BOLETIM
LIBERTAÇÃO ANIMAL Uma publicação da FALA (Frente de Ações pela Libertação Animal)
Brasília, DF Vol. 1. Nº 1 Julho/agosto de 2022
VOTO ANIMAL A REVOLUÇÃO DOS BICHOS NA POLÍTICA
ENTREVISTA Vanessa Negrini: a importância da política para a causa animalista
EMPREENDEDORISMO VEGANO Startups em Brasília movimentam a economia
PALESTRAS SOCIAIS Os Direitos Animais ao alcançe de jovens no sistema socioeducativo
EDITORIAL
Uma voz a mais em prol do abolicionismo animal Boletim Libertação Animal, que irá ajudar a disseminar ainda mais nosso trabalho não só por todo o País, mas também no exterior. Isso porque nosso informativo conta não apenas com uma versão em português, mas também em inglês, de modo a nos aproximar de outras entidades semelhantes e ativistas independentes fora das fronteiras nacionais, na busca de estreitar parcerias e alinhar iniciativas em sintonia com o objetivo maior que nos move: abolir a exploração animal em todas as suas formas e expressões. Por tudo isso, desejamos uma boa leitura desta nossa edição inaugural, que foi preparada com muito carinho para vocês. Esperamos que vocês gostem. Até a próxima!
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s tempos difíceis que temos vivido pedem uma comunicação mais alinhada com os valores que queremos e pelos quais lutamos como ideais para o mundo. Após 10 anos de intenso ativismo, a Frente de Ações pela Libertação Animal (FALA) achou que era hora de termos um informativo que nos ajudasse em nosso diálogo com a sociedade brasileira, com possibilidades de estender essa comunicação também para um público mais amplo, no exterior. Uma comunicação assertiva soma esforços em prol de objetivos em comum e fortalece os princípios que estão na base e na essência do nosso trabalho. Não por acaso, a comunicação é um componente fundamental da nossa luta desde o início da fundação da FALA, no ano de 2012. E é justamente essa comunicação afinada que nos tornará possível disseminar, para muito além das fronteiras do País, o ativismo pelos Direitos Animais, conceito que consideramos como o mais completo na atualidade, uma vez que está relacionado a uma cultura de paz, sustentabilidade e justiça social. Isso porque a defesa dos Direitos Animais engloba não somente a defesa dos animais sencientes de outras espécies contra o especismo, mas também a defesa dos animais humanos contra toda e qualquer forma de discriminação e opressão. Para isso, promovemos também a defesa de todo o ambiente onde nós, animais humanos e não humanos, estamos inseridos, ou seja, a defesa da sustentabilidade em todas as suas dimensões. Em plena atividade, a FALA conta hoje com mais de 250 mil seguidores(as) nas redes sociais, além de voluntárias e voluntários que atuam em todas as regiões do Brasil. Mas isso ainda é pouco perto do que queremos alcançar. Foi por tal razão que inauguramos, com esta primeira edição, o
Sumário 6 Entrevista Vanessa Negrini 11 Matéria de capa Voto Animal 15 Agência Mídia Animal 18 Notas abolicionistas 22 Novo empreendimento árabe 100% vegano
LÉO SILVA / BOOKS MAZE PUBLISHING HOUSE
O Boletim Libertação Animal é uma publicação bimestral, sem fins lucrativos, da Frente de Ações pela Libertação Animal (FALA), tendo sido concebido pela Agência de Comunicação e Marketing Digital Mídia Animal (CNPJ: 43.157.961/0001-17). Todos os recursos advindos da comercialização de seus anúncios se destinam à sustentabilidade do periódico, à remuneração de seus profissionais e ao apoio a projetos sociais, ambientais e de defesa dos animais.
Diretor executivo Bruno Pinheiro
Editor-chefe e jornalista responsável Paulo Castro/RP MTb: 4136/DF
Paulo Castro: opção consciente pelo jornalismo positivo
Diretora de marketing Tailinny Viana
sas histórias, elas se conectam aos sentimentos mais bonitos que moram na alma: o amor, a empatia, a compaixão, o altruísmo”, conclui Paula.
