Graus sabeus

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INTRODUÇÃO A Origem dos Símbolos Sabeus A origem dos símbolos sabeus remonta a 1925, através de um trabalho conjunto de Marc Edmund Jones e Elsie Wheeler. Esse trabalho possibilitou a materialização dessa peculiar simbologia que permite entrar no essencial significado de cada grau, dos 360 graus da roda do zodíaco.

Fig. 1: A Origem dos Símbolos Sabeus deve-se ao trabalho realizado pelo astrólogo norte-americano Marc Edmund Jones e a clarividente Elsie Wheller.

O início desse trabalho surgiu quando ambos, Marc como astrólogo e Elsie enquanto médium, se interessaram pela forma como um clarividente galês, John Thomas, mais conhecido como Charubel, utilizava o simbolismo dos graus astrológicos, 1

alcançados pela via do psiquismo, para o ajudar na correção dos ascendentes nos horóscopos. Tal ferramenta despertou, portanto, um interesse por aprofundar o tema, assim Marc pensou em obter permissão a Thomas para utilizar as descrições dos símbolos, porém, considerou-os demasiadamente “moralizados”, ou baseados num único estado de espirito. No seu entender, isso era tão errado como classificar os símbolos como “bom” ou “mau”. Consideremos que, por este período, a Astrologia através de astrólogos mais modernistas como o próprio Marc Edmund Jones se veio a tornar, procurava libertar-se de interpretações deterministas e unidirecionais. Assim, Marc optou pela criação de um novo conjunto de símbolos, mais universais, contando para isso com a capacidade intuitiva de Elsie, uma mulher que vivendo desde os 3 anos numa cadeira de rodas, com graves problemas de saúde, auxiliava os seus clientes. No entanto, ela queria então contribuir para algo maior, para além das perguntas mundanas que regularmente lhe surgiam. Marc também acreditava que Elsie se tinha, de algum modo, conectado com a raiz dos conhecimentos dos antigos alquimistas sabeus da Mesopotâmia. Esse povo, do qual procede o nome dos “símbolos sabeus”, teve fortes ligações com a Astrologia, pois mantiveram e desenvolveram a tradição que já vinha dos caldeus, ao que contribuíram com a construção de templos e o estabelecimento de ligações dos 7 planetas tradicionais com os metais, as cores e os números. Todavia, pouco se conhece acerca desse povo que viveu em Harran, uma cidade próxima ao Rio Eufrates, na antiga Mesopotâmia.

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Esses graus foram publicados por Alan Leo em “Astrological Manual No. VIII”, em 1898 e depois por Aries Press como “The Degrees of the Zodiac Symbolised” em 1943.


Fig. 2: Ruínas da Universidade de Harran, destruída em 1251. O povo de Harran também era conhecido como os Sabeus – “Star Worshippers” – Adoradores de Estrelas

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http://www.hermetics.org/Sabians_of_Harran.html

Marc sabia que o trabalho tinha de ser realizado de uma só vez, isto é, teria de existir condições propícias para que Elsie conseguisse visualizar os 360 graus e estes fossem um reflexo com significado para a moderna e comum vida de todos os dias , sendo ambos americanos e tendo verificado os progressos da vida urbana.

Como Elsie sofria de artrite, sua mobilidade era reduzida, pelo que a experiência teve de ser realizada no interior de um automóvel. Desta forma, no ano de 1925, Marc Edmund Jones conduziu até Balboa Park, em San Diego, na Califórnia e consigo levou, de forma cuidadosamente preparada, 360 cartões em branco de modo a escrever em cada um deles a significação de cada grau astrológico. Antevendo que pudessem existir interrupções, achou por bem dividir a sessão em quatro partes. A primeira parte levou duas horas, ao que se seguiram as restantes ao longo do dia. A sessão baseava-se na seguinte metodologia:

1. 2. 3. 4.

Um quarto dos cartões em branco eram retirados ao acaso para cada parte da sessão e continuamente baralhados no decurso do processo. Cada cartão era depositado com a face voltada para baixo, ambos desconhecendo quer o signo, quer o grau. Elsie visualizava a imagem através de sua visão interior, interpretando os significados que depois transmitia a Marc. Marc escrevia uma breve descrição do proferido no cartão, filtrada pela sua racionalidade.

