Laboração contínua

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Experimentandum Assobio de papel

O que precisas? - Pedaço de papel retangular Como fazer? 1 - Pegar numa tira de papel retangular. 2 - Dobrar ao meio, no sentido do comprimento. 3 - Dobrar os dois lados do papel para fora e na direção da dobra anterior.

Extratos do “Caderno de Laboratório de Experiências Musicais Sincréticas” A conceção e implementação de projetos artísticos coletivos que têm o potencial de promover o desenvolvimento humano, a transformação de indivíduos e grupos através de experiências que promovem a expressão, a criatividade, a inclusão e igualdade tem sido o terreno onde temos encontrado algumas das reverberações mais gratificantes para a nossa atividade de criação artística. A participação ativa no ato de criar e fazer música e a procura de novas sonoridades pelo desenvolvimento de instrumentos de expressão musical possibilita a construção de um discurso musical inclusivo. A ligação entre aspetos musicais e visuais, a experimentação de materiais e técnicas, a reciclagem de objetos, a procura de soluções específicas e a criação de meios de expressão personalizados, a procura de relações entre campos de conhecimento aparentemente separados (arte, ciência e tecnologia), tem assumido um papel crucial em muitos dos projetos artísticos que temos realizado e o Pianoscópio é mais um elemento da constelação que procuramos ajudar a expandir. O piano tem ocupado um papel importante em vários dos projetos que temos desenvolvido e ao desenvolvermos uma ideia que “desconstrói” o instrumento mais icónico da música ocidental estamos a contribuir, também, para a construção de uma ideia mais profunda sobre o que é a música. Mas estamos sobretudo a proporcionar uma oportunidade de pura fruição, de descoberta, de expressão. Esse trabalho de reinvenção/redescoberta do piano passa por questionar alguns dos pressupostos em que se baseia

a perceção comum deste instrumento (um instrumento que se toca com as mãos, através dum teclado que aciona um sistema que percute cordas e as abafa, que produz sons com frequências bem definidas e com várias características padronizadas, afinado segundo o sistema temperado, geralmente tocado por uma só pessoa, etc.) e proporcionar uma experiência que transforma o piano num instrumento coletivo, numa escultura sonora capaz de produzir sons de imensas cores, num espaço para ser habitado por pessoas e soar em função das interações entre elas. Após algumas experiências no Conservatório de Música de Aveiro e no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, em 2013, o projeto foi desenvolvido pela Companhia de Música Teatral em parceria com a Universidade de Aveiro, tendo sido estreado em outubro de 2013 no CCB no Festival BIG-BANG. Posteriormente esteve patente no Departamento de Comunicação e Arte integrado na Semana de Ciência e Tecnologia da Universidade de Aveiro. Estas primeiras experiências mostraram o imenso potencial da ideia: o Pianoscópio é simultaneamente uma instalação que pode ser visitada/fruída livremente, um conjunto de workshops onde ocorrem experiências coletivas, criativas e estruturadas, um conjunto de ações de formação para artistas e educadores, um instrumento de criação e performance para artistas, um campo fértil para o cruzamento de ideias entre arte e ciência. O Pianoscópio é basicamente um laboratório. Onde se

Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro · tel. 234 427 053 · www.fabrica.cienciaviva.ua.pt · www.facebook.com/fccva · fabrica.cienciaviva@ua.pt

fazem experiências, se tiram conclusões, constroem e testam modelos. A ideia de base, a de "entrar" dentro do piano, de o explorar, descobrir e expor a partir de vários ângulos sonoros e visuais é em si mesma uma metáfora do método científico e a continuação lógica do universo construído em Anatomia do Piano (apresentado nos Festivais de outono). Não é, portanto, de estranhar, que o Pianoscópio se sinta agora em casa na Fábrica. Parece até ter sido idealizado para este espaço, tal é a sintonia a que se chegou com esta nova implementação. Acentuaram-se algumas questões de visualização do som, idealizaram-se algumas experiências que exploram a fruição estética de elementos da ciência dos sons, construiu-se um “universo” que recria a ideia duma fábrica de sons, onde o resultado dum “dia de trabalho” são composições que as escolas ou famílias produzem. Pianoscópio é um conjunto de "objetos sonoros" construídos a partir de partes de pianos velhos, que coabitam com computadores que processam eletronicamente alguns dos sons, captam imagens e revelam aspetos da “anatomia dos pianos”, analisam e visualizam os sons que se vão produzindo. O piano transforma-se, revela-se, envolve-nos, interroga-nos, deixa-se experimentar. E com isso nós também.

Paulo Maria Rodrigues Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro Criador Residente da CMT

Figura 1- Esquema representativo da estrutura do assobio de papel.

