#07 Abel Pedro Anderson dos Santos Emerson Lopes Fabio Dino Fex Jack da ClĂŠo Rafael B. Dourado Rafael Menicucci Renan Ribeiro
Yellow Submarine
E 7 é meu número da sorte... Embora isso não importe, o importante é que esta é mais uma WC ao Quadrado com o tema mais psicodélico de todos esses sete meses de edição. Além disso, esta edição marca a estreia da seção de entrevista idealizada pelo nosso colaborador e revisor Abel, sim, irmão daquele tal de Caim. Então, bora embarcar neste submarino! (que brega isso)
O Editor
Participaram desta edição: Abel Pedro http://coversa-paralela.blogspot.com.br/ Anderson dos Santos (Capa) http://bangbloom.blogspot.com.br/ Emerson Lopes http://www.emerson-lopes.deviantart.com/ Fabio Dino http://www.folksHQ.com.br/
Fex http://www.vardomirices.com.br/ Jack da ClĂŠo http://cleoejack.blogspot.com.br/ Rafael B. Dourado http://sapobrothers.net/ Rafael Menicucci http://www.censorecreatif.blogspot.com.br/
Renan Ribeiro http://comicsevenangels.blogspot.com.br/
Rafael Menicucci
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Emerson Lopes
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Jack da Cléo
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Fabio Dino
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Entrevista com Marina Kurcis
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Marina Kurcis
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esta edição da revista haverá a estreia da parte dedicada as entrevistas com autores, tanto roteiristas quanto desenhistas de modo a mostrar suas influências, dificuldades e forma de trabalho, e é claro também iremos tentar matar as curiosidades que os fãs tem a cerca do processo criativo, para inaugurar trouxemos Marina Kurcis, mais conhecida como Yellow Submarina, e responsável junto com Rob Gordon e Mario Cau pela criação do Terapia HQ, obra ganhadora do HQMix 2012 e que tem tido um destaque sensacional no país, sendo uma das obras de um coletivo que usa um modo inovador no pais, o Petisco HQ, que usa uma produção diferente por dia da semana, sendo que das sete produções que tem, somente uma se dedica a tiras, todas as outras são focadas em páginas semanais. Mas agora chega de enrolação e vamos ao que interessa, vamos a entrevista.
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Por Abel Pedro
WC² - Como conheceu o Rob Gordon e o Mario Cau? Marina Kurcis - Conheci o Mario em 2010, por meio da minha prima, e namoramos até o início deste ano. O Mario e o Rob já tinham contato pela Internet, um acompanhava o trabalho do outro, e assim surgiu o convite para que o Rob também participasse da história.
WC² - Quando e como o Terapia HQ surgiu na sua vida? E como o curso de Psicologia influenciou nessa participação? MK - Sempre gostei muito de conversar sobre terapia e Psicologia, e como o Mario e eu namorávamos, ele era o principal alvo! Ele começou a fazer terapia também e creio que tudo isso o inspirou a ter a ideia de produzir a história. No início de 2011 começamos a conversar mais seriamente sobre o assunto. Minha participação também foi sugestão dele, porque estudo Psicologia e sempre gostei de escrever, embora nunca tenha escrito nada profissionalmente. Falamos com o Rob, fizemos reuniões e no final de maio de 2011 a primeira página foi publicada.
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WC² - Você já tinha interesse por quadrinhos antes de começar a trabalhar com o Mario Cau e o Rob Gordon? Quais eram os seus preferidos? MK - Quando era criança, adorava a Turma da Mônica, como quase todo mundo! Passei um período sem ter muito contato com quadrinhos, mas depois de adulta compreendi melhor a Mafalda e me encantei, acho genial. Quando comecei a namorar o Mario tive uma overdose de Hq’s, mas as que mais me chamaram a atenção foram as autobiográficas, como Fun Home (Alison Bechdel) e Maus (Art Spiegelman).
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WC² - Como e por que você começou a fazer terapia? MK - Comecei a fazer terapia da mesma maneira que muitas pessoas começam: num momento de crise. Eu tinha 19 anos e estava me sentindo perdida, então busquei a terapia para tentar me conhecer melhor e isso ajudou muito. Não parei mais! Principalmente depois de entrar no curso de Psicologia, porque é imprescindível que os estudantes e psicólogos tenham um apoio também, já que lidamos com questões muito intensas e, muitas vezes, pesadas.
WC² - Como foi a sensação de ganhar o HQMix? MK - Ganhar o HqMix foi sensacional! Temos muito carinho e dedicação por este trabalho, sempre nos esforçamos para fazer algo legal e diferente, e quando somos reconhecidos por isso, a sensação é ótima! Começamos esta história de uma maneira despretensiosa, sem esperar a repercussão que teve, especialmente porque falamos de assuntos difíceis, que a maioria das pessoas evita: dor, sofrimento, solidão, incertezas. Foi muito gratificante perceber que os leitores não só aceitaram a temática, como também se identificaram com os personagens.
