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Colin Ginks
from Falo Magazine #9
Qualquer atividade relacionada com as artes, seja cinema, leitura, teatro… os afetos, as relações criadas entre as pessoas, e o peso da história na sua evolução, principalmente na comunidade gay... tudo contribui para a criação estética de Colin Ginks. Com isso, sua arte evoluiu de uma base figurativa, do desenho e da pintura, até englobar a fotografia, a performance, a instalação, a palavra escrita, som, vídeo etc… Só mesmo muitas reticências para explicar esse artista multifacetado.
No entanto, Colin explica que essa sua “fragmentação” eclodiu num momento de stress emocional enorme, na sequência do fim de uma relação de longa duração, que também foi responsável por ele se entender como artista.
Então, no mesmo ano, fez uma individual que “teve tudo menos pintura” e foi selecionado para uma residência artística na Alemanha. Nascido em Brighton, Inglaterra, vive hoje em Lisboa, Portugal. A recepção convencional e intelectualizada no ambiente artístico português foi outra barreira que precisou ultrapassar.
Sendo autodidata, Colin diz que aprendeu a ler e a ver a Arte, com “os grandes” – especialmente David Hockney –, onde a representação figurativa, e a do corpo (masculino, mas não só), predomina. Porém, seu interesse se expandiu pelo universo queer – com forte influência do artista cubanoamericano Félix Gonzáles-Torres (1957- 1996), que criava objetos e instalações, onde ecoava de forma poética a perda, a tristeza, a beleza e o desejo – e, assim, descobriu um caminho mais conceitual, menos literal.
Ao se debruçar sobre sua produção, Colin avalia que pode parecer que, em alguns momentos, tenha negado a relevância da forma masculina. Ele acredita que, na verdade, é uma mudança de perspectiva, da sua noção de masculinidade, até na sua expressão mais potente, e vigorosa. Descobriu outras formas de exprimir sua condição essencial (“não seria artista, se não fosse queer”) e, por essa razão, há sempre um pouco de vulnerabilidade nos homens que retrata.
A glorificação e a estereotipização de certos corpos em detrimento de outros são tendências perigosas que aborrecem o artista. Não o interessa abordar um indivíduo porque tem o que é considerado ser um “bom corpo”, um visual mais “sarado”, já que está farto da saturação de determinados tipos físicos nas diversas mídias, seja publicidade, cinema pornô ou o Instagram.
Isso também recai para a representação do falo. Colin acha que qualquer artista é obrigado a refletir profundamente se quiser representar uma ereção. Por mais arriscado, subversivo e interessante (“o falo como dispositivo que cria e destrói”), facilmente torna-se porno-kitsch ao ser feito de forma estúpida. Ele crê que existe uma aceitação seletiva do corpo masculino, algo que só aumenta conceitos pré-estabelecidos e repressões.
Condicionado pelo o que chama de “contenção britânica” e suas próprias inseguranças advindas de padrões corporais agressivos, o artista ainda encontra tensões com a própria nudez. Foi através de práticas teatrais e performáticas que despertou a necessidade de se transformar, se conhecer e se identificar. O “autorretrato” Fogo de artifício o fez buscar esta revista:
O lado artístico de Colin se interessa somente por situações fora da zona de conforto, fora do lugar comum, fora de seu país (“simplesmente fora!”). Procurar o moderno, o surpreendente, a democratização de corpos, olhares insólitos e diferentes, contrastes, diálogos são os conselhos que segue e que oferta a quem precisa encontrar novas formas de se expressar e se encontrar. 8=D