monaco •••
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www.exame.com
Acesse EXAME.com e leia todas as reportagens e informações exclusivas para a internet que complementam o anuário
Calcule sua pegada ecológica
STEFAN WERMUTH /REUTERS
Saiba qual é o impacto causado por atividades simples do dia a dia, como ir ao trabalho de carro, comprar eletrodomésticos ou consumir alimentos de origem animal. O resultado é dado em pegada ecológica per capita, que indica se você está acima ou abaixo da média mundial.
Carro elétrico em Londres: frota em expansão
Fale a língua do meio ambiente Um glossário reúne todos os termos do vocabulário ligado ao meio ambiente e à sustentabilidade. São palavras como Piracema, nome de uma cidade mineira e também o termo usado para designar o movimento migratório de peixes no sentido das cabeceiras dos rios para realizar a desova.
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Posts sustentáveis Uma equipe de blogueiros comenta os assuntos mais quentes da agenda ambiental. O especialista em agronegócio e bioenergia Paulo Costa analisa o setor no blog Bioagroenergia. Em Termômetro Global, os temas são sustentabilidade, responsabilidade social e mudanças climáticas, que ficam a cargo da consultoria Key Associados.
O guia eletrônico A edição 2010 do Guia EXAME de Sustentabilidade traz uma novidade: uma versão para iPad. Além de todas as reportagens da revista que você tem nas mãos, a versão digital terá uma série de recursos para tornar mais interativa e, por que não dizer?, sustentável sua experiência. O Guia EXAME de Sustentabilidade 2010 para iPad terá galerias de fotos e vídeos e estará disponível na App Store no fim de novembro.
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Quatro rodas verdes Algumas das maiores montadoras mundiais já avançam no desenvolvimento de tecnologias mais limpas. Uma galeria de imagens do site EXAME.com reúne os principais lançamentos de carros elétricos e híbridos e os protótipos que prometem tomar as ruas das megalópoles do amanhã.
18 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
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A era da biodiversidade O Guia EXAME de Sustentabilidade 2010, maior levantamento de práticas de responsabilidade corporativa do país, mostra que as empresas brasileiras estão abraçando o tema de maneira mais ampla FLÁVIA YURI
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NONONONONO | NONONONONONON
24 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
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CREDITO FOTO
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MIKE BUENO
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EXAME - EEXA - 25 - 17/11/10
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Pantanal: um dos sete biomas que fazem do Brasil a maior รกrea megadiversa do mundo
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME โ ข SUSTENTABILIDADE | 25
A
PESQUISA | RESULTADOS
O perfil das 143 empresas
Dimensão Geral O compromisso da empresa com o desenvolvimento sustentável está no planejamento estratégico?
26 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
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falado tem sido a ameaça real de mudanças drásticas no clima. Mas, daqui para a frente, o aquecimento global vai dividir as atenções com um tema igualmente importante: a biodiversidade. Em outubro, a ONU reuniu em Nagoya, no Japão, representantes de 193 países para discutir como promover o uso sustentável das espécies de plantas e de animais do planeta e recuperar habitats já degradados. O evento da ONU, o décimo sobre o tema, não teve a mesma visibilidade do encontro do clima, realizado no ano passado, na Dinamarca. Mas, a despeito de estar sob menos holofotes, Nagoya rendeu frutos. Os representantes dos países presentes conseguiram chegar a um acordo sobre uma série de metas, como a de reduzir em 50% a perda de habitats, e isso inclui as florestas, e recuperar 15% dos ecossistemas degradados. O Brasil tem papel essencial quando se fala na preservação da biodiversidade global. O país lidera a lista das nações chamadas de “megadiversas”, graças aos sete grandes biomas de seu território: Amazônia, Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Zona Costeira e Pampa. Para cumprir esses compromissos, os governos — inclusive o brasileiro — precisarão da ajuda das empresas. E é aí que entra uma questão: elas estarão dispostas a colaborar? Se souberem que a perda da biodi- mas já existem iniciativas que podem versidade tem impacto negativo sobre servir de modelo no Brasil. seus negócios, provavelmente sim. O Boticário, terceira maior empre“Ainda é baixo o envolvimento das sa de cosméticos do país, criou sua empresas na conservação da biodi- fundação com foco em biodiversidade versidade, mas o valor econômico em 1990. De lá para cá, a empresa addessa riqueza já começou a ser quan- quiriu 8 900 hectares na região do tificado. Isso vai aumentar o interesse Cerrado e 2 400 hectares na Mata delas no tema”, diz Roberta Simonet- Atlântica para transformá-los em ti, coordenadora do Centro de Estu- áreas de preservação ambiental. Nesdos em Sustentabilidade da Fundação sas áreas, foram descobertas 37 novas Getulio Vargas de São Paulo, respon- espécies de fauna e flora. A fundação sável pela metodologia do questioná- já apoiou mais de 1 300 projetos de rio usado por EXAME. A pesquisa biodiversidade. É dela a iniciativa realizada para o Guia EXAME de Sus- mais avançada na área: o pagamento tentabilidade 2010 mostra que em boa por serviços ambientais. A natureza parcela das empresas esse interesse entrega de graça água limpa e a polijá existe. Entre as 143 participantes, nização das plantas para o homem. 69% afirmaram ter alguma ação rela- Esse tipo de benefício tem valor ecocionada à biodiversidade. A maioria nômico, e é esse o princípio por trás está ainda dando os primeiros passos, da ideia dos serviços ambientais: co-
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BUSCA PELA SUSTENTABILIDADE TEM MUITAS FRENTES E, NOS ÚLTIMOS ANOS, o tema mais
Sim
81%
19%
Não
11%
Não
2009
Sim
89%
2010 A empresa publica relatório de sustentabilidade? 70
70%
45 25
30%
0
Sim
Não
Caso divulgue, esse relatório: Estabelece metas de melhoria de desempenho ambiental, social e econômico-financeiro
39%
42%
2009
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É auditado por instituição independente
25%
29%
2009
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Os destaques da pesquisa que responderam a todas as questões do Guia EXAME de Sustentabilidade 2010 — e as evoluções em relação a 2009
Dimensão Econômica
Dimensão Social
O planejamento estratégico da empresa contempla
A empresa tem critérios sociais para qualificar, selecionar e monitorar fornecedores?
Medidas para aumento da inclusão social
Inovações que reduzam os impactos ambientais e sociais negativos
89%
Medidas de combate à corrupção
77%
Sim
90%
48%
65%
53%
55%
2009
2010
2009 Não
23% 83%
Sim 2009
2010
2009
2010
2010 Não 17%
Dimensão Ambiental A empresa possui uma política de responsabilidade ambiental?
Sim
90%
10%
Caso possua, essa política contempla:
Caso utilize, esses critérios contemplam:
Divulgação de informações
Não utilização de trabalho infantil
65%
71%
56%
Não
70
71%
50
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2009 Redução do volume de resíduos gerados
65
77%
85%
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70%
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46% 77%
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59%
Sim 2010
0
2009
69%
41%
Não
2010
A empresa apoia a conservação e o uso da biodiversidade, como preconiza a ONU?
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54%
Sim 2009
55
Se apoia, quais ações desenvolve: Doa recursos a ONGs ou fundos que desenvolvem ações de conservação ambiental
No caso de fornecedores envolvidos com trabalho infantil, a empresa: Descadastra o fornecedor
45
83%
25
31%
0
Sim
Não
Tem programas de recuperação e proteção ambiental para a manutenção e conservação de fauna e flora em áreas próprias
43%
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42%
80%
Não
20%
24% 8%
0
2009
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2010
Ajuda o fornecedor a erradicar o trabalho infantil
20
Sim 2009
2010
30
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2010
0
2009
64%
Sim Não
40%
38%
A empresa utiliza materiais reciclados?
2009
45 35
2010
Não utilização de trabalho forçado
A empresa elabora inventário das emissões de gases de efeito estufa?
Não
70
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0
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locar uma cifra no trabalho da natureza. O projeto Oásis, do Boticário, remunera proprietários de terras ao redor da represa de Guarapiranga, em São Paulo, que se comprometem a conservar a qualidade da água e a evitar erosão na área. A empresa paga 370 reais por hectare anualmente, de acordo com a avaliação da qualidade da manutenção. Um dos proprietários que participam do programa chega a
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receber 96 000 reais por ano. “O ideal seria o município pagar por esses serviços. No Paraná, estamos ajudando a prefeitura de Apucarana a desenvolver esse programa com 65 proprietários de terras nas nascentes de três grandes rios”, diz Malu Nunes, diretora da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e gerente de sustentabilidade do Boticário. A Coca-Cola é outra companhia que elegeu a con-
servação da água como prioridade de investimentos em biodiversidade. A empresa criou um fundo de 20 milhões de reais para a Fundação Amazônia Sustentável, em 2009. O objetivo é ajudar a gerar renda de forma sustentável na região. Se em biodiversidade a maior parte das iniciativas ainda é muito recente, os resultados da pesquisa anual realizada por EXAME mostram que as
O número de empresas que conseguiram reduzir a geração de resíduos em sua operação também aumentou: de 77%, em 2009, para 85% neste ano. Desde 2009, a Votorantim Cimentos vinculou o cumprimento de metas de sustentabilidade à remuneração variável dos gestores de meio ambiente das fábricas. A medida incentivou algumas inovações. Na fábrica de Itaú de Minas, em Minas Gerais, a companhia passou a aproveitar o óleo de motor hidráulico de caminhões para fazer a emulsão para explosivos, necessários na mineração. São 1 500 litros por mês, que correspondem a 50% do óleo usado na detonação das minas de mineração. Na AmBev, os resíduos não são reutilizados internamente, mas renderam 78,8 milhões de reais para os cofres da empresa em 2009. Como? Vendendo para outras indústrias 98,2% do resíduo que iria para o lixo. O bagaço de malte e o fermento de levedura, ambos ricos em proteína, são vendidos para alimentação animal. Latinhas, PET e papel são 100% destinados à reciclagem. “Nós separamos, tratamos e armazenamos todos os resíduos para a venda”, diz Beatriz Oliveira, gerente corporativa de meio ambiente da AmBev. Um bom indício de que o conceito de sustentabilidade tem permeado as
bônus vinculados às metas de sustentabilidade estabelecidas para os três anos que se seguiram. “Tivemos mudança de processos em todas as áreas. Sete novos fundos entraram como nossos acionistas e temos conseguido taxas melhores de financiamento graças à adoção de critérios sustentáveis na seleção dos terrenos”, diz Silvio Gava, diretor técnico e de sustentabilidade da Even. MAIS TRANSPARÊNCIA
A preocupação com a transparência tem levado um número maior de empresas a auditar seus relatórios de sustentabilidade. Das empresas participantes, 29% tiveram seus relatórios auditados, e a média mundial é de 30%. Dentro das consultorias, esse tipo de auditoria ganha cada vez mais espaço. De 2007 a 2010, a área de sustentabilidade dobrou de tamanho na PricewaterhouseCoopers. Só no último ano, o número de clientes que procuravam verificação de relatórios aumentou em 50%. Na DNV, uma certificadora, o volume de negócios de sustentabilidade também cresceu 50%. O banco HSBC publicou seu primeiro relatório de sustentabilidade auditado neste ano. “A auditoria torna a elaboração do relatório mais longa e trabalhosa. Temos de entender todas
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Linha de produção de garrafas da AmBev: 55% do vidro usado na produção de garrafas vem de cacos de vidro reciclado
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A Fundação O Boticário paga proprietários de terras ao redor da represa de Guarapiranga para preservar a qualidade da água e evitar a erosão empresas seguem avançando em questões mais conhecidas, como o uso de material reciclado. Neste ano, 80% das participantes afirmam usar reciclados em sua operação. No ano passado, o índice era de 64%. A AmBev passou a reaproveitar as perdas de vidro que ocorriam na produção de garrafas. Atualmente, 55% da matériaprima dessa produção vem de cacos de vidro reciclado.
empresas de forma consistente é o número de companhias que o incluíram em seu planejamento estratégico. O aumento foi de 81%, em 2009, para 89%, neste ano. O plano de sustentabilidade da Even Construtora, por exemplo, nasceu durante a elaboração do planejamento estratégico da empresa, em 2008. A construtora criou uma diretoria exclusiva e, de saída, todos os diretores tiveram seus
as etapas das áreas de negócios para identificarmos a informação de que precisamos. Mas isso gerou um envolvimento muito maior da empresa”, diz Claudia Malschitzky, executiva sênior de sustentabilidade do HSBC. O levantamento também mostra que as empresas estão cada vez mais envolvendo fornecedores e parceiros em seus programas de sustentabilidade. Em 2004, a Whirlpool, fabricante
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PAULO FRIDMAN
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de eletrodomésticos e dona das marcas Brastemp e Consul, criou um programa de gestão integrada com 350 fornecedores diretos no qual uma série de critérios sociais e ambientais é considerada. Um ano depois, a empresa passou a exigir a auditoria dos processos. Os fornecedores foram avaliados em quatro níveis: inaceitável, básico, especial e excelente. Todos os fornecedores têm de ter, por exemplo, uma política de descarte adequada de resíduos. Quem faz o que é simplesmente correto e seguro não é repreendido. Mas aqueles que conseguem desenvolver maneiras para que os resíduos sejam reaproveitados por outras indústrias, quando isso é possível, ganham mais pontos. A empresa e a Fundação Vanzolini desenham agora um programa para ir ainda mais longe na cadeia produtiva, alcançando os fornecedores de seus fornecedores. “O desafio é grande: são mais de 3 500 companhias.
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Depósito da Votorantim Cimentos: cumprimento de metas ambientais vinculado à remuneração variável dos gerentes de fábrica
Em 2009, a Coca-Cola criou um fundo de 20 milhões de reais para ajudar a gerar renda de forma sustentável na região Amazônica Dividimos por setores e elegemos os mais críticos para começarmos a trabalhar”, afirma Paulo Miri, diretor de suprimentos da Whirlpool. A pesquisa realizada para o Guia EXAME de Sustentabilidade 2010 mostra que, apesar dos muitos avanços, as empresas ainda patinam em temas críticos. A diversidade é um deles: o número de mulheres em cargos de liderança não vem aumentando nos últimos anos. Apenas 5% das companhias que responderam ao questionário afirmam ter 40% ou mais de mulheres em posição de comando. A quantidade de empresas que diz garantir a equidade de remuneração
entre funcionários e terceirizados com funções similares era baixa no ano passado, com índice de 34%, e caiu ainda mais neste ano, para 30%. Nem tudo evoluiu também na seara ambiental. Enquanto o número de empresas que afirmam fazer inventário de suas emissões subiu de 54%, em 2009, para 59%, neste ano, caiu de 34% para 33% o percentual daquelas que dizem ter estipulado metas de redução para essas mesmas emissões. Um aforismo tradicional do mundo dos negócios diz que é impossível gerenciar o que não se pode medir. Nesse caso, o que parece é que as empresas têm se limitado a medir.
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Uma agenda sustentável O mundo olha admirado para o Brasil.
A economia vive um momento extraordinário. Elegemos pela primeira vez uma mulher para a Presidência. Estamos prestes a explorar a riqueza do petróleo no fundo do mar. Mas o mundo também olha preocupado para o país. A Amazônia tem uma das
maiores reservas de biodiversidade do planeta, e ainda há muito o que fazer na preservação da floresta e na criação de uma economia sustentável para a região. O problema do trânsito nas grandes cidades só tem se agravado. Uma parcela considerável dos brasileiros ainda não sabe o que é ter água limpa e esgoto em casa. EXAME convidou sete especialistas para discutir, em artigos e entrevistas, os temas que deverão estar no alto da agenda sustentável do governo que se instalará em Brasília em janeiro.
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BRASIL | IDEIAS
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AMAZÔNIA
BIODIVERSIDADE
José José Eli da Veiga Goldemberg
Adalberto Veríssimo
Pavan Sukhdev
POLÍTICA
pág. 36
pág. 39
pág. 42
pág. 46
TRANSPORTES
INOVAÇÃO
AGRICULTURA
Paulo André de Jose Garcia Gasques Resende Carvalho pág. 50
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ROBIN UTRECHT
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POLÍTICA | JOSÉ ELI DA VEIGA |
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Um futuro menos insus t Sustentabilidade vai muito além da preservação da Amazônia, um assunto que vem monopolizando tratar o tema em toda a sua complexidade, investindo em educação, tecnologia e saúde
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mo governo resolver. A economia vai bem, obrigado, mas o cenário externo não é animador. A ameaça de uma guerra cambial internacional e a lenta recuperação dos Estados Unidos e de alguns países europeus certamente estarão no alto da agenda. Os desafios sociais do Brasil também seguem aí. Muito já se avançou, mas ainda há muito a fazer. Existe outro ponto essencial, que ganhou destaque com a expressiva votação de Marina Silva: a sustentabilidade. O tema é amplo e pouco compreendido. Sustentabilidade é preservar a Amazônia, mas não é só isso. É investir em ciência e tecnologia, a chave para que possamos chegar a um mundo com menos emissões de gases que provocam o efeito estufa. E é dar prioridade à educação, a base de tudo. Em síntese, não há separação possível entre as agendas socioambiental, educacional e de ciência e tecnologia. Será uma tragédia se o novo governo continuar a tratar esses três vetores separadamente, como se eles não formassem o tripé que permitirá tornar menos insustentável o processo de desenvolvimento do Brasil. O primeiro pé dessa agenda sustentável para o próximo governo faz parte da agenda socioambiental do século passado: garantir acesso da população ao esgoto. Em 2009, eram 41% os domicílios sem saneamento básico, e é neles que ocorrem as mais altas densidades de habitantes. Falta de acesso a esgoto tem impacto sobre a inteligência das pessoas devido à ocorrência de infecções parasitárias na infância. As evidências foram consolidadas em um recente estudo de Cristopher Epping, publicado no periódico Proceedings of the Royal Society e relatado por Dráuzio Varella em um recente artigo. O cérebro é o órgão do corpo humano que mais consome energia:
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ÃO FALTARÃO PROBLEMAS para o próxi-
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Criança em favela com esgoto a céu aberto no Rio de Janeiro: em 2009, 41% dos municípios brasileiros não tinham saneamento básico
tentável
o debate. O governo da presidente Dilma Rousseff precisa
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87% no recém-nascido, 44% aos 5 anos, 34% aos 10. As infecções parasitárias desviam energia para ativar o sistema imunológico. Repetidas diarreias até os 5 anos de idade roubam do cérebro as calorias necessárias a seu desenvolvimento, podendo comprometer a inteligência para sempre. É ilusão, portanto, supor que não sejam pobres as pessoas que padeçam dessa privação que implica o permanente risco de contrair parasitoses só porque ganham mais de meio salário mínimo. Chega a soar como propaganda enganosa o uso do tosco critério de renda monetária para dizer que a pobreza está despencando. É uma tentativa de encobrir a inépcia dos governos para enfrentar o desafio do saneamento. O número de moradias consideradas inadequadas pelo IBGE só diminuiu dez pontos entre 1995 e 2002 (de 59,1% para 49,5%), e ape-
O segundo pé é deste início de século e implica a reorientação do planejamento energético de acordo com dez exigências: 1) cumprimento das condicionantes socioambientais do projeto Belo Monte; 2) criação de um painel científico independente para monitorar a segurança e os impactos ambientais da exploração do pré-sal; 3) fim dos leilões de energia para novas termelétricas movidas a óleo diesel ou carvão mineral; 4) inclusão efetiva da sociedade civil no Conselho Nacional de Política Energética; 5) aumento de 10%, até 2014, da participação das energias renováveis na matriz energética; 6) criação de uma agência reguladora para a Política Nacional de Mudanças Climáticas; 7) supressão do IPI para veículos elétricos e híbridos; 8) estabelecimento de um Plano Decenal de Infraestrutura compatível com as metas
Existe uma tentativa de encobrir a inépcia dos governos para enfrentar o desafio do saneamento nas cinco pontos entre 2003 e 2008 (de 48,3% para 43%). Se, ao contrário, tivesse sido dada prioridade ao acesso do andar de baixo a algo tão essencial quanto o esgoto, isso teria favorecido rápidos aumentos das médias do quociente de inteligência, o chamado “efeito Flynn”. A meta mínima para 2014 deve ser um aumento para 75% dos domicílios com acesso à rede de esgoto e ao menos 50% com tratamento ambiental, com vistas à universalização do serviço até 2020, como diz a “Agenda por um Brasil Justo e Sustentável” proposta pela senadora Marina Silva em outubro.
de redução de emissões de gases de efeito estufa; 9) estabelecimento de indicadores de emissões de CO2, tornando obrigatórias as metas de redução previstas em lei; 10) elaboração de um plano de geração de empregos verdes. Mas nada disso fará sentido sem o terceiro pé: a prioridade à construção de um sistema de ciência, tecnologia e inovação orientado para o principal desafio deste século — a transição à sociedade de baixo carbono. Que não será viável se o país não perceber a importância estratégica da educação científica desde o ciclo fundamental. JOSÉ ELI DA VEIGA
É professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Fez parte da equipe que elaborou o programa de governo da candidata Marina Silva
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TUCA VIEIRA/FOLHAPRESS
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BRASIL | IDEIAS
ENERGIA | JOSÉ GOLDEMBERG |
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Cuidado com o canto da sereia
O
TEMA DA ENTREVISTA DEVERIA SER PRÉ-SAL E ENERGIAS RENOVÁVEIS. NÃO FOI. O físico José Goldemberg, ex-reitor
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da Universidade de São Paulo e um dos mais respeitados especialistas em energia do país, não quis gastar muito de seu tempo opinando sobre aquilo que se transformou na maior promessa para o país atualmente. Na opinião de Goldemberg, o pré-sal é apenas isso: uma promessa. Ele prefere falar de coisas como, por exemplo, a melhoria de eficiência energética — algo bem mais palpável e que poderia render frutos para o país com investimentos bem mais modestos. Além disso, Goldemberg acredita que, se vier mesmo a se transformar em realidade, esse petróleo pode fazer com que o país chegue atrasado à era da economia de baixo carbono. EXAME Existe o risco de o pré-sal
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Para José Goldemberg, um dos maiores especialistas mundiais em energia, é preciso ter clareza sobre os riscos do pré-sal e continuar investindo em alternativas renováveis | ANA LUIZA HERZOG
desviar a atenção da discussão sobre energia renovável?
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Há grandes riscos em uma fonte fácil e abundante de recursos. Qualquer outra forma de produzir energia é mais complicada do que extrair petróleo, colocar em navios-tanque e vender. Portanto, a tentação de abandonar as outras opções é muito forte. Esse impacto negativo aconteceu em outros países, não é algo novo, e tem até um nome: “doença holandesa”. Isso aconteceu na Holanda de uma maneira que transcende o problema de energia. O país não desenvolveu outras áreas industriais porque confiou nos recursos advindos de uma única commodity. É um pou-
EXAME
JOSÉ GOLDEMBERG
Precisamos de padrões mínimos de eficiência energética para tudo, inclusive os carros
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SVEN CREUTZMANNN
co a situação da Venezuela hoje. E esse não é o único problema. Os poços do pré-sal são muito profundos. É uma área na qual existem poucos trabalhos feitos até agora. Há estimativas de que, para abrir cada um desses poços, os custos possam variar de 100 milhões a 500 milhões de dólares. Naturalmente, se você abre um poço desses e ele não é produtivo, você jogou fora esse dinheiro. É um risco que existe também em terra firme — a diferença é que não se gasta tanto dinheiro para fazer testes. Alguns ambientalistas defendem que o dinheiro do pré-sal deveria ser usado para financiar a expansão das energias renováveis. O que o senhor acha disso?
Na teoria, esse raciocínio faz sentido, mas, na prática, não. Veja a Venezuela. É tão fácil ganhar dinheiro vendendo petróleo que o governo utiliza todos os recursos para resolver problemas sociais prementes — saúde, educação, segurança.
a solar, vai depender de uma luta por prioridades que, na minha opinião, não vai dar muito certo. Sempre existirão outras prioridades. Em maio, o governo divulgou o Plano Decenal de Expansão da Energia, que faz projeções sobre o crescimento da produção e os caminhos que esse crescimento deve seguir. O que o senhor achou?
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Aqui não poderia ser diferente?
Plataforma da Petrobras na bacia de Campos, no Rio de
Usar o dinheiro do pré-sal para financiar energias renováveis, como
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Qualquer forma de produzir energia é mais complicada do que extrair petróleo
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No plano feito em 2008, o governo praticamente jogava a toalha, desistia da energia hidrelétrica, e começou a dar uma ênfase a grandes usinas termelétricas — a carvão e a óleo combustível. Mas a oposição do Ministério do Meio Ambiente foi tão grande que isso não prosperou. No plano de 2010, o governo deu marcha a ré e voltou a priorizar as hidrelétricas. Isso se materiali-
O estado começou a introduzir medidas de conservação de energia em 1980 e, três décadas depois, o consumo de eletricidade per capita das pessoas que vivem lá é 50% menor que no resto do país. O que é surpreendente no Brasil é que já existe uma lei, aprovada em 2001, que criou todas as condições para que o governo introduzisse medidas de eficiência energética. Essa lei, porém, só foi regulamentada em 2008, quase no fim do governo. Uma vez regulamentada, o único resultado concreto que ela originou foi a eliminação das geladeiras de pior desempenho. É muito pouco.