Como mais tarde Marc referiu, os cartões refletiam as simples e poucas palavras que Elsie usara, na visualização de cada imagem, para descrever o que via nos escassos segundos que tinha para o fazer. Crendo na ligação de Elsie com a antiga matriz de conhecimentos do povo sabeu, Marc entendia que durante a sessão tinha estado uma presença e cooperação do que se podia definir como o “lado invisível da vida”, particularmente através de um dos Irmãos do antigo culto dos sabeus, uma ajuda proveniente de um agente invisível associado a essa Irmandade Sabiana, que transmitia as mensagens a Elsie. Marc tinha em conta igualmente que determinadas mensagens podiam estar além da compreensão de Elsie, podendo ter sido recebidas de alguma forma com distorções. Ainda assim estava clara sua admiração pelo fundamental contributo de Elsie. Dane Rudhyar, que veio depois a utilizar os símbolos, descreveu esta sessão como uma confluência ou integração dos planos arquetípicos (provenientes da fonte do inconsciente) com o plano existencial, na qual se encontravam ambos, proporcionando a materialização deste conhecimento. Após a sessão, Marc tinha inicialmente colocado de lado a experiência por esta não se integrar no trabalho científico que ele estava interessado em desenvolver. Mais tarde, no entanto, ele descobriu uma estrutura nos símbolos sabeus e trabalhou com base nela todas as inter-relações. Assim, descobriu uma ordem que nem sequer estava à procura.


Algum tempo depois, escreveu um texto que permitia aos seus estudantes estabelecerem uma conexão com os símbolos. A versão expandia a descrição das imagens e incluía uma pequena história associada a cada uma. A resposta inicial foi encorajadora ao seu trabalho, levando-o a trabalhar a estrutura matemática recém-descoberta e colocando tudo junto como uma lição astrológica em série mimeografada, intitulada “Astrologia Simbólica”. Na preparação para a publicação do livro dos símbolos sabeus, Marc criou uma nova versão em 1948, mas ele sentiu que a força intuitiva original das descrições iniciais se tinham perdido e por isso colocou o projeto de lado até 1951.

Depois de voltar novamente às origens, com as breves descrições a lápis, ele voltou a refazer os comentários e as fórmulas por mais dois anos e então publicou a “oficial” e última versão dos símbolos com o nome: “The Sabian Symbols in Astrology”. Ele descreveu o projeto como a frutificação de um projeto de pesquisa astrológica que lhe ocupou por mais de 30 anos.

O Contributo de Dane Rudhyar Os símbolos sabeus também fascinaram o importante astrólogo humanista Dane Rudhyar. Desejando debruçar-se sobre o seu estudo a partir das suas convicções filosóficas para a reformulação de uma nova astrologia, centrada no desenvolvimento humano, pediu permissão a Marc Edmund Jones para utilizá-los. Ele foi o astrólogo que acabou, posteriormente, por divulgar ainda mais a contribuição de Marc, ao tornar os símbolos mais acessíveis à atenção do público.

Fig. 3: Dane Rudhyar contribuiu para maior divulgação e desenvolvimento do conhecimento contido nos símbolos sabeus. Sua contribuição pode ser encontrada nos seus livros “A Astrologia da Personalidade” e “Uma Mandala Astrológica”. Interessado nos escritos de Carl Jung, Dane procurou dar um foco mais psicológico quando tratou de condensar o trabalho de Marc Edmund Jones. À medida que trabalhava com os símbolos ia publicando vários artigos referentes intitulados “The Wheel of Significance”, em 1945. Seu trabalho mais significativo neste campo foi, no entanto, o livro “Uma Mandala Astrológica – O Ciclo de Transformações e suas 360 Fases Simbólicas”. É através dessa mesma obra que procurámos neste artigo obter uma compreensão geral do funcionamento dos símbolos sabeus na ótica de Dane Rudhyar. Noção de “Símbolo” no contexto dos Símbolos Sabeus O primeiro aspeto a analisar será, porventura, o significado de “símbolo”. Ele não será certamente estranho aos astrólogos, especializados na arte da linguagem simbólica escrita no Céu.


De facto, o mapa natal é um símbolo e sabemos nós que um símbolo é sempre mais do que aquilo que factualmente representa. Desta forma, o mapa natal é muito mais do que a distribuição dos planetas, a configuração celeste de um dado momento e visualizada a partir de um determinado local. Como símbolo ele é, na verdade, um transmissor de uma mensagem. Assim, também os símbolos sabeus trazem consigo, para além da sua descrição imediata (um desenho ou uma frase), uma grande riqueza de mensagens com várias camadas de significação.