Desafio que vale a pena encarar Embora grandes revistas por assinatura estejam fechando as portas por falta de patrocínio, a Revista Por um Mundo Melhor (RPMM) chega à sua 11ª edição com distribuição gratuita e impressão em material de alta qualidade. Isso só foi possível devido a uma rede de solidariedade e empresas que abraçaram a causa. O resultado é fruto de três anos de esforços e dedicação da equipe, que entrega trimestralmente três mil exemplares, além de disponibilizar a versão digital da revista na internet. Paulo Castro, publisher e editor-chefe da revista, resume o trabalho da equipe: “A repercussão entusiasmada do público nos mostra que estamos no caminho certo. Não é o caminho mais fácil, nem o mais compensador financeiramente, porque teríamos mais recursos com uma comunicação aliada à política partidária,
Distribuição gratuita
à economia predatória, às fofocas de celebridades, ao sensacionalismo, à pornografia, à venda de bebidas alcoólicas, a tudo isso que condenamos. Não é o caminho mais fácil, mas é o que nossos corações escolheram seguir”, explica ele. Paulo Castro diz que a equipe fez “uma opção consciente por uma linha editorial que mostra que a vida é muito mais do que a imprensa tradicional nos mostra. A filosofia da revista se destina a um segmento sedento por publicações que fujam do imediatismo das breaking news centradas na estética da miséria humana como artifício de vendagem editorial”, argumenta.
Projeto gráfico e diagramação Leandro Fazio
Em seguida, finaliza. “Se a vida nos dá tudo – e a natureza está aí para comprovar essa premissa –, não podemos dar menos do que tudo de nós para que a vida seja o ideal que buscamos. E isso começa na visibilidade que damos às iniciativas que fazem a diferença nas vidas de muitos. É uma simples contribuição de nossa parte por um mundo melhor, mas não menos sincera e honesta”.
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Uma publicação 27
Arte da capa: Tailinny Viana Editora: Books Maze Publishing House (CNPJ: 19.920.208.0001-57)
Instagram: @midiaanimal e @fala_libertacaoanimal E-mail: comunicacao.midianimal@gmail.com Contato: +55 (61) 99672-7494
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ENTREVISTA
Vanessa Negrini:
“Bilhões morrem sem conhecer uma vida digna, justa e livre”
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rofessora, mestra e doutora em Políticas de Comunicação e Cultura, docente da disciplina Mobilização Pública e Direitos Animais na Universidade de Brasília (UnB), Vanessa Negrini também é coordenadora executiva do Núcleo de Estudos sobre Direitos Animais e Interseccionalidades (NEDAI/CEAM/UnB), além de coordenadora nacional do Setorial de Direitos Animais do Partido dos Trabalhadores (PT) e primeira suplente de deputada federal (PT-DF). Ela também é autora da primeira tese de doutorado do Brasil, no campo da Comunicação, com foco específico nos Direitos Animais e no veganismo, cujo título é: “Sobre veganos e outros bichos: As estratégias de comunicação pública do ativismo animal”. Nesta entrevista, Vanessa Negrini nos fala sobre os desafios da comunicação ativista e como a política partidária pode favorecer leis mais inclusivas para os Direitos Animais Paulo Castro Vanessa, a comunicação, dentro do ativismo, precisa considerar a subjetividade do ouvinte ou é necessário focarmos apenas na mensagem que precisa ser repassada? Comunicação é relação. A informação está na mensagem, mas a comunicação está na relação. Num mundo em que cada vez mais dispomos de instrumentos e meios tecnológicos para transmitir informações, comunicar é o grande desafio. Comunicar é conviver, é estabelecer laços. É compartilhar vínculos. É comunhão. O ativismo animal precisa desta comunhão com seu público,
estabelecendo vínculos de afetividade, para que a comunicação de fato ocorra. Como lidar com as fakes news no ambiente ativista? É primordial o ativismo animal se respaldar na ciência e na difusão de fontes confiáveis de informação. No seu estudo e na sua experiência, você percebeu se existe alguma técnica de escrita que dá mais resultados e engajamento do ouvinte? Em prospecção preliminar de nossa pesquisa, buscamos compreender as principais motivações apontadas pelas pessoas para deixarem de comer carne. Documentários e filmes foram sinalizados como a motivação de 26% dos interlocutores da nossa pesquisa. A empatia por alguma situação extrema, como uma tragédia envolvendo animais, vem em segundo lugar. Família e amigos influenciaram a decisão de 11% dos entrevistados. O exemplo de celebridades foi a motivação para 10% dos entrevistados, assim como o aspecto religioso e espiritual também teve o mesmo
