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Exposição

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URGÊNCIAS

URGÊNCIAS

Elementos 2023

Suprarreciclar (Upcycling Art) e RessignificarArte Sustentável

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Como a arte pode nos sensibilizar para a necessidade atual de revisão de postura do ser humano para transformar nosso convívio com o planeta? A Exposição

ELEMENTOS 2023 – Suprarreciclar (Upcycling Art) e Ressignificar – Arte Sustentável traz obras de artistas visuais brasileiros, que estão envolvidos com este repensar em seu fazer artístico. Obras concebidas a partir da inserção e reúso de cinco elementos descartados na natureza: madeira, metal, papel, plástico e resíduos têxteis, escolhidos pelo grande volume encontrado deles nos aterros sanitários e por serem depositados inadequadamente na natureza, poluindo rios e mares. O propósito é apresentar, ao visitante, expressões e diversas narrativas de uma arte responsável e comprometida com a mudança de visão antropocena, sendo reflexiva para os problemas ambientais do lixo, da mudança climática, das desigualdades sociais, temas que estiveram em pauta na recente Conferência do Clima, a COP-27.

Estimular a percepção, de que é possível praticar este novo fazer artístico, com o objetivo de renovar o olhar sobre a arte contemporânea, acaba por ser também uma forma de sanar, ainda que em muito pequena proporção, o sentimento de impotência diante da escala do problema ambiental que vivemos nos dias atuais. Uma tentativa urgente de reeducação estética com a difusão do upcycling art pode emergir aqui: de que é possível ampliar o escopo deste debate também através de uma nova experiência com a arte. De uma arte responsável, de voz ativa para os problemas ambientais, pensando em maior conservação e sustentabilidade do espaço urbano de nossa cidade.

Repensar o modo de produzir arte a partir do reúso de materiais certamente é uma forma de “abrirmos nossos paraquedas coloridos da cosmovisão”, conforme incentiva o ativista indígena do povo crenaque, Ailton Alves Lacerda Krenak, da cidade Itabirinha, região do médio Rio Doce, Minas Gerais, em seu livro, “Idéias Para Adiar o Fim do Mundo”, fio condutor da Elementos 2023.

Um desejo latente surge nesta proposta de Exposição, de expandir a subjetividade, a visão crítica e a conscientização, a partir da narrativa de diferentes sujeitos, por meio de suas obras, com o intuito de estimular a reflexão sobre a exaustão eminente dos recursos, que garantem a qualidade de vida em nosso cotidiano. Com proposição alinhada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 12 e 13 (Consumo e produção responsáveis e Ação contra a mudança global do clima), da agenda mundial, adotada em 2015 pelas Nações Unidas, percebe-se nas obras da Exposição uma sucinta provocação à reflexão de que há sim a possibilidade de reintroduzir, na cadeia produtiva, estes elementos, com a ressignificação dos materiais, que provavelmente iriam para um aterro sanitário. Se um novo caminho vai exigir mais imaginação, negociação, transformação e solução de conflitos, a arte é certamente uma oportunidade de assumirmos nossa fragilidade e buscarmos a mudança.

O projeto da Elementos 2023 foi concebido durante a pandemia de Covid-19, quando o planeta parou e nos colocou mais próximos da percepção do quanto somos dependentes uns dos outros e do que estamos fazendo com as formas vivas que coabitam este planeta. O antigo normal estava fora do controle e o planeta, em sua conceituação como Gaia, na teoria idealizada por James Lovelock, se renova sempre e pode nos expulsar para seguir sua viagem, com formas de vida mais adaptadas e resistentes. Busquemos, então, retomar a fruição de vida, um viver com propósito como cidadãos, mantendo nossas poéticas sobre a existência. Adiemos, portanto, o fim.

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