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Que medidas práticas poderiam ser tomadas?
Janeiro: a abertura de cada poço do pré-sal pode custar entre 100 milhões e 500 milhões de dólares
zou com o licenciamento da usina de Belo Monte. Pode ser controvertido, mas é menos poluente que uma usina termelétrica. O senhor já comentou que o plano não dá importância à questão da eficiência energética. Por quê?
Em qualquer outro país desenvolvido do mundo, a eficiência energética, nos últimos 25 anos, dimi-
nuiu o consumo de energia em 30%, 40%. Aqui, não. No Brasil, a taxa de crescimento do consumo de energia acompanha o PIB. Às vezes, ultrapassa o PIB. O senhor falou em países desenvolvidos, mas há algum exemplo entre os países emergentes?
Não, mas a Califórnia, nos Estados Unidos, é um exemplo ótimo.
É preciso simplesmente estabelecer padrões mínimos de eficiência para todos os aparelhos que a gente usa, incluindo automóveis. Recentemente, para reativar a economia, o governo, entre outras medidas, reduziu o IPI dos automóveis. Nos Estados Unidos, o governo fez a mesma coisa, só que exigiu das montadoras melhorias de eficiência energética. Aqui não se exigiu nada. Crie etiquetas para tudo — máquinas de lavar, batedeiras, ferros — e estabeleça padrões mínimos de desempenho. Aos poucos, vá eliminando do mercado os piores. Isso não pode ser feito de um ano para o outro, é claro, caso contrário as empresas quebrariam. É preciso tempo para que elas se adaptem, que é o que foi feito na Califórnia. De tempos em tempos, o discurso de que as energias renováveis não são competitivas vem à tona. Qual sua opinião a respeito?
No começo, elas não são competitivas mesmo. Aí elas passam a ganhar escala, e o preço cai. Foi assim com o etanol, que também não era competitivo há 20 anos. Os últimos leilões de energia eólica já ofereceram preços consi-
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BRASIL | IDEIAS derados competitivos. É preciso ter um pouco de paciência. Outra razão para as energias renováveis não irem bem tem a ver com o tamanho das empresas desse setor, que são muito pequenas e não têm poder de lobby.
É preciso repensar por completo o modelo de
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As armas do BNDES podem fazer maravilhas por essas empresas. Além disso, é preciso entender uma coisa: energia eólica não é para São Paulo, para o sul do país. Energia eólica é algo bom mesmo naquela Região Norte toda que olha para o Caribe. É lá que o vento é muito bom. A questão é: não adianta produzir muita energia lá porque não há consumo, e essa energia tem de ser mandada pra cá. Mas faltam linhas de transmissão. E aí você diz: nossa, é longe. Sim, mas Belo Monte também é longe pra burro, e longe por longe... Nesse caso, falta empenho dos próprios governantes lá de cima, que têm uma enorme riqueza nas mãos e não se deram conta de que precisam pressionar a Eletrobras para resolver esse gargalo e trazer a energia aqui para baixo.
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Neste ano, vivemos mais uma vez aquele clima de “agora vai” em relação ao etanol por ele ter sido classificado como um combustível “avançado” pelo governo dos Estados Unidos. Agora vai?
Parte do “não ir” independe de nós. O Congresso americano dá subsídios à indústria de etanol de milho local e, por isso, ela não quebra. Sob a ótica brasileira, porém, isso é protecionismo. E aí é o caso de discutir, barganhar. Acho que o governo poderia ser mais atuante nas negociações com os Estados Unidos. JOSÉ GOLDEMBERG
É físico e ex-reitor da Universidade de São Paulo. Foi ministro da Educação entre 1991 e 1992
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MARCIO FERNANDES/AE
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O que poderia ser feito para impulsionar essas empresas?
| AMAZÔNIA | ADALBERTO VERÍSSIMO
A Amazônia do século 21
desenvolvimento para a região, aliando preservação da natureza e progresso econômico e social para as populações locais. Isso vai exigir política — e muito investimento
A
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área de 5 milhões de quilômetros quadrados, tem sido marcada pelo desmatamento, pela degradação dos recursos naturais e por conflitos sociais. Em pouco mais de três décadas de ocupação, o desmatamento atingiu cerca de 18% do território. Extensas áreas de florestas sofreram degradação pela atividade madeireira predatória e por incêndios florestais. Como qualquer ecossistema, a Amazônia tem um ponto limite, além do qual não será mais possível recuperá-la. Muitos cientistas temem que a floresta Amazônica inicie um processo irreversível de transformação em savanas se o desmatamento atingir 40% do território. As implicações dessa transformação para o aquecimento global, os ciclos hidrológicos e a biodiversidade seriam catastróficas. A Amazônia abriga imensos recursos naturais, contém o maior e mais diverso estuário do mundo, é rica em recursos pesqueiros, possui solos cobertos por uma exuberante floresta rica em biodiversidade e dotada de uma expressiva biomassa florestal e um grande estoque de madeiras de valor comercial, além de dezenas de espécies de não madeireiras. A vasta rede hidrográfica abriga um potencial hidrelétrico estimado em mais de 70 gigawatts (45% do potencial nacional). Além disso, a região possui uma das mais ricas e diversas jazidas minerais do planeta, com destaque para ferro, bauxita, níquel, cobre, manganês e ouro.
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OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA LEGAL, uma
Projeto de exploração sustentável da madeira no estado do Pará: o produto é apenas uma das muitas riquezas da floresta Amazônica
CESAR ARRANJO/GREENPEACE
BRASIL | IDEIAS
A Amazônia Legal representa apenas 8% do PIB nacional, mas contribui com mais de 50% das emissões de gases de efeito estufa por causa do desmatamento
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de Sergipe) no começo da década para algo em torno de 7 500 quilômetros quadrados em 2009. Essa redução é consequência de um conjunto de medidas adotadas pela União e pelos estados desde 2004. Elas envolveram a criação de unidades de conservação, o uso de tecnologia para monitorar a devastação, a restrição do crédito rural para proprietários rurais irregulares e o combate à grilagem de terras. É preciso também conciliar crescimento econômico, qualidade de vida e conservação dos recursos naturais. Embora seja um desafio enorme a adoção de um modelo com esse perfil, há dois fatores que oferecem grande oportunidade para que isso possa ocorrer ao longo da próxima década. O primeiro fator é a importância estratégica dos recursos
Criar um novo modelo de desenvolvimento econômico para a Amazônia deve ser uma das prioridades do novo governo. Para ilustrar o fracasso e o esgotamento do padrão atual basta avaliar o desempenho da economia e os impactos ambientais associados. A economia da Amazônia Legal representa apenas 8% do PIB nacional, mas contribui com mais de 50% das emissões de gases de efeito estufa por causa do desmatamento. É um número incompatível com a busca mundial por uma economia de baixo carbono. O esforço deve começar, portanto, com uma redução ainda maior da derrubada das árvores. O Brasil fez progressos nos últimos dois anos. Deixamos para trás um desmatamento anual médio de cerca de 17 000 quilômetros quadrados (quase um estado
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Cena de desmatamento na floresta Amazônica: nos últimos dois anos, o país avançou na preservação apesar do enorme desafio à frente
naturais da região na regulação do clima e na diversidade biológica. Segundo, a região tem riquezas superlativas, dos produtos da floresta e da biodiversidade passando pelo vasto potencial hidrelétrico de seus rios e os ricos depósitos minerais. As atividades primárias, com baixo valor agregado, devem ser substituídas por uma economia na qual os produtos e os serviços da floresta sejam valorizados, e a renda dessas atividades contribua para a melhoria da qualidade de vida da população. Por fim, a Amazônia precisa de dinheiro para se tornar parte da solução, não do problema. Um estudo da consultoria McKinsey estima que o valor deveria ser da ordem de 340 bilhões de reais, considerando um prazo até 2030. Isso representaria 17 bilhões por
ano em áreas estratégicas, como ordenamento fundiário, ciência e tecnologia, assistência técnica, desenvolvimento de novas cadeias produtivas e melhoria substancial dos serviços públicos. Ao final desse período, a economia da Amazônia estaria reinventada com base no conceito de baixo carbono e se tornaria referência planetária. Espera-se que os indicadores sociais e a qualidade de vida no campo e nas cidades melhorem substancialmente. A Amazônia por sua importância global para a regulação do clima e por abrigar riquezas naturais únicas merece ser prioridade na agenda nacional e global de desenvolvimento. ADALBERTO VERÍSSIMO
É engenheiro agrônomo e pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)
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BRASIL | IDEIAS
BIODIVERSIDADE | PAVAN SUKHDEV |
“O Brasil tem de assumir a liderança”
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INDIANO PAVAN SUKHDEV, ECONOMISTA-SÊNIOR DO DEUTSCHE BANK, COORDENOU UM ESTUDO recentemente divul-
EXAME Quais devem ser as prio-
ridades do novo governo brasileiro em relação à economia verde?
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gado que tentou medir quanto vale, em dinheiro, a biodiversidade do planeta. Saber quanto vale o trabalho de uma abelha que poliniza plantas, a água de um rio que irriga uma plantação ou uma floresta que absorve o dióxido de carbono da atmosfera talvez seja, hoje, o trabalho mais importante na luta contra a mudança climática. Todos sabem como o bolso é sensível à dor, e a ideia da economia verde torna a questão da preservação ambiental mais clara para indivíduos, empresas e governos. Um exemplo: Sukhdev calcula que, se o desmatamento cair pela metade até 2030, o mundo pode economizar até 3,7 trilhões de dólares. O Brasil, claro, tem uma contribuição fundamental a dar nessa área. Mas, para Sukhdev, talvez seja mais importante assumir uma posição de liderança global na luta pela preservação da biodiversidade. Veja os principais trechos da entrevista que Sukhdev concedeu a EXAME.
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Para Pavan Sukhdev, uma das maiores autoridades mundiais em economia verde, o país precisa refletir no cenário internacional sua condição de superpotência da biodiversidade | SÉRGIO TEIXEIRA JR., DE NOVA YORK
PAVAN SUKHDEV
Para obter desenvolvimento econômico no país, o governo precisa incluir a economia do ambiente em seu planejamento. E deve assumir uma posição de liderança global, pois hoje ele é visto como um forasteiro. O Brasil é uma superpotência da biodiversidade, não apenas graças a seu tamanho mas também pela variedade de espécies e pela vasta quantidade de material genético ainda não des-
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coberta em suas florestas. Isso é um capital natural de altíssimo valor, que pode colocar o país em uma posição de liderança nas discussões mundiais. O mundo espera essa posição do Brasil. Eu, como indiano, me pergunto: “Por que falo tanto com os países ricos para tratar de biodiversidade? Por que não falo mais com o Brasil?” Mas o país tem peso político para isso? Em Copenhague, as discussões de última hora para tentar salvar o encontro não incluíram as lideranças brasileiras.
Bem, esse peso político pode ser obtido de várias formas. Vem da sua capacidade de manipular a imprensa, de chamar a atenção, de gerar manchetes, lançar desafios, e assim por diante. Minha sensação é que o presidente Lula fez isso muito bem, mas para o público interno. Acho que ele poderia ter-se projetado mais para fora do Brasil. Mas os políticos brasileiros são bons — precisam apenas se concentrar nisso. Como o senhor avalia os avanços brasileiros na contenção do desmatamento e quais são os desafios daqui para a frente?
Estou satisfeito com os progressos, mas é claro que há espaço para progresso. Acredito que, com a organização do sistema Redd (um programa da ONU para reduzir as emissões causadas pelo desflorestamento), o Brasil vai receber dinheiro como resultado da redução do desmatamento, como indica o acordo feito com o governo norueguês. Outro aspecto é a precificação dos recursos naturais. É preciso entender essa ideia. É preciso remune-
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Os próximos cinco anos serão muito diferentes dos últimos cinco
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BRASIL | IDEIAS rar as comunidades locais pela preservação, do contrário a preservação não funciona. O que a biodiversidade representa em termos de oportunidade econômica para o país?
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Os governos precisam saber como transformar o capital natural em receitas para os cofres públicos
Dou um exemplo: o açaí. É um produto muito popular nos Estados Unidos e na Europa. O Brasil fica com uma parte muito pequena da cadeia de valor dessa fruta. Muito dinheiro do processamento, da embalagem e do marketing fica com outros. Por que o Brasil não consegue ficar com todos os pontos dessa cadeia? E existem vários outros produtos que poderiam ter um modelo semelhante. Conheço a Natura. A empresa quase não tem vendas além da América Latina. Eu gostaria de ver os produtos baseados na biodiversidade brasileira à venda em todo o mundo. O
Brasil precisa entender e usar melhor seu capital natural. Mas os governos estão prontos para entender e maximizar o valor dos serviços do ambiente?
Se você me perguntasse isso dois anos atrás, a resposta seria não. Mas isso está mudando. Praticamente todo o mundo entende a ameaça do aquecimento global. É um fato do qual não podemos nos esconder. E os governos sabem que precisam fazer algo a respeito, porque os cidadãos assim exigem. As pessoas estão percebendo que estão deixando de aproveitar o potencial do capital natural em sua plenitude. Quantas vezes não se ouvem histórias de florestas potencialmente muito produtivas sendo derrubadas para a construção de casas ou para a abertura de novas áreas de agricultura? Isso acontece porque as pessoas não entendem o valor de uma floresta em pé. Elas apenas entendem o valor de um uso alternativo para aquela terra. Esse é um erro econômico, uma conta incompleta. Mas, cada vez mais, o capital natural está sendo entendido como o capital financeiro. O próximo passo é saber como transformar isso em receita para os cofres públicos, ou seja, como fazer com que esse capital natural se reverta em dinheiro que seja relevante do ponto de vista macroeconômico. Isso também começa a acontecer. Os governos precisam pensar nos próximos cinco anos: eles serão muito diferentes dos últimos cinco. Acredito que estejamos num ponto em que possamos fazer acontecer algumas das transformações que julgávamos impossíveis dois anos atrás. PAVAN SUKHDEV
Feira do Açaí, em Belém do Pará: a fruta é brasileira, mas o país quase não lucra com sua comercialização no mercado internacional
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É economista-sênior do Deutsche Bank e coordenou um estudo da ONU sobre a economia dos ecossistemas e da biodiversidade
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BRASIL TEM HOJE CERCA de 6,5 habi-
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Congestionamento em Los Angeles, na Califórnia: o desafio do trânsito é mundial
TRANSPORTES | PAULO RESENDE |
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5 À beira do colapso Cuidar da questão do trânsito nas grandes cidades não é apenas fundamental — é possível 50 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
tantes por veículo. Nos Estados Unidos, a proporção chega a 1,2 habitante por veículo. Está claro que, nos dois países, o problema dos congestionamentos ocorre pelo excesso de carros. O Brasil, porém, carece de investimentos em vias. Nos últimos 50 anos, os americanos investiram em média de 2,5% a 3% do PIB em transporte. Nas últimas décadas, a China também vem mantendo investimentos no setor em torno de 3% do PIB. Aqui, se observada a média dos últimos 40 anos, investimentos em transporte não alcançam 0,5% do PIB. A frota brasileira cresce a cada dia, e é evidente que mesmo os investimentos em metrôs, muitas vezes apontados como solução para o trânsito de grandes cidades brasileiras, não acompanham essa expansão. São Paulo, a cidade com a maior malha de trilhos subterrânea do país, tem apenas 61 quilômetros de metrô. Londres tem 415 quilômetros, e a Cidade do México, 201 quilômetros. São Paulo deveria ser uma cidade metroviária, mas está longe disso. E não por falta de demanda: há 61 000 passageiros por quilômetro de trilhos, ante 14 000 em Nova York e 7 000 em Londres. É de esperar que uma expansão das malhas de cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte crie demanda semelhante. Os moradores de São Paulo gastam, em média, 2 horas e meia no trânsito todos os dias. No Rio de Janeiro, a média é de 1 hora e 50, e em Belo Horizonte, de 1 hora. O problema está longe de ser exclusividade das cidades brasileiras. Moradores de Los Angeles, na Califórnia, chegam a enfrentar 4 horas de congestionamento diariamente. Mas, diferentemente do que ocorre por aqui, essa é uma opção consciente de quem faz questão de usar o carro como meio de transporte. Existem al-
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RICARDO LISBOA/FUTURA PRESS
ternativas: com o metrô, por exemplo, tal trajeto pode ser percorrido em 1 hora. Nos Estados Unidos, investe-se na ampliação das vias para que o automóvel seja uma opção de transporte viável. Mas é preciso haver alternativas para os que quiserem deixar o carro em casa. É por isso que em cidades como Chicago, Nova York e Los Angeles há mais investimento em transporte público do que no aumento das vias. O problema do trânsito pode ter solução, e há na história exemplos de viradas. Na década de 80, a Cidade do México esteve à beira de um colapso: o transporte metropolitano chegou a um estado de lentidão permanente, com congestionamentos nas 24 horas do dia. A emissão de poluentes era maior do que na Pequim de hoje — e isso com rodízio de veículos com placas pares e ímpares. E o que eles fizeram para resolver essa situação? Simples: investiram pesadamente
A Cidade do México aponta um caminho para a solução do trânsito caótico das metrópoles brasileiras
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ção. Londres é o exemplo mais bem-sucedido dessa ideia. Além de atacar o problema do congestionamento, o fechamento de algumas vias pode servir de proteção do patrimônio urbano em locais como os centros históricos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Olhe pela janela de onde estiver. Veja quantos prédios estão sendo construídos. Cada um desses edifícios gera um tráfego de dezenas, centenas, milhares de carros. Parte da solução do problema do trânsito passa por um melhor planejamento urbano de nossas cidades. A Cidade do México tem hoje uma lei de ocupação do solo bastante avançada. Empreendimentos como shoppings ou prédios co-
em transporte coletivo. Da década de 90 até o meio da década atual, os mexicanos chegaram a picos médios anuais próximos de 5% do PIB. São investimentos em ciclovias, ônibus, metrô. Hoje, como em muitas cidades americanas, andar de carro na Cidade do México se tornou uma opção pessoal. É hora também de começarmos a discutir a restrição de acesso de automóveis a determinadas regiões das cidades. Um carro particular ocupa um espaço maior das vias e também tem impacto maior no meio ambiente. Isso tudo tem um preço. Há alguns anos, cidades ao redor do mundo começaram a adotar o pedágio urbano como uma maneira de equilibrar essa equa-
Superlotação de passageiros na Estação da Luz, em São Paulo: o investimento no transporte público é a solução
merciais são estudados do ponto de vista do impacto que poderão ter sobre o tráfego da cidade. O que aquilo vai provocar em termos de congestionamentos? Na Europa, iniciativas desse tipo existem desde a década de 70. O Brasil hoje é um antiexemplo disso. Em muitos países, o governo dá incentivos para a construção de empreendimentos de grande impacto no trânsito. Assim, é possível desafogar o fluxo. Estudos recentes mostram que sete em cada dez pessoas preferem ficar em casa nos fins de semana em cidades brasileiras a enfrentar o estresse dos congestionamentos. Em 2005, a proporção era de quatro entre dez pessoas. Já é hora de optarmos pela convivência urbana em condições melhores. PAULO RESENDE
É coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral
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Fábrica de plástico verde da Braskem, no Rio Grande do Sul: precisamos de mais exemplos desse tipo
INOVAÇÃO | ANDRÉ DE CARVALHO |
Uma liderança ameaçada
Sem uma política ampla de estímulo à inovação, o Brasil pode perder sua posição de destaque na agricultura e na energia
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NOTORIEDADE DESFRUTADA pela ques-
tão ambiental no segundo turno da campanha presidencial foi efêmera e exauriu-se em compromissos pontuais, como a revisão do Código Florestal e a hidrelétrica de Belo Monte. São assuntos relevantes, sem dúvida, mas,
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tratados de forma desconectada, evidenciam uma percepção rasteira dos temas socioambientais, que cada vez mais são indutores-chave de inovação na economia global. O Brasil participa do comércio internacional com uma pauta intensiva em recursos naturais, na qual as commodities agrícolas desempenham papel relevante. Sen-
do que a produtividade no campo depende, entre outros recursos, de serviços ambientais providos pelo meio ambiente, não faz sentido tratar em separado a necessidade de incentivo a pesquisa e desenvolvimento, bem como à inovação na agroindústria, uma área de notória excelência do país, do esforço que deve ser feito para tornar viável o manejo sustentável de áreas nativas e plantadas e do desenvolvimento de mecanismos econômicos que remunerem os proprietários de terras que também atuam no negócio da conservação. São duas faces da mesma moeda, a que garante a competitividade do país na agroindústria. Na questão energética, o Brasil mais tem se vangloriado de deci-
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BRASIL | IDEIAS sões passadas que privilegiaram a exploração do potencial hidrelétrico e a produção de combustíveis de cana-de-açúcar do que tem mirado o futuro. Hoje, 45% da oferta total de energia do país vem de recursos renováveis. Mas tal posição de destaque tende cada vez mais a ser ameaçada por nações desenvolvidas, que, além de investir em energias alternativas, como a eólica onshore e a solar fotovoltaica, destinam recursos para pesquisa e
produção do “plástico verde” da Braskem, por exemplo, recentemente lançada em escala comercial, se beneficia e adiciona valor a décadas de investimentos realizados em pesquisa e desenvolvimento na cadeia sucroalcooleira. Mas existem diversas outras pesquisas nessa área que correm o risco de nunca chegar ao mercado por falta de recursos, fruto da ausência de um sistema amplo próinovação — verde ou não. Isso
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afeta principalmente os projetos de pequenos e médios empreendimentos. E, ainda que o capital empreendedor esteja em expansão no país e que a percepção desses fundos se mostre cada vez mais apurada em relação ao debate sobre sustentabilidade, para os investidores a atratividade dos títulos do governo ainda supera em muito a das tecnologias verdes. Enquanto esse enredo se dá por aqui, é crescente o número de países desenvolvidos e em desenvolvimento que consideram os desafios socioambientais como uma oportunidade de incremento da competitividade de seus setores produtivos. Lembrando o bordão do presidente que se despede, “nunca na história deste país” se fez tão importante reconhecer as políticas públicas para o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação como instrumentos fundamentais de política ambiental. ANDRÉ DE CARVALHO
É pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo
EDUARDO BARCELLOS/SAMBAPHOTO
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desenvolvimento de tecnologias ainda em amadurecimento, como a eólica offshore, a geotérmica, o etanol de segunda geração e o biodiesel de algas. Ao fazer tais opções, esses países alcançam maior segurança energética, consolidam competências no setor produtivo e tornam-se mais capazes de explorar outras oportunidades que as energias renováveis oferecem: geração de empregos, exportação de tecnologias, máquinas e equipamentos e a possibilidade de levar eletricidade a áreas isoladas. A compreensão dissociada entre o papel das políticas pró-inovação e o das ambientais, no Brasil, ajuda a explicar a pouca prioridade dada a pesquisa e desenvolvimento em uso de biodiversidade ou em energias eólica e solar, nas quais o país apresenta amplo potencial a ser explorado tanto interna quanto externamente. São raros no Brasil, infelizmente, exemplos em que a cadeia de oportunidades que deriva da inovação seja aproveitada, como no caso da cadeia alcoolquímica, setor no qual o país pretende responder por 50% da oferta global de produtos em 2020. A
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Para os investidores, a atratividade financeira dos títulos do governo brasileiro supera em muito a das tecnologias verdes
O Brasil vai continuar sendo
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OM FREQUÊNCIA, OUVIMOS DIZER que o
avanço da agropecuária brasileira constitui uma ameaça às florestas e à biodiversidade do país. O Brasil é um dos poucos países que ainda têm grandes áreas disponíveis para agricultura. Se a questão for vista por esse ângulo, de fato, a ameaça sempre vai existir. Mas o
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Plantação em Minas Gerais: inovação para garantir a liderança mundial
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| AGRICULTURA | JOSE GARCIA GASQUES
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Diversificar para crescer líder mundial em agricultura — mas, para isso, precisa aumentar ainda mais sua produtividade. E esse feito só será possível com mais investimento em tecnologia Brasil tem a seu favor vários fatores. Um dos principais diz respeito à produtividade de sua agricultura, uma das que mais crescem no mundo. Nos últimos 35 anos, ela vem aumentando a uma média anual de 3,6%. Esse índice é superior ao de países como Estados Unidos, Argentina e Austrália, onde a agropecuária também é um setor importante da economia.
