A EDUCAÇÃO E SUAS RELAÇÕES COM O MUNDO DO TRABALHO Juliani Aparecida Agnes1 1
Coordenadora Técnica de Negócios – Educação: Colégio SESI Ensino Médio, Educação Infantil, Educação Profissional SENAI Unidade SESI/SENAI de Francisco Beltrão. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional – IBPEX – Universidade Tuiutí Curitiba. Especialista em Neuropsicologia - IBPEX – Universidade Tuiutí Curitiba
1.0 APRESENTAÇÃO
O homem está em constante aprendizado por conta da busca pela sobrevivência de sua espécie, tendo a educação papel fundamental nas relações do indivíduo com seu desenvolvimento e com suas conquistas, tem-se então a modesta pretensão neste escrito de se apontar algumas peculiaridades da educação como um meio de transformação deste indivíduo e a escola como espaço fundamental para que isso aconteça. Tratar de educação é tratar de relações entre pessoas, sua cultura, suas possibilidades individuais e isso tudo atrelado ao princípio de que cada um se desenvolve melhor naquilo que realmente deseja e se identifica. A educação pode possibilitar ainda a inserção do sujeito no mundo do trabalho aqui considerado como atuação do homem sobre a natureza. Como exemplo ilustrativo e interpretativo o texto traz o vivenciado pelo Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional da Aprendizagem Industrial (SENAI), ambos de Francisco Beltrão – PR no viés das atividades educacionais e de formação profissional, onde se pode perceber a atuação docente nas situações significativas e principalmente a teoria vinculada fortemente à pratica e ao encaminhamento ao mundo do trabalho. Quando se fala em educação tem-se normalmente uma visão clássica, pessoas numa sala de aula, estrutura de quatro paredes, livros, mesas, alguém a frente e outros em postura de observação, relação entre si, leitura e escrita, ou então na educação enquanto postura individual e comportamental, quando de disciplina ou a ausência desta, dos valores de cada um de acordo com sua base de desenvolvimento familiar. De outra forma em essência, cada ser humano, desde a sua concepção está em processo de aprendizado, ou seja, em contato com a educação. Por toda a vida o desenvolvimento é constante e dessa forma estamos aprendendo ou por vontade própria ou por necessidade, ou pelos dois concomitantemente. Quando das situações de aprendizado para a sobrevivência, o ser humano busca educação escolar que aliada aos aprendizados anteriores, aprimora e segue rigores
propostos por uma instituição, que chamamos de escola. Ou seja, do ponto de vista social, uma organização que pressupõe subseqüências necessárias para um desenvolvimento por etapas, estrutura funcional e organizacional. É desta educação que vou tratar quando se aponta educação como mecanismo de transformação. Transformação, pois gera no ser que aprende alterações que o levarão a novas situações na sua vida, seja como pessoa ou no mundo do trabalho. Quando da referência pelo mundo do trabalho, percebe-se a necessidade do homem estar inserido neste processo, nos referimos ao mundo do trabalho falamos da necessidade do ser humano de ser inserido neste processo. Saviani (2007, p. 154) diz que “é o trabalho que define a essência humana. Isso significa que não é possível ao homem viver sem trabalhar. Já que o homem não tem sua existência garantida pela natureza, sem agir sobre ela, transformando-se e adequando-se as suas necessidades, o homem perece”. Ao partir da necessidade de trabalhar pelo fato da sobrevivência, o ser humano coloca-se na condição de aprender a trabalhar. Etapa esta que pode acontecer na escola ou fora dela. Pelo ato de aprender, através da educação enquanto processo, leva-se então o individuo sujeito desta condição as possibilidades de trabalho. Podemos então entender a relação entre educação e trabalho uma relação entre a teoria e a prática? Pensar que na escola absorvemos os conceitos, as regras, as normas, as fórmulas e no trabalho colocamos tudo isso em prática? Pensar assim relacionando tão tranquilamente entes conceitos, consideramos que a escola e o trabalho estão fragmentados, dissociados. Por outra