FALO CO Já tive muitos relacionamentos sérios, todos monogâmicos. No último, meu namorado terminou comigo porque me considerou “anormal” ao sugerir fazer coisas que fugiam do que é “aceito” como comum. Só consegui expressar minhas fantasias quando comecei a me autoconhecer melhor e entender que aquilo não era nada demais. Porém, perdi o namorado e não realizei nada do que queria. Por que as pessoas se limitam tanto quando o assunto é fugir do sexo “feijão com arroz”? R.L. Salvador/BA. Primeiro vamos entender o que pode ser considerado “normal” e “anormal” na sexualidade humana. Do ponto de vista sociológico, sexo “normal” é aquele praticado pela maioria de um grupo social num determinado momento de sua existência.Tudo o que fugir a essa regra já pode ser considerado “desvio”. Contudo essa mesma conduta considerada “desviada” pode ser “normal” em outro grupo social e viceversa. Além disso, os padrões sociais mudam,ou seja, o que é tido como “normal” hoje pode ser “anormal” amanhã (exemplo: a submissão feminina já foi – ainda é pelos mais conservadores – considerada um comportamento adequado para as mulheres).
96
Passando para o ponto de vista biológico, sexo “normal” é aquele que se manifesta sob a forma de resposta fisiológica saudável.Todo ser humano nasce com a capacidade de reagir a um estímulo erótico, emitindo comportamentos encobertos e manifestos. Quando essa capacidade responsiva está íntegra, diz-se que a pessoa é biologicamente “normal” ou funcional. O bestialismo, por exemplo, é considerado, em nossa cultura, um desvio, uma parafilia. O sujeito que pratica é, portanto, “anormal”. Mas, se ele reage com apetência, excitação e orgasmo diante de um objeto erótico que não é considerado estímulo sexual para a maioria das pessoas de seu grupo, ele é perfeitamente “normal” do ponto de vista fisiológico. Na visão psicológica, sexo “normal” é aquele assim considerado dentro da visão particular de cada um. Aqui o que importa é a satisfação pessoal ou adequação sexual de cada indivíduo. Um exemplo disso seria o sadomasoquismo, considerado desvio (parafilia), mas, se o par consente e considera o desempenho sexual gratificante e satisfatório, este é um casal adequado. É difícil para muitas pessoas, a partir do que aprenderam no meio em que estão inseridos, abrir o campo de visão acerca da sexualidade. O saldo negativo e histórico de ver o sexo como algo sujo e errado durante muito tempo acaba sendo o fator decisivo no momento de experimentar se abrir para algo além do “feijão com arroz” nosso de cada dia. No seu caso, o mais assertivo seria encontrar alguém que possa abraçar a sexualidade de maneira mais clara como você e menos “quadrada” como seu(s) ex-namorado(s). Que você tenha sorte nos amores futuros :)