Um dos exemplos mais flagrantes do aumento da produtividade no país é a produção de grãos, que, entre 1975 e 2009, aumentou 240%, enquanto a área plantada no mesmo período cresceu 40%. Na pecuária, ocorre algo semelhante. Segundo o IBGE, enquanto a área de pastagens no Brasil se reduziu em 5 milhões de hectares entre 1996 e 2006, o rebanho bo-
vino teve aumento de 11%, chegando a 170 milhões de animais. Mas, para continuarmos a crescer a essas taxas, e de maneira sustentável, teremos muitos desafios pela frente. Será preciso, sobretudo, manter e aumentar nossos investimentos em pesquisa. Ao lado da política de preços e de crédito, a pesquisa tem sido um dos fatores mais importantes pa-
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DELFIM MARTINS/PULSAR
ra o aumento da produtividade da agricultura brasileira. Fenômeno parecido ocorre hoje em países que também alcançaram níveis elevados de produtividade nos últimos anos. Pode-se bem argumentar que já somos líderes em pesquisa em agricultura em áreas tropicais no mundo. Mas a competitividade e a necessidade de unir crescimento com sustentabilidade criam estímulos adicionais para ainda mais investimentos na área. E isso deve ocorrer não apenas em uma, mas em várias etapas da produção. Estamos falando da busca de variedades resistentes a secas, doenças e pragas capazes de manter características de produtividade. Além de produtos, a pesquisa deve contemplar o desenvolvimento de melhores equipamentos e máquinas, visando à maior rentabilidade e a economias de custo. Por
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fim, não podemos esquecer do investimento em recursos humanos, mantendo, por exemplo, programas de intercâmbio de pesquisadores com instituições de pesquisa reconhecidas no exterior. Em anos recentes, a diversificação de atividades tem sido a grande responsável pelo crescimento da agropecuária brasileira. É um padrão contrário à tendência de especialização em algumas poucas culturas, e que traz muitos benefícios do ponto de vista ambiental. Entre 1996 e 2006, houve aumento da diversificação na maioria dos estados brasileiros. O número de novas variedades de alimentos tem crescido e, a cada ano, o país amplia o conjunto de atividades da agricultura. Recentemente, ganharam importância produtos como frutas
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Rebanho no interior de São Paulo: a agropecuária também evoluiu em produtividade
A diversificação das culturas é essencial para que a produção agrícola brasileira continue a crescer com cada vez mais sustentabilidade
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BRASIL | IDEIAS
e derivados animais, como leite e carcaças de frango, de bovinos e suínos. Contribuem para isso novas tecnologias e a utilização de técnicas como o plantio direto, as combinações de lavouras, pecuária e floresta. O caso mais comum ocorre hoje nas principais regiões produtoras de milho, soja e trigo. Em geral, a colheita de soja é sucedida pelo plantio de milho, trigo ou outras lavouras anuais. A combinação de lavouras com pastagens e florestas também tem produzido exemplos bem-sucedidos de diversificação. O fenômeno da diversificação agrega valor ao produto da agropecuária brasileira como um todo, e precisa crescer ainda mais. Países como o Brasil, que ainda podem crescer com a ampla disponibilidade de recursos naturais
e pelo domínio da tecnologia agropecuária em áreas tropicais, têm grandes chances de ocupar espaços cada vez mais importantes na produção mundial de alimentos e de energéticos. No longo prazo, a tendência é de que o crescimento da produtividade brasileira seja menor do que a observada hoje. Deveremos passar de 3,6% para uma média de crescimento anual de 1,6%. Em muitas culturas, o país já se aproxima dos níveis máximos de produtividade. Um motivo a mais para apostarmos ainda mais na diversificação — e crescermos cada vez com mais sustentabilidade. JOSE GARCIA GASQUES
É coordenador de planejamento estratégico do Ministério da Agricultura
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Área de mata nativa da Vale em Minas Gerais: a empresa é a maior proprietária de reservas particulares do país, com 12 400 hectares
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O governo também pode inovar Começam a surgir aqui e ali exemplos de políticas públicas de sustentabilidade que merecem ser estudadas — e reproduzidas
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MAURÍCIO OLIVEIRA
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GABRIEL LORDÊLLO/MOSAICO IMAGEM
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sempre fez questão de manter intactas as nascentes de sua propriedade de 120 hectares em Alfredo Chaves, no Espírito Santo. “Herdei as terras de meu pai, e ele me pediu isso. Nunca pensei em desmatar perto dos rios”, diz Sardi. O compromisso foi finalmente recompensado. No ano passado, ele começou a receber dinheiro do governo capixaba para continuar protegendo 36 hectares tidos como críticos. O agricultor recebe cerca de 8 000 reais por ano, um reforço e tanto para a renda proveniente do cultivo de bananas no restante da propriedade, com a qual criou os seis filhos. “Eu não esperava viver o suficiente para ver isso”, diz. Sardi é um dos 130 beneficiados pelo programa de serviços ambientais do Espírito Santo. Iniciativas semelhantes vêm sendo gradualmente adotadas no país e estão mudando a velha ideia de que a proteção ao meio ambiente é sinônimo de abnegação e sacrifício pessoal. “Havia o poluidor pagador e agora há também o oposto, que é o conservador recebedor”, compara Maurício Ruiz, secretário executivo do Instituto Terra de Preservação Ambiental, ONG com sede no Rio de Janeiro que defende a disseminação por todo o país de programas de remuneração por serviços ambientais. Os recursos do programa adotado no Espírito Santo vêm do Fundágua, fundo estadual mantido, principalmente, pelos royalties da exploração de petróleo e gás e pela compensação financeira paga pelas hidrelétricas aos estados e municípios que tiveram áreas alagadas. A maior parte dos 1 200 hectares já beneficiados está na bacia do rio Beneventes, região que serviu de laboratório para testar e ajustar o modelo. Agora, ele será expandido por todo o estado. “A ideia é pagar não apenas para proteger áreas intactas mas também para recuperar as degradadas”, diz o diretor de recursos hídricos da Secretaria de Meio Ambiente do Espírito Santo, Fábio Ahnert. O objetivo do programa é elevar o percentual de território cober-
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PRODUTOR RURAL RICARDO SARDI, de 73 anos,
to por vegetação nativa dos atuais 10% para 16% nos próximos dez anos. O pagamento por serviços ambientais faz parte de uma nova geração de iniciativas governamentais na área de sustentabilidade. Não será possível enfrentar o desafio das mudanças climáticas sem uma ação decisiva do poder público, e aqui e ali começam a aparecer exemplos inovadores. “Há diversas políticas que estão saindo do velho padrão de fiscalização pura e simples para encontrar uma forma mais madura de consciência ambiental”, afirma o professor Elimar Pinheiro do Nascimento, do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB). Histórias como a do Espírito Santo, que
coloca em prática uma ideia há muito tempo defendida por alguns ambientalistas — a de que a natureza presta serviços cujo valor pode ser calculado em dinheiro —, ainda são esparsas. Mas dão motivos para esperança: existem bons exemplos, e eles podem — e devem — ser estudados e reproduzidos. GESTÃO DE RESÍDUOS
As novas políticas incluem temas que permaneceram décadas sem receber atenção. Um exemplo é a gestão dos resíduos de construção e demolição, um tradicional “patinho feio” na área de reciclagem. Na maior parte das cidades brasileiras, o cidadão que faz uma pequena reforma em casa e precisa se li-
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O rio Doce, no Espírito Santo: o estado criou um programa inovador que remunera agricultores para cuidar das nascentes e garantir sua perenidade
vrar de um armário velho ou de azulejos quebrados não tem para onde levar esse material. Muita gente imagina ter encontrado uma solução ao contratar um serviço de caçambas ou um carroceiro, mas em geral o que ocorre nesses casos é apenas pagar para se livrar de um problema sem de fato resolvê-lo, pois a destinação continuará provavelmente sendo inadequada. Em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, não era diferente, até a prefeitura da cidade estruturar um programa de gerenciamento de entulhos. O trabalho começou há 12 anos e desde então vem sendo aperfeiçoado pelas diferentes gestões municipais. “A continuidade é fundamental em projetos como esse, que depende
Há políticas que estão saindo do velho padrão de fiscalização pura e simples para encontrar uma forma mais madura de consciência ambiental
acima de tudo da conscientização e da adesão gradual da população”, diz o secretário de Meio Ambiente e Urbanismo, José Carlos de Lima Bueno. O primeiro passo foi entender o tamanho do problema: um levantamento detalhado identificou exatos 1 431 locais usados irregularmente como pontos de descarte de entulho. Outra etapa foi cadastrar todas as empresas de caçamba e os carroceiros da cidade, incentivando a criação de associações para estabelecer um padrão de serviços e de preços. Enquanto esses processos evoluíam, a prefeitura criava campanhas para convencer a população a utilizar os serviços autorizados, desenvolvia mecanismos para identificar os
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ALF RIBEIRO
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infratores (incluindo um número de telefone para denúncias) e estabelecia punições para quem insistisse em depositar entulho em locais inadequados — advertência no primeiro flagrante e multa de 1 700 reais em caso de reincidência, dobrando a partir daí em cada nova ocasião. “Para desenvolver programas eficazes, a fórmula é articular educação e repressão”, diz o professor Nascimento, da UnB. Foram criadas cinco áreas para descarte de grandes quantidades de entulho por parte das construtoras e 17 pontos de recepção para pequenos vo-
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BRASIL | POLÍTICAS PÚBLICAS
Desde 2000, 930 reservas particulares foram criadas no Brasil, totalizando uma área equivalente a quase cinco cidades de São Paulo
lumes de resíduos. Cada um desses pontos tem funcionários treinados para receber e separar o material. Após a retirada das partes que não podem ser moídas, o produto resultante é aproveitado pela prefeitura na recuperação de estradas e outras finalidades específicas, como construção de tampas de bueiro e guias de meio-fio. A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, recentemente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dá uma boa noção de quanto o caso ainda é exceção. Dos 5 564 municípios brasileiros, só 124
Políticas que funcionam Boas iniciativas públicas na área de sustentabilidade começam a se reproduzir pelo país. Conheça algumas experiências
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Pagamento por serviços ambientais O princípio é inverter a velha lógica: em vez de multar quem destrói, remunera-se quem protege o meio ambiente.
Exemplo o governo do Espírito Santo paga 130 produtores rurais para conservar 1 200 hectares de mata nativa próximos a nascentes de rios. No final do ano, cada agricultor recebe cerca de 250 reais por hectare protegido.
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Exemplo a prefeitura de São José do Rio Preto (SP) cadastrou as caçambas e carroças, criou pontos de descarte de entulho e está reciclando o material recolhido para produzir tampas de bueiro e guias de meio-fio.
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Dar a correta destinação a resíduos de construções e demolições e ainda lucrar com seu reaproveitamento.
Caçamba com entulho no centro da cidade de São Paulo: a gestão dos resíduos de construção ainda é um “patinho feio” na área de reciclagem
3
Reservas particulares Surgem novos mecanismos para incentivar a transformação de terras privadas de empresas e cidadãos em áreas de proteção ambiental.
Exemplo com base na legislação federal, a Vale criou sete áreas de proteção em Minas Gerais e está oficializando outras cinco, num total de 12 400 hectares. A empresa investe para proteger as reservas e fica isenta do imposto rural.
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Gestão de resíduos de construção
fazem triagem dos resíduos de construção e demolição reaproveitáveis. Não mais do que 14 chegam à etapa seguinte, a trituração. A próxima fase do projeto de São José do Rio Preto é tentar convencer a iniciativa privada de que vale a pena investir no programa. “Em cidades grandes e médias, certamente é possível extrair um bom lucro dos resíduos de construção”, diz o professor Vanderley John, especialista em reciclagem de material de construção do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Universidade de São Paulo.
Um dos pontos cruciais para o sucesso das novas políticas de sustentabilidade é torná-las conhecidas. Desde que viram na TV um programa sobre Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), os professores de educação física Fernando e Christiane Teixeira colocaram na cabeça que um dia teriam a própria reserva. Certo dia, souberam que havia um terreno à venda na zona rural de Angelina, a 70 quilômetros de Florianópolis, onde viviam na época. Chegando ao local, o casal ficou maravilhado: 28 hectares de Mata Atlântica intactos. O proprietário era
um agricultor que precisava de dinheiro. “Se não conseguisse vender, ele planejava transformar a área em plantação de pinus, como já havia sido feito em outros terrenos da região”, afirma Fernando. O ano era 2002, e o casal pagou 23 000 reais pela área. O passo seguinte foi iniciar no Ibama o processo de criação da reserva. A área de mata nativa do casal foi batizada de Rio das Lontras e é uma das 930 RPPNs criadas no Brasil desde 2000, quando a modalidade foi instituída pelo governo federal. Um dos benefícios oferecidos é a isenção de imposto rural. A área total protegida até o momento é de 670 000 hectares, o equivalente a quase cinco cidades de São Paulo. Entre as RPPNs existentes há diversas iniciativas familiares, mas a maior parte foi criada por empresas. “Elas têm mais dinheiro e por isso conseguem estabelecer sistemas de proteção mais eficientes”, diz Luiz Paulo Pinto, diretor do Programa Mata Atlântica da ONG Conservação Internacional. A maior proprietária de RPPNs é a Vale — são sete áreas já estabelecidas e outras cinco em processo de instalação, todas em Minas Gerais, totalizando 12 400 hectares. O orçamento destinado pela empresa às RPPNs em 2011 será de 1,5 milhão de reais. Além da manutenção corriqueira, há vigilância em tempo integral, um trabalho de prevenção a incêndios e muitos investimentos em pesquisas. Já foram recolhidas matrizes de 130 espécies vegetais para o banco de germoplasma mantido pelo Centro de Excelência em Bioinformática, de Belo Horizonte. “Cada etapa é documentada para que o processo seja reproduzido no futuro, assegurando a permanência de espécies ameaçadas de extinção”, afirma o especialista em recuperação de áreas degradadas da Vale, Salim Jordy. Uma das marcas das novas políticas governamentais na área de sustentabilidade é, a exemplo do que ocorre com as RPPNs, conquistar a adesão da iniciativa privada e do cidadão comum. Trata-se de um grande avanço em comparação com o tempo em que o poder público tentava abraçar o mundo — e não conseguia.
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OMAR PAIXÃO
Elas ouvem os forasteiros Cresce aqui e lá fora o número de empresas que contratam acadêmicos e ongueiros para ajudar
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lose, que se uniu à Votorantim Celulose no ano passado para dar origem à Fibria, disputou terras com tupiniquins e guaranis durante três décadas. A briga acabou em 2007 com a vitória dos índios na Justiça. Agora, a Fibria quer reavaliar sua relação com essas comunidades — desta vez, dando ouvidos a quem é de fora. Em março, a empresa criou um comitê de sustenta-
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S FLORESTAS PLANTADAS PELA FIBRIA, na faixa que
vai de Aracruz, no Espírito Santo, a Belmonte, na Bahia, são cercadas por índios, descendentes de quilombolas, pescadores e populações muito pobres. A relação da maior produtora de celulose do mundo com esses vizinhos nem sempre foi tranquila. A Aracruz Celu-
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GESTÃO | CONSELHOS
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bilidade para dar apoio a seu conselho de administração. Ele é integrado pelos economistas Ignacy Sachs e Sérgio Besserman, pelo líder indígena Ailton Krenak, pelo empresário Ricardo Young, presidente licenciado do Instituto Ethos, e pelo biólogo Cláudio Pádua, um ambientalista histórico. Sua missão: adequar a estratégia de negócios para que essas populações vizi-
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na formulação de suas políticas de sustentabilidade | REGINA SCHARF
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Conselho de sustentabilidade do Santander, formado por executivos e membros independentes: o olhar externo ajuda a melhorar os serviços e a reduzir o impacto ambiental do banco
nhas cresçam junto com a empresa. “Quem está continuamente em conflito com os públicos com que se relaciona não pode se autointitular sustentável”, diz José Luciano Penido, presidente do conselho de administração da Fibria. “Hoje, nossa madeira é roubada por produtores ilegais de carvão que estão próximos às nossas áreas, e queremos evitar esse problema construin-
do relações de boa vizinhança, pacíficas, prósperas para nós e para eles.” Para Cláudio Pádua, fundador do Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), ONG que tem reconhecimento internacional graças a seus trabalhos de recuperação de florestas, é fundamental estender a mão às empresas que desejam mudar. “A Fibria resulta da junção de empresas que não ti-
nham uma boa imagem devido à sua relação conflituosa com as comunidades indígenas”, diz o ambientalista. “Mas devemos apostar em quem quer evoluir, apesar de seu passado.” Pádua, cujo trabalho é remunerado “moderamente”, segundo suas palavras, afirma que a empresa tem dado liberdade aos conselheiros e está disposta a aprender. A ideia é que o grupo se reúna
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RICARDO TELES/DIVULGAÇÃO
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duas vezes ao ano. No primeiro encontro, os conselheiros visitaram todas as unidades da Fibria e seus arredores. Depois, discutiram duas estratégias, uma para o norte do Espírito Santo, outra para o sul da Bahia. “São duas áreas contíguas, mas que têm muitas diferenças. A característica comum é que as cidades dessa região tendem a decidir tudo isoladamente e sem planejamento de longo prazo”, diz Penido. Os conselheiros sugeriram que a empresa participasse da elabo-
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ração de planos de desenvolvimento regional em parceria com ONGs, governos, igrejas, empresas e universidades locais. O objetivo é definir prioridades e formas de superar, coletivamente, problemas como as carências educacionais, a falta de empregos e de infraestrutura. Iniciativas como a da Fibria ainda são raras, mas aqui e ali começam a aparecer companhias dispostas a ouvir especialistas externos de forma regular. A Suzano, concorrente da Fibria,
anunciou no início de novembro a contratação de um novo executivo, o engenheiro agrônomo Lineu Siqueira Júnior. Até então secretário executivo do Imaflora, entidade que promove e certifica o manejo sustentável de florestas no país, Siqueira terá a missão de ajudar a Suzano a montar um time de especialistas para aconselhá-la nas suas decisões. Lá fora, esses conselheiros externos ajudam a pensar as estratégias socioambientais de Shell, Kimberly-Clark, Nike e SAP. A Shell, por
As florestas da Fibria no Espírito Santo: a empresa quer construir um novo modelo de relacionamento com as comunidades vizinhas
existe nas empresas”, diz Maria Luiza Pinto, diretora de sustentabilidade do Grupo Santander, que incorporou o Real. “A combinação desses olhares, de dentro e de fora, é importante.” Hoje, o principal espaço de interação dos conselheiros externos com a alta cúpula do banco é o comitê de sustentabilidade. Seus encontros bimestrais reúnem o presidente do Santander, Fabio Barbosa, vice-presidentes e diretores, além de três representantes externos não remunerados. Nos últimos cinco anos, esse grupo tem discutido formas de aprimorar serviços, a pegada ecológica da organização, bem como a comunicação interna e externa do banco. CREDIBILIDADE
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O apoio de conselheiros externos tem sido precioso para o Santander. Maria Luiza lembra que, quando o Real lançou seu programa de Microcrédito, em 2002, convidou uma ONG, a Acción Internacional, a integrar o conselho da iniciativa. A entidade já tinha ajudado a colocar em prática operações similares na América Latina e na África. “Eles diziam que não deveríamos começar por São Paulo, porque nos grandes centros urbanos a relação de solidariedade entre as pessoas é
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Empresas que colocam sua estratégia de sustentabilidade sob a análise de forasteiros devem estar dispostas a acatar suas críticas
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“A presença de membros externos em conselhos consultivos empresariais, seja ela ‘para inglês ver’ ou não, com certeza está crescendo, sobretudo no exterior”, afirma Carlos Eduardo Lessa Brandão, conselheiro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). “Mas é importante se perguntar qual a sua capacidade real de intervenção.” Brandão enumera indicadores da real influência desses conselheiros externos. É importante, por exemplo, que eles tenham independência, não sejam parentes dos donos e dirigentes da companhia, ou recebam uma remuneração excessiva que possa incentivá-los a ser tolerantes com os erros da empresa. Segundo Brandão, o poder do conselheiro também varia conforme sua proximidade com quem efetivamente decide. Um conselho criado por uma empresa subsidiária tem menos voz do que aquele convocado pela matriz. Brandão, porém, se mostra um tanto cético. Para ele, enquanto algumas empresas apresentam uma disposição legítima de aprender com gente de fora, outras podem estar simplesmente tentando se apossar do prestígio de cientistas e militantes respeitados. O fato é que as companhias que decidem colocar suas
exemplo, tem um comitê que inclui Aron Kramer, respeitado especialista em responsabilidade social corporativa e presidente do Business for Social Responsibility (BSR), e Rebecca Adamson, fundadora da First Peoples Worldwide, organização promotora dos direitos de povos nativos de diversas partes do mundo. No Brasil, um dos pioneiros foi o Banco Real, que, em 2001, já tinha comitês de sustentabilidade com especialistas externos. “Essas pessoas trazem um olhar que não
mais difusa e fria”, afirma Maria Luiza. Isso é importante porque na concessão do crédito a pessoas de baixa renda o banco exige que o cliente tenha amigos e conhecidos como fiadores. “Nós batemos o pé e começamos pela cidade, mas o programa só decolou mesmo quando fomos para o interior de Pernambuco”, diz Maria Luiza. Hoje, o Santander tem a segunda maior carteira de microcrédito do país, com 17% desse mercado, atrás apenas do Banco do Nordeste.
estratégias de sustentabilidade sob o escrutínio de forasteiros renomados devem estar realmente preparadas para acatar, se não todas, pelo menos algumas de suas críticas. Caso contrário, a estratégia inteligente pode se transformar em uma arma contra o próprio negócio. “É importante entrar no setor privado para trabalhar com ele,” diz Pádua, conselheiro da Fibria. “E, se as empresas não se mostram dispostas a agir, o jeito é sair dos conselhos para poder criticá-las.”
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Varrendo o problema para o fundo do mar As tecnologias que prometem capturar e armazenar o gás carbônico custam caro e ainda dividem os ambientalistas. Será que elas vão mesmo vingar? | REGINA SCHARF
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QUEIMA DO CARVÃO MINERAL PRODUZ um quar-
Termelétrica movida a carvão na Alemanha: esforços para desenvolver tecnologias que neutralizem as emissões dessa fonte de energia
to da eletricidade do planeta, mas também é responsável por 40% das emissões de dióxido de carbono em todo o mundo. Tudo indica que o carvão, uma fonte de energia que custa pouco, mas tem alto impacto ambiental, continuará a dominar a matriz energética global. Segundo projeções do governo americano, o consumo de carvão crescerá a taxas anuais de 1,6% nos próximos 25 anos, com destaque para os países em desenvolvimento da Ásia. Se o uso do carvão é inevitável, uma das saídas é neutralizar suas emissões — de maneira radical. A ideia de retirar o CO2 da atmosfera e armazená-lo em algum lugar seguro não é nova, mas a ameaça da mudança climática acelerou as pesquisas. Há várias técnicas conhecidas de CCS, sigla em inglês para os métodos de retirada do CO2 da atmosfera. Inúmeras outras estão em estudo. A Bayer, por exemplo, está desenvolvendo, com a Universidade de Aachen, na Alemanha, um método para liquefazer o CO2 gerado por uma das maiores termelétricas do país. O líquido é então processado industrialmente e convertido em polipropileno, plástico que pode ser usado na produção de painéis de veículos. Nos Estados Unidos, um grupo de pesquisadores da Universidade de Cincinnati se inspirou na forma como algumas rãs da América Central constroem abrigos para proteger seus girinos, aglomerando a espuma dos rios. O grupo sintetizou um material esponjoso embebido em enzimas produzidas por esses sapos. Uma vez instalado em chaminés de termelétricas, ele aprisiona o gás carbônico e o transforma em açúcar, num processo análogo ao que ocorre na fotossíntese. Essa espuma sintética, segundo os pesquisadores, seria cinco vezes mais eficiente do que as plantas na conversão de CO2 em glicose. No futuro, os pesquisadores pretendem extrair esse açúcar para utilizar na fabricação de biodiesel. Mas existem sistemas que operam de forma mais convencional e já estão
em funcionamento no mundo real. Tanto o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organismo da ONU que estuda o aquecimento global, quanto a Comunidade Europeia e os Estados Unidos concordam que a CCS é uma das poucas soluções com eficiência comprovada em escala. As unidades de CCS em uso hoje em geral capturam o gás no ponto de sua emissão. O CO2 é então comprimido, transportado e introduzido em formações geológicas profundas, onde fica aprisionado. Em alguns casos, ele é reaproveitado pela indústria petrolífera. Ao ser injetado nos poços em alto-mar, o gás facilita a retirada do óleo — e fica por lá mesmo, armazenado no fundo do oceano. Hoje, há pelo menos 80 projetos industriais de CCS em diferentes fases de implantação, a maioria na Europa e nos Estados Unidos — uma expansão acelerada pelos 26 bilhões de dólares investidos por diversos países na forma de incentivos federais. CONTROVÉRSIA
No papel, faz todo o sentido do mundo. Na prática, porém, a CCS ainda tem um longo caminho a percorrer. A tecnologia é relativamente nova e exige grandes investimentos. As maiores unidades de CCS, como a mais antiga delas, o Projeto Sleipner, conseguem resgatar no máximo 1 milhão de toneladas de CO2 por ano, o que equivale à emissão de cerca de 400 000 carros no mesmo período. Desenvolvido pela Statoil, maior produtora global de petróleo e de gás offshore, o Projeto Sleipner retira CO2 do gás natural extraído por uma plataforma da costa da Noruega. Depois, o gás carbônico é reinjetado a uma profundidade de 1 000 metros sob o fundo do oceano, numa formação geológica que tem capacidade de abrigar cerca de 600 bilhões de toneladas de gás. No Brasil, a Petrobras investe em pesquisa e projetos demonstrativos desde os anos 80. A empresa já vem reinjetando gás carbônico em seus campos no Recôncavo Baiano há duas décadas para otimizar a produção de petróleo. É um investimento
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ALMIR JÚNIOR
Operação da Petrobras na Bahia: pesquisas para neutralizar as emissões de CO2 são feitas há duas décadas
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Para o ex-vice-presidente americano Al Gore, as tecnologias de captura e armazenamento de CO2 validariam os combustíveis altamente poluentes
importante para a Petrobras: junto com o petróleo do pré-sal devem ser liberadas grandes quantidades de CO2 contidas nos poços da bacia de Santos. Mas a capacidade de todos esses projetos, somados, ainda está muito aquém do necessário para que a CCS tenha alguma contribuição efetiva. “A escala de implantação da captura de carbono tem de aumentar espetacularmente para que haja uma redução significativa das emissões globais de carbono”, diz Steve Chu, secretário de Energia dos Estados Unidos e defensor dessa tecnologia. Ele tem razão. Para sequestrar os 18 bilhões de toneladas de CO2 produzidos pela queima de carvão anualmente seria necessário multiplicar a capacidade instalada pelo menos 2 250 vezes. Nem mesmo na seara dos verdes a CCS é unanimidade. Seus críticos, como o prêmio Nobel e ex-vice-presidente americano Al Gore, argumentam que a tecnologia validaria os combustíveis altamente poluentes. Gore também afirma que a captura de carbono ainda não provou sua viabilidade financeira e que talvez não
possa ser operada na escala necessária para fazer a diferença. Finalmente, ela ofereceria riscos: se ocorresse um vazamento num depósito de gás carbônico, as consequências seriam graves. “A ideia é atraente”, escreve Gore. “Mas, décadas depois de proposta, nenhum governo ou empresa construiu um único projeto em escala comercial capaz de sequestrar grandes volumes de CO2 de uma termelétrica.” O IPCC estima que a captura de carbono numa termelétrica moderna possa diminuir as emissões em até 90%. Tanta eficiência tem preço. Estudos sinalizam que a tecnologia de CCS continua muito cara e que ela só vingará se houver incentivos financeiros muito fortes. Segundo a Associação Internacional de Energia (IEA), teriam
de ser investidos globalmente de 2 trilhões a 3 trilhões de dólares nos próximos 40 anos. O problema, segundo a IEA, é que o valor de mercado das emissões de carbono não cobre os altos custos de projetos de grande escala. A força-tarefa formada por 14 órgãos do governo americano e encarregada pelo presidente Barack Obama de investigar o assunto chegou a uma conclusão parecida: o desenvolvimento da CCS depende da criação de uma taxa sobre as emissões de CO2. “Sem isso, essa tecnologia não irá a lugar nenhum”, declarou recentemente Lester Lave, que dirige o Centro de Estudos sobre a Indústria de Geração de Energia da Carnegie Mellon University. “Ninguém vai gastar dinheiro, a menos que as emissões sejam penalizadas.”
