Laboração continua

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Caviar de café por Daniel Ruswick

Episódio 19: Cafeína

Estudo mostra que a cafeína é eficaz no combate à Depressão capaz de inverter os efeitos provocados pela exposição inicial a Stress Crónico Imprevisível e os animais recuperam para níveis semelhantes aos do grupo de controlo (constituído por ratinhos saudáveis)», sublinha Rodrigo Cunha. À questão sobre quando é que este fármaco poderá estar no mercado, o docente da UC afirma que, embora seja necessário efetuar um ensaio clínico, «a transposição para a prática clínica pode ser bastante rápida, assim haja vontade da indústria farmacêutica, porque estamos perante um fármaco seguro, já utilizado nos EUA e no Japão para o tratamento da doença de Parkinson». O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), Departamento de Defesa dos EUA e The Brain & Behavior Research Foundation (NARSAD).

O episódio de hoje pode ser bastante estimulante! Basta ouvi-lo na dose certa. Vou falar-vos da Cafeína, a molécula sensacional do café. Segundo a lenda mais popular, a descoberta do café deve-se a um pastor da Abissínia que estranhou a agitação das suas cabras quando comiam as bagas de um certo arbusto – o cafeeiro. Mas não é apenas o cafeeiro que produz cafeína. Esta substância é produzida por outras plantas que estão na base de diversas bebidas estimulantes, um pouco por todo mundo: na planta do chá (sim, o chá tem cafeína!), na erva-mate, nas nozes de cola, e até no cacau, … esse, o do chocolate! A molécula de cafeína é estimulante, ou “tira o sono”, por competição com uma outra molécula semelhante do nosso organismo, a adenosina. A adenosina acumula-se no sistema nervoso central em resultado da atividade prolongada - por exemplo, depois de uma jornada de trabalho, ou de algumas horas de estudo. Esta adenosina é detetada pelo cérebro através de recetores próprios e, quando atinge níveis elevados, induz as sensações de cansaço e de sonolência que bem conhecemos. Ora, a molécula de cafeína consegue encaixar-se nesses mesmos recetores, bloqueando-os e, desse modo, impede o cérebro de “saber” que os níveis de adenosina estão elevados. Só falta dizer que as plantas produzem cafeína como inseticida, para se protegerem das pragas. O facto de também servir para afastar o sono é apenas uma coincidência… sensacional!

Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra) Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva

“Moléculas Sensacionais” é um projeto de Paulo Ribeiro Claro (Departamento de Química da Universidade de Aveiro e CICECO) e de Catarina Lázaro (programa Click/Antena 1) em parceria com a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

O consumo de cafeína é eficaz tanto na prevenção como no tratamento da Depressão, revela um estudo internacional, coordenado pelo português Rodrigo Cunha, acabado de publicar na revista da Academia Americana de Ciências “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS). Ao longo de seis anos, uma equipa de 14 investigadores da Alemanha, Brasil, Estados Unidos da América e Portugal, coordenados por Rodrigo Cunha, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), efetuou um conjunto de estudos e experiências em modelos animais (ratinhos) para avaliar em que medida a cafeína interfere na Depressão, a doença com maiores custos socioeconómicos do mundo ocidental. A equipa começou por sujeitar dois grupos de ratinhos a situações de Stress Crónico Imprevisível, isto é, a sucessivas situações negativas e por vezes extremas (privação de água, exposição a baixas temperaturas, etc.), durante três semanas. A um dos grupos foi administrada cafeína diariamente. No final da experiência observou-se que os animais que consumiam cafeína, em doses equivalentes a quatro / cinco chávenas de café por dia em humanos, «apesar de todas as situações negativas a que foram sujeitos, apresentavam menos sintomas em relação ao outro

grupo, que registou as cinco alterações comportamentais típicas da depressão: imobilidade (os ratinhos deixaram de reagir), ansiedade, anedonia (perda de prazer), menos interações sociais e deterioração da memória», explica o coordenador do estudo. A segunda fase da pesquisa consistiu em identificar o alvo molecular responsável pelas modificações observadas, tendo os investigadores concluído que os recetores A2A para a adenosina (que detetam a presença de adenosina, uma molécula que sinaliza perigo no cérebro) são os protagonistas de todo o processo. Considerando um estudo anterior realizado nos EUA, no qual Rodrigo Cunha havia participado como consultor científico, em que doentes de Parkinson tratados com istradefilina – um novo fármaco da família da cafeína antagonista dos recetores A2A (fármaco que inibe a atuação dos A2A) – mostraram melhorias significativas, a equipa decidiu aplicar este medicamento nos ratinhos deprimidos. Em apenas três semanas de tratamento, «o fármaco foi

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O que precisas? - Café - Alginato de sódio - Cloreto de cálcio - Água - Pipeta de Pasteur - 2 Recipientes - Varinha mágica - Coador - Balança decimal Como fazer? 1. Dissolver 3,3 g de alginato de sódio em 100 mL de água, utilizando a varinha mágica. 2. Preparar 150 mL de café forte e adicionar à solução de alginato. 3. Deixar repousar 30 minutos para que as bolhas de ar se libertem. 4. Preparar o banho de cálcio, dissolvendo 4,8 g de cloreto de cálcio em 240 mL de água. 5. Encher a pipeta com a mistura de café e alginato e deixar cair, gota a gota, sobre o banho de cálcio. 6. Retirar as esferas formadas com um coador e passar por água. 7. Provar de imediato. O que acontece? As gotas de café com alginato gelificam ao entrarem em contacto com a solução de cálcio, formando imediatamente esferas gelificadas. Os alginatos são açúcares extraídos de algas castanhas, principalmente das espécies Ascophyllum nodosum, Laminaria digitata e Fucus serratus, que gelificam na presença de iões cálcio, formando então esferas com líquido no seu interior. Este processo chama-se esferificação direta e é muito utilizado em gastronomia molecular. por Lavazza

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Experimentandum

Moléculas Sensacionais

FÁBRICA CENTRO CIÊNCIA VIVA DE AVEIRO

CIÊNCIA VIVA NA RUA

12 SETEMBRO’15 | 14H30 >18H30 Para terminar em grande o programa Ciência Viva no verão em Rede, a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro irá dinamizar num só dia, duas mãos cheias de atividades em que os participantes poderão ver e experimentar vários fenómenos científicos! A participação é gratuita e não requer inscrição. Esperamos por si para, juntos, nos despedirmos do verão! ATIVIDADES À volta da água Anatomia da flor Aprender ciência a brincar Do sensor ao robô Faz os teus sais de banho Fornos solares e pipocas Hologramas desenhados à mão Impressão 3D Não me toques que me eletrificas Saber em gel Local entrada do edifício da Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro Público-alvo a partir dos 3 anos Contactos 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt A participação é gratuita!

Ciência na Agenda

25 set

10h00 Noite Europeia dos Investigadores 2015, na >00h00 Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2015


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