O DESPERTAR DA MELHOR IDADE: IDOSO NO CONTEXTO FAMILIAR E A INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL1. RECK, Joucemara ROAS, Sandra2 RIBEIRO, Daniele3 RESUMO: o presente artigo aborda a questão do envelhecimento e os fatores sociais que o englobam, priorizando o idoso inserido no contexto familiar e suas co-relações com este. Outra situação fundamental é a intervenção do serviço social na melhor idade, na busca da construção e garantia da cidadania com medidas preventivas e resultados a curto e longo prazo. O assistente social intervém junto com outros profissionais que embasam melhores resultados e trabalham com o individuo como um todo parte de uma sociedade que muitas vezes é preconceituosa e egoísta, mas esta é uma forte questão a ser trabalhada e desmistificada. Hoje existe uma legislação que protege, dá direitos e garante a intervenção de profissionais de forma mais eficiente, os quais colocam em prática a lei de garantia de direitos aos idosos.a terceira idade é carregada de valor informações e historias vivenciada que muitas vezes são esquecidas por quem está à volta. Estes precisam de muita atenção e cuidados especiais, cercados de pessoas que dediquem um pouco do seu tempo para ouvi-los, afeto e amparo.
PALAVRAS-CHAVE: família, serviço social, idoso, envelhecimento
1-CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A terceira idade é uma fase na qual todas as pessoas estão destinadas, pesquisas mostram o aumento na expectativa de vida dos brasileiros e como conseqüência um crescente aumento na população idosa conforme cita Camarano “o crescimento da população idosa é conseqüência de dois processos: a alta fecundidade no passado, observada nos anos 1950 e 1960, comparada à fecundidade de hoje, e a redução da mortalidade da população idosa” (Camarano, 2002). Paralelo a esse crescimento da terceira idade está o serviço social numa perspectiva de mudança, com orientações para esses idosos e que os mesmo tenham acesso a todas as políticas publicas de forma correta, contribuindo para um envelhecimento saudável e ativo. Assim, o serviço social conta com uma rede
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Artigo interdisciplinar elaborado para avaliação parcial do segundo bimestre, com apresentação em banca no dia 16 de novembro 2010. 2 Acadêmicas da Faculdade de Ampére-FAMPER, cursando V período de Serviço Social. R.A: 043048-409 e R.A: 043049-524 3 Assistente Social, e Professora do curso de Serviço Social, com graduação em Serviço Social e pós-graduação em Docência no Ensino Superior.
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socioassistencial e com apoio de outros profissionais conforme sua especialização, auxiliando no bem–estar do usuário, alcançando resultados eficientes e motivadores. Será abordado primeiramente neste artigo o processo de envelhecimento e como esta funcionando esta questão no mundo contemporâneo. Dessa forma o trabalho busca aprofundar o conhecimento em relação a terceira idade. Em segunda parte enfatizará como é a relação de convivência, frente às limitações em decorrência da idade de nossos idosos, uma vez que são pessoas que muitas vezes dependem de terceiros para suprir muitas de suas necessidades, e a família em primeiro lugar com o dever de cuidar do idoso conforme o artigo 3º, inciso V do estatuto do idoso visando sua situação no âmbito familiar. Em terceiro momento será visada a atuação do serviço social junto aos idosos, os quais muitas vezes intervêm nas questões familiares através de denúncias de maus tratos, aproveitamento de seus benefícios e ou aposentadorias pelos próprios entes da família, entre outras situações que necessitam a intervenção de profissionais assistentes sociais bem como de uma equipe interdisciplinar e articulação se necessário da rede de serviços. Com esse grupo multidisciplinar existe todo um trabalho para garantir cidadania e consolidar os direitos da terceira idade, o profissional assistente social como agente de mudança na melhor idade, viabiliza medidas para a Inserção dos idosos na sociedade com ações que possibilitem melhorias. Para finalizar descreverá, que hoje pelo motivo da existência de uma legislação que protege e dá direitos a pessoa idosa, a um envelhecimento saudável se consegue colocar em prática uma proteção garantida em lei, esses garantidos por uma legislação, ou seja, através do estatuto do idoso. O artigo foi embasado pelos seguintes autores: Guimarães, Grossi e Souza, Camarano, revista Kairós e o livro de legislação social que traz o estatuto do idoso de uma forma bem sucinta e de fácil compreensão. Utilizou-se também de uma pesquisa bibliográfica, ou seja, um apanhado de informações obtidas a partir de livros, artigos e revistas eletrônicas dos autores já citados acima para agregar mais conhecimento e embasar o artigo.
