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2012
guia exame 2012 | sustentabilidade
Novembro/2012|R$ 29,90
negócios
As pequenas e médias empresas também querem ser verdes
especial
Água – A escassez de um recurso
abundante na natureza
carreira
Os passes dos executivos sustentáveis estão em alta no mercado
SuStentabilidade 21
empresas-modelo A lista das em responsabilidade social corporativa no Brasil anglo american a empresa sustentável do ano
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Sumário RicaRdo Teles/pulsaR
40 Cais em Macapá, no Amapá: o Brasil tem extensas reservas de água, mas longe dos grandes centros urbanos
11 Carta ao leitor 16 EXAME.com
pesquisa
22 Resultados Quais são as 30
mudanças na estratégia de sustentabilidade das empresas Clima Companhias se destacam com programas de redução de gases de efeito estufa
especial água
40 Recursos hídricos A falta 48
de água no Brasil pode ter graves implicações econômicas Cidades A demanda por água nas grandes cidades do mundo vai crescer 40% em 15 anos
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52 Brasil Empresas economizam 56 60
água para antecipar a tendência de aumento dos preços Brasil 2 Concessionárias começam a reduzir as perdas de água nas tubulações China O país precisa enfrentar as causas da contaminação de seus recursos hídricos
82 Carreira Especialistas em
sustentabilidade nunca tiveram tanto prestígio nas empresas
negócios globais
90 Jorgen Randers Para defensor 96
gestão
66 Reciclagem O lixo eletrônico
do crescimento sustentável, o caos climático é inevitável Certificação O selo SA8000 é colocado à prova
Finanças
pode movimentar um mercado de 300 milhões de reais ao ano
102 Cary Krosinsky Especialista
empresas
106
74 Empreendedorismo Pequenas também são sustentáveis
em finanças diz que saber quanto se emite de CO2 não basta Crédito Fundos querem que os clientes façam o bem — para os outros
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114 Unidade de níquel da Anglo American: a empresa investe na educação da comunidade
pesquisa
132 Dow
definição das empresas-modelo em sustentabilidade
134 EcoRodovias
112 Critérios Como é o processo de
empresas-modelo
114 Anglo American
A mineradora especializada na produção de níquel é eleita a Empresa Sustentável do Ano
122 AES
Acidentes fatais com energia elétrica caíram pela metade
124 Alcoa
A troca do óleo combustível pelo gás natural foi como tirar 11 200 carros das ruas
126 Braskem
Oito de seus nove indicadores ambientais melhoraram em 2011
128 Bunge
Investimentos na capacitação dos fornecedores aumentaram
130 CPFL
Parques eólicos são parte da busca por fontes de energia
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Com parcerias, os recursos naturais foram poupados
148 Masisa
A utilização de substância tóxica foi eliminada, um diferencial no setor
Pneus velhos melhoraram as estradas da concessionária
150 Natura
Inspeção aérea captou falhas na rede e gerou ganhos ambientais
152 O Boticário
Fornecedores adotaram boas práticas
154 Promon
136 Elektro
138 Embraco 140 Fibria
Maus resultados não impediram avanços na área ambiental
142 Fleury
A política de sustentabilidade foi adotada pelas empresas adquiridas pelo grupo
144 Itaú Unibanco
Ações de educação financeira foram ampliadas em 2011
146 Kimberly-Clark
A empresa passou a usar plástico renovável para acondicionar um de seus principais produtos
GERMANO LüDERS
Sumário
Centro de inovação em Manaus facilitou uso de itens da região Iniciativas sustentáveis ganham mais adeptos Clientes que não se alinhavam às práticas ambientais da companhia foram recusados
156 Unilever
Presença de sódio, açúcar e gordura trans nos produtos alimentícios caiu
158 Whirlpool
Eletrodomésticos foram feitos pensando na sua reciclagem
160 Sabin (PME)
Políticas de recursos humanos aumentaram a receita
162 Imagem
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2012
Sustentabilidade Coordenação Eduardo Salgado •••
Edição
Ana Luiza Herzog, Ernesto Yoshida, Fabiane Stefano
Fundador: VICTOR CIVITA
(1907-1990) Editor: Roberto Civita Conselho Editorial: Roberto Civita (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente), Elda Müller,
Fábio Colletti Barbosa, Giancarlo Civita, Jairo Mendes Leal, José Roberto Guzzo, Victor Civita Presidente Executivo Abril Mídia: Jairo Mendes Leal Diretor de Assinaturas: Fernando Costa Diretor-Geral Digital: Manoel Lemos Diretor Financeiro e Administrativo: Fabio Petrossi Gallo Diretora-Geral de Publicidade: Thais Chede Soares Diretor de Planejamento Estratégico e Novos Negócios: Daniel de Andrade Gomes Diretora de Recursos Humanos: Paula Traldi Diretor de Serviços Editoriais: Alfredo Ogawa Diretor Editorial: José Roberto Guzzo Diretora-Superintendente: Cláudia Vassallo
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Reportagem
Andrea Vialli, Célio Yano, Cynthia Almeida Rosa, Daniela Rocha, Eduardo Nunomura, Érica Polo, Guilherme Manechini, Katia Simões, Leandro Quintanilha, Lia Vasconcelos, Livia Deodato, Mariana Segala, Maurício Oliveira, Mirella Domenich, Raquel Grisotto, Simone Tobias, Vladimir Brandão, Zenaide Peres •••
Assessoria técnica
Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-Eaesp (GVces) Equipe Mario Monzoni e Roberta Simonetti (coordenação), Helton Barbosa e Fernanda Macedo (pesquisa) •••
Desenvolvimento de sistema web Everson Siqueira •••
Arte
Editor de Arte Ricardo Godeguez Designers Luana de Almeida,
Rita Ralha Nogueira •••
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Editor de Fotografia Germano Lüders Equipe Iara Brezeguello (coordenadora),
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Tratamento de imagem
Diretor de Redação: André Lahóz Redator-Chefe: Tiago Lethbridge Editores Executivos: Eduardo Salgado, José Roberto Caetano Editores: Alexa Salomão, Bruno Ferrari, Cristiane Mano, Ernesto Yoshida, Fabiane Stefano, Giuliana Napolitano, Lucas Amorim Repórteres: Ana Luiza Herzog, Ana Luiza Leal, Guilherme Manechini, Humberto Maia Junior,
João Werner Grando, Luiza Dalmazo, Márcio Kroehn, Maria Luíza Filgueiras, Mariana Segala, Michele Loureiro, Thiago Bronzatto Sucursais: Patrick Cruz (Brasília); Roberta Paduan, Alexandre Rodrigues (Rio de Janeiro) Revisão: Ivana Traversim (chefe), Eduardo Teixeira Gonzaga (coordenador), Regina Pereira Diretora de Arte: Roseli de Almeida Editora de Arte: Karina Gentile Designers: Carolina Gehlen, Marília dos Santos Reis, Renata Toscano, Luisa Nogueira Pfeilsticker (estagiária) Infografia: Maria do Carmo Benicchio (editora) Tablet: Bruno Lozich (editor), Suely Andreazzi (designer) Edições Especiais: Ricardo Godeguez (editor), Rita Ralha Nogueira (designer) CTI: Leandro Almario Fonseca (chefe), Carlos Alberto Pedretti, Julio Gomes, Paulo Garcia Martins Fotografia: Germano Lüders (editor), Iara Brezeguello (coordenadora), Gabriel Correa, Ricardo Alves (pesquisadores) EXAME.com Diretora: Sandra Carvalho Editor Sênior: Maurício Grego Editores: Gustavo Kahil, Márcio Juliboni, Renato Santiago de Oliveira Santos, Talita Abrantes Editoras Assistentes: Julia Wiltgen, Lílian Sobral, Priscila Zuini Repórteres: Amanda Previdelli, Beatriz Olivon, Beatriz Souza, Camila Lam, Camila Pati, Cris Simon,
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Antonio MilenA/MilenAr
carta aO leitOr
Debate do Fórum EXAME de Sustentabilidade: algumas das melhores cabeças do país reunidas para pensar um futuro melhor para o conjunto de brasileiros
Inspiração para o mundo a Onu decretOu
que 2013 será o Ano Interna cional da Cooperação pela Água, o reconhecimento por parte da organização de que não podemos mais negligenciar o mais importante dos recursos. Como mostra a série de reportagens especiais sobre água deste guia, temos um problema. Hoje, 40% da população global vive em países em situação de estresse hídrico — ou seja, vive com menos do mínimo recomendado pela ONU. Pior: esse número provavelmente vai crescer nas próximas décadas. Nem mesmo o Brasil, espécie de eldorado em termos de quantidade de rios que cruzam o país, está livre de problemas. Nossa oferta de água se concentra na Região Norte, lar de 8% da população. Nas grandes cidades, rios po luídos fazem parte da cena há décadas. E a carência de água é um dado da realidade. Esses e outros temas foram debatidos na mais recente edição do Fórum EXAME de Sustentabilidade, que reuniu alguns dos maiores especialistas do país no assunto. Como disse na ocasião a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o Brasil pre cisa começar a avaliar o custo da água nos processos produtivos. “Nosso maior desa fio é mostrar que a política ambiental não é restrição ao desenvolvimento”, declarou. O Brasil tem, pelo menos no campo da teoria, uma enorme vantagem comparativa em relação aos demais países do mundo. Ninguém tem uma combinação tão vir tuosa de biodiversidade com riquezas naturais. E isso poderá ser um diferencial em nosso favor — desde que saibamos aproveitálo. Nesse sentido, as empresas aqui instaladas têm papel decisivo. Não há solução possível no terreno ambiental sem a
participação direta da iniciativa privada. E a boa notícia, como demonstram os exemplos destacados nesta edição, é que o Brasil já conta com um pelotão de elite cada vez mais antenado com a sustenta bilidade. Eles mostram que não se trata de deixar a natureza intocada. Isso não é realista — nem desejável. O ponto é outro: como construir uma nova aborda gem no uso dos recursos naturais, que são obviamente finitos. EXAME tem or gulho de ter sido a primeira publicação brasileira a abraçar a causa da sustenta bilidade, lá se vão 13 anos, com a primei ra edição deste guia. O que nos movia — e nos move — era o desejo de mostrar não apenas o problema, mas as possíveis soluções. O Brasil pode e deve ser uma poderosa fonte de inspiração global na construção de um mundo melhor.
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Acesse EXAME.com e leia reportagens exclusivas para a internet que complementam o Guia de Sustentabilidade
Antonio MilenA/MilenAr
De Simoni, da Anglo American: 300 milhões de dólares para reduzir o impacto ambiental
As empresas-modelo de 2012 Veja as fotos da premiação das 21 empresas que são exemplo de responsabilidade ambiental segundo o GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE. A cerimônia ocorreu no dia 7 de novembro no Hotel Unique, em São Paulo. A unidade de níquel da mineradora Anglo American foi escolhida a Empresa Sustentável do Ano. http://abr.io/sustentabilidade2012
Quer saber se o seu banco é socialmente responsável? o portal Guia dos Bancos responsáveis analisa as políticas socioambientais dos seis maiores bancos no Brasil. o site cruza os dados divulgados pelas instituições financeiras com os de estudos feitos por entidades independentes. http://abr.io/bancos
Os produtos amigos do meio ambiente
A seção Design Verde mostra quais são as últimas novidades no mundo entre os produtos ecologicamente sustentáveis. Uma delas é a chuteira Green Speed, da Nike, que é revestida com um material derivado da mamona. http://abr.io/designverde
A visão dos especialistas O blog Termômetro Digital repercute as novidades sobre as mudanças climáticas no mundo pelo olhar de pesquisadores que acompanham o setor. Já o blog BioAgroEnergia discute o impacto ambiental do agronegócio. http://abr.io/blogueiros
Plugados na tomada
Navegue pela seção Carros Elétricos e conheça as últimas novidades das montadoras nesse segmento. Um deles é o Toyota eQ, que recarrega 80% da bateria em apenas 15 minutos. http://abr.io/carroseletricos
Calcule a sua pegada ecológica
Quantas pessoas moram na sua casa? Você come carne quantas vezes por semana? Quantos feriados você viaja por ano? Ao responder perguntas assim na calculadora ecológica, você terá uma ideia de qual é sua pegada de carbono. O resultado é dado em hectares e você descobre na hora qual a área de floresta necessária para sustentar seu padrão de consumo e compará-la com a média dos outros internautas. http://abr.io/carbono
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Mina de bauxita da Alcoa, em Juruti, no Pará: os relatórios de sustentabilidade da empresa trazem as metas alcançadas e as que não foram cumpridas ainda
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ERNESTO RODRIGUES/AE
mais um passo na direção certa O Guia EXaME dE SuStEntabilidadE 2012, maior levantamento de práticas de responsabilidade corporativa do país, comprova a disposição das empresas instaladas no país de fortalecer suas estratégias de sustentabilidade / ana luiza herzog
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a francesa danone,
uma das maiores empresas globais de laticínios, tem 186 fábricas espalhadas por 120 países. É aqui no Brasil, porém, em Poços de Caldas, em Minas Gerais, que está localizada a unidade fabril menos emissora de gases de efeito estufa da companhia no mundo. A fábrica, que responde por 90% da produção da Danone no país, não era muito diferente de seus pares até três anos atrás, quando a direção da operação brasileira decidiu que ela seria submetida a uma espécie de conversão verde. A primeira mudança começou em 2010, quando a empresa decidiu investigar a origem da energia que a fábrica comprava e descobriu que ela não era 100% limpa: parte vinha de termelétricas. Veio então a decisão de adquirir energia apenas de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). O governo até incentiva as empresas a migrar para fontes renováveis, mas isso não significa que o processo ocorra de maneira simples. A Danone demorou oito meses para conseguir concluir a troca. Resolvida essa questão, a empresa passou a se dedicar a um projeto mais ambicioso: livrar-se da caldeira mo- ações da empresa para reduzir suas vida a óleo diesel. “Cogitamos a con- emissões de gases de efeito estufa não versão para o gás natural, o que já pararam aí. Em outubro, a Danone representaria um ganho ambiental, passou a usar o PET nas garrafas de mas decidimos encarar um desafio iogurte de mais de 900 miligramas, maior: uma caldeira a biomassa”, afir- no lugar do HVPE, um plástico conma Adriana Matarazzo, diretora de vencional. Com a troca, a Danone não pesquisa e desenvolvimento e de sus- só conseguiu reduzir o peso das gartentabilidade da Danone. Nenhuma rafas como também a probabilidade outra fábrica da empresa no mundo de que elas acabem sendo descartapossuía algo parecido, e a operação das em lixões. “Recicla-se menos do brasileira precisou de um ano para que 20% do HVPE no Brasil”, afirma superar as dificuldades técnicas do Adriana. “A cadeia de reciclagem do projeto. Além disso, investiu 7,5 mi- PET é muito mais desenvolvida e o lhões de reais. Como resultado dessas índice já é de quase 60%.” duas iniciativas, quase 97% da enerA Danone é um exemplo de empregia usada hoje na fábrica é limpa. As sa que conseguiu inserir o tema do
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Neste ano, 78% das empresas que participaram do guia EXAME fazem inventário de emissões de gases de efeito estufa — eram 54% em 2009 Fábrica da Danone em Poços de Caldas, em Minas Gerais: 97% da energia usada na unidade vem de fontes limpas
combate às mudanças climáticas no cerne do negócio. Ela não está sozinha. Segundo a pesquisa feita para o GUIA
Masao Goto Filho
EXAME DE SUSTENTABILIDADE 2012 com quase 150 companhias que
operam no país, 70% afirmaram contemplar em seu planejamento estratégico investimentos para reduzir emissões de gases de efeito estufa e o desenvolvimento de oportunidades relacionadas às mudanças climáticas e à economia verde. Há dois anos, esse percentual era de 65%. Outros números obtidos na pesquisa do guia reforçam a tese de que as empresas brasileiras estão mesmo assimilando a questão climática. Neste ano, por exemplo, 78% das participantes declararam fazer inventário de emissões de gases de efeito estufa — ante 54% das empresas participantes do levantamento de 2009. A pesquisa também mostra que, para fazer seus inventários, mais empresas estão usando a metodologia GHG Protocol, a ferramenta mais utilizada no mundo: 60% em 2012, ante apenas 42% em 2010. O crescimento da popularidade do GHG Protocol no Brasil é uma ótima notícia. “Só é possível fazer análises ou comparações sobre o desempenho das companhias se to-
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pesquisa resultados das medirem suas emissões da mes ma maneira”, afirma Beatriz Kiss, coordenadora do Programa Brasilei ro GHG Protocol e pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabili dade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, entidade responsável pelo uso da metodologia no Brasil. Mais consistência
A pesquisa do guia EXAME traz evi dências indiscutíveis que apontam uma evolução na estratégia de sus tentabilidade das empresas, mas tam bém é verdade que há muito a avan çar. Quase 85% das companhias ana lisadas afirmaram que estão formal mente comprometidas com o de senvolvimento sustentável por meio de sua alta administração. Quando são, porém, perguntadas se colocam suas metas e objetivos em um docu mento público, apenas 59% respon dem positivamente. Esse é um sinal de que muitas empresas ainda temem ter sua estratégia de sustentabilidade questionada por funcionários, clien tes e ONGs. “Nosso raciocínio ao pu blicar um relatório com metas alcan çadas e metas não alcançadas é que a franqueza é a melhor arma”, diz Nil son Souza, diretor de sustentabilida de da produtora de alumínio Alcoa. “Esse pensamento ainda não é o do minante nas empresas.” Das companhias analisadas, nada menos do que 85% afirmaram ter as sumido publicamente compromissos voluntários relacionados ao desenvol vimento sustentável. Comparado aos 81% de 2011, houve um avanço consi derável. Por compromisso voluntário entendese iniciativas como a do Pac to Global, das Nações Unidas, que pre coniza para o setor privado a adoção de princípios de combate à corrupção e de defesa dos direitos humanos, das condições de trabalho e do meio am biente. Quando questionadas sobre o que fazem em relação a esses compro missos, o cenário revelado pelas em presas é menos animador: apenas 43% monitoram seu desempenho com in dicadores, têm metas de melhoria e prestam conta dessa evolução.
os destaques da pesquisa
Em 2012, 123 empresas responderam às questões do Guia
diMensão Geral a empresa, por meio de sua alta administração, está formalmente comprometida com o desenvolvimento sustentável? Sim
Não 1%
99%
Sim
Não 1%
99%
Sim
2011
2010
Não 1%
99%
2012
de que maneira esse compromisso é manifestado? Visão e missão
Planejamento estratégico
Documento público com metas de longo prazo
90
90
90
87% 80
80%
87%
84%
90% 89%
80
80
70
70
70
60
60
60
52% 51% 50
50
0
50
0
2010 2011 2012
59%
0
2010 2011 2012
2010 2011 2012
a empresa assumiu publicamente compromissos voluntários, de abrangência nacional ou internacional, relacionados ao desenvolvimento sustentável? Sim
Sim
82%
Não 18%
Não 19%
81%
2011
2010
Sim
85%
Não
15% 2012
Em relação aos compromissos assumidos, a empresa faz autoavaliações, monitora a adesão com indicadores, tem metas de melhoria e planos de ação para atingi-las, divulga as metas e presta contas em relatório público? Sim 2010 2011 2012
51% 41% 43%
Não
49% 59% 57%
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EXaME dE SuStEntabilidadE. Veja os principais números
Dimensão AmbientAl a empresa elabora inventário das emissões de gases de efeito estufa? Sim
Não
59%
Não
Sim
41%
35%
65%
Sim
78%
Não
22% 2010
a empresa possui programa e metas de redução das emissões?
O inventário é elaborado de acordo com a metodologia GHG Protocol(1)? Sim 2010
2012
2011
Não
42%
2011
53%
2012
60%
Sim
Não
58%
2010
31%
69%
47%
2011
32%
68%
2012
40%
59%
41%
Dimensão sociAl a empresa possui compromisso formal com a valorização da diversidade? Sim
Sim
88%
Sim
85%
Não
Não
90%
Não
15%
12% 2010
10%
2011
2012
de que forma esse compromisso está expresso? Código de conduta
Política específica
Adesão a ações voluntárias
2010
79%
2010
53%
2010
41%
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77%
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52%
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40%
2012
54%
2012
2012
81%
37%
Dimensão econômicA O planejamento estratégico contempla investimentos para reduzir emissões de gases estufa e a busca de negócios relacionados à economia verde? Sim
O processo de gestão de riscos corporativos considera critérios socioambientais de curto, médio e longo prazo? Sim
Não
Não
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65%
35%
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78% 22%
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30%
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70%
Nos últimos anos, as empresas brasileiras avançaram nos temas relacionados ao desenvolvimento sustentável , mas o caminho ainda é longo
86% 14%
Bons exemplos a ser seguidos não faltam. Entre as empresas que apresentam uma conduta digna de nota nessa área está a seguradora SulAmérica. Sua direção fez uma análise criteriosa dos compromissos existentes no mercado antes de optar pela adesão. “Escolhemos participar daqueles que realmente têm afinidade com nosso negócio porque só dessa maneira conseguiríamos dedicar tempo e energia para fazer a diferença”, afirma Adriana Boscov, superintendente de sustentabilidade da SulAmérica, companhia que é signatária, entre outras iniciativas, da rede brasileira do Pacto Global e do Protocolo do Seguro Verde, que prega, como o próprio nome sugere, a adoção de ações de responsabilidade socioambiental no setor de seguros. Para Roberta Simonetti, pesquisadora do GVCes e responsável pela metodologia do questionário utilizado por EXAME, esse resultado mostra que é preciso encurtar a distância entre a intenção das empresas e o que de fato elas praticam. “Assinar um protocolo de intenções é o primeiro e mais fácil passo, mas é necessário criar indicadores e estabelecer metas”, afirma. “Caso contrário, empresa e sociedade acabam ganhando muito pouco.”
1. Criada pelo World Resources Institute e o World Business Council for Sustainable Development, é a ferramenta mais usada globalmente para entender, quantificar e gerenciar as emissões de gases de efeito estufa
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pesquisa clima
rumo ao baixo carbono Entre as empresas inscritas neste ano no Guia EXaME dE SuStEntabilidadE, 78% fazem o inventário da emissão de gases de efeito estufa — no ano passado eram 65% 30/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
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aperam
combustível verde
daniel Mansur
credito foto
Desde julho de 2011, a Aperam, produtora de aço inoxidável do grupo anglo-indiano ArcelorMittal, passou a usar carvão vegetal nos fornos de sua usina em Timóteo, em Minas Gerais (foto). O carvão vegetal, obtido de madeira oriunda de florestas plantadas de eucalipto, substituiu o coque, que é produzido do carvão mineral, um combustível não renovável. O carvão vegetal ajuda a reduzir as emissões de CO2 na atmosfera por causa da captura do gás carbônico pelas árvores. Na Aperam, o volume de CO2 lançado na atmosfera caiu pela metade — o equivalente a 700 000 toneladas por ano.
o brasil é o quarto maior emissor
global de gases de efeito estufa, com 5% do total lançado na atmosfera, de acordo com o World Resources Institute, instituto de pesquisa ambiental com sede nos Estados Unidos. Em termos per capita, o nível de emissões no Brasil é muito próximo ao dos países ricos. Embora a principal fonte de emissões no país seja o desmatamento de florestas, é fundamental que todos os setores façam a sua parte rumo a uma economia de baixo carbono. Alguns dados indicam que, felizmente, essa questão está entrando no radar de um número crescente de empresas. Entre as companhias que se inscreveram neste ano no GUIA EXAME dE SUStEntABIlIdAdE, 78% fazem o inventário das emissões de gases estufa. Em 2011, 65% faziam esse inventário. Além disso, 48% das empresas inscritas neste ano têm metas de redução das emissões, ante 45% no ano passado. O guia EXAME selecionou quatro empresas com boas práticas nessa área.
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OMAR PAIXAO
pesquisa clima
even
engajamento dos fornecedores A incorporadora e construtora paulista Even, especializada em imóveis residenciais (na foto, um canteiro de obras), foi a primeira empresa do setor no país a realizar um inventário das emissões de gases de efeito estufa, há três anos. E descobriu que, sozinha, não conseguiria avançar nessa área — quase 98% de suas emissões são indiretas, oriundas dos processos de fabricação de materiais de seus fornecedores de insumos, como cimento e aço. A empresa decidiu então iniciar um trabalho de engajamento de sua cadeia de suprimentos. Diretores da Even visitaram as instalações de seus principais fornecedores para discutir aspectos relacionados aos impactos da atividade de construção e mostrar a importância de realizar o inventário das emissões. Além disso, a Even criou um fórum de discussão na internet, no qual os fornecedores podem trocar experiências e debater questões relacionadas às emissões de gases estufa com especialistas. O trabalho começa a dar resultados. De seus 20 principais fornecedores, metade passou a realizar o inventário de suas próprias emissões.