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O sistema capitalista traz, em seu cerne, o germe de sua própria destruição. Assim é também com a indústria capitalista da exploração animal
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Arquivo pessoal
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percentual. Apenas 4% das pessoas indicaram que deixaram de comer carne depois de ler um livro. Ou seja, a palavra tem bem menos impacto do que a força do exemplo. Na sua dissertação, você afirma que “a superação de uma sociedade capitalista pode responder à questão da exploração de humanos sobre outros humanos, mas não me responde, necessariamente, à questão da exploração dos animais humanos sobre os animais não humanos”. Por isso, faço-lhe o mesmo questionamento de sua tese: “como vamos construir um mundo, uma sociedade, onde caibam todos os animais humanos e não humanos, livres da exploração”? Com paciência e urgência. Com paciência, pois as mudanças, apesar de estarem acontecendo o tempo todo, muitas vezes não ocorrem na velocidade que a gente quer. Quando deixei de comer carne, aos 9 anos de idade, me sentia uma alienígena, pois quase não convivi com pessoas como eu. E olha só: 40 anos depois, já somos 30 milhões de brasileiros vegetarianos. Isso, num tempo histórico, é quase nada. Mas, para o tempo individual de uma vida, é muita coisa. Especialmente para a vida de quem segue explorado, torturado e morto. Para esses indivíduos, não podemos abrir mão da urgência, pois 88 bilhões seguem mortos todos os
anos, sem conhecer o que é uma vida digna, justa e livre. Isso sem falar dos trilhões de peixes. Para esses indivíduos, temos que nos manter em estado de urgência, fazendo tudo e ainda mais do que estiver ao nosso alcance para acelerar o inevitável processo de mudança. Na época de William Wilberforce (1759-1833), o comércio escravista era extremamente lucrativo e, como constituía a espinha dorsal da economia mundial, nunca se imaginou sequer que ele, um dia, teria um fim. Mas Wilberforce conseguiu aprovar, no Parlamento Britânico, o Ato contra o Comércio de Escravos (1807), depois que conseguiu tornar a atividade não mais lucrativa para a sociedade inglesa do período. No seu entender, pode acontecer com o agronegócio o mesmo que ocorreu com a escravidão de seres humanos? O sistema capitalista traz, em seu cerne, o germe de sua própria destruição. Assim é também com a indústria capitalista da exploração animal. Simplesmente, não será possível manter esse modelo de exploração, pois não haverá terras suficientes para tanta pastagem e gado. Ainda que a gente desmate 100% das florestas, a conta não fechará. Em 2050, teremos 2 bilhões a mais de humanos no planeta, isso porque a população mundial provavelmente passará dos atuais 7,7 bilhões de
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indivíduos para 9,7 bilhões, de acordo com um novo relatório da ONU. Não é economicamente viável alimentar tantas pessoas dentro de um modelo carnista. O mundo terá de migrar para as proteínas alternativas, como as adquiridas à base de plantas. Para você, o viés da política partidária é o mais eficaz para o ativismo pela causa animal ou outros setores da sociedade têm mais apelo junto à sociedade? A arena política não pode ser desprezada por nenhum movimento social organizado. O ativismo animal também já percebeu isso. A política é o espaço de formulação e disputa da organização social que queremos. São movimentos que se retroalimentam. Teremos mais políticos ligados à causa animal a partir do momento em que essa pauta mobilizar a sociedade. E, quanto mais políticos elegermos pela causa animal, mais a sociedade será influenciada para o tema.
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A arena política não pode ser desprezada por nenhum movimento social organizado. O ativismo animal também já percebeu isso
Para que a mensagem antiespecista seja mais assimilada pelo público-alvo, qual deve ser o diferencial de um grupo de comunicação que defende os Direitos Animais?
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Penso que o principal é mostrar que a defesa dos Direitos Animais é, sobretudo, uma questão de Direitos Humanos. Não é todo mundo que gosta de cachorro, gato ou adota o vegetarianismo. Para essas pessoas, a questão animal pode parecer algo distante e fútil. No entanto, quando mostramos que a violação dos Direitos Animais também acaba vitimando seres humanos, fica mais fácil despertar a consciência de que também somos todos animais e nossos direitos e vidas estão conectados.