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pouco. Tão pouco que muita gente nem tenta vendê-lo: joga direto no lixo. Esse fenômeno é comum nos países desenvolvidos, mas se engana quem acha que brasileiro não joga computador na lixeira. Em fevereiro, a Organização das Nações Unidas apontou o Brasil como o país emergente que mais gera lixo eletrônico per capita a partir de PCs. Os dados
valor assim que deixa a concessionária. Do computador, pode-se afirmar que, quando ele deixa a linha de montagem, provavelmente já está desatualizado. A diferença é que um carro tem valor de revenda, ainda que mais baixo. Já um PC antigo vale muito
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foram estimados, mas é fácil entender a equação. Em 2010, devem ser vendidos 13,5 milhões de computadores. Numa conta otimista, considerandose um uso médio de cinco a oito anos para essas máquinas, pode-se esperar uma enorme quantidade de lixo eletrônico em 2015. Mas nem é preciso olhar para o futuro para entender o problema. Quatro anos atrás, 19% dos
ANDREW MCCONNELL/PANOS
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IZEM QUE UM CARRO ZERO-QUILÔMETRO perde
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Para onde vai seu computador velho?
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O Brasil já é um dos maiores mercados de computadores do mundo — e logo vai ser um grande produtor de lixo eletrônico. Estamos prontos para cuidar de todo esse e-entulho? | DENISE DWECK
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Crianças vasculham em aterro de lixo eletrônico em Gana, na África: 40 milhões de toneladas de e-entulho são geradas por ano no mundo
domicílios urbanos tinham um computador de mesa. Em 2008, já eram 27%. O número de computadores vendidos a cada ano subiu de 8,2 milhões para 11,7 milhões nesse período, de acordo com a consultoria ITData. O Brasil é um dos maiores mercados de computadores do mundo. Logo vai ser também um dos líderes na produção de lixo eletrônico, um problema
ambiental que já é grave atualmente e tende a piorar com a digitalização dos países emergentes. No mundo, 40 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos são geradas todo ano, mas apenas cerca de 10% são reciclados de forma apropriada. No Brasil, não existem dados confiáveis sobre a reciclagem desse lixo, mas experiências mostram que a si-
tuação é parecida. A operadora Vivo oferece um serviço de reciclagem de celulares em 3 400 pontos de coleta em lojas próprias e revendas. Do total de aparelhos trocados, porém, somente 5% são coletados. “Parte do que não é coletado deve estar guardada ou foi repassada a alguém”, afirma Juliana Limonta, consultora de responsabilidade socioambiental da Vi-
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O tamanho do problema O consumo de eletroeletrônicos cresceu muito no Brasil nos últimos anos e, com ele, a geração de lixo. Veja as vendas de alguns produtos e em quanto tempo eles costumam ser descartados Equipamentos vendidos no Brasil (em milhões de unidades)
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Leis para tratar o lixo eletrônico no Brasil começaram a ser criadas há apenas três anos. Em agosto, após quase 20 anos de discussão, foi sancionada a lei federal que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, definindo o descarte de diversos tipos de lixo, entre eles o eletrônico. A lei tem dois aspectos importantes. Um é a obrigação de criar sistemas de logística reversa, ou seja, um sistema que permita a volta dos equipamentos ao setor industrial para ser reaproveitados. O outro é a definição de que a responsa-
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LEGISLAÇÃO
bilidade pelo descarte correto é compartilhada entre fabricantes, distribuidores, importadores e consumidores. A lei ainda depende de regulamentação, mas algumas empresas se adiantaram. Desde 2006, a Dell oferece um sistema de coleta de eletrônicos e acessórios aos clientes brasileiros (não corporativos), agendada pela internet. O cliente apenas embala o que tem para descartar e uma transportadora leva os resíduos para a reciclagem. “Se o programa não fosse fácil, conveniente e gratuito, os produtos não seriam reciclados”, diz Cintia Gates, gerente de cumprimento ambiental da Dell para a América Latina. O mercado de empresas de reciclagem, porém, ainda está engatinhando no país. Quando a Itautec criou seu programa de reciclagem, em 2003, não encontrou mão de obra especializada para fazer o processo de desmontagem dos computadores e desenvolveu um sistema dentro de casa. A empresa recolhe os equipamentos e os desmonta. Plásticos, vidros e peças de alumínio, entre outros materiais, são enviados para recicladores brasileiros. “Do total recolhido, reciclamos 97% no Brasil”, diz João Car-
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vo. Um estudo está sendo feito pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre, uma associação de empresas) e pelo Ministério do Meio Ambiente, com entidades do setor eletroeletrônico, para descobrir o destino dos equipamentos velhos. “Alguns resíduos são jogados em lixo comum”, diz André Vilhena, diretor executivo do Cempre. “Acabam em lixões ou são retirados por catadores.” O grande problema desse cenário é que o manuseio errado dos equipamentos pode contaminar o solo e a água, conforme as peças se oxidam.
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1. Estimativa Fontes: ITData, Teleco, Gartner e ONU
A Organização das Nações Unidas apontou o Brasil como o emergente que mais gera lixo eletrônico per capita a partir de computadores
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Empresa de reciclagem eletrônica na Califórnia: esse mercado está engatinhando no Brasil — não existe ainda, no país, alguém que recupere metais
los Redondo, gerente de sustentabilidade da Itautec. Os 3% restantes correspondem às placas de circuitos impressos. Faltam no Brasil empresas que recuperem metais. A reprocessadora belga Umicore tem uma filial brasileira que recolhe essas peças para reciclagem na Bélgica. “Ainda não há volume suficiente para fazer o processo de recuperação aqui”, diz Ricardo Rodrigues, gerente de desenvolvimento de negócios da Umicore. A
empresa, que também recicla baterias e catalisadores, recupera até 17 tipos de metal, como ouro, prata, paládio, cobre e estanho, nos diferentes processos. Em 2009, a filial brasileira exportou 150 toneladas de baterias e resíduos eletrônicos. Neste ano, esse total deve aumentar 50%. As placas de aparelhos como telefones celulares e computadores contêm metais valiosos. Cada quilo de celular, por exemplo, contém de 100
a 150 miligramas de ouro, de 400 a 600 miligramas de prata, de 100 a 130 gramas de cobre, além de outros metais, materiais cerâmicos e plástico. Um estudo da Umicore aponta que a recuperação de metais no lugar da mineração representa um ganho de energia de 70% e uma redução na emissão de CO2 também de 70%. A Umicore sabe fazer essa conta: a empresa nasceu como mineradora. Hoje, aproximadamente 40% dos metais trans-
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ALEXANDRE BATTIBUGLI
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formados em materiais vêm da reciclagem de resíduos. Essa área de recuperação de metais representa 21% das receitas mundiais da Umicore, que somam 6,9 bilhões de euros. Mas as riquezas das placas escondem uma realidade não tão dourada: a dificuldade de fechar a conta da reciclagem. Nem todos os equipamentos contêm materiais de valor. “Precisamos pagar para reciclar monitores”, diz Neuci Bicov Frade, gestora ambiental e técnica de informática do Centro de Descarte e Reúso de Equipamentos de Informática da Univer-
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sidade de São Paulo. A explicação é o baixo valor do vidro e a toxicidade de materiais como o chumbo usado nos antigos monitores e TVs de tubo. Isso exige investimento extra de quem quer reciclar. Os custos do programa de reciclagem da Itautec somam 1 milhão de reais, mas o que se recebe com os materiais cobre apenas 56% desse investimento. Outro custo é o transporte. “A logística reversa é cara num país do tamanho do Brasil”, diz Kami Saidi, diretor de operações e sustentabilidade ambiental da HP. A empresa tem 55 centros de coleta espalhados
pelo país. Quando o cliente mora longe de uma dessas unidades, a coleta é feita em casa. Em 2009, a HP reciclou no Brasil 750 toneladas de plásticos, 2 toneladas de baterias, 370 000 cartuchos de tinta e 75 000 toners. Os cartuchos coletados são usados na fabricação de novas impressoras, com até 50% de plástico reciclado. Na Suíça, um dos países líderes mundiais em reaproveitamento desse tipo de lixo, o preço dos eletrônicos já embute uma taxa de reciclagem. “Não há no mundo um sistema completo de reciclagem que não precise
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Loja de eletrônicos em São Paulo: a logística reversa é cara num país do tamanho do Brasil e os custos nem sempre cobrem os investimentos
Nos Estados Unidos, onde a cada ano são jogados fora 206 milhões de produtos de informática e 140 milhões de celulares, a taxa de reciclagem fica entre 15% e 20% ser pago”, diz Heinz Böni, da área de tecnologia sustentável do Empa, instituto suíço de pesquisa em tecnologia e ciência de materiais. Os recursos recolhidos na venda dos eletrônicos são gerenciados pela Swico, associação com 550 fabricantes e importadores. Todas as lojas de eletroeletrônicos do país são obrigadas a receber apa-
relhos descartados, somando mais de 6 000 pontos de coleta. O sistema está em vigor há 15 anos e coleta 15 quilos de resíduos eletrônicos por habitante por ano. Além da Swico, responsável pela coleta de lixo de informática, há associações semelhantes para eletrodomésticos, baterias e lâmpadas. Do total de e-entulho gerado no país,
estima-se que entre 80% e 90% sejam reciclados. Nos Estados Unidos, onde a cada ano são jogados fora 206 milhões de produtos de informática e 140 milhões de celulares, a taxa de reciclagem fica entre 15% e 20%. Existe também um lado cruel do lixo eletrônico. Contêineres lotados de computadores, monitores e TVs
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Protesto do Greenpeace na Índia: contêineres lotados de computadores e TVs velhos são enviados como doação a países miseráveis
Na Suíça, um dos líderes mundiais em reaproveitamento de lixo eletrônico, o preço dos equipamentos já embute uma taxa que vai cobrir os custos da reciclagem
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como o cobre dos cabos. O problema é que a fumaça é tóxica e o contato dos equipamentos com o solo pode contaminar lençóis freáticos. “Esse lixo geralmente é enviado para onde há pouca restrição ambiental”, diz Harrell. O Greenpeace mapeou algumas rotas costumeiras desse tipo de carregamento. Uma delas vai de Londres a Lagos, na Nigéria. Outras vão dos Estados Unidos a Guyiu, na China. A Convenção da Basileia, assinada em
têm sido enviados a países miseráveis na África e na Ásia sob a denominação de doação. “Muitas vezes, os equipamentos nem sequer funcionam”, diz Casey Harrell, coordenador de campanha da área de lixo tóxico do Greenpeace. Os carregamentos são despejados em lixões, onde famílias inteiras se lançam no garimpo das peças para vender a recicladores. Por poucos dólares, elas desmontam e incineram os resíduos para a extração de metais,
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1992, controla os fluxos de resíduos perigosos, exigindo certificados que garantam a reciclagem correta do lixo eletrônico em caso de exportação — daí a tentativa de maquiar esses carregamentos como doação. Enquanto não se encontra uma solução global, tanto do ponto de vista da regulamentação quanto do desenvolvimento de tecnologias que gerem menos resíduos tóxicos, empresas vão lidando com o problema. Em Itatiaia, no Rio de Janeiro, a Xerox remanufatura máquinas usadas. Elas são pintadas, têm componentes substituídos e voltam para o mercado. Entre os modelos de alto volume, 100% das máquinas são reaproveitadas. Entre os de baixo volume, aproveita-se uma a cada cinco ou dez usadas. “É economia para a Xerox, além de ser uma prática sustentável”, diz Márcio Lassance, diretor executivo de logística e distribuição e de facilities. A reciclagem também gera novos negócios. A Vertas, de Mauá, na região metropolitana de São Paulo, começou a reciclar resíduos tecnológicos neste ano e planeja desenvolver um processo eletroquímico para recuperar metais. A paulista Descarte Certo atua na ponta do consumidor. A empresa vende um serviço de coleta e reciclagem nas lojas do Carrefour e pela internet
como se fosse uma garantia estendida. A Descarte Certo recicla desde celular (9,90 reais) até geladeira (152,90 reais). Não é barato. Mas Lucio Di Domenico, um dos fundadores da companhia, tem a resposta na ponta da língua: “Cada família gasta, em média, 30 reais por mês em impostos para a coleta de lixo comum”. Ao que tudo indica, quem for responsável com seu lixo eletrônico pode se preparar para um aumento na conta.
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O crescimento e a modernização dos últimos anos colocaram a indústria pesqueira sob ameaça de extinção. Para salvá-la, só há uma saída: desacelerar REGINA SCHARF
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Navio pesqueiro no Alasca: o governo restringiu a atividade no final da década de 50 e, com isso, a pesca do salmão renasceu
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O INÍCIO DOS ANOS 50, O ALASCA VIVIA uma catás-
trofe econômica e ambiental. A indústria da pesca, maior fonte de receita do gélido estado americano, naufragava por culpa dos próprios excessos. A expansão das fábricas de pescado enlatado e a sofisticação tecnológica dos pesqueiros haviam levado a pesca a um ritmo frenético. No ano de 1936, em seu auge, a indústria chegou a pescar 120 milhões de unidades. O resultado disso foi uma diminuição dramática dos cardumes. A rentabilidade dos negócios despencou. Em 1953, a captura do salmão atingiu o menor nível em 23 anos, e o presidente Dwight Eisenhower decretou estado de calamidade. Os estoques da espécie continuaram a cair e, no fim da década, mal se pescavam 25 milhões de unidades por ano. De lá para cá, a situação mudou, e muito. Hoje, 60 anos depois, os pesqueiros do Alasca capturam um volume oito vezes maior. A indústria fatura cerca de 5 bilhões de dólares anuais e gera 70 000 empregos diretos. O Alasca se transformou no grande celeiro marinho dos Estados Unidos. O milagre da multiplicação do salmão no Alasca, porém, é a boa notícia que foge à regra. No resto do planeta, grande parte dos estoques pesqueiros está entrando em colapso. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), até meados deste século diversas espécies comerciais estarão extintas ou em via de desaparecer. Cerca de 30% da pesca oceânica já está comprometida e produz menos de 10% de sua capacidade de pico. “Não é um roteiro de ficção científica”, diz Achim Steiner, diretor do Pnuma. “O mercado premia aqueles que vão além dos limites e alcançam o último peixe do oceano.” Essa falta de visão de futuro, segundo Steiner, poderá ser fatal para o setor. A indústria da pesca oceânica, que movimenta cerca de 91 bilhões de dólares por ano, dá sinais de que está sentindo o baque. A produtividade global está estagnada desde o início desta década:
na faixa de 80 milhões a 83 milhões de toneladas anuais. Além disso, ela está perdendo terreno para a aquicultura, que já fornece quase metade dos peixes consumidos no planeta e deve bater a pesca em 2012. Um bilhão de habitantes do planeta têm na pesca dos oceanos sua principal fonte de proteína animal. O bacalhau, só para ficar num item tradicional das mesas brasileiras, dá pistas do que vem pela frente. Quando o navegador genovês Giovanni Caboto avistou pela primeira vez o que viria a ser o Canadá, cinco séculos atrás, encontrou um mar tão apinhado de peixes que seu navio teve dificuldade de atingir a costa. Bastava que seus marinheiros baixassem baldes ao mar para pegar grandes quantidades de pescado. Passaram-se os anos e a indústria da pesca floresceu, atingindo seu auge em 1968, quando 800 000 toneladas de bacalhau foram retiradas do litoral atlântico canadense. A introdução de navios de até 60 metros triplicou a capacidade da indústria, a tal ponto que os peixes mal tinham tempo de se reproduzir. Resultado: em poucos anos, a espécie sumiu completamente da região. Em 1992, o governo do Canadá declarou a moratória da pesca do bacalhau. Não foi o suficiente. O bacalhau canadense nunca mais voltou, e quase 40 000 pessoas perderam seu ganha-pão. Em termos globais, 500 milhões de pessoas dependem da pesca oceânica para seu sustento — universo que inclui pescadores artesanais, tripulantes dos grandes pesqueiros, empregados de indústrias de embalagem e congelamento de pescados e aqueles que atuam no transporte e na comercialização, mais as suas famílias. EXTINÇÃO
Quanto maior o valor comercial de uma espécie, maior o risco de colapso. O atum-azul, cuja carne macia e rosada é a mais valorizada pelos amantes do sushi, é o exemplo mais vistoso dessa correlação. No começo do ano, um atum de 232 quilos foi vendido em leilão por 16 milhões de ienes, algo
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como 175 000 dólares, no mercado Tsukiji, o maior ponto de compra e venda de peixes e frutos do mar do mundo. As duas grandes populações da espécie, encontradas na costa dos Estados Unidos e no mar Mediterrâneo, foram exploradas de tal forma que hoje são alvo de uma agressiva campanha da organização não governamental Greenpeace, que quer impedir a ação de pesqueiros. Há estimativas de que não restem mais do que 9 000 atuns-azuis capazes de se reproduzir na América do Norte. Agora, a União Europeia está trabalhando ativamente pela proibição internacional da pesca da espécie. Quem não gosta da ideia, é claro, são os japoneses: a carne mais gorda do atum-azul é uma das maiores iguarias da culinária do país. Entre as espécies mais ameaçadas estão também algumas variedades de cação, tubarão e peixe-espada. O salmão do Atlântico — diferentemente de seu primo do Pacífico, que visita o Alasca — praticamente só está dispo-
A indústria da pesca oceânica, dá sinais claros de que está sentindo o baque: a produtividade global está estagnada desde o início desta década
BOB KRIST/CORBIS
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nível em projetos de piscicultura. No Brasil, sardinha, corvina, merluza, lagosta e camarão merecem atenção redobrada dos órgãos de fiscalização. Mas, segundo Karim Bacha, secretário de Planejamento e Ordenamento do Ministério da Pesca, o país é um dos poucos em situação relativamente confortável nesse departamento. “Boa parte das espécies comerciais
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Mercado de peixe em Tóquio, no Japão: o país é o maior consumidor do atum-azul, espécie comercial à beira do colapso
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está sob algum tipo de controle, e a captura de algumas delas poderia ser, inclusive, aumentada”, diz Bacha. Para manter os estoques de pesca saudáveis, o ministério está investindo em diversas iniciativas, como a criação de áreas de exclusão de pesca e períodos de defeso e o estabelecimento de um tamanho mínimo para os peixes capturados. Observadores de bordo acompanham navios de maior porte ou que utilizam técnicas de maior impacto. Embarcações de mais de 15 metros são monitoradas por GPS. O sistema foi particularmente bem-sucedido na recuperação dos estoques de sardinha, que abastecem 70% do mercado nacional de peixes enlatados. Historicamente desprezado pelos consumidores de maior poder aquisitivo, o peixe ganhou status nos últimos anos por apresentar alta concentração de ômega 3, óleo importante na prevenção do câncer e de doenças cardiovasculares. Nos anos 70, a produção nacional da espécie, que já foi abundante na costa entre os estados de Santa Catarina e do Rio de Janeiro, chegou a 228 000 toneladas anuais. Por causa da sobrepesca, entretanto, o volume foi de apenas 17 000 toneladas em 2002. Hoje, a captura retornou à faixa
de 100 000 toneladas graças ao estabelecimento de dois períodos de defeso, num total de cinco meses, que permitem a reprodução e a recomposição da população de sardinha. “Ainda não é o ideal”, diz Bacha, “mas a sardinha vem num ascendente de recuperação.” Do lado das empresas, a avaliação das medidas é positiva, apesar do aumento dos custos. “Hoje, precisamos importar sardinhas durante esses períodos, mas as medidas tomadas pelo Ibama permitiram aumentar o volume capturado e estamos em boa situação”, afirma Alberto Encinas, presidente da Gomes da Costa, empresa líder no processamento de pescados na América Latina, com faturamento de 460 milhões de reais. RENASCIMENTO
A introdução de restrições à pesca também está na origem do renascimento do salmão no Alasca. O estado americano tem uma política de gestão sustentável dos estoques pesqueiros desde o fim dos anos 50 que inclui a criação de mais de 40 áreas de proteção marinha inacessíveis à pesca. É uma área equivalente à do estado do Paraná. O governo estabeleceu períodos de defeso e cotas máximas de pesca, subdivididas em cotas indivi-
Pouco peixe na rede A produtividade da indústria da pesca está estagnada desde o início desta década (em milhões de toneladas)
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Fábrica da Gomes da Costa: o respeito às restrições está garantindo a continuidade da pesca da sardinha
COSTAS PICADAS/DLUX IMAGES
Restaurante japonês na Grécia: o sushi pode estar com os dias contados
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Para que os estoques pesqueiros possam se recompor, a ONU recomenda a retirada de circulação de 13 milhões de barcos pesqueiros
duais para empresas e comunidades de pescadores. Essas cotas são bastante conservadoras, sempre inferiores aos níveis máximos recomendados pelos cientistas. Também foram criadas restrições quanto ao tamanho das embarcações e aos equipamentos utilizados. Por exemplo, até o início dos anos 90, as frotas que pescavam lulas eram autorizadas a usar redes que cobriam quase 50 quilômetros e que arrastavam junto milhares de indivíduos de espécies não comerciais. Isso não é mais permitido. Mas esse modelo só funciona graças ao bom entrosamento entre governo, cientistas e indústria. “Esse diálogo não é sem dor e controvérsia”, diz David Benton, diretor da Marine Conservation Alliance, associação que congrega 70% das comunidades de pescadores e indústrias de pescado e caranguejos do Alasca. “Mas, no fim, aceitamos o que os cientistas determinam, porque o processo é transparente e a informação que eles apre-
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sentam é sólida.” Resultado: hoje, as populações de salmão, caranguejo, arenque e halibute estão muito acima dos níveis registrados até 1980. E o Alasca não tem — nem nunca teve — peixes ou frutos do mar na lista de espécies ameaçadas. Segundo as Nações Unidas, ainda dá para salvar a indústria da pesca — mas a conta será salgada. Para que os estoques pesqueiros possam se recompor, o Pnuma recomenda a retirada de circulação de 13 milhões de barcos pesqueiros (75% das embarcações hoje em atividade), o estabelecimento de cotas máximas para algumas espécies e a moratória na pesca de outras. Isso exigiria o investimento de cerca de
8 bilhões de dólares anuais ao longo dos próximos 40 anos, parte dos quais deveria ser aplicada no treinamento de até 22 milhões de pescadores que perderão o emprego. Esse valor é relativamente modesto diante dos 27 bilhões de dólares investidos anualmente na indústria da pesca sob a forma de subsídios injetados na ampliação de uma frota que já é pelo menos 50% superior ao recomendado pela ONU. O destino da pesca oceânica ainda não está selado. Indústria e governos podem se inspirar no modelo proposto pelo Alasca ou então seguir no ritmo tradicional até que moquecas, paellas e sushis virem mera lembrança.
