Carta aos formandos 2019 Meus queridos ex-alunos e futuros Arquitetos-Urbanistas,
Passamos cinco anos juntos, quase que diariamente, quase também, aos moldes de uma grande família, com percalços, intrigas, brigas, discussões, choros e alegrias. Mas, uma coisa nos uniu em torno desse amontado de gentes diferentes, convivendo quatro horas por noite entre quatro paredes de uma sala de aula: A cidade e sua arquitetura.
Ela foi desde o início o mote pelo qual nos movemos por esses corredores do ensino da Arquitetura e do Urbanismo. Por ela, criamos arquiteturas diversas, jardins, parques, novas paisagens urbanas e debates acerca de sua existência histórica. História essa, vilipendiada por ares nefastos que nos rodam nos últimos anos.
Desde o primeiro semestre, vimos a cidade em suas escalas, por suas histórias e tipologias arquitetônicas (também históricas por corolário), por objetos arquitetônicos, por planos urbanísticos, por vivências, por compartilhamentos e trocas em seus espaços urbanos, coletivos e democráticos. Por fim, vocês, de forma competente, resumiram esses cinco anos em seus trabalhos de graduação e mostraram que nossa missão enquanto professores foi cumprida.
Faço minhas as palavras de nossa coordenadora Ivana Souza Marques quanto a “grandeza” de vossos trabalhos finais, de como evoluíram nesses últimos anos e as preocupações que assumiram em cada projeto final apresentado. Fico feliz como professor e muito mais como Arquiteto, ao saber que teremos mais uma leva de “grandes” pensando e projetando a cidade e suas arquiteturas.
Isso mostra que refletimos em vocês um pouco de nós, e que essa experiência vivida será levada adiante de outras formas, reinventadas e recriadas. Memórias, afetos, carinhos, reconhecimento, foram palavras sensíveis para um mundo tão duro!
Proferidas ao longo dos trabalhos finais apresentados, nos dão a esperança de que nem tudo é brutalidade, ódio e violência contra o outro. Arquitetura salva! No mínimo, pensar assim, ajuda ver e sonhar com um mundo melhor.
O caminhar do Arquiteto-Urbanista é árduo, às vezes frustrante, mas, com muitas alegrias pela frente. Ser um Arquiteto-Urbanista é uma das maiores honrarias que poderíamos ter, e não deixem que te digam o contrário. Temos a possibilidade, senão o poder, de moldar o mundo, mas esse mesmo encargo traz enormes responsabilidades. Somos capazes de criar objetos que constroem cidades, de criar cidades inteiras, novas realidades e paisagens, mesmo não sendo os únicos nessa tarefa. Mas a diferença se encontra no potencial de criarmos significado para cada traço desenhado. Lembrem-se disso!
E, se me permitem uma última orientação como professor e seu patrono, lutem pela cidade como um Arquiteto-Urbanista!
Nos vemos por aí, pelas ruas da vida...
Vitória, dia 14 de dezembro de 2019.
X F a b ia n o V ie ira D ia s , M S c. P ro f . C A U -F A A C Z