Em relação à sua pauta política específica, qual é sua principal linha de atuação hoje e quais são suas estratégias futuras? Minha vida gira em torno da pauta animal em todas as dimensões. No âmbito pessoal, sou vegana e protetora focada na castração de cães e gatos. Na academia, sou professora e pesquisadora de Direito Animal. Ajudei a fundar e sou coordenadora executiva do Núcleo de Estudos sobre Direitos Animais e Interseccionalidade (NEDAI), na UnB. Na política partidária, sou suplente de deputada federal pela pauta animal. Ajudei a fundar e sou coordenadora nacional do Setorial de Direitos Animais do PT, para fazer esse debate de forma orgânica dentro do partido. Em outubro de 2021, tivemos uma primeira agenda com o Presidente
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Lula e isso foi bastante positivo. Ele tem dado reiteradas mostras de que está aberto a esse diálogo. Estamos avançando e disputando terreno para nossa visão de mundo. O grande objetivo de 2022 é conquistar um capítulo robusto sobre Direitos Animais no programa de governo do PT, para, em seguida, ajudar a executar essas políticas. Tudo caminha para reelegermos Lula no primeiro turno. Então, são primordiais essas diretrizes, que vão garantir quatro anos de trabalho duro em prol de políticas públicas que podem transformar a realidade dos Direitos Animais no Brasil. Além disso, estaremos empenhados em ajudar a eleger o maior número possível de candidatos petistas comprometidos com a causa. Neste sentido, novamente meu nome está à disposição do PT e estou como pré-candidata a deputada federal.
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Pão de Beijo 10
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MATÉRIA DE CAPA
Os animais no debate eleitoral Considerado como o mais ambicioso projeto político da FALA em âmbito nacional, o Voto Animal apoia candidaturas eleitorais engajadas com os Direitos Animais em todo o Brasil Paulo Castro
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á um ditado africano que diz que, até que os leões tenham seus próprios historiadores, a história sempre será escrita pelos caçadores. Mas enquanto os animais não forem capazes de contar suas próprias histórias, que pelo menos elas sejam contadas não apenas por quem os defende, mas também por quem legisla a favor deles. Foi pensando nessa estratégia ousada, porém muito consciente, que a FALA resolveu criar, em 2020, um projeto que objetiva fortalecer a “voz” dos animais nos parlamentos de todo o Brasil: o Voto Animal. A ideia do projeto é divulgar (no site: www. votoanimal.com) as candidaturas (municipais, estaduais, federais e até presidenciais) de todo o Brasil verdadeiramente comprometidas com pautas em defesa dos animais. Para isso, são utilizados diversos meios, inclusive as redes sociais da FALA (que, literalmente,
alcançam milhões de pessoas em todo o país), além da mídia animalista e da mídia tradicional de cada município (por meio de contatos com as principais mídias de TV, rádio e jornais dos municípios), sempre com o objetivo de ampliar o número de mandatos eleitos em defesa dos animais. Para que tenham suas candidaturas políticas divulgadas pelo Voto Animal, todas as pessoas que almejam assumir um cargo eletivo precisam se comprometer com uma carta-compromisso elaborada pela FALA, com uma ampla pauta em defesa dos animais. Com isso, o objetivo do Voto Animal não é apenas dar ampla visibilidade às candidaturas, mas principalmente assegurar que os mandatos, depois de eleitos, cumpram todos os compromissos assumidos por seus e suas titulares. Pelo site do projeto e por contato direto com as candidaturas e os mandatos eleitos, a FALA pode fazer seu acompanhamento em relação ao cumprimento da carta-compromisso, para que o eleitorado tenha a chance e a oportunidade de votar em quem defende os animais e todas as causas envolvidas pelo movimento animalista. Como parte do projeto, é pesquisada a vida pregressa de todas as pessoas que assinam a carta-compromisso. Além disso, são excluídas todas as candidaturas cujos e cujas titulares não têm posturas públicas e privadas compatíveis com os compromissos da carta.
Histórico da iniciativa O Voto Animal se iniciou a partir das experiências coordenadas pela área de Relações Institucionais
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da FALA, desde o primeiro ano de fundação da organização (2012). Dentre essas experiências, a que mais ensinou à entidade a força da incidência política foi a participação oficial da FALA em uma equipe de transição de governo (veja quadro a seguir). A partir dessa e de outras experiências de êxito, a FALA conseguiu barrar projetos nocivos para os animais e fazer avançarem outros projetos benéficos.
