Revista nº 16 • 2014
ESCOLHA DA PROFISSÃO ADMINISTRAÇÃO DESIGN DIREITO ECONOMIA PROPAGANDA E MARKETING RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO ENGENHARIA ELÉTRICA ENGENHARIA MECÂNICA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 1
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EDITORIAL
SUMÁRIO ESCOLHA DA PROFISSÃO
CARO ESTUDANTE Escolher a profissão, quando se é muito jovem, é uma decisão difícil
Pesquise e siga sua vocação
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que preocupa o vestibulando e sua família. O Brasil tem 6 milhões de estudantes universitários. Há uma inflação
O desafio da concorrência
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de diplomas e a oferta de profissionais de todo tipo é extraordinariamente abundante. Resultado: os mercados de trabalho estão concorridíssimos. Por outro lado, há empregos de qualidade em
AS PROFISSÕES
todas as áreas para o profissional de elite. É inútil procurar profissões que sejam mais bem remuneradas: só tem êxito financeiro o profissional muito bem formado, o super-
ADMINISTRAÇÃO
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profissional do século XXI. Aos outros, resta o desemprego ou o subemprego, em trabalhos que nada têm a ver com a profissão que escolheram.
DESIGN
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A conclusão é muito simples: o vestibulando deve seguir sua vocação. Mas é difícil saber qual é a própria vocação quando se tem 17, 18 ou 19 anos. A decisão sobre a escolha da carreira deve ser uma
DIREITO
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decisão consciente. E decisão consciente é decisão bem informada. Esta Revista procura transmitir ao vestibulando informações confiáveis que possam ajudá-lo na tomada da sua decisão.
ECONOMIA
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O Professor João Manuel Cardoso de Mello responde às principais perguntas que têm sido feitas pelos vestibulandos sobre os critérios de escolha da profissão. O Professor Luiz Gonzaga Belluzzo apresenta uma análise da situação atual do mercado de trabalho. Para vários
ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO
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cursos, o vestibulando encontrará: 1) o perfil de cada profissão; 2)
ENGENHARIA ELÉTRICA
as áreas de atuação profissional; 3) depoimentos de profissionais
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de elite. Essas informações permitirão que o vestibulando tenha uma visão clara da formação, necessária a quem pretende ser um
ENGENHARIA MECÂNICA
profissional de excelência.
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É interessante, também, conversar com os coordenadores e professores dos cursos da FACAMP para buscar elementos adicionais para a tomada da decisão sobre a escolha da carreira. A FACAMP está pronta para receber os vestibulandos. Basta agendar uma visita
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
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pelo telefone 0800 770 7872.
PROPAGANDA E MARKETING
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O vestibulando encontrará informações adicionais visitando o site facamp.com.br.
Diretoria da FACAMP
Faculdades de Campinas
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Esta revista é uma publicação da FACAMP - Faculdades de Campinas CONSELHO EDITORIAL
REDAÇÃO
DESIGNERS
Eduardo da Rocha Azevedo Eveline Borges João Manuel Cardoso de Mello Liana Aureliano Luiz Gonzaga Belluzzo
Daví Antunes João Guilherme Cardoso de Mello João Manuel Cardoso de Mello
Renata Job Zani Thiago Tossini
REVISÃO
Gráfica SilvaMarts
JORNALISTA RESPONSÁVEL Carlos Drummond
Daví Antunes
DIREÇÃO DE ARTE Eveline Borges
IMPRESSÃO
86
FACAMP Estrada Municipal UNICAMP-Telebrás, Km 1, s/n CEP 13083-970 • Campinas • SP Caixa Postal 6016 TEL: (19) 3754 8500 • FAX: (19) 3287 0094
facamp.com.br
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ESCOLHA DA PROFISSÃO
PESQUISE E SIGA SUA VOCAÇÃO A ESCOLHA DA PROFISSÃO É UMA DAS DECISÕES MAIS DIFÍCEIS QUE DEVEMOS TOMAR EM NOSSA VIDA. O PROFESSOR JOÃO MANUEL CARDOSO DE MELLO, FUNDADOR DA FACAMP E DA UNICAMP, RESPONDE ÀS PERGUNTAS MAIS FREQUENTES QUE LHE TÊM SIDO FEITAS EM SUAS PALESTRAS PARA VESTIBULANDOS
Existe uma profissão em que o mercado de trabalho esteja mais fácil?
Mas é difícil saber qual é a minha vocação...
Não, infelizmente não existe. Todos os mercados são concorridíssimos. Há uma enorme oferta de todo tipo de formados. No meio dos anos 60, o Brasil tinha 150 mil alunos nos cursos superiores. Hoje tem 6 milhões.
É difícil, muito difícil saber qual é a própria vocação aos 17, 18 anos. O correto seria o estudante entrar para a universidade, fazer um ano e meio de curso básico e depois escolher a carreira. Estaria mais maduro e mais informado. Mas infelizmente não é assim.
E a demanda? A procura por profissionais qualificados é pequena porque a economia gera poucos empregos de qualidade. Quem não está muito bem preparado fica desempregado ou subempregado, trabalhando fora da profissão que escolheu. Existe uma profissão que seja melhor remunerada?
Em primeiro lugar, saiba que a decisão que você tomar não é irrevogável. Você é muito jovem e poderá mudar de curso, depois, é claro, de pensar bem e conversar com a sua família. Procure entrar numa escola que garanta a transferência de um curso para outro. Não tenha medo de errar. Mas é preciso, é claro, tomar uma decisão consciente. Como tomar uma decisão consciente?
É preciso que o vestibulando tenha clara consciência de que só ganha dinheiro quem é um profissional de elite, um superprofissional altíssimamente qualificado.
Só há uma maneira de tomar uma decisão consciente: informar-se muito bem. Dá trabalho, mas vale a pena.
Devo então seguir minha vocação?
Procure definir primeiro qual é a área profissional de seu interesse: Humanas, Exatas ou Biológicas. Para isso, é bom conversar bastante com seus pais, professores, pessoas nas quais você tem confiança. Se a dúvida persistir, faça um teste vocacional com um profissional competente.
É claro que deve. Imagine-se trabalhando todos os dias durante trinta, quarenta anos no que não gosta. A vida torna-se um inferno. Por isso, siga sempre sua vocação. Saiba que só pode ser um profissional de elite quem realmente tem prazer no que faz.
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O que fazer, então?
Qual é o primeiro passo que devo dar?
Escolhida a área, qual é o passo seguinte? Obtenha uma primeira informação sobre cada uma das profissões que integram a área que você escolheu. Você poderá, então, eliminar profissões para as quais você manifestadamente não tem vocação. Ou profissões claramente menos valorizadas no mercado de trabalho. Procure escolher profissões sólidas. Evite cursos de segunda categoria, pouco valorizados no mercado de trabalho. Segundo conselho: procure escolher profissões que estejam em ascensão. Por exemplo: na área das engenharias, é notório que as mais próximas dos negócios e menos especializadas ganham crescente importância. Como proceder? Procure ler a respeito do perfil atual das profissões e suas respectivas áreas de atuação. Examine, também, as grades curriculares dos cursos de excelência para ter uma ideia clara da formação exigida pelo mercado de trabalho do século XXI. Para vários cursos, você encontrará informações nesta revista e no nosso site. Procure profissionais atualizados, vá a faculdades de primeira linha, peça para conversar com coordenadores e professores. Insisto: o vestibulando precisa correr atrás para se informar bem e tomar uma decisão consciente.
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MERCADO DE TRABALHO
O DESAFIO DA CONCORRÊNCIA HÁ NO BRASIL SEIS MILHÕES DE UNIVERSITÁRIOS. NUMA ÉPOCA DE INFLAÇÃO DE DIPLOMAS, SÓ OS BEM FORMADOS ALCANÇAM O SUCESSO PROFISSIONAL. O PROFESSOR LUIZ GONZAGA BELLUZZO, FUNDADOR DA FACAMP E DA UNICAMP, UM DOS MAIORES ECONOMISTAS BRASILEIROS, ANALISA O MERCADO DE TRABALHO
Como está a situação do mercado de trabalho? Todos hoje têm consciência de que o mercado de trabalho está muito competitivo. Milhares de jovens profissionais saem todo ano em busca do primeiro emprego. Pode-se dizer que o vestibular para o mercado de trabalho é muito mais difícil do que o vestibular para a entrada no ensino superior? Sem nenhuma dúvida. Só os melhores entram com o pé direito no mercado de trabalho e têm perspectivas de êxito profissional. E não só em termos financeiros. Mas também em termos do exercício de um trabalho interessante, criativo e pessoalmente gratificante. Quais são as principais portas de entrada no mercado de trabalho? Para entrar numa grande empresa nacional ou multinacional, concursos para trainee. Para alcançar um bom emprego no governo, os concursos públicos. O jovem profissional ainda pode abrir seu próprio negócio ou trabalhar na empresa familiar. Como são os concursos para trainee de grandes empresas? Em primeiro lugar, são muito concorridos. Há dez, vinte, trinta mil candidatos para muito poucas vagas, digamos, dez ou quinze. Em geral, esses concursos começam com provas de língua portuguesa e inglesa, de lógica e de conhecimentos sobre o Brasil e o mundo atuais. Passam, em seguida, a uma avaliação da formação profissional e culminam em dinâmicas de grupo. As dinâmicas 6
de grupo avaliam certas qualidades do candidato: iniciativa, liderança e capacidade para trabalhar em grupo, competência para pensar e resolver problemas concretos. Os empregos públicos são atrativos? O emprego público na área jurídica já é atrativo há muitos anos. Concursos para juiz, promotor, procurador, por exemplo, são disputadíssimos. Há milhares de candidatos e poucas vagas que frequentemente nem chegam a ser preenchidas. A novidade é que os empregos públicos ficaram muito atrativos em outras áreas. Por exemplo, para o Banco Central, para o BNDES, para a Secretaria do Tesouro Nacional, para Secretarias Estaduais de Fazenda. É fácil começar seu próprio negócio? Não, 93% das novas empresas morrem antes de completarem três anos. Ser empresário ou ter seu próprio escritório exige um bom projeto e uma grande competência! Alguns imaginam que o trabalho na empresa familiar é um caminho tranquilo... Estão muito enganados. Os filhos hoje em dia têm que estar muito bem preparados para no futuro sucederem seus pais. Nas condições econômicas do Brasil é difícil manter a empresa ativa por várias gerações. Para encerrar, qual o conselho que o senhor daria aos vestibulandos? Tornem-se profissionais de elite. Façam um curso de excelência que possa prepará-los para enfrentar o desafio da concorrência. A preparação inadequada resultará em piores colocações no mercado de trabalho.
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ADMINISTRAÇÃO PROFISSÃO O campo de trabalho do administrador é muito amplo e diversificado porque engloba todas as atividades organizadas nas pequenas, médias e grandes empresas do setor público ou privado, no agronegócio, na indústria e nos serviços. A carreira de administrador tem sido bastante procurada exatamente porque o campo de trabalho tem tal amplitude. A estrutura das organizações tornou-se mais complexa nos últimos anos. A globalização da produção, do comércio e das finanças, o acirramento da concorrência, o dinamismo do progresso técnico, dos mercados financeiros e a alteração dos padrões de consumo exigem da empresa maior rapidez na tomada de decisões e crescente agilidade para inovar. A consequência dessas transformações é que são requeridas estratégias cada vez mais criativas e sofisticadas. As boas decisões de investimento e financiamento dependem da avaliação precisa do ambiente macroeconômico, da construção de cenários consistentes de médio e longo prazos e da análise rigorosa da conjuntura. Outro aspecto igualmente importante é a análise do ambiente no qual a empresa atua: as formas de concorrência, os pontos fortes e fracos dos competidores, o poder de negociação dos fornecedores e clientes. Nesse cenário complexo e em permanente transformação, o papel desempenhado pelo administrador é fundamental para o planejamento, a organização, a direção e o controle de recursos humanos, materiais e financeiros.
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ADMINISTRAÇÃO
ÁREAS DE ATUAÇÃO GESTÃO DE PRODUÇÃO Toda empresa é um centro de criação de valor. É no setor de produção que se desenvolvem as atividades necessárias para elaborar os bens ou serviços que deverão ser vendidos para outras empresas ou entregues ao consumidor. A Gestão de Produção responde, portanto, pela eficiência dos processos produtivos e pela qualidade dos produtos, tanto na indústria como nos serviços: comércio, bancos, escolas, hospitais, hotéis etc.
GESTÃO DE OPERAÇÕES O objetivo principal da Gestão de Operações é garantir uma quantidade adequada de recursos humanos e materiais para atender à demanda em diferentes momentos do tempo. Esses recursos devem ser planejados, sequenciados e controlados para diferentes tipos de processos na indústria, nos serviços e no agronegócio. O gestor de operações deve ter várias capacidades: combinar tecnologia e talentos humanos, motivar a gestão e a disseminação do conhecimento, desenvolver projetos inovadores, novos produtos e processos, saber integrar recursos para balancear a capacidade produtiva e as necessidades dos clientes, ser flexível e promover o desenvolvimento sustentável. Paulo Sérgio de Arruda Ignácio, Consultor Organizacional em Gestão de Sistemas da Qualidade, Logística e de Informações
LOGÍSTICA A Logística tem uma função operacional destacada em todos os setores econômicos, o seu gasto representa hoje cerca de 20% do PIB mundial. No setor produtivo, promove a integração entre todas as empresas que compõem as diversas redes de suprimentos, permitindo assim a agregação de valor por meio da eficiência no abastecimento e na distribuição das quantidades solicitadas pelos clientes no momento das suas necessidades. No setor de serviços, a função logística atua especificamente no abastecimento eficiente de organizações varejistas, atacadistas, hospitais, bancos, universidades, hotéis, governo etc. com a finalidade de garantir a qualidade do serviço oferecido ao cliente, no local apropriado. Germano Manuel Correia, Doutor em Engenharia de Produção pela USP, Engenheiro e Administrador de Empresas. Consultor nas áreas de Operações, Logística e Comércio Exterior
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Na empresa, a Administração Financeira envolve duas atividades distintas e complementares. A primeira cuida do dia a dia das suas finanças. A segunda atividade está relacionada aos procedimentos de finanças corporativas: cuida das decisões de investimento e financiamento a médio e longo prazos e da política de dividendos. O administrador também tem papel relevante nos mercados financeiros.
CAPITAL EMPREENDEDOR No Brasil, além das já tradicionais funções voltadas para a controladoria e tesouraria, o mundo das finanças tem visto surgir com muita força uma nova área profissional: a de venture capital. É considerada uma parte da área dos serviços financeiros, na qual os profissionais são responsáveis pela gestão do chamado capital empreendedor. Dentre as atribuições desse novo profissional estão: análise de oportunidades de investimento e expansão do capital e negociações com empreendedores que desejam obter capital para a expansão de suas empresas. Juliano Graff, CEO da Master Minds Adding Value to Visions
MERCADO DE CAPITAIS O administrador financeiro pode atuar no mercado de capitais – bancos comerciais, bancos de investimento, corretoras de valores, fundos de investimento. Ele é responsável pela aplicação de recursos financeiros de investidores, sejam pessoas físicas ou empresas, buscando as oportunidades mais atrativas de ganho. Para trabalhar nesse segmento, é necessário uma formação ampla, além da capacidade de avaliação da conjuntura macroeconômica nacional e internacional, conhecimento de como funciona o mercado de capitais e domínio dos instrumentos de análise de riscos. Márcio Marcelo Belli, Professor da Faculdades de Ciências Aplicadas da UNICAMP - Limeira
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ADMINISTRAÇÃO
ÁREAS DE ATUAÇÃO RECURSOS HUMANOS Lida com as competências e habilidades pessoais que fazem parte da organização em nível individual e grupal, de modo a garantir as condições de máxima eficácia dos trabalhos em equipe, conjugando objetivos individuais e sociais com as metas organizacionais. Engloba vários aspectos como motivação, liderança, trabalho em equipe, relacionamentos interpessoais, comunicação, gerenciamento dos conflitos, negociação, avaliação de desempenho, desenvolvimento de planos de carreira, valores e ética.
DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS Em tempos de crise, é preciso contar com equipes comprometidas com valores, que estejam ao mesmo tempo alinhadas à cultura da empresa. É preciso, portanto, poder contar com líderes bem preparados para mediar transformações, solucionar conflitos e gerenciar aprendizados, compartilhando responsabilidades e apoiando a diversidade. Para isso, as organizações precisam implantar modelos de desenvolvimento de competências, que unam o seu capital humano à estratégia do negócio. Adriana Alcino Duarte, Professora da FACAMP
A área de Recursos Humanos é responsável pela gestão de pessoas e pelo desenvolvimento de competências do corpo de funcionários da empresa. Essa área ganhou importância crucial devido às transformações no padrão de gestão das empresas ocorridas nas últimas décadas. Ao contrário do que se pensa, toda a organização deve estar envolvida no desenvolvimento de seus recursos humanos. O sucesso de uma empresa depende do envolvimento de todos e do seu comprometimento com os resultados. Mais precisamente, organização de sucesso é organização que inova. E as pessoas são a fonte da inovação. Qualquer empresa hoje está preocupada com a motivação de seus colaboradores, com a capacidade de liderança e com o desenvolvimento do trabalho em grupo. Antonio Carlos Teixeira Álvares, CEO da Brasilata - Indústria de Embalagens
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MARKETING Com o crescimento da concorrência trazido pela globalização, o Marketing ganhou vital importância para o sucesso da empresa. A gestão de marketing começa pela análise do mercado, concepção do produto, design, embalagem, marca. Passa pela comunicação com o mercado através das várias mídias. Chega à formação de preço, logística, distribuição, merchandising e promoção nos pontos de venda. O gerenciamento de marca é um aspecto do Marketing que hoje assume grande importância.
GESTÃO DA MARCA Fazer o gerenciamento da marca de uma empresa é muito mais que simplesmente definir o seu nome ou criar um logotipo. É trabalhar estrategicamente com uma série de ferramentas que permitam manter uma boa e consistente imagem perante os diversos públicos de interesse da empresa: clientes, fornecedores, colaboradores etc. Em função disso, a marca tem se transformado nos últimos tempos em fator decisivo de sucesso para todas as empresas. Zilla Bendit, Professora da FACAMP e da FGV
A área de Marketing é responsável pelo planejamento, organização e controle de toda força de vendas da companhia, já que define o seu perfil, tamanho e formas de atuação, acompanhando o seu desempenho e liderando a busca por melhores resultados. É ainda de sua responsabilidade a definição da política de precificação, o acompanhamento da concorrência e os esforços em busca de novas oportunidades de negócio. Não há necessidade de ser nenhum especialista para saber que a área comercial está diretamente ligada ao sucesso de qualquer organização. É indiscutível que o contato mais próximo com o mercado, desenvolvido pelo profissional de Marketing, possibilita uma maior sensibilidade para o perfil e os anseios do cliente. Walter Pilão, Diretor Comercial da Air Liquide
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ADMINISTRAÇÃO
RAZÃO E SENSIBILIDADE EDSON VAZ MUSA, EX-PRESIDENTE DA RHODIA E DA CALOI, EMPRESÁRIO, FALA SOBRE A PROFISSÃO DE ADMINISTRADOR
Quais são as principais habilidades de um bom administrador? A carreira de um bom administrador tem três fundamentos. O primeiro é o da racionalidade. O administrador tem de ser um estrategista e saber antecipar-se. Ele tem, em segundo lugar, de ser capaz de implementar suas ideias e transformá-las em realidades concretas para o bem da sociedade, da empresa, do consumidor e do mercado. É necessário, ainda, um terceiro pilar, para equilibrar a construção. O administrador precisa ser também um competente animador de equipe. Não existe estratégia ou capacidade de implementação sem que as pessoas estejam animadas e motivadas para a execução de objetivos. Por que o senhor tem insistido tanto na importância da Gestão de Pessoas? É preciso aprender a lidar com as pessoas, a respeitá-las. Costumo dizer aos jovens administradores que o primeiro emprego é muito importante. Mais do que escolher um emprego no qual se vai ganhar bem, é preciso procurar um lugar onde as pessoas estejam dispostas a ensiná-lo. Lembro-me de que estava havia 3 meses na Rhodia quando me entregaram a direção de um departamento com 300 pessoas. Eu me apoiei num grupo de cinco contramestres. Passava o dia todo na fábrica vendo o que faziam. No fim da tarde, eu os chamava na minha sala e mostrava os fundamentos teóricos do trabalho que eles haviam me ensinado. Compartilhamos experiência e isso deu bom resultado. 14
Qual o grande desafio do administrador? A principal função do administrador é aumentar o valor da empresa. Mais do que ampliar resultados acima da média do mercado, é preciso agregar valor para o acionista. A empresa que tem mais valor é aquela cujo dirigente sabe dizer ao mercado que sua capacidade de criar valor no futuro é maior, já que tem uma estratégia empresarial muito bem concebida e uma excelente capacidade gerencial para levá-la à prática. Essa é uma informação importante para aqueles que pretendem adquirir ações da empresa. Quando se fala em comunicação, fala-se em credibilidade. Administradores com valores bem definidos, como dedicação ao trabalho, honestidade, compromisso com o mercado e preocupação com o desenvolvimento autossustentável, têm mais credibilidade.
A SELEÇÃO DOS BONS ADMINISTRADORES ROBERTO GIANETTI DA FONSECA, PRESIDENTE DA KADUNA CONSULTORIA E DIRETOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E COMÉRCIO EXTERIOR DA FIESP, DIZ COMO ESTÁ O MERCADO DE TRABALHO PARA O ADMINISTRADOR
O mercado de trabalho para o administrador é muito competitivo?
O que garante êxito na profissão escolhida?
É bastante competitivo. Claro que hoje em dia você tem muito mais jovens se formando do que as vagas que são oferecidas. Então, o primeiro conselho é que as pessoas se preparem bem, façam um curso de excelência. Não é de se esperar que a pessoa que faça um curso deficiente vá encontrar facilmente bons empregos. Ser um bom aluno na faculdade não é algo que se faz para terceiros, mas para si mesmo, se preparando para ser um profissional qualificado, bem remunerado, que será promovido, reconhecido pelo mercado.
