Laboração contínua

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Mais vale saber…

Sistemas de produção em aquacultura

Rastreabilidade de peixes e bivalves da Ria de Aveiro (...) o projeto RastreMar surge com o objetivo de desenvolver protocolos de rastreabilidade eficientes para produtos alimentares de origem marinha (...)

No século XXI a indústria ligada aos produtos alimentares de origem marinha tem assistido a uma necessidade crescente de desenvolver técnicas eficientes de rastreabilidade. Esta questão está relacionada sobretudo com a necessidade de satisfazer a legislação em vigor, as exigências de um mercado global e de um consumidor esclarecido que pretende saber com rigor a identidade do produto que consome, assim como onde e como esse produto foi produzido/capturado. A implementação de técnicas de rastreabilidade permite igualmente às autoridades competentes identificar potenciais fraudes (ex. a venda de produtos de menor valor de mercado como sendo outros produtos de valor mais elevado) e identificar situações que coloquem em causa a saúde pública. Embora esta estratégia vise a proteção do consumidor, ela beneficia igualmente os produtores que obedecem aos requisitos legais em vigor que regulam a captura/produção desses bens alimentares, podendo igualmente ser utilizados para acrescentar valor ao produto através da sua diferenciação (ex. certificação de origem, produção biológica...). Neste contexto, o projeto RastreMar surge com o objetivo de desenvolver protocolos de rastreabilidade eficientes para produtos alimentares de origem marinha, utilizando como organismos modelo os peixes e bivalves produzidos/capturados na Ria de Aveiro. O robalo produzido de forma semi-intensiva em antigas marinhas convertidas para a aquacultura foi selecionado como o modelo ideal para testar estas novas ferramentas de rastreabilidade em peixe, sendo o berbigão capturado na Ria de Aveiro o modelo selecionado para abordar esta problemática em moluscos bivalves. No caso do robalo, a análise microbiológica molecular do muco que recobre estes peixes permitiu identificar e diferenciar de forma inequívoca a sua origem. Efetivamente, os peixes produzidos em 3 pisciculturas a operar em regime semi-intensivo na Ria de Aveiro (duas apenas a 500 m de distância no mesmo canal) foram facilmente

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identificados, tendo sido igualmente possível diferenciar peixes provenientes do cultivo e peixes selvagens. Relativamente aos bivalves, o projeto RastreMar combina a utilização de ferramentas bioquímicas (ex. assinatura de ácidos gordos do musculo), geoquímicas (ex. assinatura elementar da concha do bivalve) e a análise microbiológica molecular do bivalve para proceder à identificação do seu local de origem. Esta estratégia permitiu distinguir de forma fiável berbigão capturado nos canais de Mira, Ílhavo, São Jacinto e Espinheiro. Face aos resultados obtidos é expectável que a diferenciação de peixes e bivalves oriundos de outros estuários e rias nacionais ou estrangeiras sejam facilmente diferenciados dos produtos produzidos/capturados na Ria de Aveiro. Em resumo, esta abordagem constitui o primeiro passo para uma certificação de origem, podendo, a curto-médio prazo, agregar valor aos produtos alimentares de origem marinha da Ria de Aveiro cuja qualidade superior é já amplamente reconhecida. As organizações de produtores (sejam aquacultores ou mariscadores) podem assim diferenciar os seus produtos de uma forma credível e denunciar situações de fraude em que se faça um uso abusivo de uma denominação de origem/método de produção. A iniciativa RastreMar é desenvolvida por investigadores do Departamento de Biologia & CESAM da Universidade de Aveiro (UA), entidade promotora do projeto, que conta desde o início com a colaboração das empresas de piscicultura Aguacircia, Riaqua e Materaqua, assim como da Associação dos Produtores de Bivalves da Ria de Aveiro. O projeto RastreMar é apoiado pela Plataforma Tecnológica do Mar da UA e financiado pelo PROMAR (Programa Operacional Pesca 2007-2013, cofinanciado pelo Fundo Europeu das Pescas (FEP)). Ricardo Calado, Tânia Pimentel e Fernando Ricardo Departamento de Biologia & CESAM da Universidade de Aveiro