WC² - Você tem planos para a roteirização de outros materiais futuros ou produções ligadas mais a literatura , com ou sem o pessoal do Terapia? MK - Por enquanto ainda não tenho planos. Gostaria de continuar escrevendo sobre Psicologia, principalmente sobre a experiência clínica, na prática. Entretanto não tenho nada concreto, até porque este é meu último semestre da graduação e estou sem tempo de pensar em outras coisas além de TCC, atendimentos, relatórios e Terapia Hq!
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WC² - No trabalho de roteirização do Terapia, como ele é dividido entre você e o Rob Gordon? MK - Nosso processo de criação do roteiro é, na verdade, muito divertido. O Rob e eu costumamos marcar reuniões para conversarmos sobre os próximos capítulos. Elas normalmente ocorrem em cafés e duram a tarde toda, à base de muitas e muitas xícaras de espresso! Fazemos uma espécie de brainstorm e depois organizamos as ideias. Aliás, tenho pensado em começar a gravar essas reuniões, porque muita coisa interessante acaba se perdendo! Alguns dias depois, o Rob envia o roteiro, eu reviso, principalmente as falas do terapeuta, e vamos trocando e-mails até finalizar. Depois o Mario faz a mágica dele.
WC² - Vocês dão muitas ideias nos roteiros e páginas, ou vocês se resumem a criar e deixa-lo (Mario Cau) com a execução ? MK - O Rob costuma já mandar várias ideias para a arte das páginas, ideias as quais são conversadas entre ele e o Mario, que possuem muito mais conhecimento do assunto do que eu. Muitas vezes o Mario tem sugestões mirabolantes que acabam funcionando muito bem para o roteiro, coisas que só poderiam sair da cabeça de um quadrinista mesmo! Não é incomum o Rob e eu sermos surpreendidos. Há situações em que nós dois pensamos em cenas que não sabemos se são possíveis de serem desenhadas, então ligamos para o Mario durante a reunião mesmo. Algumas vezes o roteiro precisa ser modificado para se ajustar a alguma das ideias do Mario, então acaba sendo, de fato, um trabalho em equipe.
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WC² - Você teria alguma dica pro pessoal que queira se iniciar no mundo dos roteiros? MK - Não me considero muito apta a dar dicas sobre isso, mas é provável que a pessoa se saia melhor escrevendo sobre um assunto que gosta, que tenha muito interesse. Uma ideia original também ajuda! Outra coisa fundamental é a preocupação com a língua portuguesa: é imprescindível que os outros compreendam o que você está querendo dizer. Pedir para outra pessoa ler e contar o que entendeu pode ser interessante.
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WC² - Vocês têm planos de lançar uma versão impressa do Terapia, e se sim, essa seria uma publicação em várias edições ou volume único? MK - Temos conversado sobre isso, mas ainda não há nada definido. O fato é que pretendemos publicar a versão impressa, sim, só não sabemos quando, nem como! Recentemente o Petisco, que é o site de webcomics onde Terapia é publicado, conseguiu um financiamento e está editando um álbum com seis das sete histórias do site, incluindo Terapia. São histórias inéditas, curtas, de 8 a 15 páginas, e fechadas. Ou seja, não há necessidade de se conhecer previamente as séries pra entender as HQs publicadas nesse álbum. Conseguimos o financiamento por crowdfunding, no Catarse, e foi muito emocionante, para dizer o mínimo! Caso o valor pedido não fosse alcançado antes do tempo esgotar, todas as pessoas que já haviam colaborado receberiam o dinheiro de volta e o projeto não seria lançado. Cheguei a pensar que não conseguiríamos, mas ao atingirmos a metade do valor, as colaborações aumentaram e, aos 45 minutos do segundo tempo, as coisas viraram radicalmente. Atingimos a meta faltando apenas dois dias para o final! Foi sensacional! Agora estamos trabalhando arduamente nesse livro, para que tudo fique pronto a tempo do lançamento na Gibicon de Curitiba, em outubro. Aproveito o espaço para agradecer muito a todos os que acreditaram contribuíram, divulgaram e torceram junto com a gente! Muito obrigada!
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WC² - A história já tem um roteiro final pronto, ou pelo menos uma ideia geral de como a história vai acabar? MK - Nós fazemos o roteiro capítulo por capítulo. Às vezes, durante a reunião de um capítulo, surgem ideias para os próximos, que acabamos utilizando ou não. O interessante desta história é que os personagens têm um pouco de nós três, e acabamos desenvolvendo uma “relação” muito próxima com eles, se é que isso é possível. Assim o roteiro acaba tomando rumos um pouco inesperados, porque acabamos nos guiando mais pelos sentimentos do que pela razão. É como se o roteiro “pedisse” certos acontecimentos, independentemente do que queremos. WC² – Gostaria de agradecer sua disponibilidade em nos conceder a entrevista e conseguir esse tempinho para conversar com seus fãs, obrigado. Pra quem quiser conhecer mais o trabalho da Marina pode entrar no blog dela: http://yellowsubmarina.blogspot.com ou seguir no twitter: @yellowsubmarina e claro acompanhar o trabalho dela, do Rob Gordon e do Mario Cau no Terapia HQ http://petisco.org/terapia
Fex
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Renan Ribeiro
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Rafael B. Dourado
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Capa do disco Yellow Submarine