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Biodiversus Sobreiro
Nome comum: Sobreiro Nome científico: Quercus suber
A cortiça em aplicações de proteção individual Em boa verdade, as capacidades isoladoras da cortiça já eram exploradas há mais de um século em capacetes de bombeiros e militares por todo o mundo.
Figura: Espessura final da cortiça aglomerada e esferovite após um mesmo impacto.
Ponto prévio: Portugal é o maior produtor e transformador de cortiça a nível mundial. Talvez por isto, o chamado material de excelência nacional tem vindo ao longo dos últimos anos a ter a sua gama de aplicação estendida das tradicionais rolhas para os mais diversos campos, desde pranchas de surf, sapatos, guarda-chuvas, joias e até componentes de naves espaciais. Aliás, a cortiça hoje em dia tornou-se uma espécie de canivete suíço à portuguesa que realiza uma panóplia de funções diferentes! Todavia, o uso da cortiça em capacetes, sejam rodoviários ou para proteção no trabalho, não é de todo uma novidade, visto ter sido utilizado nos primeiros tempos do desporto automóvel. Alguns poderão se lembrar de Sir Stirling Moss (o lendário piloto britânico) a conduzir o seu Fórmula 1 num capacete cujo interior era constituído por cortiça. Em boa verdade, as capacidades isoladoras da cortiça já eram exploradas há mais de um século em capacetes de bombeiros e militares por todo o mundo. A questão é que olhando para os capacetes de hoje em dia, já não se vê lá cortiça nenhuma! O que aconteceu? O advento dos materiais sintéticos nos anos 70, e mais concretamente o das espumas sintéticas. Entras estas, o poliestireno expandido, conhecido como esferovite (ou isopor para os leitores brasileiros) conquistou o mercado das aplicações de produtos que precisam absorver impacto. E porque? É barato, é leve, absorve muita energia de impacto e pode ser injetado em qualquer formato. Brilhante portanto! E onde então é que a cortiça, e mais especificamente a cortiça aglomerada (aquela que os fabricantes de rolhas de qualidade extra não querem usar) entra? A figura ao lado ajuda a explicar. O esferovite tem uma característica que até os bebés já experimentaram ao desembrulhar os brinquedos no Natal.
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Ele amassa quando sujeito a uma pancada e não retorna à forma original. Uma mesma pancada na cortiça produz um resultado diferente com esta a retornar à sua forma inicial. Assim, pode-se dar várias pancadas na cortiça e ela susterá o impacto de forma invariável. Um segundo impacto no esferovite teria consequências desastrosas com o material a desintegrar-se. A questão seguinte é: é necessário um capacete que sustente vários impactos? Imagine-se os jogadores de futebol americano, a darem pancadas frontais durante grande parte do jogo, ou um acidente rodoviário onde um motociclista seja projetado e bata contra vários obstáculos (o youtube é rico em vídeos destes). Em boa verdade, as normais internacionais mais exigentes e com cada vez mais energia. Se pensarmos em esferovite, e ainda que seja na sua forma mais densa, isto implica cada vez mais aumentar as espessuras da camada de absorção. Não demorará muito a termos capacetes com dimensões comparáveis aos dos astronautas. Existem outros materiais sintéticos com esta capacidade de retorno à forma inicial. Os chinelos Crocs ou Havaianas (perdoem a publicidade) utilizam um material chamado EVA que retorna à forma inicial após deformação. Porém…não é um material nacional, não é reciclável e muito menos sustentável. Com todas estas vantagens, é caso para dizer, viva a cortiça, o canivete suíço à portuguesa! Ricardo Sousa Grupo de Investigação GRIDS-TEMA Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro
Climas de amplitudes térmicas suaves, humidade atmosférica constante e elevada incidência de raios solares, são alguns dos requisitos ecológicos desta espécie no seu habitat natural. Em Portugal é passível de ser encontrada em praticamente todo o território, sendo maior a abundância à medida que nos deslocamos para sul. A nível mundial surge entre o sul da Europa e o norte de África. Na identificação deste espécime pode recorrer-se, por exemplo, à observação da sua estrutura, enquanto árvore adulta, e das suas folhas. Apresenta uma copa ampla e porte médio, rondando os 15 a 20 metros de altura; as folhas têm forma oblonga, de margem inteira ou ligeiramente dentada, a página superior exibe uma cor entre o verde e o verde acinzentado, enquanto a página inferior é esbranquiçada, devido a uma densa pelagem que evita perdas de água excessivas – adaptação ao clima mediterrânico. A característica mais marcante e que, por conseguinte, dá nome à espécie, é o revestimento do tronco por uma casca suberosa (rica em suberina) a que vulgarmente se denomina cortiça. Esta adaptação protege o indivíduo contra os fogos sazonais que ocorrem principalmente durante o período mais seco.