2- PROCESSO DO ENVELHECIMENTO
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Segundo dados do IBGE a população idosa no Brasil vem aumentando. De acordo com o censo 2000 a população aumentou 17% se comparada com a de 1991. A população brasileira vive em média hoje 68,5 anos, 2,5 anos a mais que na década passada (SERASA, 2010) e conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima-se que em 2025 o Brasil ocupe o sexto lugar em números de pessoas com idade avançada com 32 milhões. O crescimento da população idosa se deve a baixa de fecundidade na atualidade e a alta de fecundidade no passado, as famílias tinham muitos filhos era normal um grupo familiar grande o que hoje não acontece mais. Também a queda da mortalidade de pessoas idosas contribui para esse aumento da terceira idade. Na atualidade está nascendo menos crianças e morrendo menos idosos, prolongando a expectativa de vida. As famílias estão optando por poucos filhos ou nenhum, talvez um dos motivos seja a modernização, o “corre-corre” da vida diária, muitos problemas e afazeres sobrando pouco tempo para dedicar-se a família, para acompanhar o cotidiano dos filhos e assim muitos optam por não passar por essa fase. Os idosos estão vivendo mais e que a expectativa de vida está aumentando as pessoas já sabem, mas o motivo pelo qual isso está acontecendo, será que a população sabe? E todo o contexto que gira em torno do idoso, desde os cuidados, sua inserção na sociedade contemporânea, será que a população está consciente dessas ações? Dessa forma, vale dar atenção ao alerta de Anita Neri apud Souza R, Samuel (2000) sobre o envelhecimento no mundo contemporâneo, que nos põe a pensar para agirmos em ações efetivas e conseqüentes pensando em melhorias nas condições de vida dos idosos: Essas questões não podem ser vistas como de responsabilidade individual. Antes, demandam políticas sociais que devem impactar os sistemas de saúde e educação, o planejamento dos ambientes de trabalho e dos espaços urbanos, o sistema de seguridade social e também o próprio modelo de formação e atuação dos profissionais que cuidem de tais assuntos. (Anita Neri apud Souza, 2000)
A autora traz para discussão uma proposta que ainda não é da comunidade atual, mas que em breve pode ser abordada como uma política de atuação conjunta,
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contando com vários profissionais e que estes estejam capacitados para cuidar da terceira idade. É de fundamental importância a participação de todos para ampliar as propostas para os idosos, respeitando os limites de cada um e sua autonomia, de acordo com Gabinet (1996) é necessário respeitar as vontades deste, de maneira que o mesmo controle seus assuntos, conforme suas limitações não perdendo sua dignidade, sentindo-se inútil. No próximo item abordaremos a questão do reconhecimento dos idosos, quem é o idoso na sociedade e quem o estatuto considera idoso.