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ecofrotas
carros sustentáveis
Eduardo Garcia
Os veículos automotores são a quarta maior fonte de emissão de gases estufa no planeta, com 12% do total. Para a gaúcha Ecofrotas, especializada na gestão de frotas de terceiros (foto), reduzir o volume de gases poluentes tornou-se estratégico para o negócio. Por isso, a empresa lançou neste ano um programa para medir as emissões de sua frota. Logo percebeu que precisava fazer ajustes, como investir mais em manutenção preventiva, treinar motoristas e abastecer seus veículos flex preferencialmente com etanol. Com isso, a média de emissão diária de CO2 dos veículos avaliados chegou a cair 60%. A ideia é continuar monitorando o desempenho da frota — e aplicar o conhecimento na gestão dos 520 000 veículos que compõem as frotas de seus 9 000 clientes corporativos.
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MARCOS ALVES/AGENCIA O GLOBO
pesquisa clima
albert einstein
conforto, saúde — e economia Em um hospital, o sistema de ar condicionado é fundamental para proporcionar ar limpo e asséptico e conforto térmico aos pacientes. Por isso, a Unidade Morumbi do Hospital Albert Einstein, em São Paulo (na foto, a sala de ressonância magnética), decidiu aproveitar o projeto de ampliação do complexo para instalar equipamentos mais eficientes. Com a expansão, concluída em 2010, o prédio onde funciona o hospital quase dobrou de tamanho — de 70 000 para 135 000 metros quadrados. Com isso, era de esperar que o gasto de energia com o ar-condicionado disparasse. No entanto, o consumo cresceu apenas 39% graças à troca das duas centrais de água gelada, usadas para a climatização do hospital, por uma central mais moderna e automatizada. A tecnologia aproveita o calor dissipado pelo sistema para aquecer a água dos banhos. Com a mudança, o hospital economizará quase 1,5 milhão de reais por ano e deixará de lançar 300 toneladas de CO2 na atmosfera, o equivalente ao plantio de 1 800 árvores.
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especial
recursos hídricos
RogéRio Reis/pulsaR imagens
a escassez na
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Hoje, 40% da população do planeta já sofre as consequências da falta de água. Além do aumento da sede no mundo, a falta de recursos hídricos tem graves implicações econômicas e políticas para as nações /Mariana Segala
abundância
Cais de Santa Inês, em Macapá, no Amapá: boa parte da água disponível no país está concentrada nas regiões mais remotas
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especial recursos hídricos
a água é o recurso
natural mais abundante do planeta. De maneira quase onipresente, ela está no dia a dia dos 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta. Além de matar a sede, a água está nos alimentos, nas roupas, nos carros e na revista que está nas suas mãos — se você está lendo a reportagem em seu tablet, saiba também que muita água foi usada na fabricação do aparelho. Mas o recurso mais fundamental para a sobrevivência dos seres humanos enfrenta uma crise de abastecimento. Estima-se que cerca de 40% da população global viva hoje sob a situação de estresse hídrico. Essas pessoas habitam regiões onde a oferta anual é inferior a 1 700 metros cúbicos de água por habitante, limite mínimo considerado seguro pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nesse caso, a falta de água é frequente — e, para piorar, a perspectiva para o futuro é de maior escassez. De acordo com estimativas do Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar, com sede em Washington, até 2050 um total de 4,8
bilhões de pessoas estará em situação de estresse hídrico. Além de problemas para o consumo humano, esse cenário, caso se confirme, colocará em xeque safras agrícolas e a produção industrial, uma vez que a água e o crescimento econômico caminham juntos. A seca que atingiu os Estados Unidos no último verão — a mais severa e mais longa dos últimos 25 anos — é uma espécie de prévia disso. A falta de chuvas engoliu 0,2 ponto do crescimento da economia americana no segundo trimestre deste ano. A diminuição da água no mundo é constante e, muitas vezes, silenciosa. Seus ruídos tendem a ser percebidos apenas quando é tarde para agir. Das dez bacias hidrográficas mais densa-
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copo meio vazio
Das dez maiores economias do mundo, quatro já enfrentam problemas de abastecimento de água o CoNSUMo NACIoNAL DE áGUA E... (em bilhões de m3 de água ao ano)
...A DISpoNIBILIDADE EM CADA pAÍS Boa oferta de água
Situação vulnerável
Situação crítica
1 368 China
Japão
175 Alemanha
117
França Brasil
Campo de refugiados no Quênia: até 2050, cerca de 4,8 bilhões de pessoas viverão sob estresse hídrico
75
Itália
132
Sanjit DaS/panoS
356
Reino Unido
106
Rússia
270 Índia
mente povoadas do mundo, grupo que compreende os arredores de rios como o indiano Ganges e o chinês Yang-tsé, cinco já são exploradas acima dos níveis considerados sustentáveis. Se nada mudar nas próximas décadas, cerca de 45% de toda a riqueza global será produzida em regiões sujeitas ao estresse hídrico. “Esse cenário terá impacto nas decisões de investimento e nos custos operacionais das empresas, afetando a competitividade das regiões”, afirma um estudo da Veolia, empresa francesa de soluções ambientais. Em muitos países em desenvolvimento e pobres, a situação é mais dramática. Falta acesso a água potável e saneamento para a esmagado-
1 145 Estados Unidos
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especial recursos hídricos ra maioria dos cidadãos. Só o tempo perdido por uma pessoa para conseguir água de mínima qualidade pode chegar a 2 horas por dia em várias partes da África. Pela maior suscetibilidade a doenças, como a diarreia, quem vive nessas condições costuma ser menos produtivo. Essas mazelas já são assustadoras do ponto de vista social, mas elas têm implicações igualmente graves para a economia. Um estudo desenvolvido na escola de negócios Cass Business School, ligada à City University, de Londres, indica que um aumento de 10% no número de pessoas com acesso a água potável nos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) conseguiria elevar o crescimento do PIB per capita do bloco cerca de 1,6% ao ano. “O avanço econômico depende da disponibilidade de níveis elevados de água potável”, aponta Josephine Fodgen, autora da pesquisa. “Embora não se debata muito o tema, o mundo pode sofrer uma crise de crescimento provocada pela escassez de água nas próximas décadas.” Desde a década de 90, a extração de água para consumo nos centros urbanos do Brasil aumentou 25%, percentual que é o dobro do avanço do PIB per capita dos brasileiros no mesmo período. Quanto maior é a renda de uma pessoa, mais ela tende a consumir e maior é seu gasto de água. Isso é o que se convencionou chamar de pegada hídrica, a medida da quantidade de água utilizada na fabricação de tudo o que a humanidade consome — de alimentos a roupas. O conceito e os cálculos desenvolvidos na Universidade de Twente, na Holanda, permitem visualizar em números o impacto até mesmo da mudança da dieta dos povos que enriqueceram rapidamente. “Uma enorme quantidade de água é gasta hoje para que o mundo consuma mais carne”, explica Ruth Mathews, diretora executiva da Water Footprint Network, rede de pesquisadores que estudam o tema. Hoje, cada chinês gasta o equivalente a 1 070 metros cúbicos de água por ano. É quatro vezes mais do que nos anos 60, e grande parte desse crescimento é atribuída à maior ingestão de aves e diferentes tipos de carne no país. Até poucos anos atrás, era tão improvável que um chinês tivesse um bife no prato que a iguaria costumava ser chamada de “carne dos milionários”. Atualmente, cada chinês consome mais de 4 quilos de carne bovina por ano — e, do pasto até o açougue, cada quilo de bife demanda 15 000 litros de água.
feng wei photography/flickr/getty images
Mais renda líquida
No total, o Brasil consome 356 bilhões de metros cúbicos por ano — é o quarto maior consumo do mundo, perdendo para a China, a Índia e os Estados Unidos. Estamos tão acostumados com a fartura de recursos que talvez nada disso assuste. Cerca de 12% da água doce do mundo percorre o território brasileiro, onde vivem menos de 3% dos seres humanos. Entre os membros do G20, grupo das 20 maiores economias, o país só perde para o Canadá em disponibilidade de água per capita. Temos
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42 000 metros cúbicos anuais por habitante, um luxo para poucos. Boa parte da água do Brasil, porém, está concentrada nas regiões mais remotas e menos habitadas. Nove estados do país já ultrapassaram ou estão no limiar do estresse hídrico. Nessa conta, além dos tradicionais estados áridos do Nordeste, entram os mais urbanizados e desenvolvidos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. “A situação dos lugares onde ficam as capitais mais populosas inspira cuidado, pede planejamento
Rebanho às margens do lago Sayram, na China: o aumento de ingestão de carne quadruplicou o consumo de água dos chineses
e exige ação”, diz Paulo Varella, diretor da Agência Nacional de Águas. A cidade de São Paulo e sua região metropolitana, com uma população que se aproxima dos 20 milhões, são consideradas áreas propensas a enfrentar problemas de falta de água no futuro. Embora haja bacias de rios no entorno da capital, a água disponível é de péssima qualidade em razão, entre outros motivos, da quantidade de gente que vive — e produz esgoto — na região. “Não dá mais para depender da bacia do Alto Tietê.
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GERMANO LUDERS
especial recursos hídricos
A situação dela é crítica”, afirma Edson Giriboni, secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do estado de São Paulo. A saída é buscar água cada vez mais longe. Está previsto para novembro o início do processo de concorrência de uma parceria público-privada que vai trazer água da bacia do rio Ribeira de Iguape, na divisa com o Paraná, para a capital paulista. O investimento chegará a 1,6 bilhão de reais. Um extenso estudo que está sendo conduzido pela secretaria paulista avalia outras nove opções de captação de água. Entre as alternativas em avaliação está trazer água da bacia do rio Paraíba do Sul, que fica na divisa com o Rio de Janeiro. Quando essa possibilidade foi ventilada pela primeira vez, em 2008, alarmou a população fluminense. Dessa bacia sai a água que abastece a casa de 12 milhões de moradores da cidade do Rio de Janeiro e sua região metropolitana. O temor é que não haja volume suficiente para abastecer duas das localidades mais densamente povoadas do Brasil. Até ago-
Marginal do rio Pinheiros, em São Paulo: com uma população de 20 milhões de habitantes, a capital paulista e sua região metropolitana correm sérios riscos de desabastecimento de água
ra, nada foi definido entre os governos de São Paulo e Rio de Janeiro. As disputas entre estados de um mesmo país costumam ser resolvidas em seus respectivos Congressos ou pelos Poderes Executivos. A situação pode ficar bem mais complicada quando envolve dois ou mais países. É por isso que a animosidade entre vizinhos que disputam a mesma água é acompanhada de perto pela Organização das Nações Unidas. “As implicações políticas que a falta de segurança hídrica pode despertar nos preocupam”, diz Zafar Adeel, diretor do Instituto para Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade das Nações Unidas. Um relatório recente patrocinado pelo Departamento de Estado americano alerta para o fato de que problemas relacionados à água têm potencial para ampliar a instabilidade em diversos países, do norte da África ao Oriente Médio. Essa é a realidade num cenário de escassez crescente. Parece filme de ficção, no estilo apocalíptico. Mas, infelizmente, trata-se de um perigo próximo e real.
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especial cidades
a sede das
metrópoles
Indianos rezam durante ritual no rio Yamuna, próximo ao Taj Mahal: 60% da população mundial estará concentrada nas áreas urbanas até 2025
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Como é Comum
MassiMo Borchi/corBis
A demanda por água nas grandes cidades do mundo vai crescer 40% em 15 anos. Matar a sede urbana exigirá tempo, vontade política e muito dinheiro / mariana segala
em países emergentes e pobres, na Índia parte dos burocratas vive no mundo do faz de conta. Pelos cálculos oficiais da companhia de saneamento de Nova Délhi, apenas 12% do suprimento de água da capital da Índia vem do subsolo. Na realidade, porém, estima-se que pelo menos metade de toda água consumida na cidade, de quase 17 milhões de habitantes, tenha origem nos lençóis subterrâneos, grande parte deles contaminada pelo esgoto. O rio Yamuna, o poluído afluente do Ganges que abastece a capital, costuma ter um bom fluxo de água somente durante os três meses de chuvas. No resto do tempo, impera a escassez. Nos meses mais secos, a disponibilidade de água num raio de 100 quilômetros da capital é de 26 litros por pessoa por dia (o recomendável são 100 litros por pessoa por dia, volume que equivale a menos de uma banheira cheia). Estima-se que o volume deva cair para menos de 5 litros até 2050. O que ocorre em Nova Délhi é um exemplo dos desafios do abastecimento de água nas maiores metrópoles mundiais. Em menos de 15 anos, a demanda por água nas grandes cidades deve aumentar 40%, segundo cálculos da consultoria americana McKinsey. Será necessário buscar, sabe-se lá onde, quase 80 bilhões de metros cúbicos a mais, o equivalente a 20 vezes o consumo atual da cidade de Nova York. Hoje, mais da metade dos habitantes do planeta já vive nas cidades. Esse número deverá aumentar para quase 60% da população mundial em 2025, com um agravante. Levando-se em conta o crescimento populacional nos centros urbanos mais a migração vinda do campo, as metrópoles receberão 1 bilhão de novos habitantes nos próximos 13 anos. Quase todas as cidades em que o consumo de água deve crescer acentuadamente ficam em países emergentes. “Não vamos solucionar esse problema sem gastar tempo, vontade política e muito dinheiro”, diz Rob McDonald, pesquisador da ONG americana The Nature Conservancy. Atualmente, pelas contas de pesquisadores da Universidade da Cidade de Nova York, quase 900 milhões de pessoas vivem em cidades onde falta água em algum momento do ano. Ou seja, durante pelo menos um mês do ano, a disponibilidade é inferior a 100 litros por pessoa por dia. Para parte dos ambientalistas, o crescimento das cidades, apesar dos problemas que gera, é
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especial cidades 100*
a escassez pelo mundo
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Cairo
Teerã Irã
egIto
paquIstão chIna Karachi Nova Délhi índIa
Calcutá
Mumbai
Cidade do México
2.0
26.1
brasIl
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Xangai
Seul coreIa do sul
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Shenzhen Manila
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São Paulo
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Além da baixa oferta de água, as metrópoles de países emergentes enfrentam problemas como qualidade e distribuição ruim
MéxIco
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FIlIpInas
IndonésIa Jacarta
6.5
Rio de Janeiro
argentIna Buenos Aires
28.6
100*
100*
* Mais de 100 litros por dia Disponibilidade de água nos meses mais secos, num raio de 100 quilômetros (litros por dia por habitante)
Qualidade da água Poluída Muito poluída
Distribuição de água Ruim Muito ruim Fonte: Rob McDonald (The Nature Conservancy)
a solução. Simplesmente porque é mais barato construir infraestrutura para áreas com grandes densidades. Essa é a teoria. Na prática, países emergentes e pobres não têm conseguido prover os serviços básicos nem em suas maiores cidades. Para piorar a situação, cerca de 80% da demanda futura deve vir da parte do globo onde hoje a qualidade e a distribuição da água transitam entre o ruim e o muito ruim. Na Cidade do México, por exemplo, a oferta de água nos dias mais secos é reduzida a 2 litros por habitante. Se nada for feito, essa situação de calamidade vai se espalhar. Estima-se que, até 2050, 3 bilhões de pessoas enfrentarão algum tipo de privação hídrica nas cidades. No Brasil, onde estão 12% da água doce mundial, menos da metade dos 5 565 municípios tem abastecimento considerado satisfatório. Para não arriscar ficar sem água nos próximos três anos, a outra metade precisa investir na ampliação dos sistemas de captação ou encontrar novos mananciais. “Há um descompasso entre o crescimento urbano, com a expansão das favelas e dos bairros de periferia, e a velocidade com que se constrói infraestrutura de
tratamento de água e saneamento”, afirma Glauco Kimura de Freitas, coordenador do programa de água doce da ONG WWF Brasil. Se a questão do abastecimento de água se resumisse à quantidade, já seria gravíssima. Mas somam-se as dificuldades relacionadas à qualidade. Na China, por exemplo, o Ministério dos Recursos Hídricos já admite que mais de 70% de toda a água da superfície do país — e 74% da subterrânea — está poluída. Ou seja, é preciso ser tratada para ser consumida. “É triste perceber que problemas de poluição semelhantes aos que assolam as cidades chinesas, onde há contaminação por mercúrio, já aconteceram em outros lugares antes e são extremamente conhecidos. Mesmo assim, não foram evitados”, diz Darrin Magee, diretor do Centro de Estudos Ambientais Asiáticos da faculdade Hobart and William Smith, de Nova York (veja entrevista na pág. 60). A inabilidade dos gestores públicos em lidar com a questão da água é generalizada, e a fatura para zerar o problema é alta. De acordo com a consultoria McKinsey, para prover água a toda a população urbana do mundo até 2025,
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RONALDO SCHEMIDT/Afp pHOTO
Protesto de agricultores na Cidade do México: sem água, a produção de alimentos e a renda caem
serão necessários investimentos de 480 bilhões de dólares em infraestrutura de tratamento e distribuição, o equivalente ao PIB da Noruega. Parece muito, mas o preço de não fornecer água de qualidade pode ser muito maior. No México e na Índia, o número de protestos provocados pela escassez tem aumentado. A crescente tensão ficou clara no último verão indiano, que bateu recorde de calor. O pico da demanda inflacionou os preços cobrados pela máfia do caminhão-pipa e elevou a pressão sobre os lençóis freáticos. Embora seja proibido, os proprietários de terra da região abrem poços em seus quintais para sugar água do subsolo e vendê-la ilegalmente. Cada 1 000 litros — o consumo de uma família de quatro pessoas durante cinco dias — custa o equivalente a até 40 reais, valor al-
Até 2050, cerca de 3 bilhões de pessoas deverão viver em cidades onde faltará água em algum momento do ano to para o padrão das famílias mais pobres nas grandes cidades. A cada nova onda de calor, os agricultores perfuram mais fundo, os donos dos caminhões-pipa cobram mais caro e a população urbana fica mais revoltada. O fenômeno ganhou as manchetes da mídia internacional neste ano. Se os investimentos necessários não forem feitos, a tendência é que esse se transforme no novo padrão. Infelizmente, não apenas na Índia.
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EspEcial Brasil
Terminal da Vale em Tubarão, no Espírito Santo: a empresa aposta em tecnologia que promete beneficiar o minério de ferro com consumo de água menor
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Essa conta
ainda vai
chEgar Empresas se antecipam à tendência de aumento dos preços da água e adotam práticas para reduzir o consumo / guilherme manechini
a cada segundo,
credito foto
100 000 litros de água movem as engrenagens da indústria brasileira. Ela esfria maquinários, movimenta equipamentos e faz parte da composição de uma infinidade de produtos. O consumo industrial de água se aproxima ao de todas as cidades brasileiras juntas — ambos só perdem para a agricultura, com quase 70% de todo o gasto hídrico do país. Hoje, boa parte da indústria brasileira busca água para suas atividades nos mananciais, que inclui desde a perfuração de um poço até a captação direta de rios. O uso desse recurso é, na maior parte das vezes, gratuito. Nas raras regiões onde é cobrada uma tarifa, os valores são baixos. Diante de uma situação como essa, a exploração eficiente dos recursos hídricos no Brasil ainda é uma exceção, uma preocupação de poucos. Há as companhias que enxergam na proteção dos recursos hídricos um potencial ganho de imagem perante acionistas e consumidores. Para o consultor ambiental Renato Tagnin, de São Paulo, a pressão é maior sobre as empresas que captam água em áreas de grande densidade populacional. Em comum, essas empresas estão adotando práticas à frente da legislação vigente. Hoje, os maiores investimentos das companhias estão direcionados para a utilização de água de esgoto tratada, a chamada água de reúso. Até o final do ano, deve ser inaugurado o projeto Aquapolo, que promete transformar a água que hoje é
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marcela beltrão
EspEcial Brasil
Fábrica da Unilever, em Valinhos, no interior de São Paulo: a subsidiária brasileira lidera o ranking de economia de água entre as filiais da multinacional
desprezada em recurso hídrico para o polo petroquímico do ABC, na região metropolitana de São Paulo. Serão reutilizados cerca de 13,5 bilhões de litros por ano, o equivalente ao consumo de uma cidade de 300 000 habitantes. O investimento total do projeto, realizado pela Sabesp e pela Foz do Brasil, empresa do grupo Odebrecht, é de 280 milhões de reais. A Braskem será a maior cliente do Aquapolo, com a compra de 65% de toda a água que será tratada. Iniciativa semelhante também será adotada pela Petrobras em suas operações no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, que deve ser inaugurado em 2015 no município de Itaboraí, no litoral fluminense. O abastecimento do polo petroquímico será feito
somente com água de esgoto tratada. Quando estiver em operação, será um dos maiores projetos de reutilização de água do mundo, com capacidade para fornecer 47,3 bilhões de litros por ano, ou o equivalente ao consumo de uma cidade de 750 000 habitantes. Na lista das maiores consumidoras de água, as mineradoras têm lugar de destaque — e a Vale não é exceção. A companhia consome 1,3 trilhão de litros por ano. Esse quadro tem feito a empresa buscar soluções para reduzir sua dependência do recurso. Atualmente, 70% do que é consumido é água de reúso, o equivalente a uma vez e meia o consumo anual da cidade do Rio de Janeiro. A utilização da água, segundo Fátima Chagas, gerente-geral de tec-
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nologias ambientais da Vale, ainda é fundamental para as diversas etapas da mineração. Uma delas é o beneficiamento do minério. Para o projeto batizado de S11D, que entrará em operação em 2016 e vai mais que dobrar a capacidade de produção de minério de ferro de Carajás, no Pará, a Vale vai adotar o beneficiamento por umidade natural. Isso significa que o consumo de água diminuirá 93% nessa etapa da mineração. De certa forma, Braskem, Petrobras e Vale estão abrindo caminho no Brasil para algo que deve se consolidar como uma tendência nos próximos anos. Em Israel, país com problemas de acesso a água, o reúso atinge 70% do total consumido — de longe, o maior índice do mundo. Em segundo lugar vem a Espanha, com 12%. No Brasil, por enquanto, não há nenhuma estimativa confiável desse percentual. na vanguarda
Parte das boas práticas adotadas no país é importada. Mapear os processos à exaustão é, há anos, a regra na subsidiária brasileira da Unilever, a segunda maior do grupo no mundo em faturamento e referência em sustentabilidade. “Começamos a implantar políticas de otimização do uso da água na década de 90, quando nem se falava de leis específicas
dução do consumo de água. “Na verdade, a maioria incentiva o uso desenfreado, subsidiando a água para atrair indústrias com consumo intensivo”, afirma. No Brasil, até recentemente não havia nem debate sobre o pagamento da água de mananciais. Apenas em 1997, quando foi atribuída aos comitês de bacias hidrográficas a responsabilidade de cuidar desse assunto, é que começou a discussão sobre o preço dessa água. Desde então, houve progresso, mas ele foi tímido. Hoje, das mais de 180 000 bacias hidrográficas do país, apenas 28 cobram pelo uso dos recursos — em geral, valores muito baixos. Em setembro, a bacia do Baixo Tietê, que compreende 42 municípios e uma população de 800 000 habitantes, iniciou a cobrança de tarifa. Nela, o preço para cada 1 000 litros é de 0,036 centavo. O valor é uma fração do que é cobrado pela Sabesp de seus clientes industriais. “Com a situação atual das tarifas, as empresas sempre vão optar pela água de mananciais para economizar”, diz o economista Gesner Oliveira, ex-presidente da Sabesp e professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. A gratuidade reinante na maior parte do país e o baixo preço nas regiões onde é tarifada são um convite ao desperdício. No Fórum EXAME de Sustentabilidade, rea-
A busca por eficiência no consumo de água ocorre por livre iniciativa das empresas, e não pela pressão do preço para o uso de mananciais no Brasil”, diz Juliana Nunes, diretora de comunicação corporativa e de sustentabilidade da Unilever no Brasil. Hoje, a meta da empresa é diminuir em 5% o consumo de água por ano em seus processos produtivos. Segundo ela, a subsidiária brasileira é líder em economia de água, apesar de o Brasil não enfrentar problemas constantes de escassez, como outros países onde a empresa atua. Nas filiais de China, Índia, Indonésia, México, África do Sul, Turquia e Estados Unidos, a redução do consumo é mandatória. Para a presidente do conselho da organização não governamental americana Food & Water Watch, Maude Berlow, poucos países contam com leis que incentivam a re-
lizado no dia 7 de novembro em São Paulo, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu mudanças na regulação para um reajuste no pagamento do uso da água. “A lei precisa ser repaginada e deve trazer novos patamares legais de regulação para que haja engajamento do setor privado”, afirmou Izabella. Por enquanto, a indústria brasileira goza de certo conforto em relação à disponibilidade de água, situação que deve mudar nas áreas mais populosas das regiões Sul e Sudeste nos próximos anos. Empresas que hoje desfrutam de fartos recursos hídricos de maneira ineficiente poderão ser surpreendidas pelo repentino aumento dos custos ou pela escassez do recurso.