Moléculas Sensacionais Episódio 6 - Acetilcolina
Se os episódios anteriores lhe despertaram o interesse, então é natural que esteja a ler este com atenção… o que significa que está a usar ativamente outra molécula sensacional: a acetilcolina. A acetilcolina é mais um daqueles neurotransmissores com funções diversificadas no nosso organismo, tanto no sistema nervoso central como no sistema nervoso periférico. No cérebro, este neurotransmissor tem um papel importante nos processos de memória e aprendizagem. Desde o final do século passado que se sabe que o decréscimo de acetilcolina na região cerebral do hipocampo impede a fixação de novas memórias. Mas a investigação científica mais recente indica que noutras regiões do cérebro a acetilcolina tem um papel diferente, sendo responsável pelo processo cognitivo da atenção. De acordo com estes estudos, a acetilcolina é a molécula-chave no bloqueio seletivo dos estímulos que chegam ao cérebro, isto é, no mecanismo que nos permite dar atenção a um assunto que nos interessa e ignorar todas as distrações à nossa volta. Não prestou atenção? Eu repito: a acetilcolina é uma molécula fundamental no mecanismo cerebral que nos permite, em cada instante, dar atenção ao assunto que nos interessa e ignorar todos os outros estímulos à nossa volta. Se leu com atenção agora, então a acetilcolina esteve mesmo a atuar no seu cérebro!
Mais vale saber…
No dia 27 de julho, das 11h00 às 12h00,decorre a terceira sessão do “Clube do cientista” com o tema “Criar dunas”. Destinada a crianças a partir dos seis anos, a atividade tem entrada gratuita e decorre no Aveiro Shopping Center. Com o objetivo de “criar pequenos cientistas”, promovendo o gosto pela ciência junto dos mais novos, a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro em parceria com o Aveiro Shopping Center, criou o “Clube do cientista”. Este é um projeto anual que consiste num conjunto de 12 atividades de ciência que decorrem um domingo por mês, de maio de 2014 a abril de 2015. As atividades do “Clube do cientista” destinam-se a maiores de seis anos, e decorrem sempre das 11h00 às 12h00, no Aveiro Shopping Center. A entrada é gratuita, sem necessidade de inscrição, e cada sessão tem lotação máxima de 30 participantes. Aos participantes das sessões será entregue o cartão do ”Clube do cientista” para carimbar a participação em cada uma das atividades. Mais informações podem ser obtidas através dos contactos: 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt.
Composição química e propriedades da cortiça
A cortiça é a casca do sobreiro, ou seja, é um tecido vegetal 100% natural. É formada por uma colmeia de células microscópicas preenchidas com um gás semelhante ao ar e revestidas maioritariamente por suberina (45%) - principal componente das paredes das células e responsável pela elasticidade da cortiça, e lenhina (27%) - composto isolante. Apresenta também na sua composição outros compostos, como os polissacáridos (12%) componentes das paredes das células que ajudam a definir a textura da cortiça, ceroides (5%) - compostos hidrofóbicos que asseguram a impermeabilidade da cortiça e taninos (6%) compostos polifenólicos responsáveis pela cor. A sua composição química proporciona-lhe propriedades únicas: leveza, impermeabilidade a líquidos e a gases, elasticidade e compressibilidade, isolante térmico e acústico, combustão lenta e muito resistente ao atrito. Além disso, é totalmente biodegradável, renovável e reciclável. As aplicações para a cortiça são cada vez mais surpreendentes, desde a utilização na construção e na arquitetura, no design, na fabricação de vestuário, joias e calçado, no mobiliário, na decoração, na saúde e cosmética, na produção de energia, no controlo de poluição, entre muitas outras aplicações originais e, ainda, por descobrir.
no Aveiro Shopping Center
Ciência na Agenda 21 a 25 julho – XI Congresso Internacional Hands-on Science, na Universidade de Aveiro. 27 julho (11h00) – Clube do Cientista – “Criar dunas”, no Aveiro Shopping Center. 30 julho - A Fábrica vai... à Pampilhosa da Serra, com o espetáculo de ciência “Química por Tabela 2.0”, no âmbito do projeto Cientistas na Serra. 6 agosto - A Fábrica dinamiza um sessão integrada no Workshop Figura – Representação da molécula de acetilcolina.
Divulgação Científica e Arte, na Universidade Federal de São Carlos, Brasil.
“Moléculas Sensacionais” é um projeto de Paulo Ribeiro Claro (Departamento de Química da Universidade de Aveiro e CICECO) e de Catarina Lázaro (programa Click/Antena 1) em parceria com a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
7 a 10 agosto - A Fábrica vai... ao VIII Encontro de Teatro Científico - Ciência em Cena, com a peça “Nosso tempo”, em São Paulo, Brasil.
Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2013