3-RECONHECENDO O IDOSO Mas agora vem a pergunta: Quem é idoso, e o que é ser idoso ou estar na terceira idade? É muito difícil conceituar idoso, como pessoas acima de 60 anos conforme cita o estatuto do idoso no artigo TAL, pois não é somente a idade que determina o idoso. Podemos notar uma grande diferença entre indivíduos de mesma idade, diferenças físicas, psíquicas, funcionais, ou seja, diferentes idades biológicas entre indivíduos de mesma idade. Esse processo de envelhecimento é normal do ciclo vital dos seres humanos, bem como o nascimento, crescimento, amadurecimento e morte. Assim esse processo de envelhecimento culmina por desencadear a diminuição gradativa da possibilidade de sobrevivência, e algumas alterações na aparência, no comportamento, na experiência e nos papeis sociais. Mesmo com todas essas variáveis cada sujeito encara de forma diferente. Como cita Séguin (2001) Alguns aceitam como normal da vida, já que as pessoas começam a envelhecer desde que nascem, entendem como parte da realidade vivenciada, outras tentam retardar o que podem, tanto na aparência física como psicológica não aceitando traços típicos da terceira idade. Uma das maiores razões para esta negação é a imagem negativa e até mesmo pejorativa associada ao velho e a velhice. Velho é uma pessoa que atrapalha alguém que perdeu o direito à dignidade, à sobrevivência, à cidadania (Papléo Netto, 1999). O idoso acaba perdendo a rapidez tendo limitações para
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realizar as atividades que realizava quando jovem. Por esse motivo é deixada de lado, vista como não ativa sem ter com o que contribuir para a sociedade. (...) Os idosos, na sua maioria, são considerados inúteis, não sendo fácil a sua integração nem a participação nas diversas atividades da vida comunitária, isto, apesar de trazerem consigo uma carga muito grande de experiências de vida, sensibilidade e vivência social (...). (GENOFRE, 1995,p.102)
Esses conceitos ainda hoje são difundidos pela sociedade e alimentados por muitos, os próprios familiares consideram o idoso como um estorvo, inútil e muitos são vitimas de maus-tratos sem contar na violência psicológica que sofrem pela exclusão da sociedade. No entanto os idosos têm muito para auxiliar e dar sua contribuição, conhecimento e experiência para a sociedade. Trazem consigo uma grande carga de informações, histórias vivenciadas que ajudará na construção de uma sociedade mais justa, humilde, fraterna, exercendo sua cidadania, a democracia onde possam usufruir dos direitos de ir e vir. Possuem conhecimento que auxiliarão ao longo de sua vida, na sociedade, no trabalho, nos relacionamentos de família o qual será explanado no próximo item de forma mais abrangente essa relação do idoso com a família.
4-IDOSOS E FAMILIA Assim diz o art. 3º do título 1 do Estatuto: “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”. Conforme o que cita o estatuto a família fica incumbida de cuidar do idoso e prover seu sustento, somente em ultima instancia quando esta não tiver recursos de amparar o idoso, o poder público entra em ação. Esse artigo do estatuto quebra com o preceito que o individuo envelhece a família não tem obrigação e pode deixar a mercê da sociedade, pelo contrario deve amparar e estabelecer vínculos com o idoso visando suas relações na sociedade, sua vida ativa e qualidade de vida.
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Dessa forma o idoso consegue levar sua vida normal de acordo com sua visão de mundo e sua forma de agir e se relacionar com terceiros. “O mundo interno é o mundo individual de cada um, construído nestas relações grupais e sociais, e este determinará a forma peculiar de as pessoas se relacionarem com o mundo externo” Guimarães (2002, p.168) como o que foi escrito pela autora cada pessoa possui sua forma de ser e de se relacionar com os outros ao seu redor na sociedade e até mesmo com seus familiares. Através de grupos os seus integrantes firmam entre os mesmos novas relações, compartilham acontecimentos sendo a comunicação muito importante, o diálogo também é indispensável para que haja harmonia entre as partes. Segundo a autora Guimarães (...) o espaço grupal é construído para que as pessoas possam ter oportunidades de rever histórias pessoais e ações que se tornaram referenciais para suas relações com os membros de suas famílias e com o mundo. (2002, p.172)