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Funcionários da Sabesp com geofones, aparelhos que identificam vazamentos: a meta da empresa é reduzir o índice de perdas a 15% até 2020
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os caçadores de
buracos Os vazamentos em tubulações de água ainda fazem com que as concessionárias no Brasil tenham altos índices de desperdício — mas isso começa a mudar / maurício oliveira
nafotoao lado,
os funcionários da Sabesp, companhia de água e saneamento controlada pelo governo de São Paulo, estão munidos de geofones, espécie de estetoscópio capaz de identificar ruídos fora do padrão no subterrâneo. Até 2020, com a ajuda desses equipamentos, os 60 000 quilômetros de tubulações da empresa espalhados pelo estado serão meticulosamente inspecionados. O objetivo é detectar vazamentos de água. Por trás dessa e de outras ações, a Sabesp tem uma meta: chegar ao final desta década com um índice de perdas de 15%. Atualmente, ele é de 26%. Se bem-sucedida, a empresa, que controla a distribuição de água na capital paulista e em mais 362 municípios, atingirá um patamar considerado pelos especialistas apenas como “aceitável”. Em países como o Japão e a Alemanha, o índice de perdas das concessionárias, que grosso modo pode ser traduzido como água desperdiçada, está na faixa dos 5%. Se sob a ótica dos países ricos o desempenho da Sabesp é sofrível, na comparação interna a empresa vai muito bem. A média brasileira de perdas é de 37%. De acordo com a mais recente edição do ranking do Instituto Trata Brasil, entidade que promove a causa da universalização dos serviços de água tratada e rede de esgotos, apenas seis das 100 maiores cidades brasileiras registram menos de 15% de perdas. Na ponta oposta, 17 cidades apresentaram índices superiores a 60%. “De cada 10 litros de água captados, tratados e transportados pelas
companhias brasileiras de saneamento, quase 3 se perdem por causa de vazamentos e 1 é desviado por fraudes”, afirma Edison Carlos, presidente do Trata Brasil. Por várias décadas, o combate ao desperdício de água não esteve entre os principais objetivos das concessionárias de saneamento. Recentemente, o quadro começou a mudar, com a profissionalização da gestão das companhias estatais e também com a entrada da iniciativa privada nesse segmento. A motivação é, acima de tudo, financeira. Uma perda de 20% significa jogar no lixo 20% do capital que foi investido em dois processos que estão se tornando cada vez mais onerosos: a captação e o tratamento da água. As ligações clandestinas e as fraudes dos mais diversos tipos em favelas e bairros luxuosos — há um aparelho chamado “morsa”, que retarda o funcionamento dos hidrômetros — são preocupantes, mas a maior mobilização das concessionárias está mesmo no combate aos vazamentos, o que mais afeta seus resultados. Em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, a empresa privada Águas Guariroba conseguiu reduzir o índice de perdas de 56% para 22% desde que assumiu a concessão, em 2006. Os investimentos específicos para esse objetivo têm sido de cerca de 12 milhões de reais por ano. Em seis anos, a Águas Guariroba conquistou 66 000 novos clientes e acrescentou quase 40 milhões de reais à sua receita anual. Dois dos pilares da estratégia da Águas Guariroba são o planejamento e a gestão. A cidade foi dividida em áreas
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Sue Cunningham PhotograPhiC/alamy
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nas quais o abastecimento é avaliado de forma independente. Para isso, foram necessárias uma série de ajustes na rede e obras, como a instalação de válvulas em pontos estratégicos. “Passamos a ter um controle detalhado do volume de água que disponibilizamos para cada área e o que foi efetivamente faturado ali. A análise ficou bem mais fácil dessa forma”, diz João Fonseca, presidente da concessionária. Nos últimos três anos, a Sabesp realizou investimentos pontuais num programa de combate às perdas que fez o índice cair de 30% para 26%. Com a obtenção recente de um financiamento de 1,5 bilhão de reais da Japan International Cooperation Agency, maior agência de fomento do Japão, o programa passou a ter outra envergadura, e a meta de conquistar um índice inferior a 20% até 2020 se tornou mais factível. “Concluímos que os investimentos se pagarão e darão um retorno adicional de 20% ao longo do período de execução do projeto, além de gerar benefícios que durarão por décadas”, afirma Eric Carozzi, superintendente de desenvolvimento operacional da Sabesp. O projeto inclui a transferência de tecnologia japonesa, com o intercâmbio
Favela no Rio de Janeiro: as ligações clandestinas estão entre os maiores problemas enfrentados pelas concessionárias de saneamento no Brasil
de profissionais entre os dois países, e uma série de obras de infraestrutura, especialmente a substituição de redes antigas e deterioradas, feitas de ferro ou fibrocimento, por materiais mais modernos. Um dos mais usados hoje é o polietileno, que tem a propriedade de cobrir longas extensões — de até 100 metros — sem a necessidade de juntas, os pontos mais vulneráveis. A previsão da Sabesp é substituir 674 quilômetros de redes de água até 2016, além de 875 000 ramais prediais e 1,6 milhão de hidrômetros. A despeito da ajuda dada pelo Japão, o desafio da Sabesp não deve ser subestimado. Nos últimos três anos, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) também investiu em tecnologia e equipamentos, como os geofones. Assim, seu índice de perdas caiu de 38% para 27%. “Essa primeira camada de gordura é fácil de tirar quando se começa a fazer um trabalho sério e planejado”, diz o gerente de controle de perdas, Celso Braga Pinto. “Depois disso, porém, cada ponto percentual se transforma em uma grande vitória.” Ainda que demore a tapar todos os buracos, o setor, finalmente, dá sinais de que está começando a virar a página do desperdício.
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Kevin Colton
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Darrin Magee, do Hobart and William Smith Colleges: “Falta vontade política para resolver o problema”
mais da metade
da água é
poluída... ...na China. Para o geógrafo americano Darrin Magee, maior especialista sobre o tema, o Partido Comunista trata com descaso a grave questão dos recursos hídricos do país / Mariana Segala
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há 15 anos, o geógrafo
americano Darrin Magee viaja regularmente à China para estudar um dos temas mais desafiadores da atualidade para o país mais populoso do mundo: a água. Diretor da Iniciativa de Estudos Ambientais Asiáticos do Hobart and William Smith Colleges, instituição de ensino superior independente fundada há quase 200 anos no estado de Nova York, Magee é considerado a maior autoridade mundial quando o assunto é a água na China. Observar friamente as estatísticas, ele alerta, pode deixar a impressão de que a situação não é tão grave quanto se apregoa — afinal, há quase tanta água para cada chinês quanto para cada inglês ou espanhol, segundo dados da Organização das Nações Unidas. A questão, no entanto, está na qualidade do recurso. Aliado à produção diária de esgoto doméstico por mais de 1 bilhão de habitantes, o rápido processo de industrialização da China a partir da década de 90 ajudou a contaminar com metais pesados a água subterrânea que acaba nas torneiras das casas chinesas. “Certos compostos sintéticos usados na produção de equipamentos de alta tecnologia são proibidos em países como os Estados Unidos e a Coreia, mas não na China”, afirma Magee. “Como nenhum sistema de tratamento hídrico urbano do mundo é capaz de lidar com esses químicos, eles permanecem na água chinesa, causando sérios prejuízos à saúde.” Em entrevista a EXAME, Magee detalhou os problemas que a China terá de enfrentar.
blema com o volume de esgoto nos rios. Agregase a isso o desenvolvimento industrial da China, sobretudo depois dos anos 90, e a situação fica ainda pior. Essa industrialização ocorreu principalmente nas áreas urbanas, onde morava a maioria dos trabalhadores com qualificação. Foi assim na província de Guandong — onde fica o centro da produção manufatureira chinesa. O resultado de tudo isso é a poluição dos lençóis freáticos das áreas urbanas. Como é possível reverter essa situação?
EXAME A China é apontada como um lugar com grandes restrições hídricas. Mas a disponibilidade de água no país é parecida com a do Reino Unido ou da Espanha. Qual é o problema com a água na China? DArrIN MAGEE Quando falamos sobre a
China, parece que tratamos de vários países diferentes. Na média, a disponibilidade anual de água per capita é abundante. Mas o problema está na desigualdade geográfica. No sudeste da China, com as chuvas de verão, não há falta de água, e sim excesso. Já no extremo noroeste, nota-se uma escassez muito grande. Em um país com quase 1,3 bilhão de pessoas, se 10% da população está sujeita a elevados níveis de incerteza hídrica, isso representa 130 milhões de pessoas, o equivalente a quase metade da população dos Estados Unidos. Mas o problema maior nem é esse. A grande questão é a qualidade dessa água. Por quê?
Cerca de 70% da água superficial do país está poluída. É um percentual estarrecedor. Como o país chegou a essa situação?
Basicamente, trata-se da poluição urbana, do dia a dia das cidades. Vamos lembrar que mais de 400 milhões de habitantes vivem em áreas urbanas, nas quais o tratamento de esgoto não é bom. Sempre que isso ocorre, temos um pro-
As pessoas gostam de dizer que, tendo dinheiro suficiente, é possível fazer qualquer coisa. Não é bem assim. Existe uma nova base química utilizada na produção de equipamentos de alta tecnologia que é muito resistente. São os produtos orgânicos sintéticos, compostos reconhecidamente cancerígenos, que não se decompõem facilmente. Nos Estados Unidos, na Coreia do Sul e em vários países asiáticos, eles são ilegais. Na China, infelizmente, não. Nenhum sistema de tratamento hídrico urbano no mundo é capaz de eliminar totalmente esses produtos. Eles permanecem na água, causando sérios prejuízos à saúde das pessoas. A agricultura utiliza muita água, e é uma atividade importante para a China. Qual é o peso da produção agrícola na restrição ao acesso à água no país?
O uso agrícola da água é o mais fácil de resolver. Dá para adotar técnicas de irrigação mais eficientes. Podemos cultivar plantas mais apropriadas ao clima local e que não exijam irrigação. Esse mesmo problema existe nos Estados Unidos. Nos estados de Colorado, Arizona e Nevada, há áreas em que não deveria existir agricultura, mas elas são irrigadas. Há também o problema do uso de pesticidas. Embora a China também tenha irrigação e pesticidas, o mais preocupante lá é mesmo a contaminação industrial das fontes hídricas e dos rios.
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EspEcial china Quais são os melhores exemplos de projetos que estão tentando solucionar a questão?
Embora não seja um entusiasta da ideia, acredito que o projeto de transposição de água do sul para o norte da China — que deve custar aproximadamente 60 bilhões de dólares — levará muitos bilhões de metros cúbicos de água para regiões com grande escassez, resultando em certo alívio. Mas não dá para transportar água do sul da China, cruzando o centro do país, e esperar que ela chegue limpa ao norte. Ela vai passar por rios que cruzam as áreas mais populosas e industrializadas do país. Ou seja, a China é como uma embarcação no meio do oceano: há água por todos os lados, mas nada é apropriado para beber. Qual tem sido o papel do Partido Comunista na solução dessa questão? Há vontade política para enfrentar o problema?
O governo central chinês está muito preocupado com as mudanças climáticas e como elas afetam o platô do Tibete. Vários rios da China, o Amarelo, o Yang-tsé e o Mekong superior, dependem diretamente do derretimento da neve no platô do Tibete. Isso sem falar nos rios menores. A preocupação existe.
cimento dos riscos para a saúde pública, mas nada é feito. Tudo isso é uma lástima. Cerca da metade do PIB chinês é produzida em 11 províncias que já sofrem com a falta de água. De que forma a escassez pode ser um obstáculo ao crescimento chinês?
Para um país que opera no limite da oferta de energia e de água, a disponibilidade de água de qualidade é muito preocupante. Mas tenho ouvido que as fábricas chinesas vão ser transferidas para as áreas com mais abundância de água. A industrialização chinesa ocorreu na costa, mas, à medida que o transporte melhora e a força de trabalho decide que não vai mudar para arranjar um emprego, o desenvolvimento muda de direção. Vai para o interior. Por isso, não devemos ver um grande impacto no crescimento econômico num futuro próximo. A pergunta que fica é se o governo chinês tomará providências para evitar no interior o que aconteceu na costa do país.
a china é como uma embarcação no meio do oceano: há água por todos os lados, mas nada é apropriado para beber
Essa preocupação se traduz em políticas para resolver os problemas ligados à água?
Não. O tratamento de água não está sendo realizado seriamente no país. O uso dos recursos hídricos também não é eficiente. O monitoramento do despejo de água industrial, por exemplo, não é feito de maneira correta. Existe muita corrupção envolvida entre agentes públicos e empresas privadas e públicas. Quando uma fábrica vai ser inspecionada, ela costuma ser avisada na véspera. Os gerentes, então, desligam o processo mais poluente um dia antes e a avaliação mostra que está tudo bem. Isso acontece porque o governo chinês está mais preocupado com a estabilidade social, o nível de emprego e o crescimento do PIB. Um exemplo: 60% do arroz plantado no sul da China, que é cultivado em áreas alagadas, está contaminado por cádmio, um metal tóxico para os ossos. Todo mundo tem conhe-
O senhor está otimista em relação à capacidade de reação da China?
Diria que eu sou otimista e pessimista ao mesmo tempo. Estou otimista em relação à capacidade intelectual e financeira da China. Existem conhecimento e dinheiro para resolver muitos dos problemas graves do país, mais especificamente as questões da qualidade e da escassez de água. Porém, sou muito pessimista em relação à vontade política do governo chinês de levar a sério esses assuntos. De imediato, seria necessário um aumento maciço no orçamento e no poder de atuação do Ministério de Proteção Ambiental. Sem essas medidas, não dá para monitorar a indústria e punir os poluidores. É preciso mudar o sistema de incentivos dos funcionários dos governos locais para que eles passem a dar prioridade às questões ambientais. Também estou muito preocupado com os problemas relacionados à contaminação que já ocorreram, como envenenamento por chumbo, cádmio e mercúrio, e que continuam arruinando a vida de milhões de chineses. A situação é grave, exige urgência, mas as ações não têm sido tomadas na velocidade adequada.
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Seu computador velho vale dinheiro O mercado de reciclagem de lixo eletrônico, ainda incipiente no Brasil, pode movimentar 300 milhões de reais por ano / AndreA ViAlli
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Por quase três décadas,
milhares de equipamentos obsoletos, como computadores, aparelhos de fax e impressoras matriciais, ocuparam um depósito de quase 300 metros quadrados nas dependências da usina hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Nesse período, 63 toneladas de sucata tecnológica se acumularam — e a pers pectiva era de alta. O descarte, porém, tinha de ser planejado. Havia a preocu pação de evitar que os equipamentos velhos fossem parar nas mãos de sucatei ros, que certamente jogariam fora parte do material. “Guardamos tudo durante todos esses anos porque até então não havia uma forma de darmos um destino correto a essa parafernália”, diz Fabrício Rocha, gestor de logística reversa da Itaipu Binacional. A solução encontrada pela usina foi fazer um leilão eletrôni co. Em setembro, o material, avaliado inicialmente em 50 400 reais, recebeu 150 lances de quatro empresas, mas foi vendido por 9 400 reais. O menor preço não foi um proble ma — o importante era que o vence ponsável pelo descarte final dos equi dor do leilão provasse ter a tecnologia pamentos antigos”, afirma Rocha. para realizar a chamada manufatura A correta destinação de resíduos reversa, que inclui o desmonte dos eletrônicos se transformou num dos equipamentos ao final de sua vida útil maiores desafios ambientais do mun e a destinação ambientalmente corre do. Todos os anos, são produzidos ta de todos os seus componentes e ma aproximadamente 50 milhões de to teriais. “A partir de agora, quando pre neladas — 10% desse total nos Estados cisarmos renovar os computadores, o Unidos e na China. De acordo com a fornecedor das máquinas ficará res Organização das Nações Unidas, o
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Linha de desmontagem da Oxil, em São Paulo: os principais clientes da empresa são os fabricantes de computadores
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gestão reciclagem
Aparelhos eletrônicos em aterro de Acra, em Gana: o lixo tecnológico cresce três vezes mais que o tradicional
lixo tecnológico cresce três vezes mais do que o tradicional, e o problema é cada vez mais grave nos países em desenvolvimento. No Brasil, estima-se que sejam descartadas quase 400 000 toneladas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos por ano — o que equivale a quase 2 quilos por habitante. Somente uma pequena parcela, cerca de 2%, é reciclada de maneira correta. A baixa destinação está ligada à falta de capacidade instalada para lidar com esse tipo de resíduo. Menos de dez empresas no país possuem tecnologia para realizar a manufatura reversa. Para os
próximos anos, a expectativa é que esse quadro mude. Um dos motivadores é a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Sancionada em 2010, a nova regulamentação prevê que uma série de resíduos especiais — como eletroeletrônicos obsoletos, pneus, lâmpadas, medicamentos, pilhas e baterias — seja objeto de gestão compartilhada entre indústrias, varejo e consumidor final. “Desde a entrada em vigor da lei, começaram a ser elaborados os acordos setoriais para a gestão desses resíduos, envolvendo todos os elos da cadeia”, afirma Carlos Roberto Vieira da Silva Filho, di-
retor executivo da Abrelpe, entidade que reúne as empresas de limpeza pública e resíduos especiais. Por causa dessas negociações, a expectativa dos empresários do setor é que até 2014 o mercado de reciclagem eletrônica decole de vez. Se isso realmente acontecer, vai haver um grande incentivo para incrementar a capacidade de reciclagem. “O parque instalado hoje no país para realizar a manufatura reversa dá conta de apenas 20% do estoque acumulado de lixo tecnológico”, afirma Lucas Veloso, gerente-geral de manufatura reversa da Oxil, empresa de reciclagem
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uma fortuna no lixo
A evolução tecnológica gera cada vez mais a chamada sucata eletrônica. Mas os equipamentos obsoletos ainda têm valor no mercado de reciclagem
370 000 tonEladas
é a estimativa de quanto o Brasil produz por ano de lixo tecnológico
300 mIlhõEs dE rEaIs
(1)
é o valor que a sucata eletrônica poderia render por ano
ONDE O LIXO TEcNOLóGIcO ESTá cONcENTrADO...
...E O qUE O cONSUMIDOr fAz cOM ELE
(distribuição por regiões do país, em %)
(destinação do lixo eletrônico em %)
Joga no lixo
Norte, Nordeste e Centro-Oeste
Outros destinos
Andrew Mcconnell/pAnos
33
10
Sul e Sudeste
7
Guarda
35
Vende
Doa
67 19
29
1. Estimativa com base no valor médio, de 0,80 centavos de real, pago pelo quilo de sucata no mercado Fontes: Abinee e ONU
Estima-se que apenas 2% do lixo eletrônico do Brasil seja reciclado adequadamente. Isso porque há menos de dez empresas capazes de fazer a manufatura reversa no país com sede em Paulínia, no interior de São Paulo. Hoje, a Oxil tem tecnologia para tratar qualquer tipo de equipamento eletroeletrônico, de celulares a geladeiras. Seus principais clientes são os fabricantes de computadores, como Dell, Lenovo e Apple, que aplicam no Brasil as políticas de descarte de equipamentos exigidas pelas matrizes. “Nossa operação é
lucrativa, mas dependemos da consciência ambiental das multinacionais e de nosso esforço para obter matéria-prima”, afirma Veloso. A logística acabou se tornando um dos maiores entraves para as empresas do setor. Enquanto as unidades de processamento de resíduos estão concentradas nas principais regiões metropolitanas, a matéria-prima en-
contra-se espalhada por todo o país. “Para o negócio ser viável, é necessário reduzir os custos com logística, descentralizando as operações”, afirma Roberto Lopes, superintendente da Essencis Soluções Ambientais, empresa de manufatura reversa de São Paulo. Ele calcula que 50% do custo operacional da empresa seja gerado pelo transporte das matérias-
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gestão reciclagem primas. Em junho, a empresa inau gurou sua maior unidade dedicada ao desmonte de aparelhos no país, em Caieiras, na região metropolitana de São Paulo, com capacidade men sal para processar 1 000 toneladas. Atualmente, a maior parte dos equi pamentos processados pela Essencis são refrigeradores antigos. Eles vêm dos programas de eficiência ener gética das concessionárias de ener gia, que promovem a troca das gela deiras velhas da população de baixa renda por modelos novos. Parte do desafio logístico também inclui acessar os equipamentos que estão estocados em milhões de resi dências no país. De acordo com um estudo da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, 35%
Roberto Lopes, da Essencis: a logística envolvida na reciclagem eletrônica representa 50% do custo da empresa
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enquanto as processadoras de resíduos estão em regiões metropolitanas, a matéria-prima está espalhada por todo o país da sucata tecnológica é guardada pe los consumidores — uma boa notícia do ponto de vista ambiental, mas um desestímulo aos investimentos na ca deia de manufatura reversa. Algumas empresas têm batido de porta em por ta em busca de TVs, computadores e celulares ultrapassados. A mineira EMile roda a região metropolitana de Belo Horizonte à procura de equi pamentos velhos. Metais nobres con tidos em placas e circuitos eletrôni cos, como ouro e prata, são reciclados no exterior. “O Brasil ainda está enga tinhando nesse mercado”, diz Fer nanda Marciliano, diretora da EMile. Independentemente de onde seja fei ta a reciclagem, o importante é dimi nuir a pilha de lixo tecnológico.
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empresas empreendedorismo
parte
Tão verdes quanto as grandes
da estratégia de negócios de um número crescente de corporações, a sustentabilidade é um tema que, aos poucos, começa a fazer parte do dia a dia também das pequenas e médias empresas. Uma pesquisa realizada neste ano pelo Sebrae revela que, de uma amostra de 3 900 companhias, 70% fazem coleta seletiva de lixo, 72% controlam o consumo de papel, 81% evitam o desperdício de água e 82% adotam medidas para economizar energia. Na maioria dos casos, essas ações são adotadas de forma pontual, desvinculadas de um plano de negócios, mas, aos poucos, aumentam os casos de empresários que tratam a sustentabilidade como fator de diferenciação e competitividade. Segundo a pesquisa do Sebrae, 46% dos entrevistados identificam “oportunidades de ganhos” com as práticas sustentáveis. Sem a estrutura de uma grande corporação — com seus profissionais especializados em sustentabilidade —, as pequenas e médias empresas se viram como podem. Muitas vezes, a iniciativa depende da inspiração e da liderança do próprio dono do negócio. Isso não deixa de ser uma vantagem, já que o sucesso da implantação de uma política de sustentabilidade decorre, muitas vezes, do engajamento da cúpula da organização. Numa empresa menor, esse processo é mais fácil. Os exemplos mais bem-sucedidos de pequenas e médias empresas sustentáveis são da-
A maioria das pequenas e médias empresas desenvolve ações sustentáveis de forma pontual. Mas os bons exemplos mostram que, seja qual for o tamanho da companhia, é possível incorporar a sustentabilidade na estratégia de negócios / katia simões
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entulho
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Todos os dias, somente na cidade de São Paulo, são geradas 18 000 toneladas de entulho nas obras de construção civil. De olho nesse material, o empresário Gilberto Meirelles (foto) criou em 2009 a Estação Resgate, empresa especializada em reciclar entulho para produzir areia e pedra que são aproveitadas em obras. O negócio está dando tão certo que Meirelles já abriu quatro filiais em outras cidades. Entre seus principais clientes estão as construtoras Camargo Corrêa, Odebrecht e Racional.
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empresas EMPREENDEDORISMO
garrafas A vinícola Famiglia Zanlorenzi, de Campo Largo, no Paraná, reformulou em 2011 suas garrafas de suco para dar-lhes características sustentáveis. Em parceria com a fabricante de vidros Owens-Illinois, criou uma garrafa 7% mais leve do que as convencionais, o que significa menos gastos no transporte. “Adotamos práticas sustentáveis não só pelos ganhos econômicos, mas, principalmente, para ajudar a preservar a natureza”, diz Giorgio Zanlorenzi (foto), presidente da empresa.