Uma pessoa bem-sucedida é uma pessoa feliz. No fundo, a felicidade é o objetivo final da vida das pessoas. Então, a primeira coisa para uma pessoa ser bem-sucedida é fazer aquilo que gosta. Se o estudante não está seguro de que está no caminho certo, comece de novo. Eu não vejo nenhum problema em perder um, dois anos de estudo. Quem faz aquilo que gosta, certamente fará melhor e fará com mais empenho, com mais vontade. Eu aconselho ao jovem que pense bem, reflita sobre sua decisão profissional antes de entrar na faculdade. Entrou na faculdade, estude com seriedade e, se perceber que não é aquela a sua carreira, não hesite em mudar.
Como as empresas recrutam os jovens profissionais? Como é o processo? Primeiro: o currículo acadêmico. De onde ele vem, qual foi a faculdade que o formou. Se ele vem de uma boa faculdade, uma faculdade de reconhecida competência como a FACAMP, que é uma das melhores do país, já é visto com mais respeito. Segundo: em geral, o candidato passa por provas que avaliam os conhecimentos na sua área de atividade profissional. Terceiro: como ele se apresenta. Se ele se apresenta de maneira otimista, construtiva, positiva, com respostas prontas, bom senso, equilíbrio emocional. A atitude, a postura do candidato na seleção profissional de uma empresa, é muito importante. E existem também aspectos pessoais: se tem cultura geral, se fala línguas, se tem um bom relacionamento pessoal, se é uma pessoa expansiva, se sabe trabalhar em equipe, se tem personalidade de liderança. Tudo isso vai ser avaliado na entrevista.
Que elementos o senhor destacaria como mais importantes no processo de formação de um bom profissional? A escolha tem que ser muito consciente, é preciso examinar bem diretores, professores, currículos e a empregabilidade dos formados. A qualidade acadêmica da faculdade que o jovem opta por fazer é fundamental. A escolha da faculdade tem que ser uma escolha muito seletiva. Então, aqueles, por exemplo, que escolherem a FACAMP, sabem que vão optar por uma faculdade de excelência, porque a FACAMP tem hoje um nível de referência muito alto. As pessoas sabem que vão encontrar lá bons professores, um currículo atualizado e completo. Essa forma de educação acadêmica de qualidade com abrangência é importante. A FACAMP, eu tenho certeza, reúne qualidades que garantem aos alunos uma excelente formação. 15
ADMINISTRAÇÃO
CRIATIVIDADE, RACIOCÍNIO RÁPIDO E PRECISO MILTON FRUNGILO, CONSULTOR DE EMPRESAS NA ÁREA DE PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS LOGÍSTICOS, FALA SOBRE OS DESAFIOS DA ÁREA DE LOGÍSTICA
O que é a área de Logística? A Logística é um termo extraído do vocabulário militar que definia uma operação destinada a suprir os territórios conquistados ou ocupados com tropas, armamentos, alimentos, medicamentos, veículos e comunicação. A palavra logística foi transplantada para a área empresarial, na qual tem a mesma finalidade: alimentar a cadeia produtiva e fazer a produção chegar ao consumidor, com rapidez, eficácia e segurança. O que se faz nessa área? Embora comumente associada ao transporte – muitas transportadoras de carga adotaram o codinome de “operador logístico” para ganhar status mercadológico –, os serviços de logística atuam praticamente em toda a cadeia produtiva: desde o recebimento e estocagem da matéria-prima, até a alimentação das máquinas, armazenamento da produção, expedição dos pedidos, transporte e entrega da carga. Praticamente não existe um setor da indústria, do comércio ou de serviços em que não esteja presente e não seja necessária. O que precisa saber um administrador responsável pela Logística? O maior desafio de um profissional de Logística é saber dosar as medidas e descomplicar os procedimentos para dar agilidade e eficácia à operação. Não existe uma fórmula única, um padrão de ações ou procedimentos que defina o sucesso de uma operação. A Logística, ao mesmo tempo em que opera com regras rígidas, com o máximo de aproveitamento de tempo e espaço, está à mercê de um 16
grande número de variáveis, que exigem do profissional raciocínio lógico, ágil, preciso e eficaz, além de uma infinita dose de criatividade e senso de improvisação. Logística é uma das áreas do conhecimento que mais exige do profissional. Para atuar com êxito e ter reconhecimento, além do desejável conhecimento teórico, é imprescindível ter raciocínio rápido e preciso. Não importa em que nível esteja situado na escala hierárquica da empresa. Dele é exigido a mesma dose de comprometimento com a operação. Do que mais as empresas sentem falta na formação dos jovens profissionais? A empresa sente a falta de profissionais realmente preparados para enfrentar os desafios impostos por um mercado altamente competitivo, no qual o tempo é medido em décimos de segundo e as distâncias percorridas ou ocupadas em milímetros. Nesse universo, pensar com amplitude e segurança é a diferença entre projetar-se no mercado ou ficar estacionado na fila de emprego. O conhecimento teórico é importante para embasar suas ações, preparar estratégias, planejar procedimentos. Softwares, equipamentos e recursos tecnológicos são ferramentas necessárias para dar mais agilidade ao processo, mas a capacidade de decisão ágil é o mais decisivo.
CAPACIDADE DE SE ADAPTAR É CRUCIAL O EMPRESÁRIO PETER GRABER, FUNDADOR DO GRUPO GRABER, EXPLICA COMO É O TRABALHO DO JOVEM ADMINISTRADOR
Qual é o campo de atividade do administrador? Eu costumo dizer que Administração é planejamento, execução e controle para garantir que uma tarefa seja cumprida da forma e no prazo esperados, de modo a garantir a satisfação do cliente. Isso vale para todas as atividades internas e externas da empresa, nas suas relações com fornecedores, consumidores e comunidade. A área de trabalho é, portanto, muito ampla e muito diversificada. Poderia explicar mais detalhadamente? O administrador, o responsável pela gestão, está presente em todas as áreas de nossa sociedade. Esta é uma profissão que acomoda personalidades diferentes e distintas vocações. Um administrador bem formado pode trabalhar, por exemplo, no setor industrial ou na administração de projetos culturais, na administração hospitalar, no setor de agronegócios ou na administração hoteleira. E digo mais, cada um pode trabalhar na área profissional para a qual tenha inclinação: Finanças, Marketing, Gestão de Operações etc.
trabalho têm de se preocupar com a globalização. É fundamental que o Brasil se integre mais à economia internacional e as empresas têm de se internacionalizar. Assim, os novos profissionais têm que saber lidar com culturas diferentes até para explorar novos mercados. A capacidade de se adaptar é crucial para conviver com outras culturas, outras religiões e comportamentos que devem ser respeitados. O domínio de idiomas é fundamental. Falar inglês é o mínimo, caso contrário estará fora do mercado. Hoje já é necessário conhecer uma terceira língua.
Abrir o próprio negócio é uma alternativa? Claro que sim. O empreendedorismo não é um atributo exclusivo da profissão do administrador. Um engenheiro, por exemplo, pode ser um empreendedor. Mas todo empreendedor tem que saber administrar. Como está o mercado de trabalho? O mercado de trabalho está concorridíssimo, mas os profissionais bem preparados têm boas perspectivas. Os jovens que estiverem entrando agora no mercado de 17
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DESIGN PROFISSÃO Na sociedade da informação e do conhecimento, as imagens têm importância cada vez maior. Os objetos do dia a dia e as informações visuais devem combinar princípios estéticos com o máximo de funcionalidade. O designer é o profissional que faz a intermediação de forma, função e comunicação. A expressão estética de uma ideia e a sua construção material são a essência do trabalho do designer. Nos últimos anos, a profissão de designer ganhou relevância e o mercado passou a oferecer excelentes oportunidades para profissionais de alto nível. Os produtos e seus processos de produção passam atualmente por um ciclo de dinamismo nunca visto: todos os produtos precisam ser redesenhados em um tempo cada vez menor e estão cada vez mais atrelados a seus serviços. A base de funcionamento dos produtos pode ser a mesma, mas o seu diferencial está no design. Mesmo quando especializado numa área de criação, o designer deve ser um profissional polivalente. Mas, também, é um profissional que considera o desenvolvimento do gosto tão importante quanto a compreensão da realidade atual. Nas organizações, o designer passou a ter basicamente três atuações de destaque. Na fase de planejamento, quando a empresa decide quais serão os seus lançamentos, o designer atua como consultor. Em seguida, na fase do projeto, quando se fazem estudos, avaliações e testes mercadológicos, o designer é o chefe da equipe. Enfim, quando o objeto projetado entra na fase de produção e mesmo após o lançamento, o designer atua como assessor, para o aprimoramento do produto e a possível diminuição de custos. O designer deve buscar uma formação contínua que garanta o domínio de técnicas em constante avanço e sofisticação e articular esse conjunto de conhecimentos profissionais com o seu talento e criatividade pessoais.
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DESIGN
ÁREAS DE ATUAÇÃO
DESIGN DE PRODUTO O designer de produto deve gerar formas adequadas aos materiais, planejar processos de produção viáveis, facilitar o uso dos produtos e melhorar seu desempenho. O designer de produto lida essencialmente com a concepção de formas inovadoras, levando em conta os variados processos de produção de bens de consumo e a diversidade de materiais. É o profissional que compreende, aperfeiçoa e expande a capacidade dos processos de planejamento, de projeto e de produção, de modo a satisfazer as necessidades e demandas dos usuários.
O verdadeiro designer é um profissional completo: culto, habilidoso, crítico e com repertório. Ele conhece tanto as técnicas de sua área de atuação, quanto história e economia. Sabe se comunicar correta e objetivamente em vários idiomas, principalmente no seu próprio. Sabe expor suas ideias e projetos, compreender a estruturação e o funcionamento das linguagens artísticas. Deve desenvolver a capacidade de percepção visual das mensagens: organização, dinâmica e efeitos. O designer deve conhecer profundamente o setor industrial, afinal só assim poderá conceber projetos. Oswaldo Mellone, Designer de Produto
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DESIGN GRÁFICO O grande desafio do programador visual é criar imagens que atraiam a atenção do observador, que despertem e mantenham seu interesse, que transmitam a mensagem de forma clara, objetiva e sedutora. Cada vez mais, instituições e empresas buscam o apoio do profissional de Design para construir sua imagem nos meios de comunicação. O designer gráfico administra, orienta e supervisiona equipes de programadores visuais, diretores de arte, ilustradores, desenhistas e diagramadores.
O profissional de Design Gráfico tem domínio tanto técnico quanto criativo. Conhece os sistemas de comunicação, os recursos tecnológicos e os processos de impressão. Trabalha com mídias já conhecidas projetando soluções criativas, descobrindo novos caminhos na trilha da invenção. O designer gráfico atende normalmente a empresas, órgãos governamentais e instituições culturais que precisam do grande público. Para que as soluções propostas sejam eficientes, é necessário conhecer mais do que aspectos técnicos, por isso o designer gráfico conhece também a história da arte, a sociedade, a história e os aspectos econômicos relevantes para cada projeto. Ricardo Ohtake, Designer Gráfico
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DESIGN
ÁREAS DE ATUAÇÃO
INTERFACES A explosão da internet abriu novas frentes de atuação profissional. O designer é consultado para o planejamento, é contratado para a elaboração de projetos e é chamado para fornecer serviços de assessoria nos processos de produção de conteúdos, imagens e sons digitais. Na web, o designer de interfaces elabora portfólios para empresas e instituições públicas, privadas e do terceiro setor. O desenvolvimento de interfaces gráficas para software, jogos e outros ambientes digitais constitui também novos desafios para o designer de interfaces.
Fazer Webdesign é projetar para a internet. O Webdesign é o similar tecnológico do Design Gráfico. Assim como no gráfico é preciso conhecer os suportes, no Webdesign é preciso conhecer a estrutura básica de funcionamento dos vários softwares, do trabalho em rede e de todas as novas tecnologias a isso associadas. Quem trabalha com Webdesign domina os principais softwares da área, desenha e desenvolve um estilo próprio, cria uma identidade de destaque. É uma profissão nova que surge com o aparecimento dessa nova mídia. Sylvain Barré, Webdesigner
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DESIGN PÚBLICO O Design Público é a área na qual os designers colaboram com a qualificação dos serviços públicos por meio de estudos e propostas para a melhoria das condições ambientais (físicas e visuais) dos espaços e equipamentos e com as estratégias de comunicação visual e de campanhas públicas. Esses profissionais procuram compreender as necessidades tanto dos promotores quanto dos usuários de serviços públicos e formulam soluções dentro de parâmetros de sustentabilidade ambiental.
No projeto para o serviço público, o cliente é o poder público e o usuário é a população. No projeto para a empresa privada, as soluções são para um tipo de usuário mais específico. Um outro ponto que distingue as duas situações é a dinâmica do trabalho. Enquanto no trabalho para a iniciativa privada as coisas fluem com mais objetividade e mais rapidez, no trabalho para o serviço público, pela própria natureza das questões públicas, o processo é mais lento e as decisões dependem de um complexo sistema de consultas e aprovações, mas devo dizer que é gratificante e profícuo trabalhar com essa demanda. Manoel Coelho, Designer Público
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DESIGN
ÁREAS DE ATUAÇÃO
O mercado automotivo inicia uma nova fase. O designer veicular ganha importância e passa a ter função estratégica, tornando-se o grande diferenciador entre marcas. A função do designer, seja qual for a matriz tecnológica aplicada a um projeto de automóveis, caminhões ou motocicletas, sempre será desenhar e projetar. O designer sabe interpretar os anseios, as necessidades e os desejos do consumidor e transformá-los em produto. Carlos “Toya” Ponzio, Designer de Automóveis
O designer na área de luminárias e soluções de iluminação estabelece como princípio projetual a redução de custos de produção e de produtos, atendendo sempre às necessidades dos usuários. O designer desta área pode atuar também no trabalho de lançamentos de novos produtos, isto é, na área estratégica de marketing – fotos, site, catálogos, eventos, disposição nas lojas, vitrines etc.
Na área de design de calçados, o mais importante é a concepção do projeto. O programa gráfico usado para materializar o projeto é apenas uma ferramenta. É preciso estudar a viabilidade do produto, o público-alvo, os processos fabris etc. Só assim é possível atender à demanda de clientes de grande porte e conceber um projeto de sucesso. Roberto A. C. Bacellar, Designer de Calçados
Fernando Prado, Designer de Luminárias - LUMINI Soluções em Iluminação
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O designer editorial cria e produz livros, revistas, catálogos, jornais e qualquer peça gráfica que envolva o processo de edição, tanto em mídias impressas como digitais. Cabe a ele materializar, dar a forma e estruturar as informações para tornar um conteúdo claro e atraente. Sem um suporte e a sua representação gráfica, o conteúdo é uma coisa abstrata. O profissional desta área pode trabalhar para editoras, jornais, agências de comunicação e publicidade, instituições culturais e para qualquer cliente que necessite publicar peças gráficas com conteúdo mais complexo. O designer editorial deve conhecer métodos e técnicas que facilitem o processo de comunicação visual.
O designer de produto que atua na área de desenvolvimento de produtos plásticos desenha e projeta novos produtos com base em pesquisas de tendências e de mercado. Para tanto, faz protótipos, acompanha a execução do projeto e dos moldes para injeção, faz a apresentação desses produtos para a equipe interna da empresa e auxilia no lançamento para o mercado. O bom profissional nesta área costuma ser identificado pela visão multidisciplinar da sociedade, criatividade, raciocínio matemático e espacial, facilidade para trabalhar com programas gráficos e habilidade manual para trabalhar com prototipagem.
É atribuição do designer de produto projetar novos produtos a partir da identificação de demandas, de necessidades sociais e técnicas, compreender bem e acompanhar todo o processo de produção, decidir sobre materiais a serem utilizados e, claro, conhecer profundamente o mercado em que atua.
Cristina Zatti, Diretora de Produtos - COZA Utilidades Plásticas
Camila Fix, Designer de Produto
Fernanda Sarmento, Designer Editorial - ESTÚDIO FERNANDA SARMENTO e Professora da FACAMP
O designer de mobiliário pesquisa novas necessidades e produtos, desenvolve protótipos, concebe e planeja a produção industrial e a comercialização. Para projetar, pessoalmente, ainda gosto de usar lápis e papel. O uso de computador para mim é como uma ferramenta apenas. O jovem designer que pretende atuar nesta área precisa, fundamentalmente, gostar de desenhar e ter aptidão para isso. Ser observador, ter visão crítica e, obviamente, criatividade. Fernando Jaeger, Designer de Produto - TOK & STOK e FERNANDO JAEGER
O trabalho do ilustrador encontra no mercado editorial um lugar privilegiado. Ele também pode trabalhar em outras áreas como publicidade, mídia impressa, peças promocionais, internet e estampas. O ilustrador tem um pé nas artes plásticas e na literatura: concepções artísticas, interpretação dos textos, desenvolvimento de narrativas visuais e reflexão sobre o espaço do livro como objeto são uma constante; o outro pé está no domínio técnico: desenho, conhecimento dos suportes, dos softwares da área e da produção gráfica e dos processos de impressão. Andrés Sandoval, Ilustrador
O design público é uma nova fronteira a ser explorada por designers e arquitetos nos próximos anos. O Brasil se transforma, se desenvolve e novas exigências se estabelecem. Demanda um espaço urbano mais coerente com objetos bem pensados, bem desenhados, práticos e belos, tais como: bancos públicos, interior dos ônibus, seus pontos e todas as informações do seu sistema, lixeiras, bancas de flores. As possibilidades são enormes e a necessidade premente.
O webdesigner é o profissional que cria soluções visuais para o desenvolvimento de websites. Nossa maior preocupação deve ser sempre o acesso à informação, tanto na busca por ideias que facilitem a navegação como para criar experiências diferenciadas e entreter facilitando o acesso ao conteúdo. É comum que o webdesigner participe também das etapas de planejamento (estratégia, arquitetura da informação e usabilidade) e montagem do site (animação e codificação). Daniel Kusaka, Webdesigner
Paulo Dizioli, Arquiteto e Professor da FACAMP
O designer de joias deve purificar o olhar, inspirar-se na natureza, na música, no teatro, na arquitetura, não para copiar, mas para criar com mais liberdade. O designer de joias deve ser capaz de observar, deve estar muito atento às tendências de longo prazo, procurando o atemporal, só assim ele estará capacitado para criar o clássico. Projetar será consequência disso. O designer precisa ainda ser capaz de estudar a viabilidade do seu projeto, acompanhar a confecção dos protótipos, realizar testes de ergonomia, caimento e portabilidade e, uma vez aprovado o projeto, encaminhá-lo para a produção.
Fazer game não é brincadeira. O designer que atua na concepção e design dos conteúdos 3D faz, por exemplo, animação digital, produção de peças publicitárias, simulação industrial e médica, design de personagens e de ambientes virtuais. A área de design para conteúdos 3D exige habilidades sofisticadas para integrar conhecimentos das artes e da tecnologia. Existe uma demanda crescente por profissionais capazes de transitar e integrar esses conteúdos.
Christian Hallot, Embaixador da marca H. STERN
Gustavo Oliveira, Designer de Games - GAMION GAMES
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DESIGN
DOMÍNIO TÉCNICO E CRIATIVIDADE PARA A DESIGNER DE PRODUTO, CAMILA FIX, O DESIGN PASSOU A SER O GRANDE DIFERENCIAL NO SUCESSO DE UM NEGÓCIO
O que é a área de Design de Produto? O Design de Produto é uma das áreas mais importantes do Design. Com o avanço tecnológico, a conquista de um bom padrão de qualidade, de fabricação e de funcionamento da produção industrial, o que passou a ser o grande diferencial no sucesso de um negócio foi o Design de Produto. Há hoje um consenso entre os empresários de que o Design de Produto ocupa posição de destaque. Como é o trabalho nessa área de atuação? Os designers de produto que trabalham em grandes empresas exercem sua função sempre em cooperação com as outras áreas da empresa, sobretudo, com o departamento de marketing e com o de engenharia. Quando se trata de grande produção, essa colaboração é vital. É atribuição do designer de produto projetar novos produtos a partir da identificação de demandas, de necessidades sociais e técnicas, compreender bem e acompanhar todo o processo de produção, decidir sobre materiais a serem utilizados e, claro, conhecer profundamente o mercado em que atua. O designer de produto também trabalha em processos produtivos de menor escala. Nesse caso, como os investimentos são menores, como há mais restrições materiais e menos estrutura, as atribuições do designer se estendem por mais áreas. Por exemplo, ele pode eventualmente decidir o que, como e quando produzir, de que modo distribuir e para que público projetar. Que qualidades são necessárias para exercer bem essas funções? A carreira de Design de Produto é abran26
gente, envolve criação, produção e muita pesquisa. Por isso, exige do profissional uma formação ampla e variada, que lhe forneça autonomia de ação e inteligência ágil. É preciso saber discutir o projeto, saber avaliar o desenvolvimento do produto e acompanhá-lo em todas as suas fases. É fundamental que para isso o designer tenha um bom e diversificado repertório cultural, que conheça história da arte e outras culturas, e isso se faz com uma boa formação, lendo, viajando, visitando museus etc. Mas é necessário ter bons conhecimentos sobre o mercado. Afinal, o produto é desenvolvido para o mercado.
SYLVAIN BARRÉ É WEBDESIGNER, ILUSTRADOR, DIRETOR DE ARTE E ARTISTA PLÁSTICO, FORMADO NA ESCOLA DE ARTES DE PARIS. É SÓCIO DO ESTÚDIO CITRON VACHE DE GRAFISMO E ANIMAÇÃO
O que faz um webdesigner? O webdesigner trabalha basicamente na criação de páginas para internet. E é o webdesigner quem projeta e desenvolve tanto a ergonomia quanto a beleza gráfica das várias partes de um site: da homepage aos links. Um profissional que realiza bem sua função não faz somente um site bonito, mas desenvolve uma navegabilidade eficiente. Ele sempre pensa ao mesmo tempo no aspecto prático, quantos cliques serão necessários para se chegar à informação essencial e nunca deixa para trás o aspecto estético. Que conhecimentos são fundamentais para a formação de um bom webdesigner? Todo candidato a webdesigner precisa dominar, no mínimo, os softwares básicos da área nas suas várias funções. Hoje ninguém espera mais que segundos pelo carregamento de um site, portanto, é preciso estar muito atento aos hábitos dos usuários. Ter conhecimento da estética, saber pesquisar as soluções da concorrência, manter-se atualizado, visitar exposições de arte, visitar sempre a lista dos melhores sites do momento, por exemplo, são providências fundamentais.
sites com inúmeros links e existem os que sequer têm conteúdo para um site. É importante ter imaginação e conhecimento para pesquisa de uma hora para outra. Que qualidades pessoais e profissionais são esperadas dos jovens webdesigners? De modo geral, é preciso ter muita curiosidade, saber como funcionam as coisas, não ter medo de se arriscar. Quem não se joga no que faz, não avança. É preciso ter iniciativa, saber trabalhar em equipe, saber ouvir, ser propositivo, manter-se bem informado sobre sua área de atuação, ler revistas especializadas, estudar livros relacionados com os assuntos em pauta. Em suma, estar sempre atualizado.