forma, pode-se entender então a educação como a possibilidade de o homem agir sobre a natureza, caracterizando o trabalho e a escola ser o espaço para isso, e que em todos os seus processos de aprendizado o homem esta diretamente em contato com o mundo do trabalho por ser um ser que vive em sociedade. Pode-se ainda considerar a escola e seu processo de educação a busca do homem por sua realização, pois, é uma das condições de acesso ao trabalho. Então se a educação e a escola são tão importantes para a vida do homem, as experiências vividas na escola são extremamente importantes, podendo ser podem ser positivas e significativas ou não. O ato de educar, ou seja, despertar no indivíduo o aprendizado requer uma atividade profissional complexa a quem está a frente deste processo. Temos no cenário tradicional da educação alguém que ensina e alguém que aprende, ou ainda as interações entre os dois estando estas nas condições de ensinar e de
aprender. Entende-se então a educação como um processo de desenvolvimento que acontece a partir das relações e de reciprocidade. O sucesso escolar depende de vários fatores, em primeiro plano o indivíduo na sua busca. Busca pelas relações sociais, pela interação, a partir da sua vivencia familiar e do apoio desta neste processo. Tudo que aprendemos de forma a podermos perceber seu real significado certamente fica gravado em nosso processo mental. Então porque não ser a educação construída de processo de significação para as pessoas? Se considerarmos o que trazemos como bagagem em nossa vida e transpusermos isso para os processos de busca e de novos crescimentos podemos então visualizar a aplicação pratica disso nas nossas ações pós-aprendizado. E já que estamos relacionando educação e trabalho a inserção disso em nossas atividades de melhoria nos processos de trabalho. Quando num nível mais elevado de educação ou a busca por ela enquanto processo, quando a pessoa se propõe a estudar ela revela desejos ligados a ascensão pessoal e profissional, as suas virtudes e realização natas e inatas em cada ser. Trabalhar com o desenvolver vontades nas pessoas pressupõe prazer e sempre que as ações individuais estiverem ligadas a prazeres e desejos e ao final necessidade humana, isto se dará com grande êxito. Os profissionais que fazem a educação acontecer são os personagens principais neste desenvolvimento. Pode-se observar as alterações sofridas nos processos educacionais ao longo dos anos, observando de forma simples, a maneira como se deu o processo de educação de nossos pais ou de nossos avós. A educação bancária onde o professor era o único detentor do saber e o aluno espectador frente a isso, certamente não pode fazer parte das propostas na formação dos estudantes de hoje que na sua maioria, tem fácil acesso ao mundo da informação através da internet e outros meios. A era da informação e do conhecimento onde o individuo é convidado a interatividade, relacionamento sem sequer sentir as barreiras geométricas, conhecer e se desenvolver considerando o acesso e o comparativo com o histórico. Um ser humano convidado às responsabilidades sociais e ambientas instigado pela sustentabilidade e suas possibilidades. Em uma definição mais forma, tem-se o significado da palavra educação e suas dimensões, (Houaiss,2004) mostra que a “educação é o processo para o desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser humano”. Podemos então considerar a educação como ação precursora da transformação no individuo e seus mecanismos considerados os meios para que isso aconteça, como mecanismo de transformação pode então ser entendida como uma ação atribuída de