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quelas comandadas por empreendedores engajados nas questões ambientais e capazes de mobilizar os funcionários em torno de suas ideias. É esse o perfil do empresário Gilberto Meirelles, de 45 anos, dono da Estação Resgate, empresa de São Paulo que recicla o entulho da construção civil e o transforma em matéria-prima que é utilizada novamente nas obras. Antes de criar esse negócio, em 2009, Meirelles, que é formado em administração, trabalhou durante três anos na Amazônia, numa entidade cujo objetivo é preservar a biodiversidade da região. De volta a São Paulo, onde nasceu, Meirelles percebeu que não conseguiria trabalhar de outra forma. “Só poderia ser em algo que tivesse a sustentabilidade na essência do negócio”, afirma. Surgiu, assim, a Estação Resgate. A empresa recebe das obras caçambas de entulho que normalmente seria despejado nos aterros sanitários. O material é separado e peneirado e retorna ao mercado em forma de areia, pedra e pedriscos, usados na fabricação de blocos e em pavimentação. “Com esse processo, conseguimos reaproveitar 80% do entulho”, diz Meirelles.
no interior de São Paulo, foi fundada na década de 70. Em 2005, passou a usar como matéria-prima resíduos de vidro de lâmpadas fluorescentes — material que, até poucos anos atrás, era raramente reaproveitado. “Em nossas viagens ao exterior, percebemos que essa era uma nova tendência”, diz José Lepri Neto, de 60 anos, fundador da empresa. Hoje, 99% dos revestimentos e pisos da Lepri são ecologicamente corretos. No mundo das pequenas e médias empresas, é comum que boas ideias fiquem adormecidas na gaveta pela dificuldade de colocá-las em prática. No caso da Tecverde, de Curitiba, primeira empresa no país dedicada exclusivamente à construção de casas “verdes”, o maior desafio era convencer os bancos a financiar suas casas, feitas com estruturas de madeira de pinus oriundo de florestas plantadas e certificadas. Por um golpe do acaso, o engenheiro civil Caio Bonatto, de 26 anos, um dos sócios da Tecverde, sentou ao lado do superintendente de negócios do banco Santander em um evento. “Expliquei a ele que nossas casas são tão seguras e duráveis quanto as demais constru-
Marcelo alMeida
Segundo uma pesquisa do Sebrae, 79% dos entrevistados acreditam que as ações relacionadas ao meio ambiente ajudam a melhorar a imagem da empresa no mercado A Estação Resgate já nasceu “verde”, mas a maioria das empresas começa a adotar práticas sustentáveis aos poucos, seja porque percebe a importância dessas ações para o futuro dos negócios, seja porque “pega bem” — na pesquisa do Sebrae, 79% das empresas disseram acreditar que as ações relacionadas ao meio ambiente ajudam a melhorar sua imagem no mercado. Seja qual for o motivo, a decisão de incorporar a sustentabilidade ao negócio pode representar uma guinada na empresa. A Lepri, de Tambaú,
ções”, diz Bonatto. “O banco comprou nossa ideia e, trabalhando juntos, conseguimos alterar a regulamentação nacional de financiamento de casas que usam madeira em suas estruturas.” A mudança permitiu à Tecverde entrar no mercado imobiliário nas mesmas condições de outras incorporadoras. Suas casas podem ser financiadas em até 30 anos, tempo máximo permitido atualmente pela legislação. Para quem não tem a mesma sorte da Tecverde, uma saída para viabilizar uma ideia sustentável pode ser buscar
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empresas EMPREENDEDORISMO
vidros
o apoio de parceiros. Foi o que fez o empresário Giorgio Zanlorenzi, de 38 anos, presidente da vinícola Famiglia Zanlorenzi, de Campo Largo, também no Paraná. Em razão do pequeno número de fabricantes, o mercado de suco de uva no Brasil usa garrafas padronizadas — não há mais do que três modelos no mercado. Mas Zanlorenzi tinha uma obsessão: criar uma garrafa que causasse menos impacto ao meio ambiente. O empresário fez a sugestão à americana Owens-Illinois, maior fabricante de embalagens de vidro do mundo, que aceitou o desafio. “Eles criaram uma garrafa mais ergonômica, que usa 7% menos matéria-prima e é 7% mais leve do que as convencionais”, diz Zanlorenzi. “Essa pequena redução no peso permitiu acomodar 60 caixas a mais em uma carreta, au-
Germano lüders
Se jogado no lixo, o vidro da lâmpada fluorescente demora mais de 200 anos para ser absorvido pela natureza. A empresa Lepri, de Tambaú, no interior paulista, decidiu usar esse material na fabricação de pisos e revestimentos. “Fomos pioneiros na produção de cerâmicas ecológicas no país com o reaproveitamento de vidro reciclado de lâmpadas fluorescentes”, diz José Lepri Neto (foto), dono da empresa. “Para nós, isso é um fator de diferenciação no mercado.”
Com uma estrutura enxuta e pouca mão de obra especializada em sustentabilidade, buscar parcerias com outras empresas pode ser uma saída mentando a produtividade no transporte e reduzindo a emissão de CO2.” Ter uma pequena ou média empresa e ser sustentável no Brasil ainda custa caro. “Na maioria das vezes, os funcionários não têm familiaridade com o tema. A estrutura é enxuta e falta mão de obra especializada”, diz Ismael Rocha, coordenador da ESPM Social, entidade ligada à Escola Superior de Propaganda e Marketing que desenvolve projetos de sustentabilidade. Outro
ponto crítico é que muitas pequenas e médias empresas atuam como fornecedoras de grandes empresas que exigem conduta responsável, mas não oferecem ferramentas ou incentivos para a adoção de práticas sustentáveis. “Na prática, não há parceria real dentro da cadeia”, diz Rocha. Apesar dos desafios, os casos de Estação Resgate, Lepri, Tecverde e Famiglia Zanlorenzi mostram que a sustentabilidade é muito mais que uma simples questão de imagem.
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EMPRESAS CARREIRA
ricardo rolim,
AMBEV
Em 20 anos de carreira na fabricante de bebidas Ambev, o administrador de empresas Ricardo Rolim passou por diversos departamentos, como finanças, logística e vendas. A experiência em várias áreas ajudou o executivo a ter uma visão abrangente dos negócios e o preparou para assumir em 2011 a diretoria de relações socioambientais da empresa
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Eles não abraçam
arvores ´ Os especialistas em sustentabilidade nunca tiveram tanto prestígio nas empresas como agora. Sem abrir mão do idealismo em questões ambientais, eles ajudam a fortalecer os negócios / ANDREA VIALLI
GERMANO LÜDERS
em meados
dos anos 90, o paulista Fernando Von Zuben recebeu uma missão na subsidiária brasileira da indústria sueca de embalagens Tetra Pak. Recém-contratado como diretor de meio ambiente, ele foi encarregado de desenvolver tecnologias que possibilitassem à empresa aumentar a reciclagem de suas embalagens longa vida. A missão começou como um trabalho solitário. “Era uma diretoria de uma pessoa só”, diz Von Zuben, engenheiro químico formado pela Unicamp. “Mas ganhei cartabranca para atuar, desde que seguisse as diretrizes da matriz.” No trabalho com os fornecedores da Tetra Pak, ele buscou identificar oportunidades de aumentar o índice de reciclagem das
embalagens e fomentar o mercado de produtos feitos com esse material. O resultado foi além do esperado. Mas foi com a criação de uma tecnologia que permite separar o alumínio, o papel e o plástico das embalagens — algo inédito no mundo — que Von Zuben e a unidade brasileira ganharam reconhecimento internacional. O método foi exportado para fábricas da empresa na Espanha e na China e permitiu à Tetra Pak reduzir drasticamente os danos de seu negócio à natureza. Hoje Von Zuben comanda uma equipe de 12 profissionais e orgulha-se de já ter ajudado a formar mais de 30 engenheiros na área de sustentabilidade. A experiência de Von Zuben exemplifica o que é valorizado hoje nos pro-
fissionais de sustentabilidade: executivos que entregam resultados, algo longe do estereótipo de abraçadores de árvores. “O que o mercado busca são profissionais que conheçam a empresa e ajudem a dar respostas aos desafios ambientais do nosso tempo”, diz Martin Bernard, consultor que acaba de criar a P4BW, empresa paulistana de recrutamento de executivos especializada em sustentabilidade. “Uma dose de idealismo pode ser bem-vinda, mas não é o elemento principal.” Para as empresas, o problema é que não existem muitos especialistas com o perfil desejado. “A demanda está muito aquecida, e as empresas se queixam de que falta gente qualificada e experiente”, diz Marcus Nakagawa, presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, que reúne especialistas que atuam em empresas, ONGs e no setor público. “O cargo de gestor de sustentabilidade, que há dez anos mal existia, hoje está em alta.” Uma pesquisa recente da consultoria Deloitte analisou a estrutura de susten-
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EMPRESAS CARREIRA tabilidade de 23 grandes companhias que atuam no país. O levantamento revelou que, nessas empresas, existem, em média, nove pessoas trabalhando com o tema. O estudo também apontou que o salário pode atingir 25 000 reais mensais, além dos benefícios e da remuneração variável por cumprimento de metas. A valorização do profissional de sustentabilidade reflete a grande transformação pela qual o tema vem passando nos últimos anos. Há pouco mais de uma década, o que a maioria das companhias tinha era um funcionário que gerenciava as doações a ONGs ou instituições de caridade. Ainda hoje, muitas vezes o departamento de sustentabilidade das empresas é responsável por conduzir as dezenas de relacionamentos e parcerias com entidades do terceiro setor. A
lhar temas como relação com fornecedores, ecoeficiência, microcrédito e análise de risco socioambiental — algo que se tornou um diferencial do Real e foi copiado pela concorrência anos depois. Veio então a compra do banco pelo Santander, em 2007, e o receio de que o grupo espanhol não incorporasse as práticas sustentáveis do Real. Após um período de adaptação, a diretoria executiva evoluiu: passou a ser chamada de desenvolvimento sustentável, hoje emprega 23 pessoas e está cada vez mais direcionada à promoção de práticas de educação voltadas para a sustentabilidade. A exemplo de Malu, os profissionais que estão assumindo o papel de liderar o tema da sustentabilidade nas empresas têm formação bem diversificada — de psicólogos a engenheiros, de advogados a administradores. Para
gestão da filantropia, porém, ainda que necessária em um país como o Brasil, representa apenas uma parte ínfima de um trabalho que passou a ter um escopo bem mais ambicioso. PAPEL MAIS ESTRATÉGICO
Um bom exemplo das novas responsabilidades é o da psicóloga Maria Luiza Pinto, conhecida como Malu. Em 2001, quando morava na Holanda e atuava na área de recursos humanos do banco ABN Amro, ela foi convidada a voltar para o Brasil e a elaborar a estratégia de responsabilidade corporativa do Banco Real, hoje Santander. “Na Holanda, achavam que eu estava voltando para o Brasil para fazer filantropia, pois essa área era um campo desconhecido até então”, diz Malu. De volta ao país, aos poucos ela foi descobrindo as oportunidades de traba-
aprimorar suas competências, muitos buscam especializações dentro e fora do país. Foi o que fez a gaúcha Gabriela Werner, gerente global de sustentabilidade da Embraco, multinacional brasileira da área de compressores. Depois de se formar em direito em 2004, Gabriela trabalhou em uma ONG, morou na Austrália — onde atuou em uma consultoria de marketing — e, de volta ao Brasil, foi trabalhar na diretoria de responsabilidade social do Banco Real. Lá desenvolveu uma de suas principais competências: a capacidade de engajar pessoas. Não demorou a surgir o convite para trabalhar na Embraco. A empresa, que vende para 80 países e tem fábricas na China, no México, nos Estados Unidos, na Eslováquia e na Itália, procurava um profissional que difundisse a ideia da sustentabilidade em to-
Raphael GuntheR
O salário do profissional que atua na área de sustentabilidade nas grandes empresas pode atingir 25 000 reais por mês, fora os bônus e os benefícios
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Gabriela Werner,
EMBRACO
Após se formar em direito, a gaúcha Gabriela Werner trabalhou em uma ONG e depois foi morar na Austrália, onde atuou em uma consultoria de marketing. De volta ao Brasil, trabalhou na diretoria de responsabilidade social do Banco Real. Dali, foi convidada a assumir o cargo de gerente global de sustentabilidade da fabricante de compressores Embraco em 2009
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EMPRESAS CARREIRA
Fernando Von Zuben,
TeTra pak
Engenheiro químico formado pela Unicamp, o paulista Fernando Von Zuben se especializou em tratamento de efluentes. Trabalhou nessa área em empresas como Monsanto, Shell e Nestlé, onde tomou contato com outras ferramentas de sustentabilidade. Em 1995, assumiu a diretoria de meio ambiente da fabricante de embalagens Tetra Pak
Para não ficar somente no discurso, o gestor de sustentabilidade deve sistematizar os processos, traçar metas e avaliar os indicadores carreira de 20 anos na fabricante de bebidas, Rolim já passou por vários departamentos: começou na área financeira, depois cuidou de logística, distribuição e vendas. O convite para cuidar de sustentabilidade veio em 2011. Com formação em administração e mestrado em estratégia, Rolim aprende no dia a dia a lidar com a parte mais técnica de seu cargo — por exemplo, gestão de recursos hídricos, indicadores ambientais, resíduos e reciclagem. “É um campo totalmente novo”, diz o executivo. Em sua gestão,
a Ambev conseguiu reduzir de forma significativa indicadores como o consumo de água. Em algumas fábricas, cada litro de bebida utiliza 3,52 litros de água, o que deixa a empresa próxima de sua meta global, que é consumir 3,50 litros de água para cada litro de bebida. “O caminho para fazer uma boa gestão socioambiental é sistematizar processos, metas, diagnósticos”, diz Rolim. “Sustentabilidade precisa ter indicadores, senão fica apenas no discurso.” E blá-blá-blá, no longo prazo, não é nada sustentável.
FABIANO ACCORSI
das as unidades. Hoje, Gabriela comanda uma equipe de 13 pessoas e é responsável por incluir a questão da sustentabilidade no desenvolvimento de produtos — a estratégia é incentivar a inovação e a eficiência energética dos compressores. Segundo Gabriela, para ser gestor de sustentabilidade é necessário ter paixão pelo assunto. “Você precisa ser um embaixador do tema e engajar pessoas o tempo todo”, diz. “E o mais importante: conseguir traduzir a sustentabilidade em benefícios para o negócio.” Mostrar à chefia que sustentabilidade agrega, de fato, valor ao negócio pode ser uma empreitada difícil. A tarefa se torna um pouco mais fácil quando o profissional conhece a fundo o negócio de sua empresa. É o caso de Ricardo Rolim, diretor de relações socioambientais da Ambev. Com uma
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Jorgen Randers: há 40 anos, o ambientalista analisa o desenvolvimento sustentável
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Espero estar
errado
Para o pensador Jorgen Randers, um dos mais importantes nomes do movimento pelo desenvolvimento sustentável, a humanidade não fará a tempo as mudanças necessárias para evitar a catástrofe climática / ana luiza herzog
Há 40 anos,
o noruêgues Jorgen Randers foi um dos três autores de Limites do Crescimento, livro que, como o título sugere, pela primeira vez trouxe à tona o dilema da finitude dos recursos naturais do planeta versus a ideologia dominante de que o bem-estar das nações estaria sempre atrelado a um crescimento econômico constante. Como esperado, a ideia de que o planeta sucumbiria ao peso de uma exploração desenfreada causou polêmica, e a obra, financiada pelo Clube de Roma, espécie de instituição de pesquisa que reúne alguns dos mais renomados cientistas de diferentes áreas do conhecimento para refletir sobre os problemas do mundo, foi vista pela maioria com desdém. Ainda assim, o livro se transformou em um dos principais ícones do movimento pelo desenvolvimento sustentável, que começava ali a ganhar corpo. Na época, Randers era um talentoso e idealista doutorando do Massachusetts Institute of Technology (MIT) que acreditava que alguns dos futuros cenários sombrios descritos no livro, elaborados de maneira pioneira com base na modelagem de computador, fariam os países repensar suas estratégias de crescimento e sua relação com o planeta. Ao longo dos 40 anos seguintes, ele dedicou sua vida a essa catequese: transformou-se em um dos mais renomados palestrantes sobre desenvolvimento sustentável no mundo, esteve à frente de uma das maiores ONGs ambientalistas internacionais, a WWF, e, ainda hoje, divide seu tempo entre as aulas de estratégia climática na Escola de
Negócios Norueguesa, em Oslo, e as reuniões dos conselhos de sustentabilidade de grandes empresas, como a British Telecom, na Inglaterra, e a Dow Chemical, nos Estados Unidos. Aos 67 anos, porém, Randers afirma que sua catequese foi em vão. E foi essa sensação de fracasso que o motivou a lançar, no início deste ano, 2052 — a Global Forecast for the Next Forty Years (“2052 — uma previsão global para os próximos 40 anos”, numa tradução livre), obra que, como ele mesmo afirma, não fala sobre o que o mundo deveria ser daqui a quatro décadas, mas sobre o que o mundo será. Em entrevista a EXAME, ele explicou por que acredita que a humanidade não conseguirá evitar o caos climático, mas apenas adiá-lo.
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negócios globais JORGEN RaNdERs
Um mundo de 8 bilhões de habitantes: a partir de 2040, a população mundial entrará em declínio
EXAME O que o motivou a escrever o livro 2052? JORGEN RANDERS Estou traba
acho que a humanidade vai fazer algo extraordinário, a resposta será: não.
lhando há 40 anos para que o mundo seja mais sustentável e simplesmente fracassei. Então decidi que queria pes quisar para saber como o mundo vai ser nos últimos 20 anos que ainda te nho de vida. Agora sei e não estou mais angustiado. O que vai acontecer é o que está descrito no livro, e eu não gos to do que está lá. Portanto, torço para que a humanidade faça alguma coisa extraordinária nos próximos 40 anos e minhas previsões não se concreti zem. Mas se você me perguntar se eu
Qual é a diferença entre o que foi feito lá atrás, no livro Limites do Crescimento, e o que senhor fez agora, em 2052?
Há 40 anos nós não fizemos previsões. Apresentamos uma série de cenários globais possíveis e deixamos claro que não tínhamos informação suficiente para dizer qual era o mais provável. Apesar disso, ao analisar esses cenários, conseguimos dizer que o planeta é fini to e que existia uma grande chance de que a humanidade se comportaria de maneira estúpida, permitindo que a
população e a economia crescessem a níveis que não seriam sustentáveis no longo prazo para o planeta. Hoje, sabe mos muito mais, e isso me permite de finir um cenário mais preciso. E qual é o cenário que projeta para os próximos 40 anos?
A população global vai estagnar antes do esperado porque a taxa de fertilida de cairá dramaticamente com a urba nização. Chegaremos a 8,1 bilhões de pessoas pouco antes de 2040, e daí em diante haverá um declínio. O PIB glo bal também vai crescer mais lentamen te do que o previsto devido a um cresci
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mento menor da população e a um declínio nas taxas de crescimento da produtividade. Calculo que o PIB glo bal terá pouco mais que dobrado em relação ao nível atual em 2050. A taxa de crescimento do consumo também vai arrefecer, porque uma fatia consi derável do PIB será usada para solucio nar os problemas causados pela polui ção, pelo esgotamento dos recursos naturais, pelas mudanças climáticas, pela perda da biodiversidade e pela desigualdade social. Como resultado desse crescimento mais lento do PIB e desses investimentos que serão feitos nas próximas décadas — não de manei ra voluntária, mas como reação à crise —, o problema do clima e da exaustão dos recursos naturais não se transfor mará numa catástrofe antes de 2052. A partir daí, porém, a falta de um esforço articulado para mitigar a mudança cli mática colocará o planeta numa rota perigosa. Teremos muito sofrimento. O senhor afirma que uma das razões para o adiamento do caos climático é um crescimento econômico mais fraco. Um dos motivos é o fato de que muitos pobres continuarão pobres. Ou seja, a discussão atual sobre os pobres deixando a base da pirâmide e consumindo e emitindo CO2 como os cidadãos dos países ricos não faz sentido?
Eu escrevo há 40 anos sobre a impor tância de eliminarmos a pobreza e
reduzirmos as emissões. E isso é fala do em todas as reuniões da ONU e foi falado na Rio+20. Nunca ouvi alguém defender que a pobreza não deva ser combatida. Por isso mudei meu com portamento e decidi prever não o que a humanidade diz que vai fazer, mas o que ela efetivamente fará. Os países ricos não vão dar ajuda financeira su ficiente para que os países pobres de colem e, por isso, eles não vão crescer o suficiente nos próximos 40 anos. Vai haver algum crescimento na base da pirâmide? Sim, mas ficará em torno de 2% a 3% ao ano, o mesmo padrão de sempre. Muitos pobres vão ver sua renda dobrar, mas isso não quer dizer muita coisa. Há algo como 2,1 bilhões de pessoas hoje na base da pirâmide. Elas continuarão pobres, emitindo muito pouco CO2. O senhor não está incluindo o Brasil nesse grupo, certo?
Não, o Brasil está fora disso. Ele faz parte de um grupo de 14 países que chamo no livro de Brise — Brasil, Rús sia, Índia, África do Sul e dez outras economias emergentes. Para esse gru po tudo vai ser mais fácil. O Brasil já está numa situação melhor, e a renda per capita vai, no mínimo, triplicar nos próximos 40 anos. A China será o grande vencedor, e os grandes perde dores serão os países ricos, particular mente os Estados Unidos. As classes altas nesses países já chegaram aonde podiam chegar, e ao longo dos próxi mos 40 anos só perderão privilégios. O senhor participa dos conselhos de sustentabilidade de grandes empresas. Qual a sua percepção sobre o setor privado e que papel ele desempenhará nos próximos 40 anos?
O PIB global deve se expandir mais lentamente do que o previsto devido ao crescimento menor da população e da produtividade
Quando falamos de responsabilidade social corporativa é importante sepa rar as empresas líderes, que estão real mente tentando fazer algo pela socie dade, e a maioria, que não está fazen do nada. A despeito disso, dentro do sistema capitalista, há limites muito rígidos para o que uma empresa pode realmente fazer. Se ela decide, por exemplo, adotar um sistema de pro
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negócios globais JORGEN RaNdERs Favela em Nairóbi, no Quênia: hoje, cerca de 2 bilhões de pessoas estão na base da pirâmide de renda
zar carvão. Ponto. Então é claro que o sistema capitalista não vai investir nessas tecnologias, a menos que seja incentivado ou forçado a fazê-lo. E é claro que, quando os políticos tentam aprovar leis para impulsionar essas tecnologias, os eleitores são contra, porque isso se traduz em aumento de impostos ou em gasolina ou eletricidade mais caras. Então eles simplesmente não propõem esse tipo de legislação. Ou seja: o imediatismo e a falta de visão de longo prazo do capitalismo e da democracia vão impedir que as decisões sábias necessárias para um futuro menos traumático sejam tomadas a tempo.
Neil Thomas/ GeTTy imaGes
O senhor esteve no Brasil em maio deste ano, para falar sobre seu livro no Congresso, mas não voltou para a Rio+20, em junho. Não participa mais dessas reuniões?
dução muito limpo, mas também muito caro, ela simplesmente vai perder mercado para uma concorrente que não age assim. Isso significa que as companhias líderes tentam fazer o que podem, mas não podem correr o risco de ser banidas do mercado.
Não. Participava de todas, mas isso foi há muito tempo. Não acha que vale mais a pena?
Não, não acho. Eu não acredito que vamos alcançar um resultado com 194 países em volta de uma mesa. Vejo uma saída em algumas grandes nações fazerem acordos entre elas, como já vem acontecendo com a União Europeia e a China, e outras vão segui-las. Acho importante os países continuarem discutindo e dialogando, mas dificilmente esses grandes encontros surtirão algum resultado nas próximas décadas. Torço para estar errado.
Então não devemos ter muitas expectativas em relação às empresas?
Não. Não espere que o sistema capitalista solucione o problema climático. A lógica do sistema capitalista é alocar recursos para os projetos mais lucrativos, não para aqueles que beneficiam a sociedade. Muitas das tecnologias de que precisamos hoje para lidar com o problema climático são mais caras do que as tecnologias em uso. É mais caro construir usinas solares ou parques eólicos do que utili-
Não espere que o sistema capitalista solucione o problema climático. É mais caro fazer uma usina solar do que usar carvão
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Antiga fábrica de roupas em Karachi, no Paquistão: um incêndio matou quase 300 funcionários e colocou em xeque o selo internacional que atesta a segurança no trabalho
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Crise de credibilidade Após um incêndio em uma fábrica, a SA8000 — certificação pioneira na área de responsabilidade social das empresas — tem a própria reputação colocada à prova /guilherme manechini
RIZWAN TABASSUM/AFP PhoTo
Em agosto dEstE ano,
no Paquistão, o descumprimento de uma regra básica de segurança provocou uma das maiores tragédias do país envolvendo trabalhadores de uma mesma empresa. Durante um incêndio na fábrica têxtil da Ali Enterprises, na cidade de Karachi, cerca de 300 funcionários morreram ao encontrar várias saídas de emergência trancadas. O fato causou tanta comoção e revolta na população local que os donos da fábrica tiveram de fugir às pressas. Mas não foram os únicos a ser responsabilizados pela tragédia. No momento do incêndio, os funcionários estavam produzindo calças jeans para a rede varejista alemã de roupas KiK, que tem o preço baixo como principal atrativo para os consumidores e 3 200 lojas espalhadas por Alemanha, Áustria e seis países do Leste Europeu. Ao ser questionados sobre as condições da fábrica, os executivos da KiK se defenderam com o seguinte argumento: como imaginar tal matança se a unidade da Ali Enterprises havia sido certificada recentemente por auditores independentes com a norma SA8000, selo internacional que atesta o bem-estar e a segurança dos trabalhadores? Foi nesse momento que a KiK deixou a berlinda e a SA8000 passou a ser alvo de uma saraivada de críticas. Lançado em 1997 pela Social Accountability International (SAI), uma ONG que, com a ajuda da mídia e da internet, americana com sede em Nova York, o alguns dos riscos e fatos sombrios assoselo SA8000 foi pioneiro ao criar um ciados a essa movimentação do mundo padrão global de certificação para um dos negócios começaram a vir à tona. dos aspectos que caracterizam a resO caso mais emblemático foi o da ponsabilidade social de uma empresa: fabricante de equipamentos esportivos o respeito aos direitos e ao bem-estar de Nike, que sofreu acusações em série seus funcionários. Seu surgimento não — uma das mais graves, a de produzir se deu nesse período por acaso. Foi so- bolas de futebol com trabalho infantil bretudo na década de 90 que grandes no Paquistão. Foi nesse cenário que a corporações com sede nos países ricos SAI e a SA8000 ganharam popularidacomeçaram a se beneficiar em larga es- de. A certificação apareceu como gacala dos custos mais baixos de produção rantia de que roupas, calçados, produde nações menos desenvolvidas, seja tos eletrônicos e brinquedos fabricados por meio da transferência de suas uni- em países em desenvolvimento, além dades fabris para esses locais, seja por de baratos, seriam feitos seguindo norterceirização. Foi também nessa época mas aceitáveis para os consumidores
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do mundo rico. Com exceção da Itália, que promoveu uma campanha em prol do uso da norma, os países líderes em empresas certificadas com a SA8000 são todos asiáticos com baixos salários — o Brasil é o sexto do ranking. Na China, onde empresas como a fabricante de eletroeletrônicos Foxconn são cons-
tantemente denunciadas por infringir os direitos dos trabalhadores, o número de empresas certificadas com a SA8000 já chega a 473. A julgar pela trajetória da norma até o acidente no Paquistão, o seu objetivo foi cumprido. “A SA8000 influenciou todas as normas que tratam de responsabilidade social
no mundo atualmente”, afirma Beat Grüninger, sócio-diretor da consultoria BSD, com sede em São Paulo, e representante da SAI no Brasil. Entre elas, segundo Grüninger, estão a 16001, norma nacional de gestão da responsabilidade social, e a ISO 26000, que também trata do mesmo tema.