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Protesto do Greenpeace em fábrica na Alemanha: a reação das empresas aos primeiros movimentos ambientalistas foi recuar
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LEITOR TALVEZ NÃO TENHA PERCEBIDO,
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mas o movimento ambientalista moderno está celebrando seu 40o aniversário. Em outras palavras, ele acaba de atingir a meia-idade. Foi no início dos anos 70 que nasceram ONGs internacionais, como Amigos da Terra e Greenpeace. Surgia assim um novo movimento, de caráter diferente do que havia até então. Ele era passional, irado e implacável no quadro que pintava dos desafios ambientais enfrentados pelo mundo — e culpava as empresas por boa parte daquilo. Mas qual tem sido a resposta do mundo corporativo a esse
importantes a desenvolver, a contragosto, expertise limitada em assuntos ambientais, seduziram varejistas a só comprar madeira extraída de maneiras mais sustentáveis, e muito mais. Na maioria dos casos, seria justo dizer que as empresas ficaram na defensiva. O conceito de responsabilidade social corporativa (RSC) surgiu no fim dos anos 80 e início dos 90 como uma tentativa das empresas de desenvolver uma atitude mais proativa do gerenciamento de risco à reputação. Algumas companhias nomearam diretores para isso, cujo trabalho era identificar potenciais controvérsias antes de elas ocorrerem. Na virada do sécu-
começaram a dizer que chegara a hora de os governos abandonarem a regulamentação e deixarem o livre mercado fazer o serviço. Quem precisava de regras e regulamentos ambientais quando tínhamos a RSC e o consumismo ético para salvar o planeta? A maioria das ONGs se manteve cética, porém, sobre esse voluntarismo corporativo. Ele não conseguia perceber a escala dos desafios sociais e ambientais que se colocavam, ou os limites e as deficiências inerentes à RSC e ao consumo ético. Ouvi ministros de Estado argumentarem no passado que, enquanto as ONGs continuassem seu papel de “patrulha”, prosseguiria
Muito além da tinta verde O desafio que se impõe às empresas não vai ser resolvido com marketing. É preciso se preparar para a era da sustentabilidade corporativa | CRAIG BENNETT massacre? Ao adotar conceitos como responsabilidade social corporativa e responder aos anseios de “consumidores éticos”, as companhias teriam se transformado em agentes de sustentabilidade? Ou será tudo isso uma cortina de fumaça verde para continuar tocando os negócios como sempre? Nas décadas de 70 e 80, as ONGs fizeram incontáveis campanhas contra companhias. A reação inicial das empresas foi aguentar a onda da má publicidade, ou então recuar. ONGs forçaram o abandono de planos para construir estradas, portos, minas, represas e oleodutos em habitats naturais preciosos, atazanaram alguns bancos
lo, muitas companhias estavam produzindo relatórios detalhados, e o setor corporativo gastava cada vez mais em publicidade para promover sua nova imagem verde. Esse mesmo período também presenciou o aparecimento do “consumo ético”. Campanhas de ONGs em defesa do consumidor persuadiram milhões de lojistas a comprar papel reciclado, a praticar o comércio justo, a revender café, chá, chocolate e bananas orgânicos, e muito mais. Jornais e revistas ofereciam guias de consumo verde e, por vezes, parecia que bastava entrar numa farra de consumo para corrigir os problemas mundiais. Alguns comentaristas
a adoção de políticas socialmente responsáveis por parte das empresas. Esse argumento é ridículo. As ONGs jamais terão capacidade de policiar o mundo corporativo. O público, para não falar da mídia, nunca terá tempo ou apetite para tal. Isso sem falar nas incontáveis empresas que vendem produtos e serviços para outras companhias e não para o consumidor final. E será que é, ou deveria ser, papel de ONGs agir como “policiais”? Não conheço ninguém da comunidade das ONGs que pense assim. E quanto ao consumo ético? Um número crescente de pessoas parece estar escolhendo esse caminho. Na Grã-Bretanha, os gastos
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Prateleira com produtos orgânicos em Nova Jersey, nos Estados Unidos: o consumo de bens e serviços éticos está crescendo em todo o mundo, mas não deverá oferecer a escala de mudança necessária para uma virada na era da sustentabilidade corporativa
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com bens e serviços éticos quase triplicaram na última década, de 13,5 bilhões de libras (36 bilhões de reais) para 36 bilhões de libras (96 bilhões de reais) em 2008. Isso parece impressionante — até se considerar que bens e serviços éticos correspondem, em média, a menos de 1% dos gastos familiares totais.
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Um problema é que esses produtos verdes são, com frequência, mais caros e representam um nicho de mercado. Outro é que mesmo o mais ardoroso, o mais cuidadoso, o mais rico consumidor verde jamais possuirá conhecimento suficiente para comprar eticamente o tempo todo. O supermercado médio con-
tém dezenas de milhares de linhas de produtos. Como poderíamos esperar que os consumidores se mantivessem atualizados sobre todos os desenvolvimentos e depois tivessem tempo para elaborar pessoalmente o que isso significa para sua cesta de compras? Como um consumidor supostamente ético
Sete mandamentos
cial corporativa se alastrou na primeira metade da última década. E aí veio a mudança climática — ou melhor, uma percepção de que essa questão estava mudando drasticamente a natureza do debate. Trata-se de um tema grande, urgente e caro demais para que as companhias o deixassem aos cuidados de meros gerentes. No espaço de cinco a dez anos, a depender do setor, a mudança climática tornou-se um assunto que, direta ou indiretamente, estava influenciando muitas decisões estratégicas. Mas o que é uma resposta corporativa crível à mudança climática? Não há, certamente, um modelo único de resposta para as companhias, mas nos últimos anos eu identifiquei sete áreas distintas de ação, conforme pode ser visto no quadro ao lado.
A estratégia sustentável de uma empresa precisa prever uma ação abrangente nas seguintes áreas
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Planejar produtos e serviços que usem bem menos energia ou carbono e eliminar progressivamente aqueles ineficientes ou danosos Assegurar que todos os funcionários entendam como a estratégia climática é importante para sua função e criar uma estrutura de premiação adequada Garantir que as emissões de carbono sejam medidas e controladas, com uma política clara de gestão e prestação de contas
UMA NOVA ECONOMIA
Assegurar que todos, dentro e fora da empresa, compreendam as ações para tratar da mudança climática e os porquês Questionar se a companhia precisa mudar seu modelo de negócios se ela quiser permanecer relevante e explorar as oportunidades de um mundo com baixas emissões Trabalhar em parceria com ONGs e governos para desenvolver as medidas políticas necessárias para implementação da economia de baixo carbono
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Reduzir a intensidade das emissões de carbono e de consumo de recursos naturais
poderia boicotar uma empresa — uma companhia de mineração, por exemplo — que pode estar envolvida na cadeia de suprimento de milhares de produtos, mas cuja marca não está em nenhum deles? E se não houver uma versão ética do produto que precisamos comprar? Tanto a RSC como o produto
ético têm papel importante a representar. Mas, no meu entendimento, nenhum deles oferecerá a escala de mudança requerida nem embutirá sustentabilidade na corrente principal dos negócios. O debate entre os vários méritos de uma abordagem regulatória ou voluntária da responsabilidade so-
As primeiras cinco das sete áreas são familiares a qualquer profissional experiente em responsabilidade corporativa, e as companhias que criarem estratégias abrangentes para enfrentar essas cinco áreas conseguirão embutir a ideia da sustentabilidade na economia, reduzir custos, explorar novas oportunidades de mercado, melhorar o valor de marca e aumentar o moral de seu pessoal. Mas, mesmo que cada companhia do mundo fizesse isso (e, a meu ver, a vasta maioria não o faz atualmente), o resultado seria uma mudança incremental, quando sabemos que é preciso uma mudança transformacional. Por essa razão, acredito que serão as duas últimas de minhas sete áreas de ação que se revelarão as mais importantes a ser enfrentadas pelas empresas na próxima década. A primeira envolve modelo e estratégia de negócios. O século 21 colocará desafios extraordinários para setores-chave. Muitas empresas terão de se adaptar a uma economia em transformação, pois seu modelo de negócios corre o risco
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de se tornar cada vez mais irrelevante. Uma empresa que passou por uma genuína transformação conforme a mudança das circunstâncias é a Nokia. Ela surgiu em 1865. Durante seu primeiro século, foi principalmente uma companhia de produtos florestais com interesses adicionais em borracha e cabos. No início dos anos 70, a Nokia começou a jogar um papel pioneiro no desenvolvimento primitivo das comunicações móveis e, em 1992, um novo presidente e CEO, Jorma Ollila, tomou a ousada decisão estratégica de focar inteiramente nesse setor. A sorte da empresa mudou dramaticamente. Em 2005, a Nokia havia vendido seu bilionésimo aparelho portátil e se tornara a quinta marca mais valiosa do mundo. Embora essa transformação não tenha sido movida por questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável, ela oferece um exemplo excelente do
relação à mudança climática, tanto da perspectiva comercial como da sustentabilidade. O impacto de uma empresa, porém, vai muito além de seu papel como mero organismo comercial. Também são necessárias intervenções do governo, guiadas por uma abordagem clara, consistente e estratégica. As estruturas regulatórias de longo prazo devem ser criadas para corrigir problemas de mercado e mudar os termos do consumo de energia e dos recursos naturais. Os governos somente serão capazes de introduzir medidas ousadas se receberem apoio e espaço político da comunidade empresarial para fazê-lo, e daí o papel que as companhias podem jogar como “cidadãs corporativas” progressistas — pressionar governos. A história do setor corporativo na política pública não tem sido positiva. A imagem pública de um “lobista corporativo” é a de alguém
chefiei o processo de elaboração do Comunicado de Copenhague, documento visto como a declaração definitiva da comunidade empresarial internacional antes da conferência da ONU em 2009. Ele forneceu suporte para mais de 950 companhias em mais de 60 países, das maiores firmas e marcas mais conhecidas do mundo a pequenas e médias empresas. Há apenas uma década, teria parecido inconcebível a formação de grupos empresariais para defender intervenções regulatórias ousadas de governos em apoio à sustentabilidade. Mas, de todas as medidas ao alcance das empresas, talvez essa seja a mais importante, é assim que elas poderão impulsionar a mudança necessária para tornar sustentável todo e qualquer negócio. Há muitos exemplos de empresas que fazem um bom trabalho em uma ou várias das sete áreas
As empresas que não se comprometerem com mudanças profundas perderão a chance de moldar o futuro — e serão moldadas pela nova realidade
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PARCERIA COM O GOVERNO
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tipo de oportunidade que existirá nas próximas décadas para as companhias que já estão prontas para se reinventar enquanto o mundo que as cerca se transforma — e como elas, por sua vez, podem impulsionar uma mudança mais profunda do sistema. Quanto mais companhias forem capazes de se reinventar para atender às necessidades da economia de baixo carbono, mais rapidamente a economia de baixo carbono será alcançada. A redefinição do modelo e da estratégia de negócios de longo prazo pode representar a ação isolada mais importante de uma empresa em
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que trabalha para proteger um interesse constituído estreito, muitas vezes contra os anseios da sociedade. Nos últimos anos, porém, algumas iniciativas reuniram grupos de empresas para fazer lobby a favor de uma legislação progressista para lidar com a mudança climática. Na Europa, na forma do The Corporate Leaders’ Group; nos Estados Unidos, na forma da US Climate Action Partnership; no Brasil, como Empresas pelo Clima; e, no Japão, como Climate Leaders’ Partnership, para citar algumas. Sua motivação tem sido promover os fundamentos comerciais para a regulamentação. Dirigi uma dessas iniciativas, The Corporate Leaders’ Group, de 2007 a 2010, e
apontadas. Mas só consigo pensar em pouquíssimas empresas com programas abrangentes para tratar de todas. Contudo, a menos que a estratégia climática aborde todas elas, sua resposta à mudança climática será inadequada, na melhor hipótese, ou superficial, na pior. Se a companhia for fraca em apenas uma área, ela inevitavelmente será moldada pela mudança transformacional que ocorrerá neste século, em vez de moldá-la. Responsabilidade social corporativa? Não: sustentabilidade corporativa.
CRAIG BENNETT
é diretor de políticas e campanhas da ONG Amigos da Terra
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Empresasmodelo modelo Alcoa (Empresa Sustentável do Ano) Amanco • Anglo American • Bradesco • Braskem • Bunge • CPFL • EDP • Fibria • HSBC • Itaú Unibanco • Masisa • Natura • Philips • Promon • Santander • Suzano • Unilever • Walmart • Whirlpool
FOTOS
Germano Lüders e Daniela Toviansky ILUSTRAÇÕES Jean Takada
A ESCOLHA DAS MELHORES
Em sua 11a edição, o Guia EXAME de Sustentabilidade revela que o fracasso das negociações sobre o clima em âmbito global não abalou o compromisso das empresas brasileiras com o tema | ANA LUIZA HERZOG
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FOTOS: PAULO PAMPOLIN, GETTY IMAGES, KIERAN DOHERTY/REUTERS, PAULO BARCELLOS, ISTOCKPHOTO, TIM A. HETHERINGTON, WERNER RUDHART/KINO, DANILO VERPA/FOLHA IMAGEM, RENATO SOARES/PULSAR IMAGENS, VINCENT KESSLER /REUTERS, DIDA SAMPAIO, MARCELO SPATAFORA PALÊ ZUPPANI E DIVULGAÇÃO
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M MEADOS DE DEZEMBRO DO ANO PASSADO, centenas de
executivos de empresas do mundo todo foram a Copenhague, na Dinamarca. O objetivo era observar de perto o desenrolar da muito esperada reunião do clima da ONU, a Cop-15, que deveria definir um sucessor para o Protocolo de Kyoto, tratado assinado em 1997 que determinou pela primeira vez limites para as emissões de gases causadores do efeito estufa dos países ricos. A maioria dos representantes de empresas, entre eles dezenas de brasileiros, voltou de lá frustrada. Esperava-se que os mais de 120 países presentes saíssem da reunião com o compromisso de cumprir metas e levar à frente ações para combater o aquecimento global, ainda que essas obrigações variassem com o grau de desenvolvimento econômico de cada nação. Isso, porém, não ocorreu. O fracasso do encontro levou alguns especialistas a afirmar que as empresas jogariam por terra seus esforços em nome da sustentabilidade. De lá para cá, passaram-se 11 meses, e o que esta 11a do Guia EXAME de Sustentabilidade revela é que a profecia não se concretizou. É fato que as empresas brasileiras estão menos atentas às negociações climáticas em âmbito global. Prova disso é que não há notícia de que muitas delas planejem ir à reunião do clima da ONU deste ano, no final de novembro, em Cancún, no México. Não há também, pelo menos até agora, nenhum movimento empresarial em curso para pressionar o governo federal a se posi-
cionar dessa ou daquela maneira sobre a questão climática (às vésperas da Cop-15, houve quase uma dezena deles). Mas isso não significa que as questões ambientais e sociais tenham voltado a ser tratadas como marginais — pelo contrário. O que as páginas deste anuário mostram é que há, dentro do universo corporativo do país, um grupo de companhias firmes na convicção de que a perenidade dos negócios passa pela incorporação do tema da sustentabilidade à sua estratégia. Pelo quarto ano consecutivo, a escolha das empresas eleitas como modelo no Guia EXAME de Sustentabilidade teve como base uma metodologia elaborada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces), da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, a mesma entidade responsável pelo Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da Bovespa, que reúne empresas responsáveis listadas na bolsa. Participaram do levantamento 200 companhias de grande e médio porte de todo o país. Nesta edição, a Empresa Sustentável do Ano é a Alcoa. O que justifica a escolha da companhia, que pertence a um setor conhecido pelos grandes impactos ambientais e sociais que provoca onde quer que se instale, é justamente a maneira como ela tem tentado mudar esse padrão. A Alcoa está no Brasil desde 1965, mas foi em meados do ano passado, depois de quase cinco anos de preparação, que ela deu início à sua empreitada mais ambiciosa e arriscada no país: a operação de uma mina e de uma unidade de beneficia-
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 117
PESQUISA | APRESENTAÇÃO mento de bauxita em plena floresta Amazônica, mais precisamente em Juruti, município no oeste do Pará. A análise para escolha das empresas teve quatro etapas. Na primeira, as participantes preencheram um questionário, dividido em quatro partes. A primeira parte aborda questões sobre
compromisso, transparência e governança corporativa. As demais tratam das dimensões econômico-financeira, social e ambiental. As respostas foram analisadas estatisticamente, de modo a excluir as empresas com os piores desempenhos em qualquer das dimensões do questionário.
Com base nessa análise, um grupo de 35 empresas foi selecionado e submetido à decisão dos seis membros do conselho deliberativo do guia, que elegeram as 20 empresas-modelo. Finalmente, a Empresa Sustentável do Ano foi escolhida por um julgamento editorial e jornalístico da própria EXAME.
A seleção passo a passo PRIMEIRA ETAPA
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Preenchimento do questionário As empresas preencheram um questionário disponível no Portal EXAME (www.exame.com.br), dividido em quatro partes de mesmo peso. O questionário foi elaborado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces), da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, e segue abaixo.
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Dimensão geral
O que é 23 questões sobre
os compromissos, a maneira como a empresa trata o tema da sustentabilidade internamente, a transparência e a governança corporativa (estas últimas elaboradas com o apoio do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). PESO
Dimensão econômica
O que é 16 questões sobre a estratégia, a gestão e o desempenho da empresa.
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Dimensão social
O que é 40 questões
sobre os compromissos e a responsabilidade perante todos os públicos que se relacionam com a empresa (stakeholders) — funcionários, fornecedores, clientes, consumidores, comunidade, governo e organizações da sociedade civil. PESO
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Dimensão ambiental
O que é 48 questões sobre
a política, a gestão e o desempenho ambiental — inclusive iniciativas da empresa em relação
➜ No total, 200 empresas se inscreveram. Destas, passaram para a etapa seguinte somente as 143 que preencheram todas as perguntas do questionário.
SEGUNDA ETAPA Análise do desempenho Foi calculado o desempenho das empresas em cada dimensão. Passaram para a etapa seguinte as companhias que obtiveram os melhores desempenhos consolidados em todas as dimensões.
➜ Com base nessa seleção, chegou-se a uma lista de 35 empresas — submetidas a uma checagem jornalística das informações preenchidas do questionário.
TERCEIRA ETAPA Aprovação do conselho A lista de 35 empresas foi apresentada ao conselho deliberativo. Considerando as pontuações e a checagem, o conselho definiu a lista das 20 empresas-modelo.
QUARTA ETAPA Escolha da Empresa Sustentável do Ano Com base nas 20 empresas-modelo e seguindo um critério jornalístico, a redação de EXAME selecionou a empresa de maior destaque, que recebe o prêmio de Empresa Sustentável do Ano.
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à biodiversidade, às mudanças climáticas, à conservação e ao uso sustentável de recursos naturais etc.
