Laboração contínua

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Biodiversus Formiga

Fotografia © Victor Bandeira

O Homem vive na era da Comunicação, em que utiliza a própria voz, a carta, o telefone, o telemóvel, o e-mail, ou as redes sociais, como meio para enviar ou receber uma mensagem. E como acontece com os animais? Como comunicam entre si? A comunicação entre os animais abrange uma vasta gama de processos visuais, tácteis, químicos, sonoros… um sem fim de sistemas, que lhes permite comunicar entre os indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes. O intuito de cada mensagem transmitida pelo animal pode ter uma panóplia de significados, como a identificação do local onde se encontra, a existência de alimento, a corte a um(a) parceiro(a), a localização das crias num grupo, o aviso da eminência de um predador, a marcação de um território ou a própria defesa. A sobrevivência de cada animal depende da comunicação! A comunicação através do toque estimula as relações entre os animais, como no caso de alguns primatas como os lémures, os saguis, ou os gorilas, nos quais o ato de catar pode estabelecer uma relação de hierarquia ou simplesmente a manutenção de uma relação social. Todavia, alguns contactos ainda são desconhecidos quanto à sua função biológica, como é o caso das lutas entre as crias de lince-ibérico de uma mesma ninhada. Os animais podem recorrer à comunicação química através das feromonas libertadas na urina ou através de glândulas odoríferas, que lhes permitem reconhecer outros indivíduos da sua espécie, demarcar o território, localizar presas ou até mesmo indicar a aptidão de uma fêmea para acasalar. O sacarrabos, um dos carnívoros da nossa fauna, apresenta uma glândula odorífera bastante visível na zona anal que se supõe servir, principalmente, para a demarcação territorial. Nos insetos, por exemplo, o ataque

a uma colónia de formigas induz a produção de feromonas de alarme com o intuito de avisar o formigueiro do perigo. A bioluminescência gerada através de reações químicas no corpo do animal permite uma exibição luminosa, como no caso dos pirilampos para a atração de parceiros durante a noite. Os sinais visuais exibidos pelos animais possibilitam outra forma de comunicar. Podem exibir agressividade, como o olhar fixo de um lobo-ibérico com o pelo eriçado, ou submissão, quando baixa o corpo e as orelhas. O macho dominante do gorila-da-montanha assume uma posição ereta, batendo em simultâneo no peito como forma de dominância no grupo. As fêmeas de alguns primatas indicam a aptidão para acasalar quando apresentam uma vermelhidão na zona anal. A cauda aberta do macho de pavão é um fator primordial para ser o preterido durante as paradas nupciais. As danças complexas das abelhas dão a indicação às restantes obreiras sobre a localização do néctar. Entre todas as formas de comunicação, os sinais sonoros assumem grande relevo, em que cada som produzido pelo mesmo animal apresenta diferente significado. As aves são peritas no canto, com repertórios de vários milhares de sonoridades. O coaxar das rãs atrai os parceiros, enquanto os gafanhotos recorrem à fricção dos apêndices das patas traseiras para o mesmo efeito. Os sons emitidos pelos cetáceos apresentam como que uma assinatura individual e transmitem a outros indivíduos a sua posição. Existem até casos, em que a comunicação se realiza por ultrassons, como os morcegos, para a deteção de alimento, voo ou para a localização dos abrigos que utilizam. Cada animal é, assim, um ser único, com a sua própria arte de comunicar.

Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro · tel. 234 427 053 · www.fabrica.cienciaviva.ua.pt · www.facebook.com/fccva · fabrica.cienciaviva@ua.pt

Os animais podem recorrer à comunicação química através das feromonas libertadas na urina ou através de glândulas odoríferas

Victor Bandeira e Carlos Fonseca Unidade de Vida Selvagem (https://sites.google.com/site/unidadevidaselvagem) CESAM e Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (http://www.ua.pt/bio)

Montagem a partir do retrato de Alexander Fleming (fonte: http://www.gstatic.com/)