Em que consiste a carta-compromisso? Em 2020, a FALA atualizou sua tradicional carta-compromisso em defesa dos Direitos Animais, ampliando-a para 33 pautas (veja quadro a seguir), e divulgou-a nacionalmente, criando um site para divulgar os nomes de quem a assinasse. A partir da assinatura, os/as signatários/as da carta precisam colocar em prática iniciativas bem concretas para que os animais possam, de fato, ser protegidos em seus futuros projetos de lei e também
em outras iniciativas, como as elucidadas na carta-compromisso. Logo no primeiro ano de lançamento, o Voto Animal superou todas as expectativas: 1) quantidade recorde de candidaturas compromissadas com a defesa dos animais (mais de 500 assinaturas, com 300 aprovadas); 2) quantidade recorde também de pessoas alcançadas na divulgação (mais de 4 milhões de pessoas); e 3) número também inédito de 56 candidaturas eleitas comprometidas com a causa. Trata-se da mais completa carta-compromisso de uma entidade animalista do país, com a maior quantidade de candidaturas a assiná-la e o maior número de pessoas alcançadas pela iniciativa durante as eleições e, consequentemente, o maior número de candidaturas eleitas até então. Mas o projeto continua. Os 56 mandatos eleitos terão todo o seu trabalho acompanhado de perto por células da FALA espalhadas por todos os estados do Brasil, com prestação de contas feita pelo site.
Entenda como surgiu o projeto do Voto Animal
Paulo Castro/FALA
Durante a campanha eleitoral de 2014 no Governo do Distrito Federal (GDF), a FALA apresentou uma carta-compromisso para todos os candidatos ao Palácio do Buriti. Com a assinatura da carta, os candidatos se comprometeriam, se eleitos, a implementar uma agenda animalista em seus governos. O então candidato Rodrigo Rollemberg foi o único que a assinou. A seguir, tanto ele quanto a FALA divulgaram a assinatura da carta-compromisso em suas redes sociais, trazendo grande repercussão para o fato. Toda essa mobilização ajudou o candidato a se eleger governador. Após a eleição, um representante da FALA foi indicado para participar da equipe de transição do governo. Nessa nova condição, a FALA conseguiu barrar o projeto de construção de um mega-aquário no Zoológico de Brasília. Em fevereiro daquele ano (2014), a FALA havia feito uma petição pública para barrar o projeto, o que, juntamente com outras ações ativistas e Bruno Pinheiro em sessão plenária na Câmara Legislativa do DF a participação na equipe de transição, tornou (2014) para deliberação de providências do GDF a respeito de possível garantir essa vitória para os animais. mortes de animais no Zoológico de Brasília
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Algumas pautas da carta-compromisso Combater a violência contra os animais, enfrentar o especismo e todas as demais formas de discriminação e opressão em nossa sociedade, garantindo direitos e defendendo a democracia e as instituições democráticas brasileiras, incentivando uma cultura de paz, não violência e desarmamento, promovendo a sustentabilidade em todas as suas dimensões.
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Atuar pela criação do Fundo Municipal de Proteção Animal e, caso já exista, pelo aumento de seus recursos, bem como estabelecer conexão com gestores de outras cidades brasileiras ou estrangeiras que implementam políticas de proteção animal, a fim de estabelecer a troca continuada de experiências de gestão em prol dos animais.
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Articular a criação e o fortalecimento de uma Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Animais.
Paulo Castro/FALA
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Manifestação pacífica de voluntários da FALA contra uma conhecida rede mundial de fast food (2015)
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Caso quaisquer mandatos eleitos não cumpram os 33 compromissos firmados e assumidos, seus nomes serão reprovados pelo Voto Animal nas próximas eleições. Com isso, a ideia é limpar o sistema político brasileiro de governantes que não honrem os compromissos assumidos com a causa animal e que não respeitem os Direitos Animais. Em contrapartida, a FALA buscará dar visibilidade a quem legisle em prol do abolicionismo animal em todos os seus aspectos, a quem defenda a sustentabilidade em todas as suas dimensões e a quem combata todas as formas de exploração e opressão de animais humanos e não humanos, sem exceção.