É importante ressaltar que a população idosa carente quase não encontra tempo para fazer reflexões e ter uma conversa aberta com seus familiares. Já por outro lado existem famílias que se reúnem para compartilharem seus problemas e dificuldades e assim com ajuda mútua, com integração de todos, conseguem ver soluções para estes. as trocas afetivas na família imprimem marcas que as pessoas carregam a vida toda, definindo direções no modo de ser com os outros afetivamente e no modo de agir com as pessoas. Esse ser com os outros, aprendido com as pessoas significativas, prolonga-se por muitos anos e frequentemente projeta-se nas famílias que se formam posteriormente. (Szymanski, p.12)
Por outro lado muitos idosos sofrem muito, com familiares, e com a sociedade, Muitos se encontram desprezados pelos próprios filhos a quem dedicaram as vidas deram amor e por estarem com idade avançada com dificuldades, muitas vezes com limitações físicas, muitos tem problemas de saúde, dificuldade pra se deslocar, impedido de se movimentar, caminhar, estão em extremo desleixo, são maltratados, sofrem violência além falta dos cuidados que
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necessitam. “(...) a família também é o espaço da violência, dos maus-tratos, da mendicância” Guimarães (2002, p.175). O grupo familiar não encontra tempo para conversar, ter relacionamento de afetividade, compreensão, troca e partilha de conhecimento. Grande parte por causa da rotina de trabalho e do capitalismo, que leva a busca de alguém externo a família para cuidar do idoso ou então colocá-lo em algum asilo. Isso mostra que muitas famílias não estão prontas para receber esses idosos, até mesmo a comunidade, está despreparada não tem estrutura física para abrigar esses idosos, não tem profissionais especializados e as famílias sem condições financeiramente, não tem amor ao próximo e acabam maltratando essas pessoas, alguns casos de maus tratos pelos filhos está relacionada ao uso de álcool ou drogas pelo agressor, outra é a dependência financeira da família, Como relata Yazaki, 1991: o idoso com limitações físicas é o que mais sofre, tendo que depender de ajuda física e financeira de outras pessoas(em geral os filhos ou os cônjuges destes) para consultas e tratamentos geralmente prolongados. Desta forma, pensa-se na sobreposição constante de dois estados, isto é, o das pessoas idosas com o das pessoas doentes.(YAZAKI, 1991, p. 139)
Sem contar nos parentes e cuidadores dos idosos que faz do salário do idoso sua fonte de renda exploram o idoso que por sua vez tem suas limitações físicas, fragilizado e depende da família para seu cuidado, acaba acatando os maus tratos e calando-se diante dos fatos, esquecendo que têm direitos, e estes precisam ser exigidos. Muitos filhos sentem vergonha de seus pais por estes estarem idosos e não percebem que um dia irão chegar nessa idade também e poderão ser rejeitados da mesma maneira. Colocar-se no lugar de um idoso para poder entendê-lo e compreende-lo nas suas dificuldades e carências. Estes quando são discriminados por jovens sentem-se magoados, feridos, desvalorizados, tantos anos de luta, de trabalho para sustentar a família e manter a moradia. Esse individualismo e atitudes preconceituosas entre as pessoas acarretam em diversos conflitos, onde os sentimentos ficam esquecidos, vivendo isolados um do outro sem ter o contato pessoal, pois buscam conquistar metas pessoais julgadas
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mais importantes do que a convivência familiar e o comprometimento por parte do grupo familiar e membros acabam sendo deixados de lado. Todas essas situações e mudanças ocorridas na sociedade tornam as relações familiares cada vez mais sem afetividade, companheirismo, ocorrendo distanciamento ainda maior entre os membros principalmente no que dizem respeito aos idosos, estes ficam alheios as circunstancias sentindo-se fora daquele contexto percebendo que Suas tradições familiares, todo o conhecimento adquirido já não são repassadas as gerações, acabam sendo esquecidas, morrendo com o passar dos anos. Em todos os momentos da vida a família tem um papel essencial para fortalecer as relações de afetividade, mesmo que passe por diversas dificuldades pra admitir e compreender o processo do envelhecimento de um dos membros da família, acarretando em um relacionamento tumultuado por divergências. Os idosos tratados em condições desumanas, sendo retirados seus direitos, cuidados, alimentação, quais são garantidos por lei, sendo os praticantes dos atos contra os mesmos penalizados. (...) a aceitação de que a vida privada da família dá o caráter de posse dos mais fortes em relação aos menos poderosos (idéia arraigada em todas as camadas sociais), justifica todo e qualquer procedimento dos pais em relação aos filhos. A discriminação social também tem um papel definidor das praticas familiares (...). (Szymanski, p.15)