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Fábrica da Foxconn em Shenzhen, na China: revoltas de trabalhadores são recorrentes nas unidades da empresa de eletrônicos
próprias empresas. O acadêmico Richard Locke, professor de ciência política da Sloan, escola de administração do Massachusetts Institute of Technology (MIT), declarou ao jornal americano The New York Times que iniciativas como a SA8000, mesmo depois de mais de uma década, não têm ajudado a melhorar as condições de trabalho na maioria das fábricas de países pobres ou em desenvolvimento. As críticas à SA8000 aconteceram justamente em um momento em que ela vinha perdendo fôlego. Em todo o mundo, o número de empresas certificadas pela SA8000 cresceu 6% de janeiro a julho de 2012. Na comparação com resultados de anos anteriores, trata-se da pior taxa de crescimento desde sua criação. No Brasil, o número de empresas com o selo é decrescente. De 2009 a 2010, no seu pico, eram cerca de 150 companhias. Hoje não passam de 91. Os motivos da redução são variados — e nem todos negativos para a SAI. A Valid, que tem sede no Rio de Janeiro e é especializada na impressão de documentos, foi uma das que desistiram. “Os ganhos com a norma foram sensí-
Após a morte de trabalhadores no Paquistão, os críticos das certificações sociais aproveitaram para atacá-las efeito Ali enterprises
Depois da tragédia na fábrica têxtil paquistanesa, a SAI, em um comunicado oficial, declarou que a consultoria italiana responsável pela auditoria na Ali Enterprises, a Rina, teve todas as suas certificações suspensas até segunda ordem e está sob investiga-
ção. A medida, no entanto, não evitou que a SA8000 virasse o alvo preferencial dos críticos das normas. A ONG americana Workers Right Consortium, que monitora as condições de trabalho em fábricas no mundo todo, aproveitou o episódio para atacar as normas que são parcialmente financiadas pelas
veis para os funcionários, mas não conseguimos cumprir todas as exigências”, afirma Patricia Piñeiro, diretora de recursos humanos da empresa. “Decidimos focar nas certificações específicas para o setor de documentos.” Não é difícil entender a ressalva feita pela executiva da Valid. Ainda que o Brasil rati-
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negócios globais certificação
GERMANO LUDERS
Plantação de eucalipto da Suzano, em Sorocaba: a empresa preferiu abrir mão da SA8000 e manter um selo do setor florestal
o Brasil é o sexto país em número de empresas certificadas no ranking global da Sa8000. Hoje, 91 companhias brasileiras têm essa certificação — mas já foram 150 fique os princípios da Organização Internacional do Trabalho e isso faça com que boa parte das exigências da SA8000 seja atendida pelas empresas que operam aqui, alguns pontos da nor ma entram em conflito com a realidade do país. Um deles é a questão da hora extra. A certificação determina que, assim como na legislação brasileira, o trabalhador não faça mais do que 2 ho ras extras por dia. Para setores que ope ram com picos de demanda, porém, atender a essa exigência é um desafio quase inatingível. As empresas ainda encontram outro obstáculo para seguir essa regra: a resistência dos próprios funcionários, que estão acostumados a fazer horas extras para aumentar a ren da mensal. Entram ainda para o rol de dificuldades da SA8000 a obrigatorie
dade da participação de um represen tante dos trabalhadores nas decisões da empresa — algo que nem sempre é vis to com bons olhos pela alta direção — e a exigência de que todas as unidades da empresa, independentemente de seu tamanho, sejam certificadas. “Imagine o que é isso para a Valid, que atua em 400 locais diferentes, muitos deles pré dios públicos”, diz Patricia. A SA8000 também vem perdendo aceitação em decorrência da disputa com outras certificações. É o caso da FSC, da ONG Forest Stewardship Council. A brasileira Suzano, produ tora de papel e celulose, passou apenas dois anos com a SA8000. “A FSC, a mais aceita para produtos florestais, também abrange a qualidade das rela ções trabalhistas e é essencial para a
venda de nossos produtos no exterior”, diz Jorge Cajazeira, diretor de relações institucionais da Suzano e presidente mundial da ISO 26000. Embora políticos de países ricos fa lem em repatriar a produção industrial terceirizada para a Ásia nas últimas duas décadas, é pouco provável que se observe um repentino retrocesso no processo de globalização. A investiga ção sobre o que realmente ocorreu em Karachi em agosto ainda está em an damento, mas o estrago à reputação da SA8000 já foi feito. Ainda assim, é de esperar que sobreviva às críticas. En quanto as lojas de Nova York, Londres e Milão forem abastecidas com pro dutos fabricados em países em desen volvimento, haverá demanda por al gum tipo de certificação.
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finanças Cary KrosinsKy
Siga o dinheiro
Para o americano Cary Krosinsky, especialista em finanças sustentáveis, o levantamento de quanto uma empresa emite de CO2 ou gasta de água não é mais suficiente. A nova tendência é fazer uma estimativa financeira de todos os riscos ambientais da empresa /AndreA viAlli
primeiro foi a vez
da pegada de carbono — empresas de vários setores começaram a fazer cálculos meticulosos de gases de efeito estufa jogados na atmosfera. Em seguida, veio a onda da medição do consumo de água. Tudo isso foi importante e continua válido, segundo o especialista em finanças sustentáveis Cary Krosinsky, responsável pela operação americana da Trucost, consultoria britânica que tem se destacado por ajudar empresas como Dell, 3M e Samsung a mensurar sua dependência do chamado capital natural. “Válido, mas insuficiente.” Para Krosinsky, uma nova tendência está sendo lançada pela Puma. A fabricante alemã de artigos esportivos listou todos os seus impactos na área ambiental — da produção de matérias-primas, como borracha e couro, à distribuição global dos produtos. Nesse ponto, entraram suas emissões de carbono, sim, mas também o fato de que parte de seus fornecedores estava desmatando áreas na região amazônica para aumentar as pastagens. A Puma, no entanto, não se contentou em fazer o mapeamento. Deu um passo a mais ao estimar um valor para cada uma de suas vulnerabilidades e acabou com o preço de sua conta ambiental: 145 milhões de euros. Na opinião de Krosinsky, a utilização dessa nova metodologia muda tudo. Primeiro porque os acionistas conseguem ter um parâmetro objetivo dos riscos que estão correndo. E também porque o cálculo financeiro coloca em evidência as limitações das políticas de compensação para diminuir as pegadas de carbono e de água. “Em um futuro de recursos naturais limitados, ações reparadoras não serão suficientes”, afirma Krosinsky. De Nova York, o consultor conversou por telefone com EXAME.
EXAME Por que as empresas devem calcular o valor financeiro de seu im pacto ambiental? As metodologias usa das para medir a pegada de carbono ou hídrica já não cumprem esse papel? CAry KroSINSKy Medir quanto
uma empresa emite de gases de efeito estufa é um caminho necessário. Desde 2005, ajudo companhias a fazer inventários de carbono, um tipo de informação que tem sido cada vez mais pleiteado por investidores e bolsas de valores em várias partes do mundo. Mas isso é limitado, porque o impacto ambiental de uma companhia não se resume às suas emissões de CO2. O investidor quer conhecer o impacto de uma empresa como um todo, os riscos envolvidos em todas as suas operações. Atividades que, a qualquer momento, podem virar um grande risco para o negócio.
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É crucial medir todos os impactos das empresas. Só assim se pode avaliar o potencial de sobrevivência num ambiente de escassez
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finanças Cary KrosinsKy Como as empresas estão fazendo para medir todos os seus riscos?
Já existem metodologias para fazer o cálculo financeiro do impacto ambiental das empresas. Ou seja, contabilizar os custos que externalidades ambientais representariam no balanço de uma companhia se fossem computadas. A pioneira em fazer esse tipo de análise é a Puma. Ela mapeou toda a cadeia e colocou no papel o valor dos impactos. O que motivou a Puma a realizar esse cálculo do impacto ambiental?
Com base nesse levantamento, a empresa vai refazer toda a sua estratégia de sustentabilidade. A análise deixou explícito que muitos fornecedores de couro estão desmatando áreas da Amazônia para converter a terra em pastagens. Esse é um impacto direto, uma externalidade da Puma que poderá ser cobrada da empresa no futuro. O relatório despertou tanto interesse que outras empresas da holding PPR (grupo francês dono da Puma, da Fnac e de grifes como Gucci e Yves Saint Laurent) também passarão a fazer o levantamento. Na prática, o que pode ser feito com essa informação?
Acredito que essa tendência vá nortear investimentos sustentáveis nos próximos anos. Vamos imaginar que o levantamento de uma empresa acuse que seu grande impacto ambiental é o consumo de água. Num cenário em que a água deve se tornar uma commodity escassa, essa empresa tenderá a ser menos lucrativa ou terá de fazer investimentos altos para resolver a questão. O mesmo ocorrerá com empresas intensivas em carbono. Não basta mais medir emissões de CO2 e o consumo de água e ter ações de ecoeficiência. É preciso saber o valor desses impactos. Em um futuro de recursos naturais limitados, ações reparadoras não serão suficientes. Por isso o impacto deve ser medido em termos financeiros. O senhor ajudou a formular os Prin cípios do Investimento Sustentável da ONU, um texto que reúne as melho res práticas globais de aplicações.
as petroleiras em operação no Brasil precisam ser acompanhadas de perto por seus investidores para que não repitam o que a BP fez no golfo do México Essa iniciativa mudou alguma coisa no mercado financeiro?
As empresas não têm dúvidas de que é importante ter uma boa governança corporativa e um desempenho ambiental e social. Para elas já está consolidado que isso tem um valor intangível. Quem não percebeu ainda os benefícios são os analistas de mercado, que continuam exigindo que as empresas classificadas como sustentáveis tenham um desempenho em bolsa superior ao das “não sustentáveis”, o que nem sempre ocorre. Dito isso, é verdade que os índices de sustentabilidade das bolsas de valores, inclusive o da BM&F Bovespa, conseguiram popularizar a ideia da preservação do meio ambiente no mercado de capitais. Na comparação internacional, qual tem sido o papel do Brasil?
O Brasil construiu uma política energética baseada em fontes renováveis quando ninguém estava discutindo se esse era o caminho. Prova disso é a massificação do uso do etanol nos veículos. Outra vantagem do país é ter empresas que são símbolo de inovação
e competitividade, como a Embraer. Sem falar na Amazônia, que é um ativo global estratégico e deve ser preservado para a posteridade. Costumo fazer uma analogia com o que ocorreu nos Estados Unidos. Muitos americanos tiveram de brigar para que o país reconhecesse a importância de seus parques nacionais. Hoje eles são apreciados por todos. Os Estados Unidos também são um bom exemplo do que deve ser evitado. Nesse sentido, é só lembrar o estrago que a petroleira BP e seu vazamento no golfo do México causaram ao ambiente, à sociedade e aos investidores. No total, um prejuízo líquido de mais de 4,9 bilhões de dólares. É importante que as petroleiras em operação no Brasil sejam acompanhadas de perto por seus investidores.
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Finanças Crédito
Investimento com duplo retorno Ao conceder crédito a juros baixos para pequenos negócios, fundos como o Sitawi impõem duas exigências: eles precisam ser bons pagadores e fazer o bem para a sociedade / mIRELLA domInIch 106/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
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Quando o WalMart
alexandre battibugli
Tiago Dalvi, da Solidarium: o portal de vendas de artesanato recorreu ao crédito social para fornecer para o Walmart
entrou em contato com Tiago Dalvi, diretor do portal de venda de artesanato Solidarium, de Curitiba, em 2009, o executivo não conseguiu esconder o entusiasmo. O terceiro maior varejista brasileiro queria negociar uma grande compra. A alegria de Dalvi logo deu lugar a um frio na barriga. Ele percebeu que sua empresa enfrentaria seu primeiro grande desafio: a Solidarium precisaria ter capital de giro para comprar matéria-prima para os 350 artesãos que produziriam 30 000 bolsas de garrafas PET recicladas. Além disso, para complicar a situação, o pagamento da encomenda só seria feito, no mínimo, 30 dias após a entrega. Dalvi consultou alguns bancos sobre a possibilidade de obter um empréstimo de 150 000 reais, mas os juros altos, de até 5% ao mês, inviabilizariam a transação. Foi então que ele recorreu ao Sitawi, um fundo criado para dar crédito e consultoria a “negócios ou empreendimentos sociais”, termo empregado para classificar empresas ou ONGs que fazem o bem usando meca-
nismos de mercado. Na mão contrária dos bancos, o Sitawi fornecia empréstimos de 100 000 a 400 000 reais a juros próximos da taxa Selic. Foi a salvação para Dalvi. O modelo de negócios do Sitawi é semelhante ao de dezenas de outros fundos sociais internacionais, como o Non Profit Finance Fund, dos Estados Unidos, e o Acumen Fund, que tem escritórios em Nova York, na Índia, no Quênia e no Paquistão. A captação do dinheiro é feita com pessoas físicas e fundações interessadas em apoiar mudanças sociais. O curioso é que os investidores abrem mão de receber o dinheiro de volta. Já os gestores desses fundos não podem se dar ao mesmo luxo. Eles emprestam, mas contam com o pagamento para poder manter o capital. “Nosso objetivo é fornecer financiamentos para empresas que já tenham conseguido comprovar seu impacto social e queiram ganhar escala, mas que sejam capazes, é claro, de pagar o valor tomado”, diz Leonardo Letelier, diretor do Sitawi, que ganhou do Banco Interamericano de Desenvolvimento, no ano passado, o prêmio Beyond Banking, de melhor investimento social responsável da América Latina. O Sitawi atualmente acumula doações no valor de 500 000 reais, já emprestou três vezes esse valor e conta com uma inadimplência próxima de zero. Aos 38 anos, Letelier é engenheiro formado pela USP, fez MBA na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e trabalhou durante oito anos na consultoria McKinsey. Ao fundar o Sitawi, em 2009, estava movido pela vontade de unir seu tino para os negócios com a promoção do desenvolvimento humano. Foi com isso em mente que concedeu o primeiro empréstimo à empresa de Dalvi. Graças à ajuda do Sitawi, a Solidarium não parou mais de crescer. Hoje conta com uma rede de 6 750 artesãos parceiros e deve faturar 500 000 reais neste ano. Em geral, os artesãos que vendem seus produtos via Solidarium conseguem triplicar sua renda em dois anos. “Nossa meta é tirar 10 000 famílias da linha da pobreza e benefi-
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Finanças crédito ciar mais de 60 000 pessoas até 2015”, diz Dalvi. Segundo o IBGE, o Brasil conta hoje com cerca de 8 milhões de artesãos, 2 milhões deles vivendo abaixo da linha da pobreza. Depois do crédito concedido à Solidarium, o Sitawi já oficializou empréstimos a outros dez negócios. Um dos últimos empréstimos concedidos foi para o Centro de Integração de Educação e Saúde (Cies), ONG que tem sede em São Paulo e presta atendimento em 28 cidades de cinco estados do país. O Cies oferece à população de baixa renda acesso a exames médicos, como endoscopia e mamografia, por meio de uma unidade móvel — um caminhão equipado com aparelhos de diagnóstico de última geração. Os recursos emprestados foram aplicados na reforma da unidade móvel, na construção de outro centro médico itinerante e em capital de giro para a contratação de funcionários. “Conseguimos aumentar nossa capacidade de atendimento em 30% e hoje atendemos 3 000 pessoas por mês”, afirma Roberto Kikawa, diretor executivo do Cies. Letelier estima que os empréstimos realizados pelo Sitawi tenham beneficiado até agora cerca de 11 000 pessoas diretamente. Especialistas afirmam, porém, que é preciso analisar esses números com cautela. “Esses dados tendem a ser muito mais quantitativos do que qualitativos”, diz Cássio Aoqui, diretor executivo da Ponteaponte, agência paulista especializada em empreendedorismo socioambiental. No Brasil, o Sitawi ainda é um dos únicos fundos a se dedicar à concessão de crédito. A maior parte das outras organizações desse segmento, como Vox Capital e First Brazil Impact Investing Fund, investe em empresas com atuação social em troca de uma participação em seu capital. À medida que o número desses fundos cresce no Brasil, fica mais evidente a ausência de incentivos, como já ocorre em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse mercado começou a ser impulsionado na década
Leonardo Letelier, do fundo Sitawi: os empréstimos já beneficiaram cerca de 11 000 pessoas
Há poucos fundos com atuação social no Brasil. Nos Estados Unidos, uma lei de incentivos dos anos 70 fez esse segmento deslanchar
Aline MAssucA/VAlor/folhApress
tendência de alta
de 70 pelo Community Reinvestment Act. Trata-se de uma lei que encorajou as instituições financeiras a conceder crédito a pessoas de baixa renda. Como muitos bancos não estavam dispostos a cuidar desse segmento, foram criados fundos para gerenciar esse dinheiro. Aqui, uma das aspirações de empreendedores como Letelier, do Sitawi, é ter acesso a parte dos 2% do compulsório que os bancos são hoje obrigados a destinar à concessão de microcrédito, mas que, muitas vezes, preferem não emprestar. Letelier quer todo esse dinheiro pelo social.
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EmprEsas-modElo anglo amErican Empresa Sustentável do Ano • AES • Alcoa • Braskem • Bunge • CPFL • Dow • EcoRodovias • Elektro • Embraco • Fibria • Fleury • Itaú Unibanco • Kimberly-Clark • Masisa • Natura • O Boticário • Promon • Unilever • Whirlpool • Sabin/PME
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pesquisa Critérios
A esColhA dAs melhores Como foi o processo de definição das empresas-modelo em sustentabilidade entre as 170 companhias inscritas
publicado
todos os anos desde 2000, o Guia EXaME dE SuStEntabilidadE é o maior levantamento sobre o tema no brasil. aberto a qualquer companhia — privada ou pública, de capital aberto ou fechado, grande, média ou pequena —, o guia escolhe as empresas que se destacam como modelo em responsabilidade social corporativa. neste ano, 170 empresas se inscreveram para participar da avaliação, das quais 44 pela primeira vez. Essas empresas foram convidadas a responder a um questionário para detalhar seus compromissos e suas práticas nas dimensões geral, social, econômica e ambiental. as 123 empresas que responderam a todas as questões tiveram seu desempenho avaliado, recebendo
uma pontuação em cada área. Chegou-se, então, a uma lista de 42 companhias com melhor desempenho. Essa lista foi submetida a um conselho deliberativo independente, a quem coube escolher as 20 empresas-modelo com base na análise da consistência das informações. Para estimular as práticas sustentáveis entre pequenas e médias empresas, foi escolhida uma empresa-modelo entre aquelas com faturamento anual de até 300 milhões de reais. O vencedor nessa categoria, pelo segundo ano consecutivo, foi o laboratório Sabin, de brasília. além disso, com base na análise das 21 empresas-modelo e seguindo o julgamento editorial e jornalístico de EXaME, foi escolhida a Empresa Sustentável do ano: a mineradora anglo american. Segunda
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maior produtora de níquel do país, a empresa vem se destacando pela política de boa vizinhança com as comunidades no entorno de suas duas fábricas no interior de Goiás. Ela promove cursos de empreendedorismo para que os moradores não dependam de uma atividade que tem prazo para acabar — a exploração do níquel dura de 30 a 40 anos. Além disso, a empresa tem feito investimentos relevantes para reduzir o impacto ambiental de suas atividades.
Todas as participantes que responderam integralmente aos questionários recebem um relatório de desempenho, com notas por dimensão, critérios e indicadores, assim como as médias do universo pesquisado e também das empresas-modelo. Dessa forma, o relatório constitui uma ótima ferramenta para avaliar a estratégia de sustentabilidade da empresa e comparar seu desempenho com o das companhias mais avançadas nessa área no país.
a Seleção paSSo a paSSo primeira eTapa Preenchimento do questionário
As empresas preencheram um questionário disponível no Portal EXAME (www.exame.com.br), dividido em quatro partes de mesmo peso. O questionário foi elaborado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces), da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, conforme abaixo. peSo
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Dimensão geral O que é Conjunto de
23 questões sobre os compromissos, a maneira como a empresa trata o tema da sustentabilidade internamente, a transparência e a governança corporativa (estas últimas elaboradas com o apoio do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). peSo
25
Dimensão econômica
O que é Conjunto de 16
questões sobre a estratégia, a gestão e o desempenho da empresa. peSo
25
Dimensão social O que é Conjunto
de 39 questões sobre
desempenhos consolidados em todas as dimensões.
os compromissos e a responsabilidade da empresa perante todos os públicos com os quais se relaciona (stakeholders) — funcionários, fornecedores, clientes, consumidores, comunidade, organizações da sociedade civil e governo. peSo
25
Com base nessa seleção, chegou-se a uma lista de 42 empresas — submetidas a uma checagem jornalística das informações preenchidas no questionário.
Dimensão ambiental
Terceira eTapa
Aprovação do conselho
O que é Conjunto
A lista de 42 empresas foi apresentada ao conselho deliberativo. Considerando as pontuações e a checagem, o conselho definiu a lista das 20 empresas-modelo. Adicionalmente, foi escolhida uma empresa-modelo na categoria de pequenas e médias empresas (com faturamento anual de até 300 milhões de reais).
de 48 questões sobre a política, a gestão e o desempenho ambiental — inclusive iniciativas da empresa em relação à biodiversidade, às mudanças climáticas, ao uso e à conservação sustentável de recursos naturais etc. No total, 170 empresas se inscreveram. Destas, passaram para a etapa seguinte somente as 123 que responderam a todas as perguntas do questionário.
QuarTa eTapa
Escolha da Empresa Sustentável do Ano
SeGuNDa eTapa
Com base nas 21 empresas-modelo e seguindo um critério jornalístico, a redação de EXAME selecionou a empresa de maior destaque, que recebe o prêmio de Empresa Sustentável do Ano.