Alinhamento do debate com lideranças políticas
Para divulgar e ampliar o alcance do projeto perante representantes de diversos partidos políticos, a FALA realizou reuniões com lideranças em 2021 e intensifica esse diálogo nos próximos meses até outubro, às vésperas das eleições nacionais. Em meados do ano passado, a FALA foi convidada para ser a conferencista no Seminário Inaugural do Setorial Nacional de Direitos Animais do Partido dos Trabalhadores (PT), para falar sobre a importância da pauta animal na agenda política do partido e sobre o movimento de criação do referido Setorial. Já mais para o fim de 2021, a FALA se encontrou com o pré-candidato à Presidência da República, Luís Inácio Lula da Silva, e Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, para apresentar ao Partido dos Trabalhadores a plataforma do Voto Animal e conversar com eles sobre as propostas do PT para as eleições de 2022 em relação ao tema. Com o Voto Animal, a FALA busca realizar, de fato, uma transformação política e social no Brasil, para além das utopias. Para isso, a FALA considera as eleições do ano de 2022 como um divisor de águas do movimento animalista nacional, tendo o Voto Animal como um instrumento estratégico e político capaz de materializar conquistas para todos/as os/as defensores/as da causa em solo brasileiro, a partir do compromisso com todos os animais humanos e não humanos do planeta.
Arquivo FALA
“É importante salientar que o Voto Animal não constitui nenhum vínculo da FALA às candidaturas apoiadas e nem a nenhum partido político. Afinal, somos apartidários e nossa atuação é independente em relação a governos e partidos políticos”, destacou Bruno Pinheiro, presidente da FALA. “Apesar disso, sabemos que a agenda política é fundamental para que a gente consiga ampliar ao máximo o número de leis que respeitem os Direitos Animais, de forma a propiciar conquistas para o movimento. Advém desse entendimento todo o nosso empenho no projeto Voto Animal”, completa ele.
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Bruno Pinheiro, ladeado por Lula e Gleisi Hoffmann
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INSTITUCIONAL
Uma agência de comunicação para uma mídia animal FALA cria a primeira agência de marketing político e empreendedor do País especializada em pautas animalistas: a Agência de Comunicação e Marketing Digital Mídia Animal Da Redação
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m plena era da informação, a área da comunicação é tida hoje como o ramo da civilização que mais evoluiu tecnologicamente em milênios da história humana. Isso porque, há pouco mais de quatro décadas, as notícias demoravam dias e até semanas para cruzar o globo e, hoje, a informação circula pelos quatro cantos do planeta em tempo real. Por tal razão, a área de comunicação é atualmente uma das mais estratégicas e fundamentais para a sobrevivência corporativa em todos os segmentos e planos de negócios. Pensando nesse passo ousado, que se encontrava latente na própria gênese da FALA também, enquanto possibilidade de atuação, a entidade decidiu criar, neste início
de 2022, a Agência de Comunicação e Marketing Digital Mídia Animal. Não por acaso, a criação da Mídia Animal se dá justamente no ano em que a FALA completa 10 anos de sua fundação, como uma decorrência natural da maturidade da entidade, construída após uma década de experiências com advocacy (incidência política), ativismo pacífico, conscientização social e disseminação de informações qualificadas para a defesa dos Direitos Animais. No plano de negócios da Mídia Animal está a prestação de serviços para empreendimentos que compactuam com os valores da FALA, tais como empresas da área de alimentos veganos, entidades do terceiro setor com atuação social e
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animalista, bem como organizações nacionais e internacionais de defesa dos Direitos Animais. Além disso, tendo-se em vista, ainda, que a FALA exerce intensa atuação política, no foco da Mídia Animal está também a prestação de serviços de comunicação e consultoria para mandatos partidários e campanhas eleitorais que tenham os Direitos Animais em suas pautas políticas e que estejam alinhados com os princípios da FALA, de modo a espelhar valores melhores para o mundo, fortalecendo a voz dos animais na política brasileira. A FALA ainda planeja para 2022 uma série de outras parcerias, não apenas comerciais, mas também sociais, sempre de modo a ampliar os valores fundamentais da causa e o respeito pelos Direitos Animais.
Portfólio de serviços da Mídia Animal ● Estratégias de comunicação e marketing digital. ● Assessoria de imprensa. ● Copywriting. ● Produção
audiovisual, dentre outras ações de comunicação, tudo de forma segmentada no campo da defesa dos Direitos Animais.
Contatos:
+55 (61) 99672-7494
@midiaanimal
Uma das grandes parcerias comemoradas pela FALA atualmente tornou-se realidade após a celebração de um acordo de participação acionária com a empresa Cerrado Veg. Capitaneada por Bárbara Silva e Rodrigo Lopes, a Cerrado Veg comercializa proteína vegetal congelada e tem um perfil de startup, sintonizada com os novos tempos, contando com um planejamento de crescimento vertiginoso ainda para este ano de 2022. Ao ser indagado a respeito da relevância da parceria da Cerrado Veg com a FALA, Rodrigo Lopes afirmou que ela “é de imprescindível importância, pois com isso podemos popularizar o veganismo, tornando-o acessível a mais pessoas e desmistificando o estereótipo de que a comida vegana não é saborosa e precisa ser cara. Uma pequena porcentagem dos lucros da Cerrado Veg voltam para ajudar o ativismo vegano, que a FALA proporciona para o país inteiro”, afirmou ele.