Muitas vezes essas atitudes são tidas como um agir normal pela sociedade, pois geralmente as pessoas valem pelo que produzem, e os idosos na maioria das vezes encontram-se fora do mercado do trabalho e sobrevivem de um salário mínimo, fazendo com que ele mesmo se sinta inútil tendo uma desvalorização do ser, da experiência adquirida ao longo da vida, sabedoria, a história construída e sua grande contribuição para a sociedade, entrando em depressão, alienação, sentimento de culpa, e uma vida sem expectativa, sem esperança. As experiências vivenciadas pelas pessoas idosas nos mostram diversas culturas, estas estão carregadas de valores que podem ser revelados e transmitidos é preciso lhes dar atenção para que se sintam valorizados, contribuindo para com as outras pessoas e a comunidade em geral com seus saberes e valores, por isso de acordo com Gueiros (ano, p.119) é necessário incluir em projetos sociais, atividades
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para que estes possam acompanhar a evolução da sociedade e estar inserido nela e fazer parte da cidadania e a família deve ser responsável por seus integrantes vindo a auxiliá-los quando necessite, e em especial por pessoas idosas para que usufruam de seus direitos civis e sociais. Outros direitos que os idosos devem buscar e hoje já esta mudando a situação é a questão de maus tratos, muitas pessoas e até mesmo familiares aproveitam-se da condição de idoso e maltratam, agridem, usufrui do salário que muitas vezes é o mínimo que eles necessitam. A política nacional do idoso e o estatuto são grandes avanços para os direitos dos idosos, mas ainda é pouco divulgado, por isso que Se devem exigir e cobrar das autoridades, punições severas aqueles que cometem tamanha covardia com o ser humano. Segundo Figueiredo, 1998 apud Souza abusos contra os idosos no interior de suas famílias parecem ser visto como um acontecimento natural e que não interessa para ninguém, a não ser para a própria família, passando a ser um segredo familiar. Muitas vezes esses idosos são vitimas de maus tratos e omite-se por sentirem-se sozinhos, por medo ou por acharem que a família sempre terá razão, algo sagrado que tomando uma decisão pode desmoralizá-la culpando a si mesmo pelas agressões. O que também acontece muito em nosso país é a violência institucional, por parte da prestação de serviço em departamentos públicos e privados, na qual os idosos têm seus direitos violados e percebe-se um descaso com estes. Conforme o estatuto do idoso artigo 3º parágrafo I, o idoso tem direito ao atendimento preferencial em órgãos públicos e privados, não precisando aguardar em filas enormes por um longo período, até mesmo por conta da sua fragilidade, mas na pratica não é o que acontece. Segundo SOUZA apud ARAÙJO A. et al (2007), no Brasil, a negligência é uma das formas de violência mais presente tanto no contexto doméstico e no plano institucional, resultando freqüentemente em lesões e traumas físicos, emocionais e sociais para os idosos que precisam daqueles serviços. Muitos profissionais e até mesmo familiares descumprem o que está previsto na legislação dando a entender a terceira idade que este não têm direitos e submetem-se ao que lhes é dito. Os serviços prestados são exercidos por uma ação impessoal e discriminadora, causando sofrimento aos idosos, principalmente aos pobres que não
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têm condições de optarem por outros serviços e dependem exclusivamente daquele serviço, exemplo são as longas filas, a falta de informações adequadas e a incompreensão do profissional em relação ao idoso, até mesmo os asilos e casas especializadas em cuidar de idosos acontecem isso, faltam profissionais qualificados, higiene, e o idoso é visto somente como mais um para ocupar leito, Assim como falta à devida fiscalização, monitoramento e avaliação dessas instituições pelos poderes públicos competentes. A violação dos direitos dos idosos ou qualquer tipo de violência contra os mesmos devem ser denunciadas ao ministério publico, conselhos estaduais e municipais do idoso, defensoria publica e autoridades policiais, esse órgãos estão para fazer cumprir as leis e os direitos de todos os cidadãos especialmente aos idosos. São por essas razoes e outras, que é de suma importância que os idosos conheçam seus direitos que são assegurados no estatuto do idoso pela Lei 8 842 de 04 de janeiro de 1994, o qual será abordado no próximo capitulo.