Que tipos de desafio surgem no dia a dia de um webdesigner? Clientes resolvem mudar toda a estrutura do seu site de um dia para o outro, resolvem reconfigurar a identidade corporativa da empresa. E tudo para ontem. Surge também o cliente que acha que sabe tudo e precisamos instruí-lo sobre o que seria melhor para resolver seus problemas. Existem clientes que encomendam 27
DESIGN
RESPEITO AOS ASPECTOS AMBIENTAIS E HUMANOS
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O URBANISTA E DESIGNER PÚBLICO MANOEL COELHO EXPLICA A DINÂMICA DO TRABALHO DO DESIGNER NA ATUAÇÃO PÚBLICA
Que conselhos o senhor dá aos futuros designers para que eles tenham uma formação completa? Os designers devem ter uma formação ampla, que possibilite o domínio das técnicas profissionais mais avançadas sem nunca perder de vista a importância do conhecimento das artes, ciências e humanidades. De uma maneira geral, os cursos de formação nesta área estão cada vez mais se segmentando em várias áreas de atuação (principalmente gráfico, produto e webdesign), o que leva cada vez mais a formação de profissionais com visão pontual e falta de preparo. Somente os cursos em tempo integral e que não se especializaram em áreas particulares do design podem oferecer essa valiosa base para a formação do designer. Costumo dizer que o estudante é tanto ou mais responsável pela qualidade da sua formação quanto a instituição de ensino que está cursando. Por isso é preciso também que o estudante mantenha-se sempre muito bem informado sobre todos os temas do Design, seja através de cursos paralelos, participação em encontros, seminários, viagens e conversas com profissionais já estabelecidos e com experiência comprovada.
prejuízo dos interesses dos usuários. Um exemplo interessante é o trabalho conjunto da FACAMP com a Empresa de Transporte Público da Prefeitura de Campinas. Realmente pode contribuir para a apresentação de propostas visando a melhoria do sistema de transporte urbano em Campinas. A crise financeira internacional é uma oportunidade para a emergência de novas agendas sociais, ambientais e éticas? O grande ponto positivo de uma crise mundial como a que está em curso é justamente o de estabelecer uma nova consciência de abordagem dos problemas, de posicionamento correto na ordem dos valores sociais. Creio que os jovens designers têm que aproveitar este momento para estabelecer uma nova atuação. Devem procurar contribuir para a redução paulatina das diferenças sociais através da atuação profissional apoiada em princípios éticos que começam com o respeito aos aspectos ambientais e humanos. Será extremamente saudável para a humanidade que esse comportamento seja colocado em prática como a única saída para um mundo mais justo e equilibrado.
Quais as suas recomendações para a atuação profissional do designer na área pública? É muito importante que a atuação do profissional do Design na área pública objetive a resolução dos problemas da população, sem interferência que implique 29
DESIGN
SUPERFÍCIE TEM DESIGN?
RENATA RUBIM, DESIGNER DE SUPERFÍCIE E SÓCIA DIRETORA DA RRD&C, EXPLICA AS ATRIBUIÇÕES QUE TEM UM DESIGNER DA ÁREA DO SURFACE DESIGN
é fundamental que a equipe de trabalho se dedique a estudar essas características. Você já se perguntou por que no Brasil os carros têm predominância de determinada cor, o que é diferente do Canadá ou da Suécia, por exemplo? O mesmo acontece na área de estamparia?
Superfície tem Design? Quando falamos em Design de Superfície ainda ouvimos muitas vezes que não há necessidade nenhuma de se criar mais uma categoria do Design, categoria até supérflua e desnecessária, para não dizer, cosmética. Mas, sim, as superfícies devem ser projetadas. Olhe para o chão que você está pisando neste momento e verifique se não é o resultado de uma série de estudos, processos e pesquisas. Se for um piso de algum revestimento laminado (vinílico, por exemplo), só foi possível produzi-lo devido à incrível evolução tecnológica dos últimos anos. Idem se for o piso emborrachado do automóvel, da escada rolante etc. ou um tapete com materiais e desenho contemporâneos. A roupa que 30
você veste não nasceu na loja em que foi comprada. Ela é composta de materiais, cores e projetos resultantes de anos e anos de trabalho. Que outros tipos de atividade pode ter um designer de superfície? No I Fórum de Superfícies realizado em SP, tivemos a oportunidade de conhecer o trabalho de profissionais de diversas áreas. Vimos, por exemplo, a abrangência e a profundidade do trabalho no Design Cerâmico, que necessita dos mais diversos conhecimentos em suas diferentes etapas. Também vimos como se dá o trabalho de Design e a definição de cores no setor automobilístico, que pode se estender por anos, tal a complexidade de cada projeto. Cada mercado tem suas peculiaridades e
Sem dúvida. É na área têxtil e de papéis que os exemplos de Surface Design vêm à mente mais rapidamente. Conheci o trabalho desenvolvido por alunos de moda e tecnologia e notei que a metodologia utilizada se dá a partir da especificação do tecido. É nesses dois segmentos que podemos ficar fascinados com o que o designer é capaz de criar. E impressiona ver que a criação não tem limites e que a tecnologia impulsiona mais e mais o poder criador que temos. O que o designer deve saber hoje? O designer de hoje deve dominar ferramentas e ter conhecimentos abrangentes. As ferramentas estão quase sempre acessíveis, mas só têm valor no Design se o profissional tiver uma rica bagagem cultural. O que significa estar perfeitamente atento para as diversas manifestações na vida das pessoas: política, artes, história, economia, meio ambiente e tudo o que nos afeta. Além disso, paixão é a energia básica que sustenta o interesse pelo trabalho incessante e cotidiano de nós, designers.
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DIREITO PROFISSÃO A integração e a coesão de sociedades dinâmicas, como a brasileira, dependem do Direito, ordem normativa que deve ser garantida pelo Estado. O profissional do Direito é necessário em praticamente todas as áreas da atividade humana e pode atuar como advogado ou em carreiras públicas. A atuação do profissional do Direito não se limita à prática dos processos judiciais, seja como advogado, procurador, promotor ou juiz. Há uma crescente demanda por profissionais responsáveis pela prevenção de conflitos, capazes de negociar, orientar e dar pareceres e consultas, a fim de evitar longas disputas ou infrações à lei. O campo do Direito expandiu-se nas últimas décadas e as relações jurídicas se tornaram mais complexas. Exemplos disso são as tutelas dos novos direitos coletivos, do meio ambiente, do consumidor e dos direitos de defesa da mulher, da criança, do idoso e dos portadores de necessidades especiais, a terceirização das atividades e a multiplicação dos contratos de cooperação operacional. Nas empresas, públicas e privadas, a maior complexidade e a internacionalização da vida econômica geraram novas formas de contrato e de negociação. Por exemplo, os tratados de comércio exterior, as relações de comunicação e transporte internacionais, as normas que regulam os novos mercados financeiros e as leis de propriedade intelectual. Os próprios efeitos da aplicação do Direito no processo produtivo, nas transações comerciais e financeiras afetam a competitividade das empresas. O profissional do Direito deve reunir uma gama de qualidades e de capacidades que dependem de um intenso e completo preparo teórico e prático. Deve ter, também, sólida formação humanista. Precisa estar pronto para a permanente atualização de seus conhecimentos, em sintonia com as constantes transformações do mundo contemporâneo.
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DIREITO
ÁREAS DE ATUAÇÃO ADVOCACIA Para o exercício da advocacia, o bacharel em Direito deve prestar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ao ser aprovado, credencia-se para atuar como profissional liberal em seu próprio escritório ou associar-se a um já existente. Também poderá trabalhar como advogado contratado em grandes e médias empresas de setores como o do agronegócio, em indústrias, bancos e organizações ou entidades que tenham departamento jurídico próprio. Em ONGs, o profissional poderá atuar nas áreas ambiental, educacional, assistencial e de assessoramento ao consumidor. Além das funções tradicionais, a atuação profissional do advogado interfere cada vez mais na vida das empresas e organizações: começa na fase de negociação para constituir relações jurídicas contratuais, dar prévia segurança aos sujeitos de direito e impedir que o conflito se estabeleça.
PROCURADOR
ADVOCACIA EMPRESARIAL
No Estado de Direito, a função do Procurador do Estado e do advogado público em geral é imprescindível. Compete-lhe dizer o Direito no âmbito da Administração Pública e defender, em juízo, seus interesses, inclusive os da receita pública. O seu compromisso perante à sociedade pauta-se pelo princípio da moralidade, harmonizando interesses coletivos e direitos dos cidadãos. A compreensão mais contemporânea do Direito como conteúdo que abrange princípios e valores, superando o viés legalista, tem sido um poderoso instrumento de trabalho para os Procuradores do Estado.
Ao profissional do Direito que opta pela carreira privada, não basta o amplo conhecimento do ordenamento jurídico. O advogado precisa ser capaz de oferecer um serviço de qualidade dentro dos padrões compatíveis com as necessidades do cliente, sobretudo no que se refere a aspectos de conteúdo e prazo. A percepção do real significado de cada demanda, com todas as suas implicações, permitirá conferir à sua atuação uma maior relação custo-benefício. É exatamente essa sensibilidade que poderá diferenciá-lo no mercado competitivo de profissionais altamente qualificados.
Marcio Sotelo Felippe, Procurador do Estado de São Paulo
Marta Mitico Valente, Sócia da Mitico & Visnevski Advogados
O advogado especialista na área empresarial encontra um vasto campo de atuação nos dias de hoje. Num mundo complexo como o atual, a consultoria de um profissional do Direito é fundamental para todo tipo de empresa, da mais simples até a de grande porte. Ele é muito requisitado para tratar de questões delicadas como as relativas à propriedade industrial, aos diversos tipos de contrato, à tributação, às relações trabalhistas, aos direitos dos consumidores. É fundamental para a solução de problemas complexos como a estruturação societária, operações de fusão e aquisição, projetos de investimento etc. Leonardo Moreira Costa de Souza, Mestre em Direito Empresarial, Sócio da Azevedo Sette Advogados
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CARREIRAS PÚBLICAS O profissional de Direito que optar pelas carreiras públicas deve prestar concursos, geralmente bastante disputados. Seja para as carreiras tradicionais de juiz, desembargador, promotor de Justiça, delegado, procurador da União, dos Estados e dos Municípios, seja para atuar no largo campo de trabalho oferecido por organismos públicos – como o Banco Central, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e outros. Juízes, procuradores ou promotores estão continuamente às voltas com questões de natureza econômica e financeira, com as relações entre empresa e consumidor, com o meio ambiente, com conflitos negociais entre grandes conglomerados de empresas, nacionais e internacionais.
DESEMBARGADOR
PROMOTOR
O juiz deve ter traços característicos de personalidade. Diferentemente do advogado, que é uma pessoa combativa e mais vibrante, o juiz tem de ser calmo e sempre observar todos os lados da questão. Essa calma é facilitada pelo fato de o juiz, assim como o desembargador, não viver sob a pressão de ganhos imediatos. Tampouco tem de se submeter às pressões de empresas. O papel do juiz também exige auto-controle para manter um bom ritmo de produção.
O Ministério Público, no Brasil, tem relevantes funções sociais, como a proteção do meio ambiente, do patrimônio público, dos direitos constitucionais da cidadania como o direito à saúde e à educação, além de ser o responsável, na área penal, por processar todas as pessoas suspeitas de terem cometido crimes. Para exercer todas essas funções, após um mínimo de três anos de atividade profissional, é preciso enfrentar um árduo concurso público. O Promotor de Justiça está sempre à frente no combate ao crime organizado, aos interesses de grandes grupos econômicos e mesmo frente aos poderes do Estado.
Maurício Vidigal, Desembargador
Fauzi Hassan Choukr, Promotor de Justiça
O membro do Ministério Público tem status de agente político do Estado, independente e soberano, limitado apenas pela lei e pela sua consciência. O complexo sistema legal pátrio exige uma atuação comprometida com a defesa da sociedade. Hoje, como titular exclusivo da ação penal, salvo nos casos das ações privadas, e colegitimado para a defesa dos interesses difusos, tais como do meio ambiente, consumidor, idosos, pessoas portadoras de deficiências, crianças e adolescentes, o membro do Ministério Público é essencial para o cumprimento das metas do artigo 3º da Constituição, dentre elas a de construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Por isso espera-se de seus membros equilíbrio, sobriedade e dedicação. Antonio de Padua Bertone Pereira, Procurador de Justiça
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DIREITO
FORMAÇÃO TEÓRICA E HUMANÍSTICA É CRUCIAL EROS GRAU, PROFESSOR DA FACULDADE DE DIREITO DA USP E MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (2004-2010), EXPLICA AS ATRIBUIÇÕES DE UM PROFISSIONAL DO DIREITO
O que faz o profissional do Direito? O profissional do Direito tem por objetivo, dentre outras coisas, a solução de conflitos. O sistema jurídico, no qual atua o profissional do Direito, é um sistema não fechado e que está em permanente transformação, na medida em que é constituído por normas e fatos. Ou seja, não pode ser visualizado como uma técnica de redução a determinados
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modelos e normas. O profissional do Direito não interpreta normas, interpreta textos normativos. E a interpretação do Direito é uma experiência existencial que não pode ser considerada apenas a partir do conhecimento técnico dos textos. O Direito tem o seu próprio discurso, mas ele é contemporâneo à realidade. Ele faz parte da realidade social, está dentro dela.
Que tipo de qualidades deve ter um profissional do Direito? O profissional do Direito deve colocar a serviço da comunidade não só um amplo conhecimento teórico como, principalmente, uma ampla compreensão da sociedade. O profissional do Direito deve, igualmente, ser capaz de exercer auto-crítica e de refletir, retomando um hábito hoje, infelizmente, em desuso, mas que
representa um enorme diferencial em relação àqueles que exercem o Direito de modo maquinal. O que o mercado de trabalho exige de um profissional de excelência no campo do Direito? A formação técnica, o conhecimento profundo do Direito Positivo, do que eu chamo de Direito posto pelo Estado, é
fundamental para o profissional do Direito, seja ele juiz, promotor, procurador ou mesmo advogado. Mas é preciso ir além de uma visão meramente formalista. Entendo o Direito como um todo, assumindo uma perspectiva substancial do Direito. O Direito, para mim, é um fenômeno social, uma maneira da sociedade se comunicar. É necessário, portanto, além de uma formação técnica sólida, uma ampla
e profunda formação humanística. O que significa um ampla formação humanística? O profissional do Direito deve ser uma pessoa de cultura, colada na sociedade em que vive e interessada em transformar o mundo num lugar mais justo, mais democrático, mais humano. E falar de formação humanística é falar de capacidade de reflexão e espírito crítico.
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DIREITO
ÓTIMAS PERSPECTIVAS DE TRABALHO ROGÉRIO CRUZ THEMUDO LESSA, ADVOGADO NA ÁREA DE DIREITO SOCIETÁRIO E MERCADO DE CAPITAIS, FALA SOBRE AS BOAS PERSPECTIVAS DE TRABALHO PARA O ADVOGADO
Quais as perspectivas do advogado, no início da carreira, quando é contratado em escritórios de médio ou grande porte? Atualmente são ótimas as perspectivas, há um crescimento da participação dos advogados nas decisões dos clientes, sejam pessoas físicas ou empresas. O mercado de trabalho está cada vez mais favorável ao profissional qualificado do Direito. Geralmente os escritórios contratam como advogado os estagiários que tenham demonstrado por longo tempo suas habilidades em vários setores, desde relacionamento pessoal, competência nas matérias jurídicas até domínio de línguas e informática. Qual a diferença do advogado que abre o próprio escritório como profissional liberal em comparação com o advogado em escritórios médios ou grandes? O advogado que abre escritório tem missão mais difícil a cada dia, pois é preciso conquistar sua clientela. Sua liberdade, como profissional autônomo, é um ponto favorável em comparação com o que ocorre diante da burocracia de escritórios tradicionais. Quando o advogado é empregado por um médio ou grande escritório, vários setores já estão estruturados, formando uma verdadeira “empresa jurídica”, com níveis de carreira (trainee, advogado júnior, advogado sênior, advogado sócio etc.). Há uma boa perspectiva de crescimento com uma clientela já estável. Na profissão da advocacia, qual a diferença entre a atuação “litigiosa” e “consultiva”? A advocacia litigiosa é a tradicional advocacia diante de conflito já aberto, em que 38
os advogados trabalham para tentar uma solução rápida. Caso seja aberto processo judicial, a busca da solução passa a ser presidida pelo juiz, o que não exclui a habilidade do advogado para buscar um acordo ótimo para seu cliente. A advocacia consultiva, por outro lado, destina-se ao aconselhamento às pessoas e às empresas para a tomada de decisões importantes. O objetivo é prevenir o conflito. É um trabalho que cresce a cada dia, dado que um passo errado tem graves consequências jurídicas e econômicas num mercado competitivo como o de hoje. Há alguma diferença significativa entre as carreiras privadas do advogado e as carreiras públicas do procurador, do promotor, do juiz etc.? Como eu disse, o mercado de trabalho está em expansão para profissionais de alto nível. Nesse sentido, a segurança profissional e as perspectivas salariais dos profissionais de elite da advocacia são equivalentes aos das carreiras públicas. Os processos seletivos para contratação do advogado em empresas ou em escritórios de advocacia, atualmente, chegam a ser tão complexos e demorados como os processos de seleção do juiz, do procurador, do promotor de Justiça. Talvez o início da carreira do profissional concursado seja mais seguro e mais bem remunerado, mas o grau de exigência técnica, conhecimentos e competências é, na visão dos grandes escritórios, absolutamente o mesmo.
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ECONOMIA PROFISSÃO Num sistema econômico complexo como o brasileiro, o economista encontra amplo campo de trabalho. A velocidade das inovações tecnológicas, o dinamismo das empresas e dos mercados financeiros e as alterações dos padrões de consumo deslocam rapidamente o horizonte de conhecimentos sobre a estrutura e o funcionamento da economia. Nesse ambiente, que é de risco e incerteza crescentes, mas também de desafios e oportunidades, a presença do profissional de Economia é indispensável. A atividade do economista é imprescindível à formulação e à execução da política econômica do país, à elaboração das políticas setoriais e de regulação. O economista é o profissional atento às instituições multilaterais, aos tratados de livre comércio e de integração produtiva, às mudanças dos mercados financeiros globalizados, às políticas dos países concorrentes e às ameaças de deslocamento das empresas para outras nações. Nas empresas, públicas ou privadas, o economista tem papel importante. Ao analisar a conjuntura, ele fornece, por exemplo, a base para uma gestão eficiente do caixa e do crédito. Quando constrói cenários macroeconômicos e elabora previsões de taxas de crescimento, da inflação, de juros e de câmbio, seus conhecimentos de economia monetária e dos mercados financeiros globalizados são determinantes para a tomada de decisões de investimento, a médio e a longo prazos. O economista é o profissional treinado para identificar as tendências dos mercados, as formas de concorrência entre as empresas, os pontos fortes e fracos dos competidores, o poder de negociação dos fornecedores e clientes, a política de aquisições e fusões e os riscos de ingresso de concorrentes potenciais. Para a definição das estratégias empresariais de investimento, seu domínio dos modelos de avaliação de ativos e de riscos é indispensável.
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ECONOMIA
ÁREAS DE ATUAÇÃO EMPRESAS O economista é imprescindível à gestão eficiente da empresa de todos os setores, na indústria, nos serviços e no agronegócio. Os conhecimentos em economia de empresa, em microeconomia, métodos quantitativos e na análise da conjuntura nacional e internacional capacitam o economista a tomar complexas decisões estratégicas, num ambiente dinâmico de acirramento da concorrência no Brasil e no mundo.
GESTÃO FINANCEIRA
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Os economistas ocupam espaços cada
Todas as decisões cruciais para o cresci-
vez mais decisivos na gestão de empresas.
mento e a consolidação de uma empre-
Têm se destacado, por exemplo, numa das
sa dependem do economista. Quando e
áreas de grande importância nos últimos
onde fazer investimentos? Quais as me-
anos: a chamada área de inteligência de
lhores alternativas técnicas para realizá-
mercado. Analisar a concorrência e esti-
los? Como conquistar novos mercados?
mar a demanda futura é uma ferramenta
O economista contribui para tomar essas
indispensável para a obtenção de vanta-
decisões estratégicas, participando ativa-
gens competitivas. É a capacidade analítica
mente do planejamento das empresas.
do economista que responde de modo
José Augusto Ruas, Economista, Professor da FACAMP e Especialista em Economia de Empresas
competente a este desafio. Adriana Marques, Economista, Professora da FACAMP e Especialista em Economia de Empresas
Há um número cada vez maior de economistas trabalhando em empresas, grandes, médias e pequenas. Grande parte deles atua na Diretoria Financeira e de Relações com Investidores. Há, também, economistas presentes nas áreas de Marketing, Recursos Humanos e Produção. Mas é na Gestão Estratégica que o economista tem se destacado nesses últimos anos de acirramento da concorrência na economia global. Isso ocorre porque a formação do economista permite que ele desenvolva a principal qualidade que se espera de um gestor completo: a capacidade de análise integrada, do ambiente competitivo e das tendências da economia. Rui Affonso, Diretor Econômico-Financeiro da SABESP
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GOVERNO Formular e executar a política econômica para que o Brasil alcance o desenvolvimento com distribuição de renda: esta é talvez a mais nobre atividade do economista. Isso porque só ele tem o domínio dos conhecimentos macroeconômicos, da evolução da conjuntura nacional e internacional, das finanças públicas, da teoria monetária e financeira, da economia política e das técnicas de construção de cenários.