Cerrado Veg
Cerrado Veg: foodtech vegana e brasileira
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NOTAS ABOLICIONISTAS
Sangue verde As próximas doações de sangue do grupo estão previstas para 03/06/2022 (próximo ao Dia Mundial do Meio Ambiente) e 1º/11/2022 (Dia Mundial do Veganismo).
Arquivo pessoal
No primeiro trimestre, um grupo se reuniu no Hemocentro de Brasília para realizar a primeira doação coletiva de sangue do ativismo vegano na cidade. A ação, intitulada “Veganxs Doam Sangue, 1ª edição”, contou com 15 pessoas, que ajudaram a salvar até 60 vidas. A iniciativa inaugura um calendário periódico de doações, estimula o debate sobre a opressão e a necessidade de respeito a todos os animais (humanos e não humanos) e dá visibilidade ao veganismo e aos Direitos Animais. A docente universitária Vanessa Negrini foi uma das organizadoras da ação coletiva. A intenção do grupo foi mostrar que o veganismo não é apenas fundamental no respeito e no cuidado aos animais, mas também em atividades de cidadania. Afinal, o veganismo vai muito além da alimentação. Não é simplesmente deixar de comer carne e produtos de origem animal, mas também levar essa mesma conscientização a todos os setores da atividade humana que exploram os animais, e não somente à indústria alimentícia. É uma filosofia de vida que envolve a conscientização de fazer o bem aos animais humanos e não humanos e ao meio ambiente. Ou seja, a todo o planeta.
Vanessa Negrini: organizadora da ação
Pãezinhos solidários Desde 2021, a FALA tem mantido uma parceria com a fábrica social da Escola Maria Teixeira (EMT), entidade assistencial e de ensino a crianças e jovens especiais, situada no Jardim Ingá (em Luziânia/GO) (link para matéria sobre a entidade: https://bit.ly/2W07pUI). Como parte da parceria e com a ajuda do voluntariado, vários quilos de “pães de beijo” fabricados pela EMT (pães de queijo veganos, à base de batata doce e grãos) são vendidos em diversas regiões do DF. Parte da renda advinda pela venda dos pães de beijo é revertida para iniciativas sociais da FALA.
Uma dessas iniciativas foi feita em apoio a uma ação solidária vegana para 70 famílias cadastradas do bairro Santa Luzia, comunidade extremamente carente da Cidade Estrutural (DF), realizada pelo Instituto Atlântida, uma entidade parceira da FALA. Na ação, além de uma espetacular refeição vegana, foram doados brinquedos, roupas e cestas básicas veganas para as famílias. A próxima ação está prevista para maio deste ano, que contará com uma especial cobertura de imprensa da equipe do Boletim Libertação Animal.
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Paulo Castro/FALA
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EMT: parceria com a FALA em prol do apoio a ações sociais
Em 2022, a FALA completa também 10 anos de realização de palestras sobre Direitos Animais para jovens em medida socioeducativa. As últimas rodadas de palestras ocorreram em Brasília (DF), no final do ano passado, na Unidade de Internação de São Sebastião (UISS). Embora as palestras fossem destinadas exclusivamente para os jovens, os adultos (docentes e agentes da unidade) também participaram e, inclusive, com a adesão de alguns ao veganismo. Um dos palestrantes nos concedeu um tocante depoimento sobre esses encontros. As palestras que voluntários/as da FALA ministram no sistema socioeducativo só são possí-
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Conscientização no sistema socioeducativo
Guilherme Leonardi: palestra sobre Direitos Animais no sistema socioeducativo
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veis graças ao apoio de pessoas como a professora Liliane Barki, bem como dos demais docentes e funcionários/as das unidades, que são uma par-
te importante de todo o trabalho realizado pela FALA para a conscientização dos jovens sobre a temática.
Entrevista com Bernardo Feitosa Os jovens nas palestras conseguem fazer alguma correlação entre a violência que eles sofrem e a violência sofrida também pelos animais?
Alguns jovens se mostram surpresos quando é feita essa correlação? Sim. Muitos se sentem ofendidos, mas acabam compreendendo a mensagem.
