A importância do contra turno social na vida de crianças e

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A IMPORTÂNCIA DO CONTRA TURNO SOCIAL NA VIDA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL1

PIVETTA, Leila TESTA, Maira2 RIBEIRO, Daniele3

Resumo: Este artigo tem por objetivo mostrar sobre a importância do contra turno social, como atividade complementar na vida das crianças e adolescentes que estão estudando em meio período e o restante do dia passam nas ruas, em locais impróprios para suas idades entre outros fatores os quais se mostram atualmente no mundo em que vivemos. Para o desenvolvimento desse estudo, foram utilizadas como base pesquisas bibliográficas. Todas as crianças e adolescentes estão a mercê dos problemas enfrentados pela sociedade, como drogas, violência, prostituição, exploração do trabalho infantil, entre outros. É a partir disso que se originaram os chamados programas sociais, conhecidos como contra turno social, para que estas possam ter seu tempo preenchido com reforço escolar de aulas, atividades sócio-educativas e culturais que ao mesmo tempo faz com que sejam incluídas socialmente do mundo que as rodeia, ou seja, os problemas que as maltratam. Além disso, o contra turno social consegue detectar os problemas familiares que são desconhecidos, sendo achados através da intervenção dos profissionais da área social. Palavras - chave: programas; crianças; adolescentes; sociedade; família; contra turno;

1.0 INTRODUÇÃO

Existem muitas crianças e adolescentes sem ter o que fazer nas horas vagas, ou seja, em um período que não estão estudando. A maioria não possui um acompanhamento adequado frente aos problemas sociais enfrentados no dia-a-dia. A escolha deste assunto foi pelo motivo dos Programas de Contra Turno Social serem de suma importância, o qual traz atividades complementares (esportivas, culturais, lazer, sócio-educativas), entre outras, com a intervenção de profissionais da área social para trabalhar com a realidade das diversas questões sociais encontradas tanto no âmbito familiar como nos meios em que as crianças e 1

Artigo científico apresentado como pré-requisito parcial das disciplinas de A questão social e o Serviço Social I ministrada pela Professora Daniele Ribeiro, Fundamentos Históricos e TeóricoMetodológicos do Serviço Social II ministrada pela Professora Odenir Dias Teixeira, Administração e Planejamento em Serviço Social ministrada pela Professora Fabiane Marostica, Psicopatologia ministrada pelo Professor João Artur Borges Winkelmann, Trabalho, Processo de Trabalho e Constituição da Sociabilidade II ministrada pelo Professor Allan Andrei Steimbach. 2 Acadêmicas do 2º e 4º Período do Curso de Graduação de Serviço Social da Faculdade de AmpéreFAMPER. 3 Professora orientadora deste artigo.


adolescentes estão expostas. As crianças brasileiras não passam, em média, mais de quatro horas por dia nas unidades de Ensino Fundamental, segundo um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV). É pouco. E a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) pede a ampliação desse tempo4.

Neste artigo iremos relatar primeiramente como e porque se deu a ideia do contra turno social. Será descrito em sequência, onde são encontradas estas crianças e adolescentes, estando estes, em lugares impróprios para sua idade, causando riscos ao frequentarem as ruas, os quais colaboram na ajuda do sustento familiar, adultos que aproveitam da ingenuidade destes menores, uma vez que sempre estão expostas a problemas sociais5 dos mais diversos. Crianças que são indefesas e estão submetidas à exclusão por falta de oportunidades devido a questões socioeconômicas e familiares. A importância da convivência familiar, como fator preponderante para um bom desenvolvimento do trabalho social, e em último momento será relatado a importância dos profissionais, atuando com a criança e o adolescente, e toda a sua família, detectando os problemas ocasionados em sua vida.

2.0 A ideia do contra turno social

Em meados da década de 80 e 90, através de políticas elaboradas com levantamentos e pesquisas verificou-se a necessidade de um trabalho voltado para as crianças e os adolescentes, em relação ao grande número de casos destes que frequentam as ruas em situação de risco social. Sabe-se que existe um estatuto da criança e do adolescente que protege e defende contra a violação de seus direitos. A apresentação deste Estatuto da Criança e do Adolescente -

ECA/1990

proporcionou atitudes garantidas em lei na proteção integral. 4

Disponível em: (http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/planejamento/turnocontraturno-escola-476470.shtml). 5 Violência, drogas, crimes, prostituição, trabalho infantil, saúde.


III

Durante muitos anos observam-se que acontecem casos nas famílias de crianças e adolescentes que preferem estar nas ruas ao invés de ficar em casa realizando tarefas que os pais deixam para eles cumprir. Muitos pais não sabem o que seus filhos fazem fora do horário escolar, como saindo pelas ruas perturbando os seus vizinhos, fazendo algazarras, estando na frente de um computador, indo à busca de jogos alternativos, como a frequência em lan-houses estando expostos a vários tipos de risco sociais, como a pedofilia e as drogas. Frente a estas observações é de suma importância Programas de Contra Turno Social que tem como característica principal neste tipo de programa o atendimento diferenciado do período escolar, pois oferecem além de atividades sócio-educativas um acompanhamento com profissionais da área social. Proteção integral, sempre em atividade. “Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente” 6.