FORMULAÇÃO E GESTÃO DE POLÍTICA ECONÔMICA PLANEJAMENTO E CONTROLE ORÇAMENTÁRIO O economista, conforme todos sabem, é imprescindível em todos os níveis de governo: federal, estadual e municipal. As carreiras públicas são cada vez mais atrativas do ponto de vista financeiro. No governo federal, por exemplo, há excelentes empregos na Secretaria do Tesouro, na Secretaria da Receita Federal, nas assessorias econômicas de todos os ministérios, no Banco Central, no BNDES, em órgãos de pesquisa como IPEA e IBGE. O mesmo vale para os governos municipais e estaduais. Fernanda Serralha, Economista, Professora da FACAMP e Consultora em Economia do Setor Público
Como a crise mundial afetará o Brasil? Qual será o crescimento do PIB nos próximos anos? Até que ponto o governo deve interferir no mercado de câmbio? Quais os impactos econômicos das descobertas do petróleo na camada pré-sal? Como estimular a agricultura? Qual deve ser a política industrial? Quais investimentos são necessários para o desenvolvimento socioeconômico do país? Quais as prioridades de aplicação dos recursos públicos? Em todas essas decisões, o economista é fundamental. E são elas que determinarão o futuro econômico do Brasil. Júlio Gomes de Almeida, Professor da Unicamp e ex-Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda
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ECONOMIA
ÁREAS DE ATUAÇÃO MERCADO FINANCEIRO O mercado financeiro é um espaço privilegiado para a atividade do economista. Ele tem a formação necessária para analisar e operar nos bancos, corretoras de valores e fundos de investimento. Ele tem o domínio dos conhecimentos teóricos e das técnicas indispensáveis à tomada de decisões de financiamento e investimento nos vários segmentos dos mercados globalizados de crédito, capitais e monetários.
DECISÕES DE INVESTIMENTO DECISÕES DE FINANCIAMENTO E CRÉDITO O mercado financeiro é o principal habitat do economista. Diariamente tomamos decisões de como aplicar dinheiro, para quem e quanto emprestar, em quais ações investir. São decisões que dependem do domínio das mais avançadas técnicas matemáticas e financeiras, mas que também pressupõem um sólido conhecimento da economia brasileira e internacional, das empresas e dos mercados. Amplitude analítica: esta é a capacidade que os bons cursos de Economia proporcionam aos futuros profissionais do sistema financeiro. Oscar Frick, Economista, Professor da FACAMP e Consultor da BM&F Bovespa
O mercado financeiro é uma das melhores opções de trabalho para o economista. Em bancos comerciais e de negócios, em fundos de investimento, em empresas de consultoria financeira ou em corretoras de valores estão alguns dos empregos mais interessantes para nossa profissão. No mercado financeiro, o economista tem a responsabilidade de lidar com grandes volumes de dinheiro de bancos e clientes e de tomar decisões rápidas e precisas. Não é à toa que aqui estão as melhores remunerações. Marcelo Taiar Arbex, Sócio-Diretor da Convenção Corretora de Valores e Câmbio
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A FORMAÇÃO DO ECONOMISTA ANTONIO DELFIM NETTO, PROFESSOR EMÉRITO DA USP, EX-MINISTRO DA FAZENDA, DO PLANEJAMENTO E DA AGRICULTURA E UM DOS MAIS DESTACADOS ECONOMISTAS BRASILEIROS, FALA DA PROFISSÃO E DA FORMAÇÃO NECESSÁRIA AO ECONOMISTA
O senhor teve um papel muito importante no ensino de Economia no país. Qual foi? Em meados dos anos 1950, eu era professor da Faculdade de Ciências Econômicas da USP. Tive então a oportunidade de participar de uma iniciativa muito oportuna, a renovação do ensino de Economia. Desejo lembrar aqui a atuação decisiva do meu saudoso amigo, professor Luís de Freitas Bueno. Qual o significado dessa renovação? No Brasil, o ensino universitário de Economia era muito recente e o economista não tinha o prestígio social que tem hoje. Estávamos muito defasados em relação ao que se aprendia nos cursos dos países desenvolvidos, especialmente dos Estados Unidos e da Inglaterra. O sentido da renovação foi muito claro: dar ao economista uma formação profissional sólida. Quais foram as mudanças principais do curso de graduação? Creio que duas. Em primeiro lugar, a ênfase no ensino de Teoria Econômica (macroeconomia, microeconomia, economia monetária, teoria do desenvolvimento etc.). Em segundo lugar, a insistência na necessidade do domínio da matemática, da estatística e da econometria, instrumentos indispensáveis ao aprendizado e ao exercício profissional. Como o senhor avalia o ensino de Economia do Brasil? Existem no Brasil alguns cursos de graduação e de pós-graduação de boa qualidade.
Que problemas o senhor veria hoje? Hoje há um problema muito sério com os economistas que julgam sua atividade supostamente científica, que imaginam que são portadores de uma ciência pura e por isso têm dificuldades porque desconhecem a sociedade e a política. Criam situações muito sérias quando ignoram a própria realidade que os cerca, tentando impor modelos abstratos que buscam teoricamente a eficiência, mas apenas isso. A vida das pessoas não é apenas eficiência: elas desejam muito mais, querem uma sociedade razoável, com certa justiça social, em que haja ampla liberdade e uma distribuição de renda mais equilibrada. Quais seriam as consequências dessas observações para o ensino de Economia? As consequências são muito claras. Além da formação teórica e da formação na área quantitativa, é preciso desenvolver a sensibilidade para a realidade tomada em toda a sua complexidade concreta. Isso quer dizer que também é importante à formação do economista um sistema de prática profissional, que alie teoria e realidade desde o início do curso. Além disso, é imprescindível ao economista conhecer a história, as demais ciências sociais e a filosofia. Como o senhor define a profissão do economista? A profissão do economista se destina a facilitar o crescimento econômico, de um país ou de uma empresa. Ele deve ser capaz, portanto, de realizar funções múltiplas no governo e no setor privado. A profissão tem muito a ver com a busca
da eficiência, quer dizer, procurar maximizar alguma coisa, reunir os fatores de tal forma a obter a máxima produção possível ou reuni-los de modo a obter o menor custo. O que caracteriza a atividade do economista no governo? No nível macro, o economista é, obviamente, obrigado a pensar em outras variáveis: as variáveis sociais. Precisa interessar-se pelo crescimento econômico e trabalhar para que ele se realize de modo que as pessoas possam exercer com independência as suas atividades, que tenham liberdade de movimento e possam escolher o campo de sua atuação. No governo, o economista precisa de uma sensibilidade social maior. Tem de entender que os modelos que levam à eficiência não são necessariamente os que produzem o maior bem-estar. O economista no governo é, portanto, um ser que tenta balancear eficiência, liberdade e bem-estar para produzir certa harmonia no crescimento. Ele deve ser capaz de antecipar as dificuldades que retardam o desenvolvimento ou produzem desarmonia. E na empresa privada? No setor privado, sua tarefa é muito mais restrita. Ele tem de pensar prioritariamente em maximizawr lucros, mas sem perder de vista que a empresa é também um instrumento para a realização do bem-estar social. Como está o mercado de trabalho? Como em todas as áreas, há emprego para os competentes.
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ECONOMIA
O PAPEL DO ECONOMISTA LUIZ GONZAGA BELLUZZO É UM DOS FUNDADORES DA FACAMP E DA UNICAMP E UM DOS MAIS IMPORTANTES ECONOMISTAS BRASILEIROS. NESTA ENTREVISTA, BELLUZZO EXPLICA DETALHADAMENTE QUAL É O MERCADO DE TRABALHO PARA O ECONOMISTA NO MUNDO DO SÉCULO XXI
Por onde o senhor gostaria de começar? Gostaria de começar esclarecendo pontos importantes sobre a profissão do economista. Qual é o primeiro? Alguns vestibulandos não optam por Economia porque imaginam que o mercado de trabalho é estreito. Isto é um equívoco. O mercado de trabalho para o economista é amplo e ganhou um grande dinamismo com a globalização. Estou falando de economistas bem formados, competentes. Basta citar o exemplo dos formados pela FACAMP, não é verdade? Sem dúvida. A empregabilidade dos formados pela FACAMP é extraordinária: 99% estão trabalhando na profissão que escolheram e exercendo funções importantes. Qual é o segundo ponto? Alguns acham, também, que o economista ganha menos do que o administrador ou o engenheiro. Essa ideia é equivocada. Há várias pesquisas que demonstram que, para o mesmo nível na hierarquia da empresa, o economista é mais bem remunerado. Isso é ainda mais verdade em relação ao setor público. Qual é a relevância do economista no mundo do século XXI? O economista tem um papel importante no agronegócio, na indústria e nos serviços. Com a globalização e o aumento da concorrência, as decisões empresariais ficaram mais complexas, mais arriscadas, mais incertas. 46
Qual é o trabalho do economista na empresa privada? Todas as decisões estratégicas de investimento e financiamento dependem dele. A economia vai crescer ou não? Como vai se comportar a taxa de câmbio? E a taxa de juros, vai cair ou vai subir? A inflação será alta ou baixa? Quais as tendências dos mercados em que a empresa atua? Qual é a projeção da demanda para o produto X ou Y? Como estão meus concorrentes, fornecedores e clientes? O economista dá as respostas para essas perguntas. Sem elas, é impossível fixar a estratégia empresarial. O economista tem papel predominante nas Diretorias Financeira e de Planejamento. E também nas áreas de Marketing e Gestão da Produção. Qual é a atividade do economista no sistema financeiro? Eu diria que no sistema financeiro o economista é de longe o profissional mais importante. Nos bancos é indispensável para a fixação da política de crédito e de captação de recursos. É o economista quem está na tesouraria, zelando pela aplicação mais rentável dos saldos financeiros. É o economista quem dirige o departamento econômico, responsável pelo acompanhamento da conjuntura econômica e pelo desenho de cenários, pela gestão dos fundos de investimento, dos fundos de pensão e das seguradoras e corretoras de valores. Passemos, agora, à dimensão pública da atividade do economista. Numa palavra, o economista é o responsável pela formulação e gestão das políticas
de desenvolvimento. É claro que o senhor está pensando, em primeiro lugar, na estruturação da política econômica do país. Certamente. Veja o que está ocorrendo neste momento. A continuidade do crescimento da economia brasileira, num mundo conturbado pela crise financeira internacional, depende da execução de uma política econômica correta em relação aos juros, ao crédito, ao câmbio e ao gasto público. Mas o economista participa também da formulação e execução de políticas econômicas setoriais. É claro. Pense na política industrial de responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento e do BNDES. Ou na política de infraestrutura, de energia, transportes e comunicações, nos Ministérios e Agências Reguladoras. Não nos esqueçamos do importante papel do economista nas políticas sociais, de saúde, de educação, de meio ambiente. E lembremo-nos do economista na formulação e execução da política econômica externa. Em resumo: há, no setor público, um amplo campo de trabalho para o economista. E a remuneração é compensadora? Como demonstrei, o campo de trabalho é grande e está se expandindo. Mas a novidade é que os empregos para os economistas que trabalham no setor público são bem remunerados. Como, por exemplo, na Secretaria do Tesouro e na Receita Federal, nos bancos públicos (Banco Central, BNDES), nas Agências Reguladoras, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) etc.
NA EMPRESA, NO MERCADO FINANCEIRO E NO GOVERNO IBRAHIM ERIS, EX-PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL (1990-91), CONSULTOR FINANCEIRO E PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DA LIBRA HOLDING, FALA SOBRE A FORMAÇÃO E O MERCADO DE TRABALHO DO ECONOMISTA
Comecemos pela formação do economista. O economista precisa ter uma formação ampla. Ele domina o conjunto dos modelos teóricos que definem a Ciência Econômica. Mas é preciso entender que qualquer modelo simplifica, e muito, a realidade concreta. O economista lida com o comportamento humano que, é claro, é muito complexo. Há aspectos políticos, psicológicos, sociais, culturais, que têm de ser levados em conta. O senhor está sugerindo que a atividade do economista é muito complexa? Precisamente. É o exercício do difícil labor de passar da teoria para proposições concretas. Passemos, agora, ao mercado de trabalho para o economista. O mercado de trabalho é amplo para o
economista bem preparado. Ele é indispensável na empresa, no mercado financeiro e no governo. Qual é o papel do economista na empresa? O economista participa da gestão financeira do dia a dia da empresa. Mas sua presença é absolutamente necessária na tomada de decisões que tem implicações de longo prazo, que dependem da avaliação das grandes tendências da economia. Uma decisão estratégica errada de investimento ou financiamento pode comprometer seriamente o futuro da empresa. E no mercado financeiro? O papel do economista no mercado financeiro é de crescente importância. Isso resulta da grande complexidade dos mercados financeiros globalizados e das exigências que impõem à gestão de bancos, corretoras, fundos de investimento etc.
Não é por acaso que todos os bancos têm departamentos econômicos que acompanham a conjuntura nacional e internacional e o andamento da política econômica. Qual é a dimensão pública da atividade do economista? Participar da elaboração e execução da política, colaborar para o desenvolvimento econômico e social do país, talvez seja a atividade mais nobre do economista. Ela é simplesmente insubstituível. Volto a dizer: não existe uma ciência exata que nos diga como conduzir a política econômica. Isso ficou muito mais claro para mim quando fui presidente do Banco Central. Às vezes, uma palavra é mais importante que uma medida de política econômica.
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ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO PROFISSÃO A informática é a grande força transformadora desde o final do século XX. O computador revolucionou todas as atividades econômicas: automatizou a indústria, aumentando sua capacidade produtiva e possibilitando a criação de novos produtos. Conectou o mundo todo através da internet, tornando a comunicação mais fácil, rápida e barata. Incorporou o computador à vida das pessoas: seja no pagamento de compras, no sistema de saúde, no ambiente empresarial, no lar. Promoveu uma revolução comportamental, pois mudou as rotinas de trabalho, as relações pessoais através das redes sociais, as formas de lazer. A conexão global instantânea permite a obtenção de informações do outro lado do planeta em frações de segundo, possibilitando tomadas de decisão mais ágeis e mais bem informadas. Os gestores precisam de conhecimentos mais abrangentes e refinados para lidar com este novo cenário. Não basta o domínio das técnicas para uma tomada de decisão competente, é fundamental a visão de conjunto para se conseguir um diferencial competitivo. É neste contexto que entra em cena o engenheiro de computação, o profissional que soluciona as dificuldades de comunicação e de tratamento da informação que, nos dias de hoje, precisa entender a estratégia das corporações e o seu posicionamento no mercado. O engenheiro de computação precisa desenvolver diversas competências ligadas: à criação de sistemas eletrônico-digitais; à criação de sistemas de software de qualidade; à visão administrativa e econômica; à capacidade de desenvolver projetos e aplicações que utilizem a web; ao domínio de banco de dados e a gestão de soluções baseadas em tecnologia da informação para os processos de negócio das organizações. É cada vez mais importante uma visão interdisciplinar e sistêmica da economia e da administração, para que o engenheiro de computação não fique limitado ao uso da tecnologia. A capacidade de atuar em áreas como planejamento, desenvolvimento e gerenciamento de sistemas e software integrados à gestão financeira e administrativa, é decisiva para elevar a qualidade e a competitividade das empresas, bancos e agências governamentais.
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ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO
ÁREAS DE ATUAÇÃO SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS PARA A GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES Nesta área, o engenheiro de computação desenvolve ferramentas digitais que apoiam a tomada de decisões estratégicas nas mais diversas organizações, como empresas, bancos ou na administração pública. Estas ferramentas facilitam a gestão integrada em áreas como finanças, marketing, gestão de pessoas e organização da produção. Um engenheiro de computação que também conhece a fundo a gestão de organizações será capaz de atuar não apenas como provedor das soluções tecnológicas mas também poderá exercer posições de liderança em empresas de todos os portes. Dentro das organizações, os profissionais de TI poderão atuar em atividades como:
CONTROLE DAS ORGANIZAÇÕES O engenheiro de computação deve ter o domínio técnico dos sistemas de informação que contribuem para controlar todas as áreas das organizações como finanças, marketing, gestão da produção e gestão de pessoas. Deve ainda desenvolver ferramentas que simulam cenários e que contribuem diretamente para o aumento de competitividade nas organizações.
GESTÃO DE PROJETOS Nesta atividade, o profissional analisa problemas organizacionais, propõe e planeja soluções e executa as melhorias propostas. Equipes de gestão de projetos necessitam cada vez mais de engenheiros de computação para melhorar a eficiência destes projetos.
GESTÃO DE PROCESSOS Empresas e outras instituições são gerenciadas através de procedimentos que organizam a produção, as compras, as vendas e as demais atividades de uma organização. E estes processos gerenciais dependem cada vez mais do uso de ferramentas digitais desenvolvidas por engenheiros de computação.
GESTÃO DA QUALIDADE Nesta atividade, o profissional pode desenvolver e operar ferramentas digitais para monitorar o desempenho e a qualidade de todos os processos dentro de uma organização.
Grandes Empresas e Bancos Institutos de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico Empresas de Consultoria 50
SOLUÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DE INOVAÇÕES O desenvolvimento de ferramentas e sistemas que permitam a criação e execução de inovações tecnológicas é fundamental. O engenheiro de computação está à frente dos processos de criação e execução de inovações tecnológicas, em todas as atividades e setores da sociedade. Isso é a essência da revolução comportamental trazida pela computação. São exemplos destas atividades:
DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARES Os softwares fazem parte de praticamente todas as atividades cotidianas, das mais simples às mais complexas, como o controle de um telefone celular, ou a gestão de toda a rede de energia elétrica de um país. O engenheiro de computação deve atuar no desenvolvimento de softwares e na integração de sistemas em todas estas áreas de atividade que, de forma crescente, dependem destas ferramentas.
AUTOMAÇÃO - INTEGRAÇÃO SOFTWARE/HARDWARE As máquinas, o computador, o hardware movem o mundo. Cada vez mais as empresas ampliam a automação de sua produção, de seus processos. Para mover as máquinas mais modernas são necessários softwares, sistemas e programas. O engenheiro de computação é um dos profissionais mais requisitados quando se pensa no desenvolvimento de soluções de automação, elaborando softwares e integrando estes sistemas às máquinas inovadoras que comandam a geração de riqueza na sociedade.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E OUTRAS TECNOLOGIAS EMERGENTES Criar máquinas que aprendem. Criar sistemas que interagem com os usuários. Aumentar a eficiência da produção. Contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos, novos processos cirúrgicos. Melhorar os equipamentos e os sistemas de energia alternativa. Criar novos materiais. Desbravar a nanotecnologia. Por exemplo, controlar equipamentos que tiram óleo do fundo do mar, em profundidades cada vez maiores. Muitas são as possibilidades de desenvolvimento tecnológico em que o engenheiro de computação é cada vez mais requisitado, seja atuando em centros de pesquisa e desenvolvimento, seja como empreendedor de seu próprio negócio de base tecnológica.
Negócios Próprios Órgão Governamentais Universidades 51
ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO
TRABALHO EM EQUIPE E VISÃO GLOBAL DO NEGÓCIO LUIS EDUARDO DOSSO, SÓCIO DA EMPRESA DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE DEXTRA SISTEMAS, FALA SOBRE COMO DEVE SER A FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO DE COMPUTAÇÃO
Qual é o perfil do profissional desejado pelas empresas de desenvolvimento de software? O engenheiro de computação dos dias de hoje deve ter uma formação técnica sólida aliada a uma visão estratégica do negócio, para ser capaz de apresentar soluções adequadas ao cliente. Ademais, deve ser capaz de trabalhar em equipe, pois o desenvolvimento de sistemas é uma criação coletiva, não existe o especialista solitário. A sofisticação e a complexidade das soluções exige uma equipe em que cada um faz uma função específica, mas sem se tornar especialista nela. Isto é importante porque a constante mudança de tarefa estimula novas ideias e soluções inovadoras, fundamentais para alcançar os resultados.
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É imprescindível a atualização permanente e o interesse pelas novidades da área. A formação continuada deve ser um estilo de vida. O engenheiro de computação costuma ser visto como pouco sociável, alguém que se tranca no quarto e fica somente na frente do computador. Isso corresponde à realidade? Na minha época de graduação, no começo da década de 1990, o engenheiro podia se isolar. Hoje, a produção de software é realizada em equipe e tem uma interação muito forte com outros profissionais. Nesse sentido, a convivência em um mesmo espaço físico permite um aprendizado muito mais rápido do que isolado em sua casa.
O que você considera como um curso em engenharia de computação adequado aos desafios do mercado de trabalho atual? Na minha visão, uma universidade de elite tem que formar pessoas com uma base muito sólida, que dê condições para que elas possam continuar aprendendo no decorrer da sua carreira profissional. Não acredito em universidade ou curso que apenas profissionalize o estudante e o torne um técnico especialista. Atualmente, a escola precisa oferecer uma base técnica sólida, associada a conhecimentos de administração, economia e outras disciplinas que deem uma visão de conjunto da empresa, fundamentais para uma boa progressão na carreira. Dessa forma, ele irá conseguir enxergar o negócio do cliente, a
lógica do projeto, e será capaz de analisar a sua viabilidade econômica, o que será cada vez mais importante e decisivo para sua ascensão na carreira e na empresa. Entender como funciona uma empresa, como as suas diferentes áreas se relacionam, como os projetos se encaixam nela, dão ao profissional da área de computação a compreensão necessária para a aplicação de seus conhecimentos em software, sistemas e desenvolvimento de ferramentas, tão importantes para tornarem as empresas mais competitivas. Que conselho você daria para os futuros profissionais da área, que desejam se tornar CIOs de grandes empresas? O futuro CIO precisa ter visão de conjunto
e saber fazer a TI ser fonte de diferenciação, capaz de gerar novas oportunidades de negócio, e conseguir, no decorrer da carreira, desenvolver o diálogo e coordenar a ação de todas as partes da empresa através do uso estratégico da computação. Para isso, o estudante deve procurar desenvolver uma visão sistêmica, de como tudo se conecta na empresa. Ele deve ver a computação como um indutor dessa comunicação e do compartilhamento e geração da informação. Entender como ela pode ser usada para inovar e transformar o negócio sem complicar, sem cair na burocracia.
acadêmica, não existe experiência prática de qualidade nesta área. O ideal é antecipar a vivência profissional desenvolvendo ao longo do curso atividades conjuntas com empresas, sob a supervisão da escola. Assim, ele terá desde sua formação a interação entre o aprendizado e a prática, o que vai ser importante ao longo de toda sua vida profissional, quando ele precisará navegar entre diferentes áreas e tomar contato com novos conhecimentos.