Arquivo pessoal
Às vezes, sim. Depende do tamanho da turma, da maturidade, das vivências e do engajamento. A gente costuma enfatizar o vínculo entre o abuso animal e o abuso humano, dizendo como o especismo, o racismo, a homofobia, o machismo e a misoginia estão conectados. Esse
vínculo fica mais fácil para alguns, enquanto para outros não. De uma forma ou outra, o vínculo feito por eles tende a ser mais no sentido de “cuidar dos animais”.
Bernardo Feitosa: “é necessário fazer algo para diminuir todo o sofrimento dos animais”
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Você tem algum retorno dos jovens em relação a esse tipo de conexão feita durante as palestras? Sim. Percebemos o interesse quando eles aplicam o ensinamento. A maioria tende a se conectar e se impressiona especialmente com os testes em animais. Em alguns casos, eles já disseram que virariam vegetarianos ou veganos se houvesse essa opção para eles. Os jovens entendem que uma violência contra um animal não é diferente de uma violência contra uma pessoa ou contra a natureza, de um modo geral? Geralmente, sim. O mais difícil é compreender a consequência do ato. Muitos veem a violência contra os animais como algo mais “aceitável”
do que a feita contra os humanos. Veem os atos de violência contra os animais não humanos como algo mais bárbaro, mas com menos repercussão criminal. Ainda assim, a maioria se mostra interessada em intervir, caso presencie algo assim. Nas palestras, qual acontecimento mais lhe marcou? Quando parte de uma turma me tratou como uma referência moral e pediu direcionamentos ou conselhos. Qual é o principal ensinamento que eles adquirem com as palestras? Que os animais sofrem muito e que é necessário fazer algo para diminuir todo esse sofrimento.
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ALIMENTAÇÃO
Culinária árabe vegana O Rango Árabe surge no panorama brasiliense como uma excelente opção de comida árabe capaz de agradar todos os gostos, inclusive de não veganos Da Redação disso, colaborar para a continuidade da FALA é uma honra para nós”, destacou Flaviano. Em abril deste ano, no tradicional Picnik Bsb, o cardápio passou com folga e com louvores por uma exigente prova social: na área vegana do evento, os sabores dos produtos foram muito bem aceitos pelo público. “Houve uma demanda que não foi suportada na área vegana do evento e, mesmo assim, os feedbacks foram excelentes em relação ao sabor, à experiência com o cardápio e ao preço”, lembra ele. Para Flaviano, todo esse retorno satisfatório do público brasiliense, somado à nova disposição de mergulhar com muita dedicação neste projeto de longo prazo junto com a FALA, pode trazer muitos benefícios para o veganismo e para os animais.
Arquivo pessoal
J
á vai longe o tempo em que a Capital Federal carecia de opções culinárias de qualidade para um público vegano. Hoje, diversos empreendimentos preenchem esse antigo vácuo apontado na cidade. Um deles é “O Rango Árabe”, que conta com um cardápio variado e extremamente saboroso. Flaviano Cardoso da Silva Neto, um dos sócios e também gerente da marca, explica que, com o negócio, seu principal desafio é “apresentar a culinária árabe vegana com preço justo e sabores dignos de elogios não apenas das pessoas veganas, provando que é possível se alimentar bem com muito sabor e sem prejudicar os animais”. Segundo Flaviano, que já vinha de outra experiência bem-sucedida, o Catioro Food (cachorro quente vegano), “O Rango Árabe” nasceu em um momento no qual Brasília não tinha nenhuma casa de comida árabe exclusivamente vegana. “E as casas árabes que têm opções veganas são, com efeito, medianas em qualidade e com preço muito elevado”, explicou ele. Portanto, existia, só aí, “uma lacuna a ser preenchida por um serviço voltado a esse público, que vai trazer um cardápio exclusivamente vegano, saboroso e com preço razoável, atraindo inclusive não veganos”, completou. Logo na recente inauguração da marca, “O Rango Árabe” e a FALA instituíram uma parceria, que já está sendo excelente para ambos. Como parte da parceria, a FALA entra como acionista da empresa, o que aumenta sobremaneira as possibilidades de ampliação da iniciativa. “A FALA é uma instituição muito inspiradora, que vem cumprindo, em sua história, um papel muito importante em benefício dos animais, contra todas as formas de opressão. Alinhar-se a isso é um grande benefício para a nossa empresa. Além
Flaviano Cardoso: sabores dignos de elogios
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