Laboração continua

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Moléculas Sensacionais

Alexander Fleming O pormenor que lhe captou a atenção terá sido a margem límpida e relativamente afastada do fungo, onde não tinha ocorrido proliferação da bactéria.

Alexander Fleming nasceu a 6 de agosto de 1881, em Lochfield, Escócia. Filho do segundo matrimónio do seu pai, Hugh Fleming, com Grace Morton. Inicia o seu percurso escolar na terra natal, antes de se mudar para Londres onde completa a escolaridade na Escola Técnica com 16 anos, empregando-se, de seguida, na companhia de navegação American Line, desempenhando funções administrativas. Em 1900, juntamente com um dos seus sete irmãos, alista-se no London Scottish Regiment, onde se mantém cerca de dois anos sem nunca estar na frente de batalha. Aos vinte anos, Fleming consegue cumprir o seu sonho, começa a frequentar o curso de medicina, na Escola Médica do Hospital de St. Mary. Além de se ter destacado como grande desportista, nas modalidades de tiro e pólo aquático, demonstrou ser um aluno brilhante. Aquando do término do curso, em 1906, Fleming inicia o seu trabalho no departamento de inoculação do bacteriologista e patologista Almroth Wright. É durante a Primeira Guerra, onde realizava um estudo sobre os micro-organismos presentes nas feridas dos soldados, que contrai matrimónio com a irlandesa Sara MacElroy, uma jovem enfermeira, de quem viria a ter um filho. É, igualmente, nesta altura que avalia o poder antibacteriano dos leucócitos contidos nos exsudados das feridas, que contribuem, mais tarde, para a sua descrição sobre as propriedades da lisozima, em 1922.

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Montagem a partir do retrato de Alexander Fleming (fonte: http://www.gstatic.com/)

Episódio 8 - Adrenalina

Após a guerra, o cientista regressa ao departamento de Wright. A descoberta da penicilina viria a ser um acaso, em 1928, quando, ao regressar ao seu laboratório, Fleming observa que numa das caixas de Petri que havia cultivado com estafilococos se desenvolvera um fungo. O pormenor que lhe captou a atenção terá sido a margem límpida e relativamente afastada do fungo, onde não tinha ocorrido proliferação da bactéria. Esta viria a ser considerada como uma das mais importantes descobertas da história da medicina, valendo a Fleming várias condecorações durante a sua vida. O Prémio Nobel da Medicina chegou em 1945, partilhado com o patologista Howard Florey e o bioquímico Ernst Chain, cientistas que participaram no processo de produção industrial da penicilina. O seu sucesso e reconhecimento mundial levam-no a assumir a liderança do departamento de inoculação, no ano seguinte. Em 1949 perde a sua esposa, voltando a casar-se quatro anos mais tarde com a grega Amália Voureka, uma recém-chegada cientista aos laboratórios de Fleming. Este matrimónio viria a ser curto, uma vez que, quando se encontra prestes a completar 74 anos, no dia 11 de março de 1955, sofre um inesperado ataque cardíaco, que acaba por ser fatal. As suas cinzas estão depositadas na catedral de St. Paul, em Londres.

Biodiversus Bolor

De uma forma ou de outra, todos nós sabemos reconhecer as sensações provocadas por um susto: um calafrio, um aperto do estômago, os olhos que se abrem, o coração acelerado, a palidez de quem ficou “sem pinga de sangue”… O que talvez não saiba é que quase todas estas sensações são o resultado direto de uma única molécula: a sensacional adrenalina. A adrenalina é uma hormona que faz parte do mecanismo de “luta ou fuga”, ou seja, o mecanismo que prepara o corpo para responder a uma ameaça. Quando o cérebro é confrontado com algo de inesperado, que exige uma resposta imediata, desencadeia uma série de ações de preparação para “lutar ou fugir”, entre as quais a libertação imediata de adrenalina das glândulas suprarrenais para corrente sanguínea. E a adrenalina faz o seu papel: aumenta o afluxo de oxigénio e de glucose ao cérebro e aos músculos, e suprime atividades não essenciais em situação de emergência, como, por exemplo, a digestão. Para tal, aumenta a pressão arterial, aumenta o ritmo cardíaco, dilata as pupilas, dilata os brônquios, dilata os vasos sanguíneos dos músculos e contrai os vasos sanguíneos da pele e dos intestinos. Ufa! Num instante ficamos preparados – nem que seja para descobrir que afinal era apenas alguém a pregar-nos uma partida.