A experiência prática é importante para formação do engenheiro de computação? É fundamental. Mas sem a boa formação
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ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO
O FUTURO DA CARREIRA NA ÁREA DE COMPUTAÇÃO ANDRÉ VILLAS-BOAS, ANALISTA DA ASSESSORIA DE QUALIDADE DO CENTRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM TELECOMUNICAÇÕES (CPqD), FALA SOBRE AS PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS DO ENGENHEIRO DE COMPUTAÇÃO
Num mercado dinâmico e competitivo como o atual, como você vê a formação do engenheiro de computação? Hoje em dia não é possível mais se pensar num profissional de alto nível que tenha a formação ligada apenas à computação, ou seja, um desenvolvedor de software com nível superior. A complexidade dos diversos aplicativos utilizados em nossa sociedade demanda profissionais capacitados, que tenham uma ampla visão do negócio. Isto está intimamente ligado ao conhecimento de todo o ciclo de vida da produção e manutenção do software, o que exige domínio dos processos e da produção. Por exemplo, os modelos de melhoria associados a software como CMMI-DEV (do SEI) e MPS.BR (elaborado no Brasil no âmbito da SEPIN/MCTI) preconizam a implementação de sistemas de gestão baseados nas melhores práticas de engenharia de software. Sendo Campinas um polo tecnológico da informática no Brasil, qual é a perspectiva profissional de um formado em engenharia de computação na região? Acho fantástica. Quando me formei na UNICAMP em 1986, a maioria da minha turma foi obrigada a se mudar para São Paulo por questões profissionais. Hoje, temos grandes empresas de TI instaladas na região, que continua a atrair novos investimentos. Além do parque tecnológico do CPqD, a UNICAMP está iniciando as obras de ampliação de seu parque científico e o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) já lançou a pedra 54
fundamental do parque tecnológico que será construído junto ao Centro de Tecnologia da Informação “Renato Archer”. Além disso, a região metropolitana da cidade é rica em universidades, instituições de pesquisa e indústrias de tecnologia. Campinas, isoladamente, é responsável por 1% do PIB brasileiro e responde por aproximadamente 15% de toda a produção científica nacional. 10.000 empresas de médio e grande porte que geram um terço da produção industrial do estado de São Paulo, concentrado na alta tecnologia. É a capital do Vale do Silício Brasileiro! Qual é o futuro da carreira no país e no mundo? No que se refere ao mercado de TI, o que mais vai crescer daqui para frente é a produção de tecnologia voltada para comunicação e hoje já se sabe (segundo pesquisa do International Data Corporation - IDC) que até 2015 precisaremos formar grande número de profissionais no Brasil. De acordo com o IDC, já existe uma carência de cerca de 39,9 mil profissionais de tecnologia no Brasil. Até 2015, esse número deve crescer para 117 mil vagas sem que os empregadores encontrem profissionais qualificados para atendê-las. Isto porque há hoje uma rápida expansão das empresas de infraestrutura e tecnologia no país, ao mesmo tempo em que há uma adoção acelerada de serviços de TI pelas iniciativas pública e privada. Num cenário como esse, só se pode concluir que o futuro do engenheiro de computação é muito promissor.
OS DESAFIOS DA COMPUTAÇÃO CESAR GON, CEO DA EMPRESA CI&T, EXPLICA QUAIS SÃO AS NOVAS TENDÊNCIAS NA ÁREA DE SOFTWARE E QUAL É O PERFIL DE UM ENGENHEIRO DE COMPUTAÇÃO DE ELITE
Quais os desafios da área de computação para os próximos anos? O engenheiro de computação talvez tenha passado por momentos difíceis nos últimos anos, pois foram momentos de exacerbado crescimento da indústria de TI: houve uma explosão nesse setor, associada a um fenômeno de produção em massa. Por um lado, havia uma demanda expressiva de desenvolvimento de software e soluções para a área de TI; por outro lado, a criatividade foi menos exigida. Pode-se até fazer uma analogia com o fenômeno que ocorreu com a indústria automobilística no período do fordismo: surgiu uma cadeia produtiva de software com princípios de gestão semelhantes aos industriais, com pouca exigência de capacidade de resolver problemas sofisticados. Atualmente, vivemos um momento de transição, pois cada vez mais exigem-se soluções criativas. A tecnologia em hardware disponível se tornou muito avançada e suporta novas ações e novas soluções, o que faz com que estejamos vivenciando a era dos softwares criativos e colaborativos. Mas essa nova tendência tem influenciado nos tipos de colocação no mercado de trabalho? Sim, e de forma importante. Até meados da última década, as empresas atuavam com até 10.000 programadores, trabalhando de forma isolada numa longa cadeia produtiva. Agora, as grandes instituições tecnológicas são formadas por equipes bem menores. As empresas modernas da área surgiram a partir de novas demandas: da mídia, do game, do marketing e também de corporações de grande porte de setores como a
indústria elétrica e do petróleo. Além disso, temos o crescimento das startups, todas com um elo em tecnologia. O perfil do profissional mudou, mas, na essência, o grande desafio continua a ser o software: criativo, colaborativo, global. Sendo assim, entendo que a formação do profissional que quer estar na fronteira deve enfatizar a capacidade de resolver problemas de forma criativa. Isto se torna ainda mais importante se lembrarmos que estamos no início de uma nova era, de evolução imprevisível. Para poder sobreviver num mercado assim, será imprescindível compreender como funciona a sociedade, as empresas, os negócios. E de que forma o curso de graduação pode contribuir para preparar o profissional para enfrentar estes desafios? É interessante perceber que a computação foi a primeira área sem fronteiras que surgiu no mundo. Os profissionais da computação sempre tiveram que se relacionar com diversas culturas e etnias, com diversas áreas de conhecimento, com distintas especialidades, de modo presencial e virtual. E esta vibrante característica passa por profundas e importantes tranformações. Hoje, a graduação precisa estimular o trabalho em grupos multidisciplinares e multiculturais – a inovação é fruto das sinergias entre as fronteiras do conhecimento. Também precisa estimular a visão empreendedora e criativa: as startups são resultado disso. A escola deve ter papel fundamental. Além de dar boa formação acadêmica, tem que criar oportunidades para que os alunos desenvolvam experiências multidisciplinares. 55
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ENGENHARIA ELÉTRICA PROFISSÃO O desenvolvimento do Brasil nos anos recentes exige engenheiros elétricos com formação de excelência. Vivemos um momento de ampliação dos investimentos em telecomunicação, nas diversas formas de energia, na indústria eletroeletrônica. O moderno engenheiro elétrico deve estar apto a atuar na (1) geração, transmissão, distribuição e utilização da energia elétrica; (2) no setor de telecomunicações; (3) na área de engenharia biomédica, na qual é cada vez mais intenso o uso de recursos de automação e de robótica; (4) estudar, projetar e especificar materiais, componentes, dispositivos e equipamentos elétricos, eletromecânicos, magnéticos, de potência, de instrumentação, de aquisição de dados e de máquinas elétricas; (5) trabalhar com instalações elétricas, sistemas de medição e de instrumentação, de acionamento de máquinas, de iluminação, de proteção contra descargas atmosféricas e de aterramento; (6) elaborar projetos e estudos de conservação de energia e utilização de fontes alternativas e renováveis. Diante da diversidade de áreas de atuação, o engenheiro elétrico de excelência deve buscar o seu constante aprimoramento, pois sua área é, desde logo, subordinada às mudanças tecnológicas. E requer o conhecimento da economia nacional e internacional assim como das modernas técnicas de gestão. O engenheiro elétrico precisa desenvolver a visão sistêmica da empresa e do seu ambiente de negócios. Os currículos de graduação devem ser sempre atualizados para acompanhar a acelerada renovação técnica e para ampliar a sua área de atuação e as possibilidades de progressão profissional na gestão da empresa.
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ENGENHARIA ELÉTRICA
ÁREAS DE ATUAÇÃO ELETRÔNICA, TELECOMUNICAÇÕES, SISTEMAS DE ENERGIA E DE POTÊNCIA ELETRÔNICA A eletrônica tem interface com todas as áreas da engenharia. Ela se baseia na emissão e no processamento de sinais, ou seja, pode-se converter radiação luminosa em sinal elétrico, vibração mecânica em sinal elétrico etc. Podemos citar vários exemplos. Com o conhecimento adquirido nesta área, tornou-se possível o desenvolvimento de sofisticados exames e procedimentos médicos como a tomografia, a endoscopia e a cirurgia com fibras óticas; o intenso desenvolvimento de dispositivos eletrônicos tais como o microcomputador, os videogames, os telefones celulares; a revolução da automação decorrente da robótica.
TELECOMUNICAÇÕES Os avanços dos sistemas de telecomunicação compreendem os sinais de rádio, os sistemas de fibras óticas, as redes de comunicação por satélite e os sistemas avançados de eletrônica integrada e o processamento digital de sinais. O desenvolvimento do sistema de telecomunicações permitiu a integração dos mercados financeiros, a formação de cadeias de produção globais e a transmissão de informações em tempo real.
SISTEMAS DE ENERGIA E DE POTÊNCIA O engenheiro elétrico deve estar capacitado para avaliar alternativas de geração elétrica com reduzido impacto ambiental e com elevada confiabilidade. Nesta área estão compreendidos os sistemas elétricos de potência que englobam as fontes primárias de energia, os sistemas de transmissão, os sistemas de distribuição e o uso final da energia.
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CONTROLE, AUTOMAÇÃO E COMPUTAÇÃO CONTROLE E AUTOMAÇÃO A engenharia de hardware e software, a engenharia de sistemas de controle e automação torna os sistemas de controle mais confiáveis, eficientes e fortes. Esta área também estuda o desenvolvimento de sistemas robóticos industriais e de serviço. Os conhecimentos adquiridos capacitam o engenheiro para desenvolver projetos de arquitetura computacional, sistemas de manutenção e projetos de ambientes inteligentes, controles de processos, arquitetura de hardware e software para controle de robôs.
COMPUTAÇÃO O computador revolucionou a vida contemporânea. Promoveu a automação da indústria, aumentando sua capacidade produtiva, e possibilitou a criação de novos produtos. Conectou o mundo através da internet, tornando a comunicação mais fácil, rápida e barata. Incorporou a tecnologia à vida das pessoas. Os computadores estão presentes em quase todas as atividades humanas: nos sistemas de pagamentos, nos sistemas de saúde, na gestão empresarial, no lazer e na vida doméstica. O engenheiro elétrico, que atua na tecnologia de informação e comunicações, projeta ferramentas para o processamento de sinais, para a análise do desempenho global do sistema e para o estudo da micro e da nano eletrônicas.
VISÃO DE NEGÓCIOS E GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES O ENGENHEIRO ELÉTRICO E A GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES O engenheiro elétrico do século XXI não pode prescindir de uma formação que o habilite a participar da gestão da empresa. Para tanto, deve ter o domínio das disciplinas de administração e de economia. Estes conhecimentos são igualmente decisivos para elevar a competitividade do negócio. As tecnologias desenvolvidas pela engenharia precisam levar em conta os requerimentos das diversas áreas da gestão empresarial como finanças, marketing, produção e gestão de pessoas.
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ENGENHARIA ELÉTRICA
MUITAS OPÇÕES PARA O PROFISSIONAL DE ELITE PEDRO FOGOLIN, SUPERINTENDENTE RESPONSÁVEL PELO DATA CENTER DO BANCO SANTANDER, CONTA COMO O ENGENHEIRO ELÉTRICO PODE SEGUIR AS MAIS DIVERSAS CARREIRAS PROFISSIONAIS
Uma formação abrangente em Engenharia Elétrica dá possibilidade de se atuar em diversas áreas. Você concorda? Minha trajetória é um bom exemplo disso. Comecei minha carreira profissional como engenheiro elétrico e projetava equipamentos eletrônicos. Naquela época, iniciava-se a utilização de um componente de controle revolucionário, o microcomputador. Dessa forma, comecei a desenvolver SW. Com o fim da lei da informática, que protegia o setor de equipamentos no Brasil, mudei para a área de automação de produção, que viria a se chamar de mecatrônica. Um novo desafio... Sim. Na área de automação comecei a ter muito contato com a administração da produção e iniciei alguns projetos utilizando sistemas MRP. Lidava com a logística da empresa, automatizando diversos processos. Comecei então a mudar de área de novo: passei da automação para a logística e controle de produção. Trabalhava em logística quando recebi uma proposta para trabalhar no desenvolvimento da logística internacional. E mudou de ramo novamente? Por trabalhar com centenas de contratos de serviços e negociações com diversos fornecedores, me tornei especialista em negociações. Mudei de área de novo. Recebi um convite para trabalhar em suprimentos, administrando uma quantidade enorme de contratos. Minha habilidade na condução de tratativas e projetos permitiu que também pudesse realizar consultorias. Nesta área, utilizei toda a 60
minha experiência acumulada, propondo soluções abrangentes e inovadoras em empresas como o Grupo Martins, Starret, Embraer etc. Mas não é muito difícil mudar tanto de ares? Não para um engenheiro bem formado que aprendeu técnicas de gestão. Enfrentar novos desafios é instigante. Essas experiências fizeram com que me chamassem para montar uma consultoria para um grande Banco. Por causa da minha experiência com automação e suprimentos pediram para que eu gerenciasse a construção de seu Data Center, minha quinta e última mudança profissional. Quando o Banco Santander resolveu construir seu Data Center em Campinas e me convidou, aceitei o desafio. Seus colegas seguiram esta mesma trajetória? Não. Isto é o interessante da profissão de engenheiro elétrico. Vários colegas entenderam que deveriam se aprofundar na sua especialização. Hoje, trabalham como engenheiros seniores cuidando do desenvolvimento de sistemas fantásticos. São opções profissionais. Você atua em Gestão de Projetos. Quais os desafios do engenheiro elétrico que atua nessa área? Para um engenheiro a condução de projetos é natural, ela exige muita sistematização, conhecimento de causas e efeitos, estatística etc. O maior desafio para um engenheiro é o de comunicação e transmissão de tarefas, já que instruções truncadas geram tarefas erradas. Outro
desafio é a competência para a gestão de pessoas. É comum vermos profissionais da área de Engenharia ocupando postos de gestão nas corporações. Como a formação contribui para tal? A visão analítica de um engenheiro é fundamental. Ele consegue enxergar rapidamente números, o que o faz ser um excelente gestor em momentos de pressão. A forma sistemática de pensar que aprendemos na Engenharia permite constante adaptação e evolução pessoal. O que se espera de um jovem formado em Engenharia Elétrica? Hoje, só admitimos engenheiros recém-formados que tenham sido formados em escolas de excelência, rigorosas na formação técnica e que exijam do estudante uma formação diversificada. Mas suas habilidades humanas também têm que estar apuradas. A capacidade de trabalho em equipe é importante, mas sua capacidade de julgamento é decisiva. Um último atributo importante é pró-atividade: os profissionais devem passar a fronteira de suas funções e procurar contribuir com seus colegas.
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ENGENHARIA ELÉTRICA
UMA CARREIRA ESTIMULANTE E PROMISSORA GYORGY HENYEI JR., RESPONSÁVEL PELO SISTEMA DE PRODUÇÃO, QUALIDADE E TREINAMENTO OPERACIONAL DA CATERPILLAR, EXPLICA COMO ESTÁ O MERCADO PARA O ENGENHEIRO ELÉTRICO NO BRASIL
Como está o mercado de trabalho para o engenheiro elétrico no Brasil? Muito aquecido. Faltam engenheiros qualificados não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos. Por incrível que pareça, muitos jovens bem formados e bem capacitados não têm apresentado interesse em trabalhar nas empresas, por desconhecimento desse estimulante universo. A que deveria ser atribuída a falta de engenheiros? A retomada do crescimento econômico na última década é o fator principal. Hoje, o mercado oferece muitas oportunidades e há grande flexibilidade para mudar de áreas. A crescente importância da indústria e os projetos de infraestrutura são exemplos das possibilidades abertas aos futuros engenheiros elétricos. O interesse dos jovens pela Engenharia tem crescido? Não há dúvida. Quando o jovem compreende o que é tecnologia, ele se encanta. Hoje, um dos papéis mais importantes da escola é o de apresentar o mundo da tecnologia. Apresentar o papel do engenheiro nesse cenário e mostrar sua importância para o desenvolvimento econômico. Como deve ser a formação do engenheiro elétrico do século XXI? A maioria dos jovens engenheiros é formada em faculdades com currículos tradicionais. Mas hoje é preciso ir além desta formação: o engenheiro deve ter, além de um amplo conhecimento técnico, uma visão integrada do mercado e do universo da fábrica. Para que o jovem possa ser um 62
profissional de ponta é necessário que ele tenha em sua bagagem boa formação técnica, visão sistêmica e habilidade para trabalhar em equipe. A compreensão da diversas áreas de um empresa e de sua integração é essencial para a sua competitividade. O mercado está carente de engenheiros que entendam estas questões. Como é o dia a dia de um engenheiro da Catterpilar? O Sistema de Produção Caterpillar possui uma equipe enxuta, onde interagem vários grupos. Apesar da maioria dos produtos ser desenvolvida fora do Brasil, alguns processos são realizados aqui e isso demanda elevada competência técnica de seus engenheiros. A introdução de novas tecnologias nos processos é constante e os engenheiros precisam estar capacitados para enfrentar esse desafio permanente. A empresa depende de uma equipe que traga em sua bagagem uma formação de alto nível. Engenheiros com formação ampla em áreas como mecânica, elétrica, produção e materiais.
RENOVAÇÃO DO ENSINO: UMA EXIGÊNCIA QUE SE IMPÕE FERNANDO GOMIDE, PROFESSOR DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA UNICAMP, FALA SOBRE O ENSINO DE ENGENHARIA ELÉTRICA NO BRASIL E A NECESSIDADE DE UMA VISÃO AMPLA DE NEGÓCIOS
Em quais áreas os engenheiros elétricos estão mais presentes nos dias de hoje? O engenheiro elétrico é um profissional generalista, que atua na geração, transmissão, distribuição e utilização de energia elétrica. Ele estuda, projeta e especifica materiais, componentes, dispositivos, equipamentos elétricos, eletromecânicos. Também projeta, instala, opera e mantém sistemas diversos, elabora projetos e estudos de conservação de energia, coordena e supervisiona equipes, realiza estudos de viabilidade, executa e fiscaliza obras e serviços técnicos. Engenheiros elétricos também estão atuando em automação e controle de processos, engenharia e desenvolvimento de software, comunicação e instituições financeiras. Como está o mercado de trabalho para os formados em Engenharia Elétrica no Brasil? Se o crescimento econômico brasileiro se acelerar mais, o país deve ter uma escassez de engenheiros, do meu ponto de vista, notadamente nos setores de construção civil e energia (petróleo e gás). Há também um descompasso entre o aumento no número de engenheiros e a qualidade de sua formação. Os cursos de Engenharia voltaram a atrair alunos, mas é necessária uma renovação urgente no ensino de Engenharia, se quisermos que o Brasil tenha desenvolvimento econômico, inovação, progresso social e qualidade de vida. Como deve ser formado um bom engenheiro elétrico? Preparar bem um futuro engenheiro elétrico para mercado de trabalho significa fornecer uma base sólida de engenharia
elétrica, de engenharia econômica e de análise, organização e gestão de sistemas de produção. O alinhamento da tecnologia, da inovação e do progresso técnico com as estratégias de negócio das empresas deve estar presente na sua formação, assim como o conhecimento de operações econômicas e financeiras. A formação em Engenharia é um dos desafios para o desenvolvimento do Brasil. Como deve ser uma boa formação em Engenharia Elétrica? Hoje, a formação de engenheiros elétricos requer ênfase nos fundamentos da Engenharia: a matemática e a física. Os fundamentos permitem acompanhar o avanço tecnológico, que é cada vez mais rápido. Domínio e competência técnica na área eletrônica e computacional e capacidade de formular e resolver problemas são importantes nesta área. Analisar, projetar, sintetizar e construir são atividades que transformam o trabalho do engenheiro em resultados. A avaliação técnico-econômica das soluções é igualmente decisiva. Finalmente, é preciso desenvolver a capacidade de se comunicar, trabalhar em grupo, liderar, alinhar as tecnologias com o mercado.
sar sobre as respostas: – Eu gosto de matemática? E de física? Eu gosto de inventar, inovar, construir e consertar coisas? Qual é a perspectiva profissional de um formado em Engenharia Elétrica num polo tecnológico como Campinas? A região de Campinas possui importantes empresas da área eletroeletrônica: microcomputadores, telefonia celular, dispositivos de comunicação, geração e distribuição de energia elétrica, automação industrial e desenvolvimento de software. No setor petroquímico e automotivo, temos indústrias de grande porte, além de centros de pesquisa e desenvolvimento dos mais importantes do país. Portanto, há um amplo campo de atividades, todas muito promissoras para os engenheiros elétricos.
O que você recomenda a um jovem que esteja pensando em cursar Engenharia Elétrica? A Engenharia requer familiaridade com a matemática e a física, como é sabido, porque estas disciplinas são a sua base. Portanto, demanda um certo gosto por estas disciplinas. Eu recomendaria ao jovem a fazer perguntas simples a si próprio e pen63
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ENGENHARIA MECÂNICA PROFISSÃO O engenheiro mecânico atua em um amplo espectro de atividades no mercado de trabalho. Deve ser um profissional habilitado a desenvolver projetos automobilísticos, tecnologias na área de novos materiais, a trabalhar nos mais diversos setores da indústria (têxtil, petroquímica, automobilística, alimentícia, siderúrgica, metalúrgica, sucro-alcooleira, naval etc.), no planejamento de sistemas energéticos, no mercado financeiro e no desenvolvimento de sistemas de automação. Atua também em indústrias de grande sofisticação tecnológica como a de biomateriais, aeroespacial, veicular, de petróleo e de sistemas de energia. É cada vez maior a demanda por engenheiros mecânicos em áreas como planejamento, desenvolvimento e gerenciamento de sistemas, operações e projetos. O profissional de excelência que atua neste campo precisa desenvolver uma visão sistêmica da empresa para contribuir com a elevação de sua qualidade e competitividade. O mercado de trabalho busca engenheiros mecânicos com formação sólida, visão de conjunto e capacidade de elaborar diagnósticos e de propor soluções inovadoras. O profissional do século XXI deve aliar um forte conhecimento técnico a uma sólida visão de negócios e do cenário econômico. No mundo globalizado, o engenheiro precisa contemplar o conhecimento dos custos, das formas de financiamento e das necessidades da empresa. A capacidade de trabalhar em equipe, de liderar grupos de trabalho e a habilidade de se comunicar em mais de um idioma se tornou importante diferencial na disputa pelos mais desafiantes postos de trabalho.
