Laboração continua

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Biodiversus Cana-de-açúcar

Chupa-chupa de cristais O que precisas? - 1 Recipiente de vidro - 2 Molas - 1 Pau de espetada - 1 Tacho - 1 Colher - 1 Copo - Sacarose (açúcar de mesa) - Corante alimentar - Fogão - Água

Como fazer? 1. Colocar um copo de água no tacho e aquecer até entrar em ebulição (ferver). 2. Acrescentar cinco copos de sacarose (açúcar de mesa). 3. Agitar até que todos os cristais se dissolvam. 4. Acrescentar algumas gotas de corante alimentar. 5. Verter a mistura para o recipiente de vidro. 6. Mergulhar o pau de espetada na solução e ajustar com as molas de modo a que este fique no centro e não se encoste nem às paredes nem ao fundo do recipiente. 7. Deixar em repouso e ir observando o crescimento gradual dos cristais de sacarose.

As antigas olarias de Aveiro: a produção das formas Pão de Açúcar A produção cerâmica em Aveiro tomou, desde cedo, parte nas atividades produtivas, muito devido à existência de extensas reservas da matéria-prima base - a argila, que constitui parte do chão da região. Os vestígios cerâmicos mais antigos, conhecidos atualmente, provêm do arqueosítio da Agra do Crasto, em pleno Campus universitário de Santiago, e são constituídos por peças cerâmicas (em parte fragmentadas) com cronologias que remontam ao período calcolítico (III milénio a. C.). Esta atividade ter-se-á mantido ao longo dos tempos, mas teve um pico de produção e importância por época da nossa epopeia da expansão. Efetivamente, no início da época moderna, séc. XV/XVI, desenvolve-se na cidade um importante “bairro dos oleiros”, situado em torno do antigo Mosteiro de Jesus. Dessa atividade são exemplo o caso dos fornos cerâmicos encontrados e demolidos no ano de 1975, na rua Nascimento Leitão, localizada atrás deste mosteiro, como relatado pelo historiador aveirense, Dr. Amaro Neves. Pelos materiais encontrados foi-lhes atribuída uma cronologia da primeira metade do séc. XV. Alguns destes materiais eram as chamadas Formas de Açúcar e inserem-se tipologicamente na chamada Cerâmica do Açúcar. Estas peças entraram no ciclo da produção do açúcar, sendo constituídas por um molde cónico de barro cozido, com um furo no seu vértice. Sobre a maneira de fazer o açúcar nos engenhos podemos ler o que escreveu o conde italiano Giulio Landi, que, por volta de 1526, visitou a Ilha da Madeira: “…Os lugares, onde com muito grande diligência e arte, se faz o açúcar, são as grandes quintas. O modo é o seguinte: Primeiro, trazidas para os referidos lugares as canas cortadas, põem-nas sob uma mó movida a água, que, premindo e destroçando as canas, faz sair delas todo o seu sumo. (…) que colocado num recipiente, deixa-se ferver até certo limite de tempo e de cozedura, (…) com fogo brando, dá-se-lhe com arte a cozedura; até que

Experimentandum

ele fique tão espesso que, colocado nas formas de terra, se possa endurecer. A espuma que se faz ao cozer o açúcar, repõe-se nos tonéis, excepto a que sai da primeira cozedura, que se deita fora; mas a outra, que se conserva, é semelhante ao mel, embora um pouco mais negra e líquida; e é chamada pelos da terra, melaço…” As formas de terra referidas no texto são as Formas de Açúcar, que após a denominada purga, onde a fração líquida escorre por gravidade para o exterior pelo orifício inferior, cristalizando o restante da calda, dá assim origem ao açúcar. Depois desenforma-se este material que toma o nome de “Pão de Açúcar” (e que mantém a forma cónica da própria peça cerâmica). Neste momento estão identificados, no território português, dois importantes centros produtores deste tipo de cerâmica, a região do Barreiro e a cidade de Aveiro. No entanto, enquanto no Barreiro a arqueologia baliza a sua produção somente aos séculos XV/XVI (dada pelo período de laboração do forno que se situa entre cerca de 1450 e 1530), para Aveiro temos registos da sua produção desde o séc. XV/XVI até aos inícios do séc. XIX, atendendo à descrição contida no texto “Memória de Aveiro no Século XIX”, de José Ferreira Sousa, onde se pode ler “No bairro das Olarias apenas conheci dois vélhos que me diziam terem sido oleiros, mas que já não trabalhavam (…) Também ali se fabricavam fôrmas dos chamados pãis de açúcar que iam para o Brasil e que deixaram de ir, desde o infelicíssimo tratado de 1810, sendo algumas dessas fôrmas aplicadas à construção de muros de quintais, e bastantes vi eu no muro que fechava a quinta da Fábrica pelo lado da Corredoura.” Estas peças cerâmicas produzidas em Aveiro foram levadas, evidentemente, para os locais de produção do açúcar. Terão começado pela Madeira logo ainda no séc. XV, mas depois seguiram para os Açores, Cabo Verde, São Tomé, onde a

Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro · tel. 234 427 053 · www.fabrica.cienciaviva.ua.pt · www.facebook.com/fccva · fabrica.cienciaviva@ua.pt

produção açucareira teve um enorme sucesso, Cuba ou Brasil. Mas também seguiram para locais como as Canárias ou mesmo Inglaterra, que embora não tivesse plantação do Canavial, recebia das suas colónias os melaços e a última fase da produção do açúcar era feita na metrópole. Sabe-se que algum do açúcar produzido na Madeira, no início do séc. XVI, veio para Aveiro, entrando no Mosteiro de Jesus, em parte dado como concessão régia como a que o Rei D. Manuel I faz, em 31 de outubro de 1502, de 10 arrobas anuais de açúcar dessa ilha. Presume-se que a sua primeira utilização tenha sido terapêutica. Serviu também como fonte de rendimento para pagar algum do espólio artístico ou ações de melhoramento na própria casa. No entanto, o mais interessante terá sido a sua entrada na cozinha do mosteiro, onde a par com outros produtos que as freiras recebiam, nomeadamente os ovos, terá servido de matéria para as freiras cozinheiras ou doceiras, que, como num laboratório, foram criando, por necessidade, sabedoria ou simplesmente fruto do acaso, algumas receitas da rica doçaria conventual. Foi uma destas receitas de doce de ovos que no séc. XIX transpôs os muros do convento, secularizando-se, dando origem aos famosos “Ovos Moles de Aveiro”, como que fechando o ciclo que começa nos barreiros de Aveiro, que passa pelas olarias, sai para o mundo e regressa em forma de doce cristal branco adoçando o ar das cozinhas conventuais, materializando o doce amarelo dentro da branca hóstia, não sagrada para o altar mas sagrada para a boca. Paulo Morgado Reservas museológicas, Universidade de Aveiro

Nome vulgar: Cana-de-açúcar Nome científico: Saccharum officinarum L. Existente em todos os continentes, em locais de clima húmido e quente, a cana-de-açúcar é uma planta com o caule lenhoso que pode atingir até 6 metros de altura e 3 a 8 centímetros de diâmetro. Durante o seu crescimento até à colheita, que ocorre num período de 11 a 18 meses, a cana armazena açúcar (cerca de 15%) no seu interior. É principalmente a partir da cana-de-açúcar que se extrai o açúcar que usamos normalmente, a sacarose. Os caules são esmagados, sendo extraído o sumo, que posteriormente é concentrado por fervura. O xarope é cada vez mais concentrado, obtendo-se o mel de cana e posteriormente o açúcar cristalizado. A partir da fermentação alcoólica desta planta é também obtida a aguardente de cana e o etanol (álcool), usado como combustível em automóveis. A cana-de-açúcar é originária da Índia, tendo o seu cultivo sido estendido ao Egito, Etiópia e Arábia e, posteriormente, às Ilhas da Madeira e Canárias, e finalmente, em 1506, à América Central e do Sul. Foi introduzida na Ilha da Madeira, por ordem do Infante D. Henrique, em 1425, logo após o início da colonização, tornando Portugal no maior negociante de açúcar da época. Durante centenas de anos o açúcar foi considerado uma especiaria extremamente rara e valiosa, acessível apenas aos palácios reais e às casas nobres.

O que acontece? À medida que se aquece a solução, é dissolvida uma grande quantidade de açúcar na água; uma massa bem maior do que se conseguiria dissolver se a água estivesse à temperatura ambiente. Assim, forma-se uma solução sobressaturada, instável, que tende a cristalizar à medida que a temperatura baixa. O chupa-chupa é, então, formado por cristais de sacarose, que se vão tornando cada vez maiores. Curiosamente, o tamanho dos cristais depende do tempo de cristalização: se esta for rápida há formação de cristais pequenos ao passo que com um processo lento obtêm-se cristais maiores.

PAI, VOU AO ESPAÇO E JÁ VOLTO! Falar sobre o Espaço é uma verdadeira viagem de foguetão: faz voar depressa a nossa manhã de domingo! Entre um astrónomo maior e os mais novos nunca acabam as perguntas sobre naves, asteróides, meteoritos, cometas e planetas… Os assuntos disparam a alta velocidade e sobram sempre mil outros. Nem os melhores cientistas sabem tudo! Ainda bem que depois de uma conversa podemos logo combinar outra e mais outra… programa

26 JAN ’14 A vida no espaço 23 FEV ’14 A conquista da Lua 30 MAR ’14 Os planetas

27 ABR ’14 As pedras que caem do céu 25 MAI ’14 Quando éramos peixes

Horário: 11h00>12h00 Local: Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro Público-alvo: 7 aos 12 anos Entrada: 5€ Inscrição obrigatória: 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt

Ciência na Agenda 25 jan (11h00 e 15h00) - Pai, vou ao espaço e já volto! – “A conquista do espaço”, com o astrónomo José Matos, no Arquivo Municipal da Murtosa. 26 jan (11h00) – Pai, vou ao espaço e já volto! – “A vida no espaço”, com o astrónomo José Matos, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 6 fev (21h00) - Café de ciência "Quintas da Ria" – “A vida na Ria de Aveiro – atividades económicas”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

MATEMÁTICA EM FLASH CONCURSO DE FOTOGRAFIA CIENTÍFICA GLICÍNIAS PLAZA Prazo entrega fotografias: 31 março 2014 Público-alvo: a partir de 6 anos Mais informações: http://www.ua.pt/fabrica/

Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2013


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