Análise do desempenho Foi calculado o desempenho das empresas em cada dimensão. Passaram para a etapa seguinte as companhias que obtiveram os melhores
o perfil DoS coNSelheiroS
Quem são os integrantes do conselho deliberativo desta edição do Guia EXaME dE SuStEntabilidadE
Helio Mattar
Fundador e diretorpresidente do Instituto Akatu, ONG que estimula o consumo consciente
Heloisa Bedicks Diretora executiva do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
Marcelo Sodré Professor de direito do consumidor e de direito ambiental da PUC de São Paulo
Pedro Meloni
Economista com atuação no mercado financeiro, é consultor do International Finance Corporation (IFC)
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Lamb TayLor
Walter De Simoni, presidente da unidade de níquel da Anglo American: paciência para ouvir a comunidade
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Política de boa vizinhança
Para a mineradora Anglo American, estabelecer um diálogo com a comunidade nas regiões em que atua e reduzir o impacto ambiental tem sido estratégico para sua expansão no país / raquel grisotto
todos os anos,
desde 2008, em meados de novembro, uma velha Belina bege com alto-falantes acoplados ao teto começa a circular pelas ruas de Barro Alto, município no interior de Goiás. Sua missão é anunciar a data, o horário e o local de um dos eventos mais aguardados da cidade — o Fórum Comunitário Intercâmbio, promovido pela unidade de níquel da mineradora Anglo American para discutir com a população as ações da empresa na região. Aberto a qualquer morador da comunidade, o encontro costuma reunir anualmente até 300 pessoas, entre comerciantes, trabalhadores, religiosos e representantes de entidades locais. Durante a reunião, executivos da Anglo American apresentam os planos para os meses seguintes, explicam o tipo de material que a empresa pretende comprar (para que fornecedores da região possam se preparar) e anunciam a abertura de possíveis vagas de trabalho — uma parceria com o Senai se encarrega de capacitar os interessados. Ao longo da reunião, que costuma se estender por várias horas, a Anglo American também mostra de maneira detalhada os possíveis impactos da operação sobre o meio ambiente e as ações que está tomando para diminuir os danos.
empresa sustentável do ano
american unidade de níquel
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empresa sustentável do ano Anglo AmericAn
A fábrica em Barro Alto custou 2 bilhões de dólares. cerca de 300 milhões de dólares foram gastos em tecnologias para reduzir o impacto ambiental São comuns os questionamentos e, vez ou outra, algum morador levanta a voz de forma mais exaltada. “Não é um trabalho fácil”, diz o engenheiro Walter De Simoni, presidente da unidade de níquel da Anglo American. “Mas ter paciência para ouvir a população é a única maneira de garantir o andamento de nossos projetos.” Tem sido assim desde que a Anglo American, um dos maiores grupos de
mineração do mundo, com sede em Londres, iniciou suas atividades em Barro Alto, em 2004. No começo, os negócios se resumiam à extração de níquel. Sete anos depois, a empresa inaugurou um complexo com capacidade para processar 41 000 toneladas de níquel por ano, o que vai contribuir para ampliar a produção da empresa no Brasil em 50% até 2015. O estado de Goiás é estratégico para a mul-
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Produção de mudas de eucalipto (à esq.) e escavação de mina em Barro Alto: um dos maiores desafios é mudar a imagem de um setor historicamente associado à degradação ambiental
tinacional consolidar-se como a segunda maior produtora de níquel do país, atrás apenas da Votorantim. Atuando no brasil há quatro décadas, a Anglo American tem uma fábrica de beneficiamento de níquel em niquelândia, também no interior de Goiás, instalada em 1982. no total, o empreendimento de barro Alto consumiu 2 bilhões de dólares — e se destacou pelos altos investimentos em tecnologias para reduzir o impacto ambiental da operação e também pelo bem-sucedido programa de envolvimento da comunidade. “A maior preocupação é mostrar que o balanço de nossa atividade na região pode ser positivo para os dois lados”, diz de Simoni. no conjunto, essas ações tiveram peso decisivo para que a unidade níquel da Anglo
American fosse apontada como Empresa Sustentável do Ano pelo GuiA EXAME dE SuStEntAbilidAdE 2012. A escolha ganha ainda mais peso pelo setor em que a Anglo atua. Afinal, a mineração é um negócio que, historicamente, carrega uma herança negativa. desde a descoberta do brasil, a atividade esteve associada a pesadelos como trabalho escravo, expropriação de terras e destruição de recursos naturais. Ainda hoje, poucas atividades causam impacto tão grande como a mineração. Se realizada sem planejamento, ela pode provocar danos ao meio ambiente, como poluição, devastação de florestas e contaminação de águas. nas lavras a céu aberto, as operações se estendem por dezenas de quilômetros, há tráfego intenso de veículos pesados e pilhas de de-
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empresa sustentável do ano Anglo AmericAn jetos se acumulam durante as escavações. Apesar dos avanços, essas práticas ainda ocorrem no país. Mas, no geral, há muito o que comemorar. “Nos últimos 20 anos, a indústria da mineração evoluiu em muitas frentes”, afirma a engenheira Virginia Ciminelli, professora da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenadora do INCT Acqua, um programa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação que estuda a interferência das atividades de mineração e metalurgia nas águas, nos solos e na vegetação. Entre os fatores que mais contribuíram para essa evolução estão o avanço na legislação e as ações das empresas. “A pressão aumentou, e uma comunidade insatisfeita tem condições de atrapalhar o andamento de um projeto”, diz Virginia. Com todos os seus impactos negativos, que podem e devem ser minimizados, não se questiona que a mineração é uma atividade necessária e fundamental — os diversos minérios estão presentes na construção civil, na agricultura, nos meios de transporte e em um sem-número de aplicações que fazem parte do dia a dia de qualquer pessoa. Seu impacto na economia também é expressivo. Representa quase 4% do PIB brasileiro, exporta mais de 70 bilhões de dólares por ano — é a principal responsável pelo saldo positivo na balança comercial brasileira —, emprega diretamente 175 000 pessoas e alimenta uma cadeia de mais de 2,5 milhões de trabalhadores na indústria da transformação. Ciente dos efeitos — positivos e negativos — que causa ao se instalar em locais remotos com sérias carências de infraestrutura e baixos indicadores sociais, a Anglo American
A população de Barro Alto havia encolhido 40% em uma década. com a fábrica da Anglo American, a cidade voltou a crescer cerca-se de cuidados. Em Barro Alto, a empresa promoveu um amplo processo de debates com a comunidade e contratou a elaboração de um Plano Diretor, finalizado em 2010. A ideia é evitar o crescimento desordenado da cidade. A preocupação se justifica. Segundo o IBGE, a população de Barro Alto diminuiu de quase 10 000 habitantes, em 1990, para 6 000 habitantes, em 2000, uma queda de 40%, motivada pela falta de oportunidades de trabalho na região. Com o início das atividades da Anglo American, a população voltou a crescer, atingindo hoje 9 000 habitantes. Para ajudar Barro Alto a se desenvolver de forma sustentável, a empresa criou mecanismos compensatórios importantes. Um deles é um fundo social para obras de infraestrutura. Desde 2008, foram construídos um hospital e a rede de saneamen-
AtuAção responsável
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A exploração de minério é uma atividade que traz riscos
Problema O aumento acelerado da população, atraída pela possibilidade de trabalho, pode provocar crescimento desordenado e favelização
Ações A Anglo American criou um conselho para discutir com a comunidade e o poder público o desenvolvimento do município. A empresa investe em obras de infraestrutura
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Fábrica em Barro Alto: redução de 18% no consumo de energia em relação à média do setor no mundo
to básico. Para reduzir o risco de desvio das verbas, a própria Anglo American administra os recursos, mas quem decide onde e como será aplicado o dinheiro é a população. Paralelamente, a empresa promove palestras, ministradas pela ONG Agenda Pública, para esclarecer os moradores sobre seus direitos e deveres como cidadãos. “Não queremos assumir compromissos que devem ser do poder público”, diz De Simoni. A Agenda Pública atua em Barro Alto desde 2009, financiada pela Anglo American. Além de ajudar a comunidade a se organizar em associações e ensinar as ferramentas de cobrança do poder público, a ONG trabalha em parceria com as secretarias municipais, implantando métricas para monitorar a gestão. “A Anglo American incentiva o engajamento da comunidade e melhora as estruturas do poder público”, afirma Sérgio Andrade, diretor da Agenda Pública. “São raríssimas as empresas que atuam dessa forma.” PRAZO PARA ACABAR
Uma das preocupações da Anglo American é reduzir a dependência da população de uma atividade que tem prazo para acabar — a exploração do níquel costuma durar de 30 a 40 anos. Por isso, em parceria com a Care Brasil, organização de fomento ao empreendedorismo, ajuda a fortalecer as atividades comerciais da cidade — mesmo aquelas sem nenhuma relação com seu negócio. Um desses programas é o Via Láctea, que promove a difusão de tecnologias da Embrapa entre pequenos agricultores para que possam aumentar a produtividade e a qualidade do leite. Em alguns casos, os ganhos de renda chegam a 30%. “Numa operação assim, sempre há pessoas insatisfeitas, sobretudo as que não conseguem se beneficiar diretamente das ações de fomento”, diz Beatriz Bandeira, coordenadora da Care Brasil em Goiás. “Mas a disposição da Anglo em ouvir todos os lados e tentar encontrar soluções é algo que merece elogios.” Os esforços da empresa para reduzir o impacto de suas atividades no meio ambiente também têm recebido elogios. Somente na fábrica de Barro Alto foram investidos 296 mi-
2
3
sociais e ambientais. Veja o que a Anglo American está fazendo para minimizar os principais impactos(1)
Problema
A mineração promove o crescimento, mas há riscos de a cidade se tornar dependente de uma atividade que tem prazo para acabar
Ações A Anglo American adota a política de priorizar fornecedores locais e, em parceria com a ONG Care Brasil, procura estimular novas fontes de receita para a população local
Problema A má gestão de estéreis (material escavado sem valor econômico) e de resíduos industriais está entre as principais causas de acidentes no setor
Ações Além de construir barragens para evitar que os detritos cheguem aos rios, a Anglo American adota práticas para reaproveitamento e tratamento de 100% do material
1. Considera apenas as operações de níquel da empresa, em Goiás Fontes: Ibram e Anglo American
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⁄
empresa sustentáVel do ano Anglo AmericAn lhões de dólares em filtros e catalisadores que limpam a poeira do ar, em aparelhos para reduzir a emissão de gases e em equipamentos que ajudam a reaproveitar os resíduos. “Nenhuma operação nossa nasceu tão verde”, afirma De Simoni. Como resultado, a fábrica obteve uma redução de 11% no consumo de água e 18% no gasto de energia em re lação à média de operações similares no mundo. Outro avan ço na área ambiental é o uso em larga escala de biomassa como combustível para os fornos. Na fábrica em Niquelân dia, o processo diminui em 20% o uso de óleo fóssil. A bio massa vem da madeira de eucalipto obtida em área própria de reflorestamento — 12 000 hectares plantados nas ime diações da fábrica. A Anglo American estuda agora adotar a mesma fonte de energia na fábrica de Barro Alto. É curioso que uma empresa que procura seguir elevados padrões ambientais e sociais também enfrente problemas que parecem quase insolúveis. A unidade de minério de fer ro da Anglo American — que tem independência operacio nal em relação à unidade de níquel e que não foi inscrita na avaliação do GuiA EXAME DE SuStENtABiLiDADE 2012 — tenta há quatro anos tirar do papel o projeto MinasRio, o maior do grupo no mundo, com investimentos de 5,8 bi
lhões de dólares. O negócio, que inclui uma mina de ferro em Minas Geras, foi vendido à Anglo American pela mine radora MMX, do empresário Eike Batista, em 2008. O pro jeto enfrenta atrasos nas licenças ambientais e uma série de questionamentos. “A população reclama de problemas liga dos ao meio ambiente, de invasão de propriedades e do tra tamento recebido durante as desocupações”, diz Lucas Si mões, coordenador da Defensoria Pública de Minas Gerais. Em nota a EXAME, a unidade de ferro da Anglo American, presidida por Paulo Castellari Porchia, informou que “as demandas da comunidade têm sido registradas e a empresa tem tomado iniciativas para solucionar as questões”. É um contraste com a atuação da empresa em Goiás. Por quê? “Compramos uma operação que já estava em andamento. Por isso, perdemos a possibilidade de esclarecer as comuni dades desde o início”, diz De Simoni. As obras do projeto MinasRio começaram em 2006, e a participação da Anglo American no empreendimento teve início dois anos depois. Colega de Porchia há décadas, De Simoni está confiante. “Estamos fazendo um esforço conjunto para que tudo se resolva o mais rapidamente possível”, afirma. “Este é o com promisso da empresa em todos os locais onde atuamos.”
sobre A empresA • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA BrUTA EM 2011 434 milhões de reais
• SETor Mineração
• fUNcIoNárIoS 2 487
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* indicadores ambientais
9,4
ANGLo AMErIcAN
investimentos sociais
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7,1
MéDIA
Por qUE SE DESTAcoU
• Mais de 80% da produção da empresa é oriunda de processos cobertos por sistemas de gestão ambiental certificados • Possui programas para gerenciar ou reduzir impactos ambientais no transporte de produtos e materiais utilizados em suas operações
9,310
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,6
• Promove iniciativas de desenvolvimento sustentável na comunidade do entorno, levando em conta as peculiaridades locais • Os investimentos sociais consideram a relevância para a comunidade e o potencial de autossuðcência ðnanceira dos projetos
A Anglo AmericAn em números
50%
da mão de obra
nas duas fábricas de níquel em Goiás foi recrutada nas comunidades locais
10
milhões de reais
foram investidos desde 2008 em obras de infraestrutura na cidade de Barro Alto
65%
da energia
na fábrica de Niquelândia vem de fontes renováveis, como lascas de madeira
12000
hectares
é a área de reflorestamento, de onde sai a madeira que abastece os fornos em Niquelândia
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
120/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
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⁄aes
empresa-modelo
Foco na segurança
A AES investe em campanha de esclarecimento do consumidor, reduz à metade os acidentes fatais com energia elétrica e ganha novos clientes / daniela rocha
uma pesquisa da concessionária AES
revelou que 80% dos acidentes com energia elétrica envolvendo consumidores ocorrem em bairros de baixa renda, sobretudo entre os que fazem reformas em suas casas, os “puxadinhos”. Para orientar essas pessoas sobre medidas de segurança, como não tocar nos fios de alta-tensão, a empresa intensificou sua campanha educativa em 2011. Técnicos da AES visitaram canteiros de obras e lojas de material de construção e orientaram mais de 18 000 pessoas. “Distribuímos panfletos, passamos filmes, realizamos palestras. Usamos todos os meios disponíveis para nosso grande desafio, que é educar o consumidor”, diz Britaldo Soares, presidente da AES Brasil. Os resultados começam a aparecer.
Em 2011, a empresa registrou 16 acidentes fatais em sua área de concessão em São Paulo e no Rio Grande do Sul. “É um número elevado ainda, mas houve uma queda significativa, de quase 50%, em relação a cinco anos atrás”, afirma Soares. Outra frente de atuação é regularizar as ligações clandestinas. “Buscamos eliminar as ligações ilegais, feitas sem os materiais apropriados. Além de melhorar a segurança, essa iniciativa educa as famílias para o consumo consciente de eletricidade e reduz as perdas no sistema”, diz Soares. A AES faz as instalações elétricas adequadas e substitui chuveiros e lâmpadas por modelos mais eficientes. Em 2011, a empresa investiu 57 milhões de reais nesse programa de regularização e conquistou 48 600 novos clientes.
sobre a empresa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 14,4 bilhões de reais
• SETor Energia
• fUNcIoNárIoS 7420
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* relações de trabalho AES
9,2
consistência dos compromissos
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,5
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Possui ouvidoria para receber, responder e esclarecer as críticas e sugestões do público interno, assegurando a confidencialidade • Assegura igualdade de tratamento e condições de trabalho a funcionários e trabalhadores terceirizados
10 10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,6
• A remuneração variável de todos os executivos da empresa está vinculada a metas de desempenho nas áreas econômica, ambiental e social • Possui uma diretoria com atribuição de tratar de questões relativas à sustentabilidade e que se reporta diretamente ao presidente
a aes em números
70
milhões de reais investidos em 2011 em pesquisa, dos quais 20% em energias renováveis
90
milhões de reais foram destinados em 2011 a projetos de busca da eficiência energética
38
metas de sustentabilidade foram incorporadas em 2011 ao planejamento estratégico
4000
professores
de 800 escolas foram capacitados no programa de consumo consciente
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
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Germano Luders
Britaldo Soares, presidente da AES Brasil: regularização de ligações clandestinas e orientação sobre consumo consciente
123
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⁄alcoa
empresa-modelo
por um ar mais limpo
Na busca pela redução da emissão de gases, a Alcoa troca o óleo combustível pelo gás natural. A mudança, até agora, equivale a tirar de circulação 11 200 carros / ÉriCa poLo
capítulo importante na
gás natural. Embora também tenha origem fóssil, o gás polui menos e possibilitará que a fábrica deixe de liberar mais de 80 000 toneladas de gás carbônico por ano na atmosfera — é como tirar de circulação 11 200 carros a gasolina. Além do benefício ambiental, houve um ganho econômico para a Alcoa, já que o gás natural custa até 10% menos que o óleo. Em São Luís, a alternativa, por ora, é o gás liquefeito de petróleo, já que o gás natural ainda não está disponível na região. Mas a Alcoa está buscando parcerias para viabilizar a chegada do gás à capital maranhense. Os planos estão sendo traçados pela equipe de executivos, que têm um incentivo extra: seu bônus depende da redução das emissões. “É uma forma de fazer a coisa certa com estímulo”, diz Feder.
política de sustentabilidade da Alcoa, o trabalho para reduzir as emissões de gases poluentes foi reforçado em 2011. A companhia deu início a seus dois principais investimentos relacionados ao tema no país e que vão garantir ar mais limpo nas regiões de Poços de Caldas, em Minas Gerais, e em São Luís, no Maranhão, onde estão duas das seis fábricas brasileiras. “Estamos chegando ao limite do planeta. A indústria de alumínio é uma grande emissora de gases, e temos de fazer a nossa parte”, diz Franklin Feder, presidente da Alcoa. Em Poços de Caldas, os equipamentos que funcionavam à base de óleo combustível para fabricar a alumina, matéria-prima do alumínio, deram lugar aos movidos por
sobre a empresa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012
• SETor Siderurgia e metalurgia
•rEcEITA LíqUIDA EM 2011 2,5 bilhões de reais
• fUNcIoNárIoS 3 547
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* reLaÇÕeS de TraBaLHo
CompromiSSo Com a SuSTenTaBiLidade
9,8
ALcoA
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7,0
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Tem programa de educação que aborda o tema da sustentabilidade, voltado para funcionários, clientes, fornecedores e comunidade em geral • Tem compromissos voluntários relacionados à sustentabilidade e divulga relatório com as metas e os resultados alcançados
9,1
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,5
• Tem compromisso formal para a erradicação de trabalho infantil, forçado ou compulsório, por meio de políticas específicas e de adesão a iniciativas voluntárias • Assegura igualdade de tratamento e condições a funcionários e trabalhadores terceirizados
a alcoa em números
60000 65%
toneladas
de resíduos — quase 67% do total gerado — foram recicladas em 2011
da energia
consumida pela empresa no ano passado foi gerada por usinas próprias
25
milhões de reais investidos em um hospital em Juruti, no Pará, onde a empresa tem uma mina de bauxita
27%
de redução no uso de água desde 2006, quando a empresa traçou sua estratégia de sustentabilidade
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
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11/14/12 3:07:45 PM
Germano Luders
Franklin Feder, presidente da Alcoa: a remuneração variável dos executivos está atrelada ao cumprimento das metas de redução da emissão de gases
125
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
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⁄braskem
EmprEsa-modElo
avanço consistente
Em dez anos de história, a Braskem melhorou em oito dos nove principais indicadores ambientais. Falta agora reduzir o consumo de água / eduardo nunomura
Em muitas EmprEsas,
a política de sustentabilidade se restringe a ações de divulgação — muitas vezes voltadas para áreas sem nenhuma relação direta com a da companhia em questão. A Braskem, uma das maiores petroquímicas do continente americano, está longe dessa turma. Em 2012, quando completa dez anos, a empresa comemora avanços em praticamente todos os indicadores ambientais. Entre outras coisas, a Braskem diminuiu pela metade a geração de resíduos e em 32% a de efluentes. As fábricas foram modernizadas e hoje gastam 9% menos energia. As emissões de gases estufa caíram 11% — o equivalente ao plantio de 7 milhões de árvores por ano. Nesses últimos dez anos, o único indicador que não avançou foi o de con-
sumo de água. De 2002 a 2011, o uso desse insumo cresceu 8%. Mas a Braskem quer corrigir a falha, baixando o consumo a um nível inferior ao de 2002. Para isso, está estocando água de chuva para usar na fábrica de Camaçari, na Bahia. A iniciativa aumentará 12% o índice de reúso de água pela Braskem. A empresa faz parte também de um projeto de reaproveitamento de água que está sendo implantado no Polo Petroquímico do ABC, na Grande São Paulo. A ideia é transformar o esgoto da região em água para ser usada na geração de energia, no resfriamento de equipamentos e em outras aplicações industriais. “Queremos reutilizar essa água de duas a três vezes em nossa fábrica no Polo Petroquímico”, diz Carlos Fadigas, presidente da Braskem.
sobre a empresa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012
• SETor Químico e petroquímico
• rEcEITA LíqUIDA EM 2011 18,7 bilhões de reais
• fUNcIoNárIoS 4 989
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* compromisso com a sustentabilidade
9,6
BrASkEM
investimentos sociais
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Assume compromissos voluntários relacionados à sustentabilidade e divulga relatório com as metas e os resultados alcançados • Tem programa de educação que aborda o tema da sustentabilidade, voltado para funcionários, clientes, fornecedores e comunidade em geral
10 9,7
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,6
• Os investimentos sociais realizados pela empresa têm verba definida em orçamento anual, gerida de acordo com critérios preestabelecidos • Promove iniciativas de desenvolvimento sustentável na comunidade do entorno, levando em conta os interesses e as peculiaridades locais
a braskem em números
151
milhões de reais foram investidos em projetos de desenvolvimento sustentável em 2011
88%
de redução de acidentes em dez anos. O índice da empresa é um décimo da média do setor químico
2,7
quilos por tonelada de resíduos gerados nas 18 fábricas, o que representa um terço da média do setor
20%
da água consumida pela empresa em 2011, ou cerca de 13,5 bilhões de litros, foi obtida mediante reúso
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
126/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
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Germano Lüders
Carlos Fadigas, presidente da Braskem: aposta em projeto de tratamento de esgoto para obter água que será usada no resfriamento de equipamentos
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Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
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⁄bunge
empresa-modelo
A energiA do cAmpo
A Bunge diminui suas emissões de gases de efeito estufa, aumenta a produção de energia renovável e investe na capacitação dos fornecedores agrícolas / Lia VaSConCeLoS
com 150 fábricas, usinas e centros
de distribuição espalhados por 19 estados, a Bunge — maior empresa de agronegócios do país — fez um grande avanço na área ambiental em 2011: diminuiu suas emissões de gases de efeito estufa em 20% em relação ao ano anterior. Isso foi possível com a substituição de combustíveis fósseis por biomassa — bagaço de cana, casca de arroz e resíduos de madeira, por exemplo — no aquecimento das caldeiras de seus processos industriais, como para a extração de óleo. O uso mais intenso de biomassa ajudou a empresa a aumentar a participação da energia renovável de 91% do total consumido em 2010 para 93% em 2011. Aproveitando a energia elétrica produzida pela queima do bagaço de cana,
a Bunge gera hoje 78% de suas necessidades. A meta é tornar-se autossuficiente até 2014. “Queremos produzir cada vez mais, mas sem degradar o ambiente e os recursos naturais”, diz Pedro Parente, presidente da Bunge. Para alcançar esse objetivo, um dos pontos mais críticos é a produção no campo, uma vez que a empresa não tem controle total sobre as práticas de seus fornecedores. Para conscientizar os agricultores sobre a produção sustentável, a Bunge tem investido na capacitação — promoveu 60 cursos ao longo do ano — e reforçado a vigilância. Em 2011, de um universo de 16 600 produtores com os quais faz negócios, a Bunge suspendeu os contratos de compra de 222 que descumpriram a legislação ambiental ou trabalhista.
sobre A empresA • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 29,3 bilhões de reais
• SETor Agronegócio
• fUNcIoNárIoS 21 066
desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* indiCadoreS amBienTaiS
9,7
BUNGE
CLienTeS e ConSumidoreS
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7,1
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Mais de 80% da produção da empresa é oriunda de processos cobertos por sistemas certificados de gestão de saúde e segurança do trabalho • Possui um programa de gerenciamento e minimização do impacto ambiental pós-consumo de todos os seus produtos
10 10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7,9
• Estimula o uso do canal de atendimento aos consumidores, estabelece prazos de resposta e monitora seu cumprimento • Garante aos clientes e aos fornecedores que não utilizará suas informações com terceiros sem antes buscar o seu consentimento
A bunge em números
571000 300
toneladas de CO
2
deixaram de ser emitidas com a substituição de combustível fóssil por biomassa
toneladas
de óleo foram coletadas em 2011 e transformadas em biodiesel e sabão
8000 20%
produtores
foram capacitados no ano passado em cursos de boas práticas rurais
de redução
de emissões de gases estufa na produção de alimentos em 2011 em relação a 2010
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
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Lamb TayLor
Pedro Parente, presidente da Bunge: com o uso crescente de biomassa, a meta da empresa é tornar-se autossuficiente na geração de energia até 2014
129
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⁄cpfl
empresa-modelo
água, vento, sol...