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ENGENHARIA MECÂNICA
ÁREAS DE ATUAÇÃO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS, PROJETOS E DISPOSITIVOS MECÂNICOS A atuação do engenheiro mecânico é fundamental no desenvolvimento de novas tecnologias e nos últimos anos esta atuação se ampliou fortemente. Este profissional é fundamental em setores de crescimento acelerado como o de energia, novos materiais, projetos automobilísticos, naval etc.
PROJETOS MECÂNICOS E MECÂNICA COMPUTACIONAL O desenvolvimento de projetos mecânicos exige conhecimentos diversificados que envolvem teorias baseadas na Física e na Matemática. Trabalhos numéricos e experimentais são bastante importantes nas diversas etapas dos projetos e na verificação de sistemas mecânicos. É uma área voltada para a análise, simulação e modelagem de problemas físicos em Engenharia, naturalmente, com uso intensivo da computação.
SISTEMAS ENERGÉTICOS, TÉRMICA E FLUIDOS O conhecimento das fontes de energia e de sua disponibilidade é estratégico. O atendimento dos mercados consumidores de forma sustentável e responsável ganha crescente importância para todos os países e organizações. O estudo de balanços energéticos e sistemas energéticos são as principais atividades desta área. O controle térmico ambiental, a geração, transferência e armazenamento de calor e fluidos e os respectivos equipamentos e processos relacionados são também segmentos importantes do setor.
MATERIAIS O desenvolvimento do conhecimento de novos materiais, empregados nos mais diversos setores como o aeroespacial, na indústria alimentícia ou na área médica, reforça o caráter interdisciplinar dessa área. O estudo das características e propriedades e da estrutura dos materiais possibilita a ampliação das aplicações de compostos já existentes e a criação de novos como, por exemplo, as telas touch screen dos telefones celulares.
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FABRICAÇÃO E MANUFATURA No setor industrial, o engenheiro mecânico atua desde a manutenção até as decisões estratégicas dos negócios.
FABRICAÇÃO E PROCESSOS INDUSTRIAIS É a área da Engenharia Mecânica ligada aos processos de fabricação industriais. Estuda os sistemas de manufatura, os sistemas de gestão e automação da manufatura e os processos da indústria metal-mecânica como fundição e lingotamento, extrusão, laminação, soldagem etc.
AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA O estudo da automação na indústria, o projeto e a construção de robôs são as principais atividades desta área. O seu objetivo é a concepção, a instalação e o desenvolvimento de projetos de unidades mecatrônicas e de produção automatizadas. O desenvolvimento de softwares para simular, analisar e controlar processos e aplicação de técnicas de inteligência artificial fazem parte de suas atividades permanentes.
VISÃO DE NEGÓCIOS E GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES CONTROLE DAS ORGANIZAÇÕES O engenheiro mecânico do século XXI precisa dominar as técnicas de gestão e ampliar seus conhecimentos econômicos. Os projetos e tecnologias precisam ser compreendidos em todas as suas dimensões organizacionais, o que exige o conhecimento de finanças, marketing, gestão da produção e gestão de pessoas. É apenas a partir desta visão de conjunto e das perspectivas econômicas que o engenheiro mecânico contribui para elevar a competitividade de sua organização.
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ENGENHARIA MECÂNICA
FLEXIBILIDADE E CONHECIMENTO APROFUNDADO DO MUNDO GERSON BORINI, GERENTE DE ENGENHARIA DE PRODUTO DA GENERAL MOTORS SOUTH AMERICA, EXPLICA O DIA A DIA DE UM ENGENHEIRO E QUAIS SÃO AS COMPETÊNCIAS DE UM PROFISSIONAL DE ELITE
Como deve ser um curso de Engenharia Mecânica de excelência? Exigente. Num contexto de acirrada competitividade global, um curso de Engenharia Mecânica deve preparar os novos profissionais para mudanças constantes, com postos de trabalho em diferentes cidades e países. Além da formação técnica básica, será cada vez mais exigido pelos gestores um conhecimento aprofundado de economia internacional. Outro quesito fundamental em um curso de Engenharia Mecânica é a utilização dos mais avançados softwares, sistemas e processos da área tais como de desenho 3D (Catia, UG), metodologia de tolerância geométrica (GD&T), design robusto (DFSS-Design for Six Sigmas) e qualidade (DFMA/DFA/DFM). Quanto maior for o conhecimento do engenheiro recém-formado, melhor será sua inserção no mercado de trabalho.
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Quais são as áreas de atuação do engenheiro mecânico no setor automotivo? Diversificadas. Na General Motors do Brasil temos o maior centro de Engenharia automotiva do Hemisfério Sul, com mais de 2 mil engenheiros. Atuando em áreas que vão desde a conceituação de um novo carro, a definição de sua arquitetura, até a completa validação no campo de provas. Dentre as diversas atividades, destacaria a área de testes e simulação virtual. A profissão é desafiadora e teve um crescimento acentuado nos últimos anos: o lançamento de um novo produto exige que muitas atividades, antes feitas com protótipos físicos, sejam agora baseadas em simulações computacionais, ganhando-se qualidade e tempo e reduzindo custos. E nas outras áreas da empresa? Fora das áreas especificas de Engenharia de Produto, o engenheiro mecânico atua
também na Engenharia de Processos, de manufatura e de qualidade, nos serviços de atenção ao cliente, no marketing, nas vendas e no comércio exterior. Evidentemente, estas oportunidades estão abertas apenas ao engenheiros que adquirirem um conhecimento abrangente durante sua formação acadêmica. Quais são as perspectivas para os próximos cinco anos do setor automotivo no Brasil? O Brasil recebeu investimentos de diversas companhias nos últimos anos e a tendência é de consolidação dessa massa já instalada. O mercado interno segue em pleno crescimento, assim como também o mercado de exportação, tanto para a América do Sul como para fora deste continente. O INOVAR-AUTO, o plano de incentivo à produção e à melhoria do consumo de combustível e emissões de poluentes, está fazendo com que as
montadoras melhorem a performance de seus veículos e está demandando bons engenheiros. A recente desvalorização do câmbio está forçando as montadoras a comprar mais componentes no Brasil. Isto vai gerar mais empregos não apenas nas montadoras, mas também nos fornecedores, obrigados a se capacitar técnica e qualitativamente para atender a maior demanda do setor. O que se espera de um jovem engenheiro mecânico? Energia, criatividade e capacidade de inovação. O setor automotivo está passando por uma profunda transformação e as empresas, tanto as fornecedoras como as montadoras, precisam buscar novos métodos de produção, novos tipos de materiais compostos que reduzam a massa dos veículos, reduzindo seu consumo. É preciso questionar o modelo de negócio atual e encontrar
novos métodos. Estamos buscando um novo Henry Ford! Quais são as competências e habilidades que as empresas buscam num jovem formado em Engenharia Mecânica? Conhecimento técnico atualizado é mínimo que se espera de um recém-formado. Capacidade de se comunicar bem e poder de síntese são habilidades muito apreciadas no meio empresarial. Nota-se que, em geral, os engenheiros tem dificuldade de comunicação, tanto verbal como escrita. Profissionais que saibam falar e escrever bem tem uma vantagem competitiva muito grande. Um jovem profissional tem buscar aperfeiçoamento técnico e administrativo permanente, procurando sempre questionar os processos existentes e o status quo. Somente desta forma novos caminhos são encontrados. No passado, o
jovem acomodava-se e esperava que a empresa investisse em sua capacitação. O mercado atual exige que o engenheiro tenha iniciativa e busque ampliar seus conhecimentos. O setor automotivo é um bom lugar para se trabalhar? Apesar de todas as pressões existentes nos escritórios de Engenharia, este é um trabalho muito estimulante: a evolução tecnológica é constante e o engenheiro mecânico deverá ser sempre um dos mais atualizados e avançados.
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ENGENHARIA MECÂNICA
FORMAÇÃO ECLÉTICA E ATUALIZAÇÃO CONSTANTE GERSON FINI, PRESIDENTE REGIONAL DE SISTEMAS DE GASOLINA DA AMÉRICA LATINA DA ROBERT BOSCH, CONTA COMO É O TRABALHO NO SETOR AUTOMOTIVO E O QUE SE ESPERA DE UM ENGENHEIRO MECÂNICO
Como seria um curso de Engenharia Mecânica adequado aos desafios do mercado de trabalho atual? Temos notado em nossa empresa que faculdades modernas têm buscado aproximar o meio acadêmico e a indústria. Um curso de Engenharia que busca uma formação essencialmente técnica já não corresponde à realidade que é encontrada no competitivo mercado de trabalho e no mundo corporativo. A sólida formação técnica é ainda extremamente importante, porém o engenheiro moderno e produtivo tem de ser hábil para conseguir resultados práticos. Precisa ter uma visão do empreendimento onde atua como um todo. Uma visão abrangente para compreender qual pode ser sua contribuição para a agregação de valor. Quais são as atribuições de um engenheiro mecânico no setor automotivo? Na unidade de Sistemas a Gasolina da Robert Bosch de Campinas temos um bom exemplo. O desenvolvimento de soluções, de produtos, de serviços e de inovações é intenso. Por este motivo, temos muitos profissionais de Engenharia em nossa unidade de negócio. Quase 50% do pessoal que não trabalha na linha de produção é composto por engenheiros: mecânicos, elétricos, de produção, eletrônicos, mecatrônicos e químicos. O setor automotivo é promissor para o futuro engenheiro mecânico? O crescente número de itens de conforto e de segurança controlados por sistemas e motores elétricos, a utilização de módulos eletrônicos para o controle do motor e 70
transmissão, o aumento previsto da eletrificação veicular garantem ao engenheiro um extenso e fértil campo de atuação. O que o mercado espera de um engenheiro mecânico? Nossa experiência mostra que o engenheiro precisa ser um profissional eclético. Sua formação o credencia para atuar em diferentes áreas de uma corporação. Engenheiros devem ter elevada capacidade de raciocínio e pragmatismo na resolução de problemas. Prova disso é que temos engenheiros agregando suas competências às mais diversas áreas: no desenvolvimento de produtos, na manufatura e automação de processos, no gerenciamento de projetos, nos laboratórios de testes e calibração, na vendas e compras técnicas, na qualidade, no marketing, na controladoria. Quais são as perspectivas de ascensão profissional na empresa? Muito boas para os engenheiros bem formados. Vários alcançam posições de destaque durante sua carreira: na Robert Bosch há muitos engenheiros que se tornaram chefes, gerentes, diretores ou até presidentes. Esta progressão profissional ocorre em primeiro lugar, apoiada numa formação sólida e graças à capacidade de raciocínio lógico e de organização, à qualificação técnica, ao conhecimento e à habilidade para executar tarefas. Também é importante a atitude no dia a dia do trabalho, a familiarização com o trabalho em equipe e a facilidade de relacionamento.
VISÃO DE NEGÓCIOS PARA UM PROFISSIONAL DE EXCELÊNCIA MARCELO DOMINGUES, PRESIDENTE DA CHASSIS BRAKES INTERNATIONAL NA AMÉRICA LATINA, FALA SOBRE A FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO MECÂNICO E SUAS PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS
Como está o mercado para profissionais de Engenharia Mecânica? Muito bom. Pelo que tenho observado em diversos segmentos do mercado, engenheiros mecânicos assim como engenheiros elétricos, químicos e civis são sempre procurados. Há algum tipo de carência na formação do engenheiro mecânico no Brasil? Há um “descompasso flutuante” entre o que o mercado requer e o que é ensinado por nossas universidades e faculdades. Como preparar um recém-formado para o mercado de trabalho sem comprometer a formação clássica do engenheiro? Vejo uma tendência dos profissionais técnicos ou tecnólogos substituírem os engenheiros em algumas áreas por serem mais baratos que engenheiros. Os tecnólogos avançam cada vez mais no âmbito técnico. O engenheiro precisa fazer o mesmo. Ser altamente capacitado em lógica, criação, solução de problemas e tomada de decisão não basta. Hoje, o engenheiro clássico, que estuda por 5 anos, precisa de mais. Ele tem que desenvolver o empreendedorismo, conhecer os aspectos econômicos e financeiros dos negócios. Como a “fila sempre anda”, os engenheiros precisam fazer o mesmo: se preparar mais cedo para assumir o papel de gestor e empreendedor. A proposta da FACAMP, de formar engenheiros mecânicos com habilidades e competências administrativas me agrada muito. Além de oferecer a base técnica, necessária para uma formação clássica, proporciona
uma formação mais completa, deixando o jovem pronto para enfrentar a realidade do mercado. Qual o prognóstico para a carreira de Engenharia no Brasil e no mundo? É difícil traçar um prognóstico. A pergunta que devemos fazer é que país pretendemos construir. Se continuarmos em nossa trajetória de crescimento, não tenho dúvida que as perspectivas são bastante animadoras. Também tenho observado que a demanda por engenheiros mecânicos tem crescido no mundo desenvolvido. Por exemplo, as empresas alemãs tem uma carência muito grande de profissionais, a ponto de realizar feiras de recrutamento no Brasil. Que conselhos você daria aos jovens que pretendem seguir a carreira de engenheiro mecânico? Pensem no curso como um passaporte para algo maior. Aproveitem os anos de Engenharia para aprimorar o senso crítico e sempre busquem novos diferenciais, principalmente na área de gestão e de economia. Construam um network robusto. Participem de seminários e simpósios em outras áreas. Discutam com colegas e professores e aprendam com os erros nesta fase da vida. Uma formação deficiente pode custar muito no futuro.
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ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROFISSÃO Nas últimas duas décadas, a revolução tecnológica e as grandes mudanças na organização das empresas redefiniram profundamente a profissão do engenheiro de produção. A concorrência global tornou imprescindível um rigoroso controle de custos e da qualidade dos produtos; a evolução dos sistemas de comunicação contribuiu para a agilização da análise das informações e para um aumento na velocidade da inovação, tanto a dos processos como a dos produtos. Antigamente, o profissional de Engenharia de Produção era encontrado apenas em fábricas. Ele respondia exclusivamente pela eficiência dos processos produtivos. O moderno engenheiro de produção precisa ter uma visão integrada das áreas tecnológica, administrativa e financeira. Hoje, ele trabalha tanto no setor produtivo quanto no administrativo, supervisiona a gestão da produção, participa da gestão econômico-financeira e, especialmente, da tomada de decisões estratégicas. Para acompanhar esse novo cenário, foi preciso sofisticar a formação do engenheiro de produção. Por isso, os currículos dos cursos de excelência em Engenharia de Produção dão importância às disciplinas de Administração (principalmente Gestão Financeira e Marketing), às de Economia (especialmente as que dizem respeito à dinâmica dos mercados e ao surgimento de novos produtos e processos) e às disciplinas que permitem domínio dos métodos quantitativos (matemática, estatística e modelos). O excelente desempenho desses profissionais em instituições financeiras, bancos comerciais e bancos de investimento é mais um indicador do novo perfil do engenheiro de produção. Num mundo marcado pelo risco e pela incerteza crescentes, os mercados financeiro e de capitais abriram-se aos engenheiros habilitados para a construção de modelos quantitativos e probabilísticos.
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ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ÁREAS DE ATUAÇÃO PRODUÇÃO E TECNOLOGIA A área de Produção e Tecnologia engloba as atividades ligadas à gerência de produção, à gestão da qualidade e à engenharia de produto. Ela responde pelo aprimoramento dos processos produtivos ao dimensionar a capacidade de produção, ao buscar ganhos contínuos de produtividade, ao organizar e analisar os dados gerenciais com base em métodos numéricos e estatísticos. O engenheiro de produção domina as tecnologias disponíveis e, ao mesmo tempo, é o encarregado de introduzir inovações e de promover o desenvolvimento de novos produtos e serviços. Cabe também a ele articular as ferramentas numéricas e estatísticas e as técnicas mais avançadas de Engenharia de Produção. A preocupação com o desenvolvimento sustentável e com a defesa do meio ambiente é, hoje, essencial.
PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO
GESTÃO DA QUALIDADE
O profissional da área de Planejamento da Produção sabe desenvolver processos e ferramentas para melhorar o planejamento e o controle da produção, estabelecer metas e executar ações para otimizar os ativos operacionais da empresa, buscar e implementar novas tecnologias na área de planejamento, gerenciar equipes com qualificação profissional destacada, ter capacidade elevada de planejamento, gerenciar custos e estabelecer metas que garantam a competitividade da empresa ao longo do tempo.
O engenheiro de produção que atua na área de Gestão da Qualidade deve ter amplo conhecimento do sistema da qualidade (normas internacionais), controle da qualidade (métricas, planos de controle, ações, resultados), planejamento da qualidade (introdução de novos produtos e processos), gestão da voz do cliente (feedbacks, reclamações, sugestões etc.), fomento da melhoria contínua (identificação de causas-raízes, implementação de ações, verificações e melhorias). Paulo Borges, General Manager, Supply Chain Executive
Ernesto Fantini, Diretor Executivo da Eaton Electrical Mercosul
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A visão de conjunto permite ao engenheiro de produção compreender os elementos produtivos funcionando ao mesmo tempo, identificando as relações de causas e efeitos sobre os produtos e o ambiente, tanto dentro quanto fora da empresa. O conhecimento do Brasil e do mundo e o senso crítico permitem ao engenheiro a compreensão das consequências de suas decisões tanto para a empresa quanto para a sociedade. O curso da FACAMP acompanha as novas exigências do mercado à medida que integra os conhecimentos técnicos próprios ao curso de Engenharia de Produção com os conhecimentos de economia e administração.
GESTÃO DA TECNOLOGIA
PLANEJAMENTO DO PRODUTO
O gestor de tecnologia deve estar sempre atualizado quanto às chamadas tecnologias emergentes, deve saber projetar sistemas complexos, gerenciar equipes com alta qualificação profissional, estabelecer metas que garantam a competitividade da empresa e gerenciar prazos e custos. Essas atribuições são desenvolvidas em um ambiente no qual o domínio das técnicas deve aproximar a cadeia de suprimentos de um processo just in time com alta disponibilidade, buscando a integração com outros setores, como Contabilidade e Logística.
A área de Planejamento do Produto exige pesquisas permanentes de inovação de produtos, baseadas em análise de mercado e de tendências tecnológicas. Deve-se observar a constante mudança, não somente pela evolução dos maquinários, mas, sobretudo, dos cenários competitivos. A tomada de decisão está fundamentada nos aspectos funcionais do produto, econômicos e de produção. Para tanto, devemos buscar o equilíbrio balanceado entre produtividade, qualidade, segurança/ ergonomia e respeito ao meio ambiente.
Renata Zirondi, Engenheira de Produção e Professora da FACAMP
Ruy Amparo, Vice-Presidente de Operações e Manutenção da TAM Linhas Aéreas
Fernando de Toledo, Industrial Director at Pirelli
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Em todos os setores (industrial, financeiro, comercial etc.), o engenheiro de produção tem participação ativa na tomada de decisões estratégicas da empresa. Ele atua decisivamente na elaboração e avaliação de propostas de investimentos porque é capaz de aliar várias formas de conhecimento. Está habilitado para analisar processos de custos e de qualidade, de produtos e de tecnologia. Ao mesmo tempo, os conhecimentos de administração e de economia lhe permitem integrar a avaliação técnica e a economia financeira. O engenheiro de produção maneja perfeitamente a matemática, a estatística e as técnicas de construção dos modelos quantitativos de simulação, que têm larga aplicação na empresa produtiva ou financeira. Tais conhecimentos e instrumentos prestam-se às projeções de mercado nacional e internacional.
LOGÍSTICA
PROSPECÇÃO DE MERCADOS
O engenheiro de produção que atua na área de Logística planeja, implementa e controla o fluxo e o armazenamento de matérias-primas, materiais semiacabados e produtos acabados com eficiência e economia. Projeta e gerencia redes logísticas, modela e simula sistemas logísticos complexos para apoiar tomadas de decisão na definição de uma estratégia de suprimentos, planeja ganhos de escala a partir da reorganização da cadeia produtiva. É ele o responsável por garantir a disponibilidade do produto dentro dos níveis de exigência do mercado.
Trabalhar na área de Prospecção de Mercados significa desenvolver a capacidade de pesquisar e conhecer muito bem o mercado, as indústrias e as empresas instaladas no ramo em que se atua. É preciso também conhecer as necessidades de potenciais clientes, bem como os competidores, avaliar riscos e oportunidades, conhecer a cadeia de suprimentos e processos logísticos disponíveis, poder de compra, aspectos políticos, econômicos e demográficos do mercado, novas tecnologias e legislações, determinar o significado de valor para os clientes e as barreiras de entrada/saída etc.
Arnaldo Rezende, Superintendente da Federação das Entidades Assistenciais de Campinas - FEAC
Ricardo Dantas, Diretor Comercial da Eaton Brasil
GESTÃO DE PROCESSOS
PROCESSOS PRODUTIVOS
As atribuições da área de Gestão de Processos são assegurar a correta execução dos procedimentos em todos os processos produtivos e administrativos, ter agilidade na tomada de decisões em caso de anormalidades, gerenciar conflitos internos e externos, assegurar a correta e precisa identificação de causa última de problemas assim como a definição de contramedidas eficazes. A boa Gestão de Processos permite, por exemplo, assegurar a qualidade do produto em todas as fases do seu ciclo de vida: desde sua concepção até as atividades de pós-venda.
A moderna Gestão dos Processos Produtivos é uma estratégia de negócios para aumentar a satisfação dos clientes através da melhor utilização dos recursos. Procura fornecer consistentemente valor aos clientes com os custos mais baixos através da identificação de melhoria dos fluxos de valor primários e de suporte por meio do envolvimento das pessoas qualificadas, motivadas e com iniciativa. O foco da implementação deve estar nas reais necessidades dos negócios e não na simples aplicação das ferramentas.
