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VISAGISMO E AS IDEALIZAÇÕES DA BELEZA NEGRA NO MERCADO DE TRABALHO
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P e l o s a c a d ê m i c o s d a g r a d u a ç ã o e m e s t é t i c a d a U n i v e r s i d a d e A n h e m b i M o r u m b i : F a b i a n a F e r r e i r a , J u l i a n a A v e d o , L e t í c i a C r u z , M i k a e l a M a s c a r e n h a s e S i m a e l e S a n t a n a .
Atualmente a padronização da beleza vem sendo um grande divisor na estrutura social, a pressão exercida por esse fenômeno incide de forma negativa para aqueles que são vistos como fora desse “padrão”, a descrição das qualidades estéticas tidas como “belo” está ligada aos atributos físicos, disseminados pelas plataformas midiáticas. ¹ A indústria fez do corpo um nicho de mercado, aos corpos femininos foram atribuídos a estética da magreza, cabelos longos e lisos e pele clara ². Neste contexto as mulheres negras são mais penalizadas com a imposição de determinada beleza que na experiência da sociedade brasileira as excluem por não apresentarem os elementos que compõem o padrão, estabelecendo inferioridade ². A super valorização da aparência tornou-se um meio de qualificar e desqualificar pessoas, seja na vida social ou profissional ¹.
Desde os primórdios a imagem feminina vem sofrendo mudanças devido a padronização da beleza, o conceito do belo tornou-se efêmero algo visto como um objetivo a ser alcançado. O conceito do termo belo é mutável de acordo com a sociedade em que está inserido. Além disso, interfere diretamente no que uma estrutura social dita como padrão estético, que por sua vez também possui o elemento da mutação ². A partir do século XX a estética e o belo passam a ter a padronização de uma maneira mais global e menos espaçada, as tendencias do que é belo passam a ter vigência por décadas, não mais por séculos. ²
Na sociedade contemporânea, os corpos perdem o significado de templos, e ganham significado de objetos de mercado. Com a expansão da industrialização e a globalização, além do processo de aculturação entre as sociedades, onde as culturas se difundem e se permutam, a indústria fez do corpo um nicho de mercado. Aos corpos femininos foram atribuídos a estética da magreza, cabelos longos e lisos, e pele clara. ²
A supervalorização da imagem hoje, tem o poder de inclusão e exclusão na sociedade, pessoas que não se encaixam no padrão tido como “certo” acabam por sofrer, tendo dificuldade para se adaptar por não estar dentro do “padrão”, a mulher, em específico a negra historicamente vem sendo discriminada pela sua estética, tida como inferior perante a sociedade. Nas palavras de Gomes:
O corpo humano e seu fenótipo forneceram os dados a partir dos quais foram formuladas teorias que agrupam os seres humanos. Delegaram às chamadas raças brancas o lugar de padronização da beleza, o ápice da pirâmide estética, e relegou as raças não brancas, especialmente a negra, a base da hierarquização - pode se citar outras esferas da hierarquização como as das qualidades morais e intelectuais. Neste sentindo, percebemos que características físicas são bases identitárias, especialmente num jogo interligado onde raça, cor e estigmas misturam-se e colocam os negros em severas desvantagens representacionais. ²
O padrão estético da mulher negra se contrapõe ao padrão eurocêntrico. A beleza da mulher negra é vista como a construção da sua identidade sociocultural seus traços, a textura do seu cabelo, seus penteados e acessórios acometem a desconstrução do padrão europeu. ²
“O cabelo e o corpo são pensados pela cultura. Nesse sentindo, o cabelo e o corpo podem ser considerados expressões e suportes simbólicos da identidade negra no Brasil. Juntos, eles possibilitam a construção social, política e ideológica de uma expressão criada no seio da comunidade negra: a beleza negra. Por isso não podem ser considerados simplesmente como dados biológicos.” ²
O conceito do visagismo surge para acabar com a padronização do conceito de beleza padronizada, pois cada um tem sua beleza própria e com ela seus valores, história e cultura.³⁻⁴ No visagismo a beleza é vista de forma individual, pois procura compreender e avaliar as experiências do indivíduo como um todo, o visagista do século XXI vai além da replicação das técnicas e toma consciência de que a imagem carrega consigo valores históricos e culturais que precisam ser valorizados ³. De forma conceituada o termo visagismo deriva da palavra “visage” no francês, porém tem destaque de sua derivação do francês para o latim “visus”, que significa “o ato de ver”, “aparência’, “imagem” ³.
O sufixo “ismo”, que foi agregado a tradução e carrega o significado de “técnica”. A palavra “técnica”, no grego significa “maneira de realizar uma ação ou conjunto de ações”, é o procedimento ou conjunto de procedimentos que têm, como objetivo, obter/alcançar um determinado resultado/objetivo intencional/desejado. ³
O visagismo acadêmico do século XXI usufrui de maneira plena e máxima a tradução dessa nomenclatura com referências na academia, endossando a ideia de que ele é manipulação de técnicas voltadas à multiplicidade imagética. ³
O visagismo utiliza técnicas voltadas a linguagem visual. Os elementos visuais correspondem ao ponto, linha, forma, escala, movimento, dimensão, tom, cor e textura, que, combinados constituem a comunicação imagética. A imagem pertence, portanto, há uma linguagem que possibilita uma leitura baseada na capacidade de apreciação global e, simultaneamente na apreciação de seus detalhes, ambas as ações acontecendo de maneira associada. ³
A comunicação visual chama-nos a atenção para imagens que tem o objetivo de transmitir mensagens: “as formas e cores têm significados especiais que representam algo que deve ser compreendido”. ³ Em se tratando do mercado de trabalho, a mulher negra é a maior força de trabalho do nosso país, mas devido à discriminação sofrida pela mesma essa realidade não se sustenta no mercado de trabalho atual. ⁵
Algumas mulheres negras, apesar de terem se dedicado aos estudos e possuírem uma boa qualificação profissional acabam por não serem respeitadas e reconhecidas em cargos de chefias, ou de alta importância, pelo simples fato de serem mulheres e negras, acabam sendo substituídas por homens brancos, que muitas vezes possuem até menos conhecimento e são menos qualificados do que elas ⁶. O preconceito sofrido pela mulher negra na área profissional é visível, a hierarquia hegemônica ainda enxerga a mulher negra como minoria devido ao seu passado histórico.
“Ascender socialmente é algo muito difícil para a mulher negra, são muitos obstáculos a serem enfrentados. O período escravocrata deixou como herança o pensamento popular, em que, elas só servem para trabalhar como domésticas ou exibindo seus corpos. As que se destacam, tiveram que se provar mais vezes do que as mulheres brancas a sua competência.” ⁷.