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O perfil dos conselheiros Quem são os integrantes do conselho deliberativo desta edição do Guia EXAME de Sustentabilidade
Cristina Montenegro Coordenadora no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma)
Helio Mattar Fundador e diretor-presidente do Instituto Akatu, ONG que incentiva o consumo consciente
Heloisa Bedicks Diretora executiva do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
Pedro Mader Meloni Principal conselheiro para a América Latina e o Caribe do International Finance Corporation (IFC), ramo do setor privado do Banco Mundial
Rosa Maria Fischer Coordenadora do Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor da FIA
Sidnei Basile Vice-presidente de relações institucionais do Grupo Abril
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Franklin Feder, presidente da Alcoa: a companhia apostou em Juruti para se manter na condição de maior fabricante global de alumínio
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Ao chegar com seu negócio ao coração da Amazônia, a Alcoa tenta conciliar desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Sua busca lhe garantiu o título de Empresa Sustentável de 2010 | ANA LUIZA HERZOG
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À procura de um novo modelo
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EMPRESA SUSTENTÁVEL DO ANO | ALCOA
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erta vez, o americano naturalizado brasi-
leiro Franklin Feder, presidente da Alcoa para a América Latina e o Caribe, ouviu a seguinte frase de um colega de empresa: “Franklin, será que realmente queremos fazer algo aqui?” O ano era 2005, e o colega em questão o norueguês Berndt Reitan, na época presidente mundial da área de produtos primários da Alcoa. Feder havia levado Reitan para conhecer Juruti, um município no extremo oeste paraense. Era lá, no meio da Amazônia, que a empresa tinha planos concretos de instalar seu mais arriscado e ambicioso em-
preendimento no país: a operação de uma mina e de uma unidade de beneficiamento de bauxita, a matéria-prima do alumínio. A frase veio à tona, explica Feder, porque Reitan estava completamente hipnotizado pela beleza natural do lugar e lamentou, em pensamento e palavras, a possibilidade de a empresa vir a macular a paisagem. Feder também fala da região com entusiasmo. Apesar do encantamento dos executivos, desistir do empreendimento nunca foi uma opção: Juruti abriga uma das maiores jazidas de bauxita de alta qualidade do mundo, com potencial de 700 milhões de toneladas. A americana Alcoa, que faturou 18,4 bilhões de dólares em 2009, precisava do projeto para
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Porto de Juruti: as práticas testadas pela Alcoa podem se transformar em modelos para empresas e poder público
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manter-se na condição de maior fabricante global de alumínio. Em setembro, a Alcoa comemorou um ano de operação em Juruti. Se seus executivos nunca cogitaram abrir mão desse recurso natural, sempre existiu também, desde o início, outra certeza: a de que tentariam fazer essa exploração de maneira diferente, provocando o menor impacto possível na floresta e gerando benefícios sociais duradouros, de forma que a população local não achasse que saiu perdendo com a presença da empresa. O trabalho é complexo e vai continuar por muitos anos. Mas a atuação da empresa, que inclui diversas inovações nos mecanismos de compensação às populações
Um plano diferente O que a Alcoa está fazendo para transformar Juruti em referência para o setor de mineração
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Ferrovia da empresa: quase 10 000 trabalhadores estiveram envolvidos na construção do complexo de Juruti
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Definiu, com a ajuda de especialistas, dezenas de indicadores de sustentabilidade que devem nortear as políticas públicas locais e os publicou na internet para que eles possam ser acompanhados por qualquer pessoa Criou um fundo para financiar empreendimentos e ações sociais que são definidos por representantes do município Negocia com as populações próximas à operação da mina compensações financeiras para problemas como redução da caça e poluição sonora Financia voluntariamente a preservação de 12 milhões de hectares de mata nativa em parques e florestas nacionais que cercam o município de Juruti
Desistir do empreendimento nunca foi uma opção: Juruti abriga uma das maiores jazidas de bauxita de alta qualidade do mundo
afetadas e uma transparência poucas vezes vista em projetos dessa magnitude, deu à Alcoa o título de Empresa Sustentável do Ano, do Guia EXAME de Sustentabilidade 2010. O trabalho não tem sido nada simples. Instalar uma operação desse porte e não estragar a paisagem de floresta de que o executivo norueguês tanto gostara? Impossível. A Alcoa recebeu dos órgãos ambientais a licença de instalação para a unidade de beneficiamento em meados de 2005. Em abril de 2006, cortou a primeira árvore. No total, só para instalar a mina, 800 hectares — o equivalente a cinco vezes o parque do Ibirapuera, em São Paulo — de mata nativa foram derrubados. A
empresa também tem se esforçado para ajudar o município, com cerca de 35 000 habitantes, a encontrar maneiras de se desenvolver. E tem tentado fazer isso sem cair em duas velhas armadilhas: a de assumir o papel do poder público e a de definir, por conta própria, o que é importante para a população. Ainda assim, não faltam críticos à sua atuação. Para Raimundo Soares, promotor de Justiça e coordenador do núcleo de meio ambiente do estado do Pará, no mundo ideal, os executivos da Alcoa jamais teriam pisado em Juruti. “Dizer que esse é o melhor modelo de desenvolvimento para o município? Não acho”, diz Soares. “Sob a lógica dos ganhos ambientais e so-
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Beneficiamento de bauxita: situada a 55 quilômetros da cidade, a unidade processa a matéria-prima do alumínio
Criou um conselho para discutir com a população e o poder público o desenvolvimento do município
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EMPRESA SUSTENTÁVEL DO ANO | ALCOA de mulheres e pescadores e autoridades do governo e da cidade. Além disso, mais gente do município participa indiretamente da iniciativa por meio das câmaras técnicas, que subsidiam o conselho com informações sobre meio ambiente, educação, saúde e segurança, entre outros assuntos. INDICADORES
A segunda medida adotada pela Alcoa foi um sistema de indicadores para avaliar o desenvolvimento local, uma das partes mais complexas do trabalho. A definição do que seria medido — e como — exigiu um trabalho de mais de dois anos. O município de Juruti ocupa uma área equivalente a cinco cidades
Além das compensações financeiras tradicionais, a Alcoa negocia ressarcimentos para supostos prejuízos menos usuais, como a redução da caça e a poluição sonora mais de 40 pessoas para definir o escopo do trabalho. Logo puderam perceber que a mineradora havia gerado nos habitantes sentimentos conflitantes. Ao mesmo tempo que inspirava esperança, porque era sinônimo de desenvolvimento econômico, a Alcoa suscitava desconfiança e medo em muitas pessoas que viam na empresa uma ameaça à tranquilidade e à segurança. A resistência era maior, sobretudo, em Juruti Velho, a comunidade mais próxima ao local de extração da bauxita. Os pesquisadores do GVces propuseram então à Alcoa uma série de medidas para garantir o sucesso e, especialmente, a sustentabilidade do projeto. Foram três as principais decisões. Primeiro, criou-se um conselho para reunir comunidade, governo e empresa. O organismo foi oficializado em agosto de 2008. Desde então, a Alcoa se senta à mesa quinzenalmente com outros 14 integrantes, um grupo que inclui comerciantes, representantes
de São Paulo. Para chegar a Sabina, um vilarejo no seu extremo sul, a ecóloga Cecília Ferraz, coordenadora do programa de desenvolvimento local do GVces, e mais seis colegas tiveram de viajar 14 horas de barco. O fruto desse esforço é uma fotografia precisa do município. Ela permite comparar o que havia ali em 2000, o dado mais recente, com o que ocorreu em 2008 — ano em que cerca de 10 000 trabalhadores terceirizados estiveram envolvidos na construção da unidade de beneficiamento, de um porto e de uma ferrovia de 55 quilômetros. Um exemplo: ao consultar o livro de indicadores de Juruti, um calhamaço de 145 páginas que possui 158 métricas, é possível saber que, em 2005, 119 adolescentes grávidas, com idade entre 13 e 18 anos, deram à luz no hospital local. Em 2008, foram 211. O número de alvarás concedidos para a abertura de negócios também saltou de 135, em 2005, para 554, em 2008. A ideia é que
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ciais não há nem sequer um exemplo de projeto de mineração bem-sucedido no estado. Me pergunto seriamente se esse fará a diferença.” Os executivos da Alcoa acham que é possível ser uma exceção a essa regra. Eles pediram ajuda ao Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces), que, por sua vez, convidou a ONG Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (o GVces realiza a pesquisa que dá origem ao Guia EXAME de Sustentabilidade, mas a escolha das empresas-modelo é feita por um conselho independente; leia mais na pág. 116). Equipes das duas entidades passaram uma temporada em Juruti, em janeiro de 2006, entrevistando
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os indicadores sejam atualizados anualmente. “Estamos agora identificando técnicos da prefeitura e de outras instâncias locais para que eles próprios possam coletar os dados”, afirma Cecília. Esses indicadores estão disponíveis na internet, e o Brasil e o mundo podem acompanhar o impacto da presença da Alcoa em Juruti. Poucas empresas estão voluntariamente dispostas a ser colocadas sob tamanho escrutínio, muito menos a financiar a criação dos mecanismos que permitirão que isso seja feito. O grande objetivo dos indicadores, porém, é nortear as políticas públicas do município e o uso dos recursos — a terceira medida tomada pela empresa no projeto Juruti Sustentável foi a criação de um fundo. O mecanismo financeiro, criado com 2 milhões de reais doados pela Alcoa, começou a operar em maio
de 2009, quando foi lançado o primeiro edital no valor de 500 000 reais para financiamento de projetos. Hoje, são financiadas 21 iniciativas locais, que vão de pequenos negócios de criação de peixes e cultivo de verduras à construção de um refeitório para crianças numa escola pública. A Alcoa escolheu os projetos junto com as 11 entidades que compõem o conselho do fundo. “Juruti exige diálogo, diálogo, diálogo o tempo todo. E nenhuma escola de negócio daqui ou lá de fora ensina isso”, diz Franklin Feder, que se formou em administração na Fundação Getulio Vargas e chegou a cursar por quatro anos ciências sociais na Universidade de São Paulo. Um dos diálogos mais intensos que a empresa tem travado é com a Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho (Acorjuve). Numa das áreas de exploração da bauxita,
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Município de Juruti: o desafio de instalar operação de impacto reduzido e benefícios sociais duradouros exigiu frentes de diálogo com a comunidade local
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EMPRESA SUSTENTÁVEL DO ANO | ALCOA so abra precedente para que relações mais justas entre empresa e comunidades sejam estabelecidas.” MODELO
Muitas das práticas testadas pela Alcoa podem se transformar em modelos para empresas e poder público. Os indicadores de Juruti podem ser estudados para evitar problemas sociais e ambientais em grandes empreendimentos do governo que ainda estão por vir, como a usina hidrelétrica de Belo Monte, também no Pará. “A obra da Alcoa foi um investimento de 3,5 bilhões de reais e atraiu 10 000 pessoas. Belo Monte vai consumir 20 bilhões de reais, no mínimo, e mobilizar 100 000 trabalhadores”, afirma Mario Monzoni, coordenador do GVces. Em parceria com a ONG Conservação Internacional, a Alcoa também investe 700 000 dólares num
programa de conservação para o corredor Tapajós-Abacaxis — quase 12 milhões de hectares de mata nativa de parques e florestas nacionais que cercam o município de Juruti. “Até hoje, as mineradoras se limitaram a proteger as áreas determinadas pelas agências ambientais”, diz José Maria Cardoso da Silva, presidente da Conservação Internacional para a América do Sul. Feder não procura exaltar as iniciativas de sustentabilidade da empresa. Quando fala do assunto, seu tom é gerencial ou acadêmico. Ele descreve o projeto com riqueza de detalhes e números, como pouquíssimos presidentes de empresa são capazes de fazer. É, porém, cauteloso. “Acreditamos que é preciso fazer a coisa certa, e que isso traz resultados”, afirma. “Mas dizer que Juruti é um sucesso? Não, ainda é muito, muito cedo para isso.”
Sobre a empresa
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há um assentamento do Incra. Além das compensações financeiras tradicionais, como a participação no resultado da lavra, a Alcoa negocia com a Acorjuve um ressarcimento para supostos prejuízos menos usuais, como redução da caça e poluição sonora. Há compensações até para questões imateriais, como perda de confiança e de sentimento de solidariedade entre as famílias da comunidade. A academia e os consultores de empresas desconhecem se já houve no país alguma negociação parecida. “É um trabalho muito inovador”, afirma Guilherme Abdala, agrônomo e doutor em meio ambiente e coordenador da Ecooideia, consultoria contratada para calcular o valor monetário desses ativos intangíveis. “Sei que algumas empresas que atuam na Amazônia estão ridicularizando a Alcoa. Mas elas têm medo de que o ca-
02:24
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Setor
04/11/10
Quando foi premiada
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
Siderurgia e metalurgia
RNOGUEIRA
-
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
10
Alcoa
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
Por que se destacou
2
milhões de reais
investidos na criação de um fundo para financiar projetos para a comunidade de Juruti, no Pará
13% 1
➜ A política de gestão de riscos adota critérios socioambientais de curto, médio e longo prazos, monitorados periodicamente ➜ Tem planos de contingência que preveem ações para evitar e gerenciar crises de natureza ambiental, social e econômica
investidos na implantação de um jardim botânico em Poços de Caldas, Minas Gerais
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
128 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
9,710
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
milhão de reais
de redução no volume de água consumido nas fábricas
5 512
5,5
➜ Planejamento estratégico contempla uso eficiente de recursos naturais, desenvolvimento de produtos e serviços menos nocivos ao meio ambiente e redução de gases causadores do efeito estufa
A Alcoa em números
Número de funcionários
GESTÃO DE RISCOS
6,9
Média
EXAME - EEXA - 128 - 17/11/10 EXAME
2,3 bilhões
(2)
-
Composite
Faturamento em 2009(1)
700000 dólares para conservar
12 milhões de hectares de floresta Amazônica no Pará — algo como metade do estado de São Paulo
EXAME
-
EXAME - EEXA - 129 - 17/11/10
-
Composite
-
AGNALDO
-
03/11/10
19:34
-
03_CAD
EXAME
-
EXAME - EEXA - 130 - 17/11/10
-
Composite
-
AGNALDO
-
03/11/10
15:01
-
03_CAD
EXAME
-
EXAME - EEXA - 131 - 17/11/10
-
Composite
-
AGNALDO
-
03/11/10
15:02
-
03_CAD
EMPRESA-MODELO |
AMANCO
Fórmula verde
Em busca de matérias-primas mais seguras, a Amanco investe em tecnologia alternativa, promove a reformulação de produtos e conquista o selo ambiental
A
Amanco, uma das maiores fabricantes de tubos e cone-
03_CAD
Quando foi premiada
03/11/10
19:46
Sobre a empresa
-
xões do mundo, recebeu no ano passado o selo ambiental Sustentax, que atesta produtos sustentáveis. O selo foi obtido após a empresa modificar a fórmula de um adesivo plástico utilizado para unir tubos e conexões. No lugar do tolueno, uma substância que pode causar dependência química ao trabalhador que inala seus vapores, a Amanco passou a usar solventes de menor impacto, que emitem 50% do limite aceitável para a emissão de gases tóxicos. Essa não foi a única
Setor
mudança promovida pela Amanco na formulação de seus produtos. A empresa também trocou os estabilizantes à base de chumbo por outros que utilizam cálcio e zinco, eliminando os riscos de intoxicação por metal pesado. Essas mudanças exigiram um esforço da área de engenharia de materiais da Amanco para não provocar um aumento nos custos. No caso da substituição dos estabilizantes, o custo inicial do novo produto era 6% superior ao do que era utilizado. Por meio de ajustes nas formulações, uso de matérias-primas alternativas e melho-
ria de processos, a Amanco obtém agora o novo estabilizante a um custo equivalente ao do antigo. A reformulação de produtos foi possível porque a Amanco conta com um sistema de gerenciamento para monitorar todas as matérias-primas utilizadas no processo de produção. Os insumos e também os fornecedores passam por uma rigorosa análise. Para a presidente da empresa, Marise Barroso, esse é um bom exemplo da busca constante de um equilíbrio social, ambiental e econômico. “Sempre buscamos esse triplo resultado”, diz Marise.
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Indústria da construção
Faturamento em 2009(1)
906,1 milhões
Número de funcionários
1 952
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
(2)
-
COMPROMISSO COM A SUSTENTABILIDADE
10
10 10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
RNOGUEIRA
Por que se destacou
6,7
9
➜ Possui programa com recursos, cronograma e responsabilidades definidos e com objetivos e metas específicos ➜ Está comprometida com a sustentabilidade por meio de documento público que apresenta metas de longo prazo
➜ Não comercializa produtos que ofereçam riscos para a saúde pública ou derivados de combustível fóssil ➜ Participa da elaboração de políticas públicas por meio de propostas ou posicionamentos formais
EXAME
-
EXAME - EEXA - 132 - 17/11/10
-
Composite
-
Amanco
Média
IMPACTO SOCIAL
168
milhões de reais
22 000 13%
68
concedidos por meio do CredConstrução, linha de crédito para a baixa renda
em cursos realizados em parceria com o Senai
de economia gerada com ações de ecoeficiência nos últimos nove anos
A Amanco em números
instaladores hidráulicos treinados
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
132 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
de aumento no consumo de materiais usados na produção provenientes de reciclagem em 2009
milhões de reais
03_CAD 19:46 03/11/10 RNOGUEIRA Composite
DANIELA TOVIANSKY
EXAME - EEXA - 133 - 17/11/10 EXAME
-
Marise Barroso, presidente da Amanco: esforรงo de todas as รกreas da empresa possibilitou a mudanรงa de fรณrmulas a um custo viรกvel
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME โ ข SUSTENTABILIDADE | 133
EMPRESA-MODELO |
ANGLO AMERICAN
Olhos e ouvidos abertos
Na Anglo American, todos os investimentos sociais são definidos junto com a população beneficiada pelas ações. A participação da comunidade nas discussões das propostas tem sido crescente cada seis meses, a mineradora Anglo American Brasil rea-
A
03_CAD
Quando foi premiada
04/11/10
00:31
Sobre a empresa
-
liza um encontro com moradores dos municípios onde atua. As reuniões, batizadas de Fórum Comunitário Intercâmbio, servem para apresentar os resultados de suas atividades e discutir novas propostas de projetos sociais. A participação nesses fóruns tem crescido de forma significativa. Nos municípios goianos de Barro Alto e Niquelândia, 206 líderes comunitários participaram dos dois primeiros fóruns, realizados em 2006. No ano passado, o número de participantes mais
Setor
que dobrou: foram 446 pessoas. Vários projetos definidos durante os fóruns estão em andamento. É o caso do Via Láctea, desenvolvido em Barro Alto com a ONG Care Brasil. A ideia é aumentar a produção leiteira com a aplicação de metodologia desenvolvida pela Embrapa. A iniciativa envolve 51 famílias. Os resultados começam a aparecer. “Depois de três meses, dobrei minha produção para 160 litros por dia”, diz o produtor Júnior César Alvarenga. Em Niquelândia, depois de dois anos de existência, o Costurando o Futuro, que oferece um curso gratui-
to de costura industrial para mulheres de baixa renda, caminha por conta própria. O programa já treinou cerca de 100 mulheres. Com iniciativas como essas, a Anglo dá sua contribuição para que as comunidades no entorno de suas minas possam sobreviver sem depender da empresa. “Sabemos quando a exploração de uma mina vai terminar”, diz Walter De Simoni, presidente da Anglo. “Contribuímos para o desenvolvimento sustentável das comunidades onde atuamos, para que elas possam andar com as próprias pernas quando isso acontecer.”
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Mineração
Faturamento em 2009(1)
157 milhões
Número de funcionários
1 469
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
(2)
-
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
10
10 10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
RNOGUEIRA
Por que se destacou
6,9
9
➜ Planejamento estratégico contempla uso eficiente de recursos naturais, desenvolvimento de produtos e serviços menos nocivos ao meio ambiente e redução de gases causadores do efeito estufa e adoção de medidas de combate à corrupção
➜ Não comercializa produtos que ofereçam riscos para a saúde pública ou derivados de combustível fóssil ➜ Participa da elaboração de políticas públicas por meio da apresentação de propostas ou da divulgação de posicionamentos formais
EXAME
-
EXAME - EEXA - 134 - 17/11/10
-
Composite
-
Anglo American
Média
IMPACTO SOCIAL
5,2
milhões de reais
13,2
investidos em projetos sociais realizados pela empresa em 2009
em investimentos destinados à proteção ambiental no ano passado
A Anglo American em números
milhões de reais
1. Valores em dólares. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
134 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
83%
da água consumida pela empresa foi reciclada e reutilizada em 2009. No ano anterior, foram 78%
33%
de redução das emissões de gases de efeito estufa em 2009 em comparação ao ano anterior
03_CAD 00:31 04/11/10 RNOGUEIRA Composite
DANIELA TOVIANSKY
EXAME - EEXA - 135 - 17/11/10 EXAME
-
Walter De Simoni, presidente da Anglo American: as comunidades no entorno das minas devem caminhar com as prรณprias pernas
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME โ ข SUSTENTABILIDADE | 135
EMPRESA-MODELO |
BRADESCO
Seguro residencial por R$ 9,90 O Bradesco lança no Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, um seguro popular de baixo custo. O plano é estender a experiência para todo o país cabeleireiro carioca Carlos Antonio Alves Araújo, de 33
O
03_CAD
Quando foi premiada
04/11/10
00:31
Sobre a empresa
-
anos, quer evitar prejuízos como o que teve no ano passado, quando parte da cozinha da casa em que vive, no Morro Dona Marta, no Rio Janeiro, foi destruída pela explosão de uma panela de pressão. Com o acidente, Araújo começou a considerar um seguro. Quando soube da apólice residencial de contratação simplificada que o Bradesco Seguros lançou especialmente para os moradores do Dona Marta, em setembro deste ano, foi um dos primeiros a aderir. O seguro po-
Setor
pular faz parte de um projeto de educação financeira do Bradesco. “Nosso objetivo inicial no Dona Marta é ensinar os conceitos básicos de seguros e conscientizar da existência de apólices que cabem no bolso de todas as faixas de renda”, diz Marco Antonio Gonçalves, diretor-gerente do Bradesco Seguros. Para atender esse público, o banco elaborou um manual em linguagem mais simples — o documento tem oito páginas, ante 45 da apólice convencional. O seguro oferece garantias para danos causados ao imóvel por imprevistos como incên-
dio, raios e explosão de qualquer natureza. Os preços começam em apenas 9,90 reais ao ano e as indenizações chegam a 10 000 reais. Com base nos resultados do projeto piloto no Dona Marta, o Bradesco pretende levar essa modalidade de seguro residencial a todo o país. “Possibilitar que todos tenham acesso a produtos e serviços bancários faz parte de nossa história. Isso inclui criar condições para a proteção do patrimônio pessoal e da família, independentemente do perfil de renda”, diz Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco.
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Finanças
Patrimônio líquido(1)
42,1 bilhões
Número de funcionários
89 204
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
(2)
-
GESTÃO DE RISCOS
9,4
RNOGUEIRA -
Bradesco
Média Por que se destacou
GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL
9,1
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
5,5
6,8
➜ A política de gestão de riscos adota critérios socioambientais de curto, médio e longo prazo, monitorados periodicamente ➜ Tem planos de contingência que prevê ações para evitar e gerenciar crises de natureza ambiental, social e econômica
➜ Avalia e monitora os impactos ambientais diretos e indiretos da operação por meio de indicadores e estabelece metas de melhoria ➜ Divulga seu desempenho ambiental para funcionários e o público externo por meio de site e documentos
EXAME
-
EXAME - EEXA - 136 - 17/11/10
-
Composite
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
8
milhões de pessoas
380
milhões de reais
16,4
3,4
incluídas no sistema financeiro por meio dos correspondentes bancários
investidos em ações sociais, ambientais e de educação em 2009
de mata preservada em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável
formados nos 53 anos da Fundação Bradesco, que mantém 40 escolas
O Bradesco em números
milhões de hectares milhões de alunos
1. Exame Melhores e Maiores 2010/valores em reais de dezembro de 2010. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
136 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
03_CAD 00:31 04/11/10 RNOGUEIRA Composite
DANIELA TOVIANSKY
EXAME - EEXA - 137 - 17/11/10 EXAME
-
Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco: com o seguro residencial popular, o banco amplia os produtos para a baixa renda
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 137
EMPRESA-MODELO |
BRASKEM
Amadurecer para ser verde Com investimentos em pesquisa e uma pioneira fábrica de “plástico verde” no Rio Grande do Sul, a Braskem coloca a sustentabilidade no centro de seu negócio itava maior petroquímica do mundo, a Braskem, criada em
O
03_CAD
Quando foi premiada
03/11/10
19:47
Sobre a empresa
-
2002, tem a meta de figurar entre as cinco maiores do planeta em 2020. Mais que isso: a empresa quer ser reconhecida como líder global na produção com matérias-primas renováveis. Um passo nessa direção foi dado em setembro, quando a Braskem inaugurou a primeira fábrica do mundo para produção em larga escala de eteno a partir do etanol de cana-de-açúcar. O eteno é uma substância básica para a produção de polietileno, usado principalmente em embalagens. A fábrica de
Setor
“plástico verde”, em Triunfo, no Rio Grande do Sul, recebeu investimentos de 500 milhões de reais. Outro passo nessa estratégia foi a inauguração, em 2009, na cidade baiana de Camaçari, de duas fábricas de ETBE, um aditivo para gasolina feito do etanol. O bioaditivo é uma alternativa ao MTBE, que usa em sua formulação o metanol, proibido em vários países. As fábricas em Camaçari receberam 100 milhões de reais no total. Esses empreendimentos são acompanhados por investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Dos 6 500 funcionários da Braskem, 300 são pes-
quisadores. O plano é dobrar essa equipe em quatro anos. A missão desses cientistas e demais funcionários foi resumida num documento publicado em 2009 com o título É Preciso Amadurecer para Ser Verde. “Antes, nossa estratégia tinha foco no crescimento e na internacionalização. Hoje, temos como norte as ações estratégicas de sustentabilidade”, diz Bernardo Gradin, presidente da Braskem. “Nossa agenda consiste em buscar alternativas aos combustíveis fósseis que não concorram com alimentos nem exijam o consumo de grandes reservas naturais.”
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Química e petroquímica
Faturamento em 2009(1)
19,5 bilhões
Número de funcionários
6 700
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
(2)
-
GESTÃO E SUSTENTABILIDADE
9,7
RNOGUEIRA -
Braskem
Média Por que se destacou
INVESTIMENTOS SOCIAIS
9,3
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
5,9
6,8
➜ Tem comitê de sustentabilidade que se reporta ao conselho de administração e possui diretoria para tratar do tema ➜ A política de remuneração dos executivos é atrelada a indicadores de desempenho financeiro, ambiental e social
➜ Os investimentos sociais estão alinhados com a natureza do negócio, são monitorados e há metas para avaliar os resultados ➜ A continuidade das ações está assegurada porque a verba para os investimentos é definida em orçamento anual
EXAME
-
EXAME - EEXA - 138 - 17/11/10
-
Composite
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
7,3%
102
A Braskem em números
de redução na emissão de gases de efeito estufa em 2009 em relação a 2008
milhões de reais investidos no ano passado em 309 projetos de saúde, segurança e meio ambiente
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
138 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
13%
de redução na geração de efluentes em 2009 em relação a 2008
2,5
toneladas de CO2 deixam de ser emitidas na produção de 1 tonelada de “plástico verde”
03_CAD 19:47 03/11/10 RNOGUEIRA Composite
DANIELA TOVIANSKY
EXAME - EEXA - 139 - 17/11/10 EXAME
-
Bernardo Gradin, presidente da Braskem: busca de alternativas aos combustíveis fósseis que não concorram com alimentos
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 139
EMPRESA-MODELO |
BUNGE
Um pacote sustentável Na tentativa de reduzir a geração de resíduos, a Bunge investe em embalagens feitas de material orgânico e biodegradável, que se decompõe em 180 dias o ano passado, um dos produtos da subsidiária brasileira da
N
03_CAD
Quando foi premiada
03/11/10
19:47
Sobre a empresa
-
Bunge, a margarina Cyclus, teve sua embalagem modificada. Antes fabricada com plástico, de origem fóssil, a embalagem passou a ser produzida com uma resina obtida da fermentação do milho. Isso significa que ela é biodegradável e, em condições adequadas, se decompõe em 180 dias. O benefício ambiental não veio de graça para a Bunge, uma das maiores empresas de alimentos e de fertilizantes do mundo. A embalagem de origem renovável é cerca de 20% mais cara que a tradicio-
Setor
nal. Além disso, consumiu dois anos de pesquisas da Bunge e da companhia dona da tecnologia, com sede nos Estados Unidos. “Ela ainda não pode ser usada em todos os produtos, devido ao custo e à falta de escala da resina”, afirma Pedro Parente, presidente da Bunge. “Mas simboliza a vontade da empresa de inovar para provocar menos impacto ambiental.” Na tentativa de reduzir a geração de resíduos, a Bunge tem atuado em várias frentes. Em 2009, conseguiu diminuir em 14% o volume de PET usado nas embalagens de óleos vegetais. A medida é importante, uma
vez que as pesquisas mostram que o consumidor está menos afeito a comprar o produto em recipientes de lata ou de vidro. A empresa também tenta envolver os consumidores na estratégia. Por meio do projeto Soya Recicla, a companhia instalou postos de coleta de óleo para reciclagem em mais de 60 padarias da região metropolitana de São Paulo e fechou uma parceria com o Instituto Triângulo, que desenvolve ações para a população de baixa renda. O resultado: 85 000 toneladas de óleo usado foram transformados em sabão e biodiesel em 2009.