5-ESTATUTO DO IDOSO
Hoje existe uma legislação que protege e dá direito a um envelhecimento saudável e com a garantia da intervenção profissionais que esclarecem e levam ao conhecimento dos idosos e colocam em prática a lei de garantia de direitos aos idosos:O estatuto do idoso, para amparar direitos, como saúde, habitação, educação, esporte, lazer, previdência social, assistência social entre outros, garantindo a participação ativa da terceira idade na sociedade. Conforme o livro de legislação social (CFESS) o estatuto do idoso assegura também: I- “atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população”. (legislação social, p. 382) II- “preferência na formulação e na execução de políticas sociais publicas especificas. III- destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso:
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IV- viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações: “(legislação social. p.382) V- “priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência: (...)” (legislação social p.382). Esses são só alguns dos direitos que o estatuto garante, e mesmo sendo amparados por leis, alguns órgãos descumprem-nas e exercem de acordo com seus interesses e vontade. De acordo com o estatuto a terceira idade tem direito: Saúde, Transporte, Violência e Abandono, Entidades de Atendimento ao Idoso, Lazer, Cultura e Esporte, Trabalho, Habitação, Política de Atendimento ao Idoso, Acesso à Justiça. Estes são alguns dos direitos assegurados e amparados por lei aos idosos, direitos estes que devem ser reivindicados e exigidos por todos que usufrui. Nessas situações que o serviço social intervém, para viabilizar essas medidas assegurando que esses direitos sejam cumpridos promovendo melhorias na vida da melhor idade conforme apresenta o capítulo a seguir.
5-A INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
O serviço social trabalha junto com a população, visando atende-las da melhor forma possível mediando seus anseios com as políticas sociais e amenizando a questão social, dessa forma seguem em busca da garantia dos direitos e deveres de cidadãos inclusive dos idosos, dentro de seus limites sem prejudicar o sistema e nas mais variadas formas. “O Serviço Social liberto das amarras da prática tradicional tem uma visão transformadora e crítica da sociedade, propiciou a percepção da família no interior das questões mais amplas, contraditórias e complexas.” (Kaloustian, 2000 apud Souza, p.3). Outra proposta dos assistentes sociais é criar atividades que venham preencher o tempo livre da terceira idade, já que depois dos 60 anos a maioria está fora do mercado de trabalho, com grupos de convivência, artesanatos, palestras educativas, passeios, atividades esportivas, voltadas a saúde e outros. Ressaltando
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que estes continuam sendo parte importante da sociedade, são tão produtivos e necessários como outros, e devem aproveitar á vida a cada momento, pois a velhice é uma oportunidade oferecida e um direito que a vida lhes concedeu. Visar à sociabilidade desses idosos e sua inserção no meio em que vivem, começando pela família, até a comunidade como um todo, se necessário com visitas domiciliares para estar atentos a realidade dos idosos e os possíveis riscos que estes correm, fortalecendo os vínculos com toda a rede de apoio socioassistencial, e desenvolver a autonomia e potencialidade individuais e sociais, de caráter preventivo. Também viabilizar com a esfera federal renda aqueles que não possuem condições de prover sua manutenção sozinha ou de tê-la mantida pela família, bem como juntamente com o município realizar eventos, palestras culturais e educativas que possibilitam mudanças tanto de hábitos diário como de uma vida inteira. Atendimento aqueles que necessitam e casas de abrigo para idoso entre outros, estendendo orientações, apoio e encaminhamentos para os familiares. A questão de atendimento voltado aos idosos necessita de diversos e diferentes profissionais “na medida que tal população requer de atenção de inúmeras áreas de atuação profissional(...)”(Goldman, Sara. 2005), estes precisam de proteção, inserção na sociedade além de poderem usufruírem de seus direitos e cidadania. O profissional assistente social não trabalha somente para os idosos que se encontram abandonados pela família, mas em várias direções como praticantes de transformação social, políticas sociais e cidadania, onde estes passam a ser vistos pela sociedade como cidadãos. Como no campo da saúde, previdência e assistência social. O assistente social não atua sozinho, mas possui ajuda de outros agentes colaboradores, e outros profissionais como os da educação que facilitarão o aprendizado dos idosos. Como o relatado feito pela Goldman, 2005. Numa ação interdisciplinar que congregue esforços no seu fazer cotidiano e na aliança de parceiros para consolidação dos direitos dos idosos, principalmente os da seguridade social: saúde, previdência e assistência social. (GOLDMAN, 2005, p. 02)
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Também contribui os ensinamentos transmitidos pelos pais, auxiliares no conhecimento e compreensão dos idosos, isso a partir da educação ensinada as crianças e adolescentes por parte dos pais dentro da família, para que possam aprender conhecer, dar atenção, visando o respeito e os cuidados necessários para a terceira idade e uma perspectiva de vida ativa. (...) ações continuas e habituais, realizadas pelos membros mais velhos da família, nas trocas intersubjetivas, com o sentido de possibilitar a construção e apropriação de saberes, praticas e hábitos sociais pelos mais jovens, trazendo, em seu interior, uma compreensão e uma proposta de-ser-no mundo com o outro.( SZYMANSKI, 2002, p.14 apud SZYMANSKI,2001).