De olho no crescimento da demanda, a CPFL investe na diversificação de suas fontes de energia. Uma das principais apostas é na expansão do parque eólico / érica polo
até 2021, o consumo
de eletricidade no Brasil deve crescer quase 5% ao ano, segundo projeção da Empresa de Pesquisa Energética, estatal que realiza o planejamento do setor. A CPFL Energia, grupo de 36 empresas que atuam na geração, distribuição e comercialização de energia, atendendo 18 milhões de pessoas, é uma das companhias dispostas a captar esse aumento da demanda. “Sabemos que, para atingir nossos objetivos, teremos de manter o foco nas questões ligadas à sustentabilidade”, diz Wilson Ferreira Jr., presidente da CPFL Energia. Em 2007, a empresa incorporou práticas sustentáveis à sua estratégia de negócios. Após essa decisão, a CPFL começou a diversificar as fontes de energia, com a
incorporação de seis usinas de biomassa de bagaço de cana e 15 parques eólicos. Hoje, 95% da energia gerada vem de fontes renováveis, principalmente de hidrelétricas. A empresa está investindo mais de 2,6 bilhões de reais neste ano em energias renováveis, sobretudo em eólicas. Em novembro, a CPFL abriu uma nova frente com a instalação de sua primeira usina de energia solar. “Quanto antes testarmos essa nova alternativa, mais competitivos seremos”, diz Ferreira Jr. Nos últimos anos, a empresa trocou sua frota de automóveis a gasolina por veículos movidos a etanol e passou a enviar as contas dos clientes por e-mail. Mas é nas atividades de maior impacto ambiental que tem se destacado. E é nelas que deverá continuar avançando.
sobre a empresa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 13,1 bilhões de reais
• SETor Energia
• fUNcIoNárIoS 7 913
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* governança
8,6
cPfL
responsabilidade ambiental
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,3
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Possui auditoria interna, que se reporta diretamente ao conselho de administração • Possui regras por escrito sobre transações em que haja conflito de interesses. Essas regras proíbem empréstimos para o controlador e para outras partes relacionadas
8
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
5,4
• A política de responsabilidade ambiental contempla o uso sustentável de recursos naturais e de insumos, com foco na redução da emissão de resíduos • Possui programa especíðco para reduzir a emissão de gases de efeito estufa de suas atividades e atingiu as metas assumidas no último ano
a cpfl em números
15
parques eólicos atualmente em operação, com capacidade de 556 megawatts
3522
megawatts
será a produção de energia eólica nos próximos anos com os projetos em andamento
32
milhões de reais foram investidos no ano passado em pesquisa e desenvolvimento
14
milhões de reais foram gastos na implantação da primeira usina solar da empresa, em Campinas (SP)
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
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Lamb TayLor
Wilson Ferreira Jr., presidente da CPFL Energia: 95% da energia produzida pelas empresas do grupo vem de fontes renovรกveis
131
Novembro 2012/GUIA EXAME โ ข SUSTENTABILIDADE/
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⁄dow
empresa-modelo
ideias que vingam
Em parceria com outras empresas e instituições, a Dow busca soluções sustentáveis para poupar recursos naturais e gerar novos negócios / cynthia almeida rosa
o argentino
Pedro Suarez, presidente da Dow para a América Latina, leva a sério o ditado segundo o qual várias cabeças pensam melhor do que uma. “Descobrimos algo simples: sozinho é meio complicado fazer as coisas”, diz Suarez. Com base nessa constatação, a Dow, uma das maiores empresas químicas do mundo, decidiu fazer parcerias para encontrar meios de poupar recursos do planeta — e ganhar dinheiro com isso. Um dos resultados dessa estratégia poderá ser visto no primeiro semestre de 2013, quando a maior fábrica da Dow no Brasil, em Aratu, na Bahia, passará a usar uma nova fonte de energia: o vapor produzido pela combustão da biomassa de eucalipto de reflorestamento próprio. A usina será operada pela empresa
Energias Renováveis do Brasil. A fábrica de Aratu funciona hoje com gás natural e tem consumo de energia equivalente ao de todo o estado de Sergipe. A substituição do gás natural pela biomassa, um investimento de 265 milhões de reais, permitirá à Dow diminuir em 40% os gastos com energia na fábrica. Outro projeto que a Dow está desenvolvendo com outras instituições, entre elas a Universidade de São Paulo, é a criação de uma tecnologia voltada para a recuperação de pastagens degradadas no norte do país. O objetivo é melhorar a qualidade do pasto e aumentar 50% o número de cabeças de gado por hectare. Se a Dow e suas parceiras tiverem sucesso, a redução dos desmatamentos provocados pela pecuária poderá ser de grandes proporções.
sobre a empresa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012
• SETor Química e petroquímica
• rEcEITA LíqUIDA EM 2011 2,6 bilhões de reais
• fUNcIoNárIoS 2 529
desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* clientes e consumidores
compromisso com a sustentabilidade
9
Dow
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7,9
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• O canal de atendimento dos clientes resolve plenamente mais de 80% das reclamações recebidas • A política corporativa que regula a utilização de instrumentos de marketing impede a veiculação de informação sobre produtos que desrespeitem os valores ambientais
9,410
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7
• Assumiu compromissos voluntários relacionados à sustentabilidade e divulga relatório com as metas e os resultados alcançados • Tem programa de educação que aborda o tema da sustentabilidade, voltado para funcionários, clientes, fornecedores e comunidade em geral
a dow em números
95%
das metas
de sustentabilidade traçadas pela empresa entre 1995 e 2005 foram cumpridas
55%
dos funcionários têm hoje metas formais de sustentabilidade. Até 2015, serão 100%
70%
dos contratos com fornecedores incluem cláusulas referentes a direitos humanos
4%
dos produtos vendidos têm algum diferencial sustentável em 2011. A meta é atingir 10% em 2015
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
132/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
EMPRESA MODELO-DOW.indd 132
11/14/12 3:14:24 PM
Fabiano accorsi
Pedro Suarez, presidente da Dow: troca de gás natural por biomassa na maior fábrica no país diminuirá em 40% os gastos com energia
133
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-DOW.indd 133
11/14/12 3:14:25 PM
⁄ecorodoviAs
empresa-modelo
AsfAlto ecológico
A EcoRodovias aproveita pneus velhos para melhorar a qualidade das estradas que estão sob sua concessão. Bom para os motoristas, melhor ainda para a natureza / simone tobias
a ecorodovias,
um dos maiores grupos de logística do país, controla cinco concessões rodoviárias. Elas somam mais de 1 450 quilômetros de estradas, entre elas o sistema Anchieta-Imigrantes e o corredor Ayrton Senna-Carvalho Pinto, no estado de São Paulo. A maioria dos motoristas que trafegam por suas estradas, classificadas entre as melhores do Brasil, não imagina que o asfalto à sua frente tem uma característica que o torna ambientalmente correto: contém pó de borracha, obtido da trituração de pneus velhos. Cerca de 70% das vias administradas pela EcoRodovias têm esse material, que aumenta a aderência dos pneus e reduz o risco de derrapagens. Somente no sistema Anchieta-Imigrantes, o asfalto-borracha permitiu
o reúso de 400 000 pneus que seriam descartados na natureza. Esse é apenas um exemplo das iniciativas da EcoRodovias para reduzir o impacto de seu negócio. Todas as estradas sob sua concessão têm as certificações ISO 9001 (qualidade), ISO 14001 (meio ambiente) e OHSAS 18001 (saúde e segurança). “Nossa meta é ser reconhecida como uma companhia socialmente responsável”, diz Marcelino Rafart de Seras, presidente da EcoRodovias. Um dos pontos que a EcoRodovias sabe que precisa melhorar é a infraestrutura das rodovias, especialmente nos acessos às cidades, onde são comuns os congestionamentos. “Estamos negociando com os governos municipais e estaduais para desenvolver soluções de mobilidade e eliminar esses gargalos.”
sobre A empresA • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 1,9 bilhão de reais
• SETor Serviços
• fUNcIoNárIoS 4 061
desempenho veja dois pontos fortes da empresa* consistência dos compromissos EcoroDovIAS
investimentos sociais
9,6
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,6
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Possui um comitê de sustentabilidade formalmente estabelecido que se reporta ao conselho de administração • Possui um documento que assegura a aplicação da política de sustentabilidade em todas as unidades e controladas da empresa
9 10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,6
• Promove iniciativas de desenvolvimento sustentável nas comunidades do entorno • Os investimentos sociais são precedidos de estudos e consultas às comunidades afetadas pelas iniciativas, com o objetivo de identificar suas principais necessidades
A ecorodoviAs em números
1,6
milhão de reais foram investidos em 2011 em programas de gestão ambiental
1750
toneladas de CO2 foram compensadas com o plantio de mudas ao longo das rodovias
130000 85%
horas
foram dedicadas a treinamento, palestras e cursos de capacitação dos funcionários em 2011
dos usuários
fizeram avaliação positiva das estradas administradas pela EcoRodovias em 2011
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
134/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
EMPRESA MODELO-ECORODOVIAS.indd 134
11/14/12 5:47:29 PM
Lamb TayLor
Marcelino Rafart de Seras, presidente da EcoRodovias: o desafio é melhorar a infraestrutura para eliminar os gargalos nos acessos às cidades
135
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-ECORODOVIAS.indd 135
11/14/12 5:47:31 PM
⁄elektro
empresa-modelo
da terra para o ar
A distribuidora de energia Elektro adota a inspeção aérea para detectar falhas na rede. O novo sistema aumenta a produtividade e gera ganhos ambientais / Lia VaSConCeLoS
para fornecer
energia elétrica a seus 5,5 milhões de clientes, a distribuidora Elektro tem uma rede de 107 000 quilômetros de cabos — o suficiente para dar duas voltas e meia na Terra. Cerca de 80% dos cabos estão em áreas de preservação ambiental, o que dificulta as inspeções necessárias para evitar problemas no fornecimento de energia. Até há pouco tempo, técnicos da Elektro precisavam abrir trilhas nos locais de difícil acesso, o que exigia, muitas vezes, a derrubada de árvores. Para reduzir o impacto ambiental, a Elektro começou neste ano a realizar inspeções com um helicóptero, que leva equipamentos de filmagem e de termovisão — que detectam o aquecimento na rede, permitindo a manutenção preventi-
va. Além do ganho ambiental, o helicóptero elevou a produtividade. Se um técnico percorria 7 quilômetros a pé por dia, o helicóptero permite a inspeção de até 90 quilômetros diários. Outro exemplo de cuidado com o meio ambiente é o traçado das linhas. Entre as cidades paulistas de Iguape e Pariquera-Açu, por exemplo, um terço das torres de transmissão teve seu traçado alterado para reduzir a faixa de servidão — a área que deve ficar livre para a passagem das linhas. Com isso, deixaram de ser cortados, só nesse trecho, 220 000 metros quadrados de vegetação, ou 25 campos de futebol. “Reduzir o impacto de nosso negócio é uma de nossas preocupações”, diz Márcio Fernandes, presidente da Elektro. “A sustentabilidade não é um clichê.”
sobre a empresa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 3,7 bilhões de reais
• SETor Energia
• fUNcIoNárIoS 3 879
desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* GeSTÃo de forneCedoreS ELEkTro
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
5,5
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Utiliza critérios sociais para selecionar e monitorar fornecedores. Esses critérios incluem a valorização da diversidade, o combate à discriminação e o incentivo à contratação de fornecedores locais • Os critérios de monitoramento dos fornecedores fazem parte de cláusulas contratuais
inVeSTimenToS SoCiaiS
10 9,7
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,6
• O investimento social é precedido de consultas às comunidades envolvidas para identificar as necessidades e fortalecer a organização comunitária • A verba do investimento social é deðnida em orçamento anual e gerida com transparência, conforme critérios preestabelecidos
a elektro em números
16
milhões de reais foram investidos no ano passado em projetos de eficiência energética
52
milhões de reais destinados em 2011 a iniciativas e programas de proteção ambiental
2 600
instalações
elétricas em casas foram trocadas para promover o uso seguro de energia elétrica
18
toneladas de resíduos sólidos coletadas desde novembro de 2011 no programa de reciclagem
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
136/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
EMPRESA MODELO-ELEKTRO.indd 136
11/14/12 3:16:31 PM
Fabiano accorsi
Márcio Fernandes, presidente da Elektro: “A sustentabilidade é um elemento crucial de nossa estratégia”
137
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-ELEKTRO.indd 137
11/14/12 3:16:33 PM
⁄embraco
empresa-modelo
lucros compartilhados Para disseminar as boas práticas, a Embraco analisa os processos de produção de seus fornecedores, propõe melhorias e divide os ganhos financeiros das inovações / mauríCio oLiveira
satisfeita com o grau
de sustentabilidade alcançado em suas operações, a Embraco, fabricante de compressores de refrigeradores, começou a disseminar suas práticas para além das paredes das próprias fábricas. Desde 2008, os mais de 400 fornecedores espalhados por 12 países passam por um processo de conscientização dos princípios defendidos pela Embraco nas áreas de gestão ambiental, reciclagem, reúso de materiais e relações trabalhistas. “Seguimos padrões e normas aceitos internacionalmente, e parceiros que queiram fazer negócios conosco têm de seguir as mesmas regras”, diz Roberto Campos, presidente da Embraco. Desde o ano passado, uma equipe de especialistas em áreas como qualidade e logística visita
os principais fornecedores, estuda os processos e propõe mudanças que possam contribuir para a sustentabilidade do negócio. O programa resultou em uma série de melhorias. Um fornecedor das embalagens dos compressores, feitas de madeira, diminuiu em 15% o uso de matéria-prima. Com isso, 150 000 árvores e 11 toneladas de pregos serão poupadas a cada ano. Outro caso é o de um fornecedor de borracha que descartava todos os resíduos em aterros sanitários. Com a ajuda da Embraco, desenvolveu uma forma de reaproveitar 90% do material, destinando-o à fabricação de grama sintética. “Os ganhos financeiros trazidos por essas inovações são divididos entre a Embraco e o fornecedor”, diz Campos. “É uma típica relação em que todos são beneficiados.”
sobre a empresa • Quando foi premiada • SETor Eletroeletrônico
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 Não informada
• fUNcIoNárIoS 10 400
desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* CompromiSSo Com a SuSTenTaBiLidade
9,8
EMBrAco
GeSTÃo de riSCoS
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7,0
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• O compromisso com o desenvolvimento sustentável é manifestado em documento público, com objetivos e metas de desempenho de longo prazo • Assume compromissos que vão além das exigências legais e publica relatório para prestação de contas
10 9,9
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,7
• Possui plano de contingência, com ações para evitar ou atenuar os efeitos negativos de desastres naturais, impactos ambientais e questões sociais • A política de gestão de riscos adota critérios socioambientais de curto, médio e longo prazo, monitorados periodicamente
a embraco em números
602000 11% carcaças
de compressores recolhidas em 2011 para reciclagem, 45% mais que em 2010
de redução
no consumo de água da empresa em 2011 em relação ao ano anterior
2000
funcionários, fornecedores e clientes participaram de atividades educativas em 2011
28000
pessoas
foram beneficiadas pelos investimentos sociais realizados em 2011
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
138/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
EMPRESA MODELO-EMBRACO.indd 138
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Raphael GuntheR
Roberto Campos, presidente da Embraco: os fornecedores devem seguir os mesmos padrões de sustentabilidade da empresa
139
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EMPRESA MODELO-EMBRACO.indd 139
11/14/12 3:17:38 PM
⁄Fibria
empresa-modelo
Fazendo mais com menos
O mau desempenho econômico, resultado da queda das exportações de celulose, não impediu a Fibria de obter avanços nas áreas ambiental e social / Zenaide pereS
o ano de 2011
não foi nada fácil para a Fibria, maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo. Apesar do aumento de 2,6% na produção de celulose, a queda da demanda na Europa e nos Estados Unidos e as oscilações do câmbio levaram a empresa a sofrer uma redução de 7% em sua receita líquida em relação ao ano anterior. O mau resultado econômico não impediu avanços em outras áreas. No campo ambiental, a empresa continuou reduzindo o consumo de água, um dos recursos mais críticos para a produção de celulose. Em 2011, gastou 22 500 litros de água para produzir cada tonelada de celulose — metade da média do setor. Hoje sua fábrica em Jacareí, no vale do Paraíba, é referência mundial no setor. “Ecoeficiência significa fazer
mais com menos, de forma equilibrada”, diz Marcelo Castelli, presidente da Fibria. Outro indicador que se destacou em 2011 foi o da geração de resíduos industriais. Do total de resíduos gerados, 68% são reaproveitados. Parte desse material vira adubo nas áreas de eucalipto, onde a Fibria desenvolve projetos de agrofloresta. A empresa seleciona moradores das comunidades vizinhas e os incentiva a plantar alimentos e a criar gado em meio aos eucaliptos. O programa capacita e gera renda para 10 000 famílias em sete estados. Em 2011, a Fibria investiu quase 26 milhões de reais em projetos de inclusão social de comunidades vizinhas, 52% mais do que no ano anterior. “Nosso objetivo é continuar cultivando esses relacionamentos”, diz Castelli.
sobre a empresa • Quando foi premiada • SETor Papel e celulose
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 3,8 bilhões de reais
• fUNcIoNárIoS 5 046
desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* GeSTÃo de riSCoS
9,6
fIBrIA
inVeSTimenToS SoCiaiS
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,7
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• A política de gestão de riscos considera critérios socioambientais de curto, médio e longo prazo, monitorados periodicamente • O plano de contingência prevê ações para evitar ou atenuar os efeitos negativos de desastres naturais e impactos ambientais
10 9,7
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,6
• O investimento social leva em conta critérios como a relevância para a comunidade e o potencial de autossuficiência dos projetos • A empresa avalia periodicamente seus projetos sociais por meio de indicadores e do monitoramento das metas alcançadas
a Fibria em números
150000 117
pessoas
foram beneficiadas por iniciativas socioambientais desenvolvidas pela empresa em 2011
milhões de reais
foram investidos em 2011 em processos para melhorar a ecoeficiência nas fábricas
455000 3500
reais em prêmios
foram distribuídos em 2011 aos funcionários por suas sugestões de melhoria dos processos
hectares
da Mata Atlântica começaram a ser recuperados pela empresa em 2011
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
140/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
EMPRESA MODELO-FIBRIA.indd 140
11/14/12 3:19:05 PM
Lamb TayLor
Marcelo Castelli, presidente da Fibria: a redução do consumo de água e da geração de resíduos coloca as fábricas do grupo entre as mais avançadas do mundo
141
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-FIBRIA.indd 141
11/14/12 3:19:07 PM
⁄fleury
empresa-modelo
falando a mesma língua Com forte expansão por meio da aquisição e incorporação de outras empresas, o grupo Fleury enfrenta o desafio de disseminar e harmonizar as boas práticas / zenaide peres
o grupo fleury,
uma das maiores empresas do setor de saúde do país, vem crescendo em ritmo acelerado. Em 86 anos de história, já comprou 26 empresas. A mais recente —e maior — aquisição foi a Labs Cardiolab, empresa de medicina diagnóstica com 500 médicos e 57 unidades de atendimento no Rio de Janeiro. O negócio, concretizado em 2011, custou 1,2 bilhão de reais. O grupo conta agora com uma rede de 1 000 médicos e 200 unidades em seis estados e no Distrito Federal. A rápida expansão traz um desafio: disseminar e harmonizar as boas práticas. Algumas das empresas adquiridas nos últimos anos não tinham o mesmo padrão de sustentabilidade de outras. “Para nos tornarmos um modelo nessa área, precisamos fortalecer
nossa atuação em todas as unidades”, diz Omar Hauache, presidente do Fleury. A ideia é disseminar as ações sociais e ambientais já testadas e aprovadas em São Paulo, onde fica a sede. Em 2010, 99 iniciativas sustentáveis foram difundidas no grupo. Em 2011, foram 155 ações — desde o descarte adequado de tubos de coleta de exames até o uso mais eficiente da luz natural para reduzir o consumo de energia e ações voluntárias para a comunidade. Os 9 000 funcionários têm um incentivo extra para se engajar nesses projetos: 10% do bônus de participação nos lucros depende do desempenho nas áreas de inovação e sustentabilidade. Segundo Hauache, o engajamento é crucial. “Nenhuma empresa é eficaz se não tiver os funcionários como aliados.”
sobre a empresa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 1 bilhão de reais
• SETor Serviços
• fUNcIoNárIoS 9 000
desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* transparência fLEUry
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
4,9
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• O relatório de sustentabilidade presta conta das metas assumidas e é auditado por uma instituição independente • O relatório incorpora as manifestações do público estratégico e apresenta a remuneração de diretores e conselheiros
clientes e consumidores
9 10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7,9
• A política corporativa regula o uso de instrumentos de marketing de seus produtos e serviços, incorporando preceitos éticos e de respeito ao consumidor • O canal de atendimento dos clientes resolve plenamente mais de 80% das reclamações recebidas
o fleury em números
230
auditorias
foram realizadas em 2011 nos processos da empresa para melhoria de qualidade
133
sugestões
de empresas fornecedoras para a melhoria dos processos foram implantadas em 2011
40%
de redução
nos resíduos plásticos gerados pelo descarte de material de coleta de exames em 2011
80%
dos funcionários participaram de curso sobre sustentabilidade pela internet em 2011
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
142/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
EMPRESA MODELO-FLEURY.indd 142
11/14/12 3:20:57 PM
Lamb TayLor
Omar Hauache, presidente do grupo Fleury: 155 ações sociais e ambientais foram implantadas ao longo de 2011
143
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-FLEURY.indd 143
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⁄itaÚ unibanco
empresa-modelo
para ficar no azul
O banco Itaú amplia as ações de educação financeira e aposta nas mídias sociais para ajudar os clientes a tomar decisões conscientes sobre crédito e investimento / daniela roCha
nos últimos anos,
o crescimento econômico do país e o aumento da renda da população ajudaram a ampliar o acesso dos brasileiros aos serviços bancários. Essa nova realidade tem, contudo, um lado perverso: o aumento da inadimplência, sobretudo entre os que não estavam acostumados a lidar com financiamentos. Para o Itaú Unibanco, que tem 40 milhões de clientes, uma forma de ter uma atitude responsável nessa questão é investir na educação financeira. “Procuramos mostrar ao cliente o que melhor vai lhe servir, evitando que ele se endivide demais”, afirma Roberto Setubal, presidente do Itaú. Em 2011, o banco investiu em mídias sociais para levar informação sobre planejamento financeiro e crédito consciente aos clientes.