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Bens de consumo
Faturamento em 2009(1)
27,2 bilhões
Número de funcionários
17 000
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
(2)
-
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
10
10 10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
RNOGUEIRA
Por que se destacou
7,1
8,1
➜ Efluentes e emissões atmosféricas são lançados no meio ambiente em conformidade com a legislação e houve redução nos volumes gerados nos últimos 24 meses ➜ Monitora e gerencia o impacto de seus produtos após o descarte
➜ Não fabrica produtos que representem riscos à saúde ou causem dependência química ou psíquica ➜ Oferece informação clara sobre manipulação, armazenagem, transporte, consumo e descarte do produto
EXAME
-
EXAME - EEXA - 140 - 17/11/10
-
Composite
-
Bunge
Média
CLIENTES E CONSUMIDORES
91%
5,4
A Bunge em números
do total de energia consumida nas fábricas de alimentos no ano passado é renovável
milhões de reais foi o valor investido em ações sociais por meio de sua fundação
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
140 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
54,6% 92,2% foi a taxa de água reciclada e reutilizada em 2009. No ano anterior, esse índice havia sido de 50,2%
dos resíduos industriais considerados não perigosos são reutilizados depois da reciclagem
03_CAD 19:47 03/11/10 RNOGUEIRA Composite
GERMANO LÜDERS
EXAME - EEXA - 141 - 17/11/10 EXAME
-
Pedro Parente, presidente da Bunge: a mudança na embalagem simboliza o empenho em inovar para reduzir o impacto ambiental
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 141
EMPRESA-MODELO |
CPFL
Bagaço e vento para o futuro Com investimentos em termelétricas movidas a biomassa de cana-de-açúcar e em parques eólicos, a CPFL busca a liderança em energia limpa fonte renovável de energia, exigiu investimento de 103,5 milhões de reais e é uma parceria com a Baldin, empresa do setor sucroalcooleiro que fornece o bagaço da cana para a geração de eletricidade. Até 2012, outras quatro usinas desse tipo devem ficar prontas, adicionando mais 230 MW de potência instalada. A ampliação do cardápio de fontes alternativas da CPFL teve outro avanço neste ano, com o início dos investimentos em energia eólica. A empresa começou a construir oito parques eólicos no Rio Grande do Norte. Com mais de uma centena de tur-
aior grupo privado do setor elétrico brasileiro, a CPFL
M
03_CAD
Quando foi premiada
04/11/10
00:32
Sobre a empresa
-
Energia colheu neste ano um importante fruto de sua estratégia de ampliar seus investimentos em fontes alternativas de energia. No final de agosto, a empresa colocou em operação a usina Baldin, termelétrica movida a bagaço de cana-de-açúcar, na cidade de Pirassununga, no interior paulista. A usina tem 45 megawatts (MW) de potência instalada e é capaz de atender ao consumo residencial de uma cidade de 200 000 habitantes. O empreendimento, o primeiro da CPFL com essa
Setor
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Energia
Faturamento em 2009(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
15,7 bilhões
-
9,5
RNOGUEIRA -
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
9,1
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
5
6,2
➜ Publica relatório de sustentabilidade como parte do relatório anual no qual apresenta aspectos positivos e negativos de sua operação e presta contas de suas metas ➜ O relatório de sustentabilidade é auditado por instituição independente
➜ A empresa adota indicadores socioambientais para avaliar seu resultado econômico-financeiro ➜ Não recebeu de auditores independentes, ressalvas ou pareceres adversos em suas demonstrações financeiras
EXAME
-
EXAME - EEXA - 142 - 17/11/10
-
Composite
7 450
DESEMPENHO SOCIOECONÔMICO
CPFL
Por que se destacou
Número de funcionários
(2)
TRANSPARÊNCIA
Média
binas, os parques devem produzir 218 MW a partir de 2012, num investimento superior a 800 milhões de reais. Juntas, as iniciativas em energia de biomassa e dos ventos vão adicionar quase 450 MW de potência instalada aos atuais 2 400 MW da CPFL. “O mundo caminha para modelos de produção de baixa emissão de carbono. A legislação ambiental gradualmente imporá metas de reduções de emissões e restrições à produção com base em consumos fósseis”, diz Wilson Ferreira Júnior, presidente da CPFL. “Temos de estar preparados.”
64,6 749 000 310 000 16% A CPFL em números
milhões de reais
destinados ao Programa de Eficiência Energética para reduzir o desperdício
lâmpadas incandescentes
substituídas por modelos mais econômicos
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
142 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
mudas de árvores doadas a diversas cidades em 2009 para mitigar os impactos ambientais
foi a redução obtida no consumo total de combustíveis em 2009 em relação a 2008
03_CAD 00:32 04/11/10 RNOGUEIRA Composite
GERMANO LÜDERS
EXAME - EEXA - 143 - 17/11/10 EXAME
-
Wilson Ferreira Júnior, presidente da CPFL: energias alternativas vão ampliar a capacidade instalada da empresa em quase 20%
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 143
EMPRESA-MODELO |
EDP
Que venha o carro elétrico
A EDP inaugura postos de abastecimento de energia, investe no aperfeiçoamento tecnológico e se prepara para a chegada dos veículos do futuro
N
os últimos 12 meses, a subsidiária brasileira da portuguesa
03_CAD
Quando foi premiada
03/11/10
19:46
Sobre a empresa
-
EDP, holding de empresas de geração, distribuição e comercialização de energia elétrica, inaugurou 16 postos para abastecer veículos elétricos em Vitória, no Espírito Santo, e em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Por enquanto, os postos são usados para abastecer 90 bicicletas elétricas, que foram doadas pela empresa à Polícia Militar dos dois estados. Elas substituíram as motos a gasolina. “Ainda não há uma frota de carros elétricos no Brasil, mas esse dia vai chegar.
Setor
Queremos sair na frente”, afirma António Pita de Abreu, presidente da EDP no Brasil. As bicicletas têm motores elétricos. As baterias precisam ser recarregadas a cada 30 quilômetros e a recarga leva 6 horas. A tecnologia ainda precisa evoluir muito. Por isso, ao longo da próxima década, a EDP vai distribuir 100 000 reais por ano para ideias que possam ajudá-la a se adaptar à economia de baixo carbono. É o maior prêmio de inovação patrocinado por uma companhia hoje no país. “A distribuição e a geração de energia mudarão muito nos próximos anos e precisamos
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Energia
Faturamento em 2009(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
6,9 bilhões
-
10
10 10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
RNOGUEIRA -
5,9
6,8
➜ Comitê de sustentabilidade se reporta ao conselho de administração e possui diretoria para tratar do tema ➜ Executivos têm remuneração atrelada a metas financeiras, ambientais e sociais
➜ Instituto realiza investimentos na comunidade e há indicadores e metas para avaliar resultados ➜ A continuidade das ações está assegurada porque o instituto tem mecanismos para gerar receita
EXAME
-
EXAME - EEXA - 144 - 17/11/10
-
Composite
2 300
INVESTIMENTO SOCIAL
EDP
Por que se destacou
Número de funcionários
(2)
GESTÃO E SUSTENTABILIDADE
Média
nos adaptar a essa realidade”, diz Pita. Como parte desse movimento, a EDP deu outro passo. Em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo, está instalando centenas de aquecedores solares de água em casas populares da cidade de Mogi das Cruzes. As empresas do setor são obrigadas a investir 0,5% de sua receita líquida em ações de melhoria de eficiência energética. “Já era hora de apostar em algo mais ousado que a troca de lâmpadas incandescentes”, diz Miguel Setas, vice-presidente da EDP.
29,2
A EDP em números
milhões de reais foi o valor total dos investimentos ambientais realizados em 2009
7,8%
de redução no consumo de gasolina na frota de veículos em 2009 em relação ao ano anterior
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
144 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
8,5
milhões de reais
13,8MW
investidos em programas de educação e de desenvolvimento local
— o suficiente para abastecer uma cidade de 40 000 habitantes
de energia eólica
03_CAD 19:46 03/11/10 RNOGUEIRA Composite
DANIELA TOVIANSKY
EXAME - EEXA - 145 - 17/11/10 EXAME
-
António Pita de Abreu, presidente da EDP: prêmios para ideias inovadoras que aprimorem o uso de bicicletas e carros elétricos
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 145
EMPRESA-MODELO |
FIBRIA
De bem com a vizinhança A Fibria investe em projetos de geração de renda para melhorar o relacionamento com as comunidades dos 252 municípios onde possui fábricas e plantações
U
mirá um investimento de 30 milhões de reais e deve gerar 250 empregos para garantir a produção de 30 milhões de mudas de eucalipto por ano. “Assim, a população local vai participar definitivamente da cadeia produtiva do eucalipto, contribuindo para a formação de novas florestas”, diz Carlos Aguiar, presidente da Fibria. A instalação do viveiro de plantas é uma nova etapa no relacionamento com as comunidades locais. Em 2008, a empresa forneceu cursos de capacitação para 700 pessoas, de quatro comunidades da região. “Em reuniões
ma das áreas de plantio da Fibria, fabricante de papel e ce-
03_CAD
Quando foi premiada*
03/11/10
19:46
Sobre a empresa
-
lulose que surgiu da fusão entre a Aracruz e a VCP, é vizinha de um quilombo em Helvécia, distrito de Nova Viçosa, no sul da Bahia. O quilombo abriga 4 000 descendentes de negros trazidos da África para trabalhar como escravos. O lugar é pobre, e o acesso à educação e ao saneamento básico, precário. Em setembro deste ano, a Fibria iniciou a construção de uma unidade de produção de mudas em Helvécia. Com inauguração prevista para o final de 2011, o viveiro consu-
Setor
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Papel e celulose
Faturamento em 2009(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
6 bilhões
-
9,5
RNOGUEIRA -
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
9,710 0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
5
6,8
➜ Publica relatório de sustentabilidade como parte do relatório anual, no qual apresenta aspectos positivos e negativos de sua operação e presta contas de suas metas ➜ O relatório de sustentabilidade é auditado por instituição independente
➜ Os investimentos sociais estão alinhados com a natureza do negócio, são monitorados e há metas para avaliar o resultado ➜ A continuidade das ações está assegurada porque a verba para os investimentos é definida em orçamento anual
EXAME
-
EXAME - EEXA - 146 - 17/11/10
-
Composite
4 878
INVESTIMENTO SOCIAL
Fibria
Por que se destacou
Número de funcionários
(2)
TRANSPARÊNCIA
Média
com os moradores de Helvécia, identificamos suas principais demandas, que eram muitas”, diz José Luciano Penido, presidente do conselho de administração da Fibria. A estratégia de mobilizar as comunidades vizinhas é aplicada em vários outros locais — a empresa possui fábricas e plantações em 252 municípios em todo o Brasil. “Não é um favor que fazemos às comunidades”, diz Carlos Alberto Roxo, gerente-geral de sustentabilidade da Fibria. “Com as nossas ações socioambientais, melhoramos o relacionamento com todos os públicos.”
16
A Fibria em números
milhões de reais foram investidos em 2009 em ações com as 252 comunidades vizinhas
24,3% 393000 37000 da madeira consumida foi escoada por via marítima em 2009 — ante 22,7% em 2008
hectares de mata nativa preservada — 38% da área de 1 milhão de hectares da empresa
litros de água
consumidos por tonelada de madeira processada em 2009, queda de 5,4% em um ano
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado. * Na edição de 2007, a Aracruz, adquirida pela VCP, hoje Fibria, foi considerada empresa-modelo.
146 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
03_CAD 19:46 03/11/10 RNOGUEIRA Composite
GERMANO LÜDERS
EXAME - EEXA - 147 - 17/11/10 EXAME
-
Carlos Aguiar, presidente da Fibria: iniciativa para envolver uma comunidade na Bahia na cadeia produtiva do eucalipto
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 147
EMPRESA-MODELO |
HSBC
O negócio da informação
Com um programa de treinamento para os funcionários, o HSBC busca formar “líderes ambientais” e aproveitar as oportunidades ligadas às mudanças climáticas o HSBC, o funcionário interessado em ajudar a disseminar
N
03_CAD
Quando foi premiada
04/11/10
00:32
Sobre a empresa
-
práticas sustentáveis pode se inscrever em um curso pela internet, no qual recebe noções de responsabilidade ambiental. O passo seguinte é engajar-se em ações voluntárias promovidas pelo banco. Depois, pode participar de duas semanas de estudo de campo em um centro de pesquisa do banco no Paraná. O funcionário que cumpre essas etapas recebe o título de “líder ambiental”. Seu papel é disseminar seus conhecimentos — pelo banco e pela comunidade — e propor ações
Setor
ambientais. O programa, batizado de Climate Partnership, foi lançado mundialmente há três anos. Com investimentos globais de 100 milhões de dólares, dos quais 20 milhões para o Brasil, pretende promover a consciência sobre os efeitos das mudanças climáticas. “Quanto antes começarmos a enfrentar esse problema, mais chance de sucesso teremos”, diz Conrado Engel, presidente do HSBC Brasil. Engel acredita que o treinamento dos funcionários pode significar mais negócios no longo prazo. “Há muitas oportunidades na geração de energia
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Finanças
Patrimônio líquido(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
7,5 bilhões
RNOGUEIRA -
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
Composite
23 500
USO DE RECURSOS NATURAIS
8,8
HSBC
Por que se destacou
Número de funcionários
(2)
GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL
Média
limpa, por exemplo.” Por enquanto, cerca de 80 líderes ambientais foram formados no Brasil. A meta, até 2012, é formar outros 100. O banco já recebeu centenas de sugestões. Das medidas propostas, cerca de 40% visam à redução dos impactos das operações, como diminuição do consumo de água e energia, e 20% são classificadas como projetos de negócio. Os outros 40% envolvem ideias para instituições beneficentes apoiadas pelo HSBC. “Estamos no começo da jornada. Mas é sensível o aumento da lealdade e da motivação”, afirma Engel.
9,2
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
6,8
5,9
➜ A política de gestão de riscos adota critérios socioambientais de curto, médio e longo prazo, monitorados periodicamente
EXAME
-
EXAME - EEXA - 148 - 17/11/10
-
➜ Tem planos de contingência que prevê ações para evitar e gerenciar crises de natureza ambiental, social e econômica
➜ Possui um programa para monitorar o consumo de água, papel, energia elétrica e combustíveis fósseis de sua operação e tem metas de redução
15,8
3%
O HSBC em números
milhões de reais foi o total dos investimentos realizados em 263 projetos sociais em 2009
de redução no consumo de energia de 279 agências em 2009 em relação ao ano anterior
3,5
milhões de reais foram investidos na conservação de 2 100 hectares de Mata Atlântica
15%
dos funcionários envolvidos em ações voluntárias, enquanto a média no setor financeiro é 7%
1. Exame Melhores e Maiores 2010/valores em reais de dezembro de 2010. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
148 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
03_CAD 00:32 04/11/10 RNOGUEIRA Composite
GERMANO LÜDERS
EXAME - EEXA - 149 - 17/11/10 EXAME
-
Conrado Engel, presidente do HSBC: os funcionários devem atuar na disseminação de ideias sustentáveis no banco e na comunidade
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 149
EMPRESA-MODELO |
ITAÚ UNIBANCO
O poder da colaboração O Itaú Unibanco estimula os funcionários a participar da criação coletiva de iniciativas sustentáveis. As melhores propostas, escolhidas com a ajuda dos próprios empregados, recebem prêmios Itaú Unibanco criou, no ano passado, um concurso para
O
03_CAD
Quando foi premiada
04/11/10
00:32
Sobre a empresa
-
estimular os funcionários a dar sugestões sobre práticas sustentáveis, o Banco de Ideias Sustentáveis. Os autores das melhores ideias, de um total de 1 300 sugestões, foram premiados com viagens a uma praia no Nordeste. Neste ano, o concurso foi redesenhado para incentivar o que o banco chama de “rede colaborativa de ideias”. O objetivo é estimular a interação, de modo que o maior número possível de funcionários participe da formulação, avaliação e aperfeiçoamento das su-
Setor
gestões. De um total de cerca de 1 200 sugestões inscritas em oito categorias (como transparência e microfinanças), duas comissões julgadoras, formadas por representantes de todos os departamentos do banco, estão selecionando 30 ideias semifinalistas. Essas sugestões serão submetidas à votação de todos os funcionários pela internet. Na fase seguinte, as cinco mais votadas serão colocadas em um blog, onde os funcionários poderão dar seus palpites para aperfeiçoar as ideias. Serão premiados não somente os autores das propostas originais mas também aque-
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Finanças
Patrimônio líquido(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
51 bilhões
RNOGUEIRA -
GESTÃO DE RISCOS
8,3
Itaú Unibanco
Por que se destacou
8
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
6,4
5,5
➜ Avalia formalmente o desempenho do conselho de administração e de cada um de seus membros ➜ Contrata especialistas externos, mesmo que informalmente, para auxiliar o conselho de administração em questões relevantes
➜ A política de gestão de riscos adota critérios socioambientais de curto, médio e longo prazo, monitorados periodicamente ➜ Tem planos de contingência que prevê ações para evitar e gerenciar crises de natureza ambiental, social e econômica
EXAME
-
EXAME - EEXA - 150 - 17/11/10
-
Composite
Número de funcionários 106 000
(2)
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Média
les que contribuírem com aperfeiçoamentos. A cerimônia de premiação está prevista para dezembro. As sugestões não premiadas também poderão ser aproveitadas, pois ficarão disponíveis para consulta dos departamentos interessados. “A educação para a sustentabilidade é um processo de longo prazo e exige a participação de todos”, diz Roberto Setubal, presidente executivo do Itaú Unibanco. “O Banco de Ideias Sustentáveis é uma forma de manter acesa a chama, fazendo com que essa preocupação seja incorporada ao dia a dia da organização.”
170
milhões de reais
3 778 116
captados com um fundo vinculado ao mercado de créditos de carbono
totalizando 13 milhões de reais em financiamentos
O Itaú Unibanco em números
operações de toneladas de lixo microcrédito em 2009, eletrônico descartadas em todo o banco foram recicladas no ano passado
248
milhões de reais investidos em programas sociais e culturais do banco em 2009
1. Exame Melhores e Maiores 2010/valores em reais de dezembro de 2010. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
150 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
03_CAD 00:32 04/11/10 RNOGUEIRA Composite
GERMANO LÜDERS
EXAME - EEXA - 151 - 17/11/10 EXAME
-
Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco: a ideia da sustentabilidade deve ser incorporada ao dia a dia da organização
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 151
EMPRESA-MODELO |
MASISA
Mais com menos
Na Masisa, os funcionários apresentam sugestões para reduzir os insumos do processo de produção. A economia volta na forma de participação nos resultados
P
roduzir mais com menor quantidade de insumos é um desafio
03_CAD
Quando foi premiada
03/11/10
19:46
Sobre a empresa
-
constante para os 700 funcionários da subsidiária brasileira da chilena Masisa, fabricante de painéis de madeira. A preocupação é levada especialmente a sério pelos “grupos de melhorias”, como são chamadas as equipes de funcionários formadas há dois anos para aprimorar as práticas de ecoeficiência. São seis grupos, cada um responsável por uma área, como água, energia elétrica e uso de resinas. Em 2009, as ações colocadas em prática por esses grupos na fábrica de Ponta
Setor
Grossa, no Paraná, proporcionaram economia de 2,7 milhões de dólares. Esse ganho representou um reforço significativo para o lucro da Masisa no país, que atingiu 11 milhões de dólares no ano. Metade da economia resultou das ações do grupo que trabalhou para reduzir o uso de resinas, o insumo mais caro. A quantidade necessária de resina por metro cúbico de painel produzido caiu 10,5% em relação ao ano anterior. O grupo identificou desperdícios por mais insignificantes que parecessem. “O trabalho agora está concentrado nos detalhes. Mesmo assim, ainda é possí-
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Indústria da construção
Faturamento em 2009(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
256 milhões
RNOGUEIRA -
TRANSPARÊNCIA
10
10 10 0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
6,7
5
➜ Está comprometida com a sustentabilidade por meio de documento público que apresenta metas de longo prazo ➜ Possui programa com recursos, cronograma e responsabilidades definidos e com objetivos e metas específicos
➜ Publica relatório de sustentabilidade como parte do relatório anual no qual apresenta aspectos positivos e negativos de sua operação e presta contas de suas metas ➜ O relatório de sustentabilidade é auditado por instituição independente
EXAME
-
EXAME - EEXA - 152 - 17/11/10
-
Composite
780
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
Masisa
Por que se destacou
Número de funcionários
(2)
COMPROMISSO COM A SUSTENTABILIDADE
Média
vel avançar muito”, diz Jorge Hillmann, diretor-geral da Masisa do Brasil. Outros ganhos importantes obtidos pelos grupos de melhorias em 2009 foram a redução de 25% no consumo de água da fábrica de Ponta Grossa e a redução de 4,7% no consumo de energia elétrica da linha de produção de MDF, placas de fibra de madeira usadas, principalmente, por fábricas de móveis. Todos os funcionários da Masisa são beneficiados por essas melhorias, pois cerca de 30% do valor pago como participação nos resultados depende de indicadores ligados à sustentabilidade.
50%
46%
A Masisa em números
da energia consumida pela Masisa no ano passado foi obtida por meio da queima de biomassa
do total de 24 894 hectares pertencente à empresa são classificados como áreas de conservação ambiental
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
152 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
16%
de redução no consumo de água na produção de painéis de madeira no ano passado
7%
de redução no consumo de resina nas placas de fibra de madeira (MDF) produzidas em 2009
03_CAD 19:46 03/11/10 RNOGUEIRA Composite
GERMANO LÜDERS
EXAME - EEXA - 153 - 17/11/10 EXAME
-
Jorge Hillmann, diretor-geral da Masisa: ideias sugeridas pelos funcionários proporcionaram uma economia de 2,7 milhões de dólares
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 153
EMPRESA-MODELO |
NATURA
Parceria com comunidades A Natura aprimora seu relacionamento com fornecedores nos mais diversos cantos do país para garantir que a biodiversidade continue sendo parte de seu negócio extrair o murumuru. Hoje, mais de 3 000 palmeiras estão conservadas. A empresa faz negócio com 26 comunidades nos mais diversos cantos do país há dez anos, desde o lançamento da linha de produtos Ekos. O trabalho vem evoluindo. “Em 2005, por exemplo, criamos uma área só para cuidar do relacionamento com as comunidades”, diz Alessandro Carlucci, presidente da Natura. Em razão da distância — no Médio Juruá, alguns polos extrativos ficam a três dias de barco da unidade beneficiadora —, havia áreas que ficavam até dois anos sem acompanha-
o murumuru, uma palmeira da região amazônica, é extraído
D
03_CAD
Quando foi premiada
03/11/10
19:46
Sobre a empresa
-
um óleo usado numa nova linha de produtos da Natura, maior fabricante de cosméticos do Brasil. Antes de partir para a colheita, a população local tinha um costume: atear fogo na palmeira para tirar os espinhos que atrapalhavam a retirada dos frutos. Um sabonete cujo ingrediente principal dependia de uma queimada não é exatamente sustentável. Com uma ação educativa promovida pela Natura, as 400 famílias da região do Médio Juruá não colocam mais fogo na floresta para
Setor
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Bens de consumo
Faturamento em 2009(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
5,7 bilhões
-
10
9,810
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
RNOGUEIRA -
5
8,1
➜ Publica relatório de sustentabilidade como parte do relatório anual no qual apresenta aspectos positivos e negativos de sua operação e presta contas de suas metas ➜ O relatório de sustentabilidade é auditado por instituição independente
➜ Oferece informação clara sobre manipulação, armazenagem, transporte, consumo e descarte dos produtos ➜ Tem política que incorpora preceitos éticos no marketing dos produtos
EXAME
-
EXAME - EEXA - 154 - 17/11/10
-
Composite
4 821
CLIENTES E CONSUMIDORES
Natura
Por que se destacou
Número de funcionários
(2)
TRANSPARÊNCIA
Média
mento. “Hoje, de dois em dois meses, existe alguém do núcleo visitando os grupos”, diz Sérgio Talocchi, responsável pelo contato com as populações que vivem em áreas de onde a Natura extrai matéria-prima. As comunidades recebem recursos que contribuem para o desenvolvimento local sustentável. No ano passado, o repasse de recursos, que incluiu o pagamento pela matériaprima e também uma espécie de royalty pelo conhecimento que as comunidades detêm sobre o uso das plantas, atingiu 5,5 milhões de reais. Em 2010, esse valor deve crescer 44%.