2.1 Os riscos causados na frequência de lugares impróprios

Todas as crianças estão sujeitas a entrar em uma vida sem futuro, aprendendo a roubar, se envolvendo com drogas e crime, prostituindo-se para ganhar seu próprio dinheiro, ao invés de estar frequentando uma escola regular onde poderiam adquirir um futuro promissor. Sendo encontrados em lugares impróprios, como nas ruas em meio a congestionamentos de trânsito, recolhendo papéis, plásticos, trapos e garrafas, vendendo para sucateiros estes, para ajudar no sustento em casa, ou no caso das adolescentes vendendo seu corpo, prostituindose para ter seu próprio dinheiro. Em favelas servindo como um elo entre traficantes e usuários, podendo estar mais facilmente envolvidas com o tráfico de drogas. A partir daí começou a ser necessária reverter o quadro de uma maneira com que essas crianças e adolescentes não ficassem submetidas a riscos e dificuldades dos problemas enfrentados no dia-a-dia, fazendo-se da prática do trabalho infantil, colocando sua vida em risco, facilitando envolvimento com traficantes e com a criminalidade. Assim, houve a necessidade de desenvolver projetos, com a intervenção dos Governos tanto em âmbito Federal, Estadual e 6

Artigo 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA. p.1. 1990


IV

Municipal para acontecer uma mudança na vida dessas crianças, dando-se a ideia do contra turno social7. Os programas de contra turno social visam incentivar as crianças e adolescentes a ter frequência escolar, brincar, comer, conversar, aprender, jogar, cantar, entre outros praticados no dia-a-dia em horários complementares.

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 8

3.0 Família, convivência familiar

Através deste contra turno social pode-se proporcionar apoio e orientação às famílias, pois é na família que se tem a base da educação, é através dela que as crianças se espelham. Esta proporciona o ambiente adequado para seguir uma boa aprendizagem, abrindo as portas para a vivência na sociedade futuramente, como na maneira de falar com pessoas, também no modo de agir e pensar. Assim seguindo o exemplo oferecido pelos pais, crianças e adolescentes aprendem que uma boa educação pode abrir portas a eles, mas que tem que se esforçar estudando profissionalizando-se para poder ter uma independência, um bom emprego para poder auto sustentar-se. Muitas dessas crianças e adolescentes não podem contar com o apoio de seus pais e familiares durante sua fase de infância. Pais que já vem de uma cultura que foi posta a eles, de geração em geração, onde não havia muito diálogo entre pais e filhos. Também os que não estudaram, ou não tiveram a possibilidade de oportunidades para assim buscar a sua melhoria da qualidade de vida, oferecendo

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Possibilita o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, em situação de risco pessoal e social, incentivando a ampliação de conhecimentos, através de atividades culturais, educativas, esportivas, artísticas e de lazer, além de apoio e orientação às famílias por meio de ações sócioeducativas. Disponível em: (http://www.sjp.pr.gov.br/portal/conteudo.php?id=1240836574536027). 8 Artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA. p1. 1990


V

oportunidades na vida futuramente de seus filhos visando um futuro de grande sucesso. Ainda existem os chamados de pais ausentes, que são aqueles que por estarem trabalhando fora de casa, não tem tempo sobrando para educar seus filhos, deixando a cuidados de outras pessoas. Muitos não tendo tempo para voltar para casa, podendo sequer almoçar com eles, e à tardinha quando chegam estressados com o trabalho e com o trânsito, os aparelhos eletrônicos como a televisão e o computador servem como atrativos e um meio de calmante para estes. Dessa forma não obtendo diálogo com seus filhos. O jeito que eles encontram para compensar de essa necessidade é a de oferecer tudo o que os filhos desejam como os presentes e as mesadas, mas isso acaba não fazendo com que a falta do amor, afeto, compreensão, deixe de existir.

Então, enquanto que, antigamente, as funções exercidas dentro da família eram bem definidas, hoje pai e mãe, além de assumirem diferentes papéis, conforme as circunstâncias saem todos os dias para suas atividades profissionais. Assim, observa-se que, em muitos casos, crianças e adolescentes acabam ficando aos cuidados de parentes (avós, tios), estranhos (empregados) ou das chamadas babás eletrônicas, como a TV e a Internet, vendo seus pais somente à noite9.

Em conseqüência disso, a falta de uma boa educação, uma conduta necessária à convivência humana, conscientes de seus direitos e deveres faz com que a ausência dos pais torne-se um problema até mesmo no ambiente escolar, havendo indisciplina, da falta de respeito com colegas e professores.