COMUNICAÇÃO ENTRE OS ANIMAIS

Quem sabe, sabe

Exercício de Escrita Criativa

Férias de Natal com Ciência

Uso obrigatório de termo científico “Comunicação ostentatória”?! Onde é que a Eva foi desencantar semelhante expressão?! Mas mais certa impossível: o Antunes contorceu-se na cadeira, revirou-se, levantou-se, deu voltas “em oito”, com ruídos bizarros… ?!... Até de repente ouvirmos a mulher dele: – Boa tarde! Cristo, homem?! Pareces uma abelha em comunicação ostentatória! Que susto! “Que estava a Evinha a fazer ali?!” Então, percebemos: era mesmo comunicação ostentatória o “ataque” do Antunes; estava a tentar informar-nos; o assunto é que não era bem apicultura. De há coisa de um mês para cá, passava pelo café, um mulheraço de truz, de deixar um homem apardalado só de ver. E a gente consolava-se. Era um tal de comunicarmos por todas as vias! Um pigarreava, outro cotocava, o terceiro falava alto para chamar a atenção, trocávamos olhares os três, e então: pimba! O Antunes brindava o “balcão” com o piropo mais poético. Ui! Ela corava, sorria e saía a fazer-nos olhinhos! Pronto: dia ganho. Levitávamos no regresso a casa, até darmos de caras com a sorte de cada um – se é que comunico bem. Ora, naquela tarde, a sorte do Antunes veio ao café, e ele, ao vê-la, queria comunicar na mesma: presença, proximidade e direção do “material”. E fê-lo em belíssima “comunicação ostentatória”, nós é que não lhe acompanhámos o voo. PS: As abelhas usam comunicação ostentatória: adquirem posturas e alterações de formas corporais para passarem informação. Um bailado em

Para estas férias de Natal, a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro programou vários dias de atividades com ciência, destinadas a crianças dos 6 aos 12 anos. Brinquedos que explicam fenómenos científicos; reações cujos produtos se podem comer; robôs com comportamentos estranhos; rigor científico num conto de Natal; química apresentada num espetáculo explosivo… e muito mais! As atividades decorrem nos dias 18, 19 e 20 de dezembro, das 9h00 às 17h45, sendo o valor da inscrição de 20€ por dia, com almoço e lanches incluídos. As inscrições podem ser feitas por telefone (234 427 053) ou e-mail (fabrica.cienciaviva@ua.pt). PROGRAMA Dia 18 dez: Bolas efervescentes, Atração fatal, Ciência em prosa, Deste chá eu gosto!, Sítio dos robôs Dia 19 dez: BI do mineral, Hologramas de Natal, História de Natal com Ciência, O meu bolo de chocolate está cheio de moléculas!, Animais selvagens (robótica) Dia 20 dez: Aprender ciência a brincar, Gomas, gelatinas e proteínas, Workshop de cinema de animação, Show de ciência “Química por Tabela 2.0”

“8” informa sobre a localização de fontes de alimento, quanto à distância (quanto mais rápidos os 8 dançados e a emissão de ruído, mais próxima a

Ciência na Agenda

comida) e quanto à direção (pelo ângulo formado pelo eixo do 8 em relação

Nome vulgar: Formiga Nome científico: Formicidae As formigas são insetos pertencentes à ordem Hymenoptera e estão reunidas numa única família, Formicidae. Vivem em colónias formadas sob o solo, em que a maioria apresenta castas reprodutoras (rainhas e machos) e castas não reprodutoras (obreiras). Sendo o mais social dos insetos sociais e ao viver baseado num regime de assistência mútua e de partilha de tarefas, este animal desenvolveu um sistema de comunicação complexo e extremamente eficaz. A forma mais comum de comunicação entre formigas é através de feromonas, substâncias químicas voláteis detetadas pelo olfato e pelo paladar, produzidas e reconhecidas por todos os indivíduos da colónia. Dependendo das espécies, podem ser produzidas dez a vinte feromonas diferentes, cada uma com um significado distinto: alarme, recrutamento, territorial, reconhecimento individual, entre outros. Por exemplo, quando se afastam da colónia, as formigas libertam feromonas de modo a deixarem um rastro químico que lhes permite facilmente encontrar o caminho de regresso. Quando encontram uma fonte de alimento, segregam ainda mais feromonas no seu rastro, para que as outras formigas reconheçam claramente o trilho a seguir.

ao favo, que repete o ângulo entre colmeia, sol e flor).

6 dez (21h30) - Palestra Perspetivas para o Futuro da Biotecnologia e Microbiologia, com Manuel Mota, da Universidade do Minho. Na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 7 dez (11h00 e 15h00) – A Fábrica vai… ao Centro de Arte de Ovar, 70º

com a atividade Pai, vou ao espaço e já volto! – A conquista do espaço. 8 dez (10h00) – Programa Era uma vez… Ciência assim, com o conto “História de um lançamento”, na Rádio Terra Nova. 12 dez (21h00) - Café de ciência "Quintas da Ria" – “A Água e a Dinâmica na Ria de Aveiro”, na Fábrica Centro Ciência Viva

70º

de Aveiro. 18>20 dez (9h00>17h45) – Férias de Natal com Ciência, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 19 dez (18h00) – Café, Livros e Ciência – “52 ideias para o professor de matemática”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2013


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