Biodiversus Berbigão

Os três sistemas de produção convencionalmente mais utilizados na aquacultura são: sistema extensivo, sistema semi-intensivo e sistema intensivo. O sistema extensivo pratica-se em tanques de terra que, no passado, em território nacional foram na sua maioria utilizados por antigas salinas e moinhos de maré. Este sistema depende de juvenis provenientes do meio ambiente (que ficam aprisionados quando as comportas de maré são fechadas) e a sua alimentação depende exclusivamente do meio envolvente, uma vez que não é fornecido qualquer alimento adicional. O sistema semi-intensivo em tanques de terra é o sistema mais utilizado em Portugal para a produção de robalo e dourada. São aplicados níveis de intensificação variáveis e tanques de diferentes dimensões. Neste sistema a alimentação é assegurada através do alimento natural disponível nos tanques complementado com ração para peixe. No sistema intensivo são utilizados tanques em cimento ou fibra de vidro, com dimensões que variam entre os 100 m2 e os 1000 m2. A renovação de água está dependente da bombagem e a oxigenação é feita com recurso a sistemas de injeção de oxigénio puro na água. Os peixes são alimentados exclusivamente à base de ração, proporcionando a obtenção de quantidades de peixe que podem atingir os 30 kg/m3. Em Portugal, todos estes sistemas de produção são utilizados e encontram-se distribuídos ao longo do país. Os sistemas extensivo e semi-intensivo encontram-se distribuídos pela zona Centro e Sul do país e o intensivo está concentrado na região Centro e Norte do país devido à produção de peixes planos (linguado e pregado) e truta.

Workshop “Hológrafo por um dia” Sessão laboratorial de holografia A Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro e o Departamento de Física da Universidade de Aveiro convidam os mais curiosos e destemidos a conhecerem o mundo dos hologramas. Os participantes irão trabalhar no Laboratório de Holografia - HOLOLAB, da Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro, tornando-se “Hológrafos por um dia”. Durante a sessão laboratorial será introduzida a teoria da holografia e dada a conhecer a técnica de registo holográfico de gravação a 3D, pretendendo-se que os participantes colaborem na construção de um holograma. A atividade decorrerá no sábado, 10 de maio, das 16h00 às 17h30. Destinada a jovens a partir dos 10 anos e a público adulto, a atividade está limitada ao máximo de 10 participantes. O bilhete é de 2€ (crianças e estudantes), 3€ (adultos), sendo o acesso gratuito para quem tenha adquirido o bilhete geral de entrada na Fábrica nesse dia. As inscrições deverão ser feitas através dos seguintes contactos: 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt.

Ciência na Agenda 8 maio (21h00) - Café de ciência Quintas da Ria – “Outras Rias”, com Carlos Sousa e Gonzalo Mendez, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 10 maio (16h00) - Workshop Hológrafo por um dia, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 11 maio (11h00) - Ciência… ao pequeno almoço – “Primeiro plano:

Nome vulgar: Berbigão Nome científico: Cerastoderma edule Este bivalve caracteriza-se pela concha ovalada, com cerca de 2 a 3 cm, marcada por veios salientes. Alimenta-se de algas planctónicas e bentónicas, que filtra com os seus dois sifões. Durante os seus 2 a 3 anos de vida, reproduz-se anualmente por fecundação externa, entre março e setembro, de onde resultam pequenas larvas que sofrerão metamorfoses, passando por trocóforas e velígeras, até atingirem o estado adulto. É considerado de grande importância ecológica, uma vez que está inserido na cadeia alimentar de aves, peixes e invertebrados. Apesar de também se conseguir mover, com o auxílio do seu pé musculoso, é comum encontrá-lo enterrado, a cerca de 5 cm, nos fundos arenosos de lagoas, estuários e rias, como é o caso de Aveiro, surgindo distribuído desde a Noruega até ao Senegal. Muito apreciado na gastronomia, pelas populações do litoral, este bivalve gera elevado interesse socioeconómico.

cegonhas!”, com Ana Rodrigues, no Hotel As Américas. 17 maio (15h00) – Tardes de Matemática – “A matemática na musica ibérica da renascença”, com Andreia Hall e José Abreu, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 18 maio (11h00) - Domingo de manhã na barriga do caracol – “O Avô e os passarinhos”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 20 maio (11h00) – A Fábrica vai… à Pediatria do Hospital Infante D. Pedro. 22 maio (10h00) - Apresentação dos livros "À roda do coração” e “A fuga da ervilha”, com os escritores Lurdes Breda e Pedro Seromenho, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 22 maio (18h00) – Havíamos de falar disso… de medo, com Paulina Chiziane e Gonçalo M. Tavares, no auditório da Reitoria da Universidade de Aveiro.

Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2013


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