4 - Rasgar um pequeno orifício com os dedos, a meio do primeiro vinco. 5 - Segurar o apito de papel entre dois dedos, com o orifício para o lado das costas da mão, e soprar pela ranhura.

BI dos Objetos Piano

Nome: Piano Data de Nascimento: 1700 Nacionalidade: Italiana Inventor: Bartolomeo Cristofori (1655-1732) Descrição O piano, abreviatura de pianoforte, consiste num instrumento musical de cordas percurtidas por um mecanismo ativado por um teclado, muito semelhante ao clavicórdio e ao cravo. O som é produzido por peças de madeira, designadas de martelos, que ao serem ativadas pelo teclado, tocam nas cordas, fazendo com que vibrem e produzam o som. O primeiro piano, foi inventado no ano de 1700, em Florença, Itália, por Bartolomeo Cristofori (1655-1732), um artesão que repava os cravos da corte real italiana. A invenção do Cristofori consistia num teclado simples, a que ele chamou gravecembalo col et piano forte, (clavicêmbolo com som suave e forte), enfatizando o potencial do piano em produzir diferentes intensidades de sons, suaves ou fortes, dependendo da forma como as suas teclas são tocadas. Cristofori foi aprimorando a sua invenção ao longo dos anos, o que permitiu que o piano fosse ganhando uma popularidade cada vez maior. Em 1730, os pianos já eram amplamente comprados e tocados pela elite europeia.

DOMINGO DE MANHÃ NA BARRIGA DO CARACOL 13 DE JULHO 2014 – 11H 20 DE JULHO 2014 – 11H HISTÓRIA COM CIÊNCIA: O HERÓI DA FORÇA ELÁSTICA Todos temos os nossos heróis. Eu tenho o meu. Que não voa nem salta montanhas nem sabe muito de mil assuntos. É uma criança, tem “só” um coração e vontade gigantes e isso lhe basta para ser e fazer coisas extraordinárias! …Isso e a ciência por trás da força elástica, claro. Duração média 60 minutos Público-alvo 3 aos 8 anos Local Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro Bilhete 5€ por criança (entrada gratuita para um adulto acompanhante) Por marcação 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt

Biodiversus Cigarra

Nome comum: Cigarra Família: Cicadídeos A produção de som é uma característica distintiva de cada espécie de cigarra - cada uma possui a sua própria melodia. É comum ouvi-las durante as noites quentes de verão, já que é nesta época que estes insetos homópteros se dedicam ao acasalamento. Figura 2- Posição em que se deve colocar o assobio de papel e indicação Aquando a corte, o macho exibe os seus “dotes” acústicos, do local onde se deve soprar. produzindo um chamamento bastante audível - que consegue atingir os 100 decibéis, quando irradiado para o ar – fazendo-se O que acontece? ouvir a longas distâncias. Tal acontece pela vibração de áreas O som é a propagação de uma compressão mecânica (onda estriadas da cutícula que se localizam dorsalmente e em cada sonora) em meios materiais (sólidos, líquidos e gasosos). um dos lados do primeiro segmento abdominal (os tímbalos). O Quando sopramos, sentimos nos lábios a vibração do papel e abdómen é oco, criando uma pressão acústica no interior do ouvimos um som estridente. A energia é transferida do fluxo de indivíduo que pode atingir os 140 decibéis. Como medida ar que produzimos para as partes móveis do papel, fazendo-as compensatória ambos os sexos possuem um par de membranas, vibrar. Esta vibração, por sua vez, é comunicada ao ar próximo ligadas ao órgão auditivo, que reagem, dobrando-se, quando a das estruturas vibrantes. amplitude sonora é demasiado elevada. A onda mecânica propaga-se no ar até aos nossos ouvidos onde Para além da função de acasalamento, a comunicação acústica irá fazer vibrar o tímpano, o martelo, o estribo e a bigorna, os nas cigarras pode também ser útil para agrupar elementos da três ossos mais pequenos do nosso corpo. Estas perturbações são mesma espécie, delimitar territórios, agressão ou alarme contra depois convertidas em impulsos elétricos que chegam ao cérebro. predadores.

Ciência na Agenda 13 e 20 julho (11h00) - Domingo de manhã na barriga do caracol – “O herói da força elástica”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 21 a 25 julho – XI Congresso Internacional Hands-on Science, na Universidade de Aveiro. 27 julho (11h00) – Clube do Cientista – “Criar dunas”, no Aveiro Shopping Center. 30 julho - A Fábrica vai... à Pampilhosa da Serra, com o espetáculo de ciência “Química por Tabela 2.0”, no âmbito do projeto Cientistas na Serra.

Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2013


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