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Imagem: Laboratório de Microbiologia (MicroLab)

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17 de setembro | Dia Internacional do Microrganismo A 17 de setembro comemora-se o Dia Internacional do Microrganismo. Esta iniciativa teve início em Portugal, em 2017, tendo sido promovida pela Sociedade Portuguesa de Microbiologia (SPM) e outras associações nacionais relacionadas com as ciências da vida e divulgação de ciência. Entretanto, o Dia Internacional do Microrganismo rapidamente se internacionalizou e, atualmente, é um evento de dimensão global, sendo comemorado por todo o mundo (https://www. internationalmicroorganismday.org). Por esta altura, seguramente, já se colocaram duas questões. Porquê celebrar os microrganismos? Porquê no dia 17 de setembro? Comecemos por responder à segunda questão. A data escolhida tem uma carga simbólica especial. A 17 de setembro de 1863, Antonie van Leeuwenhoek, um comerciante holandês, sem formação académica ou científica, mas com uma curiosidade imensa, enviou uma carta à Royal Society of London onde descrevia, pela primeira vez, organismos microscópicos, mais especificamente, bactérias da placa dentária. Antonie van Leeuwenhoek construiu microscópios e aperfeiçoou as lentes usadas nos seus sistemas óticos, o

que permitiu obter ampliações extraordinárias e, deste modo, observar e descrever microrganismos. Poder-se-á dizer que esta data corresponde, de certo modo, ao nascimento da microbiologia. Por este motivo Antonie van Leeuwenhoek é, por vezes, apelidado de pai da microbiologia. E voltando à primeira questão, porquê celebrar os microrganismos? O Dia Internacional do Microrganismo tem como objetivo principal destacar o papel fundamental que os microrganismos desempenham não só nas ciências da vida, mas também na nossa vida quotidiana. Pretende-se, igualmente, contribuir para um aumento da literacia em microbiologia da sociedade, algo que nunca foi tão relevante como na atualidade. Celebrar os microrganismos pode parecer algo estranho, especialmente se pensarmos nestes como agentes infeciosos causadores de doenças. No entanto, olhar para os microrganismos apenas desta perspetiva é extremamente redutor, pois tal não reflete de modo algum a realidade. Embora existam vários microrganismos que causam doenças em seres humanos, outros animais e até em plantas, estes são apenas uma pequena fração da

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vastíssima diversidade invisível que habita o nosso planeta. Os microrganismos são o grupo de seres vivos mais diversificado e amplamente distribuído na Terra. Podem ser encontrados em todo o tipo de ambientes, incluindo alguns dos mais extremos, tais como os polos gelados, os desertos mais quentes e o fundo dos oceanos, desempenhando papéis fundamentais no bom funcionamento dos ecossistemas. Os microrganismos fazem parte da nossa vida quotidiana. Convivemos com eles diariamente, embora nem sempre tendo noção disso. O próprio corpo humano alberga um sem número de diferentes tipos de microrganismos, o chamado microbioma, que se sabe atualmente ser muito importante para a saúde física, bem como para a saúde mental. Alguns microrganismos estão envolvidos em processos de fermentação usados na produção de alimentos e bebidas, como por exemplo, pão, iogurte, queijo, vinho, cerveja e muitos outros. Ao nível da agricultura, por exemplo, certos microrganismos podem ser aplicados como biofertilizantes ou bioestimulantes, favorecendo o crescimento das plantas, ou até como protetores con-

tra pragas e doenças. Os microrganismos são ainda uma fonte de fármacos, alguns dos quais amplamente utilizados em medicina. Destacam-se aqui os antibióticos, uma descoberta extraordinária que permitiu combater infeções, sendo o exemplo mais conhecido a penicilina, que é produzida por fungos do género Penicillium. Outros exemplos de fármacos de origem fúngica são as estatinas, usadas para baixar o nível de colesterol e, talvez menos conhecida, a ciclosporina, um imunossupressor com várias aplicações. Por tudo isto (e muito mais!) os microrganismos são importantes e, por isso, devemos estudá-los para melhor os conhecer e, assim, tirar partido do seu enorme potencial. Assim sendo, faz todo o sentido celebrá-los. No dia 17 de setembro juntem-se a nós na Fábrica Centro Ciência Viva em Aveiro para celebrarmos o dia do microrganismo com muitas atividades!■ Artur Alves CESAM e Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro

Foto da semana

A não perder!

De 31 de agosto a 4 de setembro, decorreu em Aveiro um Campus Juvenil Internacional de Ciência sobre Alterações Climáticas, que reuniu 208 pessoas, incluindo 128 alunos e 32 professores oriundos de Portugal, Espanha, Roménia, Polónia, México, Perú, Marrocos e Panamá. A Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro acolheu e coorganizou, juntamente com o projeto Climántica e no âmbito do projeto Innoeduco2, este evento que procurou encontrar respostas criativas e educativas para o problema das alterações climáticas.

Sabias que há um mundo invisível formado por uma multidão de microrganismos, da qual dependemos? Vistos durante anos como ameaças terríveis, sabemos hoje o seu papel importante na saúde, no ambiente e na qualidade de vida de todos. A Fábrica, o CESAM e o Departamento de Biologia da UA convidam-te a vires descobri-lo, no próximo sábado, 17 de setembro, Dia Internacional do Microrganismo. O evento tem participação gratuita, e poderá ser consultar o programa bem como outras informações em: www.ua.pt/fabrica

Experimentandum | Iogurte O que preciso? - 1 litro de leite - 1 iogurte natural - 4 colheres de leite em pó* * Opcional, melhora a consistência. Como fazer? 1 - Ferver o leite (se desejar pode utilizar leite aromatizado com chocolate). 2 - Adicionar o leite em pó. 3 - Esperar alguns minutos até arrefecer (até 40-45 ºC – até conseguir aguentar a temperatura com a mão). 4 - Adicionar o iogurte natural. 5 - Mexer bem. 6 - Deixar repousar a 40-45 ºC até coalhar (tempo). 7 - Colocar no frigorífico (tem a validade de 1 semana). 8 - Comer, simples ou misturado com açúcar, mel, frutas frescas ou geleia. O que acontece? Ao adicionarmos o iogurte, estamos a adicionar bactérias (Streptococcus thermophilus e Lactobacilos bulgaricus) ao leite. O leite serve de alimento a esses microrganismos que, em condições adequadas, reproduzem-se, aumentando consequentemente de número. As bactérias vivas produzem substâncias que alteram as propriedades do leite, transformando-o em iogurte.

Uma destas substâncias é o ácido lático. As bactérias utilizam a glucose (obtida a partir da lactose, o açúcar presente no leite) como fonte de energia através de um processo metabólico que resulta na produção de ácido lático. A este este fenómeno chama-se fermentação (fermentação lática). Com o tempo, a quantidade de ácido lático produzido vai aumentando e torna a mistura cada vez mais ácida. Essa acidez altera as propriedades das proteínas do leite, fazendo o leite coalhar. Obtém-se deste modo o sabor e consistência característicos do iogurte. Como o iogurte contém seres vivos, a sua produção depende de várias condições, entre as quais a temperatura. A receita de preparação do iogurte recomenda que se adicione o iogurte ao leite quando este atingir 40 ºC, pois é a temperatura ideal para as bactérias do iogurte. As reações químicas que ocorrem por ação de seres vivos são mediadas por enzimas cuja atividade depende da temperatura: temperaturas muito altas ou muito baixas dificultam a sua ação impedindo assim que ocor-ram as reações catalisadas pelas enzimas. Temperaturas muito elevadas podem ainda promover a morte das bactérias.■

mais informações em www.ua.pt/fabrica

Ciência na Agenda

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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA “ABRINDO AS ASAS DE NOVO”

17 set

10h00 > 17h00

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Dia Internacional do Microrganismo, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. A Fábrica vai… com o Show de Ciência Física Viva, a São Miguel, Açores.

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Exposição “Mãos na Massa”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

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Exposição “E se Mendeleev estivesse aqui?”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

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Exposição de Fotografia “Abrindo as Asas de Novo”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2022


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