No entanto, apesar das diferentes metodologias hoje utilizadas, os problemas continuam, ou melhor, se agravam cada vez mais, pois além do conhecimento em si estar sendo comprometido irremediavelmente, os aspectos comportamentais não têm melhorado. Ao contrário. Em sala de aula, a indisciplina e a falta de respeito só têm aumentado, obrigando os professores a, muitas vezes, assumir atitudes autoritárias e disciplinadoras. Para ensinar o mínimo, está sendo necessário, antes de tudo, disciplinar, impor limites e, principalmente, dizer não.10 9

Disponível em: (http://www.espacoacademico.com.br/067/67hulsendeger.htm). Disponível em: (http://www.espacoacademico.com.br/067/67hulsendeger.htm).

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VI

4.0 Envolvimentos do profissional da área social

Alguns programas de contra turno social possuem uma equipe de profissionais da área social, (normalmente psicólogos e assistentes sociais) e contam com outros técnicos de outras áreas, como de esporte, cultura entre outros. São durante as aulas, as atividades esportivas ou culturais, que os profissionais observam os alunos e seus devidos comportamentos dentro daquele grupo, detectando problemas específicos de cada participante. Problemas de saúde como visão, audição ou algum tipo de distúrbio, agressividade, falta de desinteresse que eles estão tendo pelo estudo. O contra turno social aproxima as crianças e adolescentes bem como seus problemas a visão dos profissionais. Em decorrência disso podem ser observados conflitos acontecidos na família, como a falta de atenção, carinho, afeto, ou em relação a amigos ou a sociedade. Os profissionais capacitados visam ajudar, fazendo a interferência na vida destas crianças e também na família, procurando satisfazer o seu bem-estar e a sua integração para com a sociedade. Isso se deve pelo reconhecimento dos problemas sociais, mentais e físicos, observados pelo assistente social que trabalha com estes contra turnos sociais, utilizando-se de seus conhecimentos de sociologia, de direitos humanos e de pedagogia, juntamente com o de motivação e comportamento humano. Este profissional utiliza-se de suas técnicas de observação, investigação, da coleta de dados, compreendendo o que se passa realmente dentro daquele grupo.

Os métodos aplicados pelo Serviço Social para atingir esses objetivos diferem dos de outras profissões como a Medicina, a Advocacia, o Sacerdócio, a Enfermagem e a Pedagogia, pois o Serviço Social atua levando em conta todos os fatores sociais, econômicos e psicológicos que influenciam a vida do individuo, da família, do grupo social e da comunidade.11

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FRIEDLANDER, Walter A., Conceitos e Métodos de Serviço Social, Editora AGIR, Rio de Janeiro, 1975, p.19.


VII

Através desse modo de agir, este consegue adquirir a confiança das crianças, adolescentes e da família, fazendo com que sua presença não interfira no processo. Assim podendo fazer o planejamento para ter a finalidade em fazer um diagnóstico social para depois encaminhá-los a profissionais que possam ajudá-las da melhor maneira possível a chegarem ao melhor bem estar social, físico e mental.

5.0 Conclusão

Segundo essa pesquisa feita, concluímos que o contra turno social é um programa social tem como objetivo principal de complementar o horário escolar, com a prática do reforço escolar de aulas, atividades sócio-educativas ou culturais visando para que crianças e adolescentes não fiquem nas ruas expostos aos mais diversos problemas sociais, desse modo complementando seu dia-a-dia com atividades complementares. Também se verificou que nesses programas sociais há interferência de profissionais da área social qualificados, que oferecem apoio a estas crianças e adolescentes, juntamente à sua família, procurando orientá-los da melhor maneira possível, detectando seus problemas, sejam eles sociais, físicos ou mentais. Assim os encaminhado as soluções possíveis, para que não se sintam excluídos pela sociedade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FRIEDLANDER, Walter A., Conceitos e Métodos de Serviço Social, 2º Edição. Rio de Janeiro. Editora: AGIR, 1975.

OSORIO, Luiz Carlos, Família Hoje. Porto Alegre. Editora: ARTES MÉDICAS, 1996.

REYMÃO, Maria Eunice Garcia, As atribuições profissionais do Assistente Social. 2º Edição. São Paulo: Editora: CORTEZ & MORAES, 1978.

Estatuto da Criança e do Adolescente. Secretária da Criança e do Adolescente. Governo do Paraná. 1990

Endereços eletrônicos acessados: http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-eavaliacao/planejamento/turno- contraturno-escola-476470.shtml. Acessado em 15 de Outubro de 2010.

http://www.sjp.pr.gov.br/portal/conteudo.php?id=1240836574536027. Acessado em 18 de Outubro de 2010. http://www.espacoacademico.com.br/067/67hulsendeger.htm. Acessado em 19 de Outubro de 2010.


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