Utilizando novamente o exemplo da dimensão dos símbolos astrológicos, sabemos que todas as experiências possíveis de ser vividas pela humanidade para o seu desenvolvimento estão impressas nas 12 casas astrológicas, ativadas pelos 10 planetas que são os agentes impulsionadores e que, por sua vez, são imbuídos pela energia de um dos 12 signos em que transitam. Percebemos assim que o grande fundamento destes símbolos que dão expressão à linguagem astrológica é dar ordem ao caos, é atribuir significado às nossas vivências que, de um ponto de vista mundano, parecem aleatórias. Qualquer símbolo ou linguagem busca provir a mesma necessidade de sentido, assim os símbolos tornam-se nos recipientes de vários eventos/acontecimentos que partilham entre si um tema central, tema esse que se encerra no significado do símbolo em questão. Como símbolos, estes auxiliam à compreensão da nossa existência, à compreensão de que cada evento/acontecimento se pode localizar numa fase de um processo que vivemos.

Os 360 símbolos sabeus resultam assim num conjunto de significados que, não sendo estáticos, são condicionados a larga escala pelos fatores coletivos. Fatores esses que emergem do Inconsciente Coletivo da cultura em que os indivíduos vivem. Os níveis de significação desses símbolos, por sua vez, também estão dependentes do estágio de desenvolvimento da humanidade, no geral, e da cultura em que se está inserido, a nível particular. Dane Rudhyar especifica “Muitos símbolos sabeus nada teriam significado para um chinês das primeiras dinastias”.

Noutra perspectiva e considerando que os símbolos pretendem ser respostas a uma sociedade moderna (daí o facto da sua origem ter sido nos Estados Unidos, em 1925; num período associado a uma expansão e, digamos “internacionalização” da cultura americana e, dessa forma, permitindo que esses símbolos usufruíssem de uma maior longevidade e aplicabilidade universal) é possível que alguns deles representem situações quotidianas enquanto outros possam implicar maior abstração filosófica. Faz então sentido que, mesmo compreendendo seus significados arquetípicos e universais, os símbolos devam ser contextualizados de acordo com a época e significações culturais para obtenção de maior entendimento.

A Estrutura dos Símbolos Sabeus definida por Dane Rudhyar

Segundo Dane Rudhyar, os símbolos podem ser aplicados a qualquer ciclo de experiência passível de ser convenientemente divida em 360 fases. Assim sendo, o movimento do Sol ao longo do ano, através do Zodíaco, torna-se na forma preferencial de aplicação. Todavia, os símbolos sabeus não estão exclusivamente vinculados aos graus do zodíaco, podendo sua aplicabilidade ser muito mais extensa e transversal. Analisaremos agora a estrutura do ciclo, tal como foi entendida por Rudhyar, recorrendo à elaboração de esquemas para melhor explicitação.


Fig. 4 – A divisão dos 360 Símbolos Sabeus por dois Hemiciclos e depois por 4 Atos, veiculando cada uma deles uma parte de um processo que pode ser sempre dividido e correlacionado entre si.

Relativamente à estrutura dos símbolos, Rudhyar refere que todo ciclo vital se pode dividir em dois hemisférios. Um ligado à “ação” e outro à “consciência”; um de individualização e outro de coletivização. O processo de individualização ocorre no 1º hemiciclo, entre o 1º de Carneiro e o 30º de Virgem. O processo de coletivização ocorre entre o 1º de Balança e o 30º de Peixes. Da mesma forma, admite uma divisão em quatro, denominada por Atos. Esta divisão baseia-se nas estações do ano, compreendendo assim, por cada ato, 3 signos. Os atos denominam-se Diferenciação (Primavera), Estabilização (Verão), Integração do Grupo (Outono) e Capitalização (Inverno), respectivamente marcando uma sequência começando no 1º grau dos signos Carneiro, Caranguejo, Balança, Capricórnio. Dentro de cada Ato temos depois as Cenas. Cada Cena é composta por 15 graus, sendo que cada Ato possui cerca de 6 Cenas, isto faz com que na totalidade o ciclo contenha 24 Cenas.


Fig. 5 – A denominação de cada Cena, compreendendo sempre 15º de um determinado signo.