A Engenharia de Produção é uma carreira em ascensão em todo o mundo. A razão é muito simples: o profissional com essa formação tem visão do conjunto da empresa e domina as técnicas de administração e de economia. Mas o grande diferencial do engenheiro de produção é associar a visão das áreas de humanas e o conhecimento de matemática, estatística e modelos quantitativos. No mercado financeiro, os engenheiros passaram a ser procurados pelos bancos, pois têm familiaridade com números. Os engenheiros de produção, em particular, foram ainda mais beneficiados por terem também conhecimentos em outras áreas.
Marcelo Domingues, Diretor de Qualidade - Bosch
José Ferro, Presidente do Lean Institute Brasil
Ermes Stabile Junior, Diretor do Banco Ribeirão Preto
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ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PLANEJAMENTO E INTEGRAÇÃO NILTON TOLEDO, PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA USP, FALA SOBRE O PAPEL DO ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO
Como o engenheiro de produção transita na área de estratégia nas organizações?
Como as decisões estratégicas podem influenciar nos rumos das instituições?
Considerando o exemplo de uma organização manufatureira, ele tem como áreas estratégicas: projeto do produto, projeto do processo, planejamento e controle da produção, controle da qualidade, produção e manutenção. O engenheiro de produção pode exercer função em qualquer uma dessas áreas. Nos processos de fabricação, produção e manutenção, deve-se contar com engenheiros de competências técnicas específicas. O engenheiro de produção integra essas áreas com as que estão sob seu comando, tais como: recursos humanos, finanças, compras, marketing, vendas, distribuição física etc.
As decisões estratégicas têm, naturalmente, uma influência preponderante no destino da organização. Para exemplificar, relato o seguinte: uma grande empresa de produtos de consumo atendia a uma faixa significativa do mercado. Mas seus administradores pensavam que seus produtos estavam “cansados”, que seus processos estavam obsoletos e seus executivos, desmotivados. Os administradores achavam que a empresa vivia um mau momento. Com a participação de todos os funcionários e colaboradores, elaborou-se um planejamento estratégico com metodologia adequada e chegou-se a um diagnóstico completamente distinto. Esse diagnóstico apresentava uma visão completamente diferente da inicial. Concluía: “nossos produtos são bons, temos uma ótima distribuidora e contamos com a confiança de nossos clientes!”
Quais os diferenciais na formação do engenheiro de produção que podem contribuir para a atuação nessa área? O planejamento estratégico nas empresas só tem sucesso se a metodologia usada for adequada e contar com a participação de toda a comunidade da organização. Quem conhece os pontos fortes e os fracos, as ameaças e as oportunidades são as pessoas que labutam dia a dia. Pela própria formação e atribuições que lhe cabem na organização, principalmente na integração das atividades, o engenheiro de produção tem papel fundamental e pode contribuir significativamente na elaboração do plano. A formulação de estratégias deve fluir de toda a comunidade, mas a interpretação das sugestões deve ser feita pelo engenheiro de produção.
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Dado esse diagnóstico, a empresa estava pronta para uma tomada de decisão? Precisamente, a decisão de ampliar a linha de produtos já existentes e manter as marcas bem-sucedidas. Assim, a linha de sabonetes teve como complemento, xampus, desodorantes, perfumes e cremes hidratantes; a linha de sabões em pedra foi complementada com sabões em pó, desinfetantes e detergentes. Executado o plano, dobrou-se o faturamento. Podemos concluir que o conhecimento dos pontos fortes levou a direções diferentes do rumo tradicional que a organização seguia até então.
TECNOLOGIA E COMPETITIVIDADE EDGAR GARBADE, PRESIDENTE DO INSTITUTO ROBERT BOSCH, EXPLICA POR QUE A COMBINAÇÃO DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE PROCESSOS PRODUTIVOS É CRUCIAL NA VIDA DAS ORGANIZAÇÕES
Qual é a necessidade do domínio da tecnologia para a sobrevivência das empresas no mercado globalizado? O grande desafio das empresas para garantir a sua competitividade é desenvolver um sistema de produção integrado que envolva toda a cadeia de agregação de valor e que passe por uma melhoria contínua. Isso significa a otimização da cadeia de suprimentos, passando por todos os processos logísticos internos e externos e todos os processos de produção. A tecnologia de produção abrange não só os processos tecnológicos e sua eficiente aplicação, mas também o sistema integrado da gestão de produção. Só a combinação de tecnologia e da gestão de produção possibilitam alcançar os resultados necessários para atingir uma competitividade global. Que carências na formação profissional têm sido observadas pelas empresas para que o aluno recém-ingresso no mercado desenvolva atividades nas áreas de tecnologia e produção?
de mercado, pesquisas de performance da empresa, relatórios administrativos etc. Para tal, é importante que os alunos tenham durante o seu curso de formação profissional uma experiência prática que lhes possibilite identificar e analisar as tecnologias e os processos aplicados na realidade do dia a dia. Uma cooperação universidade-empresa deve fortalecer a formação dos jovens engenheiros desenvolvendo uma integração da teoria e da prática profissional. Como as empresas tratam o aprimoramento do processo produtivo e como isso está relacionado ao domínio da tecnologia? Existe hoje uma forte defasagem na aplicação de tecnologias e processos produtivos, principalmente nas pequenas e médias empresas. Portanto, é muito importante que cada empresa desenvolva um programa de melhoria, respeitando as suas especificidades empresariais.
Os jovens universitários formados em Engenharia de Produção deveriam ser preparados para implementar as soluções consideradas benchmarking no setor de produção. Quer dizer: tomar como parte essencial de uma solução o histórico de desenvolvimento implementado na organização, assim como na concorrência. Isso é válido tanto para as tecnologias e processos de produção como para os instrumentos necessários à implementação de uma gestão empresarial transparente, baseada em indicadores qualitativos e quantitativos: relatórios técnicos, pesquisas 77
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
CONHECIMENTO PRÁTICO E VISÃO SISTÊMICA JOSÉ FERRO, PRESIDENTE DO LEAN INSTITUTE BRASIL, MEMBRO DO BOARD DA LEAN GLOBAL NETWORK, PESQUISADOR VISITANTE NO MIT E ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO, FALA AQUI SOBRE A FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO NO BRASIL
Como as escolas de engenharia têm preparado os alunos para o ingresso no mercado de trabalho na área de produção?
tempo para os alunos, servindo apenas como uma certificação com muito pouco conteúdo.
No geral, tem faltado maior conhecimento prático e visão sistêmica dos problemas da produção. Em grande parte, isso se deve à formação dos professores, quase sempre com pouca vivência na prática profissional.
Quais são as habilidades que deve ter um engenheiro de produção?
Como os alunos devem ser preparados na faculdade para o exercício profissional? Tanto o conteúdo como a didática das disciplinas deveriam mudar: menos ênfase em aulas discursivas e que exigem memorização para um maior conteúdo de experimentação, vivências, exercícios e exemplos. Os alunos deveriam ter variadas oportunidades de trabalho prático com supervisão da faculdade, se possível em um esquema próximo ao de tutores e, ao final, desenvolverem um trabalho dentro de empresas que deveria requerer muita observação, análise, coleta de dados etc., sempre supervisionado de perto por professores e profissionais. Não podemos mais aceitar que a universidade signifique uma grande perda de
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Em primeiro lugar, habilidades técnicas: domínio dos conhecimentos necessários à sua área de atuação e dos aspectos econômicos e administrativos da empresa. Em segundo lugar, qualidades pessoais: capacidade de liderar pessoas, de trabalhar em grupo, iniciativa, respeito às diferenças. Essa formação exige um corpo de professores que tenha uma ampla experiência de trabalho na empresa. Como as empresas eficientes têm tratado os processos produtivos? Cada vez mais dando importância e percebendo sua relevância para o processo de agregação de valor aos clientes, em última instância, os responsáveis pela sobrevivência da empresa, e cada vez mais usando o pensamento científico. A necessidade de maior eficiência e produtividade está cada vez mais evidente para as empresas.
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PROPAGANDA E MARKETING PROFISSÃO No mundo globalizado, o Marketing e a Propaganda tornaram-se poderosos instrumentos utilizados pelas empresas na disputa acirrada pela liderança de mercado. Por essas razões, a carreira do profissional de Propaganda e Marketing está e continuará em ascensão no século XXI. O profissional de Marketing orienta decisões estratégicas para o crescimento da empresa. A sua importância é crescente na concepção do produto, na elaboração dos projetos de design, na construção e fixação da marca, na criação da embalagem e na formação de preço. É o profissional responsável pelo planejamento da logística de distribuição, pela promoção e pelo merchandising no ponto de venda. Cuida também da satisfação do cliente, do atendimento, da assistência técnica e das relações públicas. O moderno profissional de Propaganda e Marketing domina as técnicas de administração financeira, gestão de produção e gestão de equipes e pessoas: é capaz de participar da elaboração e implementação da estratégia corporativa. Está habilitado a fazer a análise dos concorrentes, dos fornecedores, distribuidores e varejistas, com base em estratégias integradas de Marketing. No campo da Publicidade, o profissional responde pela criação, execução e apresentação de campanhas publicitárias. Com o surgimento de novas tecnologias e de novas mídias, ocorreu uma revolução na confecção das peças publicitárias, audiovisuais e impressas. A Propaganda abrange outras formas de comunicação com o mercado: pontos de venda, telemarketing, venda direta, transações comerciais pela internet, patrocínio de eventos, exposições etc. O profissional de Propaganda e Marketing conhece o comportamento do consumidor com base nos estudos cada vez mais precisos e sofisticados de demografia, psicologia, antropologia, sociologia e economia. É ele que fundamenta o plano de mídia que, desse modo, se integra com as ações do Marketing e vai da comunicação com o mercado até a ambientação do ponto de venda.
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PROPAGANDA E MARKETING
ÁREAS DE ATUAÇÃO EMPRESAS Nas empresas, o profissional de Propaganda e Marketing elabora planos para lançamentos de produtos e analisa o surgimento e as oportunidades de novos mercados. Ele é o responsável pela construção da imagem da organização, pelo desenvolvimento, pela gestão e pela fixação da marca dos produtos, bens e serviços. É o profissional de Propaganda e Marketing que define a política de comunicação empresarial, planeja atividades, capta e administra recursos para projetos sociais e culturais. Outro segmento de atuação do publicitário é o de fornecimento de serviços para agências de publicidade, propaganda e marketing, seja como freelancer, seja como proprietário de empresa de serviços terceirizados.
PLANEJAMENTO
PESQUISA DE MERCADO
O profissional de Planejamento hoje tem de ser multifuncional, saber tomar decisões com mais agilidade. Há uma infinidade de meios, de mídias, de canais. Tudo acontece numa velocidade muito maior do que no passado – e é necessário estar sempre atualizado. O dia a dia no Planejamento passa pela pesquisa, o estudo e o olhar atento para o que acontece dentro e fora do Brasil. É cada vez mais necessário que o profissional de Planejamento se comunique com clareza, tenha facilidade em expor suas ideias e defender seus pontos de vista.
O perfil do profissional de Pesquisa de Mercado hoje é mais próximo de um consultor, que deve entender não somente das metodologias e análises de pesquisa, mas também do negócio do seu cliente, realizando estudos do ambiente e do contexto no qual será realizada a pesquisa. Há grande quantidade de informações disponíveis e, dessa forma, a principal habilidade do profissional de pesquisa está em buscar e filtrar o que é relevante e que se torna essencial para a análise e conhecimento dos mercados e dos consumidores.
Carolina A. P. Campos, Publicitária
Samanta Púglia, Consultora e Professora da FACAMP
Marketing e Propaganda seguiram caminhos paralelos até o fim da Segunda Guerra. Ambos tinham o mesmo objetivo – auxiliar na venda – mas não se misturavam. Aí surgiu o conceito moderno do Marketing – o que o consumidor quer ou precisa. A partir desse instante, a Propaganda se tornou uma subdivisão do Marketing. Esse conceito moderno de Marketing exige um entendimento profundo do comportamento do consumidor, o que só é possível a partir de uma formação sólida em ciências humanas como psicologia, antropologia, sociologia, economia etc.
PROFISSIONAL DE MARKETING
GESTÃO DE MARCAS
A cada dia, a maximização dos resultados e a racionalização das verbas de Comunicação e Marketing têm ganhado relevância nas discussões. O profissional de Marketing atual tem que estar inserido no negócio como um todo. Ele pode atuar no suporte a vendas, na formação e revitalização de marcas, na introdução de novos produtos, na definição do posicionamento de produtos, no entendimento das necessidades do mercado consumidor e na definição de estratégias e planos que busquem o atendimento das marcas.
O branding, ou gestão de marca, é uma área do Marketing que responde pela criação e gestão de marcas corporativas e de produtos. Uma marca não deve ser entendida apenas como o ícone gráfico que a distingue das demais. Ela traz consigo algumas promessas e deve ter o compromisso de realizá-las. O branding oferece instrumentos que permitem estabelecer os aspectos físicos, emocionais e aspiracionais de uma marca. O valor de uma marca é o valor da informação que ela carrega e o “sentido” que a marca adquire é resultado de uma negociação.
Tânia Silvestril, Diretoria de Marketing da Mercedes-Benz
Fátima Toledo, professora da FACAMP
Max Gehringer, Especialista em Marketing e Consultor de Empresas
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AGÊNCIAS Nas agências, o profissional de Propaganda e Marketing pode atuar em todos os departamentos. Depois das atividades de atendimento (contato com o cliente), o departamento de planejamento projeta a campanha, levando em consideração a verba do cliente. No departamento de criação, o publicitário elabora as mensagens a serem veiculadas pelas mídias (TV, rádio, jornal, revistas etc.). No departamento de mídia, tomando-se em conta o investimento a ser realizado, são selecionadas as formas de veiculação da mensagem. As peças publicitárias são produzidas nos departamentos de rádio, televisão, cinema e produção gráfica. Nas últimas décadas, ganha relevo a área de propaganda pela web.
PLANEJAMENTO
ADMINISTRAÇÃO
O planejador precisa entender o mundo, o mercado, a sociedade e as pessoas. Precisa entender o briefing, compreender profundamente o problema do cliente, ter um olhar crítico, definir que tipo de informação ainda está faltando e ajudar a desenhar a estratégia de ação. Precisa aprofundar o conhecimento sobre o público-alvo, seu perfil, os motivadores pessoais, suas atitudes, estilo de vida e hábitos de mídia. Precisa conhecer os meios existentes e, principalmente, precisa estar disposto a pesquisar os meios que ele ainda não conhece.
As atividades essenciais do dia a dia de uma agência são: atender clientes, identificar problemas, estudar e planejar soluções, criar, produzir e acompanhar resultados. É a natureza do negócio. Mas, na comunicação moderna, todo dia pode ser uma grande transformação, diariamente temos um novo desafio. Descobrimos novos caminhos e criamos novas dinâmicas de como agir e pensar. Ajudamos a desenvolver uma “linkoteca” como o Youtube, uma “globalteca” como o Google, uma “universidade” como a Wikipedia e uma nova filosofia de comunicação com o Twitter.
Aina Fuentes, Diretora de Planejamento da Mohallem Meirelles
Marcelo Heidrich, Presidente da Agência Ponto de Criação
ATENDIMENTO
CRIAÇÃO
O atendimento é o fio condutor dos trabalhos de uma agência: desde a formulação da estratégia, passando pela criação, execução e respondendo pelos resultados. Identifica a peculiaridade do cliente, entende o seu universo e contribui como um consultor. Ser multidisciplinar é uma das características do profissional de atendimento por essência – entende de marcas, consumidores e dá forma às mensagens, seja em um comercial de televisão, um anúncio de revista, um spot de rádio, a ativação de um produto ou um hotsite que permita a melhor experiência com as marcas.
O diretor de arte cria, juntamente com o redator, peças publicitárias que atendam às necessidades de comunicação de uma empresa. Aprovadas pelo diretor de criação, essas peças seguem para avaliação do cliente. Na agência, a equipe de criação conta com a colaboração do atendimento, do planejamento, da mídia e da produção gráfica. O diretor de arte desenvolve grande capacidade para encontrar soluções rápidas e precisas. Está antenado e bem informado, sabe assimilar e filtrar a avalanche de informações disponíveis na internet.
O publicitário faz o trabalho de um vendedor que se utiliza de elementos existentes na arte – como o texto, a música, a fotografia, o desenho etc. – para criar peças artesanais que visam a resolver problemas mercadológicos dos clientes. Vende desde um produto até uma ideia ou solução. Por isso, é fundamental ser um grande adequador de linguagem. Para ser um grande publicitário é preciso talento, muita vontade de trabalhar e, sobretudo, uma curiosidade muito grande, sem nenhum preconceito em termos de informação. O bom publicitário é aquele que lê desde Marcel Proust até a revista Caras, conhece de David Hockney a Romero Brito e ouve de Erik Satie a Rouge.
Filipe Bartholomeu, Diretor da conta Volkswagen na AlmapBBDO
André Ferreira, Diretor de Arte da Agência Wunderman Marketing Direto, do Grupo Young&Rubicam
Washington Olivetto, Publicitário, Presidente e Diretor de Criação da W/Brasil
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PROPAGANDA E MARKETING
HAY QUE TENER TALENTO ALEX PERISCINOTO, CRIADOR DA ALMAP, MAIOR AGÊNCIA DE PROPAGANDA E PUBLICIDADE DO BRASIL, RESSALTA O PAPEL FUNDAMENTAL DAS AGÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL
Qual é a principal diferença do profissional de Marketing do século passado para o profissional de Marketing do século XXI? Em qualquer tempo, um profissional de Marketing tem que dominar a arte e a técnica de saber pensar dentro da cabeça do consumidor. Daí decorrem a evolução criativa dos negócios, os ganhos de mercado, a inovação dos produtos e a satisfação crescente dos clientes. O marco divisório entre o passado e o atual século XXI é que hoje o mercado se sofisticou, perdeu fronteiras regionais e tornou-se global. O mercado passou a respirar uma atmosfera inédita em termos competitivos – seja de marcas grandes versus marcas grandes, seja de grandes versus pequenas (as nanicas criativas e atrevidas que não se atemorizam em atacar os nomes sagrados e, surpreendentemente, têm levado belos pedaços de mercado como, por exemplo, Dolly versus Coca Cola). Some-se a isso o fato de que o consumidor de hoje é um alvo ainda mais difícil de ser acertado e conquistado. Esse panorama altamente turbulento faz com que o profissional de Marketing de hoje tenha que ser diferente daquele do passado, pois agora ele tem que saber administrar com perícia inúmeras informações simultâneas e atingir diversos objetivos competitivos. E tudo caminhando por terrenos às vezes escorregadios, ou traiçoeiros.
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O que o mercado espera de um aluno recém-saído da faculdade? Eu sempre digo que um recém-formado tem que ser analisado pelo eventual contratante, observando que valores ele traz. A sua cultura geral e específica, a sua formação acadêmica. Mas também valores subjetivos: talento inato para a profissão, vigor psicológico para aguentar o tranco das pressões e bom estoque de adrenalina para energizar a mente diante dos desafios. Somando ambos os conteúdos, pode-se prever – ainda que com chances de erros – se há ouro no garimpo. Havendo, fica claro o que se deve esperar do recém-formado: que ele não se atemorize e saiba surfar na onda. Quais são as habilidades e competências que um experiente profissional de Propaganda e Marketing valoriza para contratar um profissional em início de carreira? Na resposta anterior, enumerei as qualidades requeridas para trabalhar numa empresa. Mas numa agência, cujas características operacionais e exigências sobre o equipamento humano não se confundem com aqueles existentes em qualquer outro segmento profissional, a história é outra, ainda mais se o iniciante pretende atuar no setor de criação. Ou seja, tornar-se redator ou diretor de arte. Aqui o funil se estreita porque os profissionais de criação, numa agência de alta performance,
têm de ser como os pilotos de Fórmula 1. Para conquistar uma posição nessa elite, hay que tener talento. Sei, porém, que existe aí um ponto de cruel contradição: como um recém-formado vai provar que tem talento para trabalhar na agência se ainda não teve a chance de trabalhar em nenhuma delas? Duas sugestões: montar um portfólio com anúncios e roteiros desenvolvidos nos trabalhos da agência experimental da faculdade e recriar anúncios e comerciais que estão sendo veiculados com outros títulos, desenvolvendo novos textos e layouts de forma a permitir que um diretor de criação possa vislumbrar a capacidade, a inteligência e a força inovadora do iniciante. Mas uma coisa é fundamental: é preciso ver o potencial do iniciante materializado de alguma forma. E tentar captar as suas habilidades e competências. Por exemplo: se quer ser redator numa agência, o candidato tem que trazer essa paixão pela arte de escrever desde quando era criança em suas redações escolares. Se quer ser diretor de arte, tem que gostar de forma inata de tudo que envolve a linguagem visual. O senhor poderia falar um pouco sobre o trabalho de formação de profissionais de Propaganda e Marketing realizado na FACAMP? Mais do que conhecer a estrutura física da FACAMP, eu diria que tenho o privilégio de conhecer algo ainda mais
importante: a alma da FACAMP, representada por pessoas cuja integridade ética, competência acadêmica e respeito profissional são exemplares. Estou me referindo aos diretores prof. João Manuel Cardoso de Mello e profa. Liana Aureliano. E, claro, ao coordenador e professor Maurício Queiróz. Eles são a massa cinzenta, o centro pensante que faz a diferença não só a favor da FACAMP, mas, numa visão global, do ensino universitário no país. Tudo isso acaba por beneficiar o nosso universo de trabalho pela competência, qualidade e idoneidade com que a FACAMP se dedica à formação daqueles que amanhã estarão no comando de nossas empresas e agências. E olha que não estou dizendo isso, digamos, de forma “adjetiva”. São colocações “substantivas”, objetivas, baseadas em referências comparativas da vida real que tenho observado em todos esses anos no ensino universitário de publicidade e comunicação. Por isso, sou um admirador absoluto da FACAMP. São raras as instituições de ensino superior que conseguiram fazer, como a FACAMP, a convergência do alto padrão acadêmico com a visão objetiva do mercado de trabalho, no sentido de fazer, de seus alunos, profissionais vencedores.
