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Moléculas Sensacionais
Nome vulgar: Macaco-rhesus Nome científico: Macaca mulatta
O episódio de hoje é dedicado às endorfinas, moléculas que são, literalmente, “as nossas morfinas”. De facto, a designação “endorfina” deriva da expressão “morfina endógena”, ou seja, morfina produzida no próprio corpo. As endorfinas são um grupo de compostos químicos que constitui uma resposta natural do organismo contra a dor. Estruturalmente, são cadeias de dez a trinta aminoácidos, derivadas de uma proteína chamada beta-lipotropina. As endorfinas são produzidas pela glândula pituitária e pelo hipotálamo em resposta a situações tão diversas como a dor, o medo, o exercício físico, a excitação e os sentimentos amorosos intensos. Os seus efeitos no organismo são idênticos aos dos opioides (como a morfina ou a codeína) e produzem analgesia e sensação de bem-estar. A nossa capacidade para lidar com ferimentos muito graves resulta desta ação eficaz no bloqueio da dor. Mas estas moléculas sensacionais podem ser apreciadas noutras situações. Desde o prazer de saborear um chocolate, às sensações aprazíveis de um banho quente, ao alívio da dor por acupunctura. E a sensação de bem-estar sentida após uma atividade física intensa é resultado de um pico na produção de endorfinas. Há ainda quem associe a libertação de endorfinas ao nosso gosto por - imaginem… - alimentos muito picantes! Mas isso vai ter de ficar para um próximo episódio.
Macaco-rhesus
Este macaco castanho, acinzentando ou avermelhado, possui uma face rosada com pouca ou nenhuma pilosidade. O macho pode atingir até 55 cm de comprimento e, se contarmos com a cauda, possui mais 30 cm aproximadamente. São nadadores regulares, é uma capacidade adquirida por crias com 2 ou 3 dias de vida, e já foram observados adultos a atravessar corpos de água com mais de 1 km de extensão. Usam a água para regular a temperatura corporal, escapar de perigo, procurar alimento ou, simplesmente, brincar. Encontram-se extremamente adaptados à coexistência com o Homem e prosperam perto de zonas urbanas, bem como rurais. Devido à sua semelhança anatómica e fisiológica com os Humanos, tem sido a espécie primata de eleição para conduzir investigações relacionadas com saúde animal e humana. O desenvolvimento da vacina da Raiva, Varíola e Poliomielite, criação de drogas de tratamento do vírus HIV/SIDA, compreensão do ciclo reprodutivo feminino e desenvolvimento embrionário teriam sido processos extremamente mais lentos, ou quem sabe impossíveis, sem o auxílio desta simpática espécie. Forneceu também o seu nome ao fator Rhesus, clinicamente o sistema de grupo sanguíneo mais importante, a seguir ao sistema AB0. Em 1940, Landsteiner e Wiener realizaram experiências com o sangue de macacos Rhesus. Ao injetar sangue deste em cobaias, perceberam que estas produziam anticorpos, concluindo que havia nas hemácias do sangue do macaco um antigénio, que foi denominado fator Rh e o anticorpo produzido no sangue da cobaia foi denominado de anti-Rh.
ABC dos Cientistas
Jane Goodall Nascida em Inglaterra em 1934, viajou para África aos 26 anos, para corajosamente entrar no pouco conhecido mundo dos chimpanzés selvagens.
Biodiversus
A primatóloga Jane Goodall tem dedicado toda a sua vida ao estudo dos primatas e à causa da preservação da vida selvagem. Nascida em Inglaterra em 1934, viajou para África aos 26 anos, para corajosamente entrar no pouco conhecido mundo dos chimpanzés selvagens. A sua paixão pelos animais levou-a até Gombe, na Tanzânia, onde viveu 25 anos no ambiente de uma comunidade de chimpanzés (Pan troglodytes), observando e anotando aspetos do seu comportamento diário e conquistando a sua confiança. As suas pesquisas revelaram caminhos revolucionários no pensamento científico sobre a evolução dos primatas e dos humanos. Contribuindo para o avanço dos conhecimentos sobre a aprendizagem social, o raciocínio e a cultura dos chimpanzés, as suas descobertas fizeram frente à teoria de que apenas os humanos podiam ter sentimentos, memórias e personalidade. Após anos de observação, Jane Goodall conseguiu provar à comunidade científica que a fronteira entre o Homem e os demais primatas era bastante mais ténue do que se imaginava na altura. Em 1960, registou uma das suas grandes descobertas ao observar os chimpanzés David Greybeard e Goliath (Jane insistia em atribuir nomes aos chimpanzés em vez de números, como até então era
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habitual fazer-se), a construírem um utensílio a partir de um galho, ao qual tinham previamente arrancado as folhas, para retirarem térmitas do interior do tronco de uma árvore. Depois de conseguirem capturar as térmitas, os chimpanzés levaram o galho à boca, como se fosse uma colher. Tal descoberta constatava que o Homem não era afinal o único animal que construía ferramentas, como acreditavam até então os cientistas. Esta descoberta derrotou de forma definitiva uma crença científica errada, na qual se basearam muitas teorias sobre a evolução, que considerava que a diferença entre o Homo sapiens e os restantes primatas era precisamente a capacidade do primeiro construir utensílios. Entre muitos outros estudos, Jane observou também que os chimpanzés têm personalidades complexas e diferentes entre si e que, tal como os humanos, os seus sentimentos variam de acordo com as circunstâncias.As pesquisas de Jane Goodall transformaram-se no estudo de campo mais exaustivo já realizado sobre os chimpanzés no seu ambiente natural. Nos últimos anos, a primatóloga tem-se dedicado a consciencializar as pessoas sobre a necessidade de conservar a vida selvagem no planeta.
Episódio 5 - Endorfinas
no Aveiro Shopping Center No dia 29 de junho, das 11h00 às 12h00,decorre a segunda sessão do “Clube do cientista” com o tema “A física à nossa volta”. Destinada a crianças a partir dos seis anos, a atividade tem entrada gratuita e decorre no Aveiro Shopping Center. Com o objetivo de “criar pequenos cientistas”, promovendo o gosto pela ciência junto dos mais novos, a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro em parceria com o Aveiro Shopping Center, criou o “Clube do cientista”. Este é um projeto anual que consiste num conjunto de 12 atividades de ciência que decorrem um domingo por mês, de maio de 2014 a abril de 2015. As atividades do “Clube do cientista” destinam-se a maiores de seis anos e decorrem sempre das 11h00 às 12h00, no Aveiro Shopping Center. A entrada é gratuita, sem necessidade de inscrição, e cada sessão tem lotação máxima de 30 participantes. Aos participantes das sessões será entregue o cartão do ”Clube do cientista” para carimbar a participação em cada uma das atividades. Mais informações podem ser obtidas através dos contactos: 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt.
Ciência na Agenda 30 junho>4 julho e 7 julho>11 julho (9h00>17h45) – Férias de verão com ciência, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 27 junho – Escola de verão “ria de aveiro” – “A “saúde” da Ria de Aveiro”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
Figura – Segmento da molécula endorfina. “Moléculas Sensacionais” é um projeto de Paulo Ribeiro Claro (Departamento de Química da Universidade de Aveiro e CICECO) e de Catarina Lázaro (programa Click/Antena 1) em parceria com a Fábrica Centro Ciência Viva
28 junho – “easyPET: radioativa-te” na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 29 junho (11h00) – Clube do Cientista – A física à nossa volta, no Aveiro Shopping Center.
de Aveiro.
Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2013