satisfação e êxito. Para isso, aluno, professor e ambiente devem seguir características para poderem exercer poder sobre o resultado final. Esta realidade é possível quando as três situações convergem possibilitando a ampliação de conhecimento do todo, das possibilidades e das inserções do aprendizado em situações do dia-dia ou de planejamento e inovação. Se anteriormente citamos trabalho como forma de sobrevivência, podemos então entender que a educação é o mecanismo de transformação, pois possibilita ao homem esta inserção. Então como podemos fazer da educação um mecanismo de transformação? Esta pergunta certamente pode ser respondida de várias formas, porem é a prática a partir do acreditar que torna isso possível ou não. Sabendo-se que vários fatores interferem neste processo, sabendo-se que não basta apenas a escola enquanto existência e sim um conjunto de fatores é que esta afirmação ou esta pergunta permeiam os processos educacionais. As propostas existentes nos meios educacionais oferecem recursos e formatos voltados para isso, mas precisamos saber que a prática diária é fundamental para isso e por trás disso, os protagonistas: professor e aluno. Ainda nesta perspectiva da educação como mecanismo de transformação, quando podemos perceber o individuo cúmplice das situações que o cercam, ou seja, ambientais e sociais. Ações estas perceptíveis e notáveis. Ainda no campo do desenvolvimento do ser através da educação, considera-se a modalidade da educação profissional um meio de relação entre aprender e o mundo do trabalho. Esta tem caráter formativo técnico e de encaminhamento as atividades laborais. As escolas de formação profissional podem ser caracterizadas em públicas ou privadas e ainda das instituições organizacionais de classes, como por exemplo, o sistema S. O acesso a esta modalidade pode ser entendida como voluntaria do ser e alinhada a esta busca seu desejo pessoal por formação voltada a suas aptidões préestabelecidas em seu desenvolvimento. Uma pessoa que busca, por exemplo, um curso de Torneiro Repuxador, certamente trás consigo habilidades pré-estabelecidas que o levam a ter o desejo pela formação e a visualização desta atuação pós processo de qualificação. Este processo acontece num tempo comparado a formação de ensino fundamental ou até mesmo ensino médio, porem toda a base torna-se indispensável para a formação neste processo. Percebe-se ao se acompanhar a formatação e desenvolvimento de cursos de qualificação profissional desenvolvida pela unidade SENAI de Francisco Beltrão há mais de 5 anos e o que ao se atender as demandas da indústria, os setores absorvem esta
mão de obra formada e mais, destinam a livre escolha dos alunos a tais cursos formatados, ou seja valoriza-se o desejo e a escolha de cada um. Consequentemente se percebe que no desenvolvimento disso há realização pessoal, possibilidade de atuação posterior e principalmente a valorização do que o aluno já sabe e a significação de tudo que ele aprende. A certeza de que este processo é válido acontece através da colocação deste aluno no mundo do trabalho e mais, a perpetuação destes cursos no atendimento dos segmentos industriais do município e região. Outra característica importante é que a teoria deverá estar sempre aliada a prática e, além disso, a visualização do mundo do trabalho e suas pertinências.
Considerações finais Percebe-se a partir do exposto acima a pertinência do mundo da educação e o mundo do trabalho não estarem fragmentadas, pelo contrário, tornam-se convergentes à medida da necessidade dessas práticas, e da possibilidade de êxito. É evidente o impacto que a educação exerce no mundo do trabalho. Isso pode ser medido através da satisfação do trabalhador em desenvolver suas atividades laborais, na busca e na livre escolha do individuo pela qualificação ou aperfeiçoamento de suas virtudes técnicas ou ainda, pela empregabilidade possível após o processo de formação educacional, além de todo desenvolvimento humano que se faz através do trabalho. Então fica sobressaliente que a educação é um mecanismo de transformação na vida do cidadão bem como está diretamente ligada ao crescimento pessoal atrelada aos atos pertinentes ao homem em sua constante evolução.
Bibliografia
MEIER, Marcos. GARCIA, Sandra. Mediação da Aprendizagem: Contribuições de Feuerstein e de Vygotsky. Curitiba, 2007. 3ª Ed. SAVIANI, Demerval. Trabalho e Educação: Fundamentos Ontológicos e Históricos. Revista Brasileira de Educação, janeiro-abril, ano/vol. 12, numero 034, Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. São PAULO, Brasil PP. 152-165.