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PROPAGANDA E MARKETING
BRANDING: CRIAÇÃO E GESTÃO DE MARCAS A PROFESSORA FÁTIMA TOLEDO, DO CURSO DE PROPAGANDA E MARKETING DA FACAMP, FALA DE SUA ÁREA DE ATUAÇÃO E MOSTRA COMO O ALUNO DA FACAMP É ESTIMULADO A ENCONTRAR RESPOSTAS PRAGMÁTICAS EM SITUAÇÕES REAIS
O branding, ou gestão de marca, é uma área do Marketing que responde pela criação e gestão de marcas corporativas e de produtos. Uma marca não deve ser entendida apenas como o ícone gráfico que a representa. Ela implica promessas e deve procurar realizá-las. O branding fornece instrumentos para estabelecer os aspectos físicos, emocionais e aspiracionais de uma marca. Antes de um primoroso tratamento estético, toda campanha publicitária deve realizar um exercício estratégico, de modo a garantir um alinhamento entre a estratégia do negócio e a estratégia da marca. O macro e o microambiente devem ser analisados criteriosamente, de maneira a permitir escolher uma proposta de valor particular, valiosa para o público-alvo e, ao mesmo tempo, difícil de ser copiada pela concorrência. O exercício de branding auxilia no entendimento desse contexto e na conquista das metas da organização. O branding também contempla o estudo de aspectos subjetivos e simbólicos na criação e gestão da marca. O valor de uma marca é o valor da informação que ela carrega e o sentido da marca resulta de sua específica presença no mercado. Em outras palavras, há uma relação a ser construída e cuidada. Neste momento, entra a contribuição dos conceitos e dos profissionais de branding. Hoje, no mercado, o branding é realizado pelas agências de publicidade, escritórios de design e branding houses. Nas empresas, a gestão de marca é uma atividade em 86
crescimento. Em várias organizações, já existe o cargo de gerente de marca que, na maioria das vezes, está ligado ao departamento de Marketing. Durante as aulas de branding na FACAMP, o aluno estuda os conceitos e autores que discutem o tema, além de desenvolver metodologias de trabalho que ajudam a resolver os problemas práticos do dia a dia. Os exercícios e estudos de caso discutidos em sala de aula colocam os alunos diante de situações reais enfrentadas na rotina das agências e dos escritórios de branding. O objetivo é muito claro: tornar a passagem do ambiente escolar ao profissional a mais tranquila possível. Neste sentido, o aluno é estimulado a dar respostas pragmáticas. Estratégia, posicionamento e branding passam a ser recursos e ferramentas essenciais de trabalho.
PESQUISA DE MERCADO: PARA ENTENDER O CONSUMIDOR A DIRETORA DE MARKETING DA MASTERCARD, BEATRIZ GALLONI, EXPLICA A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA DE MERCADO E DO MARKETING NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE PROPAGANDA E MARKETING DO SÉCULO XXI
Quais as características do profissional de Marketing do século XXI? Vejamos algumas: • É preciso adicionar ao bom senso, à intuição e à criatividade do antigo profissional de Marketing, o domínio de todas as novas ferramentas de Marketing e a capacidade de discernir quais são as informações necessárias às ações mercadológicas. • Maior capacidade de gestão de iniciativas de Marketing em ambientes mais competitivos. • Maior foco no resultado do negócio, com acesso a um maior volume de informações. • Domínio das diferentes técnicas de pesquisa de mercado para entender melhor o consumidor. • As parcerias com agências de propaganda, planejamento, promoção e comunicação empresarial são necessárias. Devemos deixar de encarar essas empresas apenas como fornecedores, passando a enxergá-las como participantes ativas da construção das estratégias de Marketing. Qual a importância da pesquisa de comportamento do consumidor nas decisões de Marketing? A pesquisa de comportamento do consumidor é fundamental: para entender os diversos fatores que determinam o comportamento do consumidor; para segmentá-lo de forma demográfica e desenvolver produtos e serviços que atendam às suas necessidades; para construir um posicionamento adequado da marca e do produto; para mensurar o mercado e avaliar a concorrência e para avaliar a eficácia do Marketing diante do comportamento verificado do consumidor.
Quais as habilidades e competências que um profissional de Marketing valoriza, para contratar um profissional em início de carreira? Há muitas habilidades e competências que são valorizadas. Mas eu destacaria principalmente: motivação, criatividade, bom relacionamento, saber ouvir, saber se impor e dar suas opiniões de maneira educada, flexibilidade e capacidade de adaptação. As situações mudam com muita frequência e temos que estar sempre nos ajustando. Destaco, ainda, a necessidade de capacidade analítica, de capacidade de coordenação e implementação e habilidade em controle orçamentário, já que na maioria das vezes terá que gerenciar um orçamento. Como as disciplinas de humanidades podem ajudar no crescimento profissional do aluno que pretende seguir a carreira de Marketing? Uma boa formação em humanidades é, hoje, indispensável à formação de um profissional de Marketing. A demografia, a psicologia, a antropologia e a sociologia fornecem instrumentos fundamentais para compreendermos melhor as dinâmicas do consumidor e dos mercados. Acompanhar a economia do Brasil e do mundo e os impactos no consumo são fundamentais. O conhecimento aprofundado da língua portuguesa é indispensável para que o profissional esteja bem preparado para uma comunicação ágil e objetiva. Na FACAMP, pelo que vejo, o currículo é bastante completo. Hoje, a inclusão de disciplinas como essas faz toda a diferença. 87
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RELAÇÕES INTERNACIONAIS PROFISSÃO Uma imensa rede de interdependências econômicas, políticas, sociais e culturais caracteriza o mundo globalizado. Nesse contexto, emergiu um campo de trabalho promissor e um novo tipo de profissional: o analista de Relações Internacionais. A atuação do analista de Relações Internacionais é indispensável em áreas tão diversas quanto as da diplomacia econômica, política e coercitiva, em empresas, em organizações não-governamentais de todos os setores, em organizações, entidades e instituições internacionais, em associações de classe patronais ou trabalhistas e, naturalmente, no setor público, nos planos federal, estadual e municipal. O novo papel do Brasil no cenário mundial vai exigir cada vez mais a presença desse especialista, elevando a carreira a uma posição de crescente importância no século XXI. O campo de trabalho para o analista de Relações Internacionais está se ampliando rapidamente. Ele é o profissional habilitado para analisar os potenciais e as oportunidades, as fragilidades e os riscos relativos às políticas de Estado e aos negócios privados. O analista de Relações Internacionais avalia os relacionamentos que podem contribuir para o desenvolvimento econômico e setorial de empresas, instituições públicas e privadas, governos e lideranças. É o profissional responsável pela elaboração de planos de negócios ou pela gestão dos empreendimentos internacionais que já estão em andamento e que são requeridos por trading companies, por multinacionais ou grandes organizações financeiras, mas também por muitas pequenas e médias empresas exportadoras. O analista de Relações Internacionais é tanto um gestor de interesses como um negociador nas relações entre empresas ou entre empresas e governos.
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RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ÁREAS DE ATUAÇÃO EMPRESAS PRIVADAS Atua em empresas dos mais diversos setores, tais como as do agronegócio, da indústria, dos serviços e em bancos e fundos financeiros. Presta também consultoria autônoma, principalmente para empresas com atuação internacional. Ele elabora planos de negócios e faz a gestão de empreendimentos internacionais requeridos tanto por trading companies, multinacionais ou grandes organizações financeiras, como também por pequenas e médias empresas exportadoras.
NEGÓCIOS INTERNACIONAIS ASSOCIAÇÕES DE CLASSE O cenário internacional do Brasil vai crescer rapidamente nas próximas décadas em todos os itens: commodities agrícolas e minerais, alimentos e produtos industrializados. A internacionalização das empresas e bancos brasileiros prosseguirá. O mercado de trabalho para o analista de Relações Internacionais é, portanto, promissor. Por outro lado, nas associações de classe, os Departamentos de Relações Internacionais ganharam mais peso. Nós mesmos na FIESP já contratamos vários formados em RI pela FACAMP. E pretendemos expandir nossos quadros. Roberto Giannetti da Fonseca, Diretor de Relações Internacionais e de Comércio Exterior da FIESP
Na área empresarial, o analista de Relações Internacionais tem a função de negociar com os governos, com as indústrias locais em outros países e com a sociedade e os órgãos reguladores desses países. É um diplomata, mas um diplomata com visão de negócios. Um curso em tempo integral, como o da FACAMP, com ênfase em ciências humanas, é um diferencial para o estudante de RI, porque, ao atuar na profissão, ele lida com pessoas e com a diversidade da cultura e do pensamento. Um analista de Relações Internacionais deve saber trabalhar com interesses conflitantes e buscar soluções e consensos. Luiz Gonzaga Villela Neto, Sales and Marketing VP - NEC Latin America
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GOVERNO O analista de Relações Internacionais trabalha como diplomata, mas também é solicitado para as áreas de cooperação internacional dos vários Ministérios e Secretarias Estaduais ou Municipais, nas quais elabora análises de conjuntura, formula políticas, negocia empréstimos internacionais, convênios e tratados.
DIPLOMACIA ASSESSORIA INTERNACIONAL A diplomacia continua a ser uma carreira atrativa para os jovens com vocação de servir a seu país. O exame de acesso ao Itamaraty é extremamente seletivo. O analista de RI competente leva enorme vantagem sobre os formados em outros cursos de graduação. A importância do Brasil no mundo é crescente e o analista de Relações Internacionais é indispensável na defesa de nossos interesses estratégicos, nas questões relativas ao meio ambiente e na formulação técnica de nossa política externa. Nos vários Ministérios, Secretarias Estaduais e Municipais, as assessorias internacionais se multiplicam. Há necessidade do analista de Relações Internacionais para negociar, por exemplo, questões de subsídios agrícolas, de patentes farmacêuticas, questões de meio ambiente, convênios culturais, projetos sociais e negociações de financiamento. Eduardo Mariutti, Professor da UNICAMP
Hoje há um consenso de que o Brasil está destinado a desempenhar um papel de crescente importância na cena internacional do século XXI. Portanto, a carreira diplomática haverá de assumir uma relevância ainda maior. É uma excelente opção para os jovens que têm como vocação servir ao Brasil e aos seus interesses políticos, econômicos e culturais. E como ideal buscar um mundo politicamente mais democrático, economicamente mais equânime e socialmente mais justo. Samuel Pinheiro Guimarães, Embaixador e Ex-Secretário Geral do Itamaraty
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RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ÁREAS DE ATUAÇÃO ORGANISMOS INTERNACIONAIS Trabalha em entidades supranacionais como, por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Banco Mundial (Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento - BIRD), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Atua, também, em ONGs.
ORGANIZAÇÕES OFICIAIS
ONGs
Há muitos brasileiros trabalhando em organizações internacionais políticas ou econômicas, como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Fundo Monetário Internacional. Todos sabem que o peso do Brasil no mundo crescerá nas próximas décadas. Creio que as oportunidades de trabalho para brasileiros vão se expandir necessariamente.
As Organizações Não-Governamentais (ONGs) oferecem um excelente campo de trabalho ao analista de Relações Internacionais. Isso porque ele tem uma visão ampla das diferentes culturas e um sólido conhecimento dos movimentos sociais e dos modos comunitários de organização. Ele está apto a negociar as alianças indispensáveis ao desenvolvimento sustentável.
Otaviano Canuto, Conselheiro Senior do Banco Mundial
Arnaldo Rezende, Superintendente da Federação das Entidades Assistenciais de Campinas (FEAC)
As organizações políticas (como ONU e OEA) e econômicas internacionais (como o FMI, Banco Mundial e OMC) são um campo de trabalho muito interessante para o futuro analista de Relações Internacionais. O PNUD, que represento no Brasil, está preocupado com a elevação dos padrões de vida das populações mais pobres e a melhoria das condições ambientais. Costumamos atuar em entrosamento com as ONGs, outra importante área de atuação do profissional de Relações Internacionais. Almir Moreira, Agência Internacional de Energia Atômica - AIEA
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RELAÇÕES INTERNACIONAIS
UM PROFISSIONAL AFINADO COM OS NOVOS TEMPOS GERALDO FORBES, CONSULTOR DE NEGÓCIOS FINANCEIROS E COORDENADOR DA ÁREA “AMÉRICA DO NORTE” DO GRUPO DE ANÁLISE DE CONJUNTURA INTERNACIONAL (GACINT) DA USP, FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ANALISTA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA EMPRESA
Quando surgiram os cursos de graduação em Relações Internacionais? Há 10 ou 15 anos o estudo das Relações Internacionais estava presente, só de modo difuso, em vários outros cursos de graduação. Até então, no curso de Direito, por exemplo, havia as disciplinas de Direito Internacional Público e Privado; nas ciências sociais, examinavam-se aspectos da política internacional; e a análise da economia internacional, naturalmente, era realizada nos cursos de ciências econômicas. Com o surgimento dos cursos de graduação em Relações Internacionais, essa área de conhecimento passou a ser objeto de reflexão sistemática, metódica. Os cursos de graduação em Relações Internacionais têm atraído crescentemente o interesse do vestibulando. Como o senhor explica isto? Eu diria que os jovens têm uma visão muito afinada com os novos tempos que estamos vivendo. Perceberam que o avanço da globalização produtiva, comercial e financeira exigia um novo profissional, o analista de Relações Internacionais, preparado para enfrentar os desafios do século XXI. Quais são as áreas de atuação do Analista de Relações Internacionais? As áreas de atuação do analista de Relações Internacionais são bastante amplas: no governo, diplomacia e assessorias internacionais; nas empresas importadoras e exportadoras, nas consultorias de negócios internacionais e associações de classe; nos organismos internacionais, em órgãos 94
econômicos e políticos (ONU, OEA, Banco Mundial, BID, PNUD etc.) ou em organizações não governamentais (ONGs). A Diplomacia costuma despertar o interesse de muitos jovens... É verdade. Continua a ser uma carreira atraente. Acrescento que, diante das transformações do mundo, a formação do diplomata é muito mais complexa. Pense, por exemplo, nas exigências da diplomacia econômica. E as Assessorias Internacionais? As Assessorias Internacionais se multiplicaram no governo federal e se difundiram pelos governos estaduais e pelas prefeituras das grandes cidades. Mas pense sobretudo nas consultorias especializadas em assuntos de política externa e que desempenham papel crescentemente importante, às vezes indispensável, na formulação das estratégias empresariais. Pense, por exemplo, na questão das patentes farmacêuticas, nos acordos e contenciosos da área agrícola ou na globalização das empresas de serviços. Lembre da área de Finanças e de empréstimos internacionais. Qual é a atuação do analista de Relações Internacionais na empresa? Antes de responder a essa pergunta, gostaria de salientar dois fatos. Primeiro: o Brasil, nestes últimos 40 anos, multiplicou suas exportações cerca de 70 vezes. Segundo: de exportadores de quase um único produto, o café, passamos a ter uma pauta diversificada de vendas externas, que vai de commodities agrícolas e minerais (por
exemplo, além do mesmo café, soja, açúcar, suco de laranja e minério de ferro), a alimentos (por exemplo, carne bovina, suína e frango), chegando a produtos industriais, com destaque para papel e celulose, automóveis e aviões. Acrescentaria ainda dois aspectos importantes. Quais são? A distribuição das exportações brasileiras é balanceada entre EUA, Europa, Ásia e América Latina. Somos multitraders. Além disso, muitas empresas brasileiras se internacionalizaram. Pense, por exemplo, na Petrobrás, na Vale, nas empreiteiras, no Grupo Gerdau, na Embraer etc. Voltemos às atividades do analista de Relações Internacionais na empresa... O analista de Relações Internacionais é indispensável para analisar permanentemente as perspectivas dos mercados, o que envolve naturalmente a visão das tendências econômicas de curto e longo prazos e a análise das políticas econômicas dos diversos países. E quem fala de política econômica naturalmente pensa, também, na sociedade e na política. Sua atuação tem outros aspectos muito importantes. Quais seriam? É preciso conhecer perfeitamente o marco legal dos países importadores ou onde a empresa está localizada. Mais ainda: é preciso saber quais são as praxes comerciais, as linhas de financiamento disponíveis etc. E é indispensável dominar também o quadro cultural, como pensa e como age o parceiro. Negociar com um
chinês não é o mesmo, digamos, que negociar com um russo ou um americano. O senhor poderia falar sobre a atuação profissional nos organismos internacionais? É outra área de trabalho interessante. O analista de Relações Internacionais pode, por exemplo, trabalhar no Banco Mundial, no Fundo Monetário Internacional, no Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), no Pnud, na Organização Internacional do Trabalho (OIT) ou na Food and Agriculture Organization (FAO). Em programas econômicos, sociais, educacionais, de segurança alimentar, de meio ambiente etc.
no Brasil. Hoje há um consenso no mundo: o Brasil terá um peso crescente na cena internacional. Conclusão: a profissão de analista de Relações Internacionais veio para ficar e para crescer.
O que o senhor desejaria acrescentar? A profissão de analista de Relações Internacionais ganhou uma enorme importância
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RELAÇÕES INTERNACIONAIS
AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA EMPRESA PRIVADA JOSÉ SERRADOR, DIRETOR DE RELAÇÕES EXTERNAS E COMÉRCIO EXTERIOR DA EMBRAER, FALA SOBRE O MERCADO DE TRABALHO NA EMPRESA PRIVADA PARA O PROFISSIONAL DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Na área privada, como está o mercado de trabalho para o analista de Relações Internacionais? O mercado está em clara expansão. A expansão é consequência da maior integração do Brasil no mundo globalizado. O comércio exterior brasileiro cresceu vigorosamente nos últimos anos. Diversificamos nossos mercados. As empresas brasileiras se internacionalizaram. Veja o caso da Embraer, que está na China. Por outro lado, as multinacionais continuam com forte presença no Brasil, tanto no setor produtivo quanto no financeiro. Quais os requisitos exigidos pelas empresas de um profissional de Relações Internacionais? Exige-se uma formação sólida. Em primeiro lugar, domínio de línguas. O inglês é imprescindível. Uma segunda língua estrangeira é necessária. Em geral, deve-se
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optar pelo espanhol. Diria mesmo que uma terceira língua é desejável. Veja quanta gente, por exemplo, está estudando mandarim. Além do conhecimento de línguas, o que é fundamental? Em primeiro lugar, uma sólida formação em Economia, em economia internacional e na realidade econômica dos países com os quais a empresa estabelece negociação. Diria também que é indispensável o conhecimento da Política e do Direito. O senhor poderia explicar melhor? A importância da Ciência Política é evidente. Não apenas nos foros internacionais de negociação, nem só na política externa de blocos regionais ou países. Mas, também, nas políticas nacionais em relação ao comércio internacional e ao investimento externo.
E o Direito, por que é necessário? Porque a empresa atua num contexto legal que condiciona sua atividade e baliza as possibilidades de suas decisões. Portanto, é preciso conhecer tanto o Direito Internacional Público quanto o Direito Internacional Privado. Pense nas negociações realizadas na Organização Mundial de Comércio (OMC) ou na área de contratos internacionais. Mas é preciso também compreender as diferenças culturais, não é mesmo? Sem dúvida. Para isso é preciso ter um conhecimento profundo dos principais países e regiões, dos EUA, da Europa, da China e do Leste Asiático e da América Latina. Só assim é possível entender como o povo asiático negocia, como o europeu negocia, como o americano negocia. E, sobretudo, enfrentar os desafios distintos que encontramos na nossa atividade profissional.
NEGOCIAR: COMPETÊNCIA DO DIPLOMATA O DIPLOMATA TEM DE CONHECER A PRÁTICA EFETIVA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS, EXPLICA PAULO ROBERTO DE ALMEIDA, DIPLOMATA E DOUTOR EM CIÊNCIAS SOCIAIS PELA UNIVERSIDADE DE BRUXELAS
Qual é o trabalho do diplomata? Os diplomatas são responsáveis por formular tecnicamente, representar e defender as posições do Brasil no vasto campo das Relações Internacionais.
dos vários órgãos setoriais do governo (por exemplo, os Ministérios da Fazenda, da Agricultura, da Justiça, da Saúde) e devem levar em conta os vários interesses privados envolvidos.
Qual é a função do diplomata na formulação técnica da política externa?
Quais as competências do diplomata?
Creio que é conveniente distinguir dois níveis, um mais geral, outro mais específico. Trata-se, em primeiro lugar, de ajudar tecnicamente a formular as linhas estratégicas da política externa, os interesses estratégicos do Brasil, levando em consideração o quadro do mundo globalizado em transformação. De outro lado, estão diversas questões, como, por exemplo, as relativas ao meio ambiente, aos direitos humanos, às patentes farmacêuticas e aos subsídios agrícolas. Nesse nível mais específico, as definições de natureza política dependem também
é a capacidade de negociação. É preciso
A competência fundamental do diplomata saber negociar com aliados e adversários nos diversos âmbitos de atuação junto aos Ministérios de Relações Exteriores dos outros países, nos organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) ou a Organização Mundial
é específico da área, conhecimentos profundos nas áreas de apoio (Economia, Política, História, Direito) e línguas. Mas gostaria de chamar a atenção para um ponto: o diplomata tem de saber concretamente como se articulam as Relações Internacionais e tem de conhecer a prática efetiva das Relações Internacionais. Como se dá o ingresso na carreira diplomática? A seleção para o Itamaraty é concorridíssima. Ingressa-se na carreira como 3º secretário e há um longo caminho a percorrer até chegar ao topo da carreira, cônsul, ministro de 1ª classe e embaixador.
do Comércio (OMC) e dentro dos blocos econômicos (o Mercosul, a Comunidade Europeia). Quais os conhecimentos necessários ao diplomata? Uma formação sólida, abrangendo o que
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CONCORRENTES Alunos da 3ª série do Ensino Médio ou de cursos Pré-vestibulares
JOGO Competição pela internet entre equipes de estudantes que deverão enfrentar desafios e resolver enigmas.
TEMA Tendências Tecnológicas e Vida Contemporânea
ETAPAS DO JOGO Etapa 1: 16/05/14 – seleção de uma equipe por escola Etapa 2: 23/05/14 – seleção das 20 melhores equipes Etapa Final: 17/08/14
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2014
1o lugar 1 IMAC para cada integrante da equipe e para o Professor Orientador
2o lugar 1 IPAD para cada integrante da equipe e para o Professor Orientador
Inscriçþes gratuitas: 8 de abril a 14 de maio de 2014
www.webjogofacamp.com.br 99