Nome vulgar: Bolor Nome científico: Penicillium chrysogenum

Figura – Representação da molécula de adrenalina. “Moléculas Sensacionais” é um projeto de Paulo Ribeiro Claro (Departamento de Química da Universidade de Aveiro e CICECO) e de Catarina Lázaro (programa Click/Antena 1) em parceria com a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

Vulgarmente conhecido como bolor, o Penicillium chrysogenum é um fungo que cresce em matéria orgânica biodegradável, principalmente no solo e outros ambientes húmidos e escuros. Os bolores são fungos filamentosos que possuem como elemento constituinte as hifas, designadas no seu conjunto por micélio. O micélio vegetativo geralmente fica em contacto com o substrato e serve para a absorção de nutrientes, enquanto que o micélio reprodutivo é constituído pelas estruturas reprodutivas (conidióforos) e geralmente fica em contacto com o ar. A reprodução assexuada é então feita através de esporos (conídios) azuis a verde-azulados, transportados por correntes de ar. O nome do género Penicillium deve-se à forma de pincel (peniciliforme) dos conidióforos. Penicillium chrysogenum é produtor de vários antibióticos, sendo a penicilina o mais conhecido. Acredita-se que a ação bactericida confere a estes fungos vantagem seletiva na competição com as bactérias por fontes de alimento. Muitas outras espécies do género Penicillium apresentam também valor biotecnológico, como por exemplo Penicillium camemberti e Penicillium roqueforti, utilizadas na produção de queijos.

Fábrica leva peça de teatro “Claro como água!” a Barcelona

Selecionada pelo júri da 15ª edição do Ciencia en Acción, a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro sobe ao palco com a peça “Claro como água!”, um dos trabalhos vencedores para ser apresentado na final que terá lugar na CosmoCaixa de Barcelona, de 3 a 5 de outubro, na modalidade “Puesta en Escena”. “Ciencia en Acción” é uma iniciativa do Conselho Superior de Investigações Científicas, do Instituto de Ciências Matemáticas, da Real Sociedade Espanhola de Física, da Real Sociedade Espanhola de Química, da Sociedade Espanhola de Bioquímica e Biologia Molecular, da Sociedade Geológica de Espanha e da Universidade Nacional de Educação à Distância. Este programa aproxima a ciência e a tecnologia do grande público de uma maneira dinâmica e fácil. O seu principal objetivo é apresentar a ciência de uma forma atrativa e motivadora para o público geral e que, durante todo o concurso, desfrutem das várias atividades, assistindo às conferências, observando e participando na feira, vivendo experiências diversas. “Ciencia en Acción” destina-se a estudantes, professores, investigadores e divulgadores de ciência. O trabalho que representará a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro intitula-se “Claro como água!”, e é uma das suas mais recentes produções. Num registo que se pretende cativante, a peça aborda a Água de diversos pontos de vista do conhecimento, incluindo a realização, em palco, de experiências simples. A peça é um convite à reflexão sobre questões fundamentais como são as nossas relações com os outros e com a água, de que dependemos para viver.

Ciência na Agenda 3 a 5 outubro – A Fábrica vai… ao Ciencia en acción XV, com a peça “Claro como água”, em Barcelona, Espanha. 26 outubro (11h00) – Clube do Cientista – “Enigmas matemáticos”, no Aveiro Shopping Center.

Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2013


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