5,5
5,2%
A Natura em números
milhões de reais pagos em 2009 para as comunidades que fornecem suas matérias-primas
de redução nas emissões de gases que causam o efeito estufa em 2009 em relação ao ano anterior
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
154 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
79,2% 207000 é o índice de uso de matérias-primas renováveis nas formulações dos produtos da empresa
alunos em 210 municípios beneficiados com material do Projeto Trilhas, que estimula a leitura
03_CAD 19:46 03/11/10 RNOGUEIRA Composite
DANIELA TOVIANSKY
EXAME - EEXA - 155 - 17/11/10 EXAME
-
Alessandro Carlucci, presidente da Natura: o fim das queimadas na extração de óleo de palmeira usado na produção de sabonetes
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 155
EMPRESA-MODELO |
PHILIPS
Jogando luz sobre o problema A Philips investe em lâmpadas mais modernas e gera economia na iluminação pública. O desafio nos próximos cinco anos é aumentar em 50% a eficiência energética de toda a linha de produtos ais de 15 milhões de pontos de luz fazem iluminação de
M
03_CAD
Quando foi premiada
03/11/10
19:46
Sobre a empresa
-
áreas públicas em todo o Brasil. Cerca de 30%, estima-se, usam lâmpadas a vapor de mercúrio, menos eficientes que versões a vapor de sódio ou LEDs. Em todo o mundo, a iluminação artificial é responsável por 20% do consumo de energia. De toda essa base instalada, 75% são considerados defasados ou ineficientes. Tornar o consumo de energia mais inteligente, como se vê, é um dos grandes desafios globais de um futuro com cada vez mais lâmpadas. Não por acaso, é também uma
Setor
das metas mais ambiciosas da Philips. Até 2015, a companhia pretende aprimorar em 50% a eficiência energética de todo o portfólio de seus produtos. A participação em um dos maiores projetos urbanísticos sustentáveis do país, o bairro Cidade Universitária Pedra Branca, em Palhoça, Santa Catarina, dá o tom dos esforços da empresa nesse campo. Em Pedra Branca, luminárias de LED da Philips iluminam 16 quilômetros de ruas e áreas comuns do bairro. A eficiente distribuição de luz dessas luminárias permitiu que a distância entre os postes aumentasse de 15 para
20 metros. O número de pontos de luz foi reduzido 84% em relação aos sistemas tradicionais. “Achamos que o problema do aquecimento global pode ser enfrentado também com soluções focadas na redução do consumo de energia”, diz Marcos Bicudo, presidente da Philips no Brasil. A companhia estuda agora um projeto para desenvolver lâmpadas OLEDs. Usando tecnologia similar à que hoje permite a produção de televisores mais finos e leves, os OLEDs são a próxima geração de dispositivos de iluminação e, é claro, consomem ainda menos energia.
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Eletroeletrônico
Faturamento em 2009(1)
Não divulgado*
Número de funcionários
4 000
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
(2)
-
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
9,3
RNOGUEIRA -
Philips
Média Por que se destacou
RELAÇÕES DE TRABALHO
9,4 0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
7,1
6,1
➜ Efluentes e emissões atmosféricas são lançados no meio ambiente em conformidade com a legislação e houve redução nos volumes gerados nos últimos 24 meses ➜ Monitora e gerencia o impacto de seus produtos após o descarte
➜ Garante a equidade de tratamento e condições de trabalho entre funcionários e terceirizados ➜ A empresa utiliza critérios sociais para qualificação, seleção e monitoramento de seus fornecedores
EXAME
-
EXAME - EEXA - 156 - 17/11/10
-
Composite
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
7,7%
28%
A Philips em números
do faturamento no Brasil investido em produtos considerados “verdes”, de menor impacto ambiental
de redução no consumo de energia na fabricação de eletroeletrônicos em 2009 em relação a 2008
42388 8% alunos participaram do projeto Aprendendo com a Natureza, de educação ambiental
do total de funcionários se engajou em diversas ações voluntárias desenvolvidas em 2009
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado. * A empresa não divulga os resultados da operação no país
156 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
03_CAD 19:46 03/11/10 RNOGUEIRA Composite
DANIELA TOVIANSKY
EXAME - EEXA - 157 - 17/11/10 EXAME
-
Marcos Bicudo, presidente da Philips: a redução no consumo de energia é uma estratégia contra o aquecimento global
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 157
EMPRESA-MODELO |
PROMON
Negócios na ponta do lápis Depois de um ano de trabalho, a Promon começa a colocar em prática o “sustentômetro”, um indicador para medir o impacto socioambiental de seus projetos Promon, empresa especializada em projetos de infraestru-
A
03_CAD
Quando foi premiada
03/11/10
19:46
Sobre a empresa
-
tura, começou a desenvolver há um ano o “sustentômetro”, uma ferramenta para medir os impactos de seus negócios nas áreas ambiental e social. A primeira parte, que envolve o aspecto ambiental, exigiu o trabalho de uma equipe multidisciplinar de cerca de 40 profissionais e consultores externos. “O desafio era desenvolver um único instrumento para medir e comparar a sustentabilidade ambiental dos projetos das diversas áreas nas quais atuamos”, diz Ivan Cozaciuc,
Setor
diretor de sistemas de gestão. Foi elaborada uma lista de 22 questões relacionadas a temas como ameaças à biodiversidade, poluição atmosférica, uso de energia e água. Cada item recebe notas que vão de -100 (grande impacto negativo) a +100 (contribui para uma sociedade sustentável). O sistema de avaliação do impacto ambiental foi testado em projetos piloto e começou a ser implantado no segundo semestre. Ao mesmo tempo, a Promon trabalha para desenvolver um indicador para medir o impacto social dos projetos — não há previsão de quando isso fica-
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Serviços
Faturamento em 2009(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
853,6 milhões
RNOGUEIRA -
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
9,3
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
6,7
6,2
➜ Está comprometida com a sustentabilidade por meio de documento público que apresenta metas de longo prazo ➜ Possui programa com recursos, cronograma e responsabilidades definidos e com objetivos e metas específicos
➜ A empresa adota indicadores socioambientais para avaliar seu resultado econômico-financeiro ➜ Não recebeu de auditores independentes ressalvas ou pareceres adversos em suas demonstrações financeiras
EXAME
-
EXAME - EEXA - 158 - 17/11/10
-
Composite
1 395
DESEMPENHO SOCIOECONÔMICO
10
Promon
Por que se destacou
Número de funcionários
(2)
COMPROMISSO COM A SUSTENTABILIDADE
Média
rá pronto. “Poderemos avaliar de forma estruturada a agressividade de um empreendimento e, se necessário, propor ações para reduzir os efeitos negativos”, diz Luiz Fernando Rudge, presidente da Promon. A recusa de um projeto que não atenda aos critérios socioambientais, como a Promon já fez no passado, será um último recurso, depois de esgotadas todas as possibilidades para tornar o projeto viável. “Sabemos que, caso seja rejeitado pela Promon, o projeto será realizado de qualquer forma, com prejuízo para toda a sociedade.”
1,2
milhão de reais
2,7
investidos em programas para a melhoria da educação pública
investidos em tecnologias para reduzir o impacto ambiental das obras
A Promon em números
milhões de reais
1. Valores em reais 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
158 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
25%
dos funcionários envolvidos em ações voluntárias de melhoria da educação pública em 2009
75%
dos resíduos gerados durante as obras gerenciadas pela empresa são reciclados
03_CAD 19:46 03/11/10 RNOGUEIRA Composite
GERMANO LUDERS
EXAME - EEXA - 159 - 17/11/10 EXAME
-
Luiz Fernando Rudge, presidente da Promon: com o “sustentômetro”, será possível propor ações para reduzir os efeitos negativos
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 159
EMPRESA-MODELO |
SANTANDER
Como espalhar a receita O Santander compartilha sua experiência de boas práticas e encurta o caminho de seus clientes rumo à inserção da sustentabilidade no seu negócio palavra “sustentável” com frequência é pronunciada jun-
A
03_CAD
Quando foi premiada*
04/11/10
00:32
Sobre a empresa
-
to com “empresa”. Mas, na prática, muitos empresários — sobretudo os pequenos — não sabem ao certo como aplicar os princípios da sustentabilidade aos negócios. Para ajudar seus clientes, o Santander criou o curso Sustentabilidade na Prática. A ideia é mostrar sua própria experiência nesse tema e ajudar os participantes a traçar a própria rota. Até agora, 3 108 pessoas e 1 792 organizações participaram do programa. “Fiz o curso e saí de lá com um plano de gestão
Setor
em sustentabilidade engatilhado”, diz Edward Karic, presidente da Briket, empresa paraense que fabrica briquetes, uma espécie de lenha ecológica que aproveita resíduos de madeira. Um dos maiores desafios apontados pelas empresas que participam do curso é engajar seus fornecedores. “A área operacional das companhias sempre adere mais rápido, pois sustentabilidade inclui medidas para economizar água e energia, por exemplo. O mais difícil de mudar são os fornecedores”, diz Maria Luiza Pinto, diretora de desenvolvimento sustentável
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Finanças
Patrimônio líquido(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
31,2 bilhões
RNOGUEIRA -
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
9,2
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
5,9
6,9
➜ Tem comitê de sustentabilidade que se reporta ao conselho de administração e possui diretoria para tratar do tema ➜ A política de remuneração dos executivos é atrelada a indicadores de desempenho financeiro, ambiental e social
➜ O planejamento estratégico contempla uso eficiente de recursos naturais, desenvolvimento de produtos e serviços menos nocivos ao meio ambiente e redução de gases causadores do efeito estufa e adoção de medidas de combate à corrupção
EXAME
-
EXAME - EEXA - 160 - 17/11/10
-
Composite
51 789
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
9,3
Santander
Por que se destacou
Número de funcionários
(2)
GESTÃO E SUSTENTABILIDADE
Média
do Santander. Mas há indícios de que a situação está melhorando. Entre as empresas participantes do curso, a proporção das que usam critérios socioambientais na escolha de fornecedores cresceu de 19% para 44% em três anos. Entre a alta gerência, a porcentagem de quem considera a sustentabilidade importante em sua empresa aumentou de 65% para 82% no período. “A sociedade não aceita mais a ideia de uma empresa que ganha dinheiro sem se importar com o impacto que provoca”, diz Fábio Barbosa, presidente do Santander.
toneladas de pilhas,
milhões de reais
2100 88,8 análises de risco
milhões de reais
baterias e celulares recolhidas pelo programa de reciclagem Papa-Pilhas
concedidos em mais de 150 000 operações de microcrédito em 2009
socioambiental realizadas durante o ano passado para concessão de crédito
foi o valor dos investimentos realizados em ações sociais em 2009
155,5 227 O Santander em números
1. Exame Melhores e Maiores 2010/valores em reais de dezembro de 2010. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado. * Nas edições de 2006, 2007 e 2008, o Banco Real, adquirido pelo Santander, foi considerado empresa-modelo 160 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
03_CAD 00:32 04/11/10 RNOGUEIRA Composite
DANIELA TOVIANSKY
EXAME - EEXA - 161 - 17/11/10 EXAME
-
Fábio Barbosa, presidente do Santander: cerca de 1 800 organizações participaram do curso que ensina a sustentabilidade na prática
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 161
EMPRESA-MODELO |
SUZANO
Um passo à frente Para se diferenciar da concorrência no mercado de papel e celulose, a Suzano calcula o impacto total de suas emissões, desde os fornecedores até a porta do cliente
E
m 2009, a Suzano Papel e Celulose se tornou a primeira em-
03_CAD
Quando foi premiada Setor
Papel e celulose
Faturamento em 2009(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
4,4 bilhões
RNOGUEIRA -
10 10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
5,1
6,7
➜ Utiliza critérios sociais para qualificar, selecionar e monitorar seus fornecedores de bens e serviços. Esses critérios incluem a não utilização de trabalho infantil ou forçado, a valorização da diversidade e o incentivo à contratação de fornecedores locais
➜ Está comprometida com a sustentabilidade por meio de documento público que apresenta metas de longo prazo ➜ Possui programa com recursos, cronograma e responsabilidades definidos e com objetivos e metas específicos
EXAME
-
EXAME - EEXA - 162 - 17/11/10
-
Composite
3 862
COMPROMISSO COM A SUSTENTABILIDADE
8,5
Suzano
Por que se destacou
Número de funcionários
(2)
GESTÃO DE FORNECEDORES
Média
tenham a pegada rastreada até o final de 2011. Com isso, a companhia poderá trabalhar pontualmente em reduções. Hoje, o mercado de créditos de carbono não permite a venda de papéis com base no CO2 capturado por florestas plantadas. Caso esse tipo de papel seja reconhecido, a Suzano poderá ter receita com a venda dos créditos que gerar. A companhia planta 400 000 árvores por dia, o que representaria 7 milhões de toneladas de carbono sequestrado por ano. A um preço de 5 dólares a tonelada, isso equivaleria a 35 milhões de dólares anuais.
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
-
03/11/10
19:46
Sobre a empresa
-
presa do setor no mundo a calcular a pegada de carbono. Desde 2003, a Suzano fazia o inventário corporativo de emissões de gases de efeito estufa, que contabiliza tudo o que é emitido dentro da companhia. A pegada é um passo à frente, pois engloba todo o ciclo de vida do produto: são contabilizadas as emissões desde os fornecedores até a porta do cliente. “Sabemos que as empresas que medem sua pegada de carbono terão diferencial competitivo”, diz Antônio Maciel Neto, presi-
dente da Suzano. “Se o preço for o mesmo, os clientes compram de quem tem a certificação.” Maciel fala com experiência. Em 2009, o pior ano para o setor em cinco décadas, a demanda dos clientes europeus caiu 30%, mas a Suzano conseguiu manter seu nível de vendas por ter certificação da Forest Stewardship Council, o selo verde mais respeitado do mundo. O levantamento da pegada de carbono da Suzano começou com a celulose produzida na unidade de Mucuri, na Bahia, e neste ano vai se estender para a produção de papéis. A meta é que todos os produtos
31,3
95%
A Suzano em números
milhões de reais investidos em projetos de educação, meio ambiente e geração de renda em 2009
da energia consumida pela fábrica de Mucuri, na Bahia, é obtida da queima de resíduos da produção
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
162 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
9,7%
de redução do consumo de água na fábrica de Suzano, em São Paulo, em 2009 em relação ao ano anterior
256 000 hectares,
duas vezes a cidade do Rio de Janeiro, é a área certificada pelo FSC
03_CAD 19:46 03/11/10 RNOGUEIRA Composite
DANIELA TOVIANSKY
EXAME - EEXA - 163 - 17/11/10 EXAME
-
Antônio Maciel Neto, presidente da Suzano: a pegada de carbono permitirá um diagnóstico dos pontos críticos nas emissões
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 163
EMPRESA-MODELO |
UNILEVER
Mexendo na tradição Para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, a Unilever altera a composição de um de seus principais produtos, o sabão em pó Omo, e lança uma versão líquida concentrada Unilever, fabricante de produtos de higiene pessoal, limpeza
A
03_CAD
Quando foi premiada
04/11/10
00:32
Sobre a empresa
-
e alimentos, reformulou neste ano um de seus carros-chefe: o sabão em pó Omo, presente na casa de 50 milhões de consumidores em todo o Brasil, segundo estimativa da empresa de pesquisa Nielsen. O novo Omo, lançado em julho, eliminou o tripolifosfato de sódio, substância que atua para obter uma limpeza eficiente das roupas, mas é nociva ao meio ambiente, e passou a usar em seu lugar o carbonato. Com a mudança na fórmula do Omo, a Unilever deve reduzir em 35% o volume de
Setor
gases de efeito estufa emitido na produção do sabão. Foram dois anos de estudos para avaliar as mudanças na fórmula, na linha de produção e na comunicação com o consumidor. Outra iniciativa que deve ajudar a reduzir o impacto ambiental dos produtos é o lançamento de uma versão líquida do Omo. Por ser mais concentrada que o sabão em pó, ela reduzirá o uso de embalagens e transportes. Se todos os consumidores do detergente em pó Omo passassem a usar a versão líquida, a Unilever calcula que 130 000 toneladas de CO2 deixariam de ser lan-
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Bens de consumo
Faturamento em 2009(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
11,06 bilhões
RNOGUEIRA -
9,2
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
5,9
5,9
➜ Possui um programa para monitorar o consumo de água, papel, energia elétrica e combustíveis fósseis de sua operação e tem metas de redução
➜ Tem comitê de sustentabilidade que se reporta ao conselho de administração e possui diretoria para tratar do tema ➜ A política de remuneração dos executivos está atrelada a metas de desempenho financeiro, ambiental e social
EXAME
-
EXAME - EEXA - 164 - 17/11/10
-
Composite
12 000
GESTÃO E SUSTENTABILIDADE
9,4
Unilever
Por que se destacou
Número de funcionários
(2)
USO DE RECURSOS NATURAIS
Média
çadas na atmosfera, o equivalente a 37 000 carros a menos nas ruas. O lançamento foi acompanhado de um investimento de quase 50 milhões de reais em ações de marketing, que incluíram comerciais na TV e a criação de um site para dar informações sobre os benefícios ambientais dos novos produtos. “É imprescindível mudar a consciência do consumidor”, diz Kees Kruythoff, presidente da subsidiária brasileira da multinacional anglo-holandesa. “Queremos mostrar que as pequenas ações, quando somadas, podem fazer uma grande diferença.”
98%
5,6%
A Unilever em números
dos resíduos industriais são transformados em adubo ou matérias-primas para outros setores
foi a redução da emissão de gases de efeito estufa em 2009 em relação ao ano anterior
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
164 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
10%
foi a redução no consumo de água alcançada no ano passado pela companhia com o reúso do insumo
52,3%
da energia consumida pela empresa em 2009 foi proveniente de fontes renováveis
03_CAD 00:32 04/11/10 RNOGUEIRA Composite
GERMANO LÜDERS
EXAME - EEXA - 165 - 17/11/10 EXAME
-
Kees Kruythoff, presidente da Unilever: investimento de 50 milhões de reais para divulgar os benefícios ambientais dos novos produtos
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 165
EMPRESA-MODELO |
WALMART
A força do varejo O Walmart convence nove de seus principais fornecedores a repensar seus processos de produção para aliar redução de custos a práticas sustentáveis subsidiária brasileira da fabricante de produtos farmacêuti-
A
03_CAD
Quando foi premiada
04/11/10
00:32
Sobre a empresa
-
cos Johnson & Johnson deve embarcar neste ano para os Estados Unidos e o Canadá 72 contêineres de Band-Aid a menos do que nos anos anteriores. Mas o volume de exportação não vai diminuir. O ganho é consequência de um projeto desenvolvido em parceria com a rede varejista Walmart que resultou na diminuição de 18% no tamanho das embalagens do produto. Como 90% do Band-Aid vendido no mundo sai da fábrica brasileira, a redução no consumo de matéria-
Setor
prima e de energia é significativa. A iniciativa faz parte do programa Sustentabilidade de Ponta a Ponta, por meio do qual o Walmart tem estimulado seus fornecedores a reavaliar os processos produtivos de uma maneira sustentável. “O Ponta a Ponta mostra que podemos ser sustentáveis e, ao mesmo tempo, ganhar em produtividade”, diz Marcos Samaha, presidente do Walmart Brasil. “O projeto tem um forte elemento multiplicador, pois envolve produtos líderes em vendas”, diz Daniela De Fiori, vice-presidente de sustentabilidade da rede varejista.
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Varejo
Faturamento em 2009(1)
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
19,7 bilhões
RNOGUEIRA -
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
10 10 0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
5,1
6,2
➜ Utiliza critérios sociais para qualificar, selecionar e monitorar seus fornecedores de bens e serviços ➜ Discute com fornecedores aspectos relacionados ao uso eficiente de recursos, minimização de resíduos e descarte adequado
➜ Possui política de combate à corrupção que contempla fornecedores, distribuidores, clientes e governo ➜ Promove treinamentos periódicos para funcionários sobre o tema
EXAME
-
EXAME - EEXA - 166 - 17/11/10
-
Composite
VALORES
9,3
Walmart
Por que se destacou
Número de funcionários 80000
(2)
GESTÃO DE FORNECEDORES
Média
Lançado em meados de 2008 no Brasil, com nove fornecedores, entre eles a Johnson & Johnson, o programa entra agora na segunda fase, que vai incluir outras 15 empresas. Elas estão trabalhando atualmente na seleção dos produtos que merecerão a análise de seus processos com vistas à redução do impacto ambiental. “A parceria com a indústria para uma atividade sustentável é fundamental, pois o varejo representa apenas 8% do impacto ambiental em toda a cadeia. O restante está distribuído na produção e no transporte”, afirma Daniela.
6 600 8,9%
60 000 40%
coletados em 2009, com a ajuda de 96 cooperativas de reciclagem
treinados sobre consumo consciente em 2009 (75% dos empregados)
O Walmart em números
toneladas de resíduos
de redução no volume de sacolas plásticas usadas na rede em 2009 em relação a 2008
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
166 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
funcionários
de redução no consumo de água nos hipermercados inaugurados em 2009 em relação às lojas antigas
03_CAD 00:32 04/11/10 RNOGUEIRA Composite
GERMANO LÜDERS
EXAME - EEXA - 167 - 17/11/10 EXAME
-
Marcos Samaha, presidente do Walmart Brasil: alterações feitas pelos fornecedores resultaram em ganhos ambientais expressivos
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 167
EMPRESA-MODELO |
WHIRLPOOL
Tecnologia responsável Com inovações na produção, a Whirlpool evita materiais tóxicos e obtém ganhos. A economia de recursos também beneficia os consumidores o elaborar sua estratégia de sustentabilidade, a Whirlpool,
A
03_CAD
Quando foi premiada
03/11/10
19:46
Sobre a empresa
-
fabricante dos eletrodomésticos das marcas Brastemp e Consul, definiu uma meta de redução na quantidade de substâncias nocivas envolvidas no processo de produção. Para alcançar esse objetivo, a empresa teve de inovar. Um exemplo é o uso do terpeno, substância natural extraída de fontes vegetais, como óleo de pinho e frutas cítricas. Há dois anos, a Whirlpool passou a empregar o terpeno na limpeza das chapas de aço dos eletrodomésticos. Com isso, eliminou o con-
Setor
sumo do gás antes necessário para aquecer os banhos de chapas metálicas (o terpeno é usado em temperatura ambiente). Outra inovação, adotada há três anos, é a nanotecnologia para proteger as chapas metálicas contra a corrosão. A Whirlpool utiliza nanopartículas de flúor-zircônio, o que eliminou o uso do fosfato. As nanopartículas não produzem borra — no caso do fosfato, esse resíduo contém metais pesados. Com esse novo método, a empresa também obteve reduções de 10% no consumo de energia e de 40% no de água. Reza a estratégia da Whirlpool
que a economia de recursos deve ir além da linha de produção e chegar à casa dos consumidores. No final de 2009, de acordo com os critérios do Inmetro, 97% dos produtos da Whirlpool eram classe A, a classificação que atesta baixo consumo de energia. A meta é chegar em breve aos 100%. “Queremos oferecer soluções cada vez mais eficientes para o uso dos recursos naturais”, diz José Drummond Jr., presidente da Whirlpool. “Nossa maior contribuição é fazer produtos que, cada vez mais, ajudem as pessoas a economizar água e energia.”
2000 • 2001 • 2002 • 2003 • 2004 • 2005 • 2006 • 2007 • 2008 • 2009 • 2010
Eletroeletrônico
Faturamento em 2009(1)
8,4 bilhões
Número de funcionários
14 500
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa
(2)
-
COMPROMISSO COM A SUSTENTABILIDADE
10
9,4 10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||10
RNOGUEIRA
Por que se destacou
6,7
5,5
➜ Está comprometida com a sustentabilidade por meio de documento público que apresenta metas de longo prazo ➜ Possui programa com recursos, cronograma e responsabilidades definidos e com objetivos e metas específicos
➜ A política de gestão de riscos adota critérios socioambientais de curto, médio e longo prazo, monitorados periodicamente ➜ Tem planos de contingência que prevê ações para evitar e gerenciar crises de natureza ambiental, social e econômica
EXAME
-
EXAME - EEXA - 168 - 17/11/10
-
Composite
-
Whirlpool
Média
GESTÃO DE RISCOS
7%
5,1
A Whirlpool em números
foi o índice de redução no consumo total de energia em 2009 em relação ao ano anterior
milhões de reais investidos em proteção ambiental em 2009 — ante 3 milhões de reais em 2008
1. Valores em reais. 2. Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado.
168 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
12,5% 3,4 de redução no consumo de óleo diesel nas fábricas em 2009 em relação aos gastos no ano anterior
milhões de reais investidos em 2009 em projetos de geração de renda para mulheres
03_CAD 19:46 03/11/10 RNOGUEIRA Composite
DANIELA TOVIANSKY
EXAME - EEXA - 169 - 17/11/10 EXAME
-
José Drumond Jr., presidente da Whirlpool: o objetivo é oferecer produtos que ajudem as pessoas a economizar água e energia
NOVEMBRO 2010 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | 169
O carro do presente Os carros elétricos finalmente deixam os salões do automóvel e chegam às ruas. O Opel Ampera, versão europeia do Volt, da GM, é um dos modelos das grandes montadoras que começam a circular a partir do ano que vem. O Ampera também leva gasolina, mas ela serve para gerar a eletricidade que move o motor. O carro também pode ser abastecido na tomada. Como os consumidores vão receber essa novidade ainda é uma incógnita. Mas esse pode ser o primeiro passo na maior mudança da história da indústria automobilística.
EXAME
-
EXAME - EEXA - 170 - 17/11/10
-
Composite
-
ULI DECK/EPA/CORBIS
RNOGUEIRA
-
03/11/10
22:55
-
03_CAD
IMAGEM | INOVAÇÃO
170 | GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE | NOVEMBRO 2010
EXAME
-
EXAME - EEXA - 171 - 17/11/10
-
Composite
-
AGNALDO
-
03/11/10
19:39
-
CAPA
EXAME
-
EXAME - EEXA - 172 - 17/11/10
-
Composite
-
AGNALDO
-
03/11/10
19:35
-
CAPA