O investimento deu frutos: o Itaú Unibanco já é o maior banco do mundo no Facebook, com 2,7 milhões de “fãs”. Uma área em que os bancos têm um papel crucial é a da análise socioambiental dos pedidos de crédito de empresas. Ou seja, antes de liberar os empréstimos, além de checar as condições da companhia de pagar o valor solicitado, os bancos podem avaliar os potenciais danos ambientais da empresa. O Itaú diz levar essas questões em conta. Em 2011, 3 397 pequenas e médias empresas foram aprovadas na análise de risco socioambiental. Outras 123 tiveram o crédito negado e 17 reviram suas práticas para conseguir os empréstimos. Entre os grandes clientes, nenhum projeto foi barrado pelo crivo socioambiental em 2011.
sobre a empresa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 56 bilhões de reais
• SETor Finanças
• fUNcIoNárIoS 121 917
Desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* GeSTÃo de forneCedoreS ITAú UNIBANco
9,0
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
5,5
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
inVeSTimenToS SoCiaiS
10 10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,6
• Adota critérios sociais para seleção de fornecedores. • O investimento social é ðnanciado com mecanismos Esse processo atinge os fornecedores responsáveis de geração de receita ou com a definição de um por mais de 90% do volume de negócios do banco percentual fixo sobre o faturamento, para assegurar a continuidade dos projetos no longo prazo • Procura engajar os fornecedores no uso eficiente de recursos naturais e no descarte • Os investimentos sociais são avaliados adequado de resíduos periodicamente por meio de indicadores e metas
o itaÚ unibanco em nÚmeros
294
milhões de reais
foi o total de investimentos em projetos sociais e culturais realizados em 2011
6000 8%
operações
de microcrédito realizadas em 2011, aumento de 41% em relação ao ano anterior
de redução
na conta de água e 4% na de energia na rede de agências em 2011 em relação a 2010
600000
clientes
optaram por receber extratos e faturas digitais em vez dos documentos impressos
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
144/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
EMPRESA MODELO-ITAU.indd 144
11/14/12 6:01:39 PM
Germano Luders
Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco: 2,7 milhões de fãs no Facebook, o maior número no mundo entre bancos
145
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
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⁄kimberly-clark
empresa-modelo
embalagens verdes
A Kimberly-Clark passa a usar plástico renovável para acondicionar a linha de papel higiênico Neve e persegue a meta de ter 60% de produtos com características sustentáveis / Simone ToBiaS
um dos desafios da americana Kimberly-Clark, fabricante de artigos de higiene pessoal, é ampliar sua linha de produtos sustentáveis — aqueles que possuem características como uso de matérias-primas renováveis, menor consumo de água e energia e redução da emissão de gases de efeito estufa. Atualmente, 53% dos produtos da unidade brasileira apresentam alguma dessas características e a meta é chegar a 60% até 2015. Uma das estratégias para alcançar esse objetivo foi colocada em prática em fevereiro deste ano, quando a embalagem da linha de papel higiênico Neve Compacto, um dos carros-chefes da empresa, passou a usar 60% de polietileno de fonte renovável. O polietileno, obtido do etanol de cana-de-açúcar,
é fornecido pela Braskem, uma das empresas premiadas nesta edição do GUIA EXAME de SUSTENTABILIDADE. “Vamos, cada vez mais, utilizar matérias-primas de fontes renováveis ou recicláveis, que sejam biodegradáveis e de baixo impacto no pós-consumo”, diz João Damato, presidente da Kimberly-Clark. O uso de embalagens verdes dá sequência a outra iniciativa da empresa, a compactação dos rolos de papel higiênico, para que ocupem menos espaço nos caminhões e nas gôndolas dos supermercados. Com isso, é possível transportar 18% mais produtos por veículo, reduzindo os gastos com combustível. Esse foi um dos fatores para a empresa ter reduzido suas emissões em 2011 — queda de 4,5% em relação a 2010.
sobre a empresa • Quando foi premiada • SETor Bens de consumo
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 1,9 bilhão de reais
• fUNcIoNárIoS 3303
desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* uSo de reCurSoS naTuraiS KIMBErLY-cLArK
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,7
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Possui programas e indicadores especíðcos para monitorar o consumo de água, energia elétrica, papel e combustíveis fósseis • Monitora o consumo de madeira e de recursos minerais com indicadores especíðcos e tem metas de redução
indiCadoreS amBienTaiS
9,310
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7,1
• Mais de 80% da produção é oriunda de processos cobertos por sistemas de gestão ambiental monitorados por empresa certiðcadora • Monitora seus eóuentes, que são lançados conforme a legislação que regula o tema. Nos últimos 24 meses, reduziu o volume de poluentes despejados nos rios
a kimberly-clark em números
1,5%
de redução
no consumo de energia em 2011, mesmo com o aumento da produção
300
toneladas
de lodo resultante do processo industrial foi usado na geração de energia
2,5
milhões de reais foi a receita obtida no ano passado com a venda de refugos industriais
31000
quilômetros
de viagens poupados em 2011 com a escolha de fornecedores mais próximos
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
146/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
EMPRESA MODELO-KIMBERLY-CLARK.indd 146
11/14/12 3:25:07 PM
Fabiano accorsi
João Damato, presidente da Kimberly-Clark: a compactação de produtos reduziu os gastos com combustível e as emissões
147
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-KIMBERLY-CLARK.indd 147
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⁄maSISa
empresa-modelo
Façam o que eu Faço
A Masisa reduz o uso de uma substância tóxica na fabricação de painéis de madeira, recebe certificação verde e espera ser seguida pela concorrência / célio yano
desde outubro,
o marceneiro que compra um painel de madeira no Brasil pode verificar se o produto emite formaldeído — substância tóxica que pode causar câncer — em nível seguro ou não. A informação vem no Rótulo Ecológico, certificação da Associação Brasileira de Normas Técnicas. A chilena Masisa, que detém 12% do mercado de painéis de madeira no Brasil, é a primeira e, por enquanto, a única empresa do setor a receber esse selo. Com ponente básico da resina usada na fabricação de painéis, o formaldeído é emitido continuamente, como gás, enquanto a chapa não é totalmente revestida. Ele pode intoxicar os empregados da fabricante, o marceneiro que trabalha com o material e até o consumidor final de móveis. No Brasil, a
concentração da substância não pode ultrapassar 30 miligra mas por 100 gramas do produto final. Para receber o selo verde da ABNT, a Masisa foi além: limitou o nível do formal deído a 8 miligramas por 100 gramas do produto, dentro do padrão mais rigoroso da norma europeia. “Adequarnos à norma europeia significa menos lucro, uma vez que precisa mos usar uma resina mais cara e adotar cuidados para prote ger os funcionários”, diz Marise Barroso, presidente da Masi sa. Traduzindo em números, isso representa 8% menos no Ebitda — indicador que mede a capacidade de geração de caixa da empresa. Apesar disso, é uma medida necessária. “Demos o primeiro passo”, diz Marise. “Agora a sociedade pode exigir que outras empresas adotem o mesmo padrão.”
Sobre a empreSa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012
• SETor Indústria da construção
• rEcEITA LíqUIDA EM 2011 475 milhões de reais
• fUNcIoNárIoS 900
DeSempenho Veja dois pontos fortes da empresa* gestão de riscos
9,6
MASISA
relações de trabalho
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,7
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• A gestão de riscos considera critérios socioambientais de curto, médio e longo prazo e contempla aspectos financeiros e legais • O plano de contingência prevê ações para evitar ou atenuar efeitos negativos de crises de natureza ambiental, social e econômica
8,8
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,5
• Possui processos de ouvidoria para receber, responder e esclarecer dúvidas do público interno, assegurando a confidencialidade dos autores • Assegura a todos os funcionários o acesso a atividades de educação, capacitação e desenvolvimento de competências
a maSISa em númeroS
24
milhões de litros de água serão economizados até o fim de 2012 em comparação com 2011
89%
de redução nos resíduos descartados em aterros graças à melhoria nos processos de produção
60%
de redução
na emissão de CO2 na fábrica de Ponta Grossa, no Paraná, com o uso de biomassa
35000
marceneiros
serão capacitados até 2015 em cursos técnicos oferecidos em parceria com o Senai
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
148/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
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11/14/12 3:28:08 PM
Germano Luders
Marise Barroso, presidente da Masisa: reduzir o uso de substância tóxica na produção de madeira diminui o lucro, mas é uma medida necessária
149
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-MASISA.indd 149
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⁄naTURa
empresa-modelo
dois pés na amazônia
Interessada no potencial da região, a Natura cria um centro de inovação em Manaus e busca estreitar seu relacionamento com as comunidades de fornecedores / cynthia almeida rosa
maior fabricante
de cosméticos do Brasil, a Natura fincou um pé na Amazônia em 2000, quando lançou a linha de produtos Ekos, com ingredientes da região. Começou a colocar o outro pé em 2011, quando iniciou um plano para ampliar seus negócios na Amazônia, com investimentos previstos de 1 bilhão de reais até 2020. Em agosto deste ano, avançou em seu projeto ao instalar em Manaus o Núcleo de Inovação Natura Amazônia, que vai coordenar uma rede de 1 000 pesquisadores e nove universidades. A ideia é financiar e desenvolver pesquisas sobre temas como biodiversidade, agricultura e novos produtos. A empresa quer também fortalecer seu relacionamento com a cadeia de fornecedores. Hoje a Natura
compra ingredientes de 2 000 famílias da Amazônia, que suprem 11% da matéria-prima usada na produção. Até 2020 a meta é chegar a 12 000 famílias e 30% dos insumos. Para isso, a Natura procura identificar comunidades com potencial de geração de novos negócios e oferece apoio técnico. Não é favor algum, pois investir na Amazônia dá um ótimo retorno — a linha Ekos é responsável por cerca de 20% da receita da companhia. “Cada vez mais, as pessoas buscam produtos originais”, diz Alessandro Carlucci, presidente da Natura. Colocar a sustentabilidade no centro do negócio ajuda não apenas a conquistar uma boa imagem. “A melhor forma de mostrar que vale a pena investir em sustentabilidade é ter lucro”, diz Carlucci.
sobRe a empResa • Quando foi premiada
2000 /2001 /2002 /2003 /2004 /2005 / 2006/2007 /2008 /2009 /2010 /2011 /2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 5,7 bilhões de reais
• SETor Bens de consumo
• fUNcIoNárIoS 6 785
desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* transparência
10
NATUrA
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
4,9
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• O relatório de sustentabilidade incorpora manifestações das partes interessadas e presta conta das metas de melhorias nas áreas econômica, ambiental e social • O relatório de sustentabilidade é auditado sob todos os aspectos por uma instituição independente
investimentos sociais
10 9,7
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,6
• Os investimentos sociais são precedidos de consultas às comunidades afetadas para identificar quais são suas necessidades • A escolha dos projetos considera seu potencial de autossuficiência financeira e quanto podem ajudar na formulação de políticas públicas
a naTURa em númeRos
136
milhões de reais serão gerados em 2012 por meio de negócios ligados à Amazônia
15%
de aumento dos recursos para projetos sociais de comunidades de fornecedores em 2011
3
milhões de alunos de escolas públicas serão beneficiados em 2012 por projeto de estímulo à leitura
25%
de redução nas emissões de gases-estufa nos últimos cinco anos. A meta é atingir 33% em 2013
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
150/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
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Fabiano accorsi
Alessandro Carlucci, presidente da Natura: o plano é investir 1 bilhão de reais até 2020 para ampliar a presença na Amazônia
151
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-NATURA.indd 151
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⁄o boticário
empresa-modelo
Multiplicação do beM
O Grupo Boticário estimula todos os seus fornecedores, franqueados e consumidores a se engajar em iniciativas de sustentabilidade. A adesão, voluntária, é crescente / célio yano
o grupo boticário
— que controla a rede de franquias O Boticário e a empresa de cosméticos Eudora — busca disseminar as práticas sustentáveis entre seus públicos estratégicos. Desde 2005, o grupo orienta e avalia seus fornecedores em aspectos como responsabilidade empresarial, uso de recursos naturais e impactos nas mudanças climáticas. Os fornecedores respondem a um questionário no qual descrevem suas práticas. A adesão é voluntária, mas crescente. “A participação das empresas parceiras subiu de menos de 20% em 2005 para 95% em 2011. Isso mostra que nosso trabalho tem surtido efeito”, diz Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário. “Esse engajamento é importante porque conta pontos para a con-
tinuidade das parcerias.” O grupo incentiva as práticas sustentáveis também em sua rede de franquias, composta de 3 260 lojas — a maior do mundo em cosméticos. Desde 2010, todas as lojas contam com pontos de coleta de embalagens vazias para reciclagem. “Embora a participação do público ainda não seja significativa, garantimos a capacidade de recolher 100% do material que vai ao mercado”, diz Grynbaum. Para promover a consciência ambiental dos consumidores, o Boticário tem estimulado a compra de refis de produtos de uso contínuo, como cremes hidratantes e corporais. Segundo a empresa, os refis lançados em 2011 permitiram uma redução média de 62% no impacto ambiental e 23% nos preços em relação aos produtos tradicionais.
sobre a eMpresa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA EM 2011 5,5 bilhões de reais*
• SETor Serviços
• fUNcIoNárIoS 4 000
deseMpenho Veja dois pontos fortes da empresa** compromisso com a sustentabilidade
9,4
o BoTIcárIo
gestão de fornecedores
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Está comprometido com a sustentabilidade por meio de documento público que apresenta metas de desempenho socioambiental de longo prazo • Possui um programa de educação que aborda o tema da sustentabilidade, com recursos, cronograma, metas e responsabilidades definidas
7,1
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
5,5
• Usa critérios sociais para selecionar e monitorar fornecedores. Esses critérios incluem a não utilização de trabalho infantil, forçado ou compulsório, e a valorização da diversidade • Os critérios sociais de seleção são divulgados previamente e de forma transparente
o boticário eM núMeros
46%
de redução
no consumo de água foi obtida desde 2007 com iniciativas como o aumento do reúso
97%
dos resíduos gerados no desenvolvimento de produtos do grupo são reciclados
1300
projetos de proteção ao patrimônio natural do país foram apoiados pela empresa desde 1990
100%
das franquias, ou 3 260 lojas, participam do programa de coleta de embalagens vazias
* Receita bruta da rede de franquias / ** Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
152/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
EMPRESA MODELO-O BOTICARIO.indd 152
11/14/12 3:30:29 PM
Fabiano accorsi
Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticรกrio: prรกticas sustentรกveis contam pontos para as parcerias com fornecedores
153
Novembro 2012/GUIA EXAME โ ข SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-O BOTICARIO.indd 153
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⁄proMon
empresa-modelo
Questão de princípio Especializado em projetos e obras de infraestrutura, o Promon já recusou clientes que não se alinhavam com suas práticas ambientais / leandro Quintanilha
o grupo promon,
que elabora e executa projetos de infraestrutura em setores como petróleo e gás, mineração e metalurgia, tem como norma analisar o impacto ambiental das obras de forma abrangente, monitorando 45 indicadores — desde a eficiência energética até a reutilização de água e o tratamento de resíduos. A ideia é não apenas fazer o que determina a legislação, mas, se possível, ir além. “Cumprir a legislação é o mínimo. Queremos agregar novos conhecimentos e disseminá-los”, diz Luiz Fernando Rudge, presidente do grupo Promon. É o caso de vários projetos desenvolvidos para a Petrobras — sua principal cliente —, nos quais o índice de reaproveitamento de água chega a quase 90%. Ou de vários clientes
que, por sugestão do Promon, adotaram itens de construções sustentáveis, como telhas translúcidas para aproveitar melhor a luz natural, coleta de água da chuva para reúso e aquecimento solar de água. Em 2011, o Promon chegou a recusar um projeto por considerá-lo incompatível com suas práticas em relação ao meio ambiente. (Por confidencialidade, a empresa não revela o nome do cliente nem dá detalhes sobre o projeto, mas afirma que não foi a primeira vez que desistiu de um negócio por esse motivo.) Para reforçar a ênfase na questão ambiental, o grupo comprou no ano passado participações em empresas especializadas em serviços nessa área. “Elas terão um papel essencial em nossos projetos de grande porte”, diz Rudge.
sobre a eMpresa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012
• SETor Indústria da construção
• rEcEITA LíqUIDA EM 2011 928 milhões de reais
• fUNcIoNárIoS 1 700
deseMpenho Veja dois pontos fortes da empresa* consistência dos compromissos
10
ProMoN
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,6
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Possui uma diretoria que se reporta diretamente ao presidente e com atribuição de tratar questões relativas à sustentabilidade • A remuneração variável de todos os executivos está atrelada a metas de desempenho nas áreas ambiental, social e econômica
planejamento ambiental
9,510
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7
• Avalia de forma sistemática e periódica os aspectos e os impactos ambientais diretos e indiretos, potenciais e efetivos de suas atividades • Possui programas especíðcos para o gerenciamento de seu desempenho na área de saúde e segurança do trabalho
o proMon eM núMeros
2
milhões de reais investidos em programas de educação e cultura em 2011, 25% mais do que em 2010
2,5
milhões de reais foram os gastos realizados no ano passado na área de proteção ambiental
25%
dos funcionários, ou mais de 400 pessoas, participam de diversos projetos voluntariamente
173000
alunos
de escolas públicas são beneficiados atualmente por programas apoiados pelo Promon
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
154/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
EMPRESA MODELO-PROMON.indd 154
11/14/12 3:32:01 PM
Germano Lüders
Luiz Fernando Rudge, presidente do grupo Promon: itens como reúso de água da chuva e energia solar são rotina em suas obras
155
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-PROMON.indd 155
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⁄UnIleVeR
empresa-modelo
Saúde naS gôndolaS
Nos últimos anos, a Unilever diminuiu drasticamente a presença de sódio, açúcar, gordura trans e outros ingredientes nocivos em seus produtos alimentícios / livia deodato
todos os dias,
2 bilhões de pessoas usam um produto da Unilever em algum lugar do mundo. No Brasil, a empresa está presente em 46 milhões de casas — o país é o segundo maior mercado da companhia, atrás apenas dos Estados Unidos. Dona de marcas como Arisco e Kibon, a Unilever tem como meta reduzir a quantidade de nutrientes prejudiciais à saúde que ainda estão presentes em seus produtos. Desde 2003, a empresa retirou da linha de alimentos e bebidas mais de 3 milhões de quilos de sódio, 20 milhões de quilos de açúcar e 30 milhões de quilos de gordura trans. Outra iniciativa é a produção de um purificador de água que não consome energia elétrica. Lançado inicialmente na Índia, onde a qualidade da água é
uma questão mais crítica, o produto começou a ser vendido no Brasil neste ano. “A intenção é facilitar o acesso à água de boa qualidade”, diz Fernando Fernandez, presidente da operação brasileira da Unilever, que, só no ano passado, investiu 70 milhões de reais em projetos de proteção ambiental. Nos próximos anos, um dos maiores desafios é descobrir uma forma de os consumidores gastarem menos água quente — necessária para usar sabonetes, géis e xampus da marca —, a principal fonte de emissão de gases estufa da empresa. A Unilever ainda não sabe como conseguirá essa redução, mas Fernandez está otimista. “Com nosso ritmo de inovação na área sustentável, acredito que atingiremos todas as nossas metas antes do final da década.”
SobRe a empReSa • Quando foi premiada • SETor Bens de consumo
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 12,4 bilhões de reais
• fUNcIoNárIoS 13 500
deSempenho Veja dois pontos fortes da empresa* clientes e consumidores
9
UNILEvEr
gestão de riscos
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
7,9
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Tem procedimentos para assegurar o uso adequado e consentido de informações coletadas de clientes, fornecedores e parceiros • A política de marketing veda a veiculação de informação que induza o público a se comportar de forma prejudicial à saúde
10 9,9
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,7
• A gestão de riscos, inclusive os ambientais, considera os aspectos estratégico, operacional, financeiro, legal e de imagem • O plano de contingências prevê ações para evitar ou atenuar os efeitos negativos decorrentes de desastres naturais e impactos ambientais
a UnIleVeR em númeRoS
4,8
milhões de reais foram investidos em 2011 na capacitação de pequenas empresas fornecedoras
70
milhões de reais investidos em 2011 em proteção ambiental, 30% mais do que em 2010
297
caminhões deixaram de rodar nas estradas no ano passado graças à melhoria na logística
3
fábricas no Brasil, do total de nove, não despejam nenhum resíduo em aterros sanitários
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
156/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/Novembro 2012
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11/14/12 3:33:22 PM
GERMANO LUDERS
Fernando Fernandez, presidente da Unilever: uma das prioridades é reduzir a quantidade de nutrientes potencialmente prejudiciais à saúde na linha de alimentos e bebidas
157
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-UNILEVER.indd 157
11/14/12 3:33:24 PM
⁄whirlpool
empresa-modelo
economia doméstica
Diminuir o uso de água e energia nas fábricas não basta. Para a Whirlpool, o desafio é criar eletrodomésticos que beneficiem também o bolso do consumidor / raQuel grisotto
líder no setor
de eletrodomésticos no Brasil com as marcas Brastemp, Consul e Kitchen Aid, a Whirlpool decidiu encarar um desafio quando, há seis anos, elegeu a sustentabilidade como um de seus pilares estratégicos. “Diminuir o desperdício na nossa operação é apenas uma parte das preocupações”, diz Enrico Zito, presidente da divisão de eletrodomésticos da Whirlpool. “O sucesso de nossas ações só é completo se levarmos sustentabilidade também à casa do consumidor, com produtos que gastem menos água e energia.” A preocupação faz sentido. Afinal, eletrodomésticos como geladeira, freezer e ar-condicionado representam até 70% das despesas mensais de uma família com energia. Para reduzir essa conta, um dos objetivos é
desenvolver produtos mais eficientes. Um passo nessa direção foi dado na linha de refrigeradores. De todos os modelos lançados pela Whirlpool no mercado brasileiro, 83% são classificados na categoria A — a de menor consumo de energia. Um dos modelos, o Inverse Viva, lançado em 2011, tem 80% de componentes que podem ser reutilizados na fabricação de outros produtos. “Poucos eletrodomésticos no mundo têm essas características”, afirma Zito. Outra iniciativa é a troca dos gases HFC e HCFC, usados para refrigeração, por hidrocarbonetos (HC), menos nocivos à camada de ozônio. O fim do uso do HCFC será obrigatório no Brasil até 2040. “Às vezes, temos de estar à frente da lei para mostrar nosso compromisso com o meio ambiente”, diz Zito.
sobre a empresa • Quando foi premiada • SETor Eletroeletrônico
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 6 bilhões de reais
• fUNcIoNárIoS 17 992
desempenho Veja dois pontos fortes da empresa* consistência dos compromissos WhIrLPooL
9,8
gestão de fornecedores
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,6
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
• Possui um comitê de sustentabilidade formalmente estabelecido e que se reporta ao conselho de administração • A remuneração variável de todos os executivos está atrelada a metas de desempenho nas áreas ambiental, social e econômica
8,5
10
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
5,5
• Utiliza critérios sociais para selecionar e monitorar fornecedores. Esses critérios incluem a não utilização de trabalho infantil, forçado ou compulsório • Os fornecedores envolvidos no processo de monitoramento social respondem por mais de 90% do volume de negócios da empresa
a whirlpool em números
15%
dos bônus dos executivos dependem da execução de planos ligados a questões socioambientais
17%
de redução no uso de água, com medidas como a captação de chuva para testes das lavadoras
96%
dos resíduos gerados em 2011 foram aproveitados para a geração de energia elétrica
136
toneladas de isopor, papelão e plástico das embalagens foram coletadas para reciclagem
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
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Germano Lüders
Enrico Zito, presidente da unidade de eletrodomésticos da Whirlpool: uma das preocupações é desenvolver produtos que gastem menos água e energia elétrica
159
Novembro 2012/GUIA EXAME • SUSTENTABILIDADE/
EMPRESA MODELO-WHIRLPOOL.indd 159
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⁄saBiN
empresa-mOdelO ⁄//categoria PME ⁄//
é tudo pelo social
O Laboratório Sabin adota políticas voltadas para o bem-estar dos funcionários que são mais comuns em grandes companhias — e fatura alto com isso / vladimir brandão
O labOratóriO
Sabin, de Brasília, o maior do setor no Centro-Oeste, tem receita de empresa média — um pouco menos de 200 milhões de reais —, mas políticas de recursos humanos de grandes companhias. Todos os funcionários têm direito a participação nos resultados e apoio nos estudos. Fugindo do usual, a empresa cuida dos funcionários de forma mais incisiva. Com a ajuda de cursos de educação financeira, orienta-os, por exemplo, sobre o destino que darão aos salários, incentivando-os a poupar uma parte e a gastar com bom-senso. Uma parceria com a operadora de turismo CVC permite que os funcionários se planejem com antecedência e comprem pacotes parcelados, que são descontados do salário. “Era comum os funcioná-
rios venderem as férias ou desfrutá-las e depois voltarem endividados. Queremos que todos se planejem e descansem”, diz Janete Vaz, que, junto com Sandra Costa, é uma das sócias do Laboratório Sabin. Segundo Janete, o bemestar das pessoas tem gerado mais comprometimento e produtividade. A rotatividade anual, que era de 28% em 2005, caiu para 5%. Nos últimos 12 anos, o Laboratório Sabin foi alvo de apenas três processos trabalhistas, todos decididos em favor da empresa. “Cuidamos dos funcionários para que eles cuidem do negócio”, diz. A notável expansão da empresa é sinal de que a estratégia tem dado certo. Neste ano, o Sabin abriu 40 novas unidades e agora tem 107, no Distrito Federal e em seis estados.
soBre a empresa • Quando foi premiada
2000 / 2001 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012 • rEcEITA LíqUIDA EM 2011 189 milhões de reais
• SETor Serviços
• fUNcIoNárIoS 1600
desempeNho Veja dois pontos fortes da empresa* governança
8,7
SABIN
relações de trabalho
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,3
MéDIA Por qUE SE DESTAcoU
10 9,7
0 |||||||||1 |||||||||2 |||||||||3 |||||||||4 |||||||||5 |||||||||6 |||||||||7 |||||||||8 |||||||||9 |||||||||1 0
6,5
• O planejamento e a gestão consideram as demandas • A participação de mulheres nos quadros da empresa de outras partes interessadas, além das dos sócios é superior a 40% em cargos de diretoria e de gerência • Possui regras claras e por escrito sobre transações • Assegura igualdade de tratamento e de condições em que possa haver conflito de interesses. a funcionários e terceirizados, incluindo a equidade Essas regras proíbem empréstimos ao controlador na remuneração para os que exercem funções similares e a outras partes interessadas e nas oportunidades de treinamento e desenvolvimento
o saBiN em Números
5%
de rotatividade de funcionários em 2011. Em 2005, o índice de troca de profissionais chegava a 28%
3
é o total de processos trabalhistas sofridos pela empresa entre 2000 e 2011
131000 15%
pessoas
foram beneficiadas em 2011 por ações sociais promovidas pelo Instituto Sabin
de economia
de combustível em 2011 com a frota, que roda 95 000 quilômetros por mês
* Itens nos quais a empresa superou a média do universo pesquisado
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Cristiano Mariz
Janete Vaz, sócia do Sabin: educação financeira e orientação aos funcionários para que tirem férias e não voltem endividados
161
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⁄
Frederic Soltan/corbiS/latinStock
IMAGEM habitação
Multidão em favelas Há um século, o mundo tinha 20 cidades com mais de 1 milhão de habitantes. Hoje são quase 500 cidades com essa população — mais de 100 somente na China. Pouco mais da metade da população mundial vive hoje em cidades. O rápido crescimento urbano, porém, não foi acompanhado pela adequada oferta de infraestrutura de habitação e saneamento. O resultado é a multiplicação de favelas. Atualmente, estima-se que existam cerca de 200 000 aglomerados urbanos no mundo que podem ser classificados como favelas. Algumas, como Dharavi (foto), em Mumbai, na Índia, parecem verdadeiras cidades — é uma das maiores favelas do mundo, com mais de 1 milhão de moradores. Apesar dos avanços nos últimos anos no combate à pobreza, quase um terço dos habitantes das cidades em todo o mundo vive em condições precárias, ou 1 bilhão de pessoas. A situação mais crítica é na África, onde 70% dos moradores urbanos vivem em favelas.
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