O espaço de atendimento aos idosos é bastante grande, podendo ser de curto, médio e longo prazo dependendo das necessidades encontradas e da crescente rede de auxílios direcionados a esta classe. Na área da saúde com bom atendimento que devem receber, informar sobre as vacinas, prevenção de quedas, doenças, visitas domiciliares, auxílio junto à família. Na previdência com orientações ajudando a receberem os benefícios que tem direito. Na assistência social em comunidades, grupos, instituições, nos diversos lugares onde os idosos e sua família encontram-se para o fornecimento e repasse de orientações, principalmente na questão do Benefício de Prestação Continuada e na organização de grupos que realizam encontros para divertimento. Na educação se dedicam estudar, aprender a ler escrever o próprio nome sendo uma grande realização, pois quando em sua juventude não puderam por falta de condições e agora com o sonho realiza sentem-se assim cidadãos de verdade. Participam de grupos que compartilham suas histórias, experiências vindas a auxiliar cada vez mais no exercício de cidadania. A realização de projetos educativos que contribuem na construção de uma sociedade sem preconceitos por parte dos jovens, que saiba respeitar, que seja mais humana. A educação gera aumento na atuação dos assistentes sociais com projetos voltados aos idosos, para que estes venham a ser inseridos na sociedade reconhecidos como cidadãos, podendo resgatar suas informações e conhecimentos adquiridos aos mais jovens repassando assim sua história de vida, com muitas dificuldades, mas também com muitas alegrias.
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6-CONSIDERAÇÕES FINAIS
A terceira idade, ou melhor, idade é uma fase da vida que todos irão passar porem alguns aceitam com facilidade e outros nem tanto. Alguns preferem retardar esse processo e não admitir que não são mais como jovens, possuem dificuldades algumas limitações o que também não os impede de ter uma vida normal e saudável dependendo muito do contexto no qual este está inserido e sua relação com familiar uma das coisas mais importantes para vida social do senil. Percebe-se com o trabalho realizado, a vulnerabilidade a que os idosos estão expostos e a importância da conscientização da sociedade para fins de preconceitos e discriminações. O acolhimento de forma carinhosa e educada da terceira idade na família e em todos os outros campos possibilita uma vida mais digna a essas pessoas. Também a importância do assistente social e outros profissionais desempenhando tarefas e atividades que ocupem o tempo ocioso e ajude-os voltar a sentirem-se pessoas úteis, capazes de pensar por si só e serem eles mesmos, inseridos numa sociedade, valoriza muito a terceira idade e faz valer seus direitos. Diante desse contexto é necessário que todos os cidadãos e profissionais conscientizem-se e valorizem a terceira idade, pois todos passarão por essa fase da vida e se conseguirmos melhorar alguma coisa, como exigir fiscalização e o cumprimento das leis e dos direitos dos idosos, estaremos garantindo o nosso futuro e a sociedade vai se orgulhar ao chegar os 60 anos, não sendo mais motivo de angustia e preocupações, pois a vida e o ambiente inserido serão melhores e adequados para tal, mas para isso é fundamental a participação de todos, e cada um fazer sua parte com urgência.
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