E AS PALAVRAS GUARDADAS NA TEIA DA FÁBRICA
67
FIO PUXADO CONTO CONTADO Resolvi fazer uma surpresa à bicharada amiga: quis que acordassem no dia 1 de janeiro e lessem assim (escrito enorme no muro da nossa rua): “Feliz Ano Internacional da Luz! Que 2015 ILUMINE os vossos sorrisos todos os dias!” Ora, para que não me vissem, desci de noite, enquanto dormiam. Com uma luz forte segura numa pata, claro, para poder ver o que escrevia, pendurei-me num dos meus fios e entusiasmada pintava as letras, com balde e trincha, quando de repente (quase no fim): aihhhhhh! A lanterna escorregou-me, apagou-se e, veuuuuuummm, começou a cair. Deslizei a alta velocidade, para a apanhar antes de partir no chão, mas sem luz, não via nada, não consegui: partiu-se e pronto. Subi de novo, às apalpadelas, procurei outra lanterna e voltei ao muro… Ohh! Enquanto desci e subi na escuridão total, sem querer fiz um risco enorme na parede, com a trincha! Oh, não! Sem luz não se consegue ver. As coisas estão lá na mesma (claro) mas só as vemos se alguma fonte de luz as iluminar e os nossos olhos receberem o reflexo que vem delas e enviarem essas informações ao cérebro e ele as transformar em imagens (no caso: parede, trincha, risco)! Ora, sem a lanterna, nenhuma luz incidia sobre o muro, os meus olhos não receberam reflexo de nada, não enviaram informação nenhuma ao cérebro, o meu cérebro não pôde perceber e…riscalhada! Aihh… Mas tive sorte! Muita sorte! O tal risco fez uma curva “de artista”! De manhã, quando a bicharada conseguiu ver a minha surpresa (porque a luz do sol batia no muro e o muro refletia certas cores que os olhos dos bichos captaram e enviaram ao cérebro), lia-se perfeitamente: