De uma maneira geral, a designação “superalimentos” refere-se a alimentos, especialmente frutos e hortícolas, cuja composição nutricional confere mais benefícios para a saúde comparativamente a outros alimentos. Exemplos de superalimentos incluem os mirtilos, o açaí, as romãs, a beterraba, o cacau e o salmão. Os mirtilos são dos superalimentos mais populares havendo estudos que indicam que são ricos em compostos antioxidantes e que a presença das antocianinas em elevada concentração nestas bagas tem efeitos benéficos contra o cancro do cólon. A polpa do fruto do açaí também possui propriedades antioxidantes relevantes e os resultados dos estudos com sumo de romã sugerem que o fruto possa contribuir para a diminuição da tensão arterial a curto prazo, bem como para a redução do stress oxidativo em indivíduos saudáveis. A beterraba tem sido proposta como um superalimento para o coração, contribuindo para a diminuição da pressão sanguínea e tendência para a formação de coágulos. Da mesma forma, o cacau também tem sido associado à diminuição do risco de doença coronária devido à concentração elevada de flavonoides e o salmão integra a lista dos superalimentos pela sua composição em ácidos gordos ômega-3 que previnem problemas cardíacos. Apesar das evidências acima descritas, é importante ter em conta a aplicação dos resultados destes estudos às dietas praticadas. Isto porque, nestes estudos, são utilizadas doses muito elevadas de nutrientes, que não se conseguem atingir, de forma realista, no contexto de uma dieta normal. Além disso, os efeitos fisiológicos da maioria destes alimentos são a curto-prazo, o que significa que os indivíduos necessitariam de os consumir regularmente de forma a aproveitarem os benefícios. Por outro lado estes estudos utilizam animais ou experiências in vitro com isolados de células humanas, que não dão garantias de que os compostos apresentem os mesmos efeitos quando ingeridos através da alimentação. Os fatores genéticos, a dieta e o estilo de vida variam de pessoa para pessoa, dificultando o estudo do impacto dos nutrientes na saúde. Estes alimentos são ainda estudados de forma isolada, não refletindo a alimentação real, sabendo-se que, em alguns casos, o consumo combinado de alimentos aumenta a capacidade de absorção dos nutrientes pelo organismo. Este aspeto realça a importância da prática de uma dieta rica numa grande variedade de alimentos nutritivos contrariamente a uma alimentação baseada apenas no consumo de um ou mais superalimentos. De forma a assegurar-se uma ingestão nutricional adequada, deve-se portanto apostar no consumo de uma grande variedade de alimentos nutritivos, nomeadamente de frutos e hortícolas, e não apenas de alimentos rotulados como “super”.
Uso obrigatório de termo científico
por Lukasz Kowalewski
Superalimentos
Por que razão engordamos? São numerosos os estudos que mostram que os carboidratos prejudicam mais a saúde do que as gorduras saturadas aumentando os níveis de açúcar e colesterol sanguíneo, e promovendo a diabetes tipo 2, as doenças cardiovasculares e o cancro. Os primeiros hominídeos evoluíram ao longo de milhões de anos alimentando-se do que a Natureza lhes dava: peixe, carne, ovos, bagas e partes aéreas das plantas. O desenvolvimento do cérebro humano terá sido favorecido por uma alimentação que fornecia essencialmente gorduras e proteínas extraídas dos animais que o homem primitivo caçava e pescava. A introdução em 1977 das novas orientações alimentares para os americanos, baseadas numa dieta rica em carboidratos e pobre em gorduras, precisamente o oposto da alimentação que fizemos ao longo de milhões de anos, teve um efeito desastroso na nossa saúde. A obesidade, diabetes tipo 2, síndrome metabólica e cancro tem aumentado de forma galopante na população da maioria dos países ocidentais, atingindo valores nunca antes vistos. De facto, é comum considerar que as gorduras saturadas são a principal causa de obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes, mas, na realidade, não há nenhum estudo que o comprove. Esta ideia de que as gorduras saturadas são o principal inimigo da nossa saúde cardíaca surgiu de um estudo realizado nos anos 50 do século XX sobre a relação entre o consumo de
Quem não sabe, inventa
gorduras saturadas e a incidência de doenças cardiovasculares na população de dezenas de países. Todos acreditaram nas conclusões do autor desse estudo, Ancel Keys, e ninguém reparou que ele eliminara da sua estatística países como a Noruega e a Holanda, que, apesar de apresentarem consumos elevados de gorduras saturadas, tinham baixíssima incidência de problemas cardiovasculares. Por outro lado, eliminou também do estudo países como o Chile, que apesar de consumirem poucas gorduras saturadas tinham uma elevada incidência deste tipo de doenças. As conclusões, feitas à custa da manipulação dos resultados, ditaram as orientações nutricionais sobre as gorduras nas últimas décadas. Em particular, fizeram-nos temer as gorduras saturadas presentes nas carnes, laticínios e ovos. São numerosos os estudos que mostram que os carboidratos prejudicam mais a saúde do que as gorduras saturadas aumentando os níveis de açúcar e colesterol sanguíneo, e promovendo a diabetes tipo 2, as doenças cardiovasculares e o cancro. Tudo leva a crer que uma dieta bem formulada com baixo teor de carboidratos melhora a glicémia, o colesterol e os triglicerídeos do sangue e reduz os processos
Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro · tel. 234 427 053 · www.fabrica.cienciaviva.ua.pt · www.facebook.com/fccva · fabrica.cienciaviva@ua.pt
inflamatórios, evitando o recurso a medicação. A Suécia foi o primeiro país ocidental a emitir orientações que rejeitam o dogma da dieta baixa em gorduras em favor da redução dos carboidratos e aumento das gorduras na alimentação. Essa mudança das orientações nutricionais seguiu-se à publicação de um estudo realizado pelo Conselho Sueco Independente de Avaliação das Tecnologias da Saúde, depois de rever 16.000 trabalhos científicos publicados até maio de 2013. Daí resultou a proposta de uma nova pirâmide alimentar, recomendada desde 2013, onde os fornecedores de carboidratos como os cereais, tubérculos e leguminosas estão no topo e os legumes, com valores quase residuais deste macronutriente, são a base da alimentação. Engordamos porque ingerimos demasiados carboidratos. Em vez de olharmos para os teores de gorduras dos alimentos, deveríamos antes olhar para o teor de açúcar e de outros carboidratos. Ana Carvalhas (Nutricionista) Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
Exercício de Escrita Criativa
Espera… Então, era isto?! O jantar inteiro ia ser uma aula teórica, sem fim à vista, em plena sexta-feira à noite?!? Não! “Chega, calem-se!”, gritei de repente. Sem necessidade, eu sei; não me ficou bem aquele tom agressivo, é verdade. Mas aquilo era só “quark, quark, quark, quark”: “ai, o quark aqui é elementar!”; “que composições de quark!”; “mmm, a base é o quark!”; “ena, que sabores de quarks!”; “são espantosas estas combinações de quarks!”, “um quark só?! Não existe!” --- Insuportável. Estávamos nos aperitivos ainda, e já o assunto assim fechado em física de partículas?! Que disparate! Há mais mundo além do trabalho! Não podia permitir. Ao trigésimo “quark”, gritei… Melhor do que lhes esganar logo as gargantas e com elas fazer arroz de pato---que era o que me pareciam: a grasnarem física, “quark, quark”, num jantar (de colegas de profissão, é certo, mas) supostamente light, cool, saudável, feito só de superalimentos! … Uihh… Como é que eu ia adivinhar que “quark” era o nome daquele queijinho delicioso, que aparecia na mesa em conjuntos muito bem empratados, em composições de tostas lindas, das mais variadas maneiras, combinado com tudo?! “Quark” lá é nome de queijo?! … Que pato… por Anita Peeples
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Mais vale saber…
CAFÉS DE CIÊNCIA
CONVERSAS COM LUZ NANOPIRILAMPOS 6ª FEIRA | 16 OUTUBRO’15 | 21H30 TITO TRINDADE
Departamento de Química da Universidade de Aveiro CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro
Amanhã, dia 16 de outubro, pelas 21h30, no Hotel Moliceiro, acontecerá mais um Café de Ciência organizado pela Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro e pela Universidade de Aveiro, do ciclo “Conversas com Luz”. Este Café de Ciência intitula-se “Nanopirilampos” e conta com Tito Trindade como orador convidado. A luz emitida pelo pirilampo deve-se à bioluminescência. Este processo é assim designado pois neste caso a emissão de fotões resulta de uma reação química que ocorre num ser vivo. Este será o ponto de partida para descobrir como os químicos fabricam nanopartículas luminescentes para aplicações muito diversas. Curiosamente, um desafio neste campo tem sido o de obter partículas cuja emissão de luz tem rendimento comparável ao conseguido pelos pirilampos mas sem o característico “pisca-pisca”! Como sempre, a entrada é livre e a conversa aberta à participação do público. Mais informações: 234 427 053 ou fabrica.cienciaviva@ua.pt
PS: Quark é um queijo muito popular na culinária de vários países, como os de língua alemã, do norte da Europa, dos Países Baixos, países eslavos, povos judeus, entre outros. É fresco, branco, cremoso e levemente ácido. Rico em cálcio e proteínas (de absorção lenta) e pobre em hidratos de carbono e em gordura, é bastante procurado, hoje, como alimento extraordinariamente saudável. Na física de partículas, quark é uma partícula elementar e um dos dois elementos básicos que constituem a matéria (com o leptão). Quarks combinam-se para formar partículas compostas e devido a um fenómeno chamado confinamento nunca são encontrados isoladamente. Existem seis tipos de quarks, conhecidos como “sabores” (up, down, strange, charm, bottom, top).
25 set >
15
out
16 out 17 out >
15 nov
até
25 out
Ciência na Agenda Exposição resultante do “Luz em Flash” – Concurso de Fotografia Glicínias Plaza, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
21h30 Cafés de Ciência | Conversas com Luz -
Nanopirilampos, com Tito Trindade, no Hotel Moliceiro. Exposição resultante do “Luz em Flash” – Concurso de Fotografia Glicínias Plaza, no Glicínias Plaza, em Aveiro.
09h00 Exposição Itinerante de Hologramas >18h00 Janelas de Luz, na Reitoria da Universidade de
Aveiro.
Perspetivas Arte&Ciência - Exposição Coletiva de Imagens Científicas “Nanos”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.
Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2015