Estas 24 Cenas se relacionam com as 24h do dia. A ideia apresentada é como um dia dividido em 4 períodos: aurora, meio-dia, poente, meia-noite. (nota: divisão num dia, com cada signo, 30º, sendo que 15º = 1 Cena). Por fim, também estas cenas são subdividas em Niveis (3 niveis para cada Cena), cada nível medindo um total de 5 graus. Estes 3 niveis que juntos possuem 15 graus = 1 Cena; agem com uma determinada enfase, aqui denominadas:

1º Nivel: Atuacional; ex. 1º a 5º Carneiro 2º Nivel: Emocional-Cultural; ex. 6º a 10º Carneiro 3º Nivel: Individual-Mental. ex. 11º a 15º Carneiro … 1º Nivel: Atuacional; ex. 16º a 20º Carneiro Etc…

De acordo com Rudhyar, a aplicação dos símbolos sabeus deve considerar outros aspectos, nomeadamente uma visão holista. Uma visão holística dos símbolos significa que cada símbolo deve ser contextualizado dentro do ciclo no qual se integra e não analisado como uma entidade separada. Cada processo resulta de uma sucessão de fases que, em si, traduzem um sentido, ou seja, tudo se desenvolve dentro de um processo em que as fases influem umas sobre as outras. Assim, num dado símbolo sabeu, sempre se deveria considerar sua fase dentro do todo, a fase que o antecede, bem como a fase que o sucede. Desta forma, mesmo símbolos que nos parecem à partida demasiadamente ambíguos, tornam-se mais esclarecedores quando colocados noutro enquadramento. Também pode-se entender os símbolos sabeus para além do processo linear de sucessão com que nos são apresentados; isto significa que o entendimento sobre um determinado grau, por exemplo o 15º de Touro, pode ser melhor entendido ao associá-lo com o seu oposto, no 15º de Escorpião. Dane Rudhyar defendia igualmente que se devia evitar uma tendência a enfatizar determinada “visão de vida”, um conjunto de crenças com as quais se possa ter afinidades, de modo a se proporcionar à leitura a maior imparcialidade e objetividade no julgamento e interpretação dos símbolos.


Reações emocionais também deveriam ser evitadas para não condicionar a abordagem. Ele entendia que as interpretações dos símbolos deveriam abster-se de conotações como “positivo” e “negativo”, porque nenhuma ação é positiva ou negativa, boa ou má, por si mesma, nós é que atribuímos esse significado. Esta é uma abordagem que é cada vez mais utilizada na prática astrológica.

Um mesmo signo, por sua vez, adopta mensagens diferentes consoante a natureza do planeta posicionado nesse grau. Na identificação do símbolo é importante não esquecer que, tomando por exemplo, um posicionamento de um planeta nos 2º35’ de Carneiro, este é estudado no 3º grau; pois então vejamos: 1º símbolo = 0º a 0º59’; 2º símbolo = 1º a 1º59’; 3º símbolo = 2º a 2º59’…e assim sucessivamente. Aplicações Atuais

Os símbolos sabeus pretendem ajudar o individuo a estabelecer uma ligação entre um facto particular com um significado universal.

Já Marc Edmund Jones afirmara que os símbolos sabeus são um facto e eles podem ser examinados e empregados por quem quiser. Eles entraram no reino da realidade comum e tornaram-se assunto para o universo lógico da mente do homem. Os símbolos combinam uma mistura de uma mente lógica perceptiva com uma capacidade artística de se achar as palavras adequadas à sua descrição, isto é, envolve tanto o hemisfério esquerdo do cérebro (racional) como o hemisfério direito (intuitivo).

De entre o leque de possibilidades de utilização, os símbolos já foram usados como um instrumento, a par de outros usados nas técnicas astrológicas, que nos permitem efetuar a retificação do horário de nascimento, particularmente pelo grau Ascendente. Todavia, sua principal riqueza encontra-se no facto de também este conjunto de símbolos reunir em si todas as potencialidades relacionadas com as experiências vividas pelo ser humano e, assim sendo, oferecem a chave para o entendimento dos eventos e circunstâncias. E, simultaneamente auxiliam ao aprofundamento do autoconhecimento, identificando novas formas de atuação dos planetas, contribuindo para a compreensão de pontos importantes do mapa.

Fontes Consultadas Rudhyar, Dane; Uma Mandala Astrológica – O Ciclo de Transformações e suas 360 Fases Simbólicas. http://